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nformação pode ser reunida sobre a dinâmica evolutiva do

ambiente no entorno imediato dos sítios arqueológicos abrigados


no Peruaçu; mesmo o reconhecimento da flora local encontra- se
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ainda em fase incipiente (Rezende, E., comunicação pessoal ).
Considerando-se que fatores específicos no interior do canyon
contribuem (e contribuíram) para a formação de microambientes
particulares, com maior retenção de umidade, menor insolação,
disponibilidade constante de água etc, a caracterização desses
locais – essencial para a compreensão das estratégias de ocupação
e de articulação dos sítios arqueológicos abrigados e a céu aberto –
pode apenas ser indiretamente sugerida pelos próprios vestígios
arqueológicos (faunísticos e florísticos). As hipóteses levantadas
sobre as dinâmicas que interviriam na deposição dos sedimentos
no interior da Lapa do Boquete, que nos auxiliariam a entender os
processos de sedimentação e de evolução do microambiente local,
revelam-se pouco satisfatórias posto que, paradoxalmente, não
consideram os agentes antrópicos enquanto elementos essenciais
do processo, sendo portanto limitada a reconstrução proposta para
o período a partir da chegada do homem à região (da ocupação do
Abrigo) até a atualidade (cf.
Moura, 1997: 144).
Articulando-se com os trabalhos técnicos apresentados, vamos
encontrar em relatos de viajantes que percorreram o Alto e Médio
cursos do rio São Francisco, principalmente no século XIX e
vindos no mais das vezes da região aurífera do centro mineiro,
testemunhos valiosos sobre as paisagens ribeirinhas. Tratam-se de
escritos que, ao revelar na grandiloqüência de um estilo de época a
própria grandiloqüência daqueles ambientes tropicais, ainda pouco
marcados no imaginário europeu, nos oferecem referências
fundamentais para entrever esses ecossistemas tal como se
mantiveram desde pelo menos a segunda metade do Holoceno até a
intensificação da agroindústria, a partir da segunda metade do
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século XX .

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