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Universidade Federal da Bahia - Escola Politécnica

Higiene
Higiene ee Segurança do
Segurança do Trabalho
Trabalho

ENG
ENG 295

Parte IV – Agentes Químicos

Enete Souza de Medeiros


Química, Higienista Ocupacional (UFBA e ABHO) Eliana Maria da Silva Pugas
Mestre em Gerenciamento e Tecnologias Engenheira Química (UFBA)
Ambientais (UFBA) Engenheira de Segurança (UFBA)

Eliana Pugas
Programa
Programa

► Parte IVa – Agentes Químicos


► Conceito de agente químico

► Classificação dos produtos químicos

► Formas de apresentação dos agentes químicos

► Toxicologia dos agentes químicos: efeitos sobre o organismo

► Vias de entrada no organismo

► Exposições ocupacionais

► Doenças ocupacionais

► Limites de Exposição Ocupacional - NR 15

► Limites de Exposição Ocupacional - ACGIH

► Unidades de Medidas em Higiene Ocupacional

Eliana Pugas
Programa
Programa

► Parte IVb – Agentes Químicos

► Caracterização Básica: Grupo Homogêneo de Exposição

► Etapas e Objetivos de uma avaliação ambiental

► Avaliação Qualitativa: Caracterização Básica – Grupos Homogêneos de Exposição

► Avaliação Quantitativa: Estratégia de Amostragem

► Número de amostras

► Freqüência de amostragem

► Amostragem de gases, vapores e aerodispersóides

Eliana Pugas
Programa
Programa

► Parte IVc – Agentes Químicos

► Medidas de Controle para Agentes Químicos

► Ficha de Informações de Produtos Químicos - FISPQ

► Ventilação: geral, local exaustora

► Ventilação e as Normas Regulamentadoras

► NR 33 – Espaços Confinados

Eliana Pugas
Agentes
Agentes Químicos
Químicos

Produtos Químicos de Uso Final


Higiene pessoal, Sabões, detergentes
perfumaria e cosméticos e produtos de limpeza
Produtos Adubos e fertilizantes
farmacêuticos Tintas, esmaltes
e vernizes
Defensivos Produtos Químicos
agrícolas de Uso Industrial
Produtos e
Matéria Primas
preparados
Produtos Água
Água do
do mar,
mar, petróleo,
petróleo,
carvão, diversos
Inorgânicos carvão, gás
gás natural,
natural,
enxofre,
enxofre, diversos
diversos minerais
minerais
Produtos Resinas e
Orgânicos elastômeros

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Agentes
Agentes Químicos
Químicos
► Industria Química no Brasil – Produtos de Uso Industrial
1

5
7 2 10
4 5 7
1 14
1
1 64 4 4
8 1
1.006 = total de fábricas de 70
Nordeste = 114
produtos químicos de uso 2 4 Sudeste = 706
industrial cadastradas no
Guia da Indústria Química 555 77 Sul = 159
Brasileira. 51
34
Em 2006
74 Fonte: Abiquim

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Agentes
Agentes Químicos
Químicos
► Na Bahia... Pólo Industrial de Camaçari

Iniciou suas operações em 1978


Primeiro Complexo Petroquímico planejado do País
Maior complexo industrial integrado do Hemisfério Sul

O Pólo tem mais de 60 empresas químicas,


petroquímicas e de outros ramos de atividade como
indústria automotiva, de celulose, metalurgia do cobre,
têxtil, bebidas e serviços.”

Fonte: COFIC

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Agentes
Agentes Químicos
Químicos
Atividades em que estão presentes os agentes químicos

Laboratório Químicos
Industria Química
Laboratório Bioquímicos

Mineração

Automobilistica Metalurgia

Como em muitas outras atividades, a fabricação e


a utilização de produtos químicos envolve riscos.
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Agentes
Agentes Químicos
Químicos

Atividades em que estão presentes os agentes químicos

Agricultura: uso de
agrotóxicos

Construção Civil: Hospital: utilização de


carpintaria, pintura, escavação anestésicos, esterelizantes

Como em muitas outras atividades, a fabricação e


a utilização de produtos químicos envolve riscos.

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Agentes
Agentes Químicos
Químicos

Agentes Químicos x Higiene Ocupacional

São as substâncias, compostos ou produtos que possam


penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas
de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou
vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou serem absorvidos pelo
organismo através da pele ou por ingestão.

NR 9, item 9.1.5.2

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

Gases

Vapores

Aerodispersóides

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação
Gases

Substâncias que são gasosas nas condições normais


de temperatura de pressão (25 °C e 1 atm.)
Podem mudar de estado físico unicamente por uma
combinação de pressão e temperatura.

• Oxigênio • Propano
• Nitrogênio • Butadieno
• Etano • Monóxido de carbono

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação
Vapores

Fase gasosa de uma substância que, na temperatura e pressão


ambiente (25 °C e 1 atm) é líquida ou sólida.

• Vapores de álcool etílico


• Vapores de benzeno
• Vapores de água
• Vapores de naftalina
• Vapores de mercúrio

A tendência de uma substância líquida ou sólida passar para estado de


vapor é medida pela pressão de vapor.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação
► Conceito de pressão de vapor
Considerar um cilindro fechado contendo um líquido e um manômetro

Pressão
Pressão de
de vapor:
vapor: é
éaa pressão
pressão exercida
exercida pelo
pelo vapor
vapor em
em equilíbrio
equilíbrio com
com o
o líquido
líquido

Produto Pressão de vapor mmHg, 25 ⁰C


Acetona 220
Benzeno 100
Água 23,7
Mercúrio 0,0017

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação
Aerodispersóides

Os
Os aerodispersóides
aerodispersóides são
são sistemas
sistemas dispersos,
dispersos, cujo
cujo meio
meio de
de dispersão
dispersão éé
gasoso
gasoso e eaa fase
fase dispersa,
dispersa, consiste
consiste de
de partículas
partículas sólidas
sólidas ou
ou líquidas.
líquidas.
O
O tamanho
tamanho dasdas partículas
partículas varia
varia entre
entre 100 µm a
100 µm a 200 µm até
200 µm até um
um limite
limite
inferior
inferior na
na ordem
ordem de
de 0,001µm.
0,001µm.
Podem
Podem serser formados
formados por
por dispersão
dispersão ee por
por condensação.
condensação.

• Dispersão: desintegração mecânica da matéria (pulverização ou


atomização de sólidos ou líquidos, ou transferência de pós para o estado
de suspensão através da ação de correntes de ar ou vibração).

• Condensação: formados pela condensação de vapores supersaturados,


ou pela reação entre gases que leva a um produto não volátil.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação
► Aerodispersóides
Dispersão de partículas líquidas o ar

Névoas
São suspensões de partículas líquidas no
ar, produzidas por ruptura mecânica de
líquidos. Exemplos de origem: agitação
por ar comprimido, atomização, agitação
comum, sprays.

Neblinas
São também suspensões de partículas
líquidas só que produzidas por
condensação de vapores de substâncias
que são líquidas a temperatura normal.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação
► Aerodispersóides
Dispersão de partículas sólidas no ar
Poeiras
Poeiras
Partículas sólidas no ar originadas por
processos físicos e desagregação,
Fumos trituração, pulverização, impacto,
Fumos polimento.
Partículas sólidas no ar dispersas pela Ex. sílica, madeira,
condensação dos vapores de algodão, bagaço de cana.
compostos metálicos.
Fumos metálicos
Cr, Mn, Cu, Fe, Pb, Al, Zn, Cd, Ni

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

► Sílica – Dióxido de silício (SiO2)


A sílica e seus compostos constituem cerca de
60% da crosta terrestre

Formas de sílica cristalina em ordem


crescente de fibrogenicidade:

• Tridimita
• Quartzo
• Cristobalita
Estas três formas são chamadas de
sílica livre ou sílica não combinada
para distinguí-las dos demais silicatos.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

► Sílica – Dióxido de silício (SiO2)


Estrutura da sílica

Sílica cristalina Sílica amorfa

A sílica amorfa quando aquecida a altas temperaturas, em certos processos


industriais, transforma-se em cristobalita.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

► Fumos
Quase todos os metais podem produzir fumos, quando aquecidos.
Em altas temperaturas há formação de óxidos pela combinação do
oxigênio do ar com o metal.
Ex.: óxido de zinco, óxido de chumbo.

Solda é adição de metal com fusão.

A composição dos fumos dependem do


metal e do eletrodo utilizado.

Aço: manganês, cromo, níquel, zinco.


Eletrodos: silício, molibdênio, magnésio, cobre,
zircônio, alumínio, cádmio, fluoretos.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

► Fibras
São corpos filamentosos e alongados, que possuem características
dadas pela relação entre seu diâmetro e comprimento.
Fibra respirável (NR 15, Anexo 12)
• Comprimento: > 5 µm
• Diâmetro: < 3 µm
• Relação comprimento e diâmetro superior a 3:1
Fibras com importância em Higiene Ocupacional
• Asbesto
• Algodão
• Lã mineral
• Fibra de vidro
• Linho

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

► Asbesto ou amianto
Forma fibrosa dos silicatos minerais (silicatos de magnésio, ferro,
cálcio ou sódio), muito utilizada devido à elevada resistência química,
mecânica, térmica e elétrica.

Usado na produção de caixas d´água, telhas, pisos, tintas e tecidos


anti-chamas, além de lonas e pastilhas de freio de carro.

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Agentes
Agentes químicos: formas
químicos: formas de
de apresenta ção
apresentação

Crisotilo
Serpentinas
Serpentinas Fibras curvas e sedosas.
90% de todo o asbesto
consumido
ASBESTO

Anfibólios
Anfibólios Anfibólios
Fibras duras, retas
e pontiagudas.
Proibidas na Itália, França
e Brasil, outros países
restringem o LT.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Paracelsus ► Médico, alquimista, físico, astrólogo.


1493 ► Pioneiro do uso de produtos químicos e
de minerais na Medicina
► Correlação entre doenças e substâncias
manuseadas.
► Destaque: intoxicação pelo mercúrio e
silicose.

“Todas as substâncias são tóxicas.


É a dose correta que diferencia um
veneno de um remédio”.

Pai da Toxicologia

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

► Toxicologia
Ciência que estuda os efeitos nocivos decorrentes das
interações de substâncias químicas com o organismo

SUBSTÂNCIA ORGANISMO
QUÍMICA

EFEITO NOCIVO

Uma das suas missões é estabelecer a fronteira em que


uma substância inicia a ser danosa.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo
Tóxico

Qualquer substância que, introduzida no corpo ou que aplicada em uma


certa quantidade, provoca efeitos nocivos em um órgão ou sistema.

Dose

Quantidade da substância que se ingerida, inalada ou absorvida pela pele a


resposta é a reação tóxica. Ex.: uma doença ocupacional.

Exposição

A exposição a uma substância química é dada pela medida de contato


entre a substância e a superfície exterior do organismo. Está relacionada à
concentração do agente e ao tempo de exposição.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Exposição aguda

• Efeito aparece rapidamente logo


após a exposição do agente e pode
ser reversível ou irreversível.

• Efeitos graves no organismo


decorrente de curta exposição a
altas concentrações.

• Em geral são tratáveis se contra-atacados rapidamente, por


exemplo com a administração de antídotos e oxigênio.

Típica de acidentes

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Exposição crônica

• Efeito surgir depois de um longo tempo, como anos ou décadas, o


agente de risco se acumula ou causa pequeno efeito no corpo até
atingir um nível crítico que dispara o efeito adverso.

• Freqüentemente não são tratáveis porque a doença só fica evidente


depois que severos danos ocorrem a órgãos, sistemas ou tecidos.

• Podem produzir danos consideráveis ao organismo, porém a longo


prazo, por exposições contínuas a baixos níveis de concentração.

Essas exposições são objeto das atividades de


Higiene Ocupacional

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Efeitos agudos e crônicos

Situação Efeito agudo Efeito crônico


de risco
Névoas de Irritação dos olhos e garganta, Bronquite crônica e enfisema
ácidos umedecimento dos olhos, tosse, dor de
garganta, dor no peito.
Asbesto Moderada irritação respiratória, tosse e Asbestose, câncer do pulmão
espirros.
Monóxido de Tonturas, dores de cabeça, confusão Pode contribuir para paradas
carbono mental. cardíacas.
Em doses muito altas, desmaio e morte.
Tricloroetileno Euforia, sensação de topor alcoólico, Danos nos rins e fígado;
dormência, tonturas. possivelmente câncer de fígado.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Em função dos efeitos que produzem no organismo, as


substâncias químicas classificam-se em:

Irritantes Causadoras de danos pulmonares

Alérgicos
Asfixiantes

Narcóticos e anestésicos Produtores de dermatoses

Corrosivas Tóxicos sistêmicos

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Irritantes

Produzem irritação nos tecidos devida à ação química ou física nas


áreas de contato: pele, mucosas das vias respiratórias e conjuntiva
ocular.

• Amônia
• Cloro
• Ácido sulfúrico
• Óxido de nitrogênio

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Asfixiantes

Impedem a chegada do oxigênio aos tecidos

• Simples:não apresentam efeito específico, mas a sua presença na


atmosfera provoca o deslocamento do oxigênio, reduzindo a
concentração desse gás no ambiente.
Ex.: nitrogênio, CO2, gases nobre, metano, propano.

• Químicos: bloqueiam a absorção de oxigênio no sangue ou nos


tecidos.
Ex.: CO, HCN, H2S.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Narcóticos e Anestésicos

Ação depressiva sobre SNC (sistema nervoso central), produzindo


efeito anestésico.

• Substâncias lipossolúveis
• Solventes
• Éter etílico
• Acetona

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Corrosivas

Destoem os tecidos com os quais entram em contato.

• Ácido sulfúrico
• Ácido clorídrico
• Soda cáustica

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Causadoras de danos pulmonares

Sólidos que se depositam nos pulmões causando degeneração do


tecido pulmonar ou impede a difusão do oxigênio

• Poeiras/fibras produtoras de fibrose: sílica, asbesto


• Poeiras inertes: dióxido de titânio
• Partículas alergizantes e irritantes: pólens, resinas, madeiras

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Alérgicos

Não afeta a maioria dos indivíduos, mas se apresenta em indivíduos


previamente sensibilizados.

• Cromo
• Resinas
• Metacrilato de metila

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Produtores de dermatoses

Causa irritação primária, sensibilização alérgica, fotosensibilização,


independente de outros efeitos que podem causar.

• Cromo (cimento)
• Ácidos
• Solventes
• Fibra de vidro

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Tóxicos sistêmicos

Causam efeitos diversos ou seletivos sobre um órgão ou sistema:


intoxicações agudas ou crônicas

• Compostos que causam lesões no sistema formador de sangue,


por acumulação em tecidos gordurosos e medula dos ossos.

Ex.: hidrocarbonetos aromáticos (benzeno)

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Tóxicos sistêmicos

• Compostos que afetam o sistema nervoso.


Ex.: dissulfeto de carbono

• Compostos que afetam o SNC e podem causar câncer


Ex.: fluoretos, arsênio, chumbo, mercúrio, manganês, cromo

Eliana Pugas 39
Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Tóxicos sistêmicos

• Carcinogênicos (crescimento desordenado das céluas)


Ex.: alcatrão e óleos parafínicos, cloreto de vinila

• Mutagênicos (mutações genéticas no DNA ou cromossomos)


Ex.: ácido acrílico

• Teratogênicos (efeitos no feto)


Ex.: talidomida, óxido de etileno, mercúrio

Eliana Pugas 40
Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Classificação da ACGIH para substâncias carcinogênicas

Grupo Descrição Exemplo


A1 Carcinogênico humano confirmado. Asbesto, benzeno.
A2 Carcinogênico humano suspeito. Formaldeído, ácido sulfúrico,
óxido de etileno.
A3 Carcinogênico animal confirmado. Clorofórmio, diesel,
A4 Não classificável como carcinogênico Asfalto, cloro, cromo.
humano.
A5 Não suspeito como carcinogênico Caprolactama.
humano.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Classificação da IARC para substâncias carcinogênicas

Grupo Descrição Exemplo


1 Carcinogênico para humanos. Asbesto, benzeno.
2A Provável carcinogênico para humanos. Compostos de chumbo.
2B Possível carcinogênico para humanos. Acrilonitrila, estireno.
3 Não classificado como carcinogênico Etileno, fluoretos inorgânicos.
para humanos.
4 Provavelmente não carcinogênico para Caprolactama.
humanos.

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Concentração Letal – CL 50

Concentração de uma substância química (gás, vapor, neblina ou pó) no


ar que é letal para 50% dos animais de teste, em determinado período.

• Método de medição da habilidade de um produto causar


envenenamento quando é inalado por animais de teste.

• Parâmetroimportante devido à sensibilidade da via respiratória


como forma de entrada das substâncias no organismo.

Ácido acético ► CL50: 5.620 ppm / 1 hora / rato

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Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Dose Letal – DL 50

Quantidade em mg/kg de uma substância que é letal para 50%


animais de teste, em determinado período.

• Métodode quantificar a habilidade de um produto causar o


envenenamento quando ingerido ou quando é absorvido pela pele.
• Mede “essencialmente” a toxicidade aguda
• Quanto mais baixo o DL 50 mais tóxica é a substância

Ácido acético ► DL50: 3.310 mg/kg / oral / rato

Eliana Pugas 44
Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Exemplo de toxicicidade por ingestão

Toxicidade Dose (mg/kg de peso)


Praticamente não tóxica > 15.000
Ligeiramente tóxica 5.000 - 15.000
Moderadamente tóxica 500 - 5.000
Muito tóxica 50 - 500
Extremamente tóxica 5 - 50
Super tóxica <5

Substância química DL 50 rato, via oral


mg/kg
Etanol 7.000 Ligeiramento tóxica
Cloreto de sódio 3.000 Moderada
Sulfato de cobre 1.500 Moderada
DDT 100 Muito tóxica
Nicotina 60 Muito tóxica
Tetradotoxina 0,01 Super tóxica

Eliana Pugas 45
Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

IPVS – Imediatamente Perigoso para a Vida e a Saúde

IDLH - Do inglês “Immediately Dangerous to Life or Health” representa a


máxima concentração de substância no ar à qual pode se expor uma pessoa
por 30 minutos sem danos irreversíveis.

Acroleína 2 ppm
Cloro 10 ppm
HCN 50 ppm
Amônia 300 ppm
Acetona 2.500 ppm

http://www.cdc.gov/niosh/idlh/intridl4.html

Eliana Pugas 46
Agentes
Agentes químicos: efeitos
químicos: efeitos sobre
sobre o
o organismo
organismo

Toxicocinética

Ramo da toxicologia que estuda os processos que o agente


tóxico segue no organismo.

E
X Absorção Intoxicação Aguda
E
P 
Agente Distribuição F
O
químico  E Intoxicação crônica
S
Metabolismo I
I  T
Dose Ç Eliminação O
à Doença
O Ocupacional

Circuito dose- efeito


Eliana Pugas 47
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

► Penetração e Absorção
Qual é a mais
Via respiratória importante?

Via cutânea

Via digestiva

Eliana Pugas 48
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

Via respiratória
É uma das formas mais comuns pela qual as substâncias químicas
entram no organismo.

• Gases, vapores, fumos, poeiras são frequentes no ar ambiente


• Grande quantidade de ar respirado: 12 m3/dia
• Superfície de troca dos alvéolos dos pulmões: 50 a 100 m2
• Fácil entrada e contacto com os vasos sanguíneos
• Partículas < 10 µm chegam aos alvéolos e na corrente sanguínea
• Responsável por mais de 90% das intoxicações.

É a mais importante via de absorção !

Eliana Pugas 49
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada
Via respiratória: penetração e deposição de partículas

Nariz Boca FRAÇÃO INALÁVEL


Faringe
Partículas < 100 µm
Laringe

FRAÇÃO TORÁCICA
Brônquios Partículas < 25 µm
Traquéia

FRAÇÃO RESPIRÁVEL
Partículas < 10 µm
Alvéolos

Conforme ACGIH (1999), ISO (1995), CEN (1993) e ICRP (1994)

Eliana Pugas 50
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

Via cutânea
Pele e mucosas são formas comuns de entrada das substâncias
químicas no organismo.
A pele pode ser considerada o maior órgão do corpo e sua extensa
superfície pode entrar em contato direto com as substâncias
químicas.

Pelo
• Penetração pelos poros e Epiderme
interstícios da pele.
• Fixação no tecido subcutâneo. Derme

• Entrada na corrente sanguínea.

Eliana Pugas 51
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

Via cutânea

• Maior impacto na absorção de substâncias lipossolúveis


(inseticidas e solventes)

• Absorção de substâncias hidrosolúveis (compostos iônicos, voláteis


solúveis

• Metais têm dificuldade em passar exceto compostos de chumbo e


tálio

• Solventes voláteis tendem a evaporar antes de serem absorvidos

É a 2ª via mais importante !

Eliana Pugas 52
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

Via digestiva
Via secundária de ingresso de um agente tóxico no
organismo, já que nenhum trabalhador ingere,
conscientemente, produtos tóxicos.

• Importante na entrada de compostos sólidos e líquidos.


• Ingestão de substâncias acidentalmente.
• Substâncias retidas no sistema respiratório vão ao tubo digestivo.
• Praticamente todas as substâncias solúveis são absorvidas.
• O pH ajuda a absorver os metais e a desagregar os sólidos.

Atenção !
Perigoso comer, beber ou fumar no local de trabalho em que se usam
químicos: contaminação dos alimentos e contaminação pelas mãos.

Eliana Pugas 53
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

► Distribuição
• Ao penetrar no organismo, a substância química se
incorpora ao sangue e se distribui por todo o corpo
através do sistema circulatório.

• Após a distribuição, as substâncias tendem a fixar-se em


distintos órgãos ou tecidos a depender de sua afinidade.

√ Nos ossos acumulam-se metais como o chumbo, estrôncio, fluoretos.


√ No tecido adiposo as substâncias lipossolúveis.

√ Metais apresentam vidas médias dentro do corpo muito elevadas.


√ Compostos orgânicos apresentam vidas médias menores.

Eliana Pugas 54
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

► Metabolismo
Metabolismo (biotransformação) são as reações sofridas pelas
substâncias e os produtos formados são chamados metabólitos.

• Sequência de troca química e conversões para produzir produtos


mais solúveis ou fáceis de eliminar do organismo.

• Estas trocas geralmente se realizam no fígado, mas também


podem ocorrer no plasma, nos pulmões e outros tecidos.

• Geralmente ocasiona inativação da substância química.

Eliana Pugas 55
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada
► Ex. Biotransformação do benzeno

Eliana Pugas 56
Agentes
Agentes químicos: vias
químicos: vias de
de entrada
entrada

► Eliminação
As substâncias tóxicas podem ser eliminadas ou excretadas do
organismo sem troca química alguma ou depois de sua
transformação química como metabólitos.

►Os órgãos excretores podem ser:


 Pulmões: ar exalado.
 Rins: urina.
 Tubo digestivo: fezes, saliva ou o vômito.
 Glândulas de secreção: suor, leite materno e outros líquidos
corporais.

Eliana Pugas 57
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Silicose
Doença pulmonar progressiva e irreversível, que leva à fibrose
pulmonar (endurecimento), devido a inalação de sílica na forma
livre e cristalizada em tamanho inferior a 10 µm.

Atividade com exposições ocupacionais à sílica livre cristalina


• Indústria extrativa (mineração subterrânea e de superfície).
• Construção e escavação de túneis e poços.
• Indústria metalúrgica e de fundição.
• Produção de cimento.
• Beneficiamento de minerais (corte de pedras, britagem, moagem, lapidação).

Eliana Pugas 58
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Saturnismo
Doença ocupacional causada pelo chumbo.
Quando aquecido, desprende vapores que
podem ser inalados na forma de fumos.

 Afeta tecidos moles e acumula-se nos ossos.


 Danos: sistema sanguíneo, digestivo, renal, sistema
nervoso central e periférico.
 O contato pode causar dermatites e úlceras na epiderme.

Eliana Pugas 59
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Asbestose
 Doença pulmonar relacionada com a prolongada inalação de poeira
contendo fibras de asbesto (amianto).
 O organismo reage produzindo uma proteína semelhante ao cimento,
cicatrizando o alvéolo e impedindo que se encha de ar.
 Manifesta-se após longo período de latência.

Atividade com exposições ocupacionais ao asbesto

• Indústria extrativa ou indústria de transformação


• Encanadores na construção civil
• Colocação e reforma de telhados
• Isolamento térmico de caldeiras e de tubulações

Eliana Pugas 60
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Hidrargirismo
Intoxicação causada pelo mercúrio.
O mercúrio e seus compostos tóxicos ingressam no organismo por inalação,
por absorção cutânea e por via digestiva.
Deposita-se em vários órgão como rim, fígado, baço, medula óssea,
testículos, tireóide, SNC.
Não há provas que ele seja completamente eliminado do organismo.
Causa distúrbios neurológicos, renais, cardiorespiratórios, amolecimento dos
dentes, gengivite.

• Fabricação de termômetros, barômetros, eletrodos, aparelhos elétricos


• Garimpos, na extração do ouro e da prata
• Células eletrolíticas para produção de cloro e soda
• Fabricação de lâmpadas fluorescentes.
• Amálgamas para uso odontológico

Eliana Pugas 61
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Benzenísmo
Intoxicação causada pelo benzeno.
As principais vias de absorção são a respiratória e a cutânea.
Tende a se acumular em tecidos gordurosos e sua eliminação é lenta.
Causa edema pulmonar, alterações hematológicas, considerado como
cancerígeno.

Atividades com exposições ocupacionais ao benzeno


• Obtenção de produto a partir do petróleo (indústria petroquímica), ou do
carvão mineral (usinas siderúrgicas).
• Indústria que utiliza benzeno como matéria-prima.
• Indústrias de tintas e vernizes, resinas e plásticos sintéticos.
• Indústria de pneus, calçados, couros e gráficas.

Eliana Pugas 62
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Intoxicação por Agrotóxicos


 No grupo dos inseticidas, os organofosforados e carbamatos têm
causado o maior número de intoxicações e mortes no Brasil e no mundo.
 Penetram por via dérmica, respiratória e digestiva.

Alguns efeitos:

Quadro clínico: sudorese, hipersecreção


brônquica, colapso respiratório, tosse,
vômitos, cólicas, diarréia, hipertensão arterial,
convulsões, choque cardio-respiratório,
podendo levar ao coma e óbito.

Eliana Pugas 63
Agentes
Agentes químicos: doen
químicos: ças ocupacionais
doenças ocupacionais

► Dermatoses Ocupacionais
Referem-se a toda alteração da pele e mucosas, diretamente causada,
mantida ou agravada pela atividade de trabalho.

Dermatite de contato pelo


cimento (dicromato de
potássio, cromo)

O contato frequente com massa de


cimento causou alergia severa,
comprometendo os membros
superiores do trabalhador.

Eliana Pugas 64
Agentes
Agentes Qu ímicos: limites
Químicos: limites de
de exposição ocupacional
exposição ocupacional

Limites de Exposição Ocupacional a Agentes Químicos

Padrões atualmente aceitos e indicados para avaliar uma


exposição ocupacional a um agente químico.

1 5 Limite de Tolerância
NR
Concentração ou intensidade máxima ou mínima, relacionada com
a natureza e o tempo de exposição ao agente, que não causará
dano à saúde do trabalhador, durante a sua vida laboral.

ACEITÁVEL

Eliana Pugas 65
Agentes
Agentes Qu ímicos: limites
Químicos: limites de
de exposição ocupacional
exposição ocupacional

Limites de Exposição Ocupacional a Agentes Químicos

TLV - Valor Limite de


Tolerância ACG
(Threshold Limit Value) IH
“Os limites de exposição (TLVs) referem-se às
concentrações das substâncias químicas dispersas
no ar e representam condições às quais acredita-se
que a maioria dos trabalhadores possa estar exposta,
repetidamente, dia após dia, durante toda uma vida de
trabalho, sem sofrer efeitos adversos à saúde.”

Conforme a NR 9 na ausência de limites previstos na NR-15,


poderão ser adotados os TLVs da ACGIH .

Eliana Pugas 66
Agentes
Agentes Qu ímicos: limites
Químicos: limites de
de exposição ocupacional
exposição ocupacional

► Estabelecimento
Os métodos utilizados na investigação e desenvolvimento dos limites
de exposição admissíveis são:

• Estudos epidemiológicos: baseado em situações reais. É o


principal método, mas requer longo período de observação.

• Exposição humana: obtidos por experiências com exposições


anormais e acidentais.

• Com animais: método mais comum, mas tem limitações para


estabelecer correlações confiáveis. Ratos, camundongos e ramsters
são os mais utilizados porque são pequenos, baratos, fácil de manusear
e vida média curta.

Eliana Pugas 67
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

Limites de Exposição - Brasil

A NR 15 trata das “Atividades e Operações Insalubres”, sendo os anexos


11, 12 e 13 referentes aos agentes químicos.

Segundo o Artigo 189 da CLT, “são consideradas atividades ou operações


insalubres:

"Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por


sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância.

A caracterização da insalubridade somente poderá ser realizada por


Engenheiro de Segurança ou Médico do Trabalho (CLT 195).

Eliana Pugas 68
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

Eliminação ou neutralização da insalubridade

 Adoção de medidas de ordem geral que


conserve o ambiente de trabalho dentro dos
Limites de Tolerância.
 Utilização de equipamento de proteção
individual.

Graus x Incidência sobre o salário mínimo

• 40 % para insalubridade de grau máximo.


• 20 % para insalubridade de grau médio.
• 10 % para insalubridade de grau mínimo.

69
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


Os Limites de Tolerância são válidos para:
• Jornadas de trabalho de até 48 horas/semana.
• Absorção apenas por via respiratória.

Agentes químicos Valor Absorção Até 48/semana Grau


teto pele insalubridade
ppm mg/m3
Acetaldeído + 78 140 máximo
Acetileno asfixiante simples
Ácido cianídrico + 8 9 máximo
N-Butilamina + + 4 12 máximo
Chumbo - 0,1 máximo
Dióxido de nitrogênio + 4 7 máximo
Éter etílico 310 940 médio
Formaldeído + 1,6 2,3 máximo

Eliana Pugas 70
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


As substâncias listadas no Quadro I podem ser reunidas em grupos,
baseados na ação sobre o organismo.

1. Substâncias com Limite de Tolerância Média Ponderada

São substâncias de ação generalizada sobre o organismo, cujos efeitos


dependem da quantidade absorvida.

• Substâncias não assinaladas com + na coluna Valor Teto.


• O Limite de Tolerância é uma média ponderada.
• Podem ocorrer concentrações acima do valor fixado, desde
que obedeça a
um “Valor Máximo” (pico) que não pode ser ultrapassado em momento
algum da jornada.
• Quando o “Valor Máximo” é ultrapassado é considerado como “risco grave
e iminente” e medidas urgentes devem ser adotadas para eliminar a
exposição. Ver casos no Quadro 1

Eliana Pugas 71
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


Cálculo da Média Ponderada no Tempo (CMPT)

CMPT = (C1 x t1) + (C2 x t2) + ... + (Cn x tn) ppm ou mg/m3
t1 + t2 + ... + tn (tempo total)
C = concentração e t = tempo de amostragem

A avaliação das concentrações dos agentes químicos através de métodos de


amostragem instantânea deverá ser feita pelo menos em 10 amostragens, para
cada ponto. Entre cada uma das amostragens deverá haver um intervalo de, no
mínimo, 20 minutos (NR 15, Anexo 11).

Nesse caso, calcular a média aritmética dos resultados

Eliana Pugas 72
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


Valor Máximo – Anexo 11 – Quadro 2

Valor Máximo (VM) = Limite de Tolerância (LT) x Fator de Desvio (FD)

Quadro 2
Limite de Tolerância Fator de
(ppm ou mg/m3) Desvio
0a1 3
1 a 10 2
10 a 100 1,5
100 a 1.000 1,25
Acima de 1.000 1,1

Ver casos no Quadro 1

Eliana Pugas 73
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


Exemplo 1
Um trabalhador expõe-se às seguintes concentrações de amônia (LT = 20 ppm),
em que as medidas foram do tipo instantânea.

Amostra Concentração CMédia = C1 + C2 + ... + Cn ppm ou mg/m3


ppm
n
1 10
2 20 CMédia = 10 + 20 + 25 + 20 + 15 + 10 + 20 + 10 + 20 + 25 ppm
10
3 25
CMPT = 17,5 ppm.
4 20
5 15
6 10 Valor Máximo (VM) = LT x FD
7 20
Valor Máximo (VM) = 20 x 1,5 = 30 ppm
8 10
9 20 Análise: nenhuma das amostragens ultrapassou o valor
máximo permitido e a concentração média foi inferior ao LT.
10 25 Conclusão: situação de conformidade.

Eliana Pugas 74
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


Exemplo 2
Um trabalhador expõe-se às seguintes concentrações de amônia (LT = 20 ppm),
em que as medidas foram de longa duração e uma delas instantânea.

Amostra Concentração Tempo CMPT = (C1 x t1) + (C2 x t2) + ... + (Cn x tn) ppm ou mg/m3
ppm min t1 + t2 + ... + tn
1 10 120
2 32 1 CMPT = (10 x 120) + (20 x 360) ppm
120 + 360
3 20 360
CMPT = 17,5 ppm

Valor Máximo (VM) = 20 x 1,5 = 30 ppm

Análise: a concentração média ponderada no tempo foi inferior ao LT.


Coletada uma amostra para caracterizar o Valor Máximo (tipo instantânea).
Conclusão: situação de não-conformidade devido ultrapassagem do Valor Máximo,
embora com concentração média ponderada inferior ao LT.

Eliana Pugas 75
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


2. Substâncias com Limite de Tolerância Valor Teto

São substâncias de ação extremamente rápida no organismo.


Devido à sua ação imediata, essas substâncias não podem ter seu Limite
de Tolerância excedido em momento algum da jornada de trabalho.

• São as substâncias assinalados com um sinal “+”, na coluna Valor Teto.


• O Valor Teto (VT) é o próprio LT.
• Caracterização: mede-se apenas as situações de maior exposição.
• Não se aplicam os fatores de desvio.

Ver casos no Quadro 1

Eliana Pugas 76
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


3. Substâncias com absorção pela pele

São substâncias que também podem ser absorvidas pela pele intacta,
membranas, mucosas ou olhos.

• São as substâncias assinaladas com + na coluna ”absorção pela pele”.


• Na utilização dessas substâncias devem ser tomadas medidas adicionais de
proteção para evitar a absorção cutânea, a fim de que o LT não seja
superado.
•A insalubridade será caracterizada se o trabalhador não estiver
adequadamente protegido com luvas, óculos de visão panorâmica, além de
outros EPIs necessários à proteção de outras partes do corpo.

Ver casos no Quadro 1

Eliana Pugas 77
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


Exemplo da situação com absorção pela pele
Um trabalhador expõe-se às seguintes concentrações de n-butilamina (LT = 4 ppm),
em que as medidas foram do tipo instantânea.

Amostra Concentração CMPT = 2 + 3 + 1 + 1 + 3 + 2 + 1,5 + 3,5 + 0 + 2 ppm


ppm 10
CMPT = 1,9 ppm
1 2
2 3 Valor Teto (VT) = 4 ppm
3 1 Absorção pela pele
4 1
5 3 Análise: nenhuma das amostragens ultrapassou o
6 2 valor teto, a concentração média foi inferior ao LT.
7 1,5 Caso o trabalhador esteja protegido com relação à via
8 3,5 cutânea, a atividade não será considerada insalubre.
9 0
Conclusão: situação de conformidade.
10 2

Eliana Pugas 78
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 11 – Quadro 1


4. Substâncias Asfixiantes Simples

Alguns gases e vapores, em altas concentrações no ar atuam como


asfixiantes simples, isto é, deslocam o oxigênio do ar sem provocar outros
efeitos fisiológicos significativos.

• Essas substâncias não possuem Limite de Tolerância.


• A concentração mínima de oxigênio no ambiente deve ser de 18% em
volume.
• As situações nas quais a concentração de oxigênio estiver abaixo deste valor
serão consideradas de risco grave e iminente.

Ver casos no Quadro 1

Eliana Pugas 79
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 12 – Poeiras Minerais


Asbesto (ou amianto)

Exposição às fibras de asbesto respiráveis ou poeira de asbesto em suspensão


no ar originada por minerais, materiais ou produtos que contenham asbesto.

Limite de Tolerância para as


fibras respiráveis asbesto do tipo crisotila:

2,0 fibras/cm3

• A avaliação ambiental deverá ser realizada em intervalos não superiores a 6 meses


• Os registros das avaliações deverão ser mantidos por período mínimo de 30 anos.

Eliana Pugas 80
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 12 – Poeiras Minerais


Manganês e seus compostos

• Atividades de extração, tratamento, moagem, transporte do minério e


outras operações, para jornada de 8 horas por dia.

Poeiras: até 5 mg/m3 no ar

• Atividades de metalurgia, fabricação de compostos de manganês,


fabricação de baterias e pilhas secas, fabricação de vidros especiais e
cerâmicas, fabricação e uso de eletrodos de solda, fabricação de
produtos químicos, tintas e fertilizantes, para jornada de 8 horas por dia.

Fumos: até 1 mg/m3 no ar

Eliana Pugas 81
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 12 – Poeiras Minerais


Sílica livre cristalizada
Os limites de tolerância para poeiras contendo sílica livre cristalizada, devem ser
calculados em função da porcentagem de quartzo contido no ar amostrado.

• Limite de tolerância para poeira respirável


LT = 8 mg/m3
% quartzo + 2

• Limite de tolerância para poeira total


LT = 24 mg/m3
% quartzo + 3

Eliana Pugas 82
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

Exemplo
Exemplo

Avaliar a conformidade da exposição ocupacional do trabalhador em um


ambiente em que foi feita uma amostragem de poeira encontrando-se para
a fração respirável um valor igual a 3 mg/m3 e teor de quartzo de 30%.

Poeira respirável

LT = 8 = 0,25 mg/m3
30 + 2

• A concentração ambiental (3 mg/m3) ultrapassou o Limite de Tolerência.


• Situação não-conforme.

Eliana Pugas 83
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 13 – Agentes Químicos

Relaciona as atividades e operações envolvendo agentes químicos, nas


quais a insalubridade será determinada por avaliação qualitativa, uma
vez que os agentes listados não possuem limites de tolerância fixados.

A caracterização é feita por inspeção no local de trabalho.

Quando se trata de PREVENÇÃO...

Quantificar e comparar os dados com os


Valores Limites de Exposição (TLVs) da ACGIH,
no mínimo, poderá servir de parâmetro técnico
para avaliar a existência ou não do risco.

Eliana Pugas 84
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 13 – Agentes Químicos

Atividades e operações envolvendo os agentes químicos

• Arsênio
• Carvão
• Chumbo
• Cromo
• Fósforo
• Mercúrio
• Silicatos

Ver casos no Anexo 13

Eliana Pugas 85
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 13 – Agentes Químicos

Substâncias cancerígenas

Não se deve permitir qualquer exposição ou contato, por qualquer


via a:

•4 amino difenil (p-xenilamina)


•Benzidina
•Beta-naftilamina
•4 nitrodifenil

Eliana Pugas 86
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 13 – Agentes Químicos

Operações diversas

• Cádmio e seus compostos.


• Berílio.
• Tálio.
• Benzopireno.
• Aplicação a pistola de tintas de alumínio.
• Operações com bagaço de cana com exposição à poeira.
• Operações de galvanoplastia: douração, prateação, niquelagem,
cromagem, zincagem, cobreagem.
• Trabalhos em convés de navios.

Eliana Pugas 87
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

► Substâncias do Anexo 13 – Agentes Químicos

Benzeno – Anexo 13 A

• Aplicável a todas as empresas que trabalham com benzeno e suas misturas


contendo 1 % ou mais.
• Cadastramento da empresa junto ao MTE.
• Obrigatório a elaboração do PPEOB – Programa de Prevenção da
Exposição Ocupacional ao Benzeno.
• Os resultados das avaliações ambientais deverão ser mantidas por 40 anos.

Eliana Pugas 88
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Substâncias do Anexo 13 – Agentes Químicos

Benzeno – Anexo 13 A

Estabelece o VRT – Valor de Referência Tecnológico

1,0 ppm - indústrias químicas, petroquímicas, de petróleo, etc.


2,5 ppm - indústrias siderúrgicas.

• VRT se refere à concentração de benzeno no ar considerada exequível do


ponto de vista técnico, definido em processo de negociação tripartite.
•O VRT deve ser considerado como referência para os programas de
melhoria contínua das condições dos ambientes de trabalho.
• O cumprimento do VRT é obrigatório e não exclui risco à saúde.

Eliana Pugas 89
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Nível de ação – NR 9
“... considera-se nível de ação o valor acima do qual devem ser
iniciadas ações preventivas de forma a minimizar a probabilidade de
que as exposições a agentes ambientais ultrapassem os limites de
exposição. As ações devem incluir o monitoramento periódico da
exposição, a informação aos trabalhadores e o controle médico.”

Para os agentes químicos

• ½ do Limite de Tolerância, da NR 15
• ½ do Limite adotados pela ACGIH, quando ausentes na NR 15

Eliana Pugas 90
Limites
Limites de
de exposição –– NR
exposição NR 15
15 -- Brasil
Brasil

►Uso dos TLVs da ACGIH


A NR 9 autoriza e oficializa o uso de padrão de referência
internacional da ACGIH.

9.3.5.1.c Quando os resultados das avaliações quantitativas da


exposição dos trabalhadores excederem os valores limites
previstos na NR-15, ou na ausência deste, os limites de
exposição ocupacional recomendados pela ACGIH...”

Eliana Pugas 91
Limites
Limites de
de exposição –– ACGIH
exposição ACGIH

Limites de Exposição - ACGIH

TLV - Valores Limites de Exposição

“Os TLVs referem-se às concentrações das substâncias químicas dispersas


no ar e representam condições às quais acredita-se que a maioria dos
trabalhadores possa estar exposta, repetidamente, dia após dia, durante
toda uma vida de trabalho, sem sofrer efeitos adversos à saúde.”

• Revistos anualmente
• Baseados na melhor literatura técnica disponível
• Editados por um grupo de especialistas
• Independe de leis ou do governo dos EUA
• Melhor fonte atual para limites de exposição ocupacional
• A ABHO traduz, anualmente, o livro de TLVs e BEIs da ACGIH.

Eliana Pugas 92
Limites
Limites de
de exposição –– ACGIH
exposição ACGIH

► TLV - Valores Limites de Exposição


Existem três categorias de limites de tolerância pela ACGIH

1. Limites de tolerância média ponderada (TLV-TWA)


Expressa a concentração média ponderada no tempo, para uma
jornada de 8 horas diárias e 40 horas semanais”.

Mesmo significado que o LT da NR 15, com a exceção de que


o LT brasileiro é para 8 horas/dia e 48 horas semanais.

Eliana Pugas 93
Limites
Limites de
de exposição –– ACGIH
exposição ACGIH

► TLV - Valores Limites de Exposição


2. Limites de tolerância de curta duração (TLV-STEL)
É um limite de exposição para 15 minutos, que não deve ser
ultrapassado em qualquer momento da jornada de trabalho.

Não temos esse tipo de limite na NR 15

3. Limites de tolerância valor teto (TLV-CEILING)


Concentração que não deve ser excedida em nenhum momento da
jornada de trabalho, devido ao tipo de efeito que a substância
causa no organismo.

Corresponde ao Valor Teto da NR 15

Eliana Pugas 94
Limites
Limites de
de exposição –– ACGIH
exposição ACGIH

►Comparativo NR 15 x ACGIH (Limites de Tolerância)


Substância NR 15 ACGIH Risco
Asbesto 2 fibras/m3 0,1 fibra/m3 A1, câncer
Sílica Fórmulas 0,025 mg/m3 A2, fibrose pulmonar
Cloreto de vinila 156 ppm 1 ppm A1, câncer
Formaldeído 1,6 ppm 0,3 A2, sensibilizante
Monóxido de carbono 59 25 SNC
Fumos mangânes 1,0 mg/m3 0,2 mg/m3 SNC
Mercúrio - 0,025 mg/m3 A4, SNC
Fumos asfalto - 0,5 mg/m3 A4, Irr. TRS

Eliana Pugas 95
Unidades
Unidades de
de medida
medida em
em Higiene
Higiene Ocupacional
Ocupacional
► Unidades de Concentração
O que é ppm?
Partes de vapor ou gás por milhão de partes de ar.

1 metro cúbico de ar

1 ppm = 1 centímetro cúbico de ar respirado

Relação volumétrica (v/v)

1% = 10.000 ppm

Eliana Pugas 96
Unidades
Unidades de
de medida
medida em
em Higiene
Higiene Ocupacional
Ocupacional
► Unidades de Concentração
Transformação de unidades

Para conversão de ppm para mg/m3, ou vice-versa, utiliza-se as expressões:

• LT em ppm = LT em mg/m3 x 24,45 / PM

• LT em mg/m3 = LT em ppm x PM / 24,45

Em que:
ppm = parte por milhão (volume/volume)
mg/m3 = miligrama por metro cúbico (massa/volume)
PM = peso molecular da substância em gramas
24,45 = volume molar do ar em litros nas CNTP (25°C e 760 mmHg)

Eliana Pugas 97
Unidades
Unidades de
de medida
medida em
em Higiene
Higiene Ocupacional
Ocupacional
► Unidades de Concentração
Exemplo
Exemplo

Converter 100 ppm de benzeno (C6H6) em mg/m3


Carbono = 12 g/mol; Hidrogênio = 1 g/mol

PM = (12 x 6) + (1 x 6) = 78 g/mol

LT em mg/m3 = 100 ppm x 78 / 24,45


LT em mg/m3 = 319

Eliana Pugas 98
Unidades
Unidades de
de medida
medida em
em Higiene
Higiene Ocupacional
Ocupacional
► Unidades de Concentração
Exemplo
Exemplo

O formaldeído (CH2O) é classificado pela ACGIH como carcinogênico


humano suspeito, além de ser um agente sensibilizante, com TLV-Teto
igual a 0,3 ppm. O valor estipulado pela NR 15 é de 2,3 mg/m3. Qual dos
valores apresentados dá maior proteção ao trabalhador?
Carbono = 12 g/mol; Hidrogênio = 1 g/mol; Oxigênio = 16 g/mol.

PM = (12 x 1) + (1 x 2 ) + (16 x 1) = 30 g/mol


LT em ppm = 2,3 mg/m3 x 24,45 / 30
LT em ppm = 1,9

O limite de exposição da ACGIH é mais restritivo do que a NR 15,


protegendo mais a saúde do trabalhador.

Eliana Pugas 99

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