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Mecânica dos Materiais

Esforços axiais
Tensões e Deformações
Esforços multiaxiais
Lei de Hooke generalizada
2
Tradução e adaptação: Victor Franco Correia (versão 1/2013)

Ref.: Mechanics of Materials, Beer, Johnston & DeWolf – McGraw-Hill.


Mechanics of Materials, R. Hibbeler, Pearsons Education.
Deformação normal

P
   tensão normal
A

   deformação normal
L

2-2
Teste de tracção uniaxial: tensão-deformação

2-3
Diagrama tensão-deformação: materiais dúcteis

2-4
Diagrama tensão-deformação: materiais frágeis

Aspecto da fractura de Aspecto da fractura de


um material dúctil um material frágil
2-5
Lei de Hooke: Módulo de elasticidade

• No regime elástico:

  E

E  Módulo de Young ou
Módulo de elasticida de

• A resistência mecânica é
influenciada pelos elementos de
liga, tratamentos térmicos,
processos de fabrico, etc. mas não
a rigidez – Módulo de
Elasticidade – que se mantém
inalterado.
2-6
Comportamento elástico vs. plástico

• Quando a deformação se recupera


totalmente quando a tensão é
retirada, diz-se que o material tem
um comportamento elástico

• A maior tensão para a qual este


comportamento ocorre é designado
por limite elástico ou tensão limite
de elasticidade

• Quando a deformação não se


recupera totalmente, depois de a
tensão ter sido anulada, diz-se que
o material tem um comportamento
plástico

2-7
Deformações sob a acção de Forças Axiais
• Da Lei de Hooke
 P
  E  
E AE
• Da definição de deformação


L
• Igualando e resolvendo em ordem ao
deslocamento
PL

AE
• Se a barra tiver variações na força axial, na
área da secção transversal ou nas propriedades
materiais, ter-se-á:
Pi Li
 
i Ai Ei
2 - 11
Exercício

Calcular:

a) Diagrama de esforços normais

b) Qual o perfil HEA adequado para


suportar os esforços indicados,
assumindo um aço S235 e um
coeficiente de segurança de 2.5 em
relação ao limite elástico?

c) Expressão para cálculo do


deslocamento vertical da extremidade
superior do pilar?
Exercício
Considere o sistema da figura, que é composto por
duas barras de aço ligadas à barra de cobre através
de um pino.
A barra de cobre tem um comprimento de 2 m, barra
uma área da secção transversal de 4800 mm2 e um de aço
módulo de elasticidade Ec = 120 GPa.
As barras de aço têm um comprimento de 0.5 m,
uma área da secção transversal de 4500 mm2 e um
módulo de elasticidade Ea = 200 GPa.

a) Determinar o deslocamento vertical da


extremidade inferior da barra de cobre provocado
por uma força P = 180 kN.
(0,625mm + 0,05mm = 0,675 mm) barra
de
b) Qual a força P máxima admissível se o cobre
deslocamento vertical da extremidade inferior da
barra de cobre for limitado a 1 mm?
(266,7 kN)
Exercício

Considere o sistema da figura, que é


composto por três tirantes em Titânio,
(AB, DC e EF) e uma viga rígida
AEC.
A área da secção transversal de cada
tirante é indicada na figura.
Se for aplicada uma força vertical
P = 20 kN em F, determinar:

a) As tensões nos tirantes.


b) O deslocamento vertical do ponto E.
c) O deslocamento vertical do ponto F.

ETitânio = 114 GPa


Exercício
Considere o sistema da figura, constituído por uma viga rígida ABD e um
tirante CB, contruído numa liga de alumínio 6061, cuja área da secção
transversal é de 14 mm2.
As ligações em C, B e A são efectuadas através de pinos.
Determinar o deslocamento vertical do ponto D quando é aplicada a carga
distribuída de 300 N/m conforme ilustrado.

EAluminio = 70 GPa
Exemplo
Determinar o deslocamento da extremidade D em relação a A, para a barra
de aço ABCD, sujeita às forças indicadas. E = 200 GPa

2 - 20
Exemplo

2 - 21
Problema 2.1

A barra rigida BDE é suportada


por 2 barras AB e CD.
A barra AB é de aluminio
(E = 70 GPa) e tem uma área da
secção transversal de 500 mm2.
A barra CD é de aço (E = 200
GPa) e tem uma área da secção
transversal de 600 mm2.

Para a força de 30-kN ilustrada,


determinar os deslocamento dos
pontos: B, D e E.

2 - 22
Problema 2.1
Diagrama de corpo livre da Deslocamento de B:
barra BDE PL
B 
AE
 60 103 N 0.3 m 

50010-6 m2 70 109 Pa 
 514 10 6 m
 B  0.514 mm 
Deslocamento de D:
PL
M B 0 D 
AE
0  30 kN  0.6 m   FCD  0.2 m 90 103 N 0.4 m 
FCD  90 kN tracção 
60010-6 m2 200109 Pa 
M D 0
 300 10 6 m
0  30 kN  0.4 m   FAB  0.2 m
FAB  60 kN compressão  D  0.300 mm 
2 - 23
Problema 2.1
Deslocamento de D:

BB BH

DD HD
0.514 mm 200 mm   x

0.300 mm x
x  73.7 mm

EE  HE

DD HD
E

400  73.7 mm
0.300 mm 73.7 mm
 E  1.928 mm

 E  1.928 mm 

2 - 24
Problemas estaticamente indeterminados
• As estruturas, para as quais as forças internas e as
reacções não podem ser calculadas através das
equações da estática, dizem-se estaticamente
indeterminadas (pq possuem mais apoios dos que
aqueles que seriam estritamente necessários para
manter o equilibrio)

• As reacções redundantes são substituídas pelas


forças correspondentes, que em conjunto com
as restantes forças actuantes na estrutura, têm
de originar deformações compatíveis

• As deformações causadas pelas forças actuantes


na estrutura e pelas reacções redundantes são
calculadas separadamente e depois são
adicionadas através do principio da sobreposição

  L R  0
2 - 25
Exemplo
Determinar as reacções em A e B para a
barra de aço ilustrada na figura. Assumir
um ajustamento perfeito entre a barra e os
apoios antes da aplicação das cargas
representadas.

  L R  0

2 - 26
Exemplo (cont.)
• Calcular o deslocamento em B devido às forças
aplicadas com a reacção redundante libertada

P1  0 P2  P3  600 103 N P4  900 103 N

A1  A2  400 10 6 m 2 A3  A4  250 10 6 m 2


L1  L2  L3  L4  0.150 m

Pi Li 1.125109
L   
i Ai Ei E

• Calcular o deslocamento em B devido à reacção


redundante
P1  P2   RB

A1  400 10 6 m 2 A2  250 10 6 m 2


L1  L2  0.300 m

δR  
Pi Li


1.95 103 RB
A
i i iE E
2 - 27
Exemplo (cont.)
• Impor que os deslocamentos devidos às forças aplicadas e
devido à reacção redundante têm de ser compatíveis:
  L R  0

  

1.125109 1.95 103 RB 
0
E E
RB  577 103 N  577 kN

• Calcular a reacção em A

 Fy  0  RA  300 kN  600 kN  577 kN


RA  323kN
R A  323kN
RB  577 kN

2 - 28
Exemplo
Determinar as reacções em A e B para a
barra de aço ilustrada na figura. Assumir
que existe uma folga de 4.5 mm entre a
barra e o apoio em B, antes da aplicação
das cargas representadas.

   L   R  4.5  103 m
=4.5 mm 1.125  109 1.95  103 RB
   4.5  103 m
E E

RB  115 kN; R A  784.6 kN

2 - 29
Problemas estaticamente indeterminados
Equação adicional obtida através de compatibilização de deslocamentos

Considere-se o sistema da
figura composto por: uma barra
rígida EAD articulada no pino A;
um cabo de aço BC, com um
comprimento não deformado de
200 mm e uma área da secção
transversal de 22.5 mm2;
um bloco de alumínio em D,
E com um comprimentos não
deformado de 50 mm e uma
área da secção transversal de
40 mm2.
Se a barra rígida EAD for sujeita
à força de 450 N ilustrada,
calcular:

a) As tensões normais médias


no cabo BC e no bloco D
b) A rotação da barra rígida
Tensões de origem térmica
• Uma variação de temperatura origina uma
deformação de origem térmica:    T
• Não existem tensões associadas, excepto se a
deformação estiver restringida pelos apoios

• Assumir o apoio como redundante e aplicar o


principio da sobreposição
T  T L
PL
P 
AE
  coeficient e de dilatação térmica

• A deformação térmica e a deformação provocada


pela reacção redundante têm de ser compatíveis

  T   P  0
P   AE T 
PL
 T L  0
  ET 
P
AE 
A
2 - 31
Problema estaticamente indeterminado (B&J 6th ed.)

A barra de aço ABC está fixa entre dois suportes rígidos A e B e está
livre de tensões a uma temperatura de 25ºC.
Se a temperatura da barra for aumentada até 150 ºC, determinar:
a) As tensões normais nos troços AC e CB
b) O deslocamento do ponto C

E = 200 GPa, α = 11.7 x 10-6 /ºC


Exemplo 2.4 B&J 6th Ed.
A barra rígida CDE está articulada num
apoio em E e encosta em D num cilindro
de latão BD com diâmetro de 30 mm.
Um tirante AC, em aço, com 22 mm de
diâmetro está fixo em C conforme mostra
a figura e foi perfeitamente ajustado,
quando a temperatura do conjunto era de
20ºC.
A temperatura do cilindro de latão foi
posteriormente aumentada até 50ºC
enquanto o tirante de aço foi mantido a
20ºC.
Assumindo que antes do aumento de
temperatura as tensões eram zero,
determinar as tensões no cilindro para as
condições finais.
Cont.
Coeficiente de Poisson

• Para uma barra esbelta sujeita a força uniaxial:


x
x  ,  y  z  0
E
• O alongamento na direcção x é acompanhado
de uma contracção nas outras direcções.
Assumindo que o material é isotrópico,
y  z  0

• O coeficiente de Poisson é definido como

deformação lateral  
  y  z
deformação axial x x

2 - 35
Compressão

2 - 36
Exemplo – determinação de E e 

2 - 37
Tensões em planos oblíquos
• Imaginemos uma secção que forma um
ângulo q com a normal ao eixo da barra

• Das condições de equilibrio, as forças


distribuídas no plano – tensões – têm de
equilibrar a força P.

• Decompondo P nas suas componentes


normal e tangencial à secção oblíqua,
F  P cosq V  P sinq

• A tensão normal e a tensão de corte


médias, no plano oblíquo são:
F P cosq P
   cos2 q
Aq A0 A0
cosq
V P sinq P
   sinq cosq
Aq A0 A0
cosq
2 - 38
Tensão normal e tensão de corte máximas
• Tensão normal e tensão de corte no plano
oblíquo:
P P
 cos 2 q ,   sinq cos q
A0 A0

• A tensão normal máxima ocorre quando o plano


de referencia é perpendicular ao eixo da
longitudinal da barra, ie. segundo a direcção da
força aplicada:
P
 max  ,   0
A0
• A tensão de corte máxima ocorre para um
plano a + 45o em relação ao eixo longitudinal da
barra:
P P P
 max  sin 45º cos 45º  ,  
A0 2 A0 2 A0
Estado de tensões num ponto
• As componentes das tensões são definidas
segundo as direcções dos eixos x, y e z e
actuando em planos perpendiculares aos
eixos x, y e z.

• As forças resultantes têm de satisfazer as


condições de equilibrio estático:

 F  0;  F  0;  F  0
x y z

 M  0;  M  0;  M  0
x y z

• Se considerarmos os momentos em torno do


eixo z :
  
 M z  0   xy A a   yx A a 
 xy   yx
igualmente,  yz   zy e  xz   zx
2 - 40
Estado de tensões num ponto – caso geral

O estado de tensão num ponto pode ser representado, no caso geral, por
6 componentes independentes:
x ,  y , z tensões normais
 xy ,  yz ,  zx tensões de corte
com :  xy   yx ,  yz   zy ,  zx   xz
2 - 41
Forças multiaxiais - Lei de Hooke generalizada
• Para um elemento sujeito a forças multiaxiais,
as componentes normais das deformações
resultantes das tensões normais podem ser
determinadas usando o principio da
sobreposição, sendo condições necessárias:
1) relação linear entre deformações e tensões
2) pequenas deformações

• Nestas condições, as deformações normais


são dadas pelas equações seguintes:

x  y  z
x   
E E E
 x y  z
y   
E E E
 x  y 
z    z
E E E
2 - 42
Exemplo – Lei de Hooke generalizada
Considere-se a barra de cobre representada na figura, que está sujeita às forças
uniformemente distribuídas representadas.
A barra tem comprimento a = 300 mm, largura b = 50 mm e espessura t = 20 mm,
antes da aplicação das forças distribuídas.
Determinar as novas dimensões da barra (comprimento, largura e espessura) após a
aplicação das forças. Ecobre = 120 GPa, cobre = 0.34.
Estado de tensões num ponto – Tensões de corte

2 - 45
Deformações ou distorções de corte
• Um elemento cubico infinitésimal sujeito a
uma tensão de corte deforma-se como
representado na figura.

• A relação entre as tensões de corte e as


distorsões correspondentes é dada por:
 xy  G  xy  yz  G  yz  zx  G  zx

em que G é o módulo de elasticidade transversal.


2 - 46
Exemplo – distorções e tensões de corte
Relação entre E ,  e G
• Considere-se a barra sólida sujeita a uma
força axial que sofre um alongamento na
direcção axial e uma contracção na
direcção transversal
• Um elemento cúbico orientado como
ilustrado na figura de cima, sofrerá a
deformação representada. A força axial
origina uma deformação axial

• Se o elemento cúbico estiver orientado


como ilustrado na figura de baixo, sofrerá
a distorção representada: A força axial
origina também uma distorção de corte

• Em materiais isotrópicos, o módulo de elasticidade E e o módulo de


elasticidade transversal G estão relacionados:

E  2G 1    ou G 
E
2(1  )
2 - 48
Materiais Compositos
• Materiais compósitos reforçados com fibras:
laminas; fibras de reforço; matriz

• As tensões normais e as deformações estão


relacionadas pela Lei de Hooke:
x y z
Ex  , Ey  , Ez 
x y z

• As deformações transversais estão relacionadas com


longitudinais através dos coeficientes de Poisson:
y z
 xy   ,  xz 
x x
• Os materiais compósitos, com propriedades
mecânicas dependentes da direcção, dizem-se
anisotrópicos.
2 - 49
Principio de Saint-Venant

Principio de Saint-Venant:

• Pode-se assumir que a


distribuíção de tensões é
independente do modo de
aplicação da força, excepto
na vizinhança imediata do
ponto de aplicação da força.

2 - 50
Concentração de tensões: furo circular

max

med

Descontinuídades da secção transversal podem


max
resultar efeitos de concentração de tensões K
med

2 - 51
Concentração de tensões: concordância

max

med

2 - 52
Exemplo

Determinar a maior força axial P


que pode ser suportada em
segurança por uma barra plana
em aço com uma concordância,
ou variação de secção: D para d ,
ambas com uma espessura de 10
mm.
D= 60 mm; d= 40 mm; raio da
concordância r = 8 mm.
Assumir uma tensão normal
admissivel de 165 MPa.

2 - 53
• Determinar as relações geométricas e
obter o factor K, a partir dos gráficos
apropriados:
D 60 mm r 8 mm
  1.50   0.20
d 40 mm d 40 mm
K  1.82

• Tensão normal máxima:

max  med K  adm

adm 165 MPa


med    90.7 MPa
K 1.82

• Força máxima:

P  A med  40 mm 10 mm 90.7 MPa


 36.3  103 N
P  36.3 kN

2 - 54
Deformações plásticas
max A
P  med A  • Deformação elástica: enquanto a
K
tensão máxima é menor que a tensão
limite de elasticidade

e 0.2  A • A tensão máxima é igual à tensão


PY  e 0.2 limite de elasticidade para a carga
K
máxima em regime elástico

• Para cargas acima do limite elástico,


max  e0.2 desenvolve-se uma região de
deformações plásticas junto ao furo

PU  e 02. A • À medida que a carga aumenta, a


 K PY região deformada plasticamente
aumenta até que toda a secção está
sujeita a uma tensão uniforme igual
à tensão limite de elasticidade
(material idealmente plástico)
2 - 55
Exemplo
O parafuso de aço tem um diâmetro
nominal de 8 mm e é montado no
tubo de alumínio como indicado na
figura.
O tubo de alumínio tem um diâmetro
interior de 12 mm e um diâmetro
exterior de 14 mm.
A porca em A é ajustada por forma a
somente eliminar a folga não
250 mm
introduzindo qualquer força de
aperto.
Se o conjunto estiver inicialmente a
uma temperatura Ti = 20º C e fôr
aquecido até à temperatura Tf = 80º
C, calcular as tensões desenvolvidas
no parafuso e no tubo.

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