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Índice

Introdução ________________________________________________________ 2

1. Localização no tempo ________________________________________________ 3

2. Contextualização social _______________________________________________ 3

2.1. O Regime Senhorial e as Relações Feudo-Vassálicas _______________________ 3

3. Contextualização política _____________________________________________ 5

4. Contextualização económica ___________________________________________ 6

5. O declínio do sistema feudal ____________________________________________ 7

Conclusão _________________________________________________________ 7

Bibliografia ________________________________________________________ 8

Anexos ___________________________________________________________ 9

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Introdução
A Idade Média, que se compreende do século V ao século XV, foi um período de grandes
mudanças na história europeia. Constatamos nesta época uma sociedade dividida em três
estratos, o clero, a nobreza e o povo que desempenhavam funções específicas numa
hierarquia complexa. A estrutura social, simbolizada por uma pirâmide onde o clero e a
nobreza ocupavam o topo, enquanto o povo formava a base, refletia um sistema complexo de
relações feudo-vassálicas e um regime senhorial que são fundamentais para a dinâmica social
da época. O sistema feudal na Europa medieval surgiu como resposta às condições
específicas da época. Com o declínio do Império Romano, as invasões bárbaras e a
decadência do comércio, as comunidades viram-se perante desafios significativos, o que
levou à procura de formas inovadoras de proteção e estabilidade.
No entanto, o declínio deste sistema, no final da Idade Média, marcou uma nova fase,
impulsionada por mudanças económicas, crescimento do comércio e transformações na
agricultura, sinalizando o fim desta era e o surgimento de novas formas de organização. Este
trabalho tem como objetivo analisar como as relações sociais, económicas e políticas na
Idade Média em Portugal foram influenciadas pelas relações feudo-vassálicas e pelo regime
senhorial. Iremos, no fim, destacar como esses elementos contribuíram para o surgimento das
primeiras cidades medievais e para a transição para uma nova fase histórica.

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1. Localização no tempo
Quando nos referimos à Idade Média, referimo-nos a uma estrutura social, económica e
política predominante, sendo este um período que abrange, aproximadamente, os séculos V
ao XV. Esta época foi caracterizada por mudanças significativas na organização da sociedade
europeia, marcadas por eventos como a queda do Império Romano, as invasões bárbaras, e a
ascensão do cristianismo como uma força unificadora.

2. Contextualização social
A sociedade europeia medieval era tripartida (clero, nobreza e povo) e baseada numa
estrutura hierárquica. Se imaginarmos uma pirâmide hierárquica e começarmos pelo seu topo,
iremos encontrar o Rei, cujos deveres consistem na proteção e na concessão do feudo (feudo:
terra, ou outro bem - dinheiro ou cargos - que um senhor (suserano) doava ao seu vassalo,
temporariamente ou para sempre, através do contrato de vassalagem). Logo de seguida,
teríamos a Nobreza e o Clero, grupos privilegiados, aos quais eram atribuídas terras
denominadas Senhorios. Para além disso, apresentavam direitos sobre os camponeses, que
trabalhavam nas terras dos senhores (eram eles que aplicavam a justiça e cobravam os
impostos ao Povo). Na Idade Média, a Igreja Católica desempenhou um papel central e
influente em vários aspetos da sociedade europeia. O clero mantinha relações estreitas com a
realeza. Os monarcas, frequentemente, procuravam o apoio da Igreja para legitimar o seu
poder, e, em troca, a Igreja recebia favores e proteção. A Nobreza, por outro lado, era
responsável pela defesa do reino, participando regularmente em torneios e caçadas. Em
último, na base da pirâmide, encontra-se o Povo, cuja função era trabalhar, pagar rendas e
impostos.

3.1. O Regime Senhorial e as Relações Feudo-Vassálicas


O Regime Senhorial e as Relações Feudo-Vassálicas, estão interconectados e dependentes,
sendo utilizados para descrever aspetos do mesmo sistema social, político e económico,
conhecido como feudalismo, que predominou durante a Idade Média. Enquanto o regime
senhorial apresenta um teor económico, o regime feudal caracteriza-se por um teor
político-jurídico.
Às relações de vassalagem entre os diversos grupos sociais privilegiados, dava-se o nome de
feudalismo, estabelecendo-se, assim, relações de dependência entre os diferentes níveis
hierárquicos. Estas relações feudais só acontecem entre o Rei, a Nobreza e o Alto Clero.

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Portanto, para Paulo Mêrea o feudalismo é “este vinculo[...] posse beneficiaria ou
condicional, [qu]e impunha aos suzeranos e aos vassalos deveres recíprocos”.
Esta vinculação pessoal gerava a concessão, por parte do senhor, de um feudo (sustento)–
geralmente uma terra, mas nem sempre – ao vassalo, além de obrigações mútuas, como a
proteção. O vassalo, então, passava a dever ao seu senhor o auxílio, geralmente de caráter
militar. Um vassalo era, portanto, um senhor dependente de outro, mais poderoso, a quem
jurava fidelidade e prestava serviços, em troca de um feudo e de proteção.
Os grandes senhores eram vassalos do rei, considerado o suserano dos suseranos. Mas, cada
vassalo podia, por sua vez, ter outros vassalos, seus subordinados, tornando-se suserano
destes, através de um contrato de vassalagem. Assim, podemos assimilar que há sempre um
suserano, que estabelece uma figura de superioridade perante o outro. Neste caso, o rei é, e
sempre será, soberano (não tem ninguém superior à sua pessoa), sendo a Nobreza prestadora
de vassalagem.
A relação entre um suserano e os seus vassalos, ou seja, os laços feudo-vassálicos ocorria
através da homenagem e da fé, frequentemente formalizada por meio de contratos e
juramentos. As relações de vassalagem estabeleciam-se através de um contrato, celebrado
numa cerimónia - a cerimónia de vassalagem - que envolvia:
→ A homenagem, pela qual o vassalo se colocava na dependência do seu senhor,
apresentando-se desarmado e pondo as mãos entre as dele, o que significava uma total
subordinação;
→ O juramento de fidelidade, em que o vassalo jurava ser fiel e obediente ao
suserano, colocando as mãos sobre a Bíblia - tornado o juramento sagrado;
→ A investidura, na qual o suserano dava um objeto ao vassalo, como um ramo,
simbolizando a concessão do feudo.
A chamada “fé”, retratava-se por uma prática em que o pretendente a vassalo de mão estendida
sobre os evangelhos ou sobre relíquias sagradas jurava ser fiel ao seu senhor.
Ao olharmos para a nossa História, conseguimos encontrar inúmeros exemplos destas
relações. Retornemos, agora, ao reinado de D. Afonso VI, rei de Leão, Castela e Galiza que,
descontente com D. Raimundo (casado com a filha mais velha do Rei, D. Urraca), presenteou
D. Henrique (casado com a filha mais nova do Rei, D. Teresa) com os condados de Portugal e
Coimbra, que confiscara ao primeiro. A partir daí, o Conde D. Henrique passaria a prestar
vassalagem ao rei.

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A economia medieval caracterizava-se por uma economia de subsistência sendo a terra a
principal fonte de riqueza e de poder. Devido a isto, as classes mais inferiores sentiam a
necessidade de se aproximar de alguém mais poderoso do que eles, como forma de proteção.
As classes mais poderosas, por sua vez, apenas podiam manter o seu prestígio e a sua fortuna,
ou até garantir a sua segurança, angariando, por meio da persuasão ou da força, o apoio de
inferiores obrigados a ajudarem-nos. O regime senhorial está ligado aos vínculos de
subordinação entre os senhores (dominus) e os camponeses (servus). Consistiam em
domínios pertencentes a um senhor, a quem o rei, além de terras, concedia autoridade efetiva
sobre todos os habitantes dessas terras, nomeadamente a autoridade para fazer justiça, cobrar
impostos e organizar a defesa militar. O senhorio era uma terra habitada por dependentes,
para efeitos de exploração económica, e dividiam-se em duas partes: a reserva e os mansos.
Os mansos ou casais (denominados também tenures) eram parcelas de terra arrendadas a
famílias de camponeses dependentes (rendeiros), enquanto as reservas também designadas
quintã ou granja, constituíam a porção de terra que pertencia exclusivamente ao senhor feudal
e que era explorada diretamente pelo mesmo. A distinção entre a reserva e mansos
estabelecia uma relação de interdependência económica. Os servos cultivavam a terra em
troca de proteção e acesso aos recursos providenciados pelo senhor. Pelo arrendamento, os
camponeses entregavam grande parte da produção (a renda senhorial) em géneros. Mais
tarde, o pagamento em géneros foi substituído por moeda. Para além da renda, os camponeses
pagavam diversos impostos e prestavam serviços gratuitos ao senhor.

3. Contextualização política
Esta época, foi marcada por um sistema político fortemente descentralizado, onde o poder
estava fragmentado e distribuído entre diversas entidades, sendo influenciado por diversos
fatores que moldaram a complexa sociedade medieval.
A substituição do poder centralizado do Império Romano pelos senhores feudais foi um dos
elementos mais significativos desse período. Cada senhor controlava um feudo, uma unidade
económica e social que incluía terra, habitantes e recursos. Os senhores eram detentores
primários do poder político e administrativo das suas terras, governando com base nas suas
próprias leis e costumes. Os conflitos territoriais entre senhores feudais eram frequentes, que
resultavam, muitas vezes, em disputas pela expansão de territórios e pela busca de maior
influência e poder.

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A Igreja desempenhava também um papel político crucial, além da sua autoridade espiritual,
a Igreja Católica exercia influência sobre as decisões dos governantes e detinha vastas
propriedades, consolidando assim um considerável poder político. Os líderes religiosos
contribuiam para a estabilidade política ao mesmo tempo em que consolidavam o poder
eclesiastico, fornecendo uma estrutura moral e ética para a sociedade medieval.
A descentralização política também se manifestava na ausência de uma autoridade central
forte e na autonomia relativa das diferentes regiões. A diversidade de leis, práticas
administrativas e sistemas judiciais era uma característica marcante desse período,
refletindo-se na descentralização do poder político.

4. Contextualização económica
A economia medieval, centrada na agricultura e nos feudos, apresentava uma estrutura
complexa que influenciava diretamente a vida dos senhorios. A relação entre os senhores
feudais e os camponeses era essencial para a subsistência e a dinâmica económica da época.
Os camponeses, frequentemente considerados servos, eram responsáveis por cultivar as terras
dos senhores feudais. A autossuficiência era uma característica marcante da época, com
senhorios dependentes da produção local para a sua alimentação. Além do trabalho agrícola,
os camponeses também estavam sujeitos a obrigações feudais, como o pagamento de
impostos e taxas aos senhores feudais.
O comércio, em grande parte, ocorria em feiras e mercados locais, onde os produtos
artesanais, alimentos e outros bens eram trocados. A circulação da moeda era mais comum
em transações entre as classes mais altas, enquanto a maioria das transações quotidianas nas
áreas mais rurais ainda se baseava no sistema de trocas.
A Igreja exercia uma influência significativa sobre a economia medieval pois, além de
possuir extensas propriedades, influenciava as práticas económicas por meio de
considerações morais. As feiras eram eventos regulares, onde vendedores de diferentes
regiões se encontravam para trocar mercadorias. As rotas comerciais, como a Rota da Seda,
facilitaram a interação económica entre regiões distantes, promovendo o comércio de bens e
impulsionando o desenvolvimento dos centros urbanos.
Ao analisar o impacto do regime senhorial e das relações feudo-vassálicas na economia da
altura, torna-se evidente que estes elementos desempenharam um papel fundamental no
surgimento das primeiras cidades medievais, fornecendo um contexto económico e social que
permitiu o crescimento dos centros urbanos. O regime senhorial, caracterizado pela

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concessão de feudos e pela estruturação hierárquica, estabeleceu as bases para a estabilidade
necessária ao crescimento urbano. As relações feudo-vassálicas, baseadas em acordos mútuos
entre senhores e vassalos, criaram uma rede complexa de obrigações e lealdades que
contribuíram para a coesão social.

5. O declínio do sistema feudal


A partir do final da Idade Média, começou a verificar-se um declínio do regime feudal, não
ocorrendo da mesma forma e ao mesmo tempo por toda a Europa. No entanto, fatores como o
desenvolvimento do comércio, a Peste Negra, a centralização do poder régio e as mudanças
tecnológicas e sociais, contribuíram para a transformação do sistema feudal, que se
direcionava para formas mais modernas de organização.

Conclusão
“Por cá, no retângulo da bagunça, a cadeia alimentar funcionava bem: o rei dava terras aos
nobres pelos serviços prestados à coroa, mas, como nunca houve comendas nem comes
grátis, os senhores que abichanavam as terras tinham de continuar a prestar vassalagem ao
rei - o que incluía ter as armas bem areadas, os cavalos bem alimentados e de arreios
reluzentes e os peões bem amestrados para que, ao primeiro toque da corneta, saltassem
para o campo de batalha e dessem o corpo à bordoada. (...) Na Idade das Trevas as grandes
famílias não tinham que prestar contas a ninguém, faziam o que lhes desse na gana e não
pagavam impostos” (Maria João Lopo Carvalho, 2023, p. 59)

Em síntese, as relações feudo-vassálicas e o regime senhorial, na Idade Média, foram pilares


fundamentais na estrutura social, económica e política daquela época. O sistema feudal,
caracterizado por laços de lealdade e obrigações recíprocas entre senhores e vassalos,
proporcionou uma ordem estável, numa época de instabilidade. O feudo, enquanto unidade
básica dessa estrutura, representava, não apenas uma propriedade, mas também um conjunto
de deveres e direitos (os serviços de vassalagem).
Compreender estas relações, é imperativo para desvendar aquilo que foi a sociedade
medieval.

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Bibliografia

Coelho, A. F. M. (2023). " Como membro de um corpo": o poder senhorial nobiliárquico no


Alentejo como parte do sistema político do Portugal quatrocentista.

da Silva Magela, T. P. O ESTADO FEUDAL EM PORTUGAL: CONFLITOS SOCIAIS E


CENTRALIDADE RÉGIA NO TEMPO DE D. AFONSO III (1248-1279).

Guerreiro, M. J. (2010). Por graça de Deus, Rei dos portugueses: as intitulações régias de D.
Afonso Henriques e D. Sancho I (Doctoral dissertation).

Lopo de Carvalho, M. J. (2023). História de Portugal de Cor e Salteada. 1ª Edição.


Alfragide: Lua de Papel.

Oliveira, A. R., Cantanhede, F., Catarino, I., Gago, M. & Torrão, P .(2016). O Fio da
História. Lisboa: Texto Editores.

Ribeiro, O. (1987). A Formação de Portugal. Lisboa: Instituto de Cultura e Língua


Portuguesa.

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Anexos

Anexo I- Relações Feudo-Vassálicas

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Anexo II- Reconstituição de um Regime Senhorial

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