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Psicologia Do Trabalho II
Psicologia Do Trabalho II
Unidade II
3 UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A GESTÃO DE PESSOAS DO SÉCULO XXI
O sucesso das organizações depende do sucesso das pessoas, e o sucesso das pessoas depende cada
vez mais das oportunidades que são oferecidas para aprender, além de um ambiente favorável ao pleno
desenvolvimento de suas potencialidades.
Toda pessoa nasce com uma capacidade de desenvolvimento estruturada na sua base biofisiológica,
em sua maioria herdada geneticamente, o que lhe dará o suporte para assimilar os estímulos vindos
do meio ambiente, sempre mediados por outras pessoas. Assim, o potencial vai se aprimorando a partir
dessas influências; a consequência é a aprendizagem de todas as coisas.
A organização contrata sempre um potencial, e nunca uma pessoa pronta. Portanto, esta faz o papel de
mediadora e precisa investir no progresso desse potencial, escolhendo estrategicamente aqueles que farão
o papel de mediação e facilitarão o processo de grande importância para as partes envolvidas.
Todos que, de uma forma direta ou indireta, sejam encarregados da gestão de pessoas são também
responsáveis pelo movimento organizacional pelo qual cada funcionário realiza na entidade.
Não existe receita única que sirva para atender à formação e ao funcionamento da gestão de pessoas
de uma empresa, pois cada uma deve entender, a partir de sua estrutura institucional, como seguir os
parâmetros básicos relatados neste livro‑texto.
Entender como se processa a gestão de pessoas pode explicar o sucesso de uma empresa através da
forma como ela organiza seus stakeholders.
As instituições precisam administrar suas relações com os stakeholders de forma mais proativa:
identificando os stakeholders; determinando a importância e o impacto de cada um deles; e desenvolvendo
uma abordagem diferenciada ao considerar relevância e características específicas.
Conhecer as influências dos stakeholders é a forma de saber quais são os riscos e com quem a
empresa pode contar para manter‑se saudável, com prevenção e abordagens contínuas sobre essas
influências. A cultura da entidade deve assimilar estratégias constantes para associar sempre o ambiente
externo com a cultura organizacional.
Stakeholders são indivíduos que estão dentro e fora das corporações, mas o que significa cultura
organizacional?
Sabemos que cada pessoa tem sua própria personalidade (sua essência) e que cada empresa tem
sua cultura organizacional. Cada pessoa é única, tem sua própria forma de ser, de sentir e de agir,
assim como uma empresa. E, principalmente, tanto pessoas quanto empresas mudam a partir de novas
experiências e aprendizagens de suas histórias.
Da mesma forma que as pessoas apresentam características facilmente detectadas e outras mais
difíceis, as instituições também possuem traços visíveis e invisíveis.
A parte claramente percebida das organizações envolve as suas estruturas básicas e de existência
histórica, enquanto a parte invisível é a mais complexa porque envolve a forma pela qual cada uma
dessas estruturas lida com o comportamento humano nas suas relações de trabalho.
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Unidade II
A modo de lidar com ações, atitudes e expectativas humanas dentro do ambiente institucional
gera modelos de gestão de pessoas. “Gestão de pessoas é o conjunto das forças humanas voltadas para
as atividades produtivas gerenciais e estratégicas dentro de um ambiente organizacional (FRANÇA,
2006, p. 4).
A prática para a gestão de pessoas inclui uma visão de pessoa no conceito biopsicossocial, que
integra a camada biológica, a camada psicológica e a camada social:
A gestão do fator humano implica não apenas considerar as pessoas em sua subjetividade,
mas também na concepção do colaborador enquanto ativo estratégico contextualizado num
tempo e espaço e inserido numa teia de relações que constituem o capital social organizacional
(GODOY et al., 2008).
Para Leana e Buren apud Godoy et al. (2008), o capital social da corporação é como um recurso que
reflete o caráter das relações sociais existentes na organização, decorrente da orientação coletiva para
alcançar os resultados e confiança compartilhada por seus membros, facilitando o aprendizado coletivo.
Na medida em que as relações interagem pelo bem comum da empresa, o aprendizado coletivo
acaba se tornando um produto desse sistema.
A administração dos recursos humanos, como os próprios autores comentam, era uma área pouco
nobre da administração. Por não ser uma função diretamente relacionada com os resultados de
uma organização, como acontece com as áreas de operações, logística ou vendas, seu papel não era
considerado relevante.
Como acontece ainda em algumas que não se atualizaram, as empresas tinham, apenas, um
departamento de pessoal com tarefas administrativas e burocráticas.
De acordo com o mesmo autor, o conhecimento torna‑se básico, e o desafio maior passa a ser
a produção do conhecimento, e, torná‑lo útil e produtivo é a maior responsabilidade gerencial.
As pessoas passam a ser abordadas como seres dotados de inteligência, personalidade, habilidades,
competências, aspirações e percepções singulares. São os novos parceiros internos da organização,
stakeholders de primeira ordem.
Administrar recursos humanos torna‑se uma habilidade para perceber o que a instituição tem de
melhor, e para desenvolver, procurar manter e transformar seus stakeholders de primeira ordem em
colaboradores.
Transformar capacidades em competências vitais para a organização leva um tempo, tanto para
os novos quanto para os antigos colaboradores, que devem ter um período de assimilação sobre as
novas exigências.
A pesquisa da Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (Progep) (CHIAVENATO, 2014) mostra que
os princípios mais relevantes que deverão orientar o modelo de gestão de pessoas (GP) nos próximos
cinco anos são os seguintes:
• nos aspectos considerados de altíssima relevância estão duas diretrizes – GP contribuindo com o
negócio da empresa; gestão por competências.
• nos itens considerados muito importantes estão – comprometimento das pessoas; gestão do
conhecimento; criatividade e inovação contínuas no trabalho; modelo de gestão múltiplo
envolvendo diferentes vínculos de trabalho; autodesenvolvimento das empresas.
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Unidade II
• no nível tático, ou intermediário, ela se transforma em consultoria interna para apoiar e ajudar
executivos e gerentes como gestores de pessoas;
A gestão de pessoas, para Chiavenato (2014), tem como missão dar suporte a seis processos
organizacionais em relação às pessoas: agregá‑las; aplicá‑las; recompensá‑las; desenvolvê‑las;
mantê‑las; e monitorá‑las.
Sobre os processos para agregar pessoas, podem ser denominados, também, como processos de provisão
ou de suprimento de pessoas. Essa etapa se inicia no momento em que a organização tem a necessidade de um
novo funcionário (por substituição ou devido a um novo projeto da empresa) para começar o movimento de
busca ou captação de um indivíduo com um perfil adequado às exigências da função em aberto na empresa.
Uma das formas de as pessoas pesquisarem sobre as melhores organizações para trabalhar pode ser
através do Guia Exame – Você S/A, da Revista Exame, que divulga, desde 1970, uma pesquisa coordenada
pelo professor André Fischer, coordenador do MBA de RH da Fundação Instituto de Administração (FIA),
ao lado de Joel Dutra, coordenador do Programa de Estudos em Gestão de Pessoas (Progep). Anualmente,
é divulgado um ranking com as 150 melhores empresas para se trabalhar.
O IFT é uma informação valiosíssima cuja nota geral da empresa vai de 0 até 100 e mede as políticas
e práticas de gestão de RH e a percepção das pessoas sobre o ambiente de trabalho.
Outra forma de pesquisa é através da revista Época, que divulga, desde 1997, a análise coordenada pelo
GPTW (Great Place to Work), instituto especializado na avaliação de ambiente de trabalho. Fundado nos
EUA pelo jornalista Robert Levering, o instituto divulga o ranking das melhores instituições para trabalhar.
A lista do GPTW é feita com uma metodologia criada há 14 anos por um jornalista americano
cansado de fazer reportagens sobre os defeitos das organizações. Então, ele resolveu iniciar um guia que
falasse das qualidades das empresas, e o que todas elas têm em comum? Encantam seus funcionários.
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Ainda segundo os mesmos autores, o resultado final dessa etapa no processo de ADRH é a contratação
de uma ou mais pessoas que preencherão as vagas em aberto na entidade.
Existem várias formas e ferramentas a serem utilizadas para recrutamento ou capacitação de pessoas,
contando com aquelas que envolvem a internet.
O fundamental é trazer candidatos para serem selecionados. O processo pode ser interno ou
externo, e a escolha sobre como fazê‑lo é inerente à cultura organizacional, uma vez que cada uma das
possibilidades é acompanhada tanto de vantagens quanto de desvantagens.
O recrutamento externo se faz necessário quando não se tem dentro das empresas pessoas capazes
de atender ao perfil desejado. Tudo depende da cultura organizacional: há empresas que valorizam mais
trazer candidatos de fora, o que chamam de “sangue novo” (GODOY et al., 2008).
O recrutamento interno atua sobre candidatos que estão trabalhando dentro da instituição para
promovê‑los ou transferi‑los para outras atividades mais complexas ou mais motivadoras.
O investimento financeiro pode ser menor no recrutamento interno, além de ser mais motivador
para os funcionários da empresa.
Algumas empresas têm como ponto forte da sua cultura a valorização da “prata da casa”,
acompanhada de oportunidades de desenvolvimento. O recrutamento de um novo funcionário
tende a ocorrer apenas se não houver um candidato interno devidamente capacitado (GODOY
et al ., 2008).
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Unidade II
Essa condulta da empresa pode gerar o comprometimento dos funcionários associado à partilha de
conhecimentos, além de menor investimento também no treinamento inicial.
Optando pelo recrutamento externo, é necessário pensar onde se encontra a população desejada pela
característica da vaga a ser preenchida, seguindo um planejamento de como atrair o perfil adequado.
Para Cappelli apud Godoy et al. (2008, p. 128), optar por anunciar uma vaga e atrair candidatos
talentosos exige técnica e conhecimento de marketing; o que tem sido válido para o mercado de
produtos, agora também é válido para o mercado de trabalho.
Ainda nesse sentido, as homepages corporativas são, provavelmente, a primeira fonte de atração,
convidando o candidato a encaminhar currículo pelo link “trabalhe conosco”.
Uma homepage bem cuidada pode ser direcionada a diversos stakeholders, inclusive aqueles que
compõem o mercado de trabalho. A construção de redes de relacionamento ainda podem facilitar a
aproximação entre empresas e profissionais.
Para o processo de seleção, cabe escolher, entre aqueles que foram recrutados, o que tem um perfil
mais adequado, mais próximo às necessidades para o exercício da função em aberto.
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Em seleção não existe o método perfeito, ou ideal. Isso porque cada pessoa é um mundo e não há
como conhecê‑la integralmente, ainda que utilizemos métodos científicos, como é o caso dos testes
psicológicos (GODOY et al., 2008).
As decisões da seleção, segundo as mesmas autoras, são realizadas com base em elementos objetivos
e subjetivos.
A análise de currículo é utilizada também como processo de triagem. Como é comum receber
centenas deles para uma vaga, a triagem deve começar pelos aspectos eliminatórios. Por exemplo,
se uma das qualificações necessárias ao candidato à vaga é que ele tenha domínio da língua inglesa,
escrita e conversação, este é um dado, um elemento objetivo que está no currículo. A partir da análise
de todos os currículos recebidos, serão escolhidos, inicialmente, os que preenchem esse requisito. “No
processo de seleção, avaliam‑se as competências e qualificações dos candidatos e sua adequação às
exigências do cargo [...]”, são analisadas as competências, os conhecimentos e o potencial de cada
candidato (SOBRAL; PECI, 2008, p. 337).
Importante ainda destacar, conforme os autores, que nessa fase são avaliados todos os pontos em
que o indivíduo deve mostrar‑se preparado para as exigências do cargo, valorizando dimensões da
personalidade e do percurso de vida.
A seleção tem o objetivo de conhecer os candidatos, compará‑los e escolher aquele com características
mais próximas das desejadas quando se planejou o processo. O candidato selecionado será encaminhado
à gerência solicitante para a decisão final.
As entrevistas de seleção podem ser realizadas de forma dirigida, quando existe um roteiro
preestabelecido, ou entrevistas não dirigidas, sem um roteiro predeterminado. No mínimo acontecem
duas entrevistas: uma no início e outra no fim, mas como todas as decisões são estratégicas.
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Unidade II
O produto alcançado no processo de seleção não deve ser medido pelo tempo de sua realização,
mas, sim, pelo resultado. O tempo deve ser o suficiente para que a escolha aconteça e traga bons frutos
(colaboradores) para a empresa.
No tocante aos processos de aplicar pessoas, estes são empregados para desenhar as atividades
que as pessoas executarão na empresa para orientar e acompanhar seu desempenho. Incluem orientação
de pessoas e avaliação de desempenho.
O contrato psicológico condiciona boa parte desse ajustamento mútuo: cada pessoa
representa seu próprio contrato, que rege tanto suas relações interpessoais quanto intrapessoais
(CHIAVENATO, 2014).
Ao contrário do contrato formal, o contrato psicológico não é documental, não é escrito e, muitas
vezes, não é nem discutido e nem esclarecido. É um entendimento tácito entre indivíduo e organização
a respeito de direitos e obrigações consagrados pelo uso e que serão respeitados e observados por ambas
as partes.
Na recepção do novo funcionário, além de cordialidade, deve‑se manter um clima amistoso envolvido
de uma clareza na comunicação, incluindo apresentação da empresa e dos tutores que o auxiliarão no
período de adaptação.
A avaliação de desempenho tem como fundamento básico para as empresas identificar quais são
as necessidades do funcionário que precisam ser supridas, para que este se torne eficiente e atinja os
resultados esperados.
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Como é um processo estratégico, cada empresa com seus propósitos identifica possibilidades,
necessidades e formas diferentes de administrar essa ação, muitas vezes temida pelo histórico
nas empresas tradicionais de consequentes demissões. Para não deixar o temor interferir
negativamente no processo, é preciso sensibilizar os funcionários e torná‑los colaboradores de
uma proposta positiva.
Quanto à avaliação de desempenho da equipe de trabalho, esta analisa o seu desempenho como um
todo e individualmente.
Uma avaliação de desempenho, quando conduzida com rigor e eficácia, e assumida como política
de gestão, pode promover o desenvolvimento organizacional, decidindo sobre promoções, mudanças de
função, ações corretivas ou ajuste do sistema de remunerações e incentivos.
Sobre os processos de recompensar pessoas, estes são utilizados para incentivar as pessoas e
satisfazer suas necessidades individuais mais elevadas. Incluem recompensas, remuneração e benefícios.
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Unidade II
Algumas empresas consideram a manipulação através do salário como estímulo que gera a produtividade,
atrai e mantém seus bons funcionários, além de transformá‑los em colaboradores e parceiros.
Salário é coadjuvante. Os maiores salários nem sempre garantem mais satisfação e motivação do
que um ambiente amistoso e de alta confiança (CANÇADO, 2006). Ainda segundo a autora, o funcionário
sente‑se satisfeito e motivado quando: é reconhecido e recompensado por fazer um bom trabalho; tem
confiança na empresa, no chefe e nos colegas; trabalha num lugar limpo, seguro e confortável; o volume
de trabalho permite que termine as tarefas no horário normal; acha justo o ambiente; acha justo o
benefício, o salário e a participação nos lucros da empresa; sente que as informações são transmitidas
com clareza e rapidez.
Salário é a recompensa mais comum do trabalho dos empregados. Representa a parcela fixa de seu
vencimento, o que inclui o salário‑base acrescido de subsídios (SOBRAL; PECI, 2008).
Benefícios são recompensas não financeiras que visam melhorar a qualidade de vida dos funcionários
de uma organização. Entre os mais comuns: planos de previdência privada, plano de saúde e conveniências
e serviços aos trabalhadores.
Agora vamos tratar dos processos de desenvolver pessoas. São utilizados para capacitar e
incrementar o desenvolvimento profissional e pessoal. Envolvem treinamento e progresso das
pessoas, gestão do conhecimento, aprendizagem corporativa, programas de mudanças e promoção
de carreiras e programas de comunicações e consonâncias.
Em O homem e a cultura, Leontiev (apud BOCK, TEIXEIRA, FURTADO, 2011) afirma que as aptidões
humanas não são transmitidas por hereditariedade biológica, mas são adquiridas na vida coletiva em
que se inserem e as aprendem por um processo de apropriação da cultura.
O desenvolvimento das aptidões das pessoas acontece em virtude de como elas sentem o seu
pertencimento e o engajamento da cultura organizacional envolvida. A transformação de ambas as
partes acontece porque a evolução gera mudanças nas pessoas e na empresa.
De acordo com Bock, Teixeira e Furtado (2011), a sociedade estará sempre, como os humanos,
em permanente modificação, e essas transformações se dão e se darão pela relação que existe entre
indivíduo e coletividade. Somos sócios no empreendimento de transformar o mundo e a nós mesmos.
O contexto da mudança organizacional almejada no sentido não apenas da evolução produtiva, mas
do acompanhamento da evolução global, depende da consciência societária das partes envolvidas nesse
processo em que todos são necessários e importantes.
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Perguntando‑se sobre o porquê da importância do trabalho para o homem, embora penoso muitas
vezes, tem‑se como resposta que com o caráter manufaturado na criação de instrumentos seria possível
potencializar a vida.
Nesse sentido, é possível caracterizar que o “potencializar a vida se refere às ações inovadoras que
o homem desenvolve constantemente no seu trabalho por causa de seus conhecimentos, habilidades
e atitudes. Pensando, raciocinando e reavaliando suas ações anteriores, ele as modifica no sentido de
facilitar e tornar o seu trabalho menos penoso e com melhores resultados.
Sem a consciência, para os autores, não seria possível planejar e antecipar um resultado; ao
mesmo tempo, ao produzir um reflexo mental que garantiu o reconhecimento do instrumento, nossa
espécie criou o próprio trabalho. Assim, somos humanos porque criamos o trabalho e trabalhamos
porque somos humanos.
Desenvolver o potencial humano é inerente à própria razão de ser do trabalho, acabando por
disseminar‑se a outros ambientes pela capacitação humana em generalizar eventos e criar melhores
condições ao seu cotidiano.
Completando: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre
si, mediatizados pelo mundo. [...] o educador enquanto educa é educado, em diálogo com o educando
que, ao ser educado, também educa” (FREIRE, 1987, p. 68).
A partir do entendimento de que a aprendizagem se dá por conta da relação que existe entre
as pessoas que devem trocar informações entre si, a empresa, quando valoriza a educação, dá a
oportunidade para o seu funcionário aprender e, também, ensinar o que aprendeu. A cultura
organizacional possibilita ao aprendiz realizar uma escolha diferente para si mesmo e para as suas
ações na própria instituição.
O funcionário sente que cresce intelectual ou profissionalmente na empresa quando: sabe o que
deve fazer para crescer profissionalmente; é estimulado a buscar conhecimento fora da entidade; recebe
avaliações de desempenho sinceras do chefe (CANÇADO, 2006).
Estes elementos podem motivar pessoas qualificadas a se interessarem em trabalhar nas organizações:
consideram justos os critérios de promoção e carreira adotados pela empresa; sentem que aprendem
coisas novas no trabalho; percebem o envolvimento do chefe no seu aprendizado (CANÇADO, 2006).
A empreitada não é missão isolada apenas da empresa, mas deve ser a missão do próprio funcionário,
já que somente ele tem a noção real de suas necessidades e desejos.
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4 FERRAMENTAS HUMANIZADORAS
Bernhoeft apud (Boog; Boog, 2002) destacou os processos de coaching, counseling e mentoring.
Coaching pode ser visto como um dispositivo motivacional para o desenvolvimento de pessoas por
seus responsáveis, focando aspectos que demandam treinamento, exploração e novas responsabilidades,
com o uso intensivo de feedbacks e orientações.
Counseling, por sua vez, é um instrumento valioso para apontar, entender e corrigir problemas
detectados na performance dos colaboradores; sua abordagem é pontual, baseada na comunicação,
escuta ativa e direcionamento para solução do(s) problema(s) detectado(s).
Mentoring também é uma ferramenta altamente motivadora, mais abrangente e ambiciosa do que
simplesmente a preparação de bons colaboradores. Ela se preocupa em compartilhar experiências e
valores acelerando e aprimorando a performance.
Portanto, essa busca eterna, anteriormente comentada, somente será possível com uma relação
amistosa entre gestor e colaborador, em que cada um exerce o bem comum e todos ganham,
inclusive a organização.
Com a ajuda do coaching ou demais ferramentas, é possível operar sobre esse entendimento de forma
a executar com consciência e capacidade vital da pessoa. Trata‑se de realizar a história do indivíduo, e
não as ilusões do futuro (BOOG; BOOG, 2002).
Uma vez que os recursos humanizadores têm como princípio básico realizar a história de vida do
indivíduo, não cabe aqui o contexto de uma cultura organizacional egoísta do tipo: “para que investir
no funcionário se ele pode deixar a empresa em breve?”.
A empresa não pode aprisionar seus funcionários, mas sim apresentar políticas e cultura organizacional
para reter pessoas felizes e produtivas. As chefias precisam se adequar a esse princípio.
O chefe de hoje deve ser o sujeito justo e coerente, que orienta e, principalmente, inspira sua equipe.
“O chefe controlador, autoritário, que decide sozinho e gerencia com rédeas curtas, está ultrapassado”
(FISCHER apud CANÇADO, 2006, p. 25).
Assim, a liderança deve ser inspiradora e sensível para perceber não apenas a existência do colaborador,
mas as suas contribuições, que devem ser recompensadas sempre.
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Para Cançado (2006), o ponto mais fraco dos chefes, segundo seus funcionários, é a falta de coerência
nas atitudes e de apoio na tomada de riscos pelos subordinados.
Comunicação e atitudes dão suporte ao diálogo que acontece entre colaborador e gestor, portanto,
não há espaço para as incoerências. O gestor só pode prometer o que pode cumprir para não abalar
essa relação.
O chefe é um colaborador que, assim como seus subordinados, deve cumprir o básico da reciprocidade:
é dando que se recebe. É ouvindo que será ouvido.
Para que haja caminhos compatíveis com a estratégia empresarial em determinada ação de
treinamento, é preciso que, antes, se formulem questões norteadoras: por quê; para quê; quem e em
quanto tempo precisamos treinar (NAJJAR apud BOOG; BOOG, 2002).
Existem vários motivos e ações de treinamentos de acordo com os objetivos planejados pela organização.
O treinamento deve estar alinhado ao estágio de evolução do negócio. Alguns autores definem
o estágio de evolução de uma empresa em quatro aspectos: embrionário, crescimento, maturidade
e declínio.
• Para entidades em estágio embrionário, o treinamento deve ser relativo ao negócio para difundir
a filosofia da organização.
• Para empresas em estágio de crescimento, devem acontecer treinamentos orientados para: rápida
implantação do negócio; habilidades; desenvolvimento gerencial; manter a motivação e o alto
moral dos funcionários; programas de trainees.
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Unidade II
• Para empresas em estágio de declínio, devem acontecer treinamentos com programa de formação
de sucessores; para suporte para pessoas realocadas; para programas com o objetivo de aumentar
a produtividade e o controle de custos.
Antes da tomada de decisão sobre o caminho a seguir, outras variáveis precisam ser discutidas,
inclusive a política de capacitação da empresa sobre a frequência de realização.
São várias as técnicas de treinamento, que podem ser internas ou externas ao ambiente organizacional
e, também, pela intranet.
Entre as técnicas podem ser indicadas palestras, como recomendadas para aperfeiçoamento e
educação continuada; workshops; multiplicadores; seminários; job rotation (deslocamento de pessoas
para uma função menos conhecida para aprender); coching; mentoring; vivencial; a distância (NAJJAR
apud BOOG; BOOG, 2002). Consideram‑se, também, segundo a mesma autoria, os recursos didáticos,
logísticos e financeiros.
Destacamos neste momento os processos de manter pessoas. São utilizados para criar condições
ambientais e psicológicas satisfatórias para as atividades das pessoas. Incluem administração da
cultura organizacional, clima, disciplina, higiene, segurança e qualidade de vida e manutenção de
relações sindicais.
O funcionário que tem identidade com a empresa é porque acredita na sua estratégia e nos seus
valores. Isso retém mais o funcionário do que um chefe inspirador (CANÇADO, 2006).
A decisão de manter pessoas é da corporação, mas a decisão em ficar depende da crença que os
colaboradores têm nessa empresa. Essa crença acontece porque os empregados acreditam que a instituição
corresponde aos seus valores pessoais e com o quanto se identificam com fatores como reconhecimento,
equidade, aprendizado, desenvolvimento de carreira, bem‑estar e conforto na organização.
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
Resumo
Exercícios
I – Tanto as pessoas quanto as organizações têm expectativas que devem ser conciliadas
para satisfação individual e coletiva e para o sucesso da organização. Essa dinâmica poderá
ser melhor compreendida ao analisarmos o modo adotado pela empresa para organização de
seus stakeholders .
Porque
Avalie as afirmativas acima e a relação proposta entre elas para assinalar, a seguir, a alternativa correta:
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Unidade II
I – Afirmativa correta.
Justificativa: por meio de políticas e práticas, a gestão de pessoas busca conciliar expectativas
pessoais e organizacionais. Um recurso acurado para a compreensão dessa dinâmica consiste na análise
do modo utilizado pela empresa para organizar seus stakeholders.
II – Afirmativa incorreta.
Toda ação de treinamento demanda clareza relativa às questões por quê; para quê; quem e em
durante quanto tempo precisamos treinar, dado haver diversos motivos e ações de treinamento,
dependendo dos objetivos da organização. Como o treinamento deve estar alinhado com o estágio
de desenvolvimento do negócio, é preciso identificar o estágio de evolução de uma empresa em
dado momento, ou seja, verificar se ela se encontra no estágio embrionário, de crescimento, de
maturidade ou de declínio.
Considere a tabela abaixo apresentada e identifique a relação correta entre os elementos da Coluna
A e os elementos da Coluna B:
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PSICOLOGIA DO TRABALHO
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