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EXMO SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA 02 ª VARA CRIMINAL DA COMARCA DE


IPATINGA - MG

PROCESSO n.º 3507089-62.2020.8.13.0313

URGENTE – RÉU PRESO

DAVID MOTA NICOLAU, brasileiro, solteiro, consultor de vendas,


portador da carteira de identidade nº 30.394.073-8 DETRAN/RJ, inscrito no CPF sob o nº
117.251717-75, residente e domiciliado na Rua Julia Abrão, nº 102, casa, Jardim Ipe, Belford
Roxo/RJ, CEP: 26.180-100, BEATRIZ CRISTINA SILVA NUNES, brasileira, solteira,
portadora da carteira de identidade nº 24.742.197-7 e CPF nº 132.155.397-80, residente e
domiciliada à Rua Henrique Azevedo, nº 123, Engenheiro Leal, Rio de Janeiro/RJ, Cep:
21.370-140 e JESSICA DOS SANTOS, brasileira, solteira, consultora de vendas, portadora
da Carteira de Identidade nº 34.345.407-7, residente e domiciliada à Rua Celia Ribeiro da
Silva Mendes, nº 74, apto 406, Recreio dos Bandeirantes, Rio de Janeiro/RJ, por seu
advogado que esta subscreve, vem, respeitosamente, à presença de V.Exª , com fulcro nos
artigos 5º, inciso LXVI da CF/88, bem como nos artigos 310, III e 321 do CPP, pelas razoes
de fato e direito a seguir expostas, requerer:

PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA C/C


REQUERIMENTOS DIVERSOS

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Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
DOS FATOS

Os Acusados nesse momento encontram-se presos preventivamente, na CERESPE,


no bairro de Cidade Nova em MG.

Na data de 03/12/2020, por volta das 20:00 h, um dos requerentes compareceu


ao endereço de uma suposta vitima, na verdade cliente sabedora da operação a ser
realizada, no intuito de finalizar o procedimento

Salienta-se que o filho da suposta vítima se encontrava bastante nervoso e


alterado, e por ser policial, suspeitou que tratava-se de fraude e imediatamente deu voz
de prisão ao primeiro requerente. Ressalte-se que somente o primeiro acusado
encontrava-se no local.

Foi então que o fato mais estranho e que este policial que efetuou a prisão já
sabia onde estava hospedada a segunda requerente, e procedeu com a prisão da mesma
também, sem o menor fundamento e em conseqüência recolheu a terceira requerente que
estava na padaria.

Ou seja Exª, uma situação totalmente armada e fantasiosa, visto que já tinham o
estado de flagrância todo armado em suas mentes, sob o intuito de não sabemos o
porque, mas como uma única ideologia, prejudicar os requerentes que estavam inocentes
na situação.

Concomitante a isso, causou mais espanto ainda, o fato de ao serem recolhidos a


delegacia policial, a IMPRENSA JÁ ESTAVA CONVOCADA, COM ACUSAÇÕES
POSTERIORES DE CRIMINOSOS, VINCULANDO O NOME DESTES AO DE
GOLPISTAS COSTUMAZ.

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Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
SE JÁ NÃO BASTASSE TAMANHO ABSURDO, AINDA SOFRERAM OS
ACUSADOS CONSTRANGIMENTOS DAS MAIS DIVERSAS FORMAS, BEM COMO
NÃO PUDERAM COMUNICAR O SEU ESTADO DE FLAGRANCIA, COMO E DE
DIREITO, ONDE QUEM AVISOU FOI UMA ADVOGADA QUE TEM UM ESCRITORIO
AO LADO DA DELEGACIA.

TAIS FATOS FORAM RELATADOS EM AUDIENCIA DE CUSTÓDIA, PARA


EFEITOS DE CONHECIMENTO.

Há de reconhecer que tal conduta fora extremamente forçosa, uma vez que
não há ilegalidade prevista em lei acerca de celebração de contratos atípicos e o ramo que
a empresa atua se encontra amparado pelo art. 425 do Código Civil, o qual dispõe a
legalidade de celebração de contratos não previstos em lei. É de notória sabença que um
cidadão pode negociar e dispor de um empréstimo que contratou da maneira que
entender devida, desde que não seja para fins ilícitos, porém, mesmo com todo esse
amparo, o delegado indiciou os requerentes em tentativa de estelionato.

Observa-se Exa., que o i. Delegado, no momento da prisão ainda fez uma


bizarra e surreal ligação da empresa em que os requerentes trabalham com empresas que
sequer fazem parte ou possuem alguma ligação com esta, pelo simples fato de atuarem
no mesmo ramo e supostamente ter ocorrido situações não favoráveis naquelas outras, o
que em nada vem a justificar que o requerente estava supostamente tentando aplicar
golpe na suposta vitima.

Inobstante a diligência empregada pelo ilustre Dr. Delegado de Polícia desta


cidade, se vê claramente que não houve por parte do nobre Representante da Autoridade
Policial o cuidado e o zelo necessário no caso em questão, indiciando os requerentes nos
autos do inquérito policial supramencionados e decretado a sua prisão de forma errônea.

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Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
Dra. Fernanda Amaral – (21) 96505.8182
Paira o absurdo, deixar que trabalhadores, de uma empresa honesta,
arque com os ônus de outros golpistas do mercado e que estes sejam usados
como ”bodes expiatórios” de forma a dar uma justificativa a sociedade.

Não há Exª, manter em cárcere, um acusado que possui a primariedade


clara, visto que não há qualquer condenação penal em desfavor desse, e tão
pouco utilizar o mesmo em prol das prisões que não foram realizadas dos
verdadeiros golpistas.

A prisão, em nosso ordenamento jurídico, deve ser utilizada como última


forma de coerção estatal, não se pode encarcerar alguém pelo simples fato de uma
suposta situação de crime, sem ao menos ter indícios de autoria conclusivos e verossímeis
capazes de formar a culpa de qualquer cidadão.

Além do mais, são trabalhadores e possuem residência fixa, tanto é que os


acusados não reforçam intenção de não se furtar da justiça, e compromete-se desde logo
a comparecer a todos os atos do processo.

A defesa requer sua liberdade para que possa responder adequadamente


ao processo e pela aplicabilidade de um brocardo jurídico da presunção de inocência
até que se esgotem todos os recursos da ampla defesa e contraditório, onde a
prisão cautelar é uma exceção.

Assim, diante do princípio constitucional da presunção de inocência - art. 5º,


inc. LVII da Constituição Federal cabe ao Estado acusador apresentar prova cabal a sustentar
suas alegações, impondo-se ao magistrado fazer valer brocado outro, a saber: allegare sine
probare et non allegare paria sunt - alegar e não provar é o mesmo que não alegar.

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A certeza do direito penal mínimo no sentido de que nenhum inocente seja
punido é garantida pelo princípio humanístico e constitucional in dubio pro reo. É o fim
perseguido nos processos regulares e suas garantias. Expressa o sentido da presunção de
não culpabilidade do acusado até prova em contrário: é necessária a prova – quer dizer, a
certeza, ainda que seja subjetiva – não da inocência, mas da culpabilidade, não se tolerando
a condenação, mas exigindo-se a absolvição em caso de incerteza .

A incerteza é, na realidade, resolvida por uma presunção legal de inocência


em favor do acusado, precisamente porque a única certeza que se pretende do processo
afeta os pressupostos das condenações e das penas e não das absolvições e da ausência de
penas.

DA DESNECESSIDADE DA PRISAO PREVENTIVA

A regra constitucional estabelece a liberdade como padrão, sendo a incidência


da prisão processual uma excepcionalidade, só tendo espeque quando se fizer
imprescindível, tanto é que a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, LVII, consagra
o princípio da presunção de inocência, dispondo que "ninguém será considerado culpado até
o trânsito em julgado da sentença penal condenatória", destacando, destarte, a garantia do
devido processo legal, visando à tutela da liberdade pessoal.

Ainda, o art. 8º, I, do Pacto de São José da Costa Rica, recepcionado em


nosso ordenamento jurídico (art. 5º, § 2º da CF/88 - Decreto Executivo 678/1992 e Decreto
Legislativo 27/1992), reafirma, em sua real dimensão o princípio da presunção da inocência,
in verbis: "Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se presuma sua inocência
enquanto não se comprove legalmente sua culpa".

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A esse respeito preleciona Fernando Capez, sem a real e efetiva necessidade
para o processo, a prisão preventiva seria "uma execução da pena privativa de liberdade
antes da condenação transitada em julgado, e, isto, sim, violaria o princípio da presunção da
inocência. Sim, porque se o sujeito está preso sem que haja necessidade cautelar, na
verdade estará apenas cumprindo antecipadamente a futura e possível pena privativa de
liberdade."

Saliente-se inicialmente que o processo penal cautelar (compreensivo das


denominadas medidas cautelares pessoais entre as quais se alinha a prisão preventiva) na
busca da compatibilização dos interesses conflitantes em tal seara (de um lado o interesse
do acusado de ver-se livre e, de outro, o interesse de segurança da sociedade), sem que se
ultrapasse o limite do necessário na lesão ao direito individual que todos têm à liberdade,
estabelece uma série de parâmetros aplicativos interdependentes convencionalmente
qualificados como princípios, a serem observados quando a referência é feita à adoção ou
não das medidas de cautela, valendo ressaltar entre tais princípios, o da necessidade.
Analisemos, vertendo-se para a espécie, verificando se encontram presentes in casu:

Art. 321. Ausentes os requisitos que autorizam a decretação da


prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o
caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os
critérios constantes do art. 282 deste Código.

O dispositivo reitera o comando do art. 282, § 6º, do CPP, de que “a prisão


preventiva será determinada quando não for cabível a sua substituição por outra medida
cautelar (art. 319)”. Reforça-se, aqui, a natureza subsidiária da prisão preventiva em relação
às medidas cautelares diversas da prisão (art. 319, do CPP), sensivelmente menos onerosas
para o investigado ou acusado.

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Dra. Lívia Torres – (21) 96434.4489
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Os critérios previstos no art. 282, a que se refere o art. 321, do CPP, são, em
primeiro lugar, a proporcionalidade, traduzida em adequação (aptidão para a produção
dos efeitos desejados) e necessidade (impossibilidade de obtenção de tais efeitos por outro
meio). Nos termos do art. 282, I, do CPP, as medidas cautelares devem ser aplicadas quando
forem necessárias “para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e,
nos casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais”. Além disso,
como dispõe o art. 282, II, do CPP, devem ser aplicadas tendo em conta “a adequação da
medida à gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou
acusado”.
A regra, portanto, na falta de motivos para a imposição da prisão preventiva,
será a decretação da liberdade provisória, sem fiança.

Em face da situação danosa que o paciente se encontra, justifica-se a


presente medida. Vale pontuar que o paciente cumpre todos os requisitos para obtenção de
liberdade provisória, eis que possui residência fixa, RÉU PRIMÁRIO e trabalhador.
Comprometendo-se a comparecer em todos os atos processuais solicitados.

Segundo Cezar Roberto Bitencourt, (Código penal comentado 7. Ed. — São


Paulo: Saraiva, 2012):

“ Em outros termos, o limite do lícito termina necessariamente onde começa o


abuso, pois aí o dever deixa de ser cumprido estritamente no âmbito da legalidade, para
mostrar-se abusivo, excessivo e impróprio, caracterizando sua ilicitude. Exatamente assim
configura-se o excesso, pois, embora o “cumprimento do dever” se tenha iniciado dentro dos
limites do estritamente legal, o agente, pelo seu procedimento ou condução inadequada,
acaba indo além do estritamente permitido, excedendo-se, por conseguinte.”

Vejamos o que discorre o insigne JULIO FABRINI MIRABETE sobre o tema:

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Como, em princípio, ninguém dever ser recolhido à prisão senão após a
sentença condenatória transitada em julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas
que assegurem o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem
sacrifício de sua liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as hipóteses de
absoluta necessidade.

No caso em tela, patente é a inexistência do periculum in libertatis, cabendo


ressaltar que a medida cautelar só deve prosperar diante da existência de absoluta
necessidade de sua manutenção e caso subsista os dois pressupostos basilares de todo
provimento cautelar, ou seja, o fumus bonis júris e o periculum in mora, devendo haver a
presença simultânea dos dois requisitos, de modo que, ausente um, é ela incabível.

Desta forma devemos analisar alguns pontos fundamentais que venham a


justificar a necessidade de revogação da medida que foi aplicada, e a primeira delas, temos
aquela que denominamos como PRINCIPIO DA NECESSIDADE.

É ressabido que para externar-se a decretação da custódia preventiva devem concorrer


duas ordens de pressupostos: os denominados pressupostos proibitórios (o fumus commissi
delicti representado no nosso direito processual pela prova da materialidade do delito e
pelos indícios suficientes da autoria) e os pressupostos cautelares (o periculum libertatis,
representado na legislação brasileira pelas nominadas finalidades da prisão preventiva,
trazidas na parte inicial do art. 312 do estatuto processual penal).

O princípio ora sob epígrafe se expressa através dos denominados pressupostos cautelares,
chamados comumente na doutrina brasileira de finalidades da prisão preventiva. Decorre
de tal princípio que, para se ver decretada a medida coativa, deve revelar-se no caso
concreto uma das três finalidades expressas pela lei: a conveniência da instrução criminal,
o asseguramento da ordem pública ou a garantia da ordem pública. Na espécie sequer um
de tais pressupostos se encontra evidenciado.

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GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA

Os Requerentes não apresentam e não ocasionarão nenhum risco para a ordem pública,
cabendo ressaltar que é no seio da família, núcleo social de suma importância para a
redução da criminalidade, que o Requerente pretende se estabelecer e dar continuidade sua
vida cotidiana, razão pela qual não se pode cometer a injustiça de presumir uma
periculosidade inexistente.

Igualmente, impor aos Requerentes o cumprimento antecipado de uma pena é o mesmo que
fechar os olhos aos princípios que norteiam o ordenamento jurídico, em especial, no que
pertine ao princípio da inocência e a dignidade da pessoa humana.

Ademais, não há nos autos elementos suficientemente idôneos para se chegar a inarredável
conclusão de que a liberdade do requerente causará alguma insegurança à sociedade, isso
pelo fato de que o estado terá o controle sobre o acusado, de forma eficiente, com a
aplicação de medidas cautelares alternativas à prisão.

É sabido que deveria constituir-se uma segurança da coletividade, para impedir que o
acusado viesse a praticar novos delitos, ou viesse a consumar um crime tentado. Não é
evidentemente o caso dos autos. Os requerentes não possuem nada que desabone sua
honra, pois são cumpridores de suas obrigações, cidadãos trabalhadores e que nunca
participaram de nenhum grupo ou quadrilha para prática de delitos ou mesmo de qualquer
ato delituoso.

Não sendo os suplicantes infratores contumaz da lei, nem um elemento


perigoso, sua prisão constitui-se de absoluto constrangimento ilegal.

Alguns, fazendo uma confusão de conceitos, invocam a gravidade ou brutalidade do delito


como fundamento da prisão preventiva. A gravidade do delito, por si só, não pode justificar
a prisão preventiva, como reiteradamente vem decidindo os tribunais superiores:

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CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL

Os Requerentes não pretendem e de nenhuma forma perturbará ou dificultará a busca da


verdade real, no desenvolvimento da marcha processual, pois estará voltado, tão-somente, a
defender-se da acusação que contra si foi imputada, estando certo de que com a
continuidade do labor diário chegará ao termo do processo com a consciência de ter feito jus
à confiança do Estado-juiz e da sociedade.

Ademais, são conscientes de que a instrução criminal é o meio hábil de exercer o direito
constitucional do contraditório e da ampla defesa, ONDE PROVARÁ SUA INOCÊNCIA NO
CURSO PROCESSUAL, razão pela qual não se pode presumir que o mesmo se voltará
contra o único meio que possibilitará o exercício de sua defesa.

Esse fundamento somente se configura a partir do momento em que o


indiciado/denunciado age no sentido de apagar vestígios, coagir testemunhas, desaparecer
com provas do crime. Que em nada se configura o caso em análise.

No caso em tela, possuem residência fixa, estão devidamente empregados e somando-se a


isso, em nenhum momento fez ou possuía o animus de lesar a suposta vitima, pois foi
passado tudo de forma clara e precisa, o que não pode é o mesmo embarcar em
ilações infundadas e suspeita de organização criminosa, por conta de outras
empresas, em que nada tem a ver com essa em que o indiciado presta serviços.

A segregação cautelar é medida excepcional e somente se justifica quando presentes os


requisitos do art. 312 do CPP, desde que fundados em elementos concretos que evidenciem
a real necessidade da prisão. A gravidade abstrata do delito, o clamor público e a
invocação de resposta enérgica do Poder Judiciário, sem qualquer motivo
concretamente apontado nos autos , não são elementos idôneos a justificar a prisão
cautelar do paciente, ainda mais quando o mesmo possui condições pessoais favoráveis.

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No caso concreto, não há nos autos nenhum indício de que o Requerente integra alguma
organização ou grupo criminoso, coagiu testemunha, destruiu provas ou oferece risco às

investigações, ao contrário disso é que colaborou para o deslinde da questão .

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

A prisão não deve prosperar sob o argumento de se garantir a aplicação da lei penal, posto
que o Requerente possui possibilidade de trabalho, endereço conhecido e jamais se furtará a
se defender da acusação que lhe é imputada, sendo que poderá e se disponibilizará a ser
localizado a qualquer momento para a prática dos atos processuais, comprometendo-se a
comparecer a todos os atos do processo.

Mais por mais, é de singular interesse do Requerente se prontificar e disponibilizar-se para


responder ao processo, uma vez que a única forma de trazer à tona a verdade real dos fatos
para a aplicação justa da lei.

O mesmo tem requisitos legais para estar em liberdade e responder a todo ato processual
dessa forma, nada mais justo é que seja concedido através da postulada, em sede revogação
da prisão preventiva, para assim, seja efetuada a justiça consagrada na Constituição Federal
de 1988.

Referente a dignidade da pessoa humana, pontuam os autores Ives Gandra da Silva Martins,
Gilmar Ferreira Mendes, Carlos Valder do Nascimento (Tratado de direito constitucional, v.
1 / – 2. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012): “O fundamento básico de todos esses direitos é a
dignidade da pessoa humana, pela sua criação à imagem e semelhança de Deus, diferente e,
portanto, superior a todo o universo material. As Constituições Alemã (art. 1.1), Chinesa (art.
38) e Espanhola (art. 10), entre tantas, assentam ser inviolável a dignidade da pessoa
humana.

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Assim, nesse Estado Constitucional e democrático de direito é que encontraremos o
fundamento de validade do ius puniendi, bem como suas limitações. É um Estado em que os
direitos humanos deverão ser preservados a qualquer custo. Como diz precisamente
Norberto Bobbio, ‘o reconhecimento e a proteção dos direitos do homem estão na base das
Constituições democráticas’.
A Carta magna de 88: "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos
seguintes:
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela autoridade judiciária;
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação
imediata.

Que espécie de ressocialização de um ser humano poderemos esperar, quando lhe são
sonegados os mínimos direitos constitucionalmente assegurados.

Assim, constitucionalmente assegura-se o direito da liberdade ao acusado, já que é possuidor


de todos os requisitos legais e a prisão cautelar é exceção, figurando na Constituição Federal
a presunção de inocência até o trânsito em julgado de todos os recursos cabíveis no
contraditório e ampla defesa.

Vale dizer, não há mais como cogitar da liberdade divorciada da justiça social, como também
infrutífero pensar na justiça social divorciada da liberdade.

Em suma, todos os direitos humanos constituem um complexo integral, único e indivisível,


em que os diferentes direitos estão necessariamente inter-relacionados e interdependentes
entre si.

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De outra, é certo que a ordem pública não será burlada e nem afetada com a soltura do
acusado, pois não se justifica nenhum argumento como o de que com a soltura poderia
voltar a delinquir, já que o mesmo é trabalhador, tem residência fixa e meios lícitos de
sobrevivência.
Neste sentido, a ampla defesa através de medidas protetivas ao acusado deverão exaurir-se
todas as possibilidades levando em consideração a presunção de inocência, consagrada na
Carta Magna de 1988, artigo 5º, inciso LVII.

A segregação cautelar é medida excepcional, exigindo a presença dos requisitos previstos


nos artigos 312 e 313 do Código de Processo Penal para a sua decretação.

Assim, deve vir assentada em elementos que demonstrem a sua efetiva imprescindibilidade
no contexto em que praticada a infração, especialmente com a entrada em vigor da Lei
12.403/2011. A prisão não pode ser encarada como antecipação de pena, pois seu caráter é
de necessidade diante da periculosidade do agente e da gravidade concreta do suposto
crime.

Conforme Ferrajoli (2006, p. 104): “A incerteza é, na realidade, resolvida por uma


presunção legal de inocência em favor do acusado, precisamente porque a única
certeza que se pretende do processo afeta os pressupostos das condenações e das penas e
não das absolvições e da ausência de penas.”

No caso em tela, vale ressaltar que não pode haver, quanto aos pressupostos para a
decretação da prisão preventiva, qualquer tipo de presunção.

Ademais, a prisão cautelar deve ocorrer somente nos casos em que é necessária, em que é a
única solução viável -ultima ratio - onde se justifica a manutenção do infrator fora do
convívio social devido à sua periculosidade e à probabilidade, aferida de modo objetivo e
induvidoso, de voltar a delinquir, o que certamente não é o caso presente.

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Dessa forma, ínclito julgador, a concessão de LIBERDADE PROVISÓRIA SEM ARBITRAMENTO
DE FIANÇA ao acusado é medida que se ajusta perfeitamente ao caso em tela, não havendo,
por conseguinte, razões para a manutenção do mesmo aprisionado.

Ademais, MM. Juiz, não se pode ignorar o espírito da lei, que na hipótese da prisão
preventiva ou cautelar visa a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal
ou, ainda, para assegurar a aplicação da lei penal, que no presente caso, pelas razões
anteriormente transcritas, encontram-se plenamente garantidas.

Assim, notório que a concessão da liberdade provisória atenderá aos ditames do


ordenamento jurídico, beneficiará a sociedade como um todo e possibilitará ao Requerente o
retorno de sua vida pessoal e a exercer seu direito de defesa em liberdade, razão pela qual
requer-se a V. Exa que seja concedida a LIBERDADE PROVISÓRIA ao Requerente, haja vista
que o mesmo é PESSOA PRIMÁRIA, TRABALHADOR E SEM ANTECEDENTES
CRIMINAIS, tem plenas condições de responder o processo criminal em liberdade, não
havendo razão para mantê-lo em custódia, com a PRISÃO, PODENDO ESTAR
OCORRENDO A MAIOR DAS INJUSTIÇAS: “A SEGREGAÇÃO DA LIBERDADE DE UM
INOCÊNTE”.
Ademais, a experiência nos permite concluir que levando em consideração as condições
pessoais do Requerente e as circunstâncias do caso concreto, mesmo em caso de
condenação, não será imposto o regime fechado, razão pela qual se torna desproporcional

a manutenção da prisão .

Outrossim, cumpre ressaltar que a liberdade concedida ao indiciado,


mediante ausência de pressupostos supramencionados, não constitui faculdade do juiz mas
direito processual subjetivo do indiciado.

No ordenamento constitucional vigente, A LIBERDADE É REGRA,


excetuada apenas quando concretamente se comprovar, em relação ao indiciado ou réu, a
existência de "periculum libertatis", o que não acontece no caso em tela.

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DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, o requerente pede e espera que digne Vossa


Excelência de lhe conceder a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA e a determinação
de aplicações cautelares alternativas à prisão, determinando a expedição de ALVARÁ
DE SOLTURA, por ser tal medida a mais lídima JUSTIÇA.

Nestes termos,

Pede e espera deferimento.

Niteroi, 09 de dezembro de 2020

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