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A Tragédia Pequeno-Burguesa Num Palco Da Broadway - Fundamentos 15 - 1950
A Tragédia Pequeno-Burguesa Num Palco Da Broadway - Fundamentos 15 - 1950
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CONTRIBUIÇÃO AO III CONGRES- i.°) Os contos deverão constituir uma contribuição à luta pela paz e pela
SO DOS ESCRITORES — João interdição das armas atômicas.
Palma Neto 20
2.°) Os originais devem ser datilografados em 3 vias, com dois espaços, e
APRO.. .fundamentos — Barão de Ita- ser enviados à redação de FUNDAMENTOS até 30 de setembro p. fu-
raré .... 22 turo. Não deverão ultrapassar 10 laudas, formato oficio.
? A TRAGÉDIA PEQUENO-BURGUESA
NUM PALCO DA BRODWAY — 3.°) Os trabalhos devem ser assinados com pseudônimo. Em envelope à
Jacob Gorender 23 parte, fechado, que acompanhará os originais, e só será aberto após o
julgamento, o autor deverá fornecer o seu nome, o seu pseudônimo
ÇIPRIANO BARATA, JORNALISTA e o titulo do conto para a identificação futura.
POLÍTICO — Fernando Segis-
muncto ^3: 4.°) Êste concurso está aberto não só. aos escritores profissionais, como a
[RADENTES — Diego Pires de Cam- toda e qualquer pessoa que a êle queira concorrer.
5.°) Será concedido um único prêmio de Cr. 10.000,00 ao conto que obtiver
MISTIFICAÇÃO E PLANO MAR- o 1.° lugar.
SHALL — Carlos Frederico 29 6.°) Serão concedidas MENÇÕES HONROSAS aos contos classificados em
NOTÁVEIS PROGRESSOS DA MEDI- 2.° e 3.° lugares e os mesmos serão ilustrados, e publicados em FUN-
CINA SOVIÉTICA — Ivan Kocher- DAMENTOS.
guin 31 x 7.°) FUNDAMENTOS terá o direito, sem qualquer outra remuneração, de
VOS SÁBIOS ENTRE OS LOUCOS — publicar todo e qualquer conto que entrar em concurso. Os originais
Mareei Cachin 31 não serão devolvidos. •" ¦ •:
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>iretor responsável: Rui Barbosa Cardoso, A SERVIÇO DA PAZ
PONHA SUA INTELIGÊNCIA
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tedáção e Administração: Rua Barão de CONCORRENDO A ÊSTE HONROSO PRÊMIO LITERÁRIO
JtCmpetiwmga 275 - 9S - S. 96 - São Paulo
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À CRUZADA HUMANITÁRIA
Os diretores, redatores e auxiliares de admi- Comitê Mundial dos Partidários da Paz, em sua
"FUNDAMENTOS", cumprindo o Terceira Reunião Plenária de Estocolmo, e assim
nistração de
seu dever de cidadãos para com a humanidade, redigido:
subscrevem integralmente o apelo lançado pelo
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atômicas e para a caracterização como criminoso o denominador comum da união dos homens e ir
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de guerra aquele governo que primeiro fizer uso mulheres de todas as crenças, religiões, ideologias,
do bombardeio atômico. , raças, e convicções políticas. k ¦v. V/i
E' grande a responsabilidade dos intelectuais A Assembléia Geral da ONU, compreendendo ¦'•y-'4'y
nesse 'amplo movimento de opinião que visa o o papel decisivo que representa a arma nuclear
banimento do uso das armas de reação nuclear, no problema guerra e paz, aprovou em 24 de
janeiro e 14 de dezembro de 1946 uma indicação
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porque foram os intelectuais de vanguarda de
Zi/f-T.
todo mundo, representados no memorável Con- no sentido da interdição da bomba atômica, pro-
gresso de Wroclaw, no outono de 1948, que inau- pondo que o Conselho de Segurança estabelecesse
um sistema capaz de garantir a proibição de uso
guraram a jornada mundial dos Partidários da da energia atômica para fins de guerra estabele-
Paz, agora em pleno desenvolvimento, depois de
marcar suas etapas mais vigorosas com o Pri- cendo-se para isto uma fiscalização internacional
meiro Congresso Mundial de Paris, com o Con- à altura da sua finalidade. A ONU não conse- 1
guiu, porém, sair do impasse criado no problema m
gresso Continental do México e inúmeros outros dos
congressos nacionais, a que têm estado sempre que, por isto mesmo, foi colocado nas mãos, ¦$9
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hoje que
presentes os escritores, artistas e cientistas de povos. E toda a humanidade constata
todos os recantos da terra, numa demonstração o seu destino se encontra diante do dilema: a paz •¦'? •*
bem nítida do sentido de responsabilidade dos ou a guerra, e que o cerne da questão é a bomba 7
*
mica, passo decisivo para a preservação da paz sencadear uma nova guerra.
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sileiros, ao tomarem essa tão memorável resolução, Colocada a questão assim nestes seus justos
que uma nova guerra ameaçaria os fundamentos termos, não se pergunta com quem está o cidadão,
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da própria civilização, porque todos os povos porque isto seria trabalho diversionista. Pergun-
passariam a ser alvos de bomardeio atômico, de- ta-se apenas a cada um: Sois pela vida ou pela
pois que a bomba atômica deixou de ser mono- morte? Pelo massacre atômico ou contra êle?
pólio de um só país, os Estados Unidos. As convicções de quantos respondem — pela vida,
Maio-Junko 1950
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contra a bomba atômica — podem coexistir num a virem cumprir esse dever de honra, e manifesta
mundo de paz. As convicções dos que respon- a sua firme confiança na atitude de luta pela
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dem — pela morte, pela guerra atômica — de- paz de todos os escritores, artistas, cientistas, es-
nunciam a sua origem criminosa de reacionário tudantes, mulheres, jovens e do povo em geral,
fascista e não encontram repercussão no coração na certeza de que todos saberão responder à per-
generoso dos povos. gunta de todo dia, com concretos resultados po-
sitivos: — Quantas assinaturas você já colheu
Dentro dessa compreensão e do sentido dessa contra a bomba atômica? — Quantos coletores
responsabilidade, é que as figuras mais expressi- de assinaturas você conseguiu entre os seus amigos
vas de todos os setores, intelectual, artístico, ci- e conhecidos?
entífico, universitário, trabalhadores, escritores, A grande Gruzada Humanitária pela interdi-
pastores de todas as crenças, militares, mulheres ção da arma atômica vai lançando todos os ho-
e crianças, vêm engrossando o caudal de assina- mens e mulheres numa renhida emulação na co-
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' turas de apoio ao pronunciamento de interdição leta de assinaturas do Apelo de Estocolmo, emu-
da bomba atômica. lação essa que terá por certo grandes participantes
"FUNDAMENTOS" concita todos os intelec- entre os intelectuais e universitários, dispostos a
tuais que ainda não deram seu apoio e sua'ajuda superar as marcas dos maiores coletores que
ao movimento pró interdição da bomba atòniica operam em todos os setores.
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Do romancista José Lins do Rego: «Sou contra a bomba Do escritor Aníbal Machado: «Da bomba atômica só po-
atômica como arma de destruição em massa de homens, mu- dera resultar a destruição de centros de cultura e progresso,
lheres e crianças, porque sou contra tudo que aparece contra um verdadeiro flagelo para a humanidade. E' de toda ur-
o homem e suas liberdades. Sou contra a bomba atômica
como sou contra o câncer, a lepra, a morféia. Aplicá-la para gência que se chegue, na ONU ou por outro meio quatquer, à
interdição das armas atômicas. Que nenhum dos paises que
fins de guerra e destruição é um crime imperdoável contra a as possuem chegue a tomar a iniciativa macabra de utilizá-las
humanidade.»
contra populações -civis inteiras, como meio de agressão e
• aniquilamento, seja de que nação fôr. Essa é uma daquelas
Do poeta Jorge de Lima: «Acho que a bomba atômica idéias que só podem unir o mundo inteiro.»
deve ser destruída eomo tudo que é mau.»
4 Fundamentos
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damente ou nâo. O que acho hoje, como cristão, é que nin- Resposta — «Julgaria esse governo indigno de pertencer .4,'t
guém deve jogar bomba atômica em ninguém.» à comunhão das nações civilizadas. O mínimo que lhe devia
acontecer era o fuzilamento de todos os seus membros.»
pregada para fins de guerra? zado em esca^ crescente para impedir que a humanidade seja : "Al
Resposta — Não. Para caracterizar a selvageria da nossa mergulhada numa guerra. '¦
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época basta o bombardeio aéreo. E' o seguinte o texto da declaração: -
2) Sabendo-se que os gases asfixiantes e processos quími- «Colocando-nos acima dos pontos de vista de cada um a
cos foram proibidos pelas organizações internacionais por respeito das origens da atual ameaça de extermínio que pesa
visarem a destruição indiscriminada de bens e pessoas, não sôbre a humanidade;
lhe parece que a bomba atômica, arma, também, de destruição Com a consciência que temos das tradições pacifistas do
indiscriminada, deve ser proibida conforme recomenda a Cruz povo brasileiro e de seus anseios de justiça e bem-estar;
e
Vermelha Internacional em sua reunião de Genebra? Movidos pelo dever de preservar a vida humana e os va-
Resposta — «Sem dúvida que sim. Tudo quanto vise a lor es espirituais e materiais da civilização —
destruição indeterminada de bens e pessoas deve ser eliminado Concitamos os brasileiros de boa vontade a subscreverem
dentre os engenhos de guerra. Não sendo possível abolir a e conosco apoiarem a seguinte:
própria guerra, urge que a façamos cada vez menos de-
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sumana.» DECLARAÇÃO
8) Diante do clamor popular contra a bomba atômica e do
fato de representar esta um perigo de extermínio para toda Somos pela proibição da bomba atômica, arma de des-
a humanidade, como V. Excia. julgaria o governo que em truição indiscriminada e maciça das populações.
primeiro lugar utilizasse esse engenho de morte contra qual- Reclamamos o controle internacional rigoroso dessa prol-
quer outro país? bicão a fim de torná-la efetiva.
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Maio-Junho 1950
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Condenaremos como criminoso de lesa-humanidade o go- de Pernambuco. Ernâni Graeff, chefe do secretariado da
vêrno que primeiro utilizar a bomba atômica, não importa União Estadual dos Estudantes do Bio Grande do Sul. Neri-
contra qual país. deus Brasil, representante do B. G. do Norte no Conselho
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r':-M^ Queremos que os responsáveis pelos destinos das nações
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Nacional dos Estudantes. Bomeu Silva Sofarini, representante
promovam o entendimento e a coexistência pacífica entre elas, dn São Paulo no Conselho Nacional dos Estudantes. Salomão
realizando, assim, o ideal de Paz de todos os povos. Malina, ex-combatente da FEB e membro do Conselho da Fe-
Senador Matias Olímpio, presidente do Centro de Estudos deração Mundial da Juventude Democrática».
e Defesa do Petrólio e da Economia Nacional. Deputado
Gurgel do Amaral, lider do Partido Trabalhista Brasileiro na
Câmara Federal. Deputado Campos Vergai, lider do Partido A PALAVBA DO PRESIDENTE DA CBUZ VEBMELHA
Social Progressista na C. Federal. Deputado Benicio Fonte- BRASILEIRA CONDENANDO A BOMBA ATÔMICA
nelle. . Deputado Ferreira Lima. Deputado Pedro Pomar. ' r*".'
Deputado José Leomil. Deputado Deodoro Mendonça. Dr. O Dr. Vivaldo Lima Filho, presidente da Cruz Vermelha
Neves-Manta, professor da Faculdade Nacional de Medicina e Brasileira, teve oportunidade de manifestar a condenação ao
diretor da «Imprensa Médica». Dr. Couto e Silva, professor uso da arma atômica, aumentando assim com a sua autori-
da Faculdade de Medicina. Dr. Pedro Pernambuco Filho, zada palavra a repercussão do grande movimento humani-
r professor da Faculdade Nacional de Medicina e representante tário que empolga todos os países, com o objetivo de se banir
da América Latina na Seção de Combate aos Tóxicos da
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esse tenebroso engenho de destruição em massa.
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UNESCO. Dr. Odilon Batista. Dr. Jaime Leite Guimarães. Dr. Perguntado se o apelo do Comitê Internacional da Cruz
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«Samuel Kanitz. Dr. Cleto Seabra Veloso, nutrólogo e escritor. Vermelha, feito de sua sede em Genebra, Suíça, deveria ser
p * Evandro Lins e Silva, criminalista. Sinval Palmeira, advogado.
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Cia Leme Ferreira Comissária Exportadores Sy A 59.902.466,50 8.689.759,20
Mãlão Nogueira - Comissários 10.568.410,30 40^.940.942,80
- Comissária Exportadora .... 51.509.353,10
Almeida Prado S/A 40.967.541,70 7.841.124,80 33.126.416,90
S/A ...
Alves Ribeiro — Comissários Exportadores 39.023.490,50 10.496.954,50 28.526.536,00 ^>~J$mm
Rosato S/A - Comissária e Exportadora
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Das cento e tantas casas comissárias e exportadoras lanços e verificar-se-á o quantum espantoso dos juros e des-
existentes em Santos, apenas 87 se acham mencionadas contos pagos. Não é pois sem razão que um dos Bancos
acima, pois só elas publicaram seus balanços até a data de locais — o Banco Brasileiro de Descontos — declarou em
coligarmos esses dados. Entretanto, somente elas realiza- seu relatório de 1949: **
ram 525 milhões de cruzeiros de lucros líquidos confessados. "Forçoso será afirmar que o semestre último
No quadro não estão incluídas algumas das maiores firmas
comissárias exportadoras de Santos, estas de nacionalidade foi excepcional para o Banco. Estivemos apare-
americana, como a American Coffee Corporation (versão lhados para desfrutar com vantagem o surto de
sul-americana do poderoso Truste Atlantic & Pacific) que prosperidade decorrente dos ótimos preços alcan-
1--
exportou o ano passado 1.005.300 sacas de café, e a Hard, çados pelo nosso principal produto, cujos , reflexos
Rand Oo. que exportou 704.619 sacas, donde é perfeitamente foram sensíveis em tôdas as esferas de atividade."
lícito calcular que os proventos realizados com a alta do café O Banco do Comércio e Indústria de São Paulo — hoje
na praça de Santos foram pelo menos o dobro desta impor- o maior e mais próspero banco particular do Estado — dis-
tancia, ultrapassando a casa de 1 bilhão de cruzeiros. Há tribuiu (como outros Bancos, aliás) dividendos de 12% mais
mesmo quem fale num lucro total, entre Santos e Rio de Ja- uma bonificação de 4 cruzeiros por ação de 200 cruzeiros,
neiro, de 1 e meio a 2 bilhões de cinzeiros, incluindo as dando-âe ainda recentemente à liberalidade de conceder um*a
especulações nos mercados a termo de Santos, Rio e Nova nova bonificação por motivo do seu 60.° aniversário. O seu
York. Como 429c das exportações pelo porto de Santos se relatório do ano findo é um hmo entusiástico de louvor
processam por intermédio de firmas americanas. pode-<e con- à política cafeeira do governo, cuja história traça minucio-
cluir que a atual alta do café beneficiou, em primeiro lugar, samente. Esse entusiasmo é tanto mais compreensível quan-
aos próprios norte-americanos, que dominam o comércio de to se sabe que diretores desse Banco atuaram como inter-
café na de Santos e em grande parte das zonas pro-
praça
falemos dos lucros es- mediários em alsruns empréstimos estrangeiros feitos paTa
dutoras. Isto aqui no Brasil. Não a política de valorização do café.
pantosos realizados nos Estados Unidos pela Atlantic & Devemos ainda assinalar que, além dos comissários-
Pacific, Hard, Rand & Co., Leon Israel & Co. e outros impor-
banqueiros e dos comissários-fazendeiros-banqueiros, existe
tadores, que aproveitaram em' cheio a alta repentina veri- um grupo anreciável de grandes fazendeiros associados de
ficada, dobrando os milhões de dólares que já habitualmente firmas comissárias e exportadoras de Santos, que, devido a
realizam em condições normais. essa condição, também se lavaram em áenia de rosas com a
Beneficiaram-se em seguida os banqueiros. Os relato- presente alta. Citamos, para exemplo, alguns casos: a firma
rios dos nossos grandes bancos transbordam de satisfação Alves, Ribeiro (lucro líquido de 33 milhões), é composta de
com a alta do café, que defendem calorosamente como um cafeicultores do sul de Minas; a firma Figueiredo, Lima &
trí fenômeno justo e que se impunha em* face da situação em Cia. Ltda. (balanço não publicado) tem como principais só-
que se encontrava a lavoura. O que os referidos relatórios cios alguns dos maiores fazendeiros da zona de Mocóca; os
não dizem é quem foram os grandes beneficiários da alta. sócios da firma Junqueira Netto & Cia., uma das níaiores e
para cuja prosperidade o povo está pagando hoje café a 27 mais antigas de Santos, são grandes fazendeiros e latifun-
cruzeiros o quilo. Esses beneficiários são justamente aquê- diários na zona de Ribeirão Preto; a firma Moura Andrade
les que nada têm a ver com as dificuldades pelas quais a & Cia., a que pertence o udenista Auro Soares de Moura
lavoura atravessa, principalmente a pequena lavoura, aquela Andrade, é a latifundiária de Andradina, possuindo milhões
que não está ligada a Bancos nem é sócia de casas comissá- de cafeeiros no Norte do Paraná; Max Wirth S/A, é firma
rias e exportadoras de Santos. Muito pelo contrário, os de pronriedade do conhecido nazista e magnata internacional
favorecidos são os que vivem à custa da lavoura e mais uma aMx Wirth, que já em 1931 possuía patrimônio de terras
vez, nesta emergência, realizam os lucros que deveriam caber calculado em 300 milhões de cruzeiros, na Alta Paulista,^ na
à lavoura e principalmente ao trabalhador agrícola que, êste, Noroeste e no Norte do Paraná. Achamos dispensável
Tive na miséria costumeira. prosseguir na enumeração. Todavia, de passagem, convém
registrar que até o próspero Sr. Ademar de Barros, também
Os interesses de banqueiros e comissários, e não raro fazendeiro e dono do Banco do Estado, tem a sua firma de
de grandes fazendeiros e latifundiários, se entrosam. Os café — Comissários e Exportadores Barros S/A — cujo
mesmos homens fazem parte, muitas vezes, de um e outro balanço acusou,um lucro líquido de 6,6 milhões.
grupo. Exemnlifiquemos: O Banco de São Paulo é contro- Com relação ao nosso país param aí os benefícios da
lado pela família Almeida Prado, fazendeiros de café na zona alta do café e na qual, mesmo em nossa terra, os americanos
de Jaú e latifundiários na zona de Araçatuba, donos das
Almeida Prado S/A líquido de 41 tiveram uma grande parte, se não tiveram a parte do leão.
firmas cafeeiras (lucro Mas não aí as vantagens que estes tiveram com a alta,
milhões), Cia. Paulista de Exportação (lucro líquido de 19 param
líquido de 1 sem mesmo nos referirmos aos lucros que sempre o impor-
màlhões) e Almeida Prado, Faria S/A (lucro tador realizou comprando por preço barato a nossa produção
milhão). A esse Banco acha-se ainda estreitamente ligada
a família do "rei do café", Geremia Lunardelli: a firma (e a alta não veio modificar essa situação, pois a diferença
Nicolau Lunardelli S/A (lucro líquido de 20 milhões) tem é sempre descarregada sôbre o consumidor), a qual é reven-
como presidente um Sr. Almeida Prado. A firma JMellão dida por preços incomparavelmente mais caros ao consumi-
Nogueira S/A (lucro líquido de 51 milhões) e o Banco*Bra- dor estrangeiro, no que consiste um dos aspectos coloniais
do nosso comércio externo. Trata-se da disponibilidade em
sileiro para a América do Sul são controlados pelo Sr. João dólares resultantes da alta, que permitirá ao Brasil pagarmos
Mellão. As firmas Vidigal, Prado S/A (lucro líquido de 4 seus débitos nos Estados Unidos. Veja-se a êste respeito
milhões), Leite Barreiros S/A (lucro líquido de 6 milhões) o artigo do "Toledo Blade" de 26 de fevereiro de 1950. ar-
e o Banco Mercantil de São Paulo são dominados nelo conhe-
tigo de Michael Soully, condensado pelo Reader's Digest:
ddo beneficiário do estado-novo, Sr. Gastão Vidigal. A
firma Queiroz Ferreira (balanço não publicado) é dirigida "A
Paulo. perspectiva imediata é esta: enquanto em
por um diretor do Banco do Comércio e Indústria de S. 1948 mandamos para o Sul 672 milhões de dóla-
A firma Barreto Holl & Cia (balanço não publicado) tem res, em 1950 mandaremos 1 bilhão e 200 milhões.
como principal sócio o dono do Banco F. Barreto, que também O Brasil receberá cerca de metade dessa quantia
é proprietário de diversas fazendas em Mocóca. As firmas e a Colômbia pelo menos 250 milhões. Salvador,
Moreira Salles S/A (balanço não publicado) e Comissária,
Guatemala, México, Venezuela, Haiti, Costa Rica,
Exportadora e Importadora União S/A (lucro liquido de 8 República Dominicana, Nicarágua, Equador e Hon-
milhões) pertencem à família do Sr. Walter Moreira Salles, duras também serão beneficiados. Quase todos
que também é diretor do Banco do Brasil. As firmas E. A. esses países estão em grande débito conosco desde
Sodré, e Bandeirantes Comercial S/A (balanços não publi-
cados) são dirigidas, assim conio o Banco Bandeirantes do a guerra e diminuíram suas importações para eco-
Comércio, pelo Sr. Erico Sodré. A Cia. Comercial Paulista nomizar dólares. A conseqüência mínima da nova
de Café e o Banco Noroeste do Estado de São Paulo pertencem renda que vão usufruir será liquidar seus débitos
ao Sr. Wallace Simonsen, que é_ainda representante de ban- e aumentar suas compras nos Estados Unidos."
queiros ingleses (Lazard Brothers & Co.) que nos fizeram E mais adiante:
empréstimos para valorização do café.
Independentemente de tais ligações, foram os Bancos "O Brasil,
por exemplo, já pagou aos expor-
que forneceram os' capitais para a especulação sem prece- tadores americanos 409ó do débito de 1949, de 150
dentes que enriqueceu tanta gente em Santos. Examinem-se milhões de dólares, e a sua renda aumentará de
í' os itens das despesas gerais das firmas que publicaram ba- 300 milhões de dólares por ano."
8 Fundamentos
MOTIVOS DE APREENSÃO de difícil colocação nos Estados Unidos, pela sua baixa qua- ¦í
lidade. E a quem beneficiou a negativa do governo brasi- vt
¦ft • São esses os benefícios da alta, os quais deixam o nosso leiro? Exclusivamente aos Estados Unidos que, por essa '¦V
lavrador e principalmente o nosso trabalhador agrícola na forma, vêem afastada a concorrência da indústria tcheca no
mesma situação. Mas não está fora de conjectura supor mercado brasileiro e afastada a possibilidade da criação de
que satisfeitos todos esses interesses não torne o café a cair, novos mercados para o nosso café, fato que, futuramente,
servindo para isto de pretexto o interesse do consumidor nos libertaria da nossa absoluta subordinação ao mercado
americano, conforme permite supor a campanha iniciada lencano. ¦¦¦¦..
Maio-Juriho 1950
,^
. - A -.
PAPEI E A1MM A D
O nosso trabalho se propõe a trazer Para dar cabo dessa tarefa, é preciso
— êsteé o dever do escritor — conhecer
J AKV B
uma contribuição para superar as des-
'proporções as leis de desenvolvimento social, fazer
que existem entre a intensi-
VV
dade da criação literária e a intensidade sua uma visão científica do mundo, cons-
do trabalho e das transformações que tituída pelos princípios do marxismo-
leninismo. Sem isso, sem essa bússola, zia eu que isso seria decerto me-
ocorrem em. uxío o país. Todos sabemos
¦
lhor para nós, que agiríamos jus-
pode-se vagar e debater, pode-se às vezes
flfc*?-
que hof-e m éia essa distância é grande, tamente, porque a nossa' Polônia
qiE«e jhhs. a imtifsisidade da criação lite- conquistar algumas migalhas da verdade,
mas nunca se conhecerá toda a verdade. terá melhor proveito de melhor
ráiix* *esa fe sm caráter, nem o seu linho, tricoline e batista, e man-
etatoeid* M^l^fe* «wrr^s^p^udem as ne» Deve-se ter ainda em mente, que o
marxismo não se aprende apenas pelos teremos alto o nome de Andry-
cessiéaÈikiS svrèaâs*. .SauWlfeG ainda todos chow".
m«ós QEe a^vMG -íÈeasír* as obras consa- livros, e sim, também, pelas próprias
gradas à «fttvaSniadte f»eca3& p-eío esquema- experiências, pela participação direta e
tismo. pela aràficialiáaáe áa concepção e pessoal na luta cotidiana. O que ressalta dessa carta? E' a
"atitude
das situações e, às vères. pela falta ma- Qual é o eixo da luta de classes na exprime claramente a socialista
nifesta do conhecimento da >ida. nossa etapa? O desalojamento dos ele- diante do trabalho". Essa nova atitude <
Qual o fator mais importante hoje mentos capitalistas e um rápido cresci- refletiu-se vivamente no coração da- ope-
em dia, que se pode tornar alavanca do mento dos elementos socialistas. Qual rária, que agora ama o seu trabalho,
a alavanca desse processo? 1 — Rápida
desenvolvimento da nossa literatura? compreendeu com justeza o sentido da
Parece que só há uma' resposta para industrialização, sobretudo dentro do Pia- brigada de emulação, e orgulha-se por
esta pergunta: no Sexenal, 2 — reestruturação progres- toda Andrychow.
Aprofundamento da atitude marxista siva na agricultura em bases socialistas, Temos também outras formas. Te-
consciente, cada vez mais conseqüente, do e, 3 — revolução cultural. mos o movimento de racionalização, de
escritor, e a sua aproximação com a nova O fundamento de todos os problemas aproveitamento da invenção dos opera-
vida. da nossa vida social é constituído pela rios, tão rica e fecunda.
O que está pesando até hoje na nossa realização dos planos econômicos e a sua
produção artística? alavanca é a emulação socialista do tra-
Não superamos até agora a onipotên- balho, a atitude socialista diante do tra- O SENTIDO MAIS PROFUNDO DA
cia do espontâneo na criação literária. ^ balho. AUTOCRÍTICA
Será suficiente observar apenas, im- Já somos donos de um rico patrimô-
nio constituído pelas transformações da Ao lado das contradições antagôni-
pregnando-se com a vida, absorvendo
a espontaneidade dos acontecimentos consciência operária, e já estamos presen- cas, relacionadas com a luta de classes
sociais? ciando um imponente movimento dos tra- cada vez mais aguda, temos também entre
Deixar de lado os processos espon- balhadores de choque. nós os primeiros embriões de contradições
tâneos na arte, constituiria, é claro, um Com o exemplo dos pedreiros e opera- não antagônicas, dessas contradições que
absurdo. Estes processos afiguram-se rios de construção de Varsovia podemos hoje se encontram na União Soviética. Te-
muito valiosos, mas são insuficientes, e, nós convencer, com nossos próprios olhos, mos a luta contra o atraso da consciên-
IUI * o que é pior, freqüentemente desencami- do quanto eles souberam transformar o cia, a luta contra o desleixo, a rotina, a
nham o autor. seu meio, como mudaram os homens, suas burocracia, uma luta difícil, que devemos
¦iii 7 Sabemos por experiência, sabemos ambições, seus hábitos, como se ampliou ganhar e para a qual dispomos de uma
arma potente, constituída pela crítica e
St'' pelo estudo da literatura dos últimos de- neles a disciplina interior.
cpnios, que uma atração especial, um Não pretendo absolutamente idealiza- pela autocrítica.
encanto particular é oferecido pelos temas los, más trata-se justamente de uma cousa Deve-se frisar que a compreensão des-
que tratam dos lados estranhos da vida, preciosa: do conflito, do choque entre os sa arma não é suficiente entre os escri-
ou seja, da margem da vida mais prò- hábitos de ontem, as más tradições do pas- tores. Ouvem-se às vezes nos meios lite-
priamente do que do seu curso principal. sado com os novos hábitos, apenas nas- rários opiniões que provam uma confusão
O proletariado não tem sido o herói prin- cidos, ainda brote jantes mas dinâmicos, de conceitos, uma identificação da auto-
cipal, o sujeito da criação literária, e, sim, novas tradições, novo orgulho, nova dig- crítica com a autoflagelação, com o exibi-
os grupos sociais na fronteira do lumpen- nidade de trabalhador de choque. cionismo, com algo que rebaixa, ao passo
proletariado. Com freqüência os escrito- ''¦"¦%¦¦ ..- ¦¦
que a crítica e a autocrítica são armas que
res sentem-se atraídos mais pela patolo- destroem -os traços maus — a inveja, a
A CARTA DE MARIA ZYWIOL, UMA presunção, o narcisismo, libertando os me-
gia da vida do que pelo seu lado são, EXPRESSÃO DA NOVA ATITUDE
excitando-se com o cheiro podre da vida lhores traços da natureza humana. $
SOCIALISTA DIANTE DO TRABALHO Em que consiste a emulação socialista?
que se vai.
Ora, não se trata de uma observação Não devemos confundi-la com a concor-
Quero citar um exemplo, que chegou rencia capitalista, com a rivalidade do
insensível do curso elerno da vida. Trata-
¦ <¦¦'"¦
i* -'77
guarda, o papel do partido da classe — suja, mal lavada, esfomeada e Este é o sentido mais profundo da
operária, o papel de homens novos e maltrapilha Amo o meu traba- autocrítica, este é o sentido mais profun-
vivos* que crescem nessa luta. São justa- lho como a um filho. do da emulação e este o liame org: nico
mente os que sabem aplicar na sua ativi- Insisti, portanto, parn que for- que as une. A obtenção dos melhores
dade criadora o realismo socialista. máisemos uma dessas brigadas. Dt- resultados de trabalho é uma autocrítica
10 Fundamentos
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x-~i-4lÊÊ£ma\à' .
to, como são grandes as massas postas contradições e antagonismos muitas vezes ano 1950 e que atingem quase duas mil
em movimento, quanta invenção preciosa, ocultos e acelerou o processo de matura- cooperativas.
quanta iniciativa humana, quantos talen- ção da luta de classes. Também a ação
tos liberta o novo regime social. de compra dos cereais teve grande signi- Esse movimento está ganhando em ex-
pansão. Sabemos que para garantir o
ÍÈÊ&ÈÊè seu aprofundamento devem-se ampliar os ¦rS,
elos de ação proletária, operária, deve-se
fortalecer a união entre a classe opera-
I ¦'¦'if4sm
ria e a vanguarda camponesa.
Daí resulta a importância dos Centros
de Maquinaria Agrícola do Estado (CMAE), ¦rí
Maio-Jtinho 1950 11
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Fundamentos
12
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D E ENERGIA ELÉTRICA
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Aqueles que acompanham de longa os desejos e ambições da Light, que, CATULO BRANCO
data o desenvolvimento econômico ue após 25 anos de desenvolvimento,
nosso pias, ainda se lembrarão, torço- montou unidades no Cubatão que
samente, da crise sem precedentes correspondem a pouco mais de 50%
ocorrida na industria elétrica em S. da potência total então concedida. a Sorocabana, para finalmente propor
Paulo, em 192o. O pretexto íoi, então, Tal não se deu. A Cia. que, diante ao Governo, como compensação, o
a seca e também o surto rápido de das conseqüências da crise, havia direito de poder lançar o Paraíba
progresso; argumentos estes, apresen- obtido com tanta facilidade as cq$- no Tietê. *
tados apenas para confundir incautos; cessões de todas as possibilidades A denúncia oficial de tais latos
do Alto Tietê, voltou suas vistas es*caiiuaiosos pos em uuicinuaue a
pois bem sanemos que uma granuea cubiçosas para outro grande manan-
empresa dispõe de estatísticas que pronta reauzaçao uos desejos da m
orientam, nao só quanto à previsão ciai das vizinhanças da Capital — i^ignt. im ivóó, estudos toiy-
de progresso de consumo, como quan- o das possibilidades de transborda- gráficos e inurológicos da re-
to à ocorrência de seccas normais mento do rio Paraíba em Caragua- ^«.o vieram reveiar, nao so o aosuruo .Vi
ou excepcionais, aquelas que pro- tatuba — cuja potência é da ordem uô peuiuo, uma vez que as águas do
movem os ebamados minimos-mi de 1.000.000 de C.V., e cuja montagem raraiba estavam duzentos metros
minimorum da vazáo dos rios, ele- exige obras civis de muito menor abaixo das uo juetê, como tambem a
mento este fundamental para o pro- porte do que as que se tornaram e^s tencia ue situação topogiauca
jeto das usinas. necessárias à montagem da usina do ,,.:remamente; lavoravel ao íança-
O município da Capital e suas Cubatão. Acresce ainda que o desvio xiicdtò do .Paraíba serra abaixo, cum
circunvizinnanças eram então supridos do Paraíba dispensa usinas de re- jjussioiliuade para montagem ae ...
pelas usinas Hidroelétricas de £>o- calque, enquanto que o desvio das x.ouü.uuu ae l,. V. em uma usina
rocaba e Parnaloa, cuja potência águas do Tietê é feito através de próxima a Caraguatatuba. Ksxa usina
somava 90.000 kw., e uma usina duas usinas elevadoras do canal do v.ra ainda resolver um probuema
termoelétrica de emergência, aoca- rio Pinheiros, o que encarece de muito muito senüdo em todo o Vaie do
lizada na rua Paula Sousa, com po- o preço da energia em alta tensão. A Paraíba, o da regularização da vazão,
tencia de 3.000 kw. usina em Caraguatatuba era, portanto, „>xianüo enchentes que são granue-
A ocorrência da crise de 1925 trouxe concorrente perigosa; vejamos quais mente desfavoráveis a agricultura.
enorme perturbação ao consumo em as manobras que desenvolveu a Light •
13
Maio-Junho 1950
_____
kA ,
/ MWBgij^«W»3»«ffi^.- arrasa
¦
ET " anos. Ê ainda interessante observar A ATUAL CRISE DE ENERGIA zer que jamais se forneceu a
^Y
que a Light cumprisse obrigatória- ELÉTRICA uma potência estrangeira maior
:: que, com a primeira crise de energia, No desenvolvimento desta política soma de informações sobre as
¦,F. obteve a Light as concessões do Alto
ck- restrição de energia elétrica, com nossas dificuldades, sobre as
fe
'
¦*.
Tietê e, com a segunda, a do Alto
o objetivo primordial de impedir o nossas deficiências e necessi-
€¥-' Paraíba. dades mais prementes de toda
desenvolvimento das indústrias bási-
em*, nosso país, freqüentemente outros a espécie sem que daí resultasse
setores do consumo têm sido atingidos. qualquer vantagem."
PROJETOS ECONOMICAMENTE
i :
Foi o que se verificou na crise de
ERRADOS 1925, com enormes prejuízos ocorri- E no mesmo trabalho, vemos à
dos em nossa pequena indústria, e é pag. 12 que, de 1940 a 1948, enquanto
Esta revista, em seu ri.0 14, já o que presentemente está ocorrendo o consumo aumentou de 179%, a
abordou um assunto, ao qual se deve frente à atual crise, cuja justificação potência instalada aumentou de ape-
aqui fazer referência. E' o fato da apresentada* ao público pela Light nas 18%.
Light sempre projetar usinas, em que baseia-se, ora no crescimento muito E como sabe a Cia. que da restri-
ka água passa por bombeamentos su- rápido do consumo, ora em secas ção do produto só pode resultar au-
cessivos ante de poder ser usada no muito pronunciadas. mento de seu preço, vai logo reivin-
Evidentemente dicando novas tarifas com aumento
desnível útil para a produção da ener- não iremos admitir, que uma grande
de preço que por vezes chega a 300%,
gia. Assim é na usina do Cubatão, e velha empresa argumente com a
como é o caso da calefação, cujas ta-
em que passam as águas primeira- falta de previsão do aumento de
mente por duas usinas de bombea- consumo; e quanto ao outro argu- rifas são regulamentadas pela Portaria
n.° 187, assinada pelo Ministro da
mento no canal do rio Pinheiros; mento, o das secas, foi inteiramente Agricultura — Sr. Daniel de Carvalho
assim é também no caso de Barra contesíado com as cheias excepcionais — que, sem qualquer cerimônia, de-
do Piraí, em que as águas passam de todos os rios. clara no preâmbulo desta mesma
por duas usinas de bombeamento; O que aqui convém assinalar, é que Portaria, desconhecer o elemento fun-
assim também no aproveitamento do a Cia. havia sido seriamente advertida damental para o estabelecimento
baixo Tietê, em que a usina de pelos engenheiros das Repartições de tarifas — o Capital da Light —
Parnaíba será transformada em usina Públicas, já em 1942, quando para o não obstante os enormes aumentos ali
de bombeamento; e assim também no Brasil veio a Comissão chefiada pelo impostos ao público.
proposto lançamento do Paraíba no cidadão americano chamado Morris Este último agravamento da crise
Tietê com elevação de 200 metros em Cook. deste produto básico — a energia
usinas de bombeamento. Naquele Sobre este assunto encontramos no elétrica — ocasiona enormes danos à
artigo ficou bem demonstrado o obje- trabalho do engenheiro Plínio Branco nossa população. As conseqüências
tivo imperialista de semelhantes — "Crise de Energia Elétrica e Au
principais do racionamento poderão
erros que visam impedir o desen- mento de Tarifas" — à pag. 35• ser assim resumidamente discrimi-
volvimento das indústrias eletroqui- "Tendo em vista nadas:
"dossier" com o imenso
micas em nosso pais, indústrias estas
que daqui par-
que não suportam tarifas elevadas tiu o Sr. Morris Cook, de a) Paralisação do progresso in-
acima de certo limite. volta à sua terra, podemos di- dustrial — impossibilidade de
QU
No Parlamento italiano, por duas vezes, o nome de Ke-
rênski foi evocado pelos dirigentes da Democracia cristã,
os quais, diante da oposição que reclama respeito às leis e
uma politica de reformas sociais, faziam entender que, se o
governo nada concede a este respeito é porque quer ser um
governo forte, quer evitar de seguir as pegadas do homem
de Estado russo que precisamente pelas suas fraquezas em
frente do movimento revolucionário, teria aberto o caminho
à revolução bolchevista e assegurado o seu triunfo. Os di-
PALMIRO TOGLIATTI
rigentes demo-cristãos que assim se expressam sobre Kerêns-
ki podem ser desculpados. A sua cultura histórica é limitada.
Não se lhes pode exigir que estejam perfeitamente informa- aliados, da ofensiva nas frentes orientais que custou ao
dos sobre o modo como se desenrolaram os fatos nó período russo rios de sangue. A ofensiva foi precedida e seguida,povo
compreendido entre março e outubro de 1917, na Rússia. em todo o exército, de uma violenta ação repressiva do mo-
Êlesjião podem, portanto, fazer mais do que repetir uma ,
opinião que os historiadores recusam, mas que nem por isso vimento dos comitês dos soldados com o escopo de restabele-
deixa de circular em toda a literatura política burguesa, cer a antiga disciplina. Por obra de Kerênski introduziu-se
nesse sentido. Esta opinião, porém, é substancialmente falsa. de novo no exército, como medida disciplinar largamente
E' falso admitir que Alexandre Kerênski, que esteve no usada para estrangular o movimento revolucionário, a pena
poder, primeiro como ministro de diferentes pastas, e depois de morte. Kerênski estava no poder quando foi afogada em
como chefe de governo, nos últimos meses de sobrevivência sangue a manifestação popular organizada em Petrogrado
na Rússia do regime capitalista, tenha sido um homem de no mês de julho pelos bolchevistas. Foi êle quem mandou
governo "fraco", no sentido que vulgarmente se atribui a destacamentos da polícia reacionária atirar, naquela ocasião,
este termo, e no sentido subentendido por aqueles que es- contra os operários. Foi êle quem, depois da manifestação
m conjurando-o, lhe citam o nome. Lénin, com muita justeza de julho, dissolveu a Guarda Vermelha e iniciou a perseguição
definiu Kerênski como um agente ativo do imperialismo e contra o movimento dos Sovietes e contra o Partido Comu-
da contra-revolução, um serviçal das classes reacionárias/ nista, apoiando-se para isso na organização dos oficiais con-
Kerênski pôs a serviço desta sua função uma teatralidade e tra-revolucionários. A direção do Partido Comunista foi
uma retórica de baixa qualidade, como o poderiam fazer, perseguida e acusada, tanto que, por decisão do Comitê Cen-
por exemplo,.um Sforza ou um Pacciardi, e também um trai, Lénin foi obrigada a afastar-se de Petrogrado e a viver
Scelba; prestou-se por conseguinte ao ridículo, mas a subs-
tancia dessa sua ação foi uma luta sem distinção contra o clandestinamente longe da cidade, até o dia da insurreição.
movimento revolucionário dirigido pelos comunistas. Os bandos de tipo fascista que então começavam a formar-se,
estipendiados pela burguesia reacionária para esmagar a re-
>zY-\' Basta recordar os fatos. Na primavera de 1917, coube volução, foram efetivamente apoiados pelo governo de Ke-
a Kerênski, que era então ministro da guerra e da marinha, rênski, sendo verdade que este não esteve em condições de
o desencadeamento, por ordem dos governos imperialistas dos fazer nada por ocasião do golpe de mão do general Kórnilov,
14 Fundamentos
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serem montadas novas fábricas denominação de-"Empresas Elétricas Mas, para execução deste processo,
— diminuição das horas de Brasileiras." Da mesma forma, a tornar-se-ia necessária a fiscalização
trabalho na indústria. Light adquiria tôdas as empresas das empresas especialmente em sua
existentes na região da Estraua de contabilidade e, para isto, era de suma i
b) Desemprego. Ferro Central do Brasil e lutava por importância a fixação do capital des-
c) Montagem de caldeiras e moto- se apossar de todos os mananciais pendido no empreendimento.
res de explosão, onde houver hidroelétricos da região. Decorridos alguns anos, em 1934,
necessidade de mais força mo- Foi tão pronunciada a operação estes princípios tomavam base legal
triz. econômica, que chamou a atenção de no Código cie Águas. Passados, po-
d) em decorrência, elevação' do muita gente, desenvolvendo-se, em rém, alguns anos, as duas maiores
preço de instalação industrial e nosso meio social, a discussão e o empresas do Brasil — Light e Em-
aumento dos preços dos pro- estudo do assunto. Entre os traba- presas Elétricas Brasileiras (Bond
dutos. lhos mais notáveis aparecidos então, and Share) — nem ao menos reco-
e) aumento do consumo de óleo, achava-se o do Professor Anhaia nheciam valor legal ao Código de
gasolina e carvão e conseqüente "Serviços de Águas e, só após 4 a 5 anos, é que
Mello em seu livro
agravamento do nosso déficit Utilidade Pública", repositório de pre- a Light apresentava os documentos ÍS.J
no comércio exterior. ciosas informações que até hoje muito preliminares exigidos pelo Código (o
f) aumento do consumo de '— lenha nos auxiliam no estudo do problema. chamado manifesto.) i
e carvão de madeira e A sua tese fundamental era a de As cartas enviadas pelo General
conseqüente desmatação, ero- que êste serviço de utilidade pública, juarez Távòra ao Congresso Federal
são e empobrecimento da terra. o de produção da energia elétrica, vieram documentar de forma irre-
g) agravação das dificuldades de era realmente um monopólio, princi- futável: a) que a Light havia des-
transporte, suprimento de água pio êste aceito, aliás, por todos os respeitado as leis do País; b) qfue
e conseqüente encarecimento grandes juristas norte-americanos. apossado ilegal-
a Light se havia "Societé
da grande maioria das utili- Aceita a idéia do monopólio, decorre :*híe do acervo da Anonyme
dades, e mais o estabelecimento a da fixação do preço da energia, du Gaz"; c) q^ie a Light havia agido
de verdadeiro câmbio negro na na base de seu custo (isto é, in- junto aos poderes públicos para im-
obtenção de futuras ligações de cluindo tôdas as despesas). Não se pedir a construção da usina do Salto,
luz e força. poderia mais aceitar a teoria do agindo por métodos üicitos, conse-
'"valor do serviço", difundida até guindo inclusive o desvio de docúmen-
^
A LEGISLAÇÃO FISCAL EM NOSSO hoje pelas empresas, e de acôrdo íos oficiais.
PAIS com a qual o preço é uma função da Não obstante todos estes fatos,
necessidade do consumidor. agressivos agentes do imperialis-
Há cêrcà de 20 anos aportou no Após muitas discussões sôbre o mo norte-americano continuam a se
Estado de São Pa"ulo, a Bond and assunto, à grande maioria das pes- apresentar em nosso pais, pleiteando
Share e, a toque de caixa, adquiriu soas, apresentou-se, como uma idéia modificações em nossas leis que per-
"monopólio de mitam maiores facilidades, e amplas
quase tôdas as empresas de supri- evidente, a do
mento de energia elétrica do interior, fato", decorrente dai a necessidade liberdades de ação ao capital estran- JK
formando um empreendimento que da fiscalização e da prestação de geiro. Não só em Congressos^ pa- ?2
"serviços tronais nacionais, como o de Araxá,
pelo preço de custo.
5Í
passaria a funcionar sob a agradável
mm
E i
golpe êste que se não obteve êxito, se deve exclusivamente bolchevistas, conseguiu apoderar-se de todo o país e organi- "
üs
à resistência do povo, guiado pelos bolchevistas. zá-lo em condições tais que o habilitaram a rechaçar o ataque :U-~ri
E' absurdo, pois, apresentar Kerênski como um ministro armado dos governos da Entente e a insurreição das classes
que houvesse pecado pela
"fraqueza", isto é, que em lugar reacionárias. Onde está a diferença e, portanto, quais forani
de servir-se da força armada com finalidades repressivas, as verdadeiras causas da derrocada de Kerênski, de seu go-
tivesse feito compromisso com a vanguarda da revolução, vêrno e do regime que êle defendia? A diferença está no
naufrágio. A repressão de-
provocando assim seu próprio "socialista" fato de que a crise aberta pela guerra imperialista e ir rom-
sencadeada e dirigida por êste marca Noske, foi pida com a Revolução de Março havia colocado na ordem do
sem dúvida mais ampla e mais cruel, do que a praticada dia do país alguns píroblemas vitais, que não podiam ser
pelo regime fascista e por Mussolini nos anos que precederam protelados, mas, ao contrário, era necessário resolvê-los a
o 25 de julho de 1943. Não obstante isso, Kerênski foi ba- qualquer custo, de tal forma que, não somente surgia como
tido, esmagado, arrastado pela revolução bolchevista, obri- um imperativo da situação objetiva, mas se impunha como
gado a fugir da Rússia vestido de mulher, entre os apupos uma necessidade à consciência das grandes massas da * popu-
e a maldição do povo. Seu exemplo, não deveria portanto lação. Tomemos alguns exemplos desses problemas vitais:
ser citado mais precisamente para demonstrar que, em de- o da paz, o da terra, e o da criação de uma nova administra-
terminadas circunstâncias históricas o recurso à força brutal, ção do país. Para salvar-se a si mesmo da catástrofe o
à repressão sanguinolenta, ao emprego de força armada po- povo russo teve necessidade antes de tudo de sair da gueira,
licial contra o movimento popular, etc, são expedientes que de fazer a paz a qualquer preço. Esta era uma necessidade i
não servem absolutamente para salvar regimes afinal desti- objetiva e ao mesmo tempo, a aspiração ou melhor, a vontade
nados a desaparecer. Seu exemplo, não deveria por conse- precisa da parte ativa da nação: operários, soldados, campo-
guinte, reforçar a convicção de que não é na ausência de neses. Era preciso resolver a questão saindo da guerra, ou
violência e brutalidade na repressão do movimento popular então ser arrastado por ela. E assim, impunha-se dar a
que deve ser procurada a causa do fracasso destes regimes, terra aos camponeses, se se queria de igual modo resolver
mas em uma direção completamente oposta? um problema inderrogável, encaminhando a maior parte do
As condições da Rússia em 1917 eram profundamente povo para um trabalho produtivo. Precisava-se livrar a Rús-
diversas da dos países capitalistas nos dias de hoje. A sia de todas as sobrevivências da velha burocracia czaristae
guerra, as derrotas, a má administração a corrupção^ tinham criar novos órgãos de governo que extraísse sua própria
criado condições de extrema desordem. Em condições aná- força do povo, constituindo-se a base de um sólido poder.
logas, ou melhor, em circunstâncias ainda piores, depois da A "fraqueza" de Kerênski não consistiu em não saber atirar ã
3 Revolução de Outubro, o governo soviético, dirigido pelos sobre o povo e dar caça aos comunistas, mas em não ter
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15
Maio-Junho 1950
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como em todas ase reuniões feitas feridas exclusivamente a brasileiros; de nitrato e fosfatos — podere-
sob a direção dos grandes repre- c) o da exigência de maioria de dire- mos nós ter esperanças de ver
sentantes do capital estrangeiro, tais tores brasileiros e mínimo de dois a política de nosso pais orientar-
como Abbink — Kennan — Miller terços de engenheiros e três quartos se neste sentido e opôr-se ao interesse
e Kemper, exigências claras e po- de operários brasileiros, nas em- imperialista de poderosas forças eco-
sitivas têm sido feitas no sentido presas de serviços públicos. nômicas que sòlidamente se aninha-
de que: a) plenas garantias sejam Felizmente, porém, os aconteci- ram em nosso meio social e econó-
dadas contra a encampação; b) garan- mentos têm ultimamente conduzido mico? Poderá tudo isto ser realizado
tias e privilégios relativos à tribu- ao desmascaramento das manobras em país, onde empresas estrangeiras
tação; c) garantias de que os lucros imperialistas, tendentes a destruir as e imperialistas são detentoras de con-
possam sempre ser transferidos para bases legais dos princípios acima cessões para o uso dos rios?
o país de origem do capital; d) ga- expostos. Evidentemente tal não é possível.
rantias de disponibilidade de cam- E foi por isto que, ao estudar o pro-
biais para a retirada de juros e lu- blema do reerguimento do Vale do
cros; e) nenhuma discriminação con- O FUTURO DA INDÚSTRIA ELÉ- Paraíba, a nossa bancada, a bancada
rí>
tra diretores e técnicos estrangeiros. TRICAEM NOSSO PAÍS comunista, declarava em conclusão na
^ São estas, exigências que, se satisfei- Os fatos aqui apontados; as acusa- Assembléia Legislativa Estadual em
tas, nos levarão à dependência eco- soes do General Juarez à Light, acusa- 1947:
nômica integral. A concessões des-
ta natureza se referiu o Presidente ções estas confirmadas pela Assem- " .. ,é que só conseguiremos
bléia Federal; o caso do escabroso afastar as dificuldades legais e
Wilson, declarando que conduziam empréstimo feito à Light; e o agrava-
a uma situação intolerável. o desenvolvimento do Vale do
mento da situação desta indústria, nos Paraíba, com a encampação da
Para que tais exigências sejam esclarecem a ação imperialista desta
satisfeitas, nceessário se torna a anu- Light; e, para isto, precisamos
empresa e a contradição, profunda
lação de diversas leis do país e, entre entre os seus interesses de lucro promover a preparação finan-
estas, com especialidade, o Código ceira. Nada deveremos esperar
e as necessidadesx de progresso de de uma empresa que, em 1947,
de Águas. Assim se explica a cam- nosso país.
panha «sistemátida q|ue, de alguns toma atitude absolutamente
Não temos dúvidas, porém, que idêntica à de 1930, isto é, obs-
meses para cá, vemos desenvolverem caminhamos rapidamente para a uni-
contra tal lei — jornais da imprensa truindo a possibilidade do de-
ficação de todas as empresas de ener- senvolvimento através de subtis
mais reacionária, revistas técnicas e
comentários sobre convênios e con- gia elétrica em* mãos do Estado; é pedidos de concessão. Esta
esta, na hora atual, uma operação im-
gressos semelhantes ao realizado pelas, empresa nos seus atuais funda-
organizações patronais em Araxá. prescindível ao progresso. Nesta épo- mentos, já chegou à sua etapa
ca, em que compreendemos toda a ne- A
O que exigem os cavalheiros que cessidade indiscutível de ver reali- final de desenvolvimento.
escrevem nestes periódicos é invarià- zadas obra progressistas para conser- única saida para uma nova
1 velmente a modificação do Código de vação do solo, através de represa- etapa de desenvolvimento em
Águas e isto, porque este Código deu mento de rios, através de barragens que se promova o reerguimento
fundamento legal a vários princípios e usinas — águas regularizadas — do Vale dó Paraíba, será aquela
altamente interessantes para a defesa campos irrigados — produção de que corresponde ao afastamento
K,'< da economia do nosso pais, entre os energia elétrica farta e barata — do maior antagonismo a este
quais: a) o do custo histórico para desenvolvimento1 das indúsMas reerguimento: será a de encam-
fcü 1 o capital; b) o das concessões con- eletroquímicas, especialmente as pação da Light.
sabido reconhecer, enfrentar e resolver radicalmente estes feitas pela União Soviética. A fraternidade de classe pre-
"fraqueza" nele, valece sobre a razão. Em nome desta fraternidade o impe-
problemas da vida nacional. Mas, esta
era orgânica, insuperável e incorrigível. De fato, êle estava rialismo norte-americano a todofe arrasta a uma política de
no governo em nome e em função de grupos sociais incapa- guerra em que se exaurem as riquezas e a tranqüilidade das
zes pela sua própria natureza de resolver estes problemas. nações.
Não podia dar a paz à Rússia porque era o agente dos im- De nada serve despertar- a atenção para as questões
perialistas estrangeiros e dos militaristas indígenas. Não vitais que surgem da realidade da vida do nosso país, s.
podia dar a terra aos camponeses, porque se apoiava nos necessidade de profundas transformações sociais para ini-
capitalistas e nos financistas que não queriam saber de me- ciar uma renovação. O velho grupo dirigente privilegiado
dida revolucionária, nem mesmo de reforma agrária decente. fêz do atual partido de governo o seu partido, assimilou-lhe
Não podia criar novo poder democrático porque o separava os quadros, sem permitir afastar-se da. velha política de de-
do povo toda a sua orientação política contra-revolucionária. fesa da ordem constituída.
Poderá servir para alguma coisa havermos recordado
estes elementos de fato aos chefes da democracia cristã que De nada serve apontar a generosidade e a sabedoria
tanto medo têm de se parecerem, pela sua "fraqueza", ao com as quais os partidos avançados da classe operária, cons-
Kerênski que não conseguiu impedir o triunfo da Revolução cientes de sua força quanto de suas necessidades objetivas,
de Outubro? Não o cremos, porque estes chefes, em ver- se desdobram para que a sociedade italiana se renove se-
dade, tal como aconteceu há trinta e dois anos a Kerênski, guindo a estrada menos dolorosa, que importe menos riscos
longe de se orientarem ^segundo as lições dos fatos, ou por e menos sacrifícios. As velhas forças reacionárias, empe-
um raciocínio, ou para as objetivas necessidades da vida nacio- nhadas na defesa obstinada dos seus privilégios a qualquer
nal, obedecem a um complexo de interesses e de sentimentos preço, reexumaram do pútrido lodaçal fascista o anticomu-
nismo como amálgama "ideal" do bloco criado para esta
que são depois de tudo, neles e para eles, mais fortes do
que qualquer raciocínio. ^ defesa. A Igreja Católica aspergiu-a com água benta. Inú-
De nada serve evocar neste segundo após guerra euro- til pois, raciocinar, demonstrar, procurar convencer. És um
peu, que deveria ser chamado a confirmar nos fatos, em bolchevista! És um ser infernal, és um homem dotado de
toda a Europa; a condenação do capitalismo egoísta e expio- rabo e três narinas. Seja confiada à física violência da
"Célere" o aniqüilamento das tuas razões!
rador, provocador de miséria e de guerra, amadurecida afinal
na consciência de milhões e milhões de homens. Da forta- Quem, pois, faz o papel de Kerênski, nesta situação?
leza capitalista sobrevivente nos Estados Unidos veio a pa- São aqueles que ignorando ou desprezando as necessidades
lavra de ordem de salvar a qualquer custo o caoitalismo, vitais da nação, do povo, da Europa e do mundo inteiro no
na vã tentativa de fazer retroceder a roda da história, e momento presente, tentam em vão impedir o curso dos
ei-los todos entregues a esta obra, com seu plano Marshall, acontecimentos, obstruir aquela marcha para a renovação
com seus absurdos e ridículos "volta ao liberalismo", mas que é imposta pelas coisas e pela consciência dos homens.
em verdade com o sacrifício real dos interesses populares e Ê, não importa que eles também, a exemplo de Kerênski,
da possibilidade de construção de um mundo renovado. lancem anátemas, ameacem, recorram à violência, persigam
De nada serve proclamar a absoluta necessidade de paz e matem. Isto, quando muito, serve para tornar ainda mais
da Europa e do mundo, a vontade de paz dos povos, as con- inevitáveis as soluções que com o recurso à violência eles
cretas propostas de permanente colaboração internacional pretendem esconjurar.
16 Fundamentos
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7
LEMBRAI Ç A S .M
•:
No catálogo dos poetas paulistanos aqueles que tinham retrato no Almanaque AFONSO SCHMIDT
do começo deste século não se deve omi- de Lembranças". Conheci-o já aos cin-
y
tir o nome de Artur Goulart. Seria des- qüenta e muitos janeiros. Alto, grisalho, 0.
7
marcada injustiça. Não digo que êle tivesse cara rapada — o que não era comum na-
coisa, o que não acontecia comigo. Lia
escrito obra de polpai ou deixado tra- quele tempo — sobrecasaca preta, chapéu todos os jornais, estava a par do movi- m
dição de genialidade, mas venceu galhar- mole de largas abas, pince-nez de ouro
com, um cordão de seda negra preso à mento literário no País e no mundo, cor-
damente no mundo das letras, criando
lapela. Passava as tardes a remexer nas es- respondia-se com pessoas residentes em
e mantendo um» alarido ensurdecedor à outros Estados. E residia com a familia no
.
volta do seu nome. Nutria sincero amor lantes das livrarias, cortejado pelos cai-
subúrbio.
pela literatura e o seu sentimento era xeiros e fregueses, distribuindo frases si-
bilinas. São Paulo inteiro conhecia e apre- Tanto me convidou para almoçar
tanto mais respeitável quanto os seus de-
ciava esses dois homens de letras. com êle que um dia aceitei.
tratores, assaz numerosos, afirmavam de
Artur Goulart sentia sincera admi- — É fácil — explicou-me, você toma
pés juntos tratar-se de um amor não cor- o trem, desce em Todos os Santos, toma
respondido. ração por Francisco Gaspar. Francisco
Com tenacidade a toda prova, êle Gaspar, por seu lado, retribuía largamen- a rua fronteira e logo encontra a nossa
te o sentimento do ilustre amigo. Tanto casa.
nunca se deu por vencido. Escrevia. Es- Domingo está bem?
crevia sempre. Prosa, verso, critica, ensaio, assim que, todos os anos, Gaspar publi-
teatro, artigos de jornal e, principalmente, cava uma "plaquette" sôbre Goulart. Domingo. Não falte.
livros didáticos, nos quais desasnou-se E Goulart, para corresponder a esse ato No/ domingo seguinte, apeei em
"plaquette" sôbre
toda uma geração. Aquela geração que, de justiça, dava uma Todos os Santos e ao deixar a estação
se não fêz esbórnias de talento, pelo menos Gaspar. Eram, pois, literatos à conta in- tomei a rua indicada. Já não lembro o
teira. E deram côr ao seu tempo. Por isso, V«s
não desmereceu das anteriores, nem das número que êle me deu. Era um chalé
que se lhes seguiram. Nas festas escola- aqui lhes consagro um pensamento de côr de ora com duas ianelas azuis. Entra-
res de fim de ano letivo, o nome de simpatia e uma florzinha roxa a que, na- va-se pelo portãozinho ao lado. Seguia-
Artur Goulart brilhava, dos programas es- quele tempo, se dava o lindo nome de se um muro descarnado. Sôbre êle, es-
. .**.*.?
i
colares constavam peças teatrais, poesias, saudade... piavam as bananeiras, os mamoeiros, os
monólogos, diálogos e discursos saídos de nes de re^edá. Bati no portão. Uma
sua pena prolífica. senhora apareceu na janela.
Cá fora, porém, êle não encontrava a
LIMA BARRETO —One despia? m
mesma unanimidade admirativa. Lembro Sou amigo do Lima Barreto, "fale
Francisco de Assis Camargo, escritor
de três ou quatro jornalistas de 1906 ou está?
carioca, está escrevendo a biografia do 0"pr»rlo o senhor encontrou com
1907 que, uns por bom, outros por mau
romansista Lima Barreto. Por intermédio
humor, encontravam na literatura de <->]<-. ifijo í-lfírnn vp*7r
**f*íp,!-|
de Edgar4 Leuenroth, pediu-me que lem-
Artur Goulart um alvo propício a mofinas TTq n*n«- orií-tm dias.
brasse os meus encontros com o grande \7, *~o
e verrinas. E< êle, firme, topava a parada. — Poi< at- Kriv* amrecen
boêmio. Para falar a verdade, tais encon-
Rebentavam as polêmicas. Engalfinhavam- em r^sa: riamos rom çindãdò
tros não foram numerosos.
se nas colunas dos jornais. Por isso, o seu Cnnvírlnn-rne nara entoar. Se o Lima
Ali por 1918 ou 1919 eu dirigia a Barreto tinha marrado enrontro para aouê- .*â
nome esteve sempre em evidência. Foi, "Voz do Povo", diário da manha, com '
>j*F
durante vinte anos pelo menos, um es- le día, talvez n^o demorasse "a chegar.
escritório à Rua da Constituição n.° 12. Mns eu preferi desnedn--me. tomar o su-
critor negado, afirmado, discutido, com a
De quando em quando, ia à Associação biirbio e voltar para a cidade. Logn depois,
sua turma de partidários recrutados dentro
Brasileira de Imprensa, que, nos seus pri-
e fora do território conflagrado das a situação do país esourecen Ti-re de
meiros tempos, estava instalada à Rua
letras... r*pivpr o iornal e regressar a São Paul*"*.
13 de Maio, num casarão baixo e escuro. Anni. rhegpu-me f-ts mãos umf1 car^a de
A verdade, entretanto, é que Arthur Lá havia um salão com máouinas de es-
Goulart tinha mérito, se não o valor imen- Lima Barreto. Ainda tenho de cor as
crever e uma pequena biblioteca, com
so que êle próprio se atribuía, pelo menos livros de consulta. Ali eu me encontrava primeiras palavras:
"Meu caro Xará. — Trato-o de xará ¦\.
talento, amor à literatura e uma bondade com diversos colegas, entre os quais Odu-
oue o levou a amparar incinientes plumi- valdo Viana, redator de
"A Noite" e
já porcme, não »co*i se vo^ê sabe, eu também
tivos. tanto de São Paulo, como de outros me r^amo Afonso. . ."
autor de revistas e oneretas. O-nr-l'-' pnrWn r-q-H-n? Seria difíKl,
M
RcfWdos. Sua facção não era talvez a mais es-"-*.
Um día saindo em companhia de assim do
brilhante, mas era com certeza a mais impossível mesmo, encontrá-la
Orl-ivnl^o Vinrm. pas^mos Dela porta de
nnmerosa. Francisco Gaspar, outro poeta, pé prá mão.
um modesto café fiual ficava nas proximi-
admirava-o cem nor cento dades da Associação. Na porta estava um
AH-nr Goulart e Frànpi'sço Oasnar homem alto, magro, de côr. oue nos abria
entendiam-se às mil maravilhas, O pri-
o*-- hraros com alegria. Anroximamo-nos. MARIA LACERDA DE MOURA
meiro. diretor do Gruno Escolar do Marco
Vestia terno de côr amarelada, iá no fio, Em fevereiro de 1945, um jornal do
de Meia T,poma, o secundo entregue ao
colarinho que na véspera deveria ter sido Rio de Janeiro, entre numerosos avisos
descanso de funcionário públiro j-mosenta-
prfl engomado e uma gravata de laço mal fúnebres, publicou modesto convite para
do;. Onando COnh^i Artur Gov-Vrt; feito. A palheta, escura, ora pendia para o enterro de uma senhora, convite que,
plp nm ouarentão de estatura mediana, ar-
a frente ora para o lado.
por certo passou despercebido a muita
¦>M
mivisr-ndo. de nince-vet, e barba à morla
Oduvaldo disse-me:
nazarena. Vestia quase semnre terno cinza gente. Encimava-o o nome popular de
E' o Lima Barreto. Você não Maria Lacerda de Moura. Embalde pro-
zento, de fraaue, o chapéu redondo da
"plastrons", conhece? curamos nesse e nos outros iornais cario-
mesma côr. E era exigente nos
Dali a pouco estávamos íntimos. Mas cas, da mesma data, as linhas habituais
das tonalidades mais sugestivas. Publicava
com, dificuldade uma revista,
"A Nova o escritor parecia indignado com alguns na secção de falecimentos (da véspera.
Cruz", em cujas páginas muitos estreantes elementos políticos de São Paulo e apro- Nada.
veitou a nossa presença para fulminá-los No entanto, Maria Lacerda de Mou- *.^»j
alçaram voo. Contou-me êle, certa vez,
com leeítimo orgulho, que o seu soneto com a sua cólera. ra deixou fortes vestígios de sua passa-
"Celeste" iá bavia sido reproduzido por Ainda hei de ir procurá-los, a ca- gem pela terra. Nascida em Alfenas, Minas,
mais de duzentos semanários do País valo e de facão! Assim... formada pela Escola Normal dessa cidade,
inteiro. Encontrei-o algumas vezes, nesse café dedicou-se desde muito jovem ao ma-
Seu amigo Francisco Gaspar parecia ou em outros. Notei que êle, apesar da gistério e às letras. Mas trazia na alma,
um literato alfacinba, do Chiado como vida desregrada, tinha tempo para muita cheia de idealismo e de desprendimento,
Maio-Junho 1950 17
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IXIJUMOS il ivriitwno
Um movimento geral de indignação e imperiosa se tornou a necessidade de por MARIO SCHENBERG
horror abalou todos os homens de bom termo à corrida aos armamentos atô-
senso, ao saber que Truman ordenara a micos. O próprio Churchili, um dos ini-
fabricação de uma bomba de hidrogênio, ciadores da "guerra fria", inesperada-
mente veio reconhecer a necessidade de dirigentes não tivessem esperanças de um
ainda mais destruidora do que as bom- desenvolvimento rápido da tecnologia atô-
bas atômicas de urânio e plutônio lança- novas negociações com a União Sovié-
tica. É verdade que isso aconteceu du- mica em seu país. Ora, diz Lippmann,
das sôbre Hiroshimã e Nagasaki. Figu-
rante a campanha eleitoral e deu aos con- quando Mólotov e Gromiko repudiavam
ras eminentes das igrejas protestantes, na O.N.U. o plano Baruch, já sabiam quc
homens de ciência como Einstein e até servadores um de seus melhores trunfos.
Não parece porém, descabido supor, que estava bem próximo o dia em que a
líderes políticos reacionários, como Mac bomba atômica poderia ser fabricada na
Mahon e Millard Tydings, protestaram a atitude de Churchili traduza preocupa-
União Soviética, e, assim sendo, nenhu-
contra a nefasta decisão que ainda mais ções dos círculos mais reacionários da ma vantagem teria o seu governo em
veio agravar a criminosa política atô- Grã-Bretanha, pois, não estamos mais
nos dias felizes em que Churchili dizia aceitar as duras condições impostas no
mica do governo norte-americano. É plano apresentado pelo ilustre financista
certo que não devemos nos iludir com poder dormir tranqüilamente porque só ianque. Na realidade, a União Soviética,
o clamor dos Mac Mahon e Millard Ty- os norte-americanos dispunham da bomba
atômica. Nao devem ter escapado, ao ou qualquer outro país livre da tutela
dings, que visam apenas enganar o elei ianque, nunca poderiam ter aceitado um
torado norte americano nas eleições que atilado homem político britânico, os in-
"rece:- plano que visava entregar a um truste,
se aproximam. Não deixa, porém, de ser convenientes de se encontrar no
extraordinária significação, o fato de dois ving end'' numa eventual guerra atô-
dirigido de fato pelos Estados Unidos'.
o controle total da produção da energia
í
chefes de comissões militares do Con- mica. A' perspectiva de servir de
"coussin atomique" também' causa bas- atômica e dos estudos atômicos, tanto
gresso americano terem achado necessa- para fins militares como pacíficos' e que
rio um protesto, ainda que demagógico, tante desagrado a muitos bons fautores
de guerra da França e arredores. ainda deixava ao governo norte-anierica-
contra uma decisão atômica de Truman. no a posse de suas instalações e esto-
Diz a imprensa .norte-americana que Mac Walter Lippmann é. incontestável-
mente, um dos mais autorizados e inte quês de bombas atômicas por um prazo
Mahon recebeu mais de sete mil cartas indefinido. Parece mesmo pouco prova-
de seus eleitores, exigindo ou apoiando ligentes jornalistas "respeitáveis", isto é, vel que o próprio governo norte-ameri-
sua atitude. Os três órgãos mais inflúen- que traduzem" o pensamento do punhado cano tivesse podido supor que tal plano
tes do imprensa dos Estados Unidos de famílias respeitáveis" que dão o tom
em Wall Street e dirigem tôda a vida pudesse ser aceito pela União Soviética
O New York Times, o New York He- e as democracias populares. A apresen-
rald Tribune e o Washington Post — econômica> e política da chamada parte tação do plano Baruch foi uma tenta-
também manifestaram grande frieza para "cristã e ocidental" do mundo. Lipp- tiva para embair a opinião pública mun-
com a decisão de Truman e a política mann reconheceu que tôda a política dial, fazendo-lhe crer que o governo
de força preconizada por Acheson. Fora atômica do governo norte-americano norte-americano desejava impedir o em-
dos Estados Unidos a onda de protestos fracassara, porque se baseara na ilusão prego militar da energia atômica, e cons-
fo-i obviamente muito maior. de um monopólio prolongado da técnica tituiu um golpe para obrigar os países
Pode-se dizer que, atualmente, mesmo de produção da bomba atômica. Na capitalistas a entregar aos Estados Uni-
os que crêem ser inevitável uma terceira sua opinião, o plano Baruch de controle dos as suas riquezas de minérios atô-
guerra mundial, justamente por deseja- da energia atômica só poderia ter sido micos. Aliás, o governo de Washington
Ia, não podem mais deixar de ver quão aceito pela União Soviética, se os seus obteve grandes sucessos com êsse últi-
tôda a inquietação do seu tempo. Daí, Janeiro, depois para São Paulo. Aqui lutou java. Transferiu-se para o Rio de Janeiro.
.talvez,' os obstáculos que encontrou na desesperadamente para viver. Publicou a Foi morar num daqueles subúrbios que
carreira e que foram crescendo a cada revista "Renascença", que literàriamente parecem situados a mil léguas da cidade
passo que ela dava, a ponto de lhe im- alcançou êxito, mas financeiramente lhe Estudava como sempre e o seu estudo foi
pedirem a conquista do lugar de relevo agravou as amarguras. Montou uma pensão. tão profundo que ela acabou por perder o
irft-V
no nosso mundo intelectual, lugar a que Passava os dias na cozinha, as noites debru- contacto com os seus semelhantes. Pene-
tinha incontestável direito. cada sôbre a mesa, a encher tiras de papel. tou-se, alcançou climas tão altos e tão dife-
Ainda estava em Barbacena quando Os pensionistas eram estudantes, poetas, <:rou pela porta estreita da Metafísica, liber-
"Renascença", sua
publicou primeira obra, artistas sem contrato que o mundo atirava rentes que quando falava das suas conquis-
Foi um grito tão alto, tão inesperado, na em São Paulo. Muitos não pagavam. E tas os homens do quarteirão sorriam.. . _•s
defesa dos direitos da mulher que a eram os mais exigentes... Ela esqueceu-se do mundo, o mundo
América Latina fixou nela molhos perple- Assim mesmo, Maria Lacerda de Mou- esqueceu-se dela. Havia bem uns dez anos
xos. Os patrícios, porém, taparam os ou- ra escreveu livros, folhetos" artigos de jor- que o seu nome não aparecia como anti-
vidos para não escutá-la. Seu nome tor- nais. Fêz conferências. Traduziu obras de gamente, no alto de um livro, de um fo-
nou-se corrente na Argentina, no Uruguai, Han Ryner. Um dia, depois da primeira lheto, ou mesmo numa coluna da im-,
no Chile, tio México, em todas as repú- As últimas .colaborações foram
ms-:c*,
blicas continentais. Colaborou nas grandes guerra mundial, a brutalidade humana se prensa. "Jornal
organizou sob a forma de fascismo, de na- para o do Comércio". Mas isso"
revistas de arte e filosofia de tôda a Amé- zismo. Sua oposição data do primeiro dia já faz muito tempo. Ninguém se lembra
rica. Um dia, os admiradores longínquos e foi admirável. No nosso meio provocou daqueles artigos, uns artigos de cultura
ouiseram conhecê-la pessoalmente. Man- inquietações, tumultos. Certa vez realizou que ela, a pobre, convertia em artigos
k- daram-lhe uma passagem de ida e volta de primeira necessidade. A 20 de feve-
uma conferência sôbre a personalidade de
„ e anunciaram as suas conferências. Foi Matteoti, a grande vítima. O vespertino reiro de 1945, segundo o aviso fúnebre
uma viagem triunfal Montividéu, Bue- "II Piccolo" excedeu-se~em críticas. O
m ^ nos Aires. Santiago. por povo publicado pela família, na secção paga
A França, que era a tomou o partido da conferencista, foi ao de um jornal carioca, a sonhadora de
capital do pensamento, notou a sua pre- Anhangabaú e empastelou o jornal ita- mundos melhores cerrou serenamente os
sença. Han Ryner, filósofo quase centena- liano. _. ^ olhos para os mundos piores em que
rio, que morava numa trapeira do Bairro Mais tarde, desgostosa da multidão, viveu. Nem sequer esperou o fim, do na-
Latino, nomeou-a seu apóstolo. retirou-se para Guararema e lá vivei alguns zismo, contra o qual tão valentemente se
Ao rumor dos primeiros triunfos ela anos, num rancho à beira da estrada. Mas batera, no livro, no jornal e na mesa de
deixou Alfenas, transferiu-se para o Rio de aí mesmo não encostrou a paz que dese- conferência.
¦18 Fundamentos
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^ Z.H
mo objetivo, invocando a defesa do mun- gissem Pequim. Heno' Stiníson, minis- Qualquer tentativa honesta de pôr um 1
"ocidental" tro da guerra norte-americano durante a
do pretensamente ameaçado termo à corrida atômica deve se basear
por uma União Soviética a que se última guerra, conta, em suas memórias, numa análise objetiva da atual situação
atribuíam propósitos agressivos. Deixe- o grande temor dos .dirigentes' norte- dum mundo dividido em dois campos, ¦¦4
mos, momentaneamente, de lado, o exa- americanos em Potsdam. Stimson revela ideologicamente antagônicos, mas poden-
me -dos planos de controle da energia cinicamente nesse livro, que os dirigentes do coexistir pacificamente e mesmo cola-
atômica, para apreciar" outros aspetos ianques chegaram a pensar que a bomba borar. No momento atual, há na Assem-
interessantes da argumentação de Lipp- atômica forçaria os povos soviéticos a bléia das Nações Unidas, uma maioria
"renunciar ao socialismo e
mann. Segundo o jornalista america- a restaurar o considerável de representantes de gove^r-
no, a adopção dum plano de controle da capitalismo." As experiências atômicas nos que obedecem' incondicionalmente as
de Bikini, em julho de 1946, visaram ordens de Washington. A Assembléia z:Y"
energia atômica não era premente,
enquanto a União Soviética não podia influenciar a Conferência de Paz com os não é, . portanto, um órgão adequado
dispor de armas atômicas, mas tornara- satélites do Eixo. As experiências atô- para dirigir uma Comissão de controle
se urgente desde que isso se dera. micas de Eniwetok, em 1948 coincidiram da energia atômica. Qualquer plano de
Observe-se, de passagem, que essa foi com o início das conversações sobre o controle das armas atômicas propondo
também a atitude do Vaticano, que só
chamado bloqueio de Berlim. A fim o estabelecimento de uma Comissão de
se pronunciou em favor da interdição de contrabalançar o efeito das notícias energia atômica subordinada à Assem-
sobre a aplicação na União Soviética da bléia da O.N.U.,-ou outro organismo de
das armas atômicas no fim de 1949, energia atômica para destruir montanhas, metsma composição, é uma m/-f.iobm'
duvidar
quando já não era mais possível no do- foi ordenada a fabricação de bombas a diversionista e uma sabotagem do con-
da capacidade da técnica soviética hidrogênio. Já tinham começado a sur- trôle efetivo, porquanto a União \Sovié-
mínio atômico. Agora, conclui Lippmann, tica, a China e as democracias populares
as premis- gir vacilações no campo imperialista.
já caducaram completamente "Para
que serve agora o Pacto do Atlâri- não poderiam entregar o controle da çner-
*as 'do plano Baruch e impõe-se uma
tico?" perguntava de Gaulle. Taft «de- gia atômica a uma Comissão em que* o
revisão 'da orientação do governo norte- clarava no Congresso norte-americano predomínio ianque seria total. A comis- -m
no-
americano, que deveria .participar-da de "Ninguém acredita que a Rússia se pre- são de controle das armas atômicas tem
vas discusões sobre o controle ener-
diferente, pare para invadir a Europa ocidental... que ser subordinada ao Conselho de Se-
gia atômica, com uma atitude Este programa levará antes à guerra gurança da O.N.U., de acordo com o
não se limitando a rejeitar sistemática- ' espírito da Carta das Nações Unidas.
mente quaisquer proposições soviéticas. do que à paz, e a velha corrida'
aos armamentos recomeça." Depois de Aliás, seria preciso que o Conselho de
O "Times" de Londres avança um pouco Segurança pudesse funcionar, o que não
mais e enxerga que o plano Baruch não uma publicidade bem orquestrada sobre acontece atualmente, em virtude da insis-
supunha, nem
é tão perfeito como se insatisfatório... o poder mirífico da nova bomba — pu- tencia do governo norte-americano em M
o plano soviético tão blicidade que dava a entender que só negar ao povo chinês o direito de parti-
Apesar das numerosas críticas e das os americanos poderiam^fabricá-la — foi cipar do Conselho mantendo o reoresen-
que lhe são feitas, mes- apresentada ao mundo a imagem hamle-
grandes reservas "ocidentais", "cristãos tante de Chiang-Kai-Shek. O direito de "M
•mo em círculos tiana de um Truman indeciso, debatendo- veto das grandes potências no Conselho
e "atlânticos", êsse plano continua a ser se em dolorosos exames de consciência, de Segurança permite aos países do 'tSjM
a base da resolução da maioria da Co- quecenfim resolve dar a ordem fatídica campo socialista participar em condições 'zFíim
"'C'.M
missão dp energia atômica da O.N.U. e de fabricar a bomba de hidrogênio. de relativa igualdade, apesar da maioria
,v-«
Truman acaba de reafirmar que,, por Como no caso das bombas de urânio do Conselho obedecer fielmente às dire- ¦-¦''- v.'>'á
m
enquanto ainda é o único plano aceitável trizes de Washington.
e plutônio, a importância militar de uma
para òs Estados Unidos. Noutras pala- eventual bomba de hidrogênio foi exage- Há dois aspetos essencialmente dis-
77-ST
a discutir qualquer esquema realista para rada desmesuradamente. No episódio tintos no problema do controle da ener-
impedir o emprego de armas atômicas. atual da chantagem atômica há unia cir- gia atômica, que o imperialismo procura
Essa atitude ainda mais se agrava com cunstância nova: ainda não existe a bom- confundir deliberadamente: o problema
o início de uma corrida armamentista ba de hidrogênio, nem se saberá tão cedo das armas atômicas e o problema da
se a adjunção de substâncias hidroge- utilização pacífica de energia atômica.
atômica desabalada. À medida que crês- As armas atômicas devem ser proibidas,
ce o movimento mundial contra a guerra nadas e outros elementos leves aumen-
tara consideravelmente o poderio das os estoques existentes destruídos e os
e -que se manifestam as primeiras vacila- estudos de novas armas atômicas inter-
bombas atômicas. Afirmam alguns dos
ções sérias de forças do campo imperia- '
lista, intimidadas pela pressão popular e mais autorizados cientistas atômicos ditos. Não é porém admissível qualquer
norte-americanos que, só dentro de três restrição ao emprego pacífico da energia 1
o assombroso surto econômico, científico atômica, nem à verdadeira pesquisa cien-
e tecnológico da União Soviética e dos anos, conseguirão saber se uma super-
bomba de hidrogênio é possível. De tífica atômica, que devem ficar livre-
países de democracia popular, os círculos mente afetos a todas as nações. É indis-
dirigentes da política norte-americana qualquer modo, mesmo sem superbom,-
sobre o bas atômicas,, as perspetivas de massacre pensável o estabelecimento de um pro-
procuram reforçar o seu controle cesso eficaz de vigilância a fim de impe-
povo americano e as classes dominantes indiscriminado de populações civis, em
tempo de guerra, por bombas atômicas dir a fabricação e o ensaio clandestino
dos países capitalistas, por uma intensi-e de novas armas atômicas.
ficação oa política de força e dureza ordin.rias, são uma triste realidade e re- Para que
voltam as grandes massas de todos os essa vigilância seja possível, é imipres-
pelo aumento frenético .dbs armamentos cindível que as instalações destinadas à
em geral e, especialmente, dos atômicos. países. A tentativa de insuflar o balão
A chantagem atômica desempenhou
murcho da chantagem atômica redundou
"gaffe". Era vez de faci-
produção pacífica da energia atômica
também sejam fiscalizadas pela comissão
.1
numa tremenda internacional de controle. Não é 'porém
continuamente um papel de primeira litar a preparação guerreira dentro dos
ordem na política exterior americana, necessário que as instalações para a uti-
O criminoso bombardeio quadros dos Pactos do Atlântico e do lização pacífica pertençam à comisão de
desde 1945. Rio de Janeiro, galvanizando a burguesia
atômico de Hiroshima e Nagasaki foi de- dos países do campo imperialista, veio
controle e, muito menos, as jazidas de
cidido enquanto Truman e Churchill se dar um' ímpeto ainda maior à luta de
minérios.
encontravam em Potsdam. O objetivo todos os povos pela paz, mostrando de A Uunião Soviética propôs a assina-
era diminuir a importância política das modo indiscutível o monstruoso desprê- tura simultânea de dois acordos: um proi-
grandes vitórias soviéticas sobre a
Wehrmacht e forçar a capitulação dò zo pela vida de milhões de homens que bindo o emprego militar da energia atô-
anima os círculos dirigentes ianques. mica e determinando a destruição dos
Japão antes que as tropas soviéticas atin-
Maio-Junho 1950 19
Fi
Z'F
¦¦numiTi^-ji,, i.
I *
estoques existentes; outro estabelecendo
uma comissão internacional de controle,
subordinada ao Conselho de Segurança
Contribuição do III
da O.N.U., e dispondo -de todos os po-
deres de fiscalização necessários. O JOÃO PALMA NETO
plano americano (plano Baruch) não pro-
Os escritores que estiveram presentes ao III Congresso aproveitaram os debates
põe a proibição imediata da fabricação de
ri'
armas atômicas nem a destruição ime- encetados sôbre literatura, sobretudo no concernente à maneira como conduzir o
diata dos estoques acumulados; a inter- seu trabalho de ficção, por uma senda verdadeira, real, honesta, de modo a dar
dição só entraria em vigor quando todo uma contribuição eficaz e decidida para a construção de um mundo justo.
o mecanismo de controle estivesse em Reconheceu o III Congresso a liberdade ampla e ilimitada para os escritores
pleno funcionamento. A comissão
de produzirem o que quiserem. Mas reservou-se, também, o direito de orientar «*•
controle prevista pelo plano americano esclarecer os escritores quanto ao desvirtuamento da literatura a serviço de uma
não estaria subordinada ao Conselho de elite decadente, que está infelicitando, no seu desespero e estrebuchamento de
Segurança, nem haveria o direito de morte, os povos, pretendendo ensangüentar a humanidade.
veto nesta comissão. Isso daria ao go- Ficou constatado, também, que, na etapa histórica presente, quando se separam
vêrno norte-americano o domínio ^ total em torno dos problemas sociais cada vez mais em dois campos — forças do ontem
da comissão, por^meio da maioria de e do amanhã — os homens, necessariamente em torno dos problemas literários
votos que caberia aos países do campo opera-se essa divisão.
imperialista. O controle seria estabele- As reflexões em torno desses problemas levaram o III Congresso a conclusões
cido por etapas sucessivas,, começando pe- objetivas, no que tange a literatura brasileira.
Ia prospeção geológica em todos os pai-
'ses Ê óbvio que o problema foi abordado pelo lado positivo.
e terminando, num futuro indeter- A literatura de um país deve ser a expressão da vida econômica, social e
minado, pelo controle das instalações de política, principalmente desse país, seu povo, seus problemas, suas lutas, seus
de ener-
produção de armas atômicas e sofrimentos e seus ideais, transportados para a obra de arte, com objetividade
gia atômica. A comissão internacional crítica, realismo puro e romantismo revolucionário.
seria proprietária de todas as jazidas de A verdadeira literatura, hoje, a literatura do campo da paz, do progresso, da
SB mineiros atômicos e de todas as instala- liberdade e da felicidade humana, é a que se cerca desses atributos, nasce retratando
de
ções e fixaria as quotas de produção a vida em sua época e vive em função da verdade, das conquistas sociais que
energia atômica de cada país. A comis-
*':.£ ¦'*
20 Fundamentos
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posição social. A literatura decadente, a serviço de uma elite desesperada que votos pelo seu grande sucesso.»
•
quer se manter entre os escombros da própria desgraça. A literatura representada DECLARAÇÃO DE PRINCÍPIOS
W
DO 4'Sr
por decantadas obras de arte, em que não mais a boêmia desenfreada, o sensualismo TERCEIRO CONGRESSO
exarcebado, o pessimismo inconseqüente, o misticismo grotesco, a angústia, os ;,r
dramas passionais, de que foram porta-vozes um Forjaz Sampaio, um Pitigrilli, um Tem o seguinte texto, a Declaração
Proust, são os temas preferidos, mas a podridão moral, o charco em que se de Princípios aprovada por unanimida-
promiscui a burguesia moribunda, a degradação, o sexualismo como fonte criadora, do no III Congresso Brasileiro de Es-
as perversões morais, tôdas, o sadismo, a morbidez, a pusilamidade, a traição, critores:
estão na ordem do dia como temas. E são impingidos aos desavisados ao público «Os escritores brasileiros, reunidos
ledor, não como as misérias engendradas pela sociedade de classe, mas como se fos- em III Congresso na histórica Cidade
sem os próprios sentimentos humanos. Temas esses que só conduzem à loucura, ao do Salvador, com firme consciência dos 't».i
suicídio, à depravação como soluções para o desespero em que se debate o mundo seus deveres e responsabilidades peran-
.¦:«
capitalista, e que tem num Gide, num Artur Koestler, num Truman Capote, num te a Nação e inspirados na tradição dos
Camus, num Jean Paul Sartre, manipuladores de talento a serviço, conscientemente I e II Congressos, proclamam que um
dos imperialistas, que pretendem governar o mundo mergulhando-o no dos principais obstáculos ao desenvolvi-
obscuran-
tismo, na degradação, na expansão das taras e deformações mento da cultura é a situação de atraso
que são exceção no
homem. - .econômico de nosso país.
O III Congresso evidenciou que a literatura brasileira tem sofrido, se bem Em tal situação, o povo cada vez
em proporções ínfimas, os influxos dessa literatura de escombros. que menos encontra meios de utilizar livros
Os chamados
novos principalmente, se têm embalado e enveredado por temas desse e publicações como fatores de aperfei-
jaez, que
não são nossos, .felizmente, e não encontram receptividade no público ledor nacional. çoamento cultural, limitando-se, na mes-
Como contribuição ao combate à essa enxurrada de lodo, fêz ver que o na medida, as possibilidades ao exerci-
patri- cio da atividade profissional do escritor.
mônio cultural brasileiro, se bem que novo e posterior a outras culturas, delas
tendo sofrido influências, possui os vínculos nacionais que sobreviveram às influên- Considera igualmente o Congresso que
cias tôdas e dão-lhe o caráter nacional, da verdadeira cultura do nosso povo, e tão a liberdade é essencial à plenitude da
pronunciados, que derribaram a própria falsificação da nossa cultura. criação literária e artística. Entretanto,
Essa literatura nacional traz em seu bojo as características da verdadeira no âmbito nacional, sucedem-se os aten-
literatura. Constitui para nós, um respeitável patrimônio, uma grande experiência, tados à liberdade de pensamento, entra-
uma partida segura para a nova literatura que faremos, a literatura do campo da vando a missão do escritor e imoondo-
paz e do humanismo, aquela que virá em auxílio do povo brasPeiro. lhe o dever de vigilância e combatividade
Amar e ajudar a libertação desse povo é a obra dum escritor honesto. na defesa da livre manifestação das
A fim.de cumprir tão grande e histórica missão, é mister que o escritor esteja idéias.
Ai-ü
armado para tal. Não poderá prescindir daquilo que Monteiro Lobato chamou No momento em , que os escritores
de «lastro científico e filosófico». brasileiros realizam êste Congresso, au-
Não de qualquer lastro bronco e pseudocientífico, mas daquele lastro que en- men*a o perigo de uma nova guerra
cerra os conhecimentos científicos e filosóficos de vanguarda, capaz de desvendar mundial com a ameaça de extermínio
as verdades do desenvolvimento social, suas leis e sua determinação científica. em massa das ponulaeões pe1a arma atô-
mica. Na condenação e na repulsa a
Mas ainda, aliar a esses conhecimentos os de outros ramos de ciência, como história,
esse crime, unimo-no* às melhores cons-
biologia, sociológica, a exemp^ de Jacú London.
ciências de nosso tempo.
Só assim, preparados e capacitados para sentir o mundo e a vida em sua mar-
Fiéis às tradições e asniraçoes de nos-
cha inexorável, tendo uma visão panorâmica do mundo e dos seus processos evolu-
so povo e de nossa cultura, aue são de
tivos, mesmo os mais sutis, poderão os escritores produzir qualitativamente a
contento. paz. amor à Pátria e à liberdade, os es-
critores brasileiros adotam os seguintes
Não basta o talento apenas; se bem que imprescindível, sozinho êle nada
conseguirá na etapa presente, perd,er-se-á em abstrações ou descambará, no melhor princípios:
I — E' indispensável ao exercício da
dos casos, para uma literatura inócua, contraproducente, isenta de idéias e dire-
profssão do escritor a existência de
trizes, restringida à patologia e aos dramas passionais. Incapaz, por conseguinte, condições materiais adequadas. Sentem,
de abarcar os processos sociais, retratar a época e ajudar a evolução da sociedade. DOT ISSO, OS p«l*>r*fnvo«s, p_ppoccsi.fi a <fo fle
O talento aliado à ciência social de vanguarda e aos conhecimentos comple- lutar pela emancinação econômica e o
mentares, são as armas dum escritor honesto. desenvolvimento do nosso naís;
O III Congresso Brasileiro de Escritores não poderia ser mais grandioso em H — É! condição do livre exercício
suas conclusões, apontando aos intelectuais caminhos tão seguros para a sua rea- da atividade criadora no domínio da li-
lização artística e humana. teratura e da arte um clima democra-
tico e de garantias constitucionais. No
Separados de vós pelo oceano, cujo OS ESCRITORES TCHECOSLOVACOS Brasil tais s-arantias têm sido constante-
nome serve hoje para ornamentar pactos O III Congresso Brasileiro de Escrito- mente violadas por atos de arbítrio do
sombrios e conluios imperialistas, ve- res recebeu a seguinte mensagem da poder público e postas ern nerig:o nor
mos em vós companheiros e combatentes União dos Escritores Tchecoslovacos, proietos de leis obscurantistas e retro- m
da luta comum, colocados na primeira firmada pelo seu presidente, Jan Drda: gadas como os de imprensa e de segu- 'U
linha da frente mundial da Paz, nas po-
¦:.m
violenta, mas também mais importante por uma amnla unidade, acima de anais-
fortalece o poderio das forças populares Assim, ao mesmo
— não significa somente a garantia de quer divergências.
da Paz em todos os continentes. tempo raie traduzem os anseios da, maio-
uma vida livre e feliz para nossos povos,
Que vossos poemas e vossos livros in- e sim, ao mesmo tempo, a única possi- ria. identificando-se com a realidade, ';i*>{
diquem o caminho da vitória para vossa bilidade de continuarmos nosso trabalho noderão colocar sna arte a serviço do » fií!
nação. Que eles sejam a inspiração e o literário e artístico. povo, dos ideais de paz, democracia,
impulso para tôdas as nações do mundo. Devemos trabalhar para criar obras prnfrfosso f>! Th°nn-Asf.aT;
que ajudem nossos povos nessa luta de- Cidade do Salvador, Dia de Tiradentes
as.) Leon Kruczkovski, Presidente da 21 de abril de 1950.
Associação dos Escritores Poloneses. cisiva pela vitória mundial da paz.
4
Maio-JunJio 1950 21
Sm
... , ¦--. ......
¦ •"...<¦¦ . ,fV:i--- ,4t
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V
A CANDIDATURA MACHADO VEM DEFENDER O CRISTIANISMO
Joií
rum e outras bebidas fortíssimas.
(Este detalhe não é absurdo
"Norte por-
que na America do é tao
elevado o nivel de vida que até
os mendigos podem andar em
fe,-;
aviões de propulsão a jato). Quando o infeliz ebrio sen-
•¦¦
.-
em torno dele uma enorme e tumultuosa multidão. Mas,
A MOÇA E O BURRO A Principio, este burro só fazia es-
como os americanos são tambem os homens mais orga- ' trepolias e queria dar coíces em «to-
«:• - do o rraundo. Então, a mocinha, com muita paciência, foi lhe
Thps luzacfos e práticos do mundo, dentro de poucos minutos mostrando que, assim êle ia tomar um bonde errado, porque ha,
formava-se uma extensa fila, que dava quatro voltas em por toda parte, muita gente que não é burra e não está disposta
a levar coices sem reagir. O burro foi se amansando e agora já
torno do quarteirão, e o nosso herói, então, colocando dá a entender que quer ficar bonzinho, para ganhar uma roupinha
de marinheiro e uma bombinha de hidrogênio de brinquedo, só
ao lado a sua maquina registradora portátil, passava a para assustar as crianças. *
vender o bafo por um dólar, ha mais perfeita• ordem.
RETARDADOS CONSELHOS ÚTEIS
CONSELHOS ÚTEIS As crianças na Alemanha oci- Para não manchar a roupa
dental, na zona de ocupação ame-
Um cão policial nunca che- Para conservar os vinhos ricana, com dez e até quinze Para evitar que as canetas-
gará a detetive, por mais cão e licores finos, o melhor processo anos de idade, ainda não sabem tinteiro se derramem no bolso e
e mais policial que seja. é mante-los escondidos e guar- dizer
"Pai" nem "Mãe". Dizem, manchem a roupa, o mais pra-
"Fater" e Mutter".
dados a sete chaves em lugar em vez, .,#>
tico ê não enche-las de tinta,
que nem o nosso querido pai mantendo-as sempre secas e lim-
desconfie. PRECAUÇÃO pas e escrevendo a lápis, sempre
Os homens deviam morrer O Barão de Itaboraí, ao ter- que fôr necessário.
como as arvores; — de pé e se- minar o almoço, levantava-se da PACIFISTA
cando ao spoucos. mesa, recomendando á esposa:
Os filhos de pais vegetaria- — Não me ofereça café, por- Aquele cidadão era tão paci-
nos podem ter vegetações no que me tira o sono na repartição. fista que se recusou termlnante-
mente a morar num* - edificio de
cimento armado.
O HOMEM E O GATO SINTOMA
Quando os politicos começam
is*. ,
A nossa decantada civili- a falar muito nos "altos, inte-
resses da nação"; é sinal de que
zação ocidental acabou rebai- estão preparando um golpe muito
baixo.
M xando o homem a uma condi-
CONSELHO
ção moral muito inferior ao Casa-te, rapaz. Mas casa-te
gato. Ura escritor, por exem- com uma mulher que não tenha
, o senso do humor.' Só assim,
pio, para poder viver, nos dias irmão, terás a certeza de que
'
que correm, é forçado a exi- I~\ <cÁ—p M—i ( ) u-H/ ^VPkczII —-' \ 1 ela não se rirá de ti.
bir, sem nenhum respeito pelo
O porco é um bicho que tem
publico, o produto de suas mal- um rabiniio com ondulação per-
V--. -cheirosas elocubrações inte- manente.
•
lectuais. O gato, entretanto, Poesia é um conjunto de linhas
r ainda pode dar uma demons- que não chegam até o fim.
— Que é que você acha da companha dos
tração de bom-senso, tapando " lencinhos brancos " ? Apolonio Sales é mais feio que
com terra, discretamente, a —i Magnifica. Quando eles perderem as cuspir em cima de um tapeie
novo numa sala de visita cle ce-
sua produção. eleições já terão com que secar as lagrimas... rimonia.
22 Fundamentos
A TRAGÉDIA PEQUENO-BURGUESA
NUM PALCO DA BROADWAY *:*•;!*
'¦ *».t»*í
•
dominador a. E' de acordo com semelhante receita que educa os ¦
7J.
'':)':}
do existencialismo francês. filhos. Transmite a êstes a sua concepção da sociedade, a dc
Mas, em luta contra a linha dominante e produzindo obras que esta é uma jungle em que se pode vencer com facilidade: é —>*MnSftp
literárias de alto valor, existem escritores de tendências progres> suficiente ser destemido, não se deter diante de pequenos escrú-
sistas ou abertamente comunistas, como é o caso de Howard Fast, pulos, atuar com audácia, etc.
que tem o seu lugar, no plano mundial, entre os maiores roman* Mas também ai Willy Loman se engana cruelmente. Biff
ceadores de assuntos históricos. Apesar do boicite a que os nada consegue no mundo dos negócios e se transforma num semi-
submete a monstruosa ditadura capitalista ianque e que não deixa desclassificado, num vagabundo que vai de um a outro trabalho
de afetar e entibiar os menos firmes, conseguem esses escritores braçal, com a sensação íntima de estar desperdiçando a sua vida,
alcançar em alguns Casos extraordinária repercussão com as malogrando as suas aspirações. O segundo filho, Happy, mal
suas obras, dentro mesmo dos Estados Unidos, o que seria mani- chega a insignificante empregadozinho no comércio. Ao tempo
tA
festamente impossível sem a existência de um amplo movimento em que escarnece dos filhos pelo seu decepcionante fracasso,
democrático-progressista, cercado pela simpatia de importantes Willy cristaliza subjetivamente um atroz sentimento de culpa e
setores das massas. Esta "DeatH parece-me a razão do grande "Morte
sucesso de frustração. Atribui a si mesmo a responsabilidade pelo fra-
obtido pela peça de teatro of a Sàlesman" (1) -—• casso dos filhos, acusa-se de não os haver preparado suficiente-
de um Vendedor" -—, escrita por um autor ainda jovem, Arthur mente para vencer na jungle. A si mesmo se acusando, por um
Miller, e apresentada na Broadway pelo famoso metteur-en-escene momento sequer não vislumbra que é a sociedade em que vive
Elia Kazan. A consagração que a peça recebeu do público foi que deve ser julgada. Velho e desempregado, dilacerado pelo
a maior dos últimos anos, o que naturalmente exerceu a sua in" sentimento de culpa e já desfeitas as últimas expectativas, o infe-
a outorga ao autor dos mais relevantes prêmios,
fluência para "Pulitzer liz caixeiro-viajante recorre ao suicídio, ainda aqui com a espe-
inclusive do Prize." rança de legar os vinte mil dólares de seu seguro de vida aos
1
A apresentação e o sucesso da peça de Arthur Miller revela filhos, a fim de que êstes possam tê-los como ponto de partida 7 ¦•¦;,-.',
que o teatro tem sofrido um pouco menos do que o cinema o para a grande conquista da..>. opulência.
controle implacável da alta finança ianque. Exigindo muito me- A última cena, que o autor denomina de requiem, transcorre
nores capitais e sem depender de mercados tão vastos como os diante do túmulo^ de Willy Loman. Depois do emocionante final
de que necessita o cinema, oferece o teatro algumas brechas den- do segundo ato, o requiem aparece como um misto dc tranqüila
"cultural" monopolizado e espiritualmente dirigido
tro do sistema compaixão e de ironia. O caixeiro-viajante é chorado pela fiel
pelos barões da Wall Street. E' aproveitando-se dessas brechas, companheira, que não compreende o seu gesto, precisamente
evidentemente poucas, que conseguem chegar às massas norte- quando, após vinte e cinco anos, havia sido paga a última pres-
americanas certas manifestações artísticas inspiradas pelo incon- tação da casa em que residiam e quando até a conta do dentista
formismo, de variável clareza, diante da mais capitalista de todas . Como deixar a vida depois de se libertar
havia acabado. ."Estamos
as sociedades e, por isso, daquela que mais brutalmente esmaga dessas contas? livres..." diz Linda e, com estas pala-
a pessoa humana. O que não preocupa, por exemplo, aos carne- vras. imagináriamente dirigidas a Wlly Loman, termina peça.
lots do Vaticano, êste desde a Idade-Média impertêrrito defensor A trama não é, porém, exposta por Arthur Miller da maneira
da pessoa humana e da liberdade em que pese as autos de fé, ¦
direta, que tem neste ligeiríssimo resumo. Ao subir o pano, todos .-,.¦¦:...- . ._ ,M
De
**"***
é que o pobre vendedor, após trinta e seis anos de serviço inf a- cessário, um escritório ou um reservado de restaurante.. . A pesar
tigável, vai para a rua da amargura, cnm a triste recompensa de \de sua complicação aparente, a peça é de uma grande simpli*
uma sumária despedida do emprego. TrAoico, sem dúvida. Ha, cidade técnica.
mais ter- Sem demorar na análise das qualidades formais da peça,
porém, nm outro aspecto no caso de Willy, realmente
rível. E' êste aspecto, alia*, o leit-motiv da tragédia. cumpre, todavia, ressaltá-las, porque se é verdade que a forma
A sociedade ensinou a Willy, desde a sua juventude, que os deve existir em função do conteúdo, em função da necessidade
homens existem para atingir uma determinada finalidade suprema. de pleno desenvolvimento da sua riqueza interior, não é menos 1
& de acordo com o grau em oue a aiinqem que podem ser sociaU verdade que nenhum conteúdo pode ter validade para a arte sem' ¦7
mentg aferidos. Esta finalidade consiste simplesmente em enri- uma forma efetivamente estética. "Death
ouecer. Wiílu, êle mesmo, chega à idade madura com a sensação Arthur Miller não se afirma, em of a Sàlesman",
"mercurial", como
de haver fracassado. Caráter sem firmeza, como um poeta de vôo alto. Evidentemente, não. Mas é um
o define Miller. o caixeiro-via jante mergulharia num tenebroso mestre do ritmo, o que lhe permite dosar as cenas e passar de
sentimento de frustração, em que de fato merouíhará mais tarde. uma para outra com admirável segurança, criando uma atmos-
¦¦«wm
não fôsse o desvelo da esoôsn e. principalmente, a esperança fera de permanente interesse e, às vezes, como já foi dito, de
E por
que deposita nos filhos, sobretudo em Biff, o mais velho. clímax patético, E' no momento justo que êle corta toda situação
que não haveriam os filhos de vencer no mundo dos negócios? ameaçando cair no melodrama piegas, armadilha comum aos temas ¦y.
Maio-Jtmho 1950 23
"MB
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CIPRIANO BARATA f
A representação brasileira nas Cortes evangelho, culminando por negar-se a Custou-nos a Independência, ainda,
era de 70 deputados, — número, porém, assinar e jurar a Constituição portu- mais sangue e sofrimentos, pois ao
jamais completado. O efetivo português guêsa recém-elaborada. As reuniões f i- brado de Pedro I, — irreprimível onda
ia a 130 cadeiras. A maioria de votos nais das Cortes celebrizavam-se pela revolucionária espraiou-se por largos
bafejava inalteràvelmente aos interesses firmeza e audácia com que patrocinou trechos do território, só indo perder o
de Portugal. E, na ocasião, Portugal os interesses brasileiros contra esma- impulso em fins da primeira metade do
planejava a nossa recolonização, con- gadora maioria refratária aos mesmos. século.
tando com as tropas sediadas no Brasil Agravaram-se, mais e mais, as rela- Do momento da inversão à conquista
e o auxílio dos seus nacionais derra- ções entre Portugal e Brasil. Aos real da Independência, digladiavam-se
mados pela administração pública. Outro representantes deste escasseavam as no cenário político duas facções dis-
agente valioso de sua causa era o últimas garantias indispensáveis ao tintas: a portuguesa e a brasileira.
comércio, todo, ainda, em mãos dos desempenho dos mandatos. À míngua Obstinava-se aquela em manter seus
lusos. de segurança e ante a oossibilidade de privilégios, procurando obter as sim-
Nas Cortes de Lisboa avultou a ação serem molestados, resolvem nossos de- patias do regente, a princípio, e, de-
de Cinriano Barata. O desempenho putados deixar o país, com destino à pois, as do filho. Consistia a tarefa
do árduo mister, em tão difíceis cir- Inglaterra. Embarcam às ocultas/para da outra em afastar a ambos do grupo
cunstâncias, reaueria coragem, perti- evitar a animosidade da população. luso, acenando-lhes, no caso de anuên-
nácia. desassombro. Nesta conjuntura, Na Inglaterra, Cipriano redige um cia, com o ddsfrhrtJe tranqüilo do
auando a Pátria corria o maior perigo protesto pscI a recendo sua atitude. In- Governo.
de sua vida, anos haver divisado a, seriu-o Hipólito da Costa no Correio Na hipótese de insucesso, haveriam
independência, Cipriano agigantou-se, Brasiliense. Mais tarde, seria o do- de prosseguir os motins deflagrados
sun^rando José Bonifácio de Andrada cumento reproduzido em Pernambuco desde os tempos mais recuados da
e Silva e os demais colegas. e no Rio de Janeiro. Colônia e os quais, mais dia menos
Juntamente com outros representantes dia, acabariam por derrubar a realeza.
brasileiros, opôs-se a que Portugal INDEPENDÊNCIA DO BRASIL Tríunfante o partido nacional, en-
.;.»•*;
remetesse reforços para o comandante Hàb?lmtente 'atraído pai<a a causa traram seus agentes a fracioná-lo,
das arma** na Bahia — brigadeiro Luís dos autonomistas, o princi up-reeente arregimentando-se em novas parciali-
Madeira de MpIo —, o aual persistia em germinou por concluir a empresa ence- dades, consoante as forças econômicas
manter a província submissa à soberania tada, havia tanto, pelos patriotas. que representavam. Blocos hostis entre
lusa. , Fora declarada, enfim, a Indeuendô.ncia. si sucederam à unidade primitiva, —
Sua determinação em resguardar a circunstância de que se valeu o inteiriço
"interesses do Bro sil,
As contradições econômicas
autonomia da pátria, levou-o ao extremo acentuadas pelos políticos partido português para alcançar pro-
de a.erredir o coloca marechal Luís postos em jôeo nos útimos anos, deram veitos.
Paulino Pinto da França, defensor da azo a chn-nues de rua p sérios recontros Desenharam-se distintamente duas
tese recolonizadora. nas províncias, notadamente no Pará, correntes no partido brasileiro: a
Nem auando fhpgou à velha Metro- Maranhão e Bahia. Nesta, nos embates conservadora e a liberal., de quando em
pole a nova do Fico, arrefeceu Cinriano contra o bnVadpi^o Marlpira dp M*°lo, vez matizadas de vivas nuancas
a paixão com qne defendia suas idéias. distinguiram-se Sôror Joana Anerélica radicais e passadistas. As duas iriam
Em perigo de vida, prosseguiu no seu e Maria Quitéria de Jesus Medeiros. atuar por longos anos, refletindo no
um com o seu movimento próprio e coerente. A curta cena final, de nreconceito* twicos da classe média e os relaciona com os
que o autor denominou de requiem, apesar de sua beleza, pare-* conflitos psicológicos dos personagens.
ceu-me. porém, desnecessária {nada acrescenta de substancial à Entretanto, "Death of a Salesman" tem uma debilidade impor-
exposição do argumento), constituindo mesmo uma quebra do tante. ET qué, sentindo estar a solução
ritmo, após o forte final do segundo ato, que poderia perfeita* para a tragédia da
pequena^ burguesia fora dos seus limites de cfasse, o autor ape-
ment* encerrar a tragédia. "Death nas indireta e vagamente acena para ela. Em uma das últi-
Oual a forca e, ao mesmo tempo, qual a debilidade de mas cenas do segundo ato, Biff Loman chega a compreender
of a Salesman?"
que devia acabar com a mer,firosa e desnrezível ilusão da cor-
A sua força está em qué, através de uma traaédia peaueno- rida atrás da riqueza e verifica, com intima alegria, ;
burauesa, traz ao hanco dos réus à própria sociedade canüalista que o seu
caminho está na proletarização honradamente aceita. Biff che-
norte-americana. E*ta sociedade é oue é responsável pela vida
mesouinha da família Loman. pela deformação e nela asfixia da ga metmo a compreender o oue hà) de puro e belo na vida do
trabalhador, em contraste com a vida pequeno-hurguesa, mis*
persnnalídad» dns nrotacronistas. E* esta sociedade aue alimenta to de humilhação, hipocrisia e vã expectativa. Isto já significa,
as Hmões subjetivas de um ser humano, sussurrando-lhe as mais
sedutoras promessas, e ohietivamente, leva-o a uma frustração sem d""ida, ultrapassar os limites de classe da peauena huroue-
.:•',¦
cruel. Natuaralmente, alauém poderá argumentar que esta conclu- sta. Mas. por si mesmo, ainda nãn constitui um chamado para
são não se encontra exn^cita na neca: o caso de Willu Loman a luta consríonte contra a sociedade canitatrsta. Êste chamado,
é um cano indiiii^ii^. Mas a verdade é ove o autor, apesar de se desenvolvido através de sua própria trama, seu recurso ao
seu excessivo cuidado em não generalizar, deixa dam. em certas pronaaandismn retórico, poderia impregnar a peça de uma força
passa^&ns. oue nãn considera individual o caso de Willu Loman poética, que ficou lonqe de atinoir.
"Você A quem, entretanto, responsabilizar pela ausência nesta peca
(<— nunca foi mais do aue nm caixeiro aue semnre deu
duro rm frah*ii>n e cam numa lata de'lixo como todos eles!, dir- de uma forca poética mais densa, dentro dd' sentido a oue a^u-
lhe o filho Biff). Isto. todavia, em essência nouco importa. O dimos e que seria o único coerente com o seu argumento? Pa-
aue conta é nue na tranédia individual de Willu Loman milhares rece-me oue aí se trata menos da insuficiência do prónrio au-
de pequeno-burgueses cheaarão facilmente a reconhecer, ajudados tor — ainda que esta exista .—- do aue da teroz perseguição
I por um nenetraníe nonto de vista' crítico, aspectos dé sua própria
vida. O sucessn da peca não poderá ser explicado de outra ma-
reacionária aue se abate, nos Estados Unidos, sôhte toda mani-
festação cultural progressista. O autor não poderia ultrapassar
neira. Com a intensidade de um símbolo, ainda que imnerfeito, certos limites imnunemente: veria a sua peça sem possibilidade de
o caso d<> Wdlu Loman concentra e condensa as multiformes representação. Sofreu com esta circunstância terrível o valor ar-
maneiras através das quais se apresenta na vida real a tragédia tístico de sua obra. O ane não deixa de ser uma prova maoní-
da pennena burouesia. fica da espécie de liberdade de criação ane existe na civiliza-
Uma circunstância a notar é ane o autor não se deixa cair ção ianaue, mui cristã, ocidental e canitalista...
na tentação, aue certos detalhes dn argumento oferecem, de ex- De qualquer maneira, porém, Arthur Miller cumpriu bem a
plicar pelo esquema da psicanálise os conflitos psicolóaicos sua tarefa, como diria Engels, ao fazer uma descrição fiel das
dos nersonagens, como vem sendo muito de moda nos Esta- relações reais e ao abalar o otimismo da mundo burguês, mesmo
r/A<? Unidos. O oue prevalece é a erriUcação social desses con- sem indicar diretamente a solução histórica. Já isto é um gran-
* flitos, que o autor da peça aprofunda com enorme talento de mérito para o artista que o faz, embora mais ainda dele exi-
Particular referência merece a maneira como focaliza uma série ja a era crucial em que vivemos.
2é Fundamentos
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JORNALISTA POLÍTICO
Império e no interregno regencial as ¦ m
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Maio-Junho 1950 ámiO
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"tornou-se
CU*so o pedido .'de devassa. \ Agra- ticos. Fundada havia poucos anos, governador das armas (êle)
V.:. . vando a exaltação dos ânimos, começou sua presente exuberância; como que o supremo árbitro dos destinos da
pretendia justificar o tempo anterior- província." (19) Repetidamente re-
a circular (25.XII. 1823) o Tifis Per-
namhucano, de Frei Joaquim do Amor mente perdido. presenta o general à Junta contra o
Divino Caneca, destacado"bem Durante três séculos a Metrópole Diário. Segundo as denúncias, o deste-
participante mido órgão concitava" aos povos para
da Revolução de 1817 e portuguesa não consentira no estabe-
aprovei-
';-.... tado discípulo de Barata." (13) iecimento da imprensa no Brasil. Todas se reunirem iao Rio de Janeiro; era
Ante »a iminência de se concretizar as tentativas dos elementos progres- incendiário e os seus autores pertur-
Fz
fm.. a «reintegração do Brasil no regime sistas redundaram inúteis, com a quei- badores da ordem estabelecida." (20)
colonial, os liberais empunham armas '1747, das letras e dos prelos.
ma e destruição Por seu turno, a Junta oficiava ao
Ainda em regia de
uma carta "converti- ouvidor do crime, recomendando-lhe a
(24.YII.1824-). De Alagoas ao Ceará D. João V advertia não ser severa aplicação da lei de imprensa"cadaaos
ecoa o grito de guerra ao traidor Pedro
I. Pela efetiva independência do .ente se imprimam (na Colônia) papéis redatores do periódico, os quais
,país e pela implantação da república no tempo presente." De Portugal de- dia se tornam mais arrojados, espa-
mm
organiza-se a Confederação do Equador, viam vir os livros e jornais com as lhando doutrinas que excitam os povos
da qual "Barata pode ser, com toda licenças da Inquisição e do Conselho à rebelião ..." (21)
Ultramarino. Mas a folha delende-se de todas as
justiça, considerado um dos mais au- À transmigração da Corte deve-se o investidas, ü negociante português e
torizados precursores." (14)
Da nova tentativa autonomista^ a estabelecimento da imprensia no Brasil. procurador da Câmara Joaquim José
custo reprimida pelo Governo Imperial, A edição de qualquer manuscrito de- da Silva Maia, que já editava o Semi-
pendia da aprovação da junta diretora nário Cívico, opõe ao Diário mais três
sagraram-se heróis, entre outros, Frei a Sentinela Baiense, O
Caneca, o Padre Mororó, João Gui- da Impressão Regia (Kio de Janeiro). publicações:
lherme Ratcliff e Tristão Araripe, -- Se o manuscrito se relacionava com a Anaiisaaor e O Baluarte.
este morto em combate e os mais fuzi- religião ou a política, era revisto Debalde. O jornal resiste e prós-
por outras pessoas, que o podiam segue na campanha redentora. E\
lados ou enforcados.
A favor de Cipriano Barata, levan- corrigir. A importação de livros con- quando os inimigos do Brasil recorrem
tam-se apelos na Bahia e no Ceará, logo tinuava a depender de licença do de- a destruição das máquinas e à violência
após sua detenção arbitrária e no sempargo do paço. física. Executando ordens superiores,
decorrer do ano de 1824. As Juntas Na .bahia, o Governador D. Marcos o Tenente-Coronel Vitorino José de Al-
dessas províncias e.a Câmara do Sal- de Noronha e Brito, animando a mon- meida Ser rão (alcunhado o Rwivo) di-
vador pedem reiteradamente sua liber- tagem duma oíicma tipogranca, auto- rige-se em companhia de oíiciais e
"ido-
riza o dono a trabalhar desde que os soldados à tipografia onde era impresso
tação. Os cearenses chamam-no
lo do povo brasileiro" (15). Mas só escritos se lhe apresentem com as o Diário.
em novembro de 1824 começa o pro- competentes e precisas aprovações." Aí, após insultarem o proprietário
cesso."enormes, Nennum manuscrito, livro ou jornal da casa, " empastelaram o numero do
Atentando para os delitos M
poderia ser impresso sem licença dos jornal que se acuava composto", cer-
do jornalista ("lanarquizar os povos, censores do Governo ou do arcebispo caram a residência de Corte imperial,
chamá-los à rebelião"), ordena Pedro I da diocese. E, após tantos óbices à que lá não estava, quebraram todos os
"como exige a boa difusão do pensamento, podiam os tra- vendia
moveis, foram às lojas onde se "espan-
;;?' que se o condene balhos impressos ser [apreendidos. a folha e despedaçaram "Assimtudo,
administração da justiça, tranqüilidade termi-
e segurança, pública e salvação do Com a repercussão do movimento cando os venaedores."
Império." constitucional iniciado nas Cortes Ge- nou, vitima de selvagem atentado, a
Transferido para a Fortaleza de Laje, rais de Lisboa, o príncipe regente gloriosa carreira de O Constitucional.
desde junho desse ano, aí redige Ba- ordenou cessasse a revisão prévia das Ferozmente perseguidos, foram os
rata importante memória intitulada obras que se imprimissem (Aviso de partidários da Independência refugiar-
Motivo dê minha perseguição e desgraça 20. VIII. 1821). " se na Vila de Cachoeira, constituída em
em Pernambuco e Rio de Janeiro etc., Durante o Primeiro Reinado e, so- núcleo de resistência à Metrópole e onde
dando conta de suas (atividades poli- bretudo na capital do Império, a liber- D. Pedro já íôra reconhecido príncipe
ticas, das represálias dos portugueses dade de imprensa íoi ilusória, devido regente (25.VII. 1822).
e da vilania dalguns compatriotas à intervenção constante do poder, Enviada numa escuna pelo Imperador,
opondo-lhe por vezes restrições que de chegou, em fevereiro de 1823, uma ti-
(abril de 1825). fato a aboliam."
Influenciados, de certo, pelo recente (18) pograiia. Acompanhava-a, na quali-
movimento liberal (Confederação do Na verdade, os patriotas, para fia- dade de diretor, José Francisco Lopes.
Equador), os juizes . condenaram Ci- zerem circular seus Jornais, tiveram de Com o título de Tipografia Nacional,
sustentar constante luta, muitas vezes dela saíram várias publicações oíiciais
priano Barata à prisão perpétua. De heróica.
nada valeram as defesas, requerimen- e avulsos, além do primeiro jornal
Na Bahia, onde atuava Cipriano "cachoeirano — O Independente Cons-
tos, alegações e falas que redigiu a
seu favor. Apenas a transferência de Barata, e após o motim deflagrado nas titucional redigido pelas mesmas penas
ruas da Capital (10.XI.1821) em con- de O Constitucional. Este, transferida
presídio lhe foi concedida, por motivo seqüência dos sucessos de 1820 ^m
de saúde. Em 1828 passou para a a Tipografia para Salvador, continuou
Fortaleza de Santa Cruz. Quando o Portugal, moveram as .autoridades lusas a sair ali até 1827 (22).
Imperador visitava as cadeias, Cipriano obstinada perseguição aos jornais pró-
voltava-lhe as costas "acintosamente." independência, procurando, por todos O JORNALISMO LIBERAL DO
ós meios, impedi-los de circular. IMPÉRIO
(16) Em oposição ao Seminário Civico, No Parlamento e na imprensa de-
Afinal, ao cabo de quase sete anos
de encarceramento, um recurso de seu arauto*' da facção européia, lançaram frontavam-se, cada vez mais aguerridas,
advogado, interposto na Relação da os baianos o Diário Constituicional, sob as hostes absolutista e liberal. Na
Bahia, deu-lhe ganho de causa. Estava a responsabilidade de, Francisco Corte capital; como nas províncias, sucediam-
livre, mas os magistrados da Corte Real (mais tarde Corte Imperial), se os pronunciamentos nativistas, enèr-
não tiveram pressa em expedir-lhe o Francisco Gomes Brandão Montezuma gicamente repelidos pela reação.
alvará de soltura. (depois Francisco Gê Acaiab«a Mon- O império assentava no latifúndio e
Era em 1830. Um ancião franzino, tezuma e Visconde de Jequitinhonha), na escravaria. Não quiseram os con-
as cãs a lhe caírem até aos ombros, José Avelino Barbosa e Euzébio Valerio. servadores, orientados pelos Andradas,
SK';V'""¦."*'
deixiaVa, jo presídio, aiquebnado pelo Embora competisse à Junta Gover- extinguir a escravidão africana; ao
aB*flt|!i:t!
diabetes. Festejou-o a "ativa imprensa nativa assegurar a liberdade de im- revés tornaram letra morta os tratados
oposicionista, que o considerava um prensa, o Diário Constitucional foi de 1815, firmados entre Portugal e
mártir, receberam-no seus admiradores vítima de tais arbitrariedades que Inglaterra. A lei posterior, Ide
no Largo do Paço." (17) teve de suspender a publicação, só vol- 7.XI. 1831, já na Regência e pela qual
tando a aparecer meses depois, sob o os escravos vindos de fora do Império
A IMPRENSA LIBERAL NA. governo presidido por Francisco Vi- eram declarados livres, também não
BAHIA cente Viana. seria cumprida. O comércio de carne
A imprensa representava papel dos Nomeado o "autoritário e impetuoso" haveria de prosseguir até meados do
mais salientes nos acontecimentos poli- general Inácio Luís Madeira de Melo século XIX.
*
26 fundamentos
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A economia imperial repousava prin- Pernambucana de 1817 caíra em terre- dum atentado mandado perpetrar pelos
cipalmente no açúcar, no algodão e no impropriado aos germes da árvore. Andradas.
na pecuária; secundariamente, no ta- da liberdade ..." Antônio Borges da Fonseca, que iria
báco e no Café. Nosso comércio, ini- "Com efeito, não soa
o menor apelo notabilizar-se com O Rejmblico, mal
ciado em 1808 com a Inglaterra, desde aos ideais republicanos em nenhum dos estréia no jornalismo da Corte, pro-
logo favorecida com taxas menores que diversos atos que definiram e coroaram pugnando pela federação, é levado a
as pagas por outros países, generalizou- triunfalmente a nossa crise liberta- júri (24).
se, a partir de 1826, com a França e dora" (23). Menos afortunado que os predeces-
outras nações, às quais, por fim, se Representantes voluntários das mas-, sores, Luís Augusto May, diretor de
outorgaram os mesmos benefícios obti sas abandonadas faziam repercutir nas A Malagueta, sofreu agressões também
dos pela "rainha dos mares." colunas dos jornais os seus desejos às mãos da gente dos Andradas. A
Em última instância, os elementos dos mais sentidos, ao mesmo tempo que primeira, em 1823; a segunda em 1828,
dois partidos — conservador e liberal — verberavam d procedimento das classes quando, investido da função de depu-
recrutavam-se dentre os senhores de dirigentes. tado, deixava a Câmara. Dessa vez,
engenho, os fazendeiros de café e os Faziam-no com audácia, em perigo atingiram-lhe a cabeça e fraturaram-
estancieiros. Daí, o vigor oposto por constante de vida, face às vindictas*que lhe um braço.
ambos os partidos, excetuadas as cama- se lhes opunham. Virtualmente, após a A Libero Badaró, responsável pelo
das médias e populares integrantes da Independência e durante o período re- Observador Constitucional, de São
facção democrática, a tôdas as medidas gencial, esteve suprimida a liberdade Paulo, mandou o Imperador assassinar
a libertar os africanos, a estabelecer a de imprensa. Ofensas pessoais, em- (20.XI.1830).
república e a melhorar a sorte do povo. pastelamentos de folhas, perseguições Outros grandes jornalistas agitavam
Tanta pertinácia na defesa de seus de todo o gênero, aureolavam o exército as questões mais decisivas da nacio-
interesses e no combate às aspirações da profissão. nalidade: Joaquim Gonçalves Ledo,
populares, por parte das elites nacio- José Inácio de Abreu e Lima, a quem
Evarísto da Veiga, orientador da o povo apelidara de General das Massas,
nais, levou respeitado historiador a Aurora Fluminense, de tão destacada
reconhecer: Teófilo Otôni, um dos principais co-
"Parece atuação nos preparativos da Indepen- laboradores do Sete de Abril, através
que o sangue dos mártires dencia e, ao depois, membro do reá- da Sentinela do Serro.
da Conjuração Mineira e da Revolução cionário partido conservador, foi vítima
Ao a(air do cárcere, Cipriano Ba-
rata encontra o ambiente político ainda
mais tenso do que em 1823. D. Pedro
voltava-se cada vez mais para os
portugueses e já se valia de batalhões
estrangeiros para reprimir as manifes-
tações populares. Atacado sem cessar,
tanto pelos conservadores como pelos
liberais, sua popularidade desaparecera
há muito, sendo substituída por um
quase unânime sentimento de rancor do
povo. Avizinhava-se a Abdicação.
Prostrado pela idade e pela moléstia,
e desejoso de rever a terra natal,
despediu-se o velho lidador dos compa-
nheiros do Rio. Quis a sorte fosse O
Repúblico o veículo de suas palavras.
Em tão extraordinário momento dos
destinos |do Brlasil, os dois maiores
jornalistas da época apertavam-se as
mãos, emocionados, em breve pausa de
seu apostolado exemplar.
Borges da Fonseca, então com 22 anos
de idade, iria ser o continuador da II
grandiosa obra de Cipriano Barata,
dobrado ao peso dos 68 anos, da doença
e das vicissitudes.
Maio-Junho 1950 27
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**. ,
Fundamentos
28
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TIRADENTES MISTIFICAÇÃO E
Dl EGO PIRES DE CAMPOS PLANO MARSHALL
Brasileiro! COMO SE COMPRA A MÁ-FÉ DA IMPRENSA
Exaltemos a história de um símbolo! CAPITALISTA
Deste homem cujos passos lendários CARLOS FREDERICO
ainda refinem nas fraldas das serras,
Um dos fenômenos sociais de enorme significação na atua-
no bojo dos vales, lidade é a perda de prestígio, cada vez mais crescente, dos
no colo dos rios... jornais burgueses capitalistas, tenham o colorido político que
tiveram... O "democrata" — assim esse se intitula hipócrita-
Era um filho do Povo. mente — "O Estado de S. Paulo", acolhe na redação figuras
Vibrava-lhe a alma no cimo das montanhas, remanescentes do fascismo italiano ou do nazismo germLnico:
Giannino Carta e Frederico Heller, último subserviente ser-
a terra sentindo morrer exangue, sugada,
vidor dos interesses americanos que vem ilulindo a boa-fé dos
por bocas estranhas ... diretores do setuagenário órgão de Júlio Mesquita. Nem a pró-
pria burguesia — classe social que se alimenta do noticiário
tendencioso das agências telegráficas estrangeiras, tão fértil na-
Cresciam os dízimos que a Corte exigia...
quele matutino — se impressiona mais com as suas campanhas,
A cruz que os homens tristes das minas tal o setárismo de que se revestem. Isso sem falar na manipu-
levavam nos ombros lação dos telegramas, devidamente dosados e selecionados, coisa
não tinha que todos os órgãos da imprensa mundial costumam praticar com
a maior desfaçatez... Na "Folha da Manhã"*, "Diário de São
mais fim. Paulo" e outros de menor porte, as notícias passam pelo crivo
E toda a riqueza da Terra, comum pelo qual todos se pautam: o balcão de anúncios. E
corria das serras aos barcos que o mar de branco tingiam, aí, pontificam as empresas de propaganda, todas sem excepção
com velas bordadas, ligadas a poderosas firmas norte-americanas, desde a Sear's até
a Anderson, Clayton & Cia. Elas é que orientam o sentido das
em forma informações. Aquela falta de prestígio pode ser facilmente
tranqüila ... avaliada se considerarmos que só a população da cidade de São
Por isso. êle andou de casa em cabana, Paulo atinge agora cerca de 2.000.000 de habitantes e que a
circulação diária dos principais matutinos e vespertinos, soma-
de mina em gro toes.
da, não atinge, na capital 300.000 exemplares... No rádio se
Nas noites compridas — fantasma de lenda! — verifica o mesmo fato: ao povo é dado música, piadas e futebol,
pregava convicto: além dos dramalhões, comédias e episódios policiais pejados
lutar ou morrer. de tolices. Servem, porém, para nele amortecer qualquer ve-
leidade de luta contra um estado de coisas por êle reputada
A voz do guerreiro subia as montanhas,
má.. .Enquanto isso, os donos dos jornais e das rádio-emisso-
nos vales descia, ras se enriquecem, não obstante os balanços anuais procurem
corria nos rios, precisamente mostrar o contrário. O melhor atestado da inca-
infiltrava-se na terra, pacidade de penetração dos jornais nas massas populares é que
todos escondem a circulação, conhecida, e geralmente com ine-
que abria suas furnas: xatidão, apenas das empresas de propaganda... E' por esse mo-
o grito a reboar... tivo que os leitores mais atilados não lêem os editoriais, dando
E poetas havia, lutado ao seu lado, preferência às informações. O comentário sem assinatura pro-
sem medo, sem nada, até perecer. cura sempre mistificar. Nunca é sincero, salvo nos casos em
que a direção do jornal percebe perigo para seus interesses...
Todos se dizem "independentes", mas nenhum deles o é. Uns
Silverio dos Reis, um dia, surgiu ... estão presos aos cordões dos cofres do Banco do Brasil, do ¦ ¦ . :-v
¦ *
As mãos que se ergueram, ficaram sangrando Banco do Estado ou da Caixa Econômica Federal. Outros, es-
tão amarrados diretamente ao Tesouro Federal ou do Estado,
em duros grilhões.
quando não ao do município. São tantos os jornais e tão poucos
Depois... os anúncios que se vêem na contingência de apelar para o poder
à forca subindo, sozinho, "otários" que dispõem de capitais,
público ou, então, para os
de onde o lançamento de emprésticos "populares"... Esse é
pelo Povo explorado e oprimido,
o clima em que vive a imprensa burguesa, em São Paulo, no
vai, firme e impoluto, morrer "apolíticos" ou sirvam a ideo-
país e no resto do globo. Sejam
com valor. logias favoráveis ao capitalismo, todos informam o público de
Os olhos imóveis, distantes ... acordo com as conveniências pessoais dos diretores ou dos gru-
— no azul do céu e nos montes que saltam depressa pos financeiros e industriais a que prestam obediência.
prá levar o grito rebelde A "MARSHALLIZAÇÃO" DA EUROPA E OS JORNAIS
a todos os rincões — PAULISTANOS
Já notaram os leitores habituais dos nossos matutinos e
pareciam ver todo o Brasil raiar soberano
vespertinos como nos anos mais próximos vêm êle mantendo
sôbre o sangue que ia correr.
tácito silêncio sôbre a elevação do custo de vida? Já observa-
Vestido de branco, ram que procuram evitar tocar sem rebuços no "mercado negro"
o corpo é um dia em humana alvorada de dólares, automóveis, geladeiras e problemas que dizem res-
peito à vida do homem da rua? Já se deram ao trabalho de
que se agita acompanhar com cuidado como se processam certas campanhas
no ar. de imprensa, inclusive aquelas em que se tacha o industrial*8
Francisco Matarazzo Júnior de "tubarão", quando o proprietá-
rio do jornal que assim procede paga aos redatores ordenados
O Corpo deste símbolo, cujos passos lendários, dos mais miseráveis, incompatíveis com a profissão de jorna-
ainda retinem nas fraldas das serras, lista? JáJ compreenderam por que o noticiário do SESI é tão
no bojo dos vales, \ bem difundido? O leitor inteligente — mesmo burguês — deve
no colo dos rios ... ter tirado suas deduções e meditado sôbre a inutilidade de ler
Maio-Junho 1950 29
' ' ' *
BgflSr*»**' , ; ;
ii-;";.-'
notícias filtradas por interesses de toda sorte, cujo fito exclu- os rendimentos, isto é, os dividendos, vão para Nova York. Só
sivo, único é o de GANHAR DINHEIRO ILUDINDO O POVO. são aplicados no país onde se originam diante de medidas de
Nenhum jornal, dos qualificados como "honestos" ataca um proteção que certos governos burgueses tomam, a fim de evitar
grande tubarão; podem voltar suas baterias contra figurões po- maior saída de dólares e, com isso, maior depreciação de suas
líticos de seu desagrado- mas para fim em regra ilícitos* que próprias moedas.
sabem mascarar de legítimos com a refinada hipocrisia da de- Asseguram os autores do famoso plano que a aplicação dele
cadente sociedade burguesa-capitalista contemporânea... Sua tinha por fito não só resolver o problema da falta de dólares,
íliT*^""*;
Eminência o Cardeal, ah! esse é um dos intocáveis... Sua como ainda o de reanimar a vida econômica dos países benefi-
Excelência, o Sr. Ministro da Fazenda, ah! (o nome não vem
;•<*¦
S-.:
'
*í
ciários, restabelecendo o livre câmbio de mercadorias em toda
o ao caso, hasta, que tenha acedido em conceder os empréstimos a Europa e no resto da terra submetido ao dólar. Embora, sob
pedidos...) esse é um varão íntegro, de atitudes rígidas. Salvo, certos aspectos, a economia européia tenha apresentado algu-
todavia, se procura servir a outro amigo — também "jornalis- mas melhoras, provenientes sobretudo do financiamento de in-
ví1;**'' ta" — mas que pertence a outra cadeia de jornais. Nessa hi- dústrias de guerra pelos norte-americanos (siderurgia, aciaria,
. *.
pótese, então, pau nele... Assim são todos os jornais conser- estaleiros e correlatas), a verdade é que o Plano Marshall fa-
vadores de São Paulo, do Brasil, da América Latina e a maio- lhou. Bem, o seu malogro pode ser explicado do ponto de vista
ria da Europa Ocidental. Os que servem ao povo, os que com dos povos interessados, como o inglês, o francês, o italiano, o
H*'3=-.' êste comungam nos mesmos ideais, esses só podem existir à belga e outros. Do ponto dé vista americano, propriamente
Er custa da circulação ou de doações de cada um dos leitores. Se dito êle tem sido um êxito: o domínio econômico-financeiro de
conseguem sobreviver é porque respondem a sincero anseio das Washington cresce continuamente, fortalecendo a obra política
multidões, que têm fome e sede de justiça. Só por isso. Em- do Departamento de Estado junto das camadas dirigentes dos
bora as autoridades os persigam inexoravelmente, dia e noite. países burgueses do Velho Mundo.
O Plano Marshall é o exemplo mais típico de como atuam E quem assegura que as esperanças dos europeus no plano
os jornais da burguesia capitalista. Você, leitor, já topou- pór imperialista falharam não sou eu (velho marxista estudioso de
acaso, com algum estudo minucioso e verdadeiro acerca dos questões econômicas) nem os jornais de Moscou. Quem o diz
efeitos do Plano Marshall sôbre a economia mundial? Não, a é uma revista de economia, dirigida pelo dominicano, o hoje
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menos que leia as publicações realmente populares e democra- célebre padre Lebret. "Économie et Humanisme", de Paris, em
tas. O que relatam os órgãos burgueses tem o objetivo de número recente, afirma textualmente: "O Plano Marshall fra-
ocultar a realidade, descrevendo-a diversa daquilo que é. cassou exatamente no seu objetivo principal, que era o de res-
O fim do Plano Marshall é o de submeter toda a economia tabelecer o comércio livre internacional". Acrestando que
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do globo ao poderio dos trustes e monopólios norte-americanos. esse resultado era de se prever. Pondera, a seguir:
A toda evidência, você deve ter lido nos "grandes" jornais que "A fórmula atual do
plano Marshall conduz fatal-
aquele plano tem por alvo libertar a Europa da influência co- mente ao imperialismo econômico..*."
munista, do "totalitarismo de esquerda" como eles gostam de
classificar os regimes democráticos populares dominantes na São os católicos de esquerda que se condenam a execução de
-.;* Plano Marshall*, embora, como era de se prever, o aceitem sob
Polônia, Hungria, China, Tchecoslováquia outros países cen-
certas condições... Só o fato de condená-lo, por essa forma,
tro-europeus. Aí só reina a mais abjeta escravidão; não existe
abertamente, expressa o estado de espírito de grandes correntes
liberdade, os salários são ínfimos, o custo de vida sobe dia a
dia e avulta de mês para mês o número de desempregados... político-religiosas européias que temem a expansão do impe-
rialismo, sob quaisquer de suas formas, seja vestido com estas
Esse é o quadro por eles descrito*.
ou aquelas roupagens. A conseqüência lógica do Plano Mar-
Tudo isso é verdade?
shall é, sobretudo, de impedir o desenvolvimento da crise nos
Não.
iPor que? Acompanhe o relato que vou fazer e depois você Estados Unidos (atenuada em virtude dos preparativos guerrei-
mê dirá de que lado está a razão. ros) que marcha pára uma eclosão (próxima ou remota, mas
fatal), e que só poderá ser retardada mediante a obtenção de
Falta de dólares; escassez de dólares; mercado negro de
mercados onde possa abastecer-se de matérias-primas (ferro,
dólares... Isso lemos e ouvimos todos os dias desde o ama-
nhecer até o anoitecer. Qual foi o fator desse fenômeno eco- manganês, bauxita, chumbo, areias monazíticás, borracha, etc),
nômico-monetário? A queda das importações dos Estados Uni- cujos preços serão por eles ditados, como aliás toda a gente
dos. não ignora. E' inelutável, assim, o domínio dos americanos
sôbre o mundo, já que „ precisarão cada vez mais de mercados •
O excesso .das vendas americanas nos diversos mercados do
mundo em relação às compras de mercadorias procedentes dês- para escoamento de uma produção que não encontra clientes
ses mesmos mercados foi em 1949 de 5.374.000.000 de dólares, dentro do mercado interno, cujo poder aquisitivo apresenta
e a isso denomina os ianques "the export over import gap" ou, tendências de declínio de ano para ano mais acentuado. "A
numa linguagem menos artificial, o "buraco" causado pelo dó- economia americana — escreve aquela revista do padre Lebret —
lar nos mercados do exterior... Em 1939, ano inicial da guerra está na dependência do mundo inteiro tanto para suas merca-
dorias como para as matérias-primas de que carece."
que devia prolongar-se até fins de 1945, esse "gap" ou "bura-
co" foi de 859.000.000 de dólares; em 1948 somara 5.544.0OO.000 Acentuemos — de passagem e para finalizar — que a agudi-
e em 1947 totalizara 9.607.000.000 ou cerca de 80% mais que no zação da luta de classes no plano nacional e internacional é
ano anterior. De onde se origina tão volumoso déficit de dó- uma conseqüência da agudização da crítica no plano ideológico;
lares no comércio internacional entre os Estados Unidos e os essa tem por fim ressaltar o papel da luta de classes no desen-
outros povos? Da miséria desses últimos, da sua incapacidade volvimento econômico, político e social, o que não agrada aos
em se libertar do domínio dos monopólios petrolíferos, de capitalistas e seus lacaios...
transporte marítimo, de fornecimento de energia elétrica (a Np Brasil os "benéficos" resultados da aplicação do Plano
*4*Light", Marshall na Europa (efeito por tabela, me disse um jogador de
por exemplo), de mineração (as minas de chumbo),
cobre, estanho e outras da América Latina, de propriedade de bilhar...) estão refletidos num documento de grande valor, o
trustes com sede nos Estados Unidos), de alimentos (o café dis- relatório do diretor do Banco do Brasil sôbre o exercício de
1949. Diz êle, a propósito do custo de vida:
põe de um único mercado, o americano, que dita os preços do "CONSIDERANDO OS DADOS DE
produto, como, igualmente, a castanha do Pará, a cera de car- 1946 COMO
naúba, o cacau, o sisal e outros artigos da exportação brasi- EQUIVALENTES A 100, TIVEMOS, EM FINS DE 1948,
leira, absorvidos, na quase totalidade, pelos americanos, que O ÍNDICE 126, E, AO TERMINAR O ANO DE 1949, O
lhes fixam os preços, como e quando bem entendem...). Para DE 136"...
o jornal "O Estado de S. Paulo", contudo, os preços são for- Reconhecendo, embora, a alta do custo de vida, alega o
i^''»-*. mados pelo livre jogo da oferta e da procura, na opinião de autor do relatório que contribuiu para isso o "maior poder aqui-
Heller e caterva... O que sucede com matérias-primas brasi- sitivo colocado à disposição das classes trabalhadoras". Trata-
lei ras acontece também com as procedentes de toda a América se de uma afirmação enganosa, ilusória porque esse aumento
Latina, da África, da Ásia (a China, felimente para ela e foi muito maior. Não mencionou êle o mercado negro de pro-
infelizmente para Washington, já constitui agradável excepção dutos importados, a queda nos preços das exportações (com
nesse negro quadro de exploração colonial pelo imperialismo excepção do café), e o mercado negro de cereais, os verdadeiros
capitalista),, e da Oce-nia. Visando ao despistamento, os ame- responsáveis pela alta do custo de vida e não o maior poder
ricanos instalam "fábricas" de montagem, como ocorre com os aquisitivo colocado à disposição das classes trabalhadoras.
automóveis, enceradeiras elétricas, aparelhos de rádio, etc. Só Maior poder aquisitivo vemos é nas mãos dos "tubarões", dos
se dispõem a fabricar automóveis em países como a G;rã-Bre- atravessadores, dos monopolistas, dos negocistas de toda sorte,
tanha, onde vão concorrer com as marcas locais e, por meio de- de enriquecimento.
para quem o estômago do povo é um veículo "crianças.
las, "concorrem" com as suas próprias marcas no estrangeiro: Equilíbrio econômico... História de ninar
30 Fundamentos
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Na União Soviética foram criadas sor Dzhanelidze oferece em sua mono- trabalho do autor, dedicado ao estudo
condições excepcionalmente favoráveis grafia «As fístulas bronqueais resultan- comp.eto deste problema. Ao mesmo
para o desenvolvimento da medicina. tes de feridas por arma de fogo.» Uma tempo em que faz uma exposição e uma ¦.ss»
A medicina Soviética que é objeto de exposição deta.hada dos métodos de ex- análise crítica dos trabalhos nacionais
atenção especial por parte de todo o ploração dos enfermos, descreve as al- e estrangeiros, o professor Rubitchenko »
povo e do Partido Comunista, se enri- terações anatomopato ógicas da parede apresenta algumas teses novas sôbre ¦¦¦''¦•'¦
quece de ano para ano com novas des- toráxica do tecido pulmonar que predis- esta questão. 4$-
cobertas que tendem a aperfeiçoar os põe à formação de fístulas bronqueais e
métodos destinados a prevenir e curar expõe diversos métodos para seu trata- Lazar Rubitchenko oferece uma classi-
as enfermidades do homem. mento conservador e cirúrgico. ficação simples e completa das enfermi-
Uma prova evidente dos êxitos obti- dades puerperais. Determina e salienta
A monografia de Dzhanelidze de-
dos pela medicina na U.R.S.S. são os que no período puerperal as infecções se
monstra com toda evidência* qúe um transmitem fundamentalmente por via
Prêmios Stain com que têm sido distin- dos problemas mais difíceis do trata- sangüínea. Esta conclusão tem uma
guidos os trabalhos mais relevantes rea-
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Maio-JunJio 1950 31
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A GRANDE
O Cinema soviétxo não nasceu num deram a contribuição mais importante.
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deserto. Da mesma forma que toda a São homens de diferentes regiões vindos V. PUDOVKIN
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cultura soviética, êle cresceu e se desen- de diferentes horizontes: S E'senstein
volveu em estreita ligação com a vida do era engenheiro, A. Room médico, F. gerais da época contemporânea. O tema
povo. Suas fontes é necessário procura- Ermler veio diretamente das file'ras do da ioima nova, socialista, o trabalho mo-
las nas tradições democráticas da arte e exército vermelho. Na Ucrânia o pintor d.ficando a consciènc-a do homem sovié-
da literatura russa no século XIX e do A. Dovjenko, e na Geórgia o escultor tico, aproximando o último deste ideal
início do século XX. M. Tchiaureli foram também, atraídos preciso: o de ser um membro ativo da
pela nova forma de expressão artística. sociedade socialista.
Já nos primeiros anos do século XX
apesar da organização capitalista que do- Esses homens eram pc-ssuídos do elã Quase na mesma época aparece um
ímna\a o cinema russo, a-ve^sos diretores de sua juventude, uma sede de ação, filme de Dovjenko "a lerr^." que re-
e artistas deram numerosos exemplos de uma vontade de arrojar-se na pesquisa de lata, com lirismo e pujança*os primei-
novas formas. ros passos ua edihcaçao kalkoziana vi-
uma verdadeira criação artística.
Desde o início o partido bolchevique tor.osa. Em 1934 é a vez de "Xcha-
A grande Revolução Socialista de Ou-
deu apoio enérgico a esses jovens pionei- paiev" o grande filme dos irmãos S. e
tubro inaugurou uma nova época na evo- G. Vassihev dar o seu testemunno da
lução desta arte. O poder soviético de ros, ajudando-os a produzir e assimilar
"O Grande Mudo" um recente realidade soviética. A respeito
imediato viu em os princípios do realismo socialista nas-
cente. Essa ajuda produz seus frutos J. Stalin "O escreve aos tiabalhadores do
poderoso instrumento de instrução, de cinema: poder soviético espera de
elevação cultural e de educação política já em 1924, quando o "Couraçado Potem- vós novos êxitos, de novos íilmes glori-
das massas populares. kin" faz sua aparição sobre as telas. ficando a imagem de "Tchapa.ev" a
São basiante conhecidas as palavras O mundo inteiro aplaude êsse filme
"de todas as artes o cinema revolucionário. Seu grande mérito con- grandeza dos processos h.stóncos dos
de Lénin: traüaihadores e dos camponeses da União
é a mais importante para nós." E' sabido siste em ter colocado em cena uma gran- Soviética na luta peio poder...";-" -
também que por proposta de Lénin foi de coletividade de homens unidos por Nos anos que se seguem, o trabalho
sentimentos comuns e por uma atividade
promulgado em 1919 o decreto de nacio- comum. Pela primeira vez a multidã
kiikoziano atrai a camera de inúmeros
nalização do cinema. A partir dessa realizadores, entre os quais, I. Raisman,
data memorável, há pouco comemorada deixou de ser um pano de fundo dia'- com "Terras Desbravadas", Ermler que
do qual se desenrolava entre um pequeno "Os Camponeses". Desta coorte
pela União Soviética pela 30.a vez o ci- número de personagens a ação. A mui-
produz
nema soviético libertou-se dos entraves um recem-vindo se destaca: é I. Pjriev,
resultantes das preocupações comerciais tidão ela própr a torna-se um protago- que golpe a golpe roda "Atrês filmes sobre
e especulativa. nista do filme. A influência do "Coura- a vida camponesa: Noiva Rica",
çado Potemkin" foi enormemente ben- "Os Tratoristas" e, "Encontro em Mos-
Como todo o país, o cinema soviético se
fazeja sobre as obras ulteriores dos mes- cou". Esses filmes que são de novo gê-
desenvolveu sob a égide do bolchevismo.
tres do cinema soviético. Um após outro nero, a comédia lírica, marcam um grande
Em seus começos, o cinema soviético
aparecem "A Mãe" tirado do romance de
se lança na ''Crônica filmada." Nas passo na direção de uma arte profunda-
"Brigadas cinematográficas de agitação" Górki, "O Fim de S. Petesburgo" e mente nacional e socialista por sua vez.
"Tempestade
sobre a Ásia" (filme reali- Seria injusto passar em silêncio sobre
que circulavam por todo país jovens e zado por mim V. P.)
ardentes cineastas filmavam aquilo que Na Ucrânia outro gênero de comédias a comédia oti-
Dovjenko ro^ia "O Arsenal" e "Aero-
eles viam tanto na frente de guerra mista, que reflete a alegria de viver. G.
civil, como nas regiões onde nascia a grade." Na Geórgia Tchiaureli produz Alexandrov com "Os Alegres Meninos",
"Khabarda" "O Crco" e, "Volga-Volga"
nova ordem social. sátira mordaz sobre os parece ter
meios intelectuais burgueses georgianos, se especializado nesse ramo onde êle é
Esta "Crônica filmada" pode ser con- '-F
' siderada como primeiro contacto da arte Todos esses realizadores não somente um dos melhores representantes.
uj^l:zam os numerosos novos elementos Malgrado a amplitude e a variedade
cinematográfica com a vida do povo. "Couraçado Po-
que foram trazidos pelo dos temas e gêneros dos filmes soviéti-
Dessas fitas de atualidade foram tirados temkin" mas ainda cies investigam o cos, eles têm todavia, um laço comum:
filmes originais de caracter informativo, a determinação de mostrar na tela a
nos quais os realizadores se esforçavam jogo dos atores fazendo-os render o
máximo em profundidade e de verdade, personagem positiva do homem soviético,
por agrupar em torno de um tema único da mesma maneira que eles. procuram de o fazer aparecer como um exemplo
— a guerra civil, a reconstrução da indús- a exatidão e a veracidade das persona- digno de ser seguido. Essa personagem
tria, a organização da agricultura — as gens. Nesta ordem de idéias as tradi- conquista progressivamente o lugar cen-
imagens documentárias filmadas por ope- ções realistas do Teatro de Arte de Mos- trai na tela. Aparece no filme "Os Ma-
radores diferentes em lugares dierentes. cou exercem feliz influência sôBf? a obra rinheiros de Cronstadt" de E. Dzigan,
No domínio dos filmes de arte própria- cinematográfica. Os conceitos da persona- engrandecido nas três partes da trilogia
mente ditos, a evolução da união do gem da tela tornam-se pouco a pouco de "Maxime" de G. Kozintsev e L.
cinema com o povo foi mais lenta e mais o do homem novo, do homem da socie- Trauberg, enfim se afirma e se impõe,
complexa. Todavia, desde o começo ve- dade socialista. em "O Grande Cidadão" de Ermler.
lhos cineastas se aproximaram dos novos "O Grande Mudo"
Por cerca de 1930 É trabalhando na cr'acão da imagem
temas. Entre eles citamos o diretor I. aprende a falar. À imagem anmada se filmada do herói positivo soviético, na f.
Protazanov realizador do primeiro filme junta o som: "O um grande enriquecimento. criação «da imagem do homem comunista
sobre Lénin. Ou ainda I. Perestiani, a O filme Contra-Plano" de F. que os cineastas sovietivos foram natu-
"Os Dia-
quem se deve o filme de arte Ermler e S. Iutkevitch é precisamente ralmente conduzidos a tentar levar à tela
bretes Vermelhos". servido por êsse enriquecimento. Marca a imagem dos grandes dirigentes do povo.
Mas nesse domínio foram os jovens progresso na tendência que tem o cine- Esta delicada e árdua empresa, malgra-
criadores recém-vindos ao cinema que ma soviético de se inspirar nos temas do as dificuldades que apresenta foi co-
Maio-Junho 1950 23
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A AlilJCIUíAHiTE ORQUESTRA
O diretor do Instituto de Folclore da morte pelo governo monarco-fascista, que
os americanos mantêm pelas armas na in-
JORGE AMADO
Rumania esteve longo tempo na prisão
pelas suas atividades subversivas contra o feliz Atenas, escreveu, há pouco tempo,
regime monárquico. Suas atividades pare- de sua prisão ao romancista André Kedros, O Instituto dè Folclore da República Po-
ciam particularmente suspeitas aos poli- exilado em Paris, uma carta pedindo que pular Rumena é um modelo no gênero.
ciais de Carol e do imperialismo, porque lhe enviasse uma "gramática da língua Passei ali um dia inteiro escutando as
êste intelectual percorria o campo, reco- chinesa." Quem nos diz que êste prisio- gravações recolhidas por especialistas que
Hiendo da boca dos camponeses as suas neiro, condenado à pena máxima, não percorrem todo o país acompanhados do
canções, procurando impedir que o riquís- será amanhã um representante de uma material necessário, descobrindo às vezes
simo folclore rumero se perdesse pe- Grécia livre numa China igualmente livre? grandes artistas entre os camponeses até
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rante^a invasão cosmopolita das estações Pode acontecer que seja executado antes então desconhecidos. Muitos cantores de
de rádio rumenas provocada pela música de ter terminado o estudo desta língua di- talento já forain descobertos por essas
dos foxes ianques (como acontece hoje fícil. Mas a lição que se pode tirar do equipes do -Instituto. Vários camponeses e
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com a música popular brasileira, cuja me- que sucede com o ex-prisioneiro rumeno camponesas, operários e marítimos vieram
lodia e palavras são diariamente alteradas e com o atual prisioneiro grego é que um de suas aldeias, fábricas ou portos para
comunista jamais perde a esperança.
pelo cosmopolitismo da música imposto a rádio de Bucareste para figurar nos
pelo imperialismo ianque.) Assim o folclore rumeno, obra de coros de dança popular.
Dirigia-se aos campos e aos portos do criação popular, ia se perder diante do
Mar Negro, escutando as canções tão doces Ouvi, no Instituto, uma cantora de
desinteresse propositado de um governo
e tão nostálgicas dos pescadores e dos ma- voz inesquicível. Não decorrera ainda um
antipopular, pela penetração de elementos
niês que especialistas do Insútuto a haviam
rítimos. À sua atividade de militante re- estrangeiros antinacionais que deformavam descoberto numa fazenda coletiva. Fora
voludonário se iuntava um trabalho de a sua melodia. Os países de democracia chamada a Bucareste e atualmente gravava
estudo do folclore. Foi durante os longos popular, seguindo o exemplo da União So-
dias de sua prisão que projetou toda a viéüca, dão uma importância e prestam para o Instituto: professores educavam a
sua voz; brevemente o seu nome será co-
estrutura deste Instituto do Folclore da Re- uma a;uda imensa ao folclore Os coros nhecido e amado por todo o povo da
pública Popular Rumena. E nisso se en- populares se formam e se desenvolvem, República.
contra a admirável condição humana dos assim como os conjuntos de dança popu-
comunistas: jamais perdem de vista o fu- lar regidos por maestros, músicos e espe- Quero, porém, tratar de um outro
turo, sabem que a noite precede a aurora, cialistas em folclore, incumbidos de reco- aspecto da obra do Instituto de Folclore:
e podem, nas condições as mais difíceis, lher e difundir as canções e as danças po- da maneira como acompanha, pela gra-
olhá-lo cie frente. Podem sonhar porque o pulares, de manter viva a tradição dos vação sistematizada, a evolução da música
seu sonho está profundamente enraizado costumes típicos, de fazer reviver às vezes popular. Durante o regime semifeudal dos
na realidade. Eis aqui um exemplo: um instrumentos de música do povo, já aban- latifúndios, nos dias da dominação im-
jovem comunista grego, condenado à donados diante da avalanche dos "fazzes". perialista sobre um país semicolonial, os
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roada de sucesso." "O Grande Clarão" O Filme artístico documentário fêz "Lendas
da Terra Siberiana", de I. Py-
de M. Tchiaureli "Lenin em Outubro", grandes progressos ao correr-da guerra. riev; "A
questão Russa" de M. Romm
"A
e "Lénin em 1918" de Mikhail Romm, Operando, em tôdas as frentes, muitas Guarda" de Si Guerassimov;
"O Homem com fuzil", de S. Iutké- "A Jovem
vezes com as' unidades de vanguarda do História de um Homem verdade to"
vitcji, enfim "O Juramento" de M. exército soviético, outras tantas em li- de A. Stolberg; "O Tribunal da Honra"
Tchiaureli e alguns outros filmes fizeram gação com as unidades de guerrilhas, os' de A. Room e numerosos outros fil-
magnificamente viver na tela as grandes cineastas — cronistas, recolheram uma mes qúe enriquecem progressivamente o
figuras, e também a obra de Lénin e rica colheita de imagens autênticas e po- cinema soviético.
Stalin. * derosas. A partir desses materiais os Hoje em dia o cinema soviético dis-
flmes artistivos, foram rodados conser- põe de uma possante base técnica. Ao
Esses filmes provocam unia observa-
vando escrupulosamente a exatidão do- longo destes últimos anos d;o após guer-
ção importante. Elaborando uma nova cumentária dos acontecimentos e dos fa- ra, a rede de salas de projeção se esten-
maneira de abordar a representação das
tos que eles descrevem. deu como em nenhum outro país do
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•¦¦; personagens diante dos acontecimentos É esta preocupação de exatidão da mundo. No momento atual, tanto nas
históricos, os cineastas soviéticos decla-
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raram uma guerra implacável às ten- parte dos cineastas, e a exigência da ver- distrtos, nas aldeias e kolkozes, as insta-
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34 Fundamentos
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cantos de trabalho e suas danças eram çados pelo conjunto do exército húngaro O Instituto cle Folclore reuniu em todo
melancólicas e por vezes mesmo deses- representava admiràvelmente a luta do o território da Rumania libertada os mú- ft
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perados: refletiam a vida dos servos da camponês pobrfc, apoiado pela classe sicos ciganos, arrancou-os de sua vida hu-
terra, o trabalho sem recompensa e sem operária, contra o kulak. O êxito alcan- milhanfe e compôs com eles a mais extra-
alegria; os cantos das cidades e dos por- çado por êste ballet popular demonstra «ordinária orquestra que os ouvidos huma-
tos estavam impregnados do mesmo dra- o sucesso do aproveitamento político da nos possam escutar. Eram mais de cin-
ma. Alguns refletiam também, 'a luta, arte nascida no seio do povo. Nas qüenta músicos, de faces bronzeadas, tra-
sobretudo os que eram compostos nas suas danças e nas suas canções, os can- zendo ainda nas expressões de seus olha-
fábricas, por entre as greves. Hoje, sob tores do povo não contam apenas a sua res a lembrança das paisagens vistas do
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o novo regime, as canções, os cantos de vida: ajudam também as grandes massas alto de suas carroças ambulantes, com os
trabalho, as romancas têm outra signi- a compreender os problemas e a seus diversos instrumentos, alguns dos
pro-
ficaçao: a alegria da terra conquistada, curar para eles as melhores soluções. Ao
mesmo tempo, o imenso material reco- quais eu até então desconhecia. Que mara-
do trabalho livre, do governo do povo, vilha de ritmo, que calor de execução, que
do socialismo em construção. Os campo- lhido é colocado à disposição dos com- riqueza de melodia: uma orquestra aluei-
neses celebram agora os novos tempos positores e dos profissionais do teatro, nante! Eu ouvia os solos; um maestro cé-
em que a terra lhes pertence, em que o aos quais facilita a composição de obras
lebre dirigia a orquestra.
governo envia tratores para facilitar o que têm um conteúdo socialista e uma Eram vagabundos que percorriam as
seu trabalho. Os operários cantam a vi- forma nacional.
estradas mendigando a esmola dos senhores
tória dos trabalhadores, a edificação do Outra característica do Instituto de feudais, de latifúndio e latifúndios. Na
novo regime; saúdam os dirigentes da Folclore da República Rumena que , e sua maior parte analfabetos, mas a mú-
República e os dirigentes soviéticos, mes- preciso não equecer é o seu caráter mui- sica nascera com eles e tal era o £eu des-
tres amados; saúdam o camarada Stalin: tinacional. Na República Popular Rume- tino. Hoje têm casa, alimentação e perce-
Tboara pasare infoqhor na vivem, além dos rumenos, homens de bem honorários, possuem, uma escola onde
Peste Volga, peste Dw diferentes nacionalidades: húngaros e gre- recebem conhecimentos gerais, onde se en-
Si te-aseza en zbor lm gos, turcos e búlgaros, albaneses e ci- sina a ler aos analfabetos e onde se eleva
Fe foreastra lui Stalin. ganos. Dezessete idiomas são falados na o nível de cultura de todos; hoje aparecem
República, e o Instituto" de Folclore, re^ nos grandes teatros, nas fábricas, nos es- -,-</..
Eis as palavras de um canto de cam- fletindo a sábia atividade do governo, ba- tabelecimentos coletivos; hoje, levam a sua
ponêses; todo o amargor ou tristeza desa- seada na política staliniana das naciona- música às grandes massas do povo. Entre
pareceram. Os camponeses livres falam lidades, se preocupa não somente com eles se encontram compositores cujas me-
da boa colheita, do tratores; aclamam a a obra criadora de origem rumena, mas lodias se perdiam ontem pelas estradas e
"E viva a nossa terra, também oom a de todas as nacionalidades
República Popular: hoje são populares em todo o país.
a República Popular!" que habitam o seu território.
É assim que, após haver visitado o Quando a orquestra lançava os seus
Vem munci grandini, ogoare ritm.os impossíveis, o diretor do Instituto
Instituto, o seu diretor me diz ter ainda
Cu masini si eu tractoare. assumia uma expressão austera; ficava.dis-
alguma cousa a me mostrar. Dirigimo-nos
Si-o syaoem recolia buna, traído e o seu pensamento distante: nos
Toata lumea sa ne spuna; a um imóvel vizinho, também dq pro-
dias de opressão, quando a noite do fas-
Sa traiasca a nosastra tara priedade do Instituto. De lá ouvíamos a cismo se espalhava pelo mundo, êle sò-
músiVa executada pela orquestrada mais
Republica populara. 'j nhava com tudo isso, entre as grades de
fantástica que iá ouvi.
Todos sabem que os ciganos peram- sua prisão, sonhava com as melodias po-
Hoje, os cantos constituem alegres bulam pelo mundo, como vagabundos .fa- pulares, com os ciganos, com a música e
afirmações da vida e confiança no fu- mintos e ladrões. A sua vocação é a mú- com a poesia. Houve talvez quem o jul-
turo. Também as danças. Assisti na Hun- gasse então louco, sonhador impenitente,
sica; as suas melodias são as mais ro-
gria a um espectaculo do corpo jie ballets mânticas, os seus violinos são os melhores, mas sabia que o seu sonho se baseava na
populares do exército húngaro. Os temas instrumentos admiráveis que reproduzem
realidade da classe operária em marcha
populares dos cantos e das danças foram o canto dos pássaros. Os ricos senhores para o poder através das lutas e do sofri-
sempre realistas: o realismo é a marca mento. Os violinos da orquestra inicia-
feudais atiravam moedas a esses músicos
primordial da obra de criação popular. vagabundos quando, nas estalagens das es- rama música e a voz de uma camponesa
E com o mesmo realismo que se manifes- se elevou, cantando a época da felicidade
tava ontem para descrever nas suas danças tradas, vinham alegrar os seus festins ou
as suas bacanais desenfreadas. Eram então conquistada.
os sofrimentos de uma vida amarga que
os camponeses celebram hoje as suas vi- mendigos que viviam das sobras das boas Lá fora brilhava o céu azul de Bu-
tórias e as suas lutas. Um. dos ballets dan- mesas, muito mais que músicos. careste.
Maio-Junho 1950 35
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terminando mesmo com um apelo confiante aos principais se poderão servir outras músicas para a luta contra o for-
compositores colocados em foco durante as discussões e em malismo, se vô, no momento, gravemente ameaçada de soco-
prol do engrandecimento da música russa e de seu tmxior brar no cosmopolMsmo desfibrador, se não forem desenvol-
contacto com o povo. vidos entre nós os estudos iniciados com tanto carinho por
5.0 — Os próprios compositores Chostakovitch, Prokofiev, um Luciano Gallet, por um Mário de Andrade. E não só
Miakovski, Katchaturian, Popov, Kabalevski e Chebalin de- desenvolvidos, mas, difundidos e assimilados, pois, embora se-
Luís
ram sua contribuição aos debates. Posteriormente, Proko- jam conhecidos os esforços atuais de Oneida Alvarenga,de Eu-
•• enn Heitor Correia de Azevedo, Rossini Tavares de Lima,
fiev escreveu um artigo em que esclareceu sua atitude nice Catunda, nesse sentido, é bem verdade que, em face da
face da questão e expõe "Para seus planos. Esse artigo foi publi-
Todos" e deve ser lido. situação penosa em que são obrigados a trabalhar, sem apa-
cado, aqui, pela revista relhamento necessário, com as dificuldades que enfrentam
6° Os principais problemas subetidos à critica do país, suas
durante o desenrolar das longas discussões foram: o aban- para se deslocarem para os diferentes pontos concatenar-se,
atividades se vêem limitadas e não chegam a
dono quase total da critica e autocHtica por parte dos prin- a sistematizar-se. Por outro lado, os coãpositores e profes-
cipais responsáveis pela vida musical soviética (composito- sores mal podem participar desses esforços, cumulados que
res e criticos); o menosprezo e o afastamento das tradições estão de encargos para o ganha-pão cotidiano. E as fontes
da música clássica e das fontes populares de inspiração; o de nossa música popular vão pouco a pouco se extinguindo
cultivo do novo pelo novo, da inovação gratuita que se si- ou se contaminando. E o povo que não vai sequer aos con-
tua fora da realidade do mundo socialista; o apego ao natu- certos, não ouve os nossos compositores, nem sequer lhe co-
ralismo cru que conduz a manifestações patológicas e irra- nhece os nomes, vai se intoxicando com a música de rádio
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36 Fundamentos
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K em 1891 e 1893. todos os recantos dos Estados Unidos, luta do proletariado para a sua liber-
Festa exclusivamente popular, ela se para assistirem aos funerais. As exé- tação. Esse é o sentido que tem a data
destina a preparar o advento da mais quias se passaram no mais impressio- de primeiro de maio para todos os tra-
nobre e fecunda das aspirações huma- nante silêncio, enquanto a cidade re- balhadores conscientes dos seus direitos
nas: a reabilitação do proletário pela gistrava apavorada a cólera muda dos que os demagogos e reformistas de
exata distribuição de justiça, cuja fór- trabalhadores em revolta. todos os matizes não podem adulterar,
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Foram esses os fatos que o Congres-
mula suprema consiste em dar a cada pretendendo fazer do dia 1.° de maio
um o que cada um merece. Daí a abo- so Internacional Socialista de Paris um dia de ludibrio do proletariado,
lição dos privilégios derivados quer da escolheu, no ano de 1889 para come- para servir com isto à reação.
fortuna quer do força.
Para êste fim é mister promover a
solidariedade entre todos os que for-
mam a imensa maioria dos oprimidos,
0 Eslado Policial nos Estado Unidos
sôbre que pesam as grandes injustiças A revista conservadora Harper's Ma-
das instituições e preconceitos sociais de Miss Marion L. Starkey: "O diabo em
gazine denuncia a maneira pela qual pro- Massachussets" e a novela "Cousa Segura"
da atualidade, destinados a desaparecer cede a Gestapo ianque, o FBI (Federal
para que reine a paz e a felicidade de Merle Miller. O ensaio consiste na nar-
Bureau of Investígation) cujos agentes rativa de fatos históricos espantosos —
entre os povos civilizados.
depois de apresentarem as credenciais de uma dessas loucuras coletivas
Promovendo entre nós a comemora- fiscais do imposto sôbre a renda numa produzidas
"Clube pelo fanatismo religioso, fomentadas pela
ção de uma data tão notável o casa residencial qualquer, iniciam um in-
Internacional Filhos do Trabalho" pro- autoridade espiritual, apoiadas ou toleradas
terrogatório sôbre a vida dos vizinhos, in-
cura a vulgarização dos princípios es- terrogatório que tudo abrange, desde os pela autoridade temporal, freqüentes na
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senciais do programa socialista, em- Idade-Media européia è
meios de vida e educação dos filhos até que em 1692
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penhando-se em difundi-los entre todas ainda chegaram, a dominar a
a marca das bebidas que consomem, os população in-
y.z- as classes sociais." teira da aldeia de Salem, perto de Boston
clubes que freqüentam, os livros que lêem, resultando no enforcamento, depois de
r'". O manifesto de Euclides da Cunha
"pro- as suas relações pessoais, especialmente
preconizava já a necessidade de torturas de 20 homens e mulheres.
p-í mover a solidariedade entre todos os aquelas que possam envolver qualquer fato A novela, "uma novela de mdígná-
que formam a imensa maioria dos opri- de natureza, escandalosa, presentes manda-
çao", como escreve o crítico, relata a tra-
midos" como meio de remover as in- dos ou recebidos, a pessoa que os enviou
gica história de um homem decente, ca-
justiças sociais que, ainda hoje pesam etc. etc. A porta está aberta para os piores
çado e destruído por canalhas e loucos,
sôbre grande parte da humanidade. mexericos e calúnias trazidos a público vítimas menos da perversidade
Êste é o verdadeiro sentido jdo dia pelo Comitê de Atividades Anti-Ameri- que do
delírio que avassalou a Capital — e não
1.° de Maio que os governos fascistas canas ou as inúmeras Comissões de leal- somente a Capital." O autor do livro, es-
e fascistizantes de nossa época pro- dade que pululam no país. Diz o arti- creve Newman "conseguiu apreender ad-
curam falsear para transformá-lo num cu lista que é teiramente novo o senti- irnr-Welmenre o isolamento e a tristeza
dia de demagogia e glorificação dos mento de que é natural e justificado o
senhores da reação que não visam ne- de Washington, sua inquieta consciência,
interrogatório de particulares sobre a vida
nhuma melhoria real na vida dos tra- sua estranha vacuidade e confusão: sobre-
- balhadores. de outros cidadãos. Isto começou duran-
tudo o fedor de medo ane empesta as re-'
te a guerra e apenas dez anos atrás
partições oficiais, òs ônibus, os restauran-
O dia 1.° de maio, escolhido para co- seria considerado uma violação de domi-
tes, os lares — qualquer lugar onde fun-
memoração do trabalho, visa perpetuar cílio, uma chantagem, e acrescenta: —
na lembrança dos trabalhadores os trá- "Uma só década auase nos cionários públicos sc encontrem e conver-
transformou
sem — com a. possibilidade de lhes sur-
gicos acontecimentos de Chicago em numa nação de delatores."
1886, quando se verificaram naquela preenderem a conversa."
cidade grandes greves para a obtenção Fica-se chocado, espantado, mas nada Como feras acuadas, comunistas, so-
da jornada de 8- horas. Poucos dias se faz". E analisando o resultado dessa cialistas, trabalhistas, liberais e progres-
depois, num comício realizado com o baixa e vil situação a que se procura re- s^tas, homens livres e sem partido, têm
mesmío fim, provocadores atiraram uma cluzir um povo inteiro, exclama: "Isto sido imolados ao Moloc de Wall Street,
bomba na massa popular, fazendo foi longe demais Estamos nos dividindo sem recurso a forca, às pedras aue sufocam
igualmente disparos, o que serviu de em caçadores e caçados. Somos delato- ou à progressista cadeira elétrica. São de-
pretexto para o governo determinar a res à polícia secreta. Homens honestos nunciados, sem d^f^cn possível perante
prisão de seis líderes trabalhistas que estão espionando os vizinhos, em nome fuízes e tribunais facciosos, e perseguidos
depois de um processo, que não passou do patriotismo. Podemos estar certos de pelas infâmias dos grandes jornais reacio-
de uma farsa judiciária, foram conde- nue, para cada homem honesto, há dois nários e pela maledieênoia pública, são
nados á morte e enforcados. desonestos que espionam para obter pro- demitidos dos seus carcros e empregos fi-
Após essa ignominiosa execução, os moções pessoais, hoje, e oue estarão
corpos dos trabalhadores sacrificados cando sem trabalho, sem meios de ganhar
espionando mediante paga, dentro de um a subsistência e sem amigos. Os mais ener-
foram entregues às famílias e os seus ano."
funerais constituíram uma impressio- gicos sè lançam à luta. Outros hão de
nante demonstração de revolta dos tra- Em igual sentido, o crítico literário pensar — e alguns iá o fizeram, como
"New Repu- lembra Newman — "que estariam melhor
balhadores norte-americanos. A cidade James R. Newman na revista
de Chicago ficou virtualmente inundada blic" estabelece o paralelo entre um ensaio num sudário."
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Resenha P do M
O GOVERNO DE WASHINGTON e os governo parisiense demitindo Juliot sua reconstrução pacífica, baseada na
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seus caudatários prosseguem na Curie produziu a maior repulsa em to- União de todo seu povo, o que se pôde
realização dos planos e preparativos dos os meios culturais e científicos e ver pelas festas realizadas em Berlim,
guerreiros, que visam lançar o mundo toda a consciência pacifista mundial a que estiveram presentes mais de 700
em nova conflagração, para satisfazer os lançou seu protesto contra êsse inomi- mil jovens alemães. Não obstante as
desígnios de dominação imperialista. nável atentado à inteligência. provocações de toda ordem promovidas '¦*•
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Neste último mês, diversos exemplos DO PLANO DE GUERRA IMPERIA- pelos propagandistas de guerra, agentes
vieram confirmar esses propósitos. Foi LISTA constam medidas e serviçais do imperialismo anglo-ame-
o incidente da invasão do território so- que
atingem todos os setores. E' o recru- ricano, as festas berlinenses decorreram
viético pelo avião de guerra da marinha descimento da espionagem nas Demo- na mais completa ordem e alegria, dan-
americana que levou a efeito a mais cracias Populares, de que resultam no- do um exemplo de quanto podem as
ousada provocação destes anos de após- vos processos perantes os tribunais do forças da paz diante dos propagadores
guerra. Poi a Conferência dos Chance- povo para punir os agentes anglo-ame- de um novo conflito mundial. A Ale-
leres de Londres, que teve como finali- ricanos. E' a ordem de fechamento de manha Oriental vai cumprindo seu pro-
dade aprofundar os planos de guerra consulados e redução do número de di- grama de reconstrução, no que tem
do carnpo imperialista, ao mesmo tempo obtido a ajuda da União Soviética, que
plomatas nos Estados Unidos. E' a
que promoveu a- criação de uma nova preparação de um bloco no Oriente Mé- ainda agora resolveu reduzir a apenas
entidade reacionária, que visa o enfra- dio a serviço dos americanos, o que foi 50 por cento o montante das reparações
quecimento da ONU, permitindo aos inaugurado com a decisão de forneci- de guerra a serem pagas pelos germâni-
imperialistas pôr em prática a velha mento de armas a árabes e israelitas. cos ao povo socialista.
proposta de Hoover de se reformar a E' a retomada das bases militares e A CAMPANHA CONTRA A BOMBA
Organização das Nações Unidas sem a aero-navais brasileiras por tropas ian- ATÔMICA, como tivemos oportu-
participação da União Soviética e das ques, a preparação de duas divisões na- nidade de noticiar em outras páginas
Democracias Populares. A palavra do cionais para guerra na África. São as de nossa revista, já atingiu o âmago do
próprio chanceler Acheson veio confir- medidas medievais de opressão do vice-
mar essa deliberação da conferência, povo em todos os recantos da terra,
rei Mac Arthur no Japão, visando re- resultando disto que muitos milhões de
quando disse que «estamos empenhados primir o movimento sempre crescente cidadãos já subscreveram o memorável
na elaboração de uma organização do povo oriental contra a ocupação e o apelo de Estoco .mo, para a' eliminação
mundial não comunista.» Para melhor confisco da indústria local pelos trustes das armas de reação nuclear do rol dos
atingir êsse objetivo, o Departamento americanos, contra os desígnios de uti- instrumentos de guerra e para a ca-
de Estado fêz aprovar a inclusão do lização do país como base de nova raterização da figura de criminoso de
governo de Bonn em seus planos .de guerra de agressão e o lançamento de
mobilização bélica e o governo francês guerra ern que incorrerá aquele go-
exércitos japoneses como mercenários vêrno que primeiro fizer uso da bomba
lançou o «Plano Schuman» de concen- no conflito que Washington pretende atômica, não importa contra qual país.
tração da indústria siderúrgica da Ale- deflagar.
manha, Sarre, França e outros países, NA AMÉRICA LATINA, ressalta-se a
visando com isto seu enquadramento na AS DERROTAS DA REAÇÃO entretan- definitiva submissão do governo
to vão-se acentuando cada dia, em de Peron na Argentina à política do
• *¦ produção de guerra. De tudo isto resul-
tou também a criação do «Alto Conse- todos os setores, a exemplo do que Departamento de Estado, o que foi fi-
lho Permanente do Pacto do Atlântico» acaba de verificar-se na Coréia do Sul, nalmente negociado na base de um em-
onde o governo títere dos americanos préstimo em dólares, que deu como
que é agora o órgão supervisor a exe- foi fragorosamente derrotado nas elei-
cutor do programa de agressão que os uma das condições impostas pelos im-
generais de Truman preparam. ções, mesmo depois de tomar a provi- perialistas o maior arrôxo nas persegui-
dencia de prender 800 mil homens e ções contra o povo e o alinhamento do
O USO DA BOMBA ATÔMICA faz parte mulheres, mais de dez por cento da
do esquema de guerra dos impe- governo da Casa Rosada no bloco anti-
rialistas americanos, o que é confirma- população, a fim de impedir que êsse comunista que se lançou na preparação
do pelas palavras do chefe do governo grande contingente participasse do piei- de nova guerra de agressão. Na Bolívia,
to. Mesmo assim todo o governo foi por sua vez, nem mesmo o completo
de Washington, que, em seus discursos repudiado pelos eleitores não «expurga-
eleitorais há pouco pronunciados na desmascaramento do «plano Cohen» lo-
dos», dando o sinal de quanto é odiada cal, verificado há pouco mais de um
cidade de Pocatello, reafirmou sua de- a dominação dos senhores do dólar. Na
cisão de vir a usar novamente a bomba mês, impediu que o seu reacionário
capital japonesa, quase vinte mil pes- governo se voltasse contra o povo e os
atômica contra cidades de outros países. soas se suicidaram em 12 meses, devido trabalhadores com nova e bestial re-
O ex-embaixador Berle, de quem o povo às condições insuportáveis de vida im-
brasileiro tem a mais desagradável lem- pressão, a título de fazer abortar uma
postas pela ocupação do arrogante vice- «revolução comunista» inexistente, pelo
branca, por suas intromissões descara*?. rei ianque. ái-mplés fato de haverem alguns traba-
das na política interna nacional, entrou
NO CAMPO DA PAZ E DA DEMO- lhadores promovido uma greve de me-
também no* coro dos propagandistas de
CRACIA, ressalta-se o grande em- lhora de condições de vida.
guerra, afirmando que os «Estados Uni-
dos estarão em guerra com a União penho da construção pacífica para o NA NOSSA POLÍTICA INTERNA, se
Soviética dentro de dois anos.» Essa bem-estar dos povos, de preservação da verifica apenas a submissão cada
afirmação é a repetição dos slogans paz e da concórdia entre as nações. vez mais flagrante do país aos interes-
Ern sua recente visita a Moscou, o Sr. ses e direção dos norte-americanos que
guerreiros que vêm sendo veiculados
diariamente por Bradley, Johnson e Trigve Lie, secretário geral da ONU, aqui se encontram como em seu próprio
outros. teve oportunidade de constatar o ar- quintal, reorganizando bases militares,
dente e sincero desejo de paz de todos explorando nossas reservas estratégicas
JULIOT CURIE, sábio que é orgulho da
ciência e da cultura francesa con- os dirigentes soviéticos, notando o bem- e assenhoreando-se de todas as nossas
temporânea, tornou-se um dos principais estar, a alegria e a confiança do povo fontes de produção. Enquanto isto os
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alvos da perseguição reacionária e guer- em seus líderes, sem nenhum sinal desse partidos reacionários se empolgam com *!«-
reira, com a sua destituçao pelo governo histerismo belicoso com que a propa- uma campanha de sucessão que visa
de Paris, de seu cargo de principal diri- ganda imperialista procura envenenar a apenas o golpe contra o povo, porque
humanidade. Na Rússia, pôde o secre- ela, mesmo que atinja a solução eleito-
gente do organismo de energia atômica
da França, simplesmente porque a sua tário da ONU sentir a alegria do povo ral de outubro, será na base de concha-
orientação pacifista o levava a empreen- na execução da sua gloriosa tarefa de vos que excluem qualquer participação
der as pesquisas no sentido da paz e construção da pátria socialista, real do povo e qne não procurarão
não da guerra, como é desejo dos go- A ALEMANHA ORIENTAL foi palco por isto mesmo resolver qualquer pro-
vernantes gauleses, sequazes da política neste mês de uma das mais vigo- blema popular de tantos que ai estão
imperialista de Washington. O gesto do rosas demonstrações de vitalidade na pendentes e cada vez mais agravados.
Maio-Junho 1950 39
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