You are on page 1of 20
PARTE 1: INTERCULTURALIDADE PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS CapiTuLo 1 ENSINO E APRENDIZAGEM INTERCULTURAL DE LINGUAS ESTRANGEIRAS: DA TEORIA A SALA DE AULA Ana Paula Paiva Dias Universidade Aberta, Portugai INTRODUGAO S endo indiscutivel que a globalizacao, em dimensdes como a eco- nomia e a tecnologia, precedeu largamente, em certo sentido, a globalizacio aos niveis cultural e educacional, tal implica que a edu- cacao deva ser repensada 4 luz de novos pardmetros e paradigmas, o que coloca muitos desafios as escolas, nomeadamente o de encorajar 0 desenvolvimento de perspetivas transversais e multidisciplinares e 0 de serem espagos democraticos de cultura, conhecimento e convi- véncia global O papel das linguas estrangeiras (LE) é fundamental neste pro- cesso € 0 seu ensino volta-se agora para a exploracéo de um novo modelo de aprendizagem intercultural. A investigagaio sobre as bases tedricas da abordagem intercultural cruza os planos da cultura e da lingua e este cruzamento encontra-se representado na atual teoria do ensino e da aprendizagem intercultural de linguas. O seu objetivo é produzir falantes de lingua munidos com competéncias explicitas para compreender semelhangas e diferengas entre sua propria cultura, a cultura da lingua-alvo e outras culturas em geral. Importa, pois, revisitar os conceitos associadas a lingua, cultura ¢ identidade cultural, no sentido em que aqui so convocados, e os contributes tedricos e da investigagao que t&m concorrido para a 13 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS teoria em aprego, assim como apontar pistas para que os professores ajudem a formar nao apenas alunos proficientes, mas também falantes interculturais que sejam atores e mediadores capazes e adaptaveis em contextos globalizados 1. DA COMPETENCIA COMUNICATIVA A COMPETENCIA COMUNICATIVA INTERCULTURAL Chomsky (1965) considerava que a competéncia linguistica consistia na competéncia sintatica para formar frases corretas, ao que Hymes (1972) objetou que tal definigdo nao tinha em consideragao um dos mais importantes aspetos da competéncia comunicativa, o de © falante ser capaz de produzir e compreender enunciados adequados ao contexto em que sao produzidos. De facto, todas as linguas sao usadas no dmbito de contextos especificos e refletem esses contextos, ademais culturais —a aprendizagem de linguas estrangeiras é, por defi- nico, uma matéria intercultural. Aprender uma nova lingua, portanto, envolve mais do que a mera aquisigao de competéncia linguistica e comunicativa nessa lingua. Implica também um aumento da familia- tidade dos alunos com o fundo cultural da lingua e uma expansao da sua consciéncia cultural e da sua competéncia intercultural. Ao redefinir-se a natureza da competéncia linguistica, surgiu a necessidade de afastamento de modelos que enfatizavam apenas as estruturas linguisticas, no sentido de encontrar um modelo mais so- cioculturalmente determinado da lingua entendida como comunicagao e abriu-se 0 caminho para 0 conceito de aprendizagem intercultural de linguas, “concentrating on language awareness; the discussion of cross-cultural experiences; the discussion of stereotypes; the nego- tiation of meaning; etc.” (NEUNER, 2003:21) e baseada num ensino e numa pedagogia proprias: Intercultural education refers to a pedagogy - aims, con- tent, learning processes, teaching methods, syllabus and materials, and assessment - one purpose of which is to develop intercultural competence in learners of all ages in all types of education as a foundation for dialogue and living together (CONSELHO DA EUROPA, 2013:14). PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS Por seu turno, Scarino et al. (2007) referem o ensino intercultural de linguas nao exatamente como uma nova pedagogia, mas antes como uma nova “postura” ou orientagao dos professores. Para os autores, quer através da manifestacdo da sua propria interculturalidade, To be an intercultural teacher involves self-awareness. Each teacher brings to the class his/her whole person values, beliefs, experiences, and knowledge. Moreover, the teacher plays an important role in constructing ideas and attitudes about other languages and cultures for his/her learners. Intercultural learning also involves dealing with both knowledge in the form of facts, information, etc, and also more subjective ways of knowing, including attitudes, emotions, and values. Much time is spent in learning to be intercultural in investigating who we are as learners and how our understanding of who we are influences what we do and say (p. 54). quer através da elaboragdo de programas especificos e estraté- gias baseadas na experiéncia, comparagao, anilise, reflexdio e ago cooperativa, os professores podem facilitar 0 pensamento critico e 0 desenvolvimento de diferentes perspetivas por parte dos seus alunos. Note-se que para que os professores promovam a educaciio in- tercultural, devem eles préprios adquirir primeiro uma competéncia comunicativa intercultural (CCI). Esta competéncia pode ser o fruto de um processo de formaciio claramente orientado para a sua aquisi- do e permitir-Ihes-4 promover a criagdio de contextos amigaveis que possibilitem a expresso, a descrigdo, a aceitag4o, 0 questionamento, abusca e a integragao de diversos modos de actuar, sentir, ser e pensar por parte dos alunos. Nesta linha, 0 modelo de Byram (1997, 2009) & varias vezes apontado como exemplo em termos de visualizagdio dos desafios que implica a formagao destes professores e para 0 desenho de intervengdes curriculares visando os objetivos enunciados. O conceito de aprendizagem intercultural de linguas é igualmente abordado por Sercu (2002), que o entende como uma aprendizagem da lingua que desenvolve uma perspetiva introspectiva da cultura- alvo através de: 15 1) conhecimento contextual da cultura e da lingua-alvo; 2) entendimento da cultura como parte integrante da lingua; 3) compreensio critica reflexiva da lingua (s) e cultura (s) préprias. Na pratica, diz a autora, esta aprendizagem pode ser promovi- da, por exemplo, através de um ensino baseado na planificagao de experiéncias educativas nas quais 0 tempo em sala de aula € usado na explorago deliberada de valores culturais implicitos em textos orais ou escritos ¢ na consideragéio de como esses valores podem ser diferentes dos da cultura de origem. Tépicos comuns na aula de LE, tais como casa, escola, lazer, comida, festas, problemas sociais so abordados na perspetiva da cultura de origem e da cultura alvo, estabelecendo conex6es ativas na reflexao sobre as semelhangas e diferengas de praticas. Autores como Corbett (2003) descrevem igualmente uma ampla variedade de estratégias de ensino intercultural como, por exemplo, © desenvolvimento da literacia critica visual (através da interpreta- cao reflexiva de imagens e media), as abordagens etnograficas ou de consciencializagao sobre géneros e modos de discurso. Moran (2001), Sercu (2002) e Scarino (2007) coincidem no seu entendimento so- bre a inovaciio desta abordagem: a passagem de um uso puramente descritivo da lingua para um uso concetual: “The ultimate goal of Intercultural language Teaching is to help learners transcend their monocultural view of the world through the learning of a foreign language.” (CROZETT & LIDDICOAT, 1999:120). A énfase atual no ensino e aprendizagem de linguas destaca a interculturalidade e reconcetualiza os objetivos em termos de formacao de “falantes interculturais” que sejam atores capazes, adaptaveis e mediadores em contextos globalizados (BUTTJES & BYRAM 1991; BYRAM & ZARATE, 1997; KRAMSCH 1993,1998). Reconhece-se que a proficiéncia linguistica por si s6 é insuficiente; a comunicagao é holistica, pelo que se exige igualmente conhecimento sobre os modos como a cultura e a lingua se interrelacionam e a compreensdo de como opera a interagdo entre as culturas. As novas perspetivas sobre “cultura” na investigacao enfatizam a sua diversidade e pluralidade e focam os processos, as mudangas e as flutuages das relagdes de poder. Manifestam também uma maior 16 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS preocupagdo com o quotidiano eo local. As nogdes de culturas “nacio- nais” sdo ensinadas como construgées problematicas e consequéncia de esteredtipos, enquanto que a “alta cultura” é abordada como uma espécie apenas, e ideologicamente marcada, de produto cultural. O contributo da teoria cultural e antropolégica desempenha um papel importante na aprendizagem intercultural, contribuindo, em especial, com a ideia de um “terceiro espago” entre as linguas e culturas em que a experiéncia de aprendizagem ocorre através da negociacao de significado (BHABHA, 1995; KRAMSCH 1995). 2. PAPEL DA CULTURA NA APRENDIZAGEM DE LE E sabido que a cultura foi sempre parte integrante do ensino de LE. No entanto, 0 “se” e 0 “como” se deve integrar a cultura no ensino de linguas tem sido amplamente discutido e muitas perspeti- vas e abordagens tém influenciado esta discussdo. As mudangas dos objetivos gerais de lingua estrangeira nas respetivas épocas (que so fortemente moldados por metas politicas sobre educagio e ensino de linguas) tém sido as razées principais pelas quais o papel da cultura mudou no ensino de LE. Além disso, as alteragdes no entendimento da cultura e da sua definigao tiveram impacto sobre como foi ensinada em termos de lingua estrangeira. Talvez dada a sua intangibilidade, a nog4o de cultura é extrema- mente complexa. Barrett et al. (2013), ao debrugarem-se sobre o tema do desenvolvimento intercultural através da educagao, sublinham que “cultura” éum termo de dificil definigao, pela heterogeneidade interna dos grupos culturais, que abrange uma gama de praticas diversas e de normas que sfio frequentemente contestadas, mudadas ao longo do tempo e vivenciadas pelos individuos de formas personalizadas. Para os autores, distinguem-se, no entanto, os aspectos materiais, sociais e subjetivos da cultura. A cultura material é composta por ob- jetos fisicos que so comumente usados pelos membros de um grupo cultural (ferramentas, produtos, alimentos, roupas, etc.); a cultura social consiste nas instituigdes sociais do grupo (lingua, religiao, leis, regras de conduta social, folclore, icones culturais, etc.); e a cultura subjetiva consubstancia-se nas crengas, normas, memérias coletivas, atitudes, valores, discursos e praticas que os membros do grupo usam 17 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUD INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS como quadro de referéncia para refletir, dar sentido e relacionar-se com o mundo. A cultura é em si um composto formado a partir destes trés planos - consiste numa rede de recursos materiais, sociais e subjetivos. O conjunto total dos recursos é comum, mas cada membro do grupo apropria-se e usa apenas um subconjunto da totalidade de recursos culturais potencialmente disponiveis. Definir “cultura” desta forma significa que grupos de qualquer dimensao podem ter as suas proprias culturas distintas. Isso inclui nagées, etnias, cidades, bairros, organizagées profissionais, grupos de orientagao sexual, grupos geracionais, familias, ete.; e por isso, todas as pessoas pertencem e se identificam simultaneamente com varias culturas diferentes. Esta variabilidade interna é, portanto, consequéncia de todos os individuos pertencerem a varias culturas, mas também de participa- rem em diferentes “constelag6es culturais”, pelo que a sua relagdo com uma cultura depende igualmente dos pontos de vista das outras culturas nas quais participam. Logo, nao sdo apenas as identidades que se cruzam umas com as outras; as afiliagdes culturais também, de tal forma que cada pessoa ocupa um posicionamento cultural ini- co. Além disso, os significados e sentimentos atribuidos as culturas particulares em que participam sao individualizados em fungaio das suas personalidades e historias de vida. Acresce que todas as culturas sio dinamicas e mudam ao longo do tempo em fungao de eventos politicos, econdmicos e historicos e de interagdes e influéncias de outras culturas. Mudam ainda por causa da contestagao interna dos significados, normas, valores e praticas dos grupos dos seus membros. O modo como os individuos se relacionam com as culturas em que esto filiados é complexo. Porque a participagao cultural e as pra ticas culturais sio dependentes do contexto e das varidveis, as pessoas usam os miltiplos recursos culturais disponiveis de forma fluida para construire negociar ativamente os seus préprios significados e inter- pretagdes do mundo nos varios contextos do quotidiano, No entanto, as culturas também restringem e delimitam os pensamentos e agdes dos sujeitos. As afiliagdes culturais influenciam nao sé 0 como as pessoas se percebem a si mesmas e as suas identidades, mas também como percebem outras formas de agir, pensar e sentir, outros grupos e as relagdes entre eles. 18 (...) all people participate in multiple cultures, and all cultures are internally variable, diverse and heteroge- neous. Cultural affiliations are personalised, and people's multiple cultural affiliations interact and intersect with each other. The way people participate in their cultures is often context-dependent and fluid, and all cultures are constantly evolving and changing. Cultural affiliations not, only enable but also constrain people's thoughts, feelings and actions. Finally, people's sense of well-being and social functioning can be adversely affected if others ascribe inappropriate identities to them (BARRETT et al, 2013:7). J4 Bennett (1998) mencionava que a cultura era uma construgaio dinamica e mutavel e que, ao longo do tempo, fora frequentemente entendida como “produto”, como 0 conjunto das informagGes produ- zidas pelas instituig6es para organizar funcionalmente as suas socie- dades, entendimento este frequentemente referido como “culture writ large,” with a capital “C.” (idem:3). Nas ultimas décadas, no entanto, esta nogao de cultura estatica e orientada para o produto tem sido considerada insuficiente, pois nao abrange todos os membros de uma nacao, mas apenas aqueles que pertencem a um determinado grupo social. Como consequéncia, outra nogdo de cultura foi adicionada a definigo: cultura com “c” minisculo. Esta é constituida por proces- sos (valores, atitudes ou comportamentos) que definem um grupo de pessoas, enquanto a primeira é constituida por contetidos. Peterson (2004, p.17), no ambito da sociologia cultural, esquematiza assim a interagdo entre os diferentes tipos de cultura: PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS Invisible Culture Bottom of the iceberg” | Visible Culkare Tip ofthe iceberg” Tabela 1 — Esquemas de Interacao Fonte: Peterson, 2004, p. 17 Wurzel (2004) defende que pessoas que compartilham experién- cias de vida semelhantes desenvolvem estruturas cognitivas e emo- cionais semelhantes, que fazem com que 0 grupo cultural perceba os ambientes de determinada forma. Estes elementos subjetivos emergem espontaneamente na interagdo humana e é um fator conflitual quando as pessoas assumem que todos compartilham as mesmas visdes sobre trabalho, os mesmos modos de comunicag&o e os mesmos estilos de aproximagao a uma tarefa ou resolugao de um problema. Con- sequentemente a competéncia cultural nado implica apenas aprender contetdos explicitos, mas também compreender as mensagens ocultas inconscientes, trocadas entre pessoas da mesma cultura. Compreen- der a sua propria cultura subjetiva e a dos outros é fundamental para alcangar a competéncia intercultural. A cultura subjetiva ou “little c” 6 aprendida informalmente e inconscientemente compartilhada; é a forma carateristica de um determinado grupo perceber seu ambiente social. Trata-se do processo, e nao do contetido, produzido por esse grupo em interagao. Paige et al. (1999) estabeleceram uma distingdo util entre os processos daquilo a que chamam “cultura especifica” e “cultura geral” na aprendizagem intercultural — por cultura specifica referem-se aos conhecimentos e competéncias especificos para operar no ambito de uma determinada lingua e cultura; cultura geral denota a compreensao da natureza da cultura em si, 0 reconhecimento da adaptagiio cultu- 20 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS ral, da identidade pessoal e das emogdes envolvidas na comunicagao intercultural. Uma perspetiva disseminada sobre o “estudo da cultura” assenta no estudo do pais e do estilo de vida. O estudo dessas informagdes (os sistemas econdmicos, politicos, linguisticos, historicos, geogra- ficos, etc.) constitui ainda hoje o curriculo em muitas das escolas e universidades; muitos professores de LE consideram que a culturaéa geografia, a historia, o folclore, a sociologia, a literatura e a civiliza- ¢4o; muitos pensam que se explorarem cada um desses tpicos, com menor ou maior profundidade, est4 cumprida a tarefa de incorporar a cultura no ensino da lingua e os alunos preparados para a comunicacao intercultural significante e apropriada. Nas aulas de LE entre as décadas de 1960 — 90, por exemplo, a lingua era frequentemente trabalhada separada do seu contexto cul- tural ea cultura era ensinada sob a forma de topicos isolados, de um ponto de vista etnocéntrico, focado no exotismo da multiculturalidade. Muitos professores ainda preferem este modelo e apresentam atitudes etnocéntricas e um “conhecimento” da cultura do pais cuja lingua ensinam enformado pelo seu proprio meio social. Sercu (2002) refere que esta abordagem inclui o estudo da literatura, da musica ou das artes do pais em causa; supde que o “banho cultural” é realizado para ter um efeito positivo sobre a mentalidade dos alunos, sendo a cultura considerada estatica e incorporada na obra de arte ou atividade. Os factos culturais so facilmente ensinaveis (PAIGE et al., 1999), mas geralmente centram-se em comportamentos superficiais, sem examinar os valores subjacentes e nao esto conectados com o uso da lingua. Liddicoat (2006) salienta que nao ha nada de intrinsecamente errado com este tipo de informagao, mas frequentemente esta abordagem conduz a imagens estereotipadas e no desenvolve competéncias reflexivas nos alunos. Portanto, tanto a historia do ensino das linguas influenciou o que se entende atualmente por abordagem intercultural do ensino, como 0 proprio entendimento da nogao de cultura influencia a forma como é ensinada nos dias de hoje. Definir cultura ¢ uma tarefa complexa e nao se pode associar o termo a um conceito apenas; a nogao de cultura érelevante para muitas disciplinas cientificas e académicas, pelo que muitas perspetivas e teorias podem ser convocadas na sua definigao. 21 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS A teoria da aprendizagem intercultural situa toda a linguagem como um acto cultural (KRAMSCH, 1993). Lingua, cultura e apren- dizagem sao entendidas em interrelagao: tanto a forma da linguagem como as mensagens que transmite fornecem conhecimento cultural. De acordo com esta teoria, o aluno de LE esta envolvido num processo de desenvolvimento de compreensao critica e reflexiva do seu uso da lingua e da cultura, através da comparago, inferindo e negociando ambos os idiomas e a sua propria identidade intercultural (CROZET & LIDDICOAT, 1999; CORBETT, 2003; LIDDICOAT ET AL., 2003). A concetualizagao de cultura levada a cabo pela teoria da aprendiza- gem intercultural radica em Geertz: este paradigma para 0 ensino de cultura entende-a como conjuntos de praticas, como a vivéncia dos individuos (GEERTZ, 1973, 1983) e a competéncia intercultural é entendida como “the ability to interact in the target culture in informed ways” (LIDDICOAT et al., 2003, p.6). A posigao do aluno intercultural tem sido descrita como “a third place”, um termo originalmente usado por Bhabha (1994). Byram (1989) e Kramsch (1993) referem-se-Ihe como um “lugar” ou “espago” concetual onde ocorre a negociag’o, onde a identidade é construida e reconstruida. No QECR (2001:73), a distingao entre o “falante nativo monolingue” e 0 “aprendente da lingua” surge delineada da seguinte forma: [...] © aprendente de uma lingua e cultura segunda ou estrangeira nao deixa de ser competente na sua lingua materna e na cultura que Ihe esta associada. A nova competéncia também nao é guardada a parte da antiga, O aprendente no adquire pura e simplesmente dois modos de actuar e de comunicar distintos e auténomos. O aprendente da lingua torna-se plurilingue e desen- volve a interculturalidade. As competéncias linguisticas e culturais respeitantes a uma lingua sao alteradas pelo conhecimento de outra e contribuem para uma cons- ciencializacéo, uma capacidade e uma competéncia de realizacao interculturais. Permitem, ao individuo, © desenvolvimento de uma personalidade mais rica € complexa, uma maior capacidade de aprendizagem linguistica e também uma maior abertura a novas ex- periéncias culturais. Os aprendentes tornam-se também 22 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS mediadores, pela interpretacdo e traducao, entre falantes de linguas que ndo conseguem comunicar directamente (em negrito no original). Também Moran (2001) salienta a abordagem experiencial na aprendizagem da cultura, defendendo que 0 aprendente intercultural de LE acaba por perceber que todos os comportamentos linguisticos (verbais e nao verbais) tém um significado cultural especifico no contexto. O que o novo paradigma de aprendizagem intercultural destaca é, em primeiro lugar, a nogao de que a lingua atua como um meio para a cultura e, em segundo lugar, o entendimento pessoal do estudante das relagdes entre as culturas e as suas implicagdes politicas (KRAMSCH, 2007; SERCU, 2002). 3. PAPEL DO PROFESSOR NO DESENVOLVIMENTO DA COMPETENCIA INTERCULTURAL A literatura sobre como o comportamento, a escolha da pedagogia eo entendimento de interculturalidade por parte dos professores pode afetar o desenvolvimento da competéncia intercultural junto dos es- tudantes aventa que a aprendizagem intercultural de linguas princi com 0 modo como o professor pensa “his/her primary enculturation in relation to his/her target language(s) and culture(s)” (Liddicoat et al, 2003, p.63), isto é, a propria intra e interculturalidade, curiosidade intelectual, percegao e o modo como representa essa postura intercul- tural junto dos alunos. A questiio de como as crengas dos professores sobre a cultura afetam a interagdo em sala de aula ja fora examinada por Ryan (1998), que considerou tratar-se de um desafio para professores e alunos 0 envolvimento na aprendizagem sobre o contexto cultural, significado da cultura e na reflexao critica. O autor afirma que os professores e os conhecimentos que detém esto intimamente ligados com a com- peténcia intercultural dos estudantes. Por seu turno, o trabalho de Sercu (2006) sobre professores de linguas revelou que os perfis destes nao esto de acordo com as expetativas de conhecimentos, capaci- dades e atitudes associadas 4 competéncia intercultural e alvitra que necessitam de uma nova identidade e aptidées profissionais para 0 desempenho do seu papel no plano da competéncia intercultural — dai 21 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS arelevancia da investigacao sobre a identidade e comportamento do professor de linguas, até porque varios estudos sobre boas praticas dos professores em programas de imersdo linguistica se centram mais nos desempenhos observaveis dos alunos, desconsiderando a capacidade de refiexdo ou de cotejo linguistico e cultural nas competéncias dos docentes (HOARE & KONG, 1995; FORTUNE, 2000). As percegées dos professores sobre a sua prépria intercultu- ralidade e a dimensio da sua prépria capacidade reflexiva podem influenciar o desenvolvimento do aluno e Kramsch (1987) questiona se os professores possuem suficiente metaconsciéncia da sua propria cultura para serem capazes de se envolver com os alunos em mais do que comparagdes superficiais entre as culturas. Tanto De Mejia (2002) como Scarino et al. (2007) sustentam igualmente que os professores precisam ter consciéncia da sua intra e interculturalidade e de “how they feel about using their two languages in the classroom arena” (DE MEJIA, 2002, p.101). Ryan (1998) advoga que os docentes e alunos envolvidos na tentativa de apreender significados linguisticos estao inseridos num processo dialético e que os professores, enquanto participantes no processo, “have knowledge to offer an evolving experience with language. Such knowledge goes hand in hand with intercultural competence” (1998, p.151). Spenader (2011) defende a importancia da natureza da relagdo pessoal do aluno com o professor enquanto modelo linguistico e cultural ¢ associa-a a melhores desempenhos; niveis de sensibilidade intercultural mais elevados foram associados aos relacionamentos significativos com os professores e as mudancas na identidade no sentido de incluir a cultura estrangeira foram asso- ciadas a aprendizagem de linguas mais bem-sucedida. Todos estes estudos destacam aspetos do papel facilitador dos professores no desenvolvimento da competéncia intercultural dos alunos. No entanto, responder aos desafios colocados pela sociedade global implica investir no aperfeigoamento da competéncia ¢ atuagao dos professores. A interculturalidade na formagao de professores nao deve ser algo marginal ou excepcional, pois somente o professor interculturalmente competente é capaz de compreender, avaliar e relacionar situagées interculturais ambiguas e incertas, percebendo o valor relativo do proprio quadro de referéncia e é capaz de selecionar 22 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS € utilizar estilos de comunicagiio ¢ comportamento que se encaixam em contextos interculturais e locais especificos. Da mesma forma, 0 nivel de competéncia intercultural dos professores, a sua passividade ou dinamismo na area da cultura tém um impacto inegavel sobre as atitudes dos alunos em relagao a questées multiculturais. Portanto, capacitar os professores com competéncia intercultural através de formacio inicial e continua é uma pré-condigao para que possam dar resposta aos novos € constantes reptos do mundo contempordneo. Esta capacitagdo deve ser apoiada por politicas claras e empe- nhadas. Os professores sdo quem esta na “ linha da frente” no campo da educagao e séo sempre os primeiros a lidar com as mudangas que ocorrem na sociedade. Consequentemente, devem ser os primeiros areceber a formacdo relevante a fim de serem capaz de enfrenta- las. Como fazé-lo? Em primeiro lugar, é crucial os curriculos das universidades onde so formados preverem 0 desenvolvimento de competéncias sociais nos candidatos a professores: Nowadays every new teacher entering the profession should be provided with tools that create a deeper unders- tanding of one’s own personal motivation, a deep reflec- tion about her/his own personal, social and intercultural competences, her/his own value and belief system. These aspects, especially dealing with the issues like attitudes, behaviour, value clarity and respect are competences that lie far beyond the knowledge of the taught subjects (TICKLE, The Final Report, 2009, p.11). As implicagées da cultura no ensino e aprendizagem reportam-se a modelos, por vezes ocultos, que determinam as regras de funcio- namento de determinados grupos e que organizam e dao sentido a interagdo, As escolhas e aos desafios didrios. Se o professor é capaz de prever comportamentos, essa previsao pode reduzir a incerteza e a ansiedade. Por outro lado, sé quando confrontado com respostas diferentes ou inesperadas pode tornar-se consciente da sua propria orientagdo e valores. A formagaio intercultural dos professores e a aquisigao de com- peténcia intercultural podem ser vistas como condigdes e metas para acrescente consciencializaco cultural, para compreender e aprender 21 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS com os outros. As interagdes multiculturais e interculturais so oporti nidades para iniciar 0 dialogo, mas também para desenvolver empati Nowadays, in nearly every country of Europe, multi- culturalism is the rule than the exception at schools or classrooms For teachers, such multicultural dimension is a big challenge. In a number of countries different legislative and special provisions have been installed to meet the students’ needs, both with respect to the students cultural background and the teachers capability to handle the unknown situations and teaching processes. Without even raising awareness of cultural, linguistic and social differences, teaching is left undone (TICKLE. The Final Report, 2009, p.41). No geral, a formagio inicial de professores n&o contempla dis- ciplinas referentes 4 educacao multicultural, portanto, a competén- cia intercultural dos docentes é fraca. Nao tém conhecimentos nem experiéncia acerca do ensino em contextos multiculturais € pouca informagao sobre minorias. Neste quadro, desenvolver a competéncia intercultural é um dos objetivos que deveria ser explicitado nos curri- culos das universidades que fazem esta formagao: “in a multicultural institution the traditional pattern of basic assumptions has changed in order to include different perspectives and handle diversity, creating an organizational culture of shared perceptions of practices and enhancing intercultural learning” (GREGERSEN-HERMANS J., 2010, p.3). Aconsciéncia de como a cultura influencia o funcionamento das escolas € a forma como as diferengas culturais impactam a comuni- cagéio entre docentes ¢ alunos é um passo importante para criar um ambiente estimulante, necessario aos desenvolvimento da adaptagdo intercultural. Uma competéncia intercultural bem desenvolvida é sempre multifacetada, em termos culturais e sociais e implica a ca- pacidade de ultrapassar varias barreiras, quer reais, quer imaginarias. O que parece inerentemente Idgico e racional a um professor pode nao ser facilmente entendido por alunos de outras culturas, como se tem vindo a procurar demonstrar. As inadaptagdes podem conduzir a mal-entendidos e, consequentemente, a choques culturais — embora nem sempre seja possivel evita-los, é importante que os professores 22 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS partilhem experiéncias e explorem o que falha na sua interpretagdo das situagdes e contextos, de forma a facilitar a adaptago cultural. Mas, para além da incluso da abordagem intercultural nos programas de formacao, é igualmente importante ter em conta que a competéncia intercultural é processual e desenvolvida através da aprendizagem formal e informal. Neste sentido, a proposta de Edelhoff (1987,p. 75 apud HUI, 2006), que defende haver trés areas basicas para a qualificagao de um professor intercultural, continua bastante atual: (Attitudes Teachers who are meant to develop learners towards international and intercultural learning must have intercultural awareness themselves; they should be prepared to consider how others see them and be curious about themselves and others who are conceived as different in respect of the cultural meaning beliefs and behaviours; they should be prepared to share meanings, experience and affects with both people from other countries and their own learners in the classroom; they should aim to adopt the role and function of a social and intercultural interpreter, not an ambassador. (ii) Knowledge Teachers should have and seek knowledge about the socio-cultural en- vironment and background of the target community(ies) or country(ies); they must be sensitive to subtle features of home culture recognized from the outsiders; their knowledge should be active and ready to ap- ply and interpret and to make accessible to the learning situation and styles of their learners. Skills Teachers should have and develop further the necessary skills to connect the student experience with ideas things and objects outside their direct reach and to create learning environments which lend themselves to experiential learning, negotiation and experiments. Uma abordagem intercultural que integre estas atitudes, conheci- mentos e capacidades manifestar-se-4 na forma como os professores projetam as atividades para proporcionar aos alunos multiculturais oportunidades para validar a sua compreensio das praticas nos seus paises de origem e integrar esta fonte de conhecimento no ensino 21 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS ¢ aprendizagem; implicaré 0 recurso a diferentes estratégias para promover a interacao entre estudantes de origens diversas, para os habilitar a desenvolver uma perspetiva comparativa e reflexiva so- bre as diferentes praticas educativas, bem como sobre o idioma e as diferengas culturais. Tera de manifestar-se igualmente na incorpora- Ao do conhecimento das origens culturais dos alunos nos projectos curriculares e na ligagdo destas fontes de conhecimento aos conteti- dos de ensino e aprendizagem. O desenvolvimento destes atributos e capacidades é fulcral para os alunos se integrarem nos contextos culturais nos quais interagem e, futuramente, em diferentes locais de trabalho e em praticas de trabalho diverso, bem como na mobilidade de carreira (HILLER & WOZNIAK, 2009). Ha ainda a sublinhar que a adaptagao intercultural deve ser um processo biunivoco, ou seja, néo deve processar-se apenas numa dire¢ao — 0 encontro intercultural de professores e alunos implica adaptagdo mUtua e ambas as partes terao de encontrar formas de res- ponder ds exigéncias que Ihes stio colocadas a fim de reconhecer e aceitar diferengas culturais nos estilos de aprendizagem e nos valores. A mudanga nos padrées de comunicagéio dé-se ao longo do tempo e resulta também da observacao, por parte dos alunos, do de- sempenho de outros colegas. Esta mudanga podera ser facilitada pela aplicacdo daquilo a que Parris-Kidd e Barnett (2011) designam por “cultures-of-learning-model” no curriculo e na pedagogia, que desta- ca as dimensdes sociais e académicas das culturas de aprendizagem relevantes. Este autores sugerem que alunos e professores podem investigar conjuntamente as diferencas, identificando as principais e tentar ultrapassa-las explicitamente. Isto facilitaria as escolhas e comportamentos do aluno em sala de aula, assim como as respostas adequadas do professor. As préprias instituicdes poderao incorporar este modelo nos seus curriculos e pedagogia, facultando formagao continua aos professores e ajudando-os a aplicar 0 conceito e a ex- plorar formas de melhorar a interagao cultural nas suas salas de aula. Assim, 0 conceito de “intercultural adaptation competence” (ZHAO; BOURNE, 2011) procura dar conta desta necessidade de uma adaptacao intercultural efetuada nos dois sentidos. Retoma alguns dos tépicos j4 sugeridos por Edelhoof (idem, ibdem), mas aplicando-os tanto a alunos como a professores, que s&o sao encorajados a aper- 22 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E FOLITICAS LINGUISTICAS feicoar trés fatores interpessoais: 0 conhecimento da cultura propria e da cultura alvo; 0 sentido de orientagao para 0 outro e de apoio e a comunicagao e as competéncias interpessoais. Sugere igualmente que as instituigdes escolares e os seus professores necessitam: a) reconhecer os padrées e as expectativas diversificadas dos alunos multiculturais; b) providenciar um ambiente educativo que estimule a comunicacao genuina entre os alunos e instituigdes/ professores/ alunos ¢ ¢) sensibilizar os professores para o facto de as suas praticas pedagégicas e prestagdes esperadas nas aulas poderem ser diferentes dos que sao familiares aos alunos de outras origens. Em suma, o ensino e a aprendizagem de uma lingua estrangeira sao atualmente identificados como peas basilares no estabelecimento do didlogo entre as nagées para beneficio miituo na promogao nao s6 da cidadania democratica e da coesio social, mas até da economia e da seguranga. Justifica-se assim a necessidade uma cultura pedagogica fundamentada numa abordagem que concetualize a relacéio entre o aprendente e o mundo social; de facto, 0 didlogo intercultural néio é um estado, mas antes um processo, muitas vezes longo e complexo, que requer tempo, disponibilidade e entendimento — nao é um resultado hem a mudanga social em si, antes um instrumento que pode favorecé- lae o ensino e aprendizagem intercultural de linguas estrangeiras tem um papel determinante a desempenhar no processo. REFERENCIAS BARRETT, M. et al. Developing Intercultural Competence through Education. Council of Europe, 2013. BENNETT, M. J. “Intercultural Communication: A current perspective”. In: BENNETT, M. J. (ed) Basic Concepts of Intercultural Communication: Selected Readings. Maine: Intercultural Press, 1998. BHABHA, H.K. The Location of Culture. London, Routledge, 1994, BUTTJES, D. & M. BYRAM (Ed.) Mediating Languages and Cultures: Towards an Intercultural Theory of Foreign Language Learning. Clevedon: Multilingual Matters, 1991. BYRAM, M. Evaluation and/or Assessment of Intercultural Competence, in HU, A. & BYRAM, M. (Ed.) Intercultural Competence and Foreign Language Learning. Models, Empiricism and Assessment. Tiibingen: Gunter Narr Verlag, 215-234, 2009. 21 PORTUGUES PARA FALANTES DE OUTRAS LINGUAS: INTERCULTURALIDADE INGLLSAO SOCIAL E POLITICAS LNGUISTICAS . Teaching and Assessing Intercultural Communicative Competence. Clevedon: Multilingual Matters, 1997. BYRAM, M. & ZARATE, G. Definitions, objectives and assessment of sociocultural competence. In: BYRAM, M., G. ZARATE & G. NEUNER (Ed..). Sociocultural competence in language learning and teaching. Strasbourg: Council of Europe Publishing, 1997. CHOMSKY, N. Aspects of the theory of syntax. Cambridge: M.LT. Press, 1965. CONSELHO DA EUROPA Quadro Europeu Comum de Referéncia para as Linguas —Aprendizagem, ensino, avaliagao. Traducao de Maria Joana Pimentel do Rosario e Nuno Verdial Soares. Col. Perspectivas Actuais/ Educagao. Lisboa: EdigGes Asa, 2001. CORBETT, J. An Intercultural Approach to English Language Teaching. Clevedon: Multilingual Matters, 2003. CROZET, C. & LIDDICOAT, A. J. The challenge of intercultural language teaching: Engaging with culture in the classroom. InJ. LO BIANCO, AJ. LIDDICOAT & C, CROZET (Ed.). Striving for the third place: intercultural competence through language education. Melbourne, Vic: Language Australia, p. 113-126, 1999. De MEJIA, A. Power, prestige and bilingualism: International perspectives on elite bilingual education, Clevedon: Multilingual Matters, 2002. FORTUNE, T. Immersion teaching strategies observation checklist. ACIE, Nov. 1-4., 2000. GEERTZ, C. Local knowledge: Further essays in interpretive anthropology. USA:Books,Inc., 1983. . The interpretation of cultures: Selected essays. USA: Basic Books, Inc., 1973. GREGERSEN-HERMANS, J. ICTAS Intercultural Comunication Training for Administrative Staff. Udine: Press Office, University of Udine, 2010. HILLER, G.G. & WOZNIAK, M. Mastering the Gap between Theory and Practice in Academic Intercultural Training. Theoretical Considerations concerning a Best Practice-Program. In; BERNINGHAUSEN, J. / GUNDERSON, C. (Hg.): Lost in Transnation - Towards an Intercultural Dimension on Campus, Intercultural Studies. Edition 8. ZIM Center for Intercultural Management; University of Applied Sciences Bremen. p. 111-130. Bremen, Boston: Kellner-Verlag, 2009. HOARE, P, & KONG, S. (1995). Helping teachers change the language of the classroom: Lessons from in-service teacher education. In: D. NUNAN, R. BERRY & V. BERRY (Ed..), Proceedings of the International Language in Education Conference 1994: Bringing about Change in Language Education, Hong Kong: Department of Curriculum Studies, The University of Hong Kong, p. 21-29 httpz/repository.ied.edu.hk/dspace/handle/2260.2/6417 [acedido em dezembro de 2014]. HYMES, DELL H. On communicative competence. In PRIDE, J.B.; HOLMES, J. Sociolinguistics: selected readings. Harmondsworth: Penguin. p. 269-293, 1972. 22

You might also like