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"No livro de Houang Ti, esta dito “A forma se di : no noua forma (nova), mas a sombras 0 om se desloca, “enti no. um som (novo), mas 0 eCO; O nfio-ser se move tampouco nasce do nio-ser, mas do ser.” Estas linhas so ex fle Viai classique du vide parfait’, de Lie Tsew, que a cconsideram nunca ter existido. ‘Como comunicar-se com 0 outro? Sabemos que © principal qpsticulo a uma tal comunicagio & o narcisismo. A angiistia € freqiientemente considerada incomunicavel. Qual a relagao entre eles? Abordarei: ~ aangiistia do Um: da unidade ameagada, reconstituida, Tigada 30 Outro, sobre um fundo de vazio. onde a forma retine objeto parcial ¢ objeto total; . aangiistia do par, onde as figuras da simetria, da complementari- dade, da oposigdo na diferenga do Um e do Outro, onde joga a bissexualidade, remetem a fantasia da unidade totalizada do par, sempre buscada, sempre impossivel: . a angistia do conjunto: por este conceito suponho, apés -evocado as figuras do Um, do Dois, aproximar a questo lerceiro, mas do diasparagmos, da dispersio, do desp conjunto finito ou infinito onde se reencontram a a re angistia &, em constatar que rescentar ao corpo do tral a a estas relagdes. dos onde o dltimo, preci a 4 Freud propde um certo niimero de hipsteses que me parece (er Jonge de resolver completamer ue sor considerado, mas que esti Je se coloca. Sabemos que a ob ‘os problemas que, com toda razao, el : , obra foi feita para responder as teses de Rank — as quais, na minha” pinifo, Freud dé atengfio demais - sobre o trauma do naseimento, Freud refuta a idéia de Rank de que é 0 nascimento que institui a ‘Separagio entre a mae ¢ a crianga: “O nascimento nao € vivido ‘subjetivamente como separagio da mae, pois esta é, enquanto objeto, completamente desconhecida para 0 feto absolutamente nareisico™, Além disto, Freud sublinha que as reagdes & separacdo vinculam-se Adore ao luto mais do que & angistia. A angdstia esté ligada A nogaio de perigo; € diferente da dor ou do luto, que pertenceriam mais & ‘categoria da ferida (narcisica), No seu desenvolvimento, Freud liga _ nat a pe “ag de excitagio pulsional. He libido demais: é mmaitica, no se pod a ua pr ang len ocoeO B et0 cuja fungio protetora contra o aum, ein re ett patamarfalhard, ou €ainda.a ange sina P ane nao é um (eu) ceed mas um ji amentos de condensagoes, de circulagées. Este si a angustia sentida pelo Eu. A angristia é a epifania do suj pifania obtida por meio do Eu, mas que necessita do sujeito simbslico. : A argumentagao de Freud € verdadeira e falsa ao mesmo tempo. F yerdadeira ao recusar a explicagao pela origem: 6 nascimento como. ponto zero ¢ 0 trauma do nascimento como economia do tratamento; causa primeira, teria a vantagem de encurtar as andlises em nove meses! Também € correto dizer que nao é suficiente apagar 0 fésforo que avendeu o incéndio para que este cesse. Mas ¢ falsa ao dizer que o nascimento é de fato uma catdstrofe, no sentido teérico moderno da palavra. Catdstrofe superada pela reconstituigao no exterior das condigdes tao proximas quanto possivel da vida intra- uterina. Af esta o sentido profundo e nao-reconhecido da importancia do holding de Winnicott, que nao é nada além de uma fixagdo int uterina externa da crianga. Se 0 nascimento € a origem de todos © ‘nossos males, mais do que o pecado original, remeter-se a ele na acrescenta muito na solugdo de nossos problemas.’ O Ta, sem nenhuma razdo valida, pelo jogo da fi i: Trés tipos de causas: bioldgica, a ima “que € apenas uma emanagao deste). Tudo isto implica a reprod __Aiteplicagio das relaydes exterior-interior. Com efeito, 0 Perigo ini "foi outrora externo, 0 combate contra o perigo interno imita em ¥ 0 método utilizado contra 0 perigo extern. Estas lutas que oE empreende contra o Isso, como se fosse exterior a ele, volta gntaele, medida que & somente uma parte modificada pelo conta com o mundo externo. r das inibigdes, que Freud tenta di assimilard a inibigdo a um si trsinida como wma iitagao funcional do Ew a fim de ev Bi sia com 0 1880, soja com o Supereu, Masines fomjlo dedicado 3 inibigto é que Freud nunca ala ne fepesenagio nem de aeto. Dis. deduzo: 3 ) funcional curto-circuita a intervengio ‘ou de aletos ao nivel do Eu, Nao digo que bre este ponto; limito-me a extrair as implicagoes “que a fimitag representagoes tenha razao so sua analise; : gue exia maneira de compreender a Timitagao foncignal do felagio& fungo sexual, alimentar locomotora, ou ergastica (inibiga ao trabalho) leva & formular a questio coroliria da relagao do Eu com a representagdo ¢ com o afeto. Se, no que cohcerne ao afeto, parece certo que o Eu, sitio da angustia, o sitio do afeto~a ponto tl gerar um amplo debate na literatura psicanalitica contemporanest sobre a existéncia dos afetos inconscientes ~no que se referey em contrapartida. as representagdes, representacaes de objeto. Minha conclusio ¢, portanto, esta: ou Freud de oblema das representagoes di Nestas condigdes, falar de representagdes do ‘sentido do ponto de vista tedrico, mesmo im eco fenomenolégico. De resto, Freud decisio que tomei, Ela me Fez pensar em mim, incessantemente pensando numa grande qu; amento destas coisas, g al, para the dar alguma realidad, a o percebido no espelho. Este estranho sorriso, estes iguais, € isto que desaparecerd da superficie da terra. Qu matar daqui a cinco anos, n » poderei mais pensar nestag desfilavam sem parar na minha mente. do estarei mais ficie da terra e nunca mais voltarei; meu pensamento meu Eu pareceu-me ainda mais nulo, ao vé-lo jae ‘nao existe mais. Como poderia ser dificil sacrificar aquela Il nosso pensamento esta s mpre voltado (aquela que ar tar-lhe este outro ser em quem nunca pensamos: nds fate pensamento da minha morte me pareceu, por isto, do meu Bu. singular; naio me foi absolutamente des: + achava-o horrivelmente triste: seja porg nao se podia dispor de mais dinheiro, seja po se do Eu, isto 6, de emanagdes delegadas instancia. Mas a representagao de. gyel. O Eu trabalha sobre as repre 0 AFETO E 0 OBJETO; O OBJETO TRAUMA” ‘Vemos, portanto, que 0 problema das representagdes concerne as an objeto, enquanto a estrutura do afeto é dupla, ao mesmo tempo afeto com respeito 10 objeto e afeto como afeto do Eu, ambos ™ proendo se confundir sem que o Eu possa sempre diferencid-los, Ha alguns anos, na leitura da exposigao de M. Bouvet sobre 7. Baition de la Pléiade, t. III E interessante constatar que Proust sit imitivamente este adendo ao manuscrito num local diferente daquele escol lor, isto é, na pagina 469 em vez de 465, onde seria mais Logi 0, € notével que este ocorra no lugar onde Marcel anuncia a so de substitui-ta por Andréa. Assim. o objeto (Albertine) -aparetho vazio do sujeito, por um lado, ¢ 0 objeto co-me tanto com_O) Prangastia narcisista € esc demos descrev sar do interesse que haveria em fi lista das fungbes do Eu pare mostrar que nio se trat “epmesentaes do Eu, mas gOS em contrapartida, de ex se no Bu hii apenas representagdes de objeto Nas “Consider M saigsobre a guerra camorte” (1919) Freud examina as ¢ fasdn perda dos seres queridos. “Por um lado, os seres 4 forma nosso parimonio rimmo. sao uma Parle do no as, por outro, eles so, em parte. pelo menos para nds, es Hue inimigos™ Parece-me muito mais interessant i Mesus observagses, nao em funcao da ambivalenel ‘nas principalmente em fungio das relagGes entre @ # “Dépersonnalisation et relations d"objet”. Re 60, 24 (4-5). p. 611. Cf. minha intervenga0. su fa guerre et la mort”, in Essais de Ps Jaténcia ~ explosio da neurose - retorno parc staria de ressaltar a confusiio entre a pulsdo (re ‘pelo afeto) € 0 objeto, pois 0 perigo vem tanto da i jjidade no Eu quanto da invasio do objeto. ‘partir de entZo, compreende-se que o problema das rel fp Bu ¢ objeto & 0 de scus limites, de sua coexisténeia, messi tanto interns quanto externos. Quero dizer que os limites = gnre Bu e objeto entram em ressorrincia ou reverberam com os mites faire Iso ¢ Eu. © problema ndo se coloca para o Supereu, que $e fatende do Isso (sua fonte) ao Eu (seu objeto) no esquema das instineias apresentado por Freud. Isto significa que a invasfio do Supereu no Eu remete a uma invasto distarcada do Isso modificado ‘pelo desenvolvimento do Eu aa Isto me leva a precisar 0 que vou excluir da minha exposigao: a relayio do Eu com as sindromes psicossomaticas, que decorre das relagdes entre 0 Eu e 0 soma por intermédio do Isso (enraizado no ‘soma, mas distinto dele), e com o delirio, que resulta das relagdes entre Eu, Supercu e'realidade. Em contrapartida, 0 caso do luto sera examinado aqui de maneira eletiva, 4 medida que € justamente no luto “que se materializa a relacdo do Eu consigo mesmo, jé que af uma parte Bu identifica-se com o objeto perdido e entra em conflito com do Isso (fixacdo oral canibalista) e do Supereu inagdes ¢ sentimento de indignidade). Todavia, s ‘sendo jnconcebivel para 0 n paste. a Bes rt peito as cone Pe enomenoldgica. , de InsP orjo a expresso segi Pa instancia Pi arcial — € preciso concebé-lo co do objeto dito Pr. ym sistema de investime Dae nic constante. E este, na minj Be cibuir a idéia de Freud de que 0 tego de uma parte do IsS0, sob a influg reensao da realidade, ainda que fos: Fer no comeso- constante - 0 ‘ sentido que se ‘do mundo extcrno- seletiva e orientada pel ~ tabelecimento de um a ist id concebe Parra consinte.Penso inclusive que se poderia defenden, de Be conplementar a idéia de que 0 Eu nao tem nenhuma re. maneit I mn Hpiesenlagao de si mesmo, que ele é aquilo pelo que pode haver re. ‘presentagdo. Com efeito, formular 0 Eu como funcionamento de uma ee iferenci “éo resultado da dife Jos mecanismos de projegao, necessita do e | de investimento relativamente estavel, & o Eu como resultante da inibigao da pee rede de Operagoes — sem representaao de si mesmo ~ permite con- “ceber a ldgica deste conjunto de operagdes: a percepgao, a repre- Senlacao e a identificagao. Esta tiltima, 4 medida que € inconsciente, tem como efeito a imegragio, por desaparecimento da dimensao sen- 1 na primeira ou imaginaria na segunda, que elas comportam*#, Be Seen “Lanalyste, ta symbolisation et Vabsence dans le e¢ a ies Mangaise de psychanalyse. 1974 37, pp. 1192-1230, Isto niio contradiz lt de que a ident ‘Gd0 possa ser imagi objeto mais do ue 20 prdprio objeto =: 4 identificagao realizs ‘ou que tenha o poder d 1 nao sofrer frustragao € nao conhecer os te esta visio ideal do Eu — a de um Eu ideal ~ é 1 jo objetal. E a falta de objeto que vai romper e construgao bem-sucedida representada pela organizagao do Eu como rede de investimentos de nivel relativamente constante. Presenga >» ~ objeto. Nunca to presente do que na auséncia onde vem a faltar,, Be objeto é “fator de excitagdes”, como diz Freud. E necessario lembrar. aqui sua posigao intermediria ~ com efeito, dupla. O abjeto é um entroncamento. Ela é a procura dos desejos do Isso na falta de objeto para satisfazé-lo, portanto, gerador de tensdes libidinais, necessariamente contradito de amor ¢ de ddio. E parte do mundo externo, pois ¢ justamente Ii, fora do sujeito, que o objeto se situa. Winnicott nos ensinou como a fungao do objeto transicional supera parcialmente esta dupla fonte de tensdes. Mas conhecemos ainda uma outra solugio para resolver este problema: o narcisismo. Pelo investimento libidinal do Eu, 0 Eu se da a possibilidade de encontrar nele mesmo um objeto de amor, constituido segundo 0 modelo do ‘objeto, suscetivel, gragas aos recursos do auto-erotismo, de obter a satisfagio pulsional procurada. E 0 narcisismo que permite a realizagao unitéria, ou melhor, a ilusdo da realizagao unitaria, pela via da identificacio imaginaria. Esta narcisizagio sera tanto mais for “quanto 0 objeto investido tiver decepcionado. Decepgao mais do Trustragao, pois é a decepgio que esta na raiz da depress: “decepgao provoca tanto mais facilmente o movimento dey ndo os ois objetos (interno ¢ externo, materno e pat ‘objeto representa 0 ificar seu regime pela sua simples 0 objeto interno 4 montagem Pulsio toda a energética ¢ de toda a fantasmitica pul: tanto, penetrar No Eu desde o interior. Por outro. éexterno 4 montagem pulsional, 0 objeto nao est a, 0 Eu e este deve — a0 mesmo tempo que ordena as outras {0 Isso, 0 Supereu e a realidade) ~ violentar-se para quietude ¢ ir ao objeto, como se dizi ao trabalho, Além di mais importante, 0 objeto nao € nem fixo nem permanen aleatério no tempo, assim como no espago. Muda de estado, de desejo e, portanto, forca o Eu a um trabalho de aju consideravel. Por fim, 0 objeto tem scus desejos préprios, coincidem parcialmente com os do Eu. Ele tem seu fim e que nao necessariamente vao no sentido da reciprocidade pelo Eu. Tantas fontes de traumatismos, se ele se afoba, mostra a incapacidade do Eu para controlé-lo. A estas difieu ‘acrescentam-se os problemas quantitativos (e, portanto, qualit 6 objeto é enquadrado pelo sentimento do demais ou do mui presente demais, muito pouco presente; ausente demais 0 pouco ausente. Ora, se a fusdo com ele é almejada, nio | totalmente completa, 0 Eu desaparecendo completamente E, mesmo se a separacao permite ao Eu “respirar”, 0 objeto te 0 sente, fora dos momentos de graga, sempre Hicientes, frente as realizagoes esperadas. ‘objeto — resultante da identifi ‘com as suas partes projetadas objeto. Vemos, portanto, que o conilito entre 0 Eu e 0 obj expdem o Eu do sujeito a um tipo de angdistia muito ameagadora: angistias narcisistas, ANGUSTIAS NARCISISTAS E ANGUSTIAS PSICOTICAS. Como ja indiquei, nao abordarei a questio do delirio, mas preciso: esclarecer, no quadro das relagdes entre narcisismo e psicose, as relagdes entre angiistiay narcisistas e angdstias psiedtieas, Esta questao coloca-se particularmente a respeito do objeto-trauma. O objeto enquanto objeto da pulsao é necessariamente objeto- trauma. No entanto, no € apenas isto, O papel do objeto, enquant objeto externo (isto é, exterior 4 montagem pulsional), tem con funcdo remediar 0 mal de que é causa, Fator de perturbagao, do estranho, perturbador dla trangiilidade do Eu, © objeto int ‘pode também, ¢ claro, 4 medida que é um bom objeto, ser ynar Jenamente 0 mor objetal mas qua yum sabi ,, diremos que 0 vie como 2 em busca da sa fera das pulsdes. Sabe ssivel, que a frustragaio feita da mic a crianga € um MO se € que alguma ve? existiu, e que deve, na a como uma fantasia retroativa de uma idea -¢ uma mie falante € sew ir Iquer observado e do que se trata. Formulad amor objetal con arantia de um be wo que. ndlise jo ativadas ado fora da esf ses & impo: aptagao pet! raga ; de, ser compreendit ib do passado: a idade de ouro ent Tudo 0 que vem em seguida, (Udo 0 que é memordvel, € a série pu sio-desejo-demanda-frustr Giferids,necessariamente incompleta, mals of menos ada | dessin colocado em movimento pela pulsio Conseqiientem | ainorobjetal s6 pode ter, pelo lado do objeto extern, Um ftado, exceto no caso que Freud chama de a agdo esp tornar as pulsdes tolerdveis para petvenameacada, conheceré as angustin ida, mas, Tegressio sem. cardter fe psiquica e da realidad i fe z Pelo contrario, quando a Aga0 especifica Be = mente ma € 0 objeto no cumpre mais tinente e de auxiliar do Bu, o que s flito. Isto é, 0 Eu, em vez de ter qu ses e seus derivados (objetos fant Méaticos) .. puma dupla frente. Por um lado, continuaréalutar contearenghee por outro, ter de lutar contra o objeto, Entre dois fogos, na pie do 0 que fazer primeiro © em que frente o perigo € male presente, por em ago os recursos de que dispde pela colocagio em jogo dag pulsdes de destruicdo. As pulsdes de destruigio deter-se-Ao alter. nadamente no objeto externo, no objeto interno, inclusive sobre 0. proprio Eu. A identificacio projetiva sera entao excessi dade externa, assim como a realidade interna, sero odiadas (Bion E af que aparecerao, nao mais somente as angiistias narcisistas loucura privada, mas as angtistias psicéticas da loucura i) Dsicos ), travaré um cor ago pelas pulsdes de destruigao. Neste | istentar tao efi “sintoma ndo se produs perfeito - talvez apenas um obj Se Freud comega, em “Inibicdo, sintoma e angustia” estudo das limitagdes funcionais do Eu para distingui-l _ sintomas e da angistia, & porque pressente as do suas diferengas, tno Eu, € a conclusio do primeiro capitulo Mais arde, 0 Eu voltaré ao texto como a instancia que desencadel Sangistia quando os investimentos objetais constituem uma ameag | Paraele, Mas 0 que acontece 0 Eu desencadeia @ igtistia ao nivel nao dos in 6prios investimentos? Este no caso em que avestimentos objetais, do investimento narcisista para o investimento d mo ao nivel do cory portanto, do Eu corporal ~ depois ao nivel do Eu psiquico, felagiio em que objeto ¢ Eu estio em espelho. Mas o imp : que, diferentemente da angiistia que é um sinal, a dor € uma ferida. De uma semdntica do signo, passamos a uma semiologia metaférica,, a hemorragia narcisista escorrendo pela chaga do narcisismo ferido, — entalhado. Isto significa que a unidade narcisista est comprometida. Do ponto de vista da forma, a ferida cria uma abertura, e do da consisténcia, 0 Eu experimenta um desperdicio, inclusive uma rarefagdo de sua substincia. A consisténcia do Eu, se ouso dizer, sofre wn golpe. O luto, por fim — aqui, ¢ preciso seguir Melanie Klein = 60 luto por um objeto, sendo total ou totalizado, pelo menos em vias de totalizacdo, e também ai sio notaveis as reagbes em espelho, entre a estrutura do objeto destruido e sua reparagdo simétrica pelo Eu que se identifica com ele. Nunca é demais insistir sobre as diferencas que existem entre afeto ¢ identificagdo. A identificagao, sobretudo quando se trata da. identificagdo primédria, é antes de mais nada efetiva: empatica ou simpatica, em todo caso “pitica”. Pode-se, assim, entender a diferenga entre identificagio primaria e identificagao secundaris Enquanto a primeira é da ordem do afeto, a segunda é prineip. resultado de representagdes de desejo. O desejo nao é rimentado como no primeiro caso; est reduzido dente, No entanto, 2 propria I feito, ele define 0 sintoma ‘como 0 Signo e a o pulsional que ocorreu (“Inibigao, _ ‘peitera suia concepcao dos estados: are " fauica, “a titulo de sedimentos de acontecimentos m 's jtuagdes andlogas como simb iH levantar aqui @ questao da filogén suficiente para dar conta. On poragao 4 vida psiquica; na mportante é a nogao de incor fi i ssiquica incorporam-se sedi de traumas do comego da vi eM 0 simbolos mnémicos. Sign fungdo-sinal com de Freud nao despreza nenhum dos recursos ~ que vao servir de poiada simbolo, a escritura ) n ' uma semiologia que preserva a unidade da semantica ora a representagses, ora nos afetos. A expressio de Freud, “simbolo de ‘afeto” (p. 10) parece-me altamente significativa. Alguns anos depois, nas “Novas conferéncias introdutorias*a psicandlise” (1932), prosseguiu, dentro da mesma inspiragdo, com a comparacdo que acabo de sugerir, quando relaciona a angiistia sinal, com a emissdo de pequenas quantidades de energia, ao pensamento explorando 0 mundo externo. Assim, do afeto ao pensamento, a - fungd0 mnémica-semantica opera. O que distingue as diferentes Iianifestagdes, 6 0 material que a fungzio mobiliza, sua natureza ¢ sua -quantidade, pois € claro que o menor afeto mobiliza uma energia que € da mesma ordem daquela que serve para investir, ow West as represenasces, e ainda mais, ni & preciso ding nento que a inguagem atualiza ad u linhemos, €m todo caso, a participagdo do Eu em todas a ele desencadeador da angistia ou a, a mento (que s40 0 apandgio do a - qarcisistas (organizagbes ou personalidades narcisi abordar aspectos menos estudados, mas que foram re ‘como importantes pela clinica moderna, numa notiiyel conve Proporei, portanto, uma definigao da angustia numa p moderna A angiistia é 0 ruido que rompe o continuo silencioso do sentimento de existir, na troca das informagées consigo mesmo ou com outren. Este ruido é uma informacao pertencente a um cédigo que convém traduzir para o cédigo regido pelos nexos da linguagem @ do pensamento nas suas relagdes com o desejo, a fim de aumentar a informagdo deste tiltimo sistema que, como todo sistema, tem fungées e, portanto, limites. A angistia coloca, portanto, em primeiro plano o problema do limite entre o cddigos de um mesmo sujeito ou entre dois sujeitos. Duas estratégias sio entao possiveis: « englobar sob 0 vocibulo “angtistia” todos os fenémenos afetivos: desagradaveis ou penosos; : « reservar para anguistia sua especificidade, distinguindo, com Fre a angtistia dos outros afetos penosos. Ha, neste ultimo ¢ interagao constante entre os dois registros. i jma da neurose traum Dizer que estd ligada a perda i inhar 0 despreparo do sujeito, fe Bias ea recusa dos sinais da mda [ mento em que sobrevém a impossibilidade le A oe um trovao num céu sereno, mesmo eos sol rs iV 0 0 intolerdvel € a mudanga ~ pelas nuvens hé muitas semanas. objeto, que obriga 0 Eu a ‘ A dor procede de um segilestro d proxima a da hipocondria, com objeto psiquico ¢ nao de um orga. s¢.com o objeto na manutengio de uma unidade lgica onde procura: aprisioné-lo. A dor ¢ 0 resultado da luta que 0 objeto interno empreende para se libertar, enquanto o Eu o persegue, contundindo- $e no contato, pois o Eu, no fim das contas, s6 fere a si mesmo, ja ado nao existe mais, ele uma é sombra de uma mudanga correspondente. y objeto, de uma manei ‘adiferenga de que se trata de um Melhor dizendo, o Eu enquista que 0 objeto seques objeto. O Eu é como a crianga desesperada que bate a cabega contra 4 parede. Diferentemente da melancolia, ndo ha indignidade e auto: Fecriminagao, mas sentimento de prejuzo, de injustica, “Si ti eo doulewr” (psychique), in Ent s: a erranga, a viagem, ies es desconhecido, t ossivel, estando 0 espa ico abs do objeto fantasma. ae -e A regressdo ao passado adquire uma forma parado evisio da mudanca do objeto ¢ imposstvel, visto que 0 ti negado, a antecipagio domina dali em diamte, Pois, no fim ont, € a intolerdncia A mudanga tanto do Eu quanto do objet principal caracteristica da dor psiquica. A razao disto € Fi mudanga vai contra a permanéncia ¢ a perenidade da a6 narcisista unitaria tanto no espa ae :0 quanto no tempo. @ Este estado de dor psiquica é produto do que Masud Khan. chamou os fraumatismos cumulativos. Devido a estrutura narcisista do Eu, estes traumatismos acumulados sio superados ao serem negados. Quando a ferida narcisista principal & reaberta, 0 estado interno é, como Freud descreveu, o de uma experiéncia trauméties interna continua. Winnicott falou de um comportamento reativo, Nesta linha, falarei de um funcionamento psiquico interno reativo. Com feito, a reatividade responde a um funcionamento de simetria, ao olho por olho. A defesa adquire entio a forma de uma identificagao primaria reativa, ou, nos casos mais graves, de uma despersonalizagdo mais ou menos confusional reativa. A exploragao do passado revela que as formagGes do cardter decorrem menos de OrientagGes pulsionais definidas do que de formagées reativas: pulsdes do objeto. A reagdo concerne menos as pulsdes do suj jue um esforgo tenta reduzir ao siléncio — do que as pulsdes odiadas pela sua orientagio nova ou pela sua mud ». Da mesma forma, 0 mundo interno é ido, anto a realidade externa investida. gue ete ajtivo tea algun sent y com uma enfermidade interna, rec dar um estatuto para a estrutura psicopatolégi ca 16 a explicagio metapsicoldgica desta estry sum modelo hipotético. 0 sujeto narcisista ndio pode nu “0 risco, sob pena de esgotamento ou de uma “usurpagao’ © (Winnicott), de investir plenamente 0 objeto numa aut ega, Auto-entrega quer dizer confianga na situagao na qual ‘nltegamos ao amor do objeto. O objeto pode set amado; abrir. Para 0 objeto € perigoso. Se, nestas condigdes frustrantes para 9 objeto, este se desvia ou parte em busca de um outro objeto (objeto do objeto), 0 Eu experimenta a raiva narcisista (Kohut) e a homossexualidade com Fespeito ao rival. Todo contato com 0 objeto © Suspenso quando sugere uma relagdo homosexual com © rival (0 Sbjeto do objeto) ou um contato destrutive pela decepgao infligida, Isto nao basta: uma transformagao da orientagdo dos Investimentos adquire a forma de uma inversio com efeito aspirador, que “faz entrar” 08 investimentos no Eu. A Fetragdo narcisista é coroldria do desinvestimento objetal. O que entao acontece , d revelia do Sujeito, nesta deflexdo dos investimentos, ou nesta inflexao interna, & que, sem se dar conta, 0 Eu Pega na sua rede o objeto, por finalidade, nestes ver. inclusive um nascimento r mento” (Bion). Isto s6 se realiza atra integrado, isto é, ao abandono do em! irole do objeto. O estado nao: integrado é diferente d grado (Winnicott). O Bu luta contra esta ameaga anti-ur le ¢ 0 objeto fazem um s6. A dor € uma espée istrada**, um estado de alerta, um meio de existéncia p ia, sem vida real, quando o Eu encontra sua contin; “yivida como futilidade. Estas observagdes me fazem duvidar muito da afirmagao de Freud em “Inibigdo, sintoma angtistia”, segundo a qual 0 2 tivo nao tem lugar no inconsciente. Da mesma € neste ponto que a porca torce 0 rabo, que o desmaio nao deixa trago no penso que o desinvestimento que 0 a reviver uma experiéncia de fusaio, mas também realiza uma experiéncia de corte, de vazio, que esbUraea © inconsciente, cujos contra-investimentos ativam-se nas bordas da chaga aberta contra 0 retorno ou a extensio de uma tal experiéncia afetiva, A alucinagao negativa ¢ 0 seu correspondente na ordem da jnyestimento neg: forma, quando defende ~ ¢ ja que estava sujeito a isto ~ inconsciente. Pelo contrario. desmaio constitui nao se limita representacao. Devo acrescentar qué nao ¢ somente a experiéncia da perda qu aqui em primeiro plano, mas também ada vida desconhecida trovision, no original. (N. da T.) + ands, guarde.fow, que contém uma reeréncia este projeto. . ¢ nio deve estar 1 no enquadr v no espago potencial de se analista, m : mato reunido rl racesso & 0 objeto do analisando 1 dois, numa nova forma de do objeto, que € apenas vinculo.* Com Jean-Luc Donnet descrevi em 1973 a “| 4 Na época, pergunte-me se com a andlise dle um caso que entrari certamente na categoria da “excegao”, i esti sempre ligada a uma ferida narcisista), m singularidade teratolégica sem alcance geral. A exper deste ceticismo. Gostaria de precisar um pouco mais a ambigilida desta “brancura”. Branca, no sentido em que a utilizo, vem do ing] 16, Isto poderi cular c Sif pater vn ular com 0 que Rosolato chama de relagao Jogo de rima intraduzivel: ni mien, ni tiem: lic ien, ni tien: lien. (N. d 17. i # pans ©. Green, L'enfant de ga. Pas, Minuit uh ae a von Wartburg. Dietionnaire éy ti

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