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Artur Fernandes Costa

MÁQUINAS ELÉTRICAS (E)


( 3º Ano - 2º Semestre)
2017/2018

Capítulo 2
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Textos utilizados nas aulas teóricas
PARTE 1

FEUP – DEEC
2018
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS

Capítulo 2 - Transformadores Elétricos

PARTE A
1. Tipos de transformadores
2. Aspetos construtivos
3. Transformador monofásico
a. Teoria de funcionamento e Modelização
b. Caraterísticas de funcionamento
c. Valores estipulados (nominais).
d. Ensaios

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Tipos de transformadores

Dispositivo elétrico que fundamenta o seu funcionamento no fenómeno de


indução magnética, destinado a converter energia elétrica em energia elétrica com
caraterísticas modificadas.
 monofásico s (dois ou mais enrolamentos)
 Convencion ais 
  trifásicos (idem)
 monofásico s
⇒ Transform. de potência  Autotransf ormadores 
  trifásico s
De número de fases : tri - difásico s (Scott, Leblanc),

 tri - hexafásico s, tri - dodecaf ásicos
 de potencial (ou de tensão)
⇒ Transform. de medida 
 de intensidade
⇒ Transform. de sinal
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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
ÓRGÃOS (elementos) ATIVOS
1. Enrolamentos
• Em cobre ou alumínio
• Fio, barra ou banda

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
2. Circuito magnético
• Laminado, se em chapa ferromagnética (mais usada) ou materiais amorfos –
usado na generalidade dos transformadores
Solução para núcleos toroidais: Chapa enrolada (também é laminado)

• Maciço, se em ferrite ou limalhas de ferro agregadas com resinas (*) - só usado


em transformadores para aplicações de sinal
(*) Porque a resistividade do material empregue é muito elevada e as correntes de Foucault serão baixas. Ou
seja, as perdas por correntes de Foucault serão reduzidas e não há necessidade de laminar.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
3.Travessias (internas) e terminais
terminais de ligação
• Em cobre, estão na continuidade dos enrolamentos, recebem isoladores de
travessia e são afastados de modo a garantir isolamento elétrico eficaz entre si

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
ÓRGÃOS NÃO ATIVOS
4. Sistema de Isolamento
• Composto por vários materiais isolantes, que aliam a propriedade isolante a um bom
comportamento térmico: óleo (mineral, sintético ou vegetal), silicone ou SF6 como líquido/gás eletroisolante
para transformadores imersos, papel impregnado e cartão prensado (celulose), materiais à base de mica, fibras de
vidro, vernizes, esmaltes, resinas epóxidas, borracha e madeira, entre outros.
• Garantem o efetivo nível de isolamento entre os enrolamentos e destes em relação às
massas (circuito magnético e restantes peças metálicas).
• As caraterísticas dos materiais empregues definem a Classe de Isolamento

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos

5.Outros elementos construtivos


• Aparelhagem de manobra, regulação e proteção
• Sistema de refrigeração (eventuais permutadores de calor e meios para refrigeração forçada)
• Cuba (transf. imersos) contendo um líquido ou um gás eletroisolante (com eventual Conservador)
• Múltiplos tirantes (aço e madeira) e parafusos de aperto (fibra de vidro)
• Chassis de apoio, com eventuais rodados e olhais para suspensão
• Chapa de caraterísticas

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
CHAPAS MAGNÉTICAS (Aço magnético)
Composição: Ferro, com adição de 3% a 5% de Silício e vestígios de Carbono

Método de fabrico e tipos:


1. Por laminagem a quente chapa normal, aço magnético de CRISTAIS NÃO ORIENTADOS
2. Por laminagem a “frio” Chapa de CRISTAIS ORIENTADOS
3. Por laminagem a “frio” com tratamento de superfície Chapa de CRISTAIS ALTAMENTE
ORIENTADOS
Rolo de chapa Fe-Si a ser preparado para corte de chapas Chapas cortadas

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
As chapas de cristais não orientados são magneticamente ISOTRÓPICAS:
• permeabilidade magnética igual em todas as direções !

As de cristais orientados são ANISOTRÓPICAS:


• permeabilidade magnética é maior na direção da laminagem
• e menor na direção transversal !

Vantagens da CHAPA DE CRISTAIS ORIENTADOS (em relação a chapa normal):


1. Maior permeabilidade magnética Menores correntes magnetizantes
2. Maior indução máxima de saturação maiores induções de trabalho (de projeto)
menores seções e volumes dos circuitos magnéticos projetos mais económicos
3. Maior resistividade elétrica menores correntes de Foucault e perdas respetivas
4. Menor área do ciclo histerético menores perdas por histerese
Perdas específicas da ordem de 1 W/kg @ 1T – 50 Hz
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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
Desvantagens da CHAPA DE CRISTAIS ORIENTADOS (em relação a chapa normal):
1. Preço mais elevado
2. Maior dureza e fragilidade aumentam a dificuldade de corte e maquinação
3. Não são de aplicação geral, limitando-se a situações onde os trajetos das linhas de força do
campo magnético possuam direções retilíneas fixas (como é o caso dos transformadores)
4. Implicam técnicas de construção de circuitos magnéticos próprias
• A adição de Carbono resulta do processo de fabrico e contribui para um pequeno aumento
da resistividade e da dureza do material.
• As chapas magnéticas fabricam-se em espessuras que se localizam entre pouco menos de
0,2mm e cerca de 0,5mm.
• As chapas recebem um tratamento de superfície de um ou ambos os lados (fosfatagem ou
outro), para desenvolver uma camada isolante.
• Em transformadores de potência para uso nos SEE, usam-se só CHAPAS DE CRISTAIS
ORIENTADOS ou ALTAMENTE ORIENTADOS.
• Em pequenos transformadores, usam-se chapas de cristais não orientados.

COEFICIENTE DE EMPACOTAMENTO:
quociente entre a área de ferro (área útil) e a área geométrica da seção
reta de um empacotamento de chapas
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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
“CHAPA” DE MATERIAIS AMORFOS / “VIDRO METÁLICO” (vs chapa de cristais orientados)
• Propriedades descobertas cerca de 1970
• Usados recentemente em TRANSFORMADORES DE DISTRIBUIÇÃO
• Apresentam-se na forma de filmes muito finos (espessura de 0,025 mm)
• Permitem a construção de circuitos magnéticos “laminados”
• Tendencialmente, os fatores de empacotamento são piores secções de núcleos maiores
• Núcleos magnéticos um pouco mais volumosos
• Resistividade cerca de 3x maior
• Perdas magnéticas específicas bastante inferiores
• Para transformadores equivalentes, perdas em vazio cerca de 1/3 ou melhor
Perdas específicas < 0,3 W/kg @ 1T – 50Hz
• Dureza cerca de 3x maior
• Transformadores: O custo inicial é maior comparado com o tipo de transformador convencional
utilizando chapa de aço magnético de cristais orientados; porém o custo operacional será menor,
devido às menores perdas magnéticas, fazendo com que o Custo do Ciclo de Vida (Life Cycle Cost)
do transformador amorfo seja menor.
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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos

Estima-se que as perdas de energia em transformadores de distribuição representem cerca de 2 a 3


por cento da produção mundial anual de energia elétrica.

Estima-se que, só na União Europeia, existam cerca de 4,5 milhões de transformadores de


distribuição, sendo responsáveis, anualmente, por 38 TWh de perdas
e 30 milhões de toneladas de emissões de CO2.
Quanto a custos financeiros de energia perdida …!!!
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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
Configurações básicas dos circuitos magnéticos e montagens típicas dos
enrolamentos: TRANSFORMADORES MONOFÁSICOS

a a 2a a 2a
Tipo COLUNAS (Core) Tipo COURAÇADO Tipo COURAÇADO (Shell)
com bobinas concêntricas com bobinas concêntricas com bobinas alternadas (em
(baixa potência) galettes)

BOBINAS CONCÊNTRICAS Montagem com eixo na VERTICAL REFRIGERAÇÃO


BOBINAS ALTERNADAS Montagem com eixo na HORIZONTAL REFRIGERAÇÃO
Enrolamento mais próximo do núcleo: o de MENOR TENSÃO REDUÇÃO DE CUSTOS ISOLAMENTO
Repare-se que a coluna central das duas configurações mais à direita tem uma largura (e seção) aumentada
para manter a densidade de fluxo (indução magnética) igual em todo o circuito magnético.
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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
Configurações básicas dos circuitos magnéticos e montagens típicas dos
enrolamentos: TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS

Potências intermédias e tensões elevadas

a a
Potências e tensões intermédias

Potências e tensões elevadas Potências e tensões muito elevadas

Tipo COURAÇADO (Shell) Com FASES DISSOCIADAS


Tipo COLUNAS (Core) com bobinas alternadas Tipo COURAÇADO (Shell)
com bobinas concêntricas (em galettes) com bobinas alternadas
Eixo das bobinas na vertical Eixo das bobinas na horizontal (em galettes) - (idem)

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
SEÇÃO DOS NÚCL EOS LAMINADOS

Quadrada ou retangular Em degrau (com Em degrau (com


Transformadores Shell circunferência circunscrita) elipse circunscrita)
Pequenos transformadores Transformadores Core Transformadores Core

NÚCLEO TO ROIDAL
• O ou os enrolamentos envolvem o circuito magnético.
• Usados em transformadores de medida, em certos

autotransformadores e em transformadores de sinal.


• O núcleo pode ser em chapa enrolada ou em ferrite.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
JUNTAS
Colaça ou Travessa
Janela

Janela

Coluna Coluna Juntas

Colaça ou Travessa

Direção da permeabilidade máxima

NOTE BEM
A necessidade de segmentar as chapas do circuito
magnético, obrigando à existência de JUNTAS, resulta
das chapas serem NÃO ISOTRÓPICAS: fluxo
magnético deve seguir sempre a direção da
permebilidade magnética máxima. Este núcleo é de cristais não orientados.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
TIPOS DE JUNTA
1. Plana
2. Imbricada reta clássica
3. Imbricada clássica, montagem de topo, com canto a 45/45° (eventualmente, 30/60°)
- especialmente adaptada para chapa de cristais orientados
4. Imbricada, montagem tipo “step lap”, com canto a 45/45° - idem

Montagem de topo

(1) (2) (3) Montagem STEP LAP

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
1. O tipo de junta influencia a componente magnetizante da corrente em vazio e o
valor as perdas magnéticas.
2. A melhor é a junta tipo STEP LAP que, em relação à junta imbricada normal:
• reduz as perdas magnéticas até cerca de 10%
• reduz a componente magnetizante da corrente em vazio até cerca de 50%
• … mas aumenta custos de produção.

Zona mais
saturada

Com junta STEP LAP os aumentos locais Com junta imbricada normal há
da indução magnética são atenuados. aumentos locais da indução magnética.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Aspetos construtivos
ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DAS PERDAS

Joule:
Magnéticas: 1. Materiais melhores
1. Materiais melhores 2. Densidades de corrente nos condutores
2. Núcleos de construção laminada de valores adequados
3. Indução magnética de trabalho de 3. Projeto, com geometrias otimizadas
valor conveniente Suplementares:
4. Projeto, com geometrias otimizadas 1. Combate a fluxos parasitas
Blindagem magnética da carcaça e tampas / shunts
5. Maquinação (corte da chapa) e magnéticos.
tratamento térmico pós-corte
2. Escolha de formatos das secções dos
6. Juntas condutores condutores multifeixe.
7. Parafusos de aperto não metálicos 3. Permutação de condutores multifeixe
Igualiza tensões e correntes entre feixes de
condutores.

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Equação de tensão do primário: i1 Φ i2


di 1
u1 = r1 i 1 + l 1 − e1
dt
u1 e1 e2 u2
Equação de tensão do secundário:
di
e 2 = r 21 i 2 + l 2 2 + u 2
dt
N1; r1; l1 N 2; r 2; 2 1
Forças eletromotrizes:
Φ - Fluxo de Indução mútua

e1 = − N 1 Forças magnetomotrizes:
dt

e2 = − N2 N 1 i 1 + N 2 i 2 = FR ; FR ≈ ℜ Φ
dt
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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

REGIME ALTERNADO SINUSOIDAL I1 Φ I2


Equação de tensão do primário:
U 1 = r1 I 1 + jx 1 I 1 − E 1
U1 E1 E2 U2
Equação de tensão do secundário:
E 2 = r 2 I 2 + jx 2 I 2 + U 2
Forças eletromotrizes:
E 1 = − jω N 1 Φ
N1; r1; x1 N 2; r 2; x 2
E 2 = − jω N 2 Φ
Forças magnetomotrizes:
I21
N1 I 1 + N 2 I 2 = N1 I 0  N 
⇒ I 1 = I 0 +  − 2 ∗ I 2 
com N1 I 0 = F R ≈ ℜ Φ  N1 
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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Transf.
Circuito equivalente (MODELO) EXATO: Ideal
I1 I21 I2
r1 jx1 r2 jx2
I0
U1 Ia Im
E1 E2 U2
R0 jXm

N1 : N2
(a:1)

N1 E1 E 1
a = ⇒ = 1 =a ; I 21 = − ∗I2
N2 E2 E2 a

I0 = Ia +Im
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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Designação dos parâmetros e seus significados físicos:


r1 - Resistência do enrolamento primário. Modeliza as perdas Joule do primário e a queda de
tensão óhmica correspondente.
x1 - Reatância parcial de fugas do enrolamento primário. Modeliza o efeito de queda de tensão
indutiva no primário, associada ao fluxo magnético de fugas do primário.
r2 - Resistência do enrolamento secundário. Modeliza as perdas Joule do secundário e a queda
de tensão óhmica correspondente.
x2 - Reatância parcial de fugas do enrolamento secundário. Modeliza o efeito de queda de
tensão indutiva no secundário, associada ao fluxo magnético de fugas do secundário.
R0 - Resistência associada às perdas no ferro (é uma resistência fictícia). Modeliza as perdas no
ferro do transformador
Xm - Reatância de magnetização. Modeliza o fluxo magnético de indução mútua.
NOTA: Alguns autores usam X0 para representar a reatância de magnetização.
a - Razão de números de espiras.

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Circuito equivalente EXATO referido ao primário:

1
I 21 = − ∗I2 U 21 = − a ∗ U 2
a

r21 = a 2 ∗ r2 x 21 = a 2 ∗ x 2
Transf.
I1 I21 I2
r1 jx1 Ideal
r21 jx21
I0
Ia Im
U1 R0 jXm U21 U2

(a:1)

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Circuito equivalente EXATO referido ao secundário:

1
I 12 = − a ∗ I 1 U 12 = − ∗U1
a
1 1
r12 = 2
∗ r1 x12 = 2
∗ x1
a a
Transf.
I1 Ideal I12 I2
r12 jx12 r2 jx2
I02
Ia2 Im2
U12 jXm2 U2
U1 R02

(a:1)

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Circuito equivalente SIMPLIFICADO em “L” referido ao primário:


Transf.
I1 I21 I2
Ideal
R1 jX1
I0
Ia Im
U1 R0 jXm U21 U2

(a:1)

1
I 21 = − ∗I2 U 21 = − a ∗ U 2
a

R1 = r1 + r21 = r1 + a 2 ∗ r2 X 1 = x1 + x 21 = x1 + a 2 ∗ x 2
Este modelo simplificado presume que o fluxo magnético no núcleo é exatamente constante.
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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Circuito equivalente SIMPLIFICADO em “L” referido ao secundário:


Transf.
I1 Ideal I12 I2
R2 jX2
I02
Ia2 Im2
U1 U12 U2
R02 jXm2

(a:1)

1 R0 Xm
I 12 = − a ∗ I 1 U 12 = − ∗U1 R 02 = X m2 =
a a2 a2
I 02 = − a ∗ I 0
r1 x1
R 2 = r12 + r 2 = 2
+ r2 X 2 = x 12 + x 2 = 2
+ x2
a a
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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

PARÂMETROS COMBINADOS (designações e significados físicos):


R1 (ou R2) - Resistência combinada dos enrolamentos, referida ao primário (ou secundário).
Modeliza a totalidade das perdas Joule do transformador, bem como as quedas de tensão
óhmicas no conjunto dos dois enrolamentos (primário e do secundário).

X1 (ou X2) - Reatância combinada de fugas do transformador, referida ao primário (ou secundário).
Modeliza o efeito de queda de tensão indutiva associada aos fluxos magnéticos de fugas no
conjunto dos dois enrolamentos.

Z1 = R1 + j X1 (ou Z2 = R2 + j X2) - Impedância combinada de fugas referida


ao primário (ou ao secundário).

=== HIPÓTESE DE FLUXO MAGNÉTICO CONSTANTE ===


O modelo simplificado, referido ao primário ou ao secundário, corresponde à hipótese de o valor eficaz do
fluxo magnético no núcleo ser constante e, consequentemente, a corrente em vazio também.

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Modelização

Critérios práticos para utilização das várias formas circuito


equivalente:
• O uso do circuito equivalente exato fica dificultado, habitualmente, por não serem
conhecidos TODOS os parâmetros do mesmo. Os procedimentos experimentais
não permitem a determinação, separada, das duas reatâncias de fugas. Para
permitir a utilização deste modelo, por vezes, consideram-se iguais as duas
reatâncias de fugas quando referidas a um mesmo enrolamento, isto é, cada uma
com um valor igual a metade do valor combinado respetivo (este determinável!).
• As versões simplificadas em “L” produzem resultados confiáveis se a tensão de
curtocircuito ≤ 10%.
• Se corrente em vazio ≤ 1%, pode desprezar-se nos modelos a impedância em
vazio R0//jXm sem perda significativa de rigor quanto a quedas tensão e correntes.

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Caraterísticas de Funcionamento
(Regime estacionário)

CARATERÍSTICAS DE FUNCIONAMENTO
• Regime permanente ou estacionário
• Regime transitório

CARAT. EM REGIME ESTACIONÁRIO MAIS IMPORTANTES


• Caraterísticas externas
• Caraterísticas de quedas de tensão
• Caraterísticas de rendimento

DETERMINAÇÃO DE CARATERÍSTICAS
• Métodos diretos: ENSAIOS
• Métodos indiretos: MODELOS → Exigem valores rigorosos dos parâmetros

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Caraterísticas de Funcionamento
(Regime estacionário)

CARATERÍSTICAS EXTERNAS
U2 (V)

U2 = f ( I2 ) U20

com U1 e f estipuladas e fator


de potência secundário
especificado.
Na sua plenitude, são
aproximadamente arcos de
U20 – Tensão secundária em vazio. elipse com extremos em: U2=f(I2)
I2.ccp – corrente secundária de curto- (0; U20) e (I2.ccp; 0)
circuito permanente.

vazio I2N I2.ccp I2 (A)


ϕ2 ind. ϕ2= 0 ϕ2 cap.

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Caraterísticas de Funcionamento
(Regime estacionário)

CARATERÍSTICAS EXTERNAS
DEFINIÇÃO 1
U2 (V) ϕ2 cap.
VARIAÇÃO DE TENSÃO (em carga)
∆ U20
ϕ2 = 0
DEFINIÇÃO 2
VARIAÇÃO DE TENSÃO ϕ2 ind.
ESTIPULADA ou
REGULAÇÃO Na região normal de
funcionamento, as
caraterísticas externas U2=f(I2)
∆ % 100% são quase RETILÍNEAS !

• Em ambos os casos, com U1 e f


estipulados e fator de potência vazio I2N I2(A)
secundário especificado.
• As tensões são em valor eficaz.

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Caraterísticas de Funcionamento
(Regime estacionário)

CARATERÍSTICAS DE RENDIMENTO
η(%) η=f(I2)
η = f ( I2 )
com U1 e f estipuladas e fator
100% cosϕ2 = 1
de potência secundário
especificado. cosϕ2 < 1

O rendimento:
• cresce com o fator de
potência.
• elevado desde cargas
baixas.
• apresenta um máximo I2(A)
quando pJ = pn/J vazio
fc’ I2N

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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Ensaios para determinação de parâmetros

ENSAIO EM VAZIO
• Realizado com um dos enrolamentos em CIRCUITO ABERTO, sendo o outro
alimentado com tensão estipulada, de frequência estipulada.

MONTAGEM I10
A W

U1N U20
V V

RESULTADOS
• Verifica razão de transformação (m = U1N/U2N) • Perdas no ferro (pFe ≅ P10)
• Razão de números de espiras (a ≅ U1N/U20)
• Corrente em vazio (I10) • Impedância em vazio: R0 e Xm.
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TRANSFORMADOR MONOFÁSICO
Ensaios para determinação de parâmetros

ENSAIO EM CURTOCIRCUITO
• Realizado com um dos enrolamentos CURTOCIRCUITADO, sendo o outro
alimentado com tensão, de frequência estipulada, que leve à circulação da
corrente estipulada “em ambos os enrolamentos”.

MONTAGEM I1N
A W

U1c I2N
V A

RESULTADOS
• Tensão de curtocircuito estipulada (ez = U1c/U1N×100%)
• Perdas Joule estipuladas (pJ.N ≅ P1c) • Impedância de fugas: R1 e X1
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TRANSFORMADORES
Principais Valores estipulados (nominais)

Potência estipulada: SN (VA) (valor declarado em chapa de caraterísticas)


Tensões estipuladas: U1N ; U2N (V) (valores declarados em chapa de caraterísticas)

Correntes estipuladas: I1N ; I2N (A) (em transformadores com um só secundário, verificam-se as relações:
 S N = 3U1 N I1 N = 3U 2 N I 2 N ( 3 ~)

 S N = U 1 N I1 N = U 2 N I 2 N (1 ~)
Frequência estipulada: fN (Hz)

Z1 I1n Z I
Tensão de curtocircuito estipulada: ez (%) ez =× 100% = 2 2n × 100%
U1n U 2n
R I + jX1 I1n R I + jX 2 I 2n
e z = 1 1n × 100% = 2 2n × 100% = er + j e x
U1n U 2n
• A tensão de curtocircuito estipulada é o valor percentual (em relação ao respetivo valor estipulado) da tensão, de
frequência estipulada, que é necessário aplicar a um enrolamento para que nesse enrolamento circule a corrente
estipulada quando o outro se encontra em curtocircuito.
• Esta grandeza mede as quedas de tensão internas do transformador em curtocircuito, sendo diretamente
proporcional à sua impedância (série) interna.

Página 41
TRANSFORMADORES
Principais Valores estipulados (nominais)

Variação de tensão estipulada: ∆UN (%) ∆ % 100%

Razão de transformação estipulada: mN = U1N / U2N = UN.AT / UN.BT


AT- Lado de mais alta tensão; BT Lado de mais baixa tensão

Note Bem:
• U2N é sempre a menor das duas tensões estipuladas, independentemente da função abaixador ou
elevador realmente desempenhada pelo transformador.
• A razão de transformação estipulada (mN) é diferente (ainda que pouco) da razão dos números de
espiras (a) do transformador. Esta última pode ser determinada com bom rigor através do quociente entre as
tensões de um ensaio em vazio: a ≅ U10/U20
• Pode definir-se uma razão de transformação em carga (m = U1/U2), que é variável com a condição
de funcionamento do transformador e é igual ao quociente entre os valores eficazes da tensão de
alimentação e da tensão secundária em carga, como decorre das caraterísticas externas.
• Em transformadores com vários secundários, a soma das potências estipuladas destes totaliza a
potência estipulado do primário, que é a potência estipulada do transformador.

Página 42
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Transformação trifásica

Capítulo 2 – Parte 2
• Transformador trifásico:
o A transformação trifásica: banco versus transformador trifásico.
o Ligações dos enrolamentos, sua referenciação e aplicações.
o Funcionamento em regime sinusoidal simétrico.
o Índices e Grupos horários.
• Funcionamento em paralelo de dois ou mais transformadores
• Efeitos harmónicos em transformadores: corrente em vazio.
• Autotransformadores.
• Transformadores de número de fases.
• Transformadores de medida.

Página 43
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Transformação trifásica

A transformação trifásica pode ser conseguida com:


• Transformador trifásico
• Banco trifásico (de 3 transformadores monofásicos)

Vantagens da unidade trifásica


• Menor peso e volume
• Menor atravancamento
• Maior simplicidade na manobra
Vantagens do Banco trifásico
• Maior facilidade de transporte menor peso e volume por unidade
• Menor preço de troca, por unidade
• Menor preço da reserva (uma unidade trifásica equivalente contra um só transformador
monofásico no caso do banco de unidades monofásicas)
• Menor custo de reparações
• Possibilidade de ligação em V.

Página 44
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Transformação trifásica

BANCO TRIFÁSICO - Ligação em V


UCA
A B C
UAB UBC ESQUEMA DE LIGAÇÕES
• Só 2 transformadores monofásicos com
iguais razões de transformação.
• Se o sistema de tensões no primário for
trifásico simétrico também o será o sistema
de tensões no secundário

Mas …
Uab Ubc
a b c Potência instalada: 2/3 ≅ 0.667 da total
Uca
√3 ≅ 0,577 da total
Potência disponível: 1/√

Potência Total: 3 transformadores


Página 45
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Transformação trifásica

Banco trifásico – Ligação em V


I=√3In Primário Secundário

A
In a
Un
B b

c
C

Ligação Normal
Potência instalada = Potência disponível

I=In
A
In a
Un
B b

c
C
Ligação em V
Potência instalada: 2/3=0,667 da total
Potência disponível: 1/v3=0,577 da total

A ligação em V, desaproveita parte da potência instalada mas


permite uma continuidade de serviço, mesmo em caso de
avaria de um dos transformadores do banco.

Página 46
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Ligações dos enrolamentos

Ligações dos enrolamentos de transformadores trifásicos


• Ligação em ESTRELA (Y ou y):
c/ neutro s/ neutro
( YN ou yn ) ( Y ou y )

• Ligação em TRIÂNGULO (D ou d):

• Ligação em ZIG-ZAG (Z ou z):

c/ neutro s/ neutro
( ZN ou zn ) ( Z ou z )

Referenciação:
As letras maiúsculas usam-se para referir ligações dos enrolamentos do
primário e as minúsculas para as ligações do secundário

POR EXEMPLO:
Dyn transformador com triângulo no primário e estrela com neutro
acessível no secundário.

Página 47
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Ligações dos enrolamentos

COMPARAÇÃO DAS LIGAÇÕES


Considerando iguais densidades de correntes:
• As ligações em estrela e em triângulo usam iguais volumes
de cobre. A estrela com menor comprimento e maior secção; o
triângulo, o inverso.
• A ligação em zig-zag gasta mais cobre em relação às
anteriores (+15%)

Maior secção ⇒ maior preço (desvantagem para a ligação em Y)


Maior secção ⇒ maior robustez mecânica (vantagem da ligação Y)

Assim, usa-se …
• Ligação zig-zag só para tensões nominais abaixo de 500V,
tipicamente em enrolamentos de BT de alguns
transformadores de distribuição e bobinas de reatância.
• Ligação em estrela é preferida para tensões nominais acima
de cerca de 20kV, por implicar menor tensão por
enrolamento (a tensão simples).
• Para as restantes situações, as ligações em estrela e em
triângulo são indiferentes, mas:
o Ligação em triângulo é preferida para enrolamentos de potência
elevada e tensões moderadas (grandes correntes nominais) já
que a menor corrente por enrolamento (√√3 vezes menor que a
corrente de linha) pode permitir menor secção e menor preço do
cobre do enrolamento.

Página 48
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Funcionamento em regime sinusoidal simétrico

Análise de funcionamento:
• Análise por fase, recorrendo aos modelos definidos para o
transformador monofásico.
• As tensões participantes no modelo são fase-neutro (tensões
simples) e as correntes são nas linhas.
• Adaptar expressões a trifásico, mormente as de potência: 3
vezes a potência monofásica por fase.
• Triângulos: redução Triângulo Estrela equivalente.

Caraterísticas de funcionamento:
• Em tudo idênticas às estabelecidas para monofásico.

Ensaios económicos:
• Idênticos aos de transformadores monofásicos, neles se
medem tensões (simples ou compostas), corrente nas linhas de
alimentação e potências totais - exigem o uso aparelhos em
número apropriado.
• Determinação de parâmetros: procedimento idêntico, com a
salvaguarda de, nas expressões estabelecidas, as tensões
serem por fase (tensões simples), as correntes serem na linha e
as potências serem 1/3 das potências trifásicas.

Referência de grandezas entre enrolamentos:


• Deve usar-se a razão de números de espiras equivalente (a) em
vez da razão de números de espiras real (N1/N2):
Ambos os enrolamento em Y ou D: a = N1/N2 (≅ m)
Primário em Y e secundário em D: a = √3 × N1/N2 (≅ m)
Primário em D e secundário em Y: a = (1/√3) × N1/N2 (≅ m)

Página 49
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Índices e Grupos Horários

POLARIDADE DE UM ENROLAMENTO

• Caraterística que exprime a dependência do sentido da f.e.m.


em relação ao fluxo que o gera.
• Convencionalmente, a f.e.m. é marcada através de uma seta
(por exemplo, apontando do terminal de Neutro para o de
Fase).

• •
E1 E2

• Além da f.e.m., a polaridade pode ser identificada através, por


exemplo, de um ponto colocado junto ao terminal de maior
potencial, tal como na figura acima.
• Dois terminais são da mesma polaridade ou homólogos
quando estiverem igualmente situados em relação ao sentido
positivo da f.e.m. num e noutro enrolamento.

2 enrolamentos que se encontrem numa mesma coluna de


um circuito magnético (isto é, que são influenciados pelo
mesmo fluxo) têm:
• mesma polaridade, se forem bobinados no mesmo sentido
• polaridades opostas, no caso contrário.

Página 50
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Índices e Grupos Horários
DESVIO ANGULAR: Desfasamento, medido em atraso, entre os fasores
representativos das tensões entre o ponto neutro (real ou fictício) e os
terminais homólogos de dois enrolamentos, quando se supõe aplicado aos
terminais de mais alta tensão um sistema de tensões trifásico direto com a
sequência alfabética desses terminais se eles forem designados por letras, ou
na sequência numérica se designados por números.

Ou, mais claro: desfasamento em atraso entre a tensão simples (real ou


fictícia) do enrolamento de mais baixa tensão e a tensão simples
(real ou fictícia) da mesma fase do enrolamento de alta tensão.

• Dado que os valores possíveis daquele esfasamento são sempre


múltiplos de 30°, se se tomar a referência de fases na vertical e
apontando para cima (fixação do fasor tensão simples do enrolamento
de alta), é possível estabelecer uma relação entre a posição do fasor
representativo da tensão simples do terminal homólogo do
enrolamento de baixa tensão com as horas num relógio analógico.
Fala-se, assim, em ÍNDICE HORÁRIO.
• Por exemplo, se o fasor representativo da tensão simples do terminal
homólogo do enrolamento de baixa tensão apresentar um atraso de
120° em relação aquele referencial, dir-se-á que a ligação do
transformador apresentará um índice horário 4.
• Teoricamente, podem ser considerados 12 índices horários
numerados de 0 a 11. Mas os índices 3 e 9 não são viáveis/possíveis.

• Os índices horários podem ser reunidos em 4 GRUPOS HORÁRIOS:


Grupo I: Índices horários 0, 4 e 8
Grupo II: Índices horários 2, 6 e 10
Grupo III: Índices horários 1 e 5
Grupo IV: Índices horários 7 e 11

Página 51
TRANSFORMADOR TRIFÁSICO
Índices e Grupos Horários
DETERMINAÇÃO DO INDICE HORÁRIO
Representação dos enrolamentos (exemplo de ligação Dy)
I i

II ii Dy11

III iii

PRIMÁRIO SECUNDÁRIO
• Representar ligações dos enrolamentos: primário à esquerda e
secundário à direita, com os terminais do lado esquerdo (a representação
pode ser feira na vertical, com o enrolamento primário por cima).
• Marcar os terminais acessíveis e numerá-los (maiúsculas para primário e
minúsculas para secundário, como figura ou letras ABC/abc).
• Notar que as tensões (e as f.e.m.) nos enrolamentos primário e
secundário da mesma coluna têm a mesma fase se os seus terminais
homólogos forem ambos de entrada, estando em oposição de fase se
um for de entrada e outro de saída (adaptar para ligação zig-zag).
• Fazer a representação dos fasores das tensões primárias de modo a
que a tensão simples (real ou fictícia) correspondente à fase I aponte
para as 12 horas.
• A partir desse referencial e atendendo ao critério de fases indicado
anteriormente, representar os fasores das tensões secundárias
(compostas ou simples) e definir o fasor tensão simples (real ou
fictícia) da fase i secundária.
• O índice horário é calculado dividindo o esfasamento em atraso entre
os fasores das tensões simples das fases I e i, primária e secundária,
respectivamente.
De acordo com estas regras, o índice horário correspondente à
ligação Dy acima representada será o 11, ou seja, a ligação é Dy11.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Corrente em vazio e suas consequências

Transformador Monofásico

u1(t) ≅ - e1(t) = N1 ( dΦ (t) / dt )


u1(t) sinusoidal Φ (t) sinusoidal (aprox.)

i Φ(t)

A componente de
excitação iH(t), da
corrente em vazio i0(t),
não pode ser sinusoidal
devido à sua relação com
o fluxo magnético não
ser linear.
IH(t)

Logo i0(t) também não


é sinusoidal.

Página 53
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Corrente em vazio e suas consequências
Φ
≅ → ≅ Φ
Φ

Fluxo é sinusoidal e está atrasado de aprox. 90°


em relação à tensão primária.

A corrente em vazio é a soma de duas


componentes:
Corrente de excitação (representada na figura anterior) [ iH(t) ]
• É influenciada pela saturação e pela histerese magnéticas
Componente de Histerese
• Extremos coincidem com os do fluxo.
• Não é sinusoidal
• Inclui uma componente principal que é destinada a criar o campo
magnético e outra destinada a alimentar as às perdas por histerese
• Está fortemente atrasada em relação à tensão.

Corrente de perdas por correntes de Foucault [ iF(t) ]


• É sinusoidal e encontra-se em fase com a tensão de alimentação pois
representa uma potência ativa (perdas).

A corrente em vazio:
• Não é sinusoidal
• Está fortemente atrasada em relação à tensão
• Só contém termos harmónicos ímpares, o mais
importante dos quais é o 3.º HARMÓNICO
• Distorção aumenta com a saturação
• Fluxo e corrente não podem ser
simultaneamente sinusoidais.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Corrente em vazio e suas consequências
CONSEQUÊNCIAS DA CORRENTE EM VAZIO
Em transformadores MONOFÁSICOS
• O termo harmónico de 3ª ordem da corrente em vazio (bem
como os termos restantes, aliás) deve existir para que o fluxo
magnético seja sinusoidal. Ele circula nas linhas de
alimentação.
• Se o fluxo for sinusodal, a f.e.m. induzida no secundário
também o será, tal como a tensão secundária.
• A corrente em vazio tem, em relação à corrente de carga
(primária e secundária), valores muito baixos (<<5%).
• Em transformadores monofásicos, a distorção harmónica da
corrente em vazio não cria problemas especiais além de uma
fraca poluição harmónica na corrente dos circuitos a
montante.

NOTAS:
1. Decorre do antecedente que, no circuito equivalente de um
transformador, a representação da corrente em vazio é
feita de uma forma aproximada, através de uma sinusóide
equivalente cujo valor eficaz é I0.
2. No circuito equivalente, esta corrente I0 é decomposta nas
componentes activa (Ia) e magnetizante (Im), que não
correspondem, diretamente, às componentes de histerese
de correntes de Foucault, antes citadas.

Página 55
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Corrente em vazio e suas consequências
Em transformadores TRIFÁSICOS
• O harmónico de 3ª ordem constitui um sistema sinfásico de
correntes, isto é, as correntes de tripla frequência estão em
fase nas três fases do sistema.
• Esse 3º harmónico só poderá circular nas linhas de
alimentação se existir condutor de neutro - ligações de
enrolamentos em estrela com neutro acessível.
• Ele também pode circular no “interior” de uma associação de
enrolamentos em triângulo.
• Quando existe neutro, a corrente de tripla frequência no neutro
é a soma da corrente de tripla nas três fases
intensidade 3 vezes superior!

• A circulação de um sistema sinfásico de


correntes nos enrolamentos cria um
sistema sinfásico de fluxos nos núcleos
magnéticos respetivos, isto é, cria um
sistema de fluxos (de tripla frequência) que
estão em fase nas três colunas do
circuito magnético.
Em núcleos couraçados estes fluxos circulam sem
oposição, porque existem 2 colunas de retorno (baixa relutância)
entre as travessas superior e inferior do circuito magnético.

Em núcleos de colunas são muito atenuados pois têm que


se fechar pelo ar (grande relutância), entre as travessas superior e
inferior.

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TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Corrente em vazio e suas consequências
IMPLICAÇÕES
Primários em estrela com neutro: uma componente de 3ª ordem
(150Hz) circulará no neutro das linhas de alimentação do
transformador, onde se adicionarão as componentes das 3 fases.
Este facto não prejudica o funcionamento do transformador mas
pode originar interferência eletromagnética com equipamentos (de
comunicações, por exemplo) que se situem na vizinhança do
circuito de alimentação do transformador.
YNy, YNyn, YNd, YNz e YNzn.

Primários em triângulo: uma componente de 3ª ordem circulará no


triângulo primário sem afetar as linhas de alimentação (embora
possa afetar, ligeiramente, as tensões secundárias devido a
quedas de tensão. O transformador terá um funcionamento sem
problemas.
Dy, Dyn, Dd, Dz e Dzn.

Primários em estrela sem neutro: não poderá circular a corrente de


tripla frequência, pelo que o fluxo magnético no transformador só
será sinusoidal se uma componente de 3ª ordem puder circular no
enrolamento secundário Yyn, Yd e Yzn.
Na ligação Yy, o fluxo magnético conterá um 3º harmónico e as
tensões simples secundárias também. Em consequência, surgirão
dois fenómenos no secundário:
(i) as tensões simples serão maiores que as tensões compostas
(que não se alteram) a dividir por raiz de 3
(ii) dar-se-á o fenómeno de flutuação de neutro (potencial
variável em relação à terra).
Estes fenómenos podem ser agravados por eventuais efeitos de
ressonância associados à ligação à terra dos transformadores,
tornando-se potencialmente perigosos.

Página 57
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Corrente em vazio e suas consequências
MELHORIA DO DESEMPENHO DA LIGAÇÃO Yy

1. Se for adicionado um ENROLAMENTO TERCIÁRIO (sempre


ligado em triângulo) em transformadores trifásicos e em
bancos de transformadores.

Enrolamento Enrolamento Enrolamento


primário terciário secundário
O enrolamento terciário permite a circulação do 3.º harmónico da
corrente em vazio (tal como numa ligação Yd):
O fluxo magnético no núcleo será sinusoidal.
As tensões no secundário serão sinusoidais.
O enrolamento terciário pode ser utilizado para alimentar pequenas
cargas, como os serviços auxiliares de uma central ou subestação.
O SEU USO BENEFICIA AINDA O FUNCIONAMENTO COM CARGAS
DESEQUILIBRADAS, SOBRETUDO NA LIGAÇÃO Yyn.

2. Se o núcleo do transformador for de colunas.


Neste caso, a elevada relutância que terá que ser vencida pela
componente homopolar do fluxo magnético (trajeto entre as travessas
superior e inferior, feito por fora do núcleo) limita muito essa mesma
componente e garante que as tensões simples no secundário não
possuam, praticamente, o termo indesejável de 3ª ordem.

Página 58
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Domínios de aplicação das ligações trifásicas

Ligação YNyn: Pouco usada pelos efeitos harmónicos

Ligação Yyn: Saída de centrais


Grandes substações
Não aconselhável se fortes desequilíbrios de carga

Ligação Dyn: A mais usada em PT´s


Triângulo do lado MT
Neutro secundário ligado à terra
Saída de centrais
Triângulo lado do gerador
Geralmente com neutro à terra

Ligação Yd: Substações de interface Transporte-Distribuição


Estrela do lado AT com neutro à terra
Triângulo a alimentar rede (aérea ou de cabos)

Ligação Yzn: PT´s até cerca de 100 kVA


Quando se prevêem fortes desequilíbrios de carga

Ligação Dd: Certos postos de transformação privados, a


alimentar circuitos de força motriz

Restantes ligações: Não utilizadas.

Página 59
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Autotransformador
PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO (1~)
(autotransformador ideal)
F.e.m. por espira :
I1
Φ/dt)
Eesp = - (dΦ
I2 F.e.m. por
enrolamento :
U1 E1 = N1× Eesp
N1 esp.
I3 U2 E2 = N2× Eesp
N2 esp.
E1/ E2 = N1/ N2
a = N 1 / N2

F.m.m.:
(N1-N2)I1 = N2× I3
× I1
⇒ I3 = (a-1)×
Repare-se que:
E1/ E2 = N1/ N2 × I1
I2 = I1 + I3 = a×
U1/ U2 = m = a
I1/ I2 = 1/m = 1/a
…. tal como acontece
num transformador convencional
(embora as grandezas primárias e secundárias estejam em fase)!

No autotransformador real, m = U1/ U2 ≈ a

Página 60
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Autotransformador
Potência transferida para o secundário:
S2 = U 2 × I 2*
= U2 × I1* + U2 × I3*
×S2 + (a-1)/a×
= 1/a× ×S2 = Scond + Sind

• Parte por condução (Scond) e parte por indução (Sind)


• Se a<2, a maior parte é por condução: Scond > Sind

Corrente nos enrolamentos:


• Na parte não comum (N1–N2 espiras): I1N
• Na parte comum (N2 espiras): I3N = (a-1).I1N
• O autotransformador, além de ter um só enrolamento
com N1 espiras, numa porção dele terá um
dimensionamento com secção para I3n,
• Se a<2, essa parte, com N2 espiras terá secção menor .

Isolamento do enrolamento:
• Todo para a tensão mais elevada.

Circuito magnético: mais leve


• Para iguais Uesp, será idêntico ao de um transformador
poupando-se, contudo, por via do menor volume de
enrolamentos, que exige menores comprimentos de
ferro.

Página 61
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Autotransformador
COMPARAÇÃO COM UM TRANSFORMADOR
(em igualdade de potências)
Vantagens:
• Menor peso e volume.
• Menor preço.
• Maior rendimento.
• Menor corrente de magnetização.
• Menores variações de tensão em carga (devido à impedância
combinada de fugas ser mais baixa).

Inconvenientes:
• Falta de Isolamento eléctrico entre alta e baixa tensão
• Maiores correntes de curtocircuito (resultante da menor
impedância combinada de fugas).

INTERESSE DO AUTOTRANSFORMADOR
• Na versão VARIAC, para aplicações laboratoriais.
• No restante, só para razões de transformação baixas,
habitualmente não mais de 2 (pois acentuam-se os ganhos e
mitigam-se os inconvenientes anteriores).

SÍMBOLOS (1~):

Página 62
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Autotransformador

LIGAÇÕES TRIFÁSICAS
A B C
A B C A

a b
c

C
B
TRIÂNGULO a b c
a b c

ESTRELA ZIGUE-ZAGUE

A A B C

C b
c
a b c
B
LIGAÇÃO EM V
Variante de usa 2
TRIÂNGULO autotransformadores
monofásicos

Página 63
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Transformadores de número de fases
Transformação TRI-HEXAFÁSICA
A B C Secundário em A
DUPLA ESTRELA
1
C PRIMÁRIO
B
1 3 5 6 2

n
n

3
5

4 6 2
4
A B C
A
6 1

C PRIMÁRIO
B
1 3 5
5 n 2

4 3
Note-se o desfasamento de 30° introduzido
4 6 2 pela ligação primária em triângulo em relação
à ligação de cima, em estrela.

Página 64
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Transformadores de número de fases
Secundário em
DUPLO TRIÂNGULO A
A B C 1

C PRIMÁRIO
B

1 3 5
d1

A B C
d2

A
4 6 2
1 2
y1
C PRIMÁRIO B
1

y2 y1 6 5
y2

n
3 4 y3

Secundário em n
y3
TRIPLA ESTRELA

Página 65
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Transformadores de número de fases
Transformação TRI-DODECAFÁSICA

A B C

1 5 9 2 6 10

7 11 3 8 12 4

1
12 2

11 3

10 n 4

5
9

8
6
7

Página 66
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Transformadores de número de fases
Transformação TRI-DIFÁSICA:
LIGAÇÃO SCOTT ou Ligação em T

C B A
UAB=UX -UBM
N1 / 2 esp.

UBM UX
M
N1 esp. • • N’1 esp.
T2 T1
N2 esp. • •
N2 esp.
a2 = N1/N2 a1 = N’1/N2

U2.T2 U2.T1

A
U2.T1 em fase com -UX
U2.T2 em fase com -UBM
UAB=UX -UBM (ou com UBC)

UX

M UBM U2.T2
C B
Primário
U2.T1
Secundário

3 Sistema difásico
N' 1 = N1 U2.T1 = U2.T1 simétrico
2

A ligação SCOTT está presente na alimentação de catenárias, em tração elétrica.

Página 67
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Transformadores de medida

APLICAÇÕES e EXIGÊNCIAS
• Em sistemas de medida, os transformadores de
medida servem como interface entre a grandeza a
medir e o equipamento de medida.
• Estes aparelhos também são usados em sistemas de
controlo, na aquisição de grandezas eléctricas.
• O seu interesse resulta da possibilidade de
economizar (e estandardizar) a aparelhagem de
medida, bem como da exigência de segurança que
certos sistemas e regulamentos obrigam (tensões
perigosas).
• A estes aparelhos, exige-se:
o razão de transformaçãoem carga pouco variável,
o desfasamentos mínimos entre as grandezas primária e
secundária
o linearidade.

TIPOS / FUNÇÕES
• Transformadores de Intensidade (ou de corrente) - TI
Usado na aquisição de intensidades de corrente

• Transformadores de Tensão (ou de Potencial) – TT


Usado na aquisições de tensões

Página 68
TRANSFORMADORES ELÉTRICOS
Transformadores de medida

SIMBOLOS E LIGAÇÕES

Transformador de Intensidade
TI I TI I TI
100/5A 100/5A 100/5A
Cl. 0,5 Cl. 0,5 I Cl. 0,5

Para um Amperímetro ou bobina amperimétrica de um wattímetro ou


contador de energia, p.ex.

Transformador de Tensão
U

TT TT TT
15000/110V 15000/110V 15000/110V
Cl. 0,5 Cl. 0,5 Cl. 0,5

Para um voltímetro ou bobina voltimétrica de um wattímetro ou contador


de energia, por exemplo.

Página 69
TRANSFORMADORES ELÉCTRICOS
Transformadores de medida

CARATERIZAÇÃO
• Razão de transformação
I 1n U 1n
TI: kn = TT: kn =
I 2n U 2n

• Classe de precisão
TI: 0,1 – 0,2 – 0,5 – 1 – 3 – 5
TT: 0,1 – 0,2 – 0,3 – 1 – 3

• Potência de precisão
TI: 2,5 – 5 – 5 – 10 – 15 – 30 (VA)
TT: 10 – 25 – 50 – 100 – 200 – 500 (VA)

• Grandezas nominais secundárias


TI: 1 – 2 – 5 (A)
TT: 100 – 110 (V)

• Erros de medida
• Fruto das suas “imperfeições”, os transformadores de
medida introduzem erros de medida.
Erro de amplitude
Erro de fase (medido em minutos de grau)

• Os erros afetam a precisão da medida, o último


exclusivamente na medida de potência e de energia.

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