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Escola Superior de Tecnologia e Gestão

MATERIAL DE APOIO

DE

INSTRUMENTOS DE GESTÃO

Ano letivo 2023/2024

GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES

Docente:
Jorge Manuel Afonso Alves
MATERIAL DE APOIO
INSTRUMENTOS DE GESTÃO

Jorge Alves
MESTRADO EM GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES jorge@ipb.pt

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Definição de Contabilidade

- Contabilidade é:
- Alguma coisa …;
- Que faz alguma coisa...;
- A alguma coisa…; e
- Que evolui no tempo.

- A Contabilidade é uma atividade que proporciona informação, geralmente


quantitativa e muitas vezes expressa em unidades monetárias, para a tomada de
decisões, planeamento, controlo das fontes de operação, avaliação do desempenho
e relato financeiro a investidores, credores, autoridades reguladoras e ao público.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Contabilidade
Divisões da Contabilidade

Interna Externa

Analítica ou de Geral ou
Gestão Financeira

Facultativa Obrigatória

Sistemas Contabilísticos

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Objetivos da Contabilidade

1-Avaliar a posição financeira e a variação dos resultados da empresa.

2-Fornecer os dados necessários ao controlo dos ativos, passivos e


capitais próprios.

3-Responsabilizar-se pelo controlo dos custos de produtos, dos serviços


e das funções.

4-Possibilitar o estabelecimento e controlo da realização das políticas, dos


planos, dos programas e dos orçamentos.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

5-Fornece aos organismos fiscais a informação indispensável à tributação


da riqueza gerada pela empresa.

6-Colaborar com as entidades estatísticas fornecendo os elementos


necessários à Contabilidade Nacional.

7-Valorizar o impacto da atividade da empresa na atividade humana e no


meio ambiente.

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Estrutura Conceptual

Estrutura conceptual segundo o IASB é uma interpretação da teoria


mediante a qual se estabelecem, através dum itinerário lógico-dedutivo;
os fundamentos teóricos necessários em que se apoia a informação
financeira.

Objetivos da Estrutura Conceptual:

- Auxiliar no desenvolvimento de novas normas e na revisão das já


existentes;
- Auxiliar as pessoas que preparam as Demonstrações Financeiras (DF);

- Auxiliar os utentes das DF na interpretação da informação.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Pressupostos Regime do Acréscimo


§22-23 Continuidade

Compreensibilidade;
Relevância; materialidade;
Características Fiabilidade; representação fidedigna;
Qualitativas das
substância sob a forma;
DF
neutralidade; prudência; plenitude;
§24-46
Comparabilidade;
Imagem verdadeira e apropriada/Apresentação apropriada

Objetivos
Posição Financeira Desempenho Alteração na Posição Financeira
§12-21

DF Balanço / Demonstração de Resultados / Demonstração de Fluxos de Caixa / Dem. de


§19 Alteração na Posição Financeira

Ativo Rendimentos Capital


Elementos DF
§47-79, 100-108
Passivo Gastos Manutenção do Capital
Capital Próprio Ajustamento de Manutenção do Capital

Reconhecimento Probabilidade de BEF Fiabilidade da Mensuração


§80-96 Ativo Passivo Gastos Rendimentos

Mensuração Custo Histórico Custo Corrente Valor Realizável


§97-99 Valor Presente Justo Valor Financeira I - G
Contabilidade 77

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Principais Conceitos: Elementos das DF

Ver Estrutura Conceptual do Sistema de Normalização Contabilística

Ativo - recurso controlado pela empresa como resultado de acontecimentos


passados e do qual se espera que fluam para a empresa benefícios
económicos futuros;

Passivo - obrigação presente da empresa proveniente de acontecimentos


passados e da qual se espera que resulte um exfluxo de recursos da empresa
incorporando benefícios económicos futuros.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Capital Próprio - interesse residual nos ativos de uma empresa depois de


deduzir todos os seus passivos;

Rendimentos – aumentos nos benefícios económicos durante o período


contabilístico na forma de influxos ou aumentos de ativos ou diminuições
de passivos que resultem em aumentos no capital próprio, que não sejam
os relacionados com as contribuições dos participantes no capital próprio
(§69ª da EC);
-Réditos ou
-Ganhos

Gastos - diminuições nos benefícios económicos durante o período


contabilístico na forma de exfluxos ou deperecimentos de ativos ou na
ocorrência de passivos que resultem em diminuições do capital próprio
(§69b da EC);
-Gastos e
-Perdas
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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Pressupostos

Regime do Acréscimo – As DF são preparadas de acordo com o regime


contabilístico do acréscimo. De acordo com este regime, os efeitos e as
transações e de outros acontecimentos são reconhecidos nas DF quando eles
ocorram ( e não quando caixa ou equivalentes de caixa sejam recebidos ou
pagos) sendo registados nas DF dos períodos com os quais se relacionam.
(§22 da EC)

Continuidade – As DF são normalmente preparadas no pressuposto de que


uma entidade é uma entidade em continuidade e de que continuará a operar
no futuro previsível. Assume-se que a entidade não tem intenções de liquidar
ou de reduzir o nível das suas operações; se existir tal intenção as DF podem
ter que ser preparadas segundo um regime diferente, o qual deve ser
divulgado.(§23 da EC)
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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Importância e Objetivos da Informação Financeira

A utilidade da informação baseia-se no seu poder de reduzir a incerteza para


qualquer tipo de utilizador (Machado, 1998).

O objetivo das DF é o de proporcionar informação acerca da posição


financeira, do desempenho e das alterações na posição financeira de uma
entidade que seja útil a um vasto leque de utentes na tomada de decisões
económicas (§12 da EC).

De acordo com o §9 da EC, os utentes das DF são os investidores, atuais e


potenciais, empregados, mutuantes, fornecedores e outros credores comerciais,
clientes, Governo e seus departamentos e o público.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Património

É o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma determinada pessoa ou


entidade, sujeitos a uma gestão e afetos a um determinado fim.

Ativos Passivos
Bens
Duas classes Obrigações
Edifícios, de
Veículos, Mercadorias, elementos Dívidas a pagar a
Dinheiro,… patrimoniais: Fornecedores,
Empréstimos
+
Bancários,…
Dívidas a receber
de clientes, Depósitos
Bancários, …
Direitos
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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

No património há que considerar dois aspetos distintos:

- A sua composição: 10 cadeiras; 2 mesas; 1 PC;….

- O seu valor: 10 cadeiras (€500); 2 mesas (€100); 1 PC (€1000);….

Três casos podem ocorrer em dada situação patrimonial:

- Ativo é superior ao passivo;


- Ativo igual ao passivo;
- Ativo menor que o passivo.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Inventário

Relação (rol, lista) dos elementos patrimoniais com indicação do seu valor.

1ª - Identificação dos elementos patrimoniais


existentes

3 Fases do Inventário 2ª - Descrição e classificação dos elementos


patrimoniais

3ª - Valorização

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Formas de Apresentação dos Inventários

Inventário simples - os elementos patrimoniais aparecem dispostos


sem obedecer a qualquer ordem.

Inventário classificado - os elementos patrimoniais aparecem


agrupados, segundo a sua natureza, características ou função.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Balanço

Documento que espelha a situação económica e financeira de uma


empresa e que representa a sua estrutura financeira num dado momento.
(Ver §19 da EC)

Balanço é também - a comparação entre o ativo e o passivo, a fim de se


conhecer o valor e natureza da situação líquida (Borges, 2000).

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O Balanço é apresentado de forma Vertical - O segundo membro vem imediatamente abaixo do


primeiro, mantendo-se a ordem indicada mais adiante dentro de cada membro.
Datas
Rubricas Notas
31 Dez. N 31 Dez. N-1
ATIVO
Ativo não corrente


Ativo corrente


Total de ativo
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio

Total do Capital Próprio
Passivo
Passivo não corrente


Passivo corrente


Total do Passivo
Total de Capital Próprio e Passivo

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Tipos de Balanço Datas


Rubricas Notas
31 Dez. N 31 Dez. N-1
Sintético ATIVO
Ativo não corrente


Ativo corrente


Total de ativo
CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
Capital Próprio

Total do Capital Próprio
Passivo
Passivo não corrente


Passivo corrente


Total do Passivo
Total de Capital Próprio e Passivo

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Tipos de Balanço Rubricas Notas


Datas

31 Dez. N 31 Dez. N-1

ACTIVO

Analítico Ativo não corrente


Ativos fixos tangíveis

Ativo corrente
Inventários

Caixa e depósitos bancários
Total de ativo

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO


Capital Próprio
Capital realizado
….
Total do Capital Próprio

Passivo
Passivo não corrente
Provisões

Outras contas a pagar
Passivo corrente
Fornecedores

Diferimentos
Total do Passivo

Total de Capital Próprio e Passivo

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Ordenação ou Disposição dos Elementos Patrimoniais no Balanço

1º Membro

Ativo
Ordem crescente de liquidez.
2º Membro
Capital Próprio

Ordem cronológica da sua formação ( Inicial, Retido e Adquirido).


Passivo

Ordem crescente de exigibilidade ou ordem decrescente do prazo de


pagamento (Dívidas a terceiros a M.L. Prazo > 1 ano; Dívidas a terceiros C.
Prazo < = 1 ano).
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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Principais Contas do Balanço


ATIVO
Ver Notas de Enquadramento
Classe 1- Meios Financeiros Líquidos – Esta classe destina-se a registar os meios
financeiros líquidos que incluem, quer o dinheiro e os depósitos bancários, quer todos
os ativos e passivos financeiros mensurados ao justo valor, cujas alterações sejam
reconhecidas na demonstração dos resultados.
Classe 2- Contas a Receber e a Pagar– Esta classe destina-se a registar as operações
relacionadas com clientes, fornecedores, pessoal, Estado e outros entes públicos,
financiadores, acionistas, bem como outras operações com terceiros que não tenham
cabimento nas contas anteriores ou noutras classes específicas.

Classe 3- Inventários e Ativos Biológicos – Esta classe inclui os inventários (existências)


detidos para venda no decurso da atividade empresarial, no processo de produção para
essa venda e na forma de materiais consumíveis a serem aplicados no processo de
produção ou prestação de serviços.
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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Classe 4- Investimentos – Esta classe inclui os bens detidos com continuidade ou


permanência e que não se destinem a ser vendidos ou transformados no decurso
normal das operações da entidade, quer sejam da sua propriedade, quer estejam em
regime de locação financeira. Compreende os investimentos financeiros, as
propriedades e investimento, os ativos fixos tangíveis, os ativos intangíveis, os
investimentos em curso e os ativos não correntes detidos para venda.

PASSIVO

Conta 22 - Fornecedores – Regista os movimentos com os vendedores de bens e de


serviços, com exceção dos destinados aos investimentos da entidade.
…..

CAPITAL PRÓPRIO
Conta 51 - Capital – Esta conta evidencia o capital subscrito.…..

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Factos Patrimoniais

Permutativos Modificativos

Quando provocam uma Quando provocam, além da


alteração na composição do variação na composição, uma
património, mas não no seu alteração no valor do
valor. património.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Demonstração dos Resultados


Datas
Rubricas Notas
31 Dez. N 31 Dez. N-1
RENDIMENTOS E GASTOS

Vendas e serviços prestados + +


Subsídios à exploração
Variação nos inventários da + +
Produção
….. +/- +/-
Custo das mercadorias vendidas
Gastos com o pessoal - -
…. - -
Resultados antes de depreciações,
Gastos de financiamento e = =
impostos
Gastos/reversões de depreciação e
de amortização -/+ -/+
Resultado operacional (antes de
gastos de financiamento e = =
impostos)
Juros e rendimentos similares
Obtidos + +
Juros e gastos similares suportados - -
Resultados antes de impostos = =
Imposto rendimento do período
-/+ -/+
Resultado líquido do período = =
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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

GASTOS

Correspondem a gastos e consumos suportados pela empresa, nomeadamente


no período:
Custo das mercadorias vendidas e das matérias consumidas;
Salários;
Seguros de acidentes de trabalho;
Consumos de eletricidade;
Desgaste de ativo fixo;
Juros suportados, etc.

Provocam reduções definitivas no valor do património


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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

RENDIMENTOS

Correspondem a rendimentos e ganhos para a empresa, no período


originados por:
Venda de mercadorias, subsídios do Estado,
Venda de títulos financeiros,
Prestação de serviços,
Juros obtidos de aplicações financeiras, etc.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Resultados do Exercício = Rendimentos - Gastos

Rendimentos > Gastos - o resultado é positivo e designa-se de lucro,


gerando um aumento no capital próprio.

Rendimentos < Gastos - o resultado é negativo e designa-se de prejuízo,


gerando uma diminuição nos capitais próprios.

Rendimentos = Gastos - o resultado é nulo e não origina qualquer


alteração nos capitais próprios.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

A Conta

Definição

- Conjunto de elementos patrimoniais expressos em unidades de valor.

- Classe de valores patrimoniais.

- Conjunto de registos relativos a determinada classe de valores


patrimoniais.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

PARTES CONSTITUTIVAS
Na conta existem 2 aspetos a considerar:

O Título O Valor
(denominação própria) (extensão)

1) Título: É a expressão ou palavra por que se designa a conta. O título é fixo e


imutável;
2) Valor: Representa a quantidade, expressa em valores monetários, contida na conta
no momento em que se analisa. A extensão/valor é essencialmente variável.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Homogeneidade Integridade
Numa conta só devem constar A conta deve incluir todos os
os elementos que Requisitos elementos que gozam da
correspondam à característica característica por ela definida.
que ela define.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
Representação Gráfica

Débito Título da Conta Crédito

Debitar - Significa inscrever uma Creditar - Significa inscrever uma


dada quantia no lado do débito. dada quantia no lado do crédito.

Balancear uma Conta - Consiste em comparar o


débito da conta com o seu crédito e à diferença
chama-se saldo da conta.

D>C Saldo Devedor (SD)


D=C Saldo Nulo (SO) - Conta Saldada
D<C Saldo Credor (SC)

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Débito Contas do Ativo Crédito

- Pelo saldo inicial; - Pelas diminuições.

- Pelos aumentos.
O saldo é
devedor
Débito Contas do Passivo e Capital Próprio Crédito

- Pelos diminuições. - Pelo saldo inicial;


- Pelas aumentos.
O saldo é
credor

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Débito Contas de Gastos Crédito

- Pelos aumentos. -Excecionalmente, pelas


diminuições;
- Pelas transferências para
resultados.
Débito Contas de Rendimentos Crédito

-Excecionalmente, pelas -Pelos aumentos.


diminuições;
-Pelas transferências para
resultados.

O saldo das contas de gastos e rendimentos,


no início e no fim do exercício, é nulo.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Expressão Fundamental da Contabilidade Financeira

Ativo = Passivo + Capital + Rendimentos - Gastos

Debitar

Creditar

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Classificação

Conta de valores concretos Conta de valores Abstratos

Dizem respeito ao Referem-se à expressão


Património; são contas do numérica do valor do
Ativo e Passivo. Património; são contas do
Capital Próprio ou Situação
Líquida.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Contas Coletivas e Contas Elementares

Contas coletivas – As que agrupam contas simples ou elementares, ou que


nelas se subdividem.

Contas elementares – As que agrupam elementos com características muito


comuns, não comportam maior divisão.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Contas Subsidiárias e Contas divisionárias

Contas subsidiárias:
- São contas onde se registam provisoriamente factos respeitantes a outra conta do
mesmo grau, chamada conta principal ou conta madre;
- Aparecem no Razão juntamente com as contas em que se integram, mas não
aparecem no Balanço;
- São de grau correspondente à respectiva conta principal.

Contas divisionárias ou subcontas: São divisões das contas coletivas. São de grau
imediato ao das respectivas contas coletivas.
= EXEMPLO =
21- Clientes 211- Clientes, c/c 211101 J. Alves

Conta Coletiva Subconta Conta Elementar

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Contas mistas e Contas de ordem

Contas mistas - Reúnem elementos patrimoniais de natureza diferente (Outros


devedores e credores).

Contas de ordem - Contas que na altura não alteram o valor do património, mas
que mais tarde o poderão alterar.

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19
1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Contas do 1º grau, 2º grau ,3º grau, etc.

Contas do 1º grau - São aquelas que evidenciam direta e imediatamente a


decomposição do Ativo, Passivo e Capital Próprio.

22 - Fornecedores

Contas do 2º grau - Resultam do desdobramento das contas de 1º grau.

221 – Fornecedores, C/C

Contas do 3º grau - Resultam do desdobramento das contas de 2º grau.


2211 – Fornecedores, C/C – Gerais

39

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Caracterização

Gastos por Natureza

Rendimentos por Natureza

De Redução de Valores Ativos

De Acréscimos e Diferimentos

40

20
1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Método de Registo Contabilístico

Digráfico : Todo o débito numa conta origina o crédito noutra ou noutras e vice-
versa, ou seja, cada facto patrimonial determina um registo em duas ou mais
contas, por forma a que ao valor de cada débito (s) corresponda sempre um
crédito (s) de igual valor.

D C D C

10 10

41

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Fórmulas Digráficas:

1ª Uma só conta devedora e uma só conta credora

D C D C
10 10

2ª Uma só conta devedora e várias contas credoras

D C D C
7 10

D C
3
42

21
1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

3ª Várias contas devedoras e uma só conta credora

D C D C
10 6

D C
4

4ª Várias contas devedoras e várias contas credoras

D C D C
8 6

D C D C
2 4
43

1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Balancetes

O Balancete é um dispositivo que permite verificar a igualdade dos débitos e dos


créditos de todas as contas, depois do registo das respetivas variações.

É um quadro recapitulativo de todas as contas do Razão, onde consta a soma do


débito e do crédito de cada conta e os respetivos saldos (devedores e credores).

Durante o exercício económico, são elaborados periodicamente balancetes,


normalmente todos os meses, com uma dupla finalidade:
- Verificar a situação da Empresa.

Balancetes mensais de verificação


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22
1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

O Balancete não mostra os erros cometidos no Diário, tais como, omissões e


duplicações de lançamentos ou inversão de contas.

A comparação entre o total do Balancete e o total do Diário permite verificar


se os lançamentos foram correcta e completamente passados ao Razão.

Existem dois tipos de Balancetes:


1) Balancetes do Razão Geral;
2) Balancetes dos Razões Auxiliares.

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1. PREPARAR DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

Documentos
Registo no Diário/Razão Balancete …

Classificação

Balanço, DR,…

46

23
BIBLIOGRAFIA

Borges, A., Rodrigues, A., & Rodrigues, R. (2014). Elementos de Contabilidade Geral.
Geral (26.ª ed.). Lisboa: Áreas Editora.

47

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Objetivos da Função Financeira


A teoria financeira é uma aplicação da teoria microeconómica da empresa, cujo
objetivo é a maximização do lucro. Como a Função Financeira se preocupa
essencialmente com os fluxos de caixa, o objetivo da maximização do lucro foi
substituído pela maximização da riqueza dos acionistas/sócios ou da
empresa/organização em geral, que deve ser entendido como o valor atual dos
fluxos de caixa que, no futuro, a empresa poderá vir a atribuir aos seus
Stakeolders.

Assim, o objetivo essencial da Gestão e da Função Financeira passou a centrar-


se na criação de valor para o acionista.

A criação de valor para o acionista implica o exame dos efeitos financeiros das
decisões tomadas na organização em duas vertentes complementares: a da
Rendibilidade e a do Risco.

48

24
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

A Rendibilidade exprime a capacidade de uma organização para gerar


lucros, ou numa ótica exclusivamente financeira, a aptidão para gerar
uma série de fluxos de caixa com saldo positivo.

O Risco reflete a variabilidade potencial dessa série de fluxos de


caixa.

Por sua vez, o valor da empresa concilia a perspetiva da Rendibilidade e do


Risco ao sugerir que o valor atual de uma série de fluxos de caixa seja
calculado com a utilização de uma taxa de custo de oportunidade de capital
ajustada ao nível de risco potencial.

49

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Compete à análise financeira a apreciação crítica dos objetivos da Função


Financeira. Deste modo, a análise financeira deve concluir se uma organização
tem ou não criado valor para os seus Stakeolders numa análise histórica ou
numa análise previsional.

À falta de melhores instrumentos têm os analistas restringido o seu campo


de análise à pesquisa de existência ou não das condições de equilíbrio
financeiro e à medição da rendibilidade dos capitais investidos. Ficam,
assim, muito aquém da noção de valor para o qual são necessários uma
rendibilidade dos capitais investidos adequada ao risco e ao custo de capital
da organização.

50

25
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Atualmente e na prática, o trabalho do diretor financeiro, ou da Função


Financeira, podem caracterizar-se por ouvir as propostas de instrumentos
financeiros, cada vez mais sofisticados, por parte dos banqueiros e por um
ambiente legislativo muito complexo que frequentemente é um desafio à
inteligência, quer se trate de fiscalidade, contabilidade ou mercados
financeiros.

O diretor financeiro ao deixar a gestão da informação e o controlo quotidiano


das finanças para outros Colaboradores, pode dedicar-se essencialmente à
formulação estratégica e aos planos de financiamento dessa estratégia, em
constante diálogo com o Conselho de Administração e os Diretores
Operacionais, desempenhando um papel importante nas fusões e aquisições
em que o grupo participa.

51

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Na perspetiva de um financeiro, as atividades numa organização consistem


num fluxo de entradas e saídas de dinheiro que é necessário equilibrar, no
sentido de evitar ruturas. Assim, a preocupação básica, independentemente
do horizonte temporal, pode traduzir-se no seguinte:

Saldo Inicial + Entradas Previstas >= Saídas Previstas + Saldo Final Desejado

A preocupação ou equilíbrio necessário acima referido traduz-se numa outra


que constitui um verdadeiro imperativo e que se pode identificar com o
conceito de rendibilidade. Deste modo, para que a expressão anterior seja
verificável a médio e longo prazo é obrigatório que as entradas acumuladas
sejam superiores às saídas acumuladas.

Entradas Previstas >= Saídas Previstas


52

26
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

As Tarefas da Função Financeira

Inicialmente, a Função Financeira identificava-se com o papel do Tesoureiro da


organização, ou seja, consistia em efetuar os recebimentos e os pagamentos
decorrentes do exercício das restantes atividades da organização.

As principais preocupações consistiam na manutenção de um saldo de


disponibilidades que lhe permitisse assegurar o normal funcionamento da
organização, focando-se na cobrança de dívidas a clientes e no pagamento das
dívidas a fornecedores. A Função Financeira limitava-se àquilo que atualmente se
designa por gestão de tesouraria ou gestão das disponibilidades.

Mais tarde, a Função Financeira passou também a preocupar-se com as


decisões de financiamento, ou seja, em garantir atempadamente e ao menor
custo possível os fundos necessários ao adequado funcionamento e
desenvolvimento da organização.
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2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Face às incumbências adicionais da Função Financeira, esta passa a assumir


responsabilidades na seleção de fontes de financiamento, a qual deve atender a
critérios que se prendem com os objetivos de rendibilidade e de equilíbrio
financeiro.

A conceção tradicional foi, assim, sendo gradualmente acrescida de novos


elementos e de novas atribuições, chegando-se à chamada gestão financeira
moderna. As novas funções passam a estar relacionadas com aspetos de
caráter predominantemente económico, passando a caber à área financeira a
análise e o controlo da rendibilidade previsional e efetiva das aplicações de
fundos.

A Função Financeira, atualmente, participa nas decisões de investimento e na


elaboração do plano a médio prazo da organização, assim como no
aparecimento da figura do Controller, cuja atuação está intimamente ligada ao
controlo da rendibilidade das aplicações de fundos.
54

27
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Gestão Financeira

Função Financeira

Análise Financeira

55

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

POLÍTICA:
ATUAIS FUNÇÕES DA GESTÃO FINANCEIRA

A Médio e Longo Prazo - De Investimentos


(Estratégia Financeira) - De Financiamento
- De Distribuição de Resultados

A Curto Prazo ou
GESTÃO:
Gestão de Tesouraria
- Do Ativo Circulante/Corrente
(Decisões
- Dos Débitos de Curto Prazo
Operacionais)

56

28
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

*A Política de Investimentos preocupa-se essencialmente com a análise de


rendibilidade e do risco potenciais das decisões que implicam um dispêndio de
fundos no presente em troca de uma potencial entrada de fundos no futuro.

*A Política de Financiamento visa proporcionar à empresa os fundos


necessários de que necessita, em função da sua política de investimento e de
desenvolvimento.

*A Política de Distribuição dos Resultados tem um carater marginal e dedica-


se a encontrar as melhores soluções de afetar a riqueza adquirida pela
empresa entre a retenção de reservas e o pagamento de dividendos aos
detentores de capital.

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2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

A Gestão de Tesouraria é um prolongamento das tarefas originais da Função


Financeira, em relação à qual se destaca o seguinte:

* A Gestão do Ativo Corrente compreende a gestão das disponibilidades, a


gestão e controlo do crédito concedido a clientes, o controlo financeiro das
existências e a aplicação dos excedentes temporários de tesouraria.

* A Gestão dos Débitos a Curto Prazo compreende as relações financeiras


com os fornecedores e restantes devedores correntes e a cobertura dos
défices temporários de tesouraria.

* O documento central da Gestão Financeira a curto prazo é o Orçamento


de Tesouraria, que não é mais que a tradução do orçamento global da
empresa em termos de recebimentos e pagamentos previsionais com vista
ao equilíbrio de tesouraria de curto prazo (Recebimentos + Saldo Inicial –
Pagamentos>= Saldo Final Desejado).
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29
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Documentos Base da Análise Financeira

A Análise Financeira é um processo baseado num conjunto de técnicas que tem


por fim avaliar e interpretar a situação económico-financeira da organização. Esta
avaliação e interpretação centram-se em torno dos aspetos tendentes à
sobrevivência e desenvolvimento da organização, nomeadamente:

• O equilíbrio financeiro;
• A rendibilidade dos capitais;
• O risco;
• O valor criado pela gestão.
Balanço
Componentes das Demonstração dos Resultados
Demostrações Fluxos de Caixa
Financeiras (DF) Mapa de Variações nos Capitais Próprios
Anexo
59

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Preparação dos Balanços e Demonstração dos Resultados para Análise

Balanço Patrimonial Balanço Reclassificado


ATIVO = Direitos de Propriedade e de APLICAÇÕES
Créditos
Ativo Fixo (Não Corrente)
SITUAÇÃO LÍQUIDA = Capital Próprio ou
Património Líquido
Ativo Circulante (Corrente)
DÍVIDAS OU PASSIVO= Obrigações e
Deveres
ORIGENS
Capitais Próprios + Dívidas a Médio e
Longo Prazo (Passivo Não Corrente)
( Vencimento > 1 ano)
Dívidas a Curto Prazo (Passivo Corrente)
(Vencimento < 1 ano)
60

30
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

A Análise Financeira moderna preocupa-se mais com o equilíbrio funcional


das ORIGENS e APLICAÇÕES, daí se possa também designar de Análise
Funcional.

O Balanço Funcional fornece uma imagem, num determinado momento, das


Aplicações e Recursos relacionados com os Ciclos Financeiros da organização.
Os Ciclos Financeiros classificam-se em: 1) Ciclo de Investimento, 2) Ciclo de
Exploração ou Operacional, 3) Ciclo das Operações Financeiras.

Ciclo de Investimento – Engloba o conjunto das atividades e decisões


respeitantes à análise e seleção de investimentos ou desinvestimentos. As
operações realizadas neste Ciclo refletem-se no Balanço na conta de Ativos
Fixos.

61

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Ciclo de Exploração – Corresponde às atividades e decisões no âmbito dos


aprovisionamentos, produção e comercialização. As operações realizadas
neste Ciclo implicam consumos e obtenção de recursos da organização, os
quais corresponderão a gastos e rendimentos operacionais na Demonstração
dos Resultados. No Balanço evidencia a necessidade de recursos para
financiar clientes e existências e a obtenção de recursos, como seja o crédito
de fornecedores.

Ciclo das Operações Financeiras – Corresponde às atividades de obtenção


de fundos adequados aos investimentos e às necessidades de
financiamento do Ciclo de Exploração. Neste Ciclo, distinguem-se ainda o
Ciclo de Operações de Capital e Ciclo das Operações de Tesouraria.

62

31
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Balanço Funcional
CICLO APLICAÇÕES CICLO

Investimento Aplicações de Investimento ou Ativo


Fixo
Ativo Circulante (Corrente) ou
Exploração
Necessidades Cíclicas
Operações de Tesouraria Ativa
Tesouraria
ORIGENS/ RECURSOS
Capitais Próprios + Recursos Alheios
Financiamento
Estáveis
Passivo Cíclico (Corrente) ou Recursos
Exploração
Cíclicos
Operações de
Tesouraria Passiva
Tesouraria
63

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA


Balanço Funcional
Balanço Funcional Ano 1 Ano 2
1 Capitais Próprios

2 Capital Alheio Estável


3 Capitais Permanentes (1+2)
4 Ativo Fixo
5 FUNDO DE MANEIO (3-4)
6 Clientes
7 Existências (Stock)
8 Adiantamento a Fornecedores
9 Estado e Outros Entes Públicos (a receber)
10 Outros Devedores de Exploração
11 NECESSIDADES CÍCLICAS (6+7+8+9+10)
12 Fornecedores
13 Adiantamentos a clientes
14 Estado e Outros Entes Públicos ( a pagar)
15 Outros Credores de Exploração
16 RECURSOS CÍCLICOS (12+13+14+15)
17 NECESSIDADES DE FUNDO DE MANEIO (11-16)
18 TESOURARIA LÍQUIDA (5-17)
64

32
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Fundo de Maneio Funcional (FMF) é equivalente à diferença entre os capitais


permanentes e o ativo fixo ou ativo não corrente.
Ativo Não Corrente

Capitais Permanentes
Fundo de Maneio Funcional

Necessidades de Fundo de Maneio (NFM)- A noção de NFM está ligada à


necessidade de financiamento do Ciclo de Exploração. Este Ciclo exige uma
série de meios financeiros para executar os pagamentos das despesas
operacionais, antes ainda de se obter o recebimento do cliente:
a) Pagamento a fornecedores de matérias-primas, mercadorias e outros
materiais;
b) Pagamento ao pessoal;
c) Pagamento de fornecimentos e serviços diversos.
65

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Ativo Não Corrente Capitais Permanentes


Fundo de Maneio
Ativo Corrente
Passivo Corrente

Assim, é necessário ter assegurado um determinado montante de dinheiro


antes de lançar um ciclo de operações/venda/fabricação. Além disso, a
empresa, muitas vezes, arranca com o 2º Ciclo de Exploração quando ainda
não tem/obteve o recebimento dos clientes do 1º Ciclo, e assim por diante.
Necessidades do Ciclo
Exploração

1º Ciclo Exploração 2º Ciclo Exploração


66

33
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Por sua vez, as NFM subdividem-se em: - Necessidades Estruturais de Fundo


de Maneio, que resultam da atividade normal da organização; e - Necessidades
Temporárias de Fundo de Maneio, resultantes de fatores sazonais, sendo, por
isso, esporádicas.

As NFM representam, quando o seu valor é positivo, as necessidades de


financiamento do Ciclo de Exploração. Caso o seu valor seja negativo,
representam excedentes financeiros do Ciclo de Exploração.

NFM= Necessidades Cíclicas (NC) – Recursos Cíclicos (RC)

NC = Existências (EX) + Clientes (CL)+ Adiantamentos a Fornecedores (ADF) +


Estado e Outros Entes Públicos a Receber (ER) + Outros Devedores de
Exploração (ODE).

RC = Fornecedores (F) + Adiantamentos de Clientes (ADC) + Estado e Outros Entes


Públicos a Pagar (EP) + Outros Credores de Exploração (OCD).
67

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Assim, NFM = (EX+CL+ADF+ER+ODE) – (F+ADC+EP+OCD)


Necessidades Cíclicas Recursos Cíclicos

Tesouraria Líquida

O Balanço Funcional identifica para o 1º membro:

a) O Ativo Fixo(AF) ou Aplicações de Investimento, que resultam das decisões


estratégicas sobre elementos do Ativo;

b) As NC, como aquelas que resultam diretamente do Ciclo de Exploração;

c) A Tesouraria Ativa (TA), que resulta de decisões sobre rubricas do Ativo,


independentemente do Ciclo de Exploração.

68

34
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

O Balanço Funcional identifica para o 2º membro:

a) Os Capitais Estáveis (CE), resultante da estratégia financeira e dos objetivos


de segurança e de rendibilidade.
b) Os Recursos Cíclicos (RC), ou seja, os financiamentos espontâneos
resultantes da exploração;

c) A Tesouraria Passiva (TP), que resulta de decisões de financiamento de curto


prazo, independentemente do Ciclo de Exploração.

A relação fundamental do Balanço é por isso: AF+NC+TA=CE+RC+TP

Reordenando a expressão anterior pelo agrupamento das contas ligadas às


decisões estratégicas e ao Ciclo de Exploração, tem-se:

TA-TP = (CE-AF) – (NC-RC)


69

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Assim, a partir das definições de FMF e NFM, e sendo a Tesouraria Líquida (TL)
a diferença entre a TA e a TP, tem-se:

TL=FMF-NFM

Esta relação quantifica e caracteriza de forma mais rigorosa a definição de


equilíbrio financeiro – “Investimentos permanentes devem ser financiados
por fontes permanentes e investimentos temporários por fontes
temporárias.”
Como o FMF é a parte de fundos permanentes que ficam disponíveis para
financiar outros investimentos permanentes (que não ATF) e como as NFM são
investimentos de carácter permanente, então, conclui-se que existe equilíbrio
financeiro se o FMF for suficiente para financiar as NFM, ou seja, FMF – NFM
>=0.
Como TL = FMF-NFM, então o equilíbrio financeiro exige que: TL>=0.

70

35
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

A Envolvente Económica da Organização

A organização faz parte de um setor de atividade, que por sua vez está inserido
numa economia e esta é também parte de um espaço mais alargado que, no
limite, é a economia global planetária. Assim, a organização está rodeada de
uma envolvente dinâmica que a influência e que também sofre a sua
influência.

Face ao exposto, a compreensão da evolução histórica da empresa ou a


antecipação da sua evolução futura não podem ser corretamente efetuadas se
não se tiver em conta o modo como a envolvente evoluiu no passado e se
espera venha a evoluir no futuro.

Na verdade, a organização pode sofrer influência de diferentes envolventes.


Assim, é necessário identificar cada uma dessas envolventes e apreender as
linhas gerais ao nível setorial, macroeconómico nacional e macroeconómico
internacional.
71

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

* O Nível Setorial
Esta envolvente influencia a organização por via da posição que esta tem no
seio do setor, mas também por via da própria dinâmica evolutiva deste.
Assim, o analista deve procurar apreender estas vertentes:

- A posição da organização no setor, a qual é aferida, por exemplo, da quota


de mercado que ela possui e do conhecimento dos principais concorrentes.
Este conhecimento permitirá equacionar o modo como a influência
mencionada se poderá concretizar e em que grau.
- A evolução histórica do setor, o conhecimento desta evolução permitirá
ao analista compreender algumas das posições tomadas pela empresa e
avaliar os resultados obtidos pelas mesmas.

- A evolução futura prevista do setor, o estudo da evolução passada e


futura poderá ser com recurso a variáveis como a taxa de crescimento da
atividade do setor, o número de empresas entradas e saídas, o volume de
emprego, entre outros aspetos. 72

36
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

* O Nível Macroeconómico Nacional

A um nível mais alargado, a organização sofre a influência da evolução da


economia em que está inserida. Também a este nível, é tal como se referiu
para o nível setorial, a evolução da economia deverá ser apreendida, não só
em termos passados, mas também em termos futuros.

* O Nível Macroeconómico Internacional

Para além do impacto indireto que a envolvente externa pode ter sobre a
organização, via influência que produz sobre a envolvente macroeconómica
interna, poderá existir igualmente uma influência direta, no caso de
organizações que têm relações com o exterior, quer enquanto clientes, quer
enquanto fornecedoras dos mercados aí domiciliados. É sempre necessário
tem em conta a evolução passada e a esperada.

73

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

A técnica mais utilizada pela Análise Financeira consiste em estabelecer


relações entre contas e agrupamentos de contas do Balanço, da
Demonstração dos Resultados e da Demonstração dos Fluxos de Caixa ou de
outras grandezas económico-financeiras. Estas relações têm várias
designações, nomeadamente rácios, índices, indicadores,…..

Natureza dos Rácios

Rácios Financeiros - São aqueles que apreciam e se relacionam com os


aspetos financeiros, tais como a estrutura financeira, a capacidade de
endividamento, a solvabilidade,….

Rácios Económicos - São aqueles que pretendem revelar aspetos da


situação económica, como a estrutura de gastos, a estrutura de
rendimentos, as margens, a capacidade de autofinanciamento,….
74

37
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Rácios Económico-Financeiros – Pretendem relacionar aspetos económico-


financeiros, como sejam a rendibilidade dos capitais próprios, a rotação dos
diferentes elementos dos ativo,….

Rácios de Funcionamento – Ajudam a explicar os impactos financeiros da


gestão ao nível do Ciclo de Exploração. São rácios dos prazos médios de
recebimento e pagamento, duração média dos inventários, ….

Rácios Técnicos – Procuram revelar aspetos relacionados com a produção e


as atividades em geral, expressando-se, normalmente, em unidades físicas.
Assim, estuda-se com eles, por exemplo, o rendimento do equipamento, a
produtividade da mão-de-obra,….

75

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Rácios Financeiros/de Solvabilidade e Autonomia

Rácio de Endividamento – Apura a extensão com que a empresa utiliza capital


alheio no financiamento das suas atividades.

Endividamento = Capitais Alheios (Incluindo Locação Financeira)


Capitais Totais (Incluindo Locação Financeira)

Outra forma de medir o endividamento é através do Debt to Equity Ratio.

Debt to Equity Ratio = Capitais Alheios (Incluindo Locação Financeira)


Capitais Próprios

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38
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Não interessa apenas conhecer o grau de endividamento, mas também o modo


como este se estrutura. O endividamento de longo prazo tem menores pressões
sobre a tesouraria que o de curto prazo, assim, para essa análise, constrói-se o
rácio de Estrutura do Endividamento.
Estrutura do Endividamento = Capitais Alheios de Curto Prazo(Incluindo Locação Financeira)
Capitais Alheio (Incluindo Locação Financeira)

O rácio de Cobertura de Encargos Financeiros mede o grau com que a exploração


consegue cobrir os encargos financeiros.

Cobertura de Encargos Financeiros= Resultados Operacionais


Encargos Financeiros
O rácio de Período de Recuperação da Dívida. Este rácio permite estimar o número de anos
em que a empresa é capaz de pagar as suas dívidas, mantendo tudo constante.
Período de Recuperação da Dívida = Empréstimos em Dívida
Autofinanciamento

Autofinanciamento: Resultados Operacionais + Amortizações/Depreciações + Provisões


77

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Capacidade de Endividamento determina até que ponto a organização ainda pode


recorrer a aumentos de Capitais Alheios sem comprometer a sua Solvabilidade e
Autonomia Financeira. Analisa e estabelece as relações entre os vários tipos de
financiamento do lado das Origens de Fundos.

Capacidade de Endividamento = Capitais Próprios


Capitais Permanentes

A CE, calculada com base neste rácio, varia entre zero e um, dado que os Capitais
Próprios não podem ser superiores ao valor dos Capitais Permanentes. Quanto mais
elevado for o nível dos Capitais Próprios, maior a capacidade de endividamento da
organização face a terceiros.

O valor máximo de 1 representa a situação em que os Capitais Próprios são iguais aos
Capitais Permanentes por ausência de Contas a Pagar a Médio Longo Prazo.

78

39
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Renovação do Ativo Fixo Tangível (RAFT) determina em que medida as próprias


depreciações estão a contribuir para a renovação do Ativo Fixo Tangível (AFT).

RAFT = Investimento em AFT realizado durante o ano()


Depreciações do Exercício

No sentido de promover o crescimento da organização, este rácio deve apresentar um


valor superior a 1.

Solvabilidade determina a capacidade da organização para fazer face aos seus


compromissos a médio e longo prazo, refletindo o risco que os seus credores correm,
através da comparação dos níveis de Capitais Próprios investidos pelos sócios ou
acionistas, com os níveis de Capitais Alheios aplicados pelos credores.

Solvabilidade = Capitais Próprios


Passivo

79

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Autonomia Financeira (AF) determina a (in)dependência da organização face a Capitais


Alheios, dando apoio na análise do risco sobre a estrutura financeira de uma empresa.

Autonomia Financeira = Capitais Próprios


Ativo

A AF varia entre zero e um, dado que os Capitais Próprios não podem ser superiores ao
valor do próprio Ativo. Quanto mais elevado for o nível dos Capitais Próprios, maior o
nível de autonomia da organização face a terceiros.

Se AF apresenta um valor baixo indica grande dependência em relação aos credores,


situação que para além dos riscos inerentes, é desvantajosa na negociação de novos
financiamentos.

Se AF apresenta valores tanto mais próximos de 1, a organização é menos dependente


de Capitais Alheios, apresentando valores mais baixos de encargos financeiros e
beneficiando a sua rendibilidade.

80

40
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Cobertura do Ativo Fixo por Capitais Permanentes (CAFCP) determina se a organização


está a financiar o AFT e Intangível recorrendo a Capitais Permanentes.
CAFCP = Capitais Permanentes
Ativo Fixo (Não Corrente)

CAFCP < 1 e FM < 0: O valor dos Capitais Permanentes é inferior ao Ativo Fixo, ou seja,
parte do Ativo Fixo está a ser financiado por Passivo de Curto Prazo. A organização não
respeita a Regra do Equilíbrio Financeiro Mínimo. No entanto, poderão não existir
dificuldades financeiras se os Recursos Financeiros forem superiores às Necessidades
Financeiras.
CAFCP = 1 e FM = 0: O valor dos Capitais Permanentes é igual ao Ativo Fixo, ou seja, a
organização respeita a Regra do Equilíbrio Financeiro Mínimo, em que todo o Ativo Fixo é
financiado por Capitais Permanentes, contudo a Margem de Segurança (ou Fundo de
Maneio) é nula;
CAFCP > 1 e FM > 0: O nível dos Capitais Permanentes permite fazer face ao valor do
Ativo fixo, dando ainda lugar a um excedente (Fundo Maneio).
No sentido de cumprir a Regra do Equilíbrio Financeiro Mínimo, CAFCP ≥ 1. Contudo, é
necessário avaliar as características específicas da atividade da organização a fim de
estabelecer as necessidades de investimento em FM.
81

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Rácios de Liquidez

Este rácio está relacionado com a capacidade de a organização reembolsar as suas dívidas.
Segundo alguns autores, o rácio de Liquidez Geral deve ser superior a 1 para que a
organização se apresente equilibrada financeiramente. No entanto, Neves (2006) discorda
dessa análise, dado que se deve admitir o pressuposto da continuidade da organização.

Liquidez Geral= Ativo Corrente


Passivo Corrente

O rácio de Liquidez Reduzida tem a mesma finalidade e significado do anterior, mas


admite que as existências não poderão ser transformadas de imediato em dinheiro ou que
essa conversão será sempre abaixo do custo do inventário.

Liquidez Reduzida= Ativo Corrente - Inventários


Passivo Corrente

82

41
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

O rácio de Liquidez Imediata é utilizado pelos analistas que pretendem conhecer o grau
de cobertura dos Passivo Corrente por Disponibilidade.

Liquidez Imediata= Depósitos Bancários + Caixa + Instrumentos Financeiros


Passivo Corrente

Rácios Rendibilidade

Chama-se rácio de rendibilidade ao indicador (expresso em %) da relação entre o


resultado (lucro ou prejuízo) e as vendas ou uma grandeza de capital.

Rendibilidade das Vendas é o rácio que analisa a relação entre os resultados e as


vendas. Consoante o numerador, assim se tem uma diferente noção de rendibilidade
das vendas. Por exemplo:

Rendibilidade Líquida das Vendas= Resultado Líquido (%)


Volume de Negócios

83

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Rendibilidade Operacional das Vendas= Resultado Operacional (%)


Volume de Negócios

Para além da Rentabilidade das Vendas, interessa que os resultados obtidos sejam
comparados com o capital investido que lhes deu origem. Assim, é possível utilizar
diferentes rácios consoante a noção de capital utilizada.

Rendibilidade do Capital Próprio= Resultado Líquidos (%)


Capital Próprio

Este rácio permite ao acionista/sócio e ao gestor concluir se a rendibilidade do


capital próprio está a um nível aceitável comparativamente às taxas de rendibilidade
do mercado de capitais e ao custo de financiamento.
O rácio de Rendibilidade do Ativo avalia o desempenho dos capitais totais
investidos na organização, independentemente da sua origem (próprios ou alheios).

Rendibilidade do Ativo= Resultado Operacional (%)


Ativo
84

42
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Rácios de Funcionamento

Os rácios de funcionamento servem para analisar a eficiência das decisões na gestão dos
recursos aplicados. Os rácios de funcionamento apuram-se em termos de rotação ou em
dias de funcionamento. Devem utilizar-se os valores médios do Balanço de forma a não
serem afetados pelos valores acidentais em determinada data do Balanço.
A Rotação do Ativo é o rácio que indica o grau de utilização dos ativos. Um valor muito
elevado pode significar que a empresa está a trabalhar perto do limite de capacidade. O
inverso pode significar a subutilização de recursos.

Rotação do Ativo= Volume de Negócios


Ativos Médios

A Rotação das Existências evidencia os efeitos da gestão ao nível dos armazéns.

Rotação das Existências= Volume de Negócios


Existências Médios
85

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Um rácio elevado é encarado como indicador de eficiência. Contudo, também pode


significar ruturas frequentes de stocks. Em vez de analisar o rácio em rotação, é frequente
analisar em dias e detalhe por rubrica.

Per. Média das Mercadorias em Armazém= Existências Médias de Mercadorias* 365


Custo das Mercadorias Vendidas

A redução da permanência em armazém é normalmente um objetivo das organizações.

O Prazo Médio de Recebimentos é o rácio que mede a celeridade com que os clientes
costumam pagar as suas dívidas.

Prazo Médio de Recebimentos= Saldo Médio de Clientes* 365


Volume de negócios *( 1+TX IVA)

Um rácio alto é, em termos financeiros, desfavorável, mostrando ineficiência do


departamento de cobranças ou falta de poder negocial da organização perante os seus
clientes.
86

43
2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

O Prazo Médio de Pagamentos mede a celeridade com que a empresa costuma pagar as
suas dívidas aos fornecedores.

Prazo Médio de Pagamentos= Saldo Médio de Fornecedores * 365


Compras e Fornecimentos*( 1+TX IVA)

Quanto mais baixo o seu valor, menor o grau de financiamento que os fornecedores
fazem à exploração. Pode também revelar falta de poder negocial da empresa perante
os seus fornecedores. Se elevado, pode significar dificuldades no cumprimento das
obrigações perante os fornecedores.

87

2. ESTUDO DA SITUAÇÃO FINANCEIRA

Rácios Baseados no Mercado

Estes rácios são muito importantes para os investidores e credores da empresa.

Price Earnings Ratio (PER) representa a relação entre o preço de cotação e os resultados
por ação.

PER= Preço de Cotação


Resultado por Ação

O rácio Preço/Valor Contabilístico (Market Equity to Book Ratio ou Price Book Ratio)
compara o valor de mercado da empresa/organização com o seu valor contabilístico.

Market to Book Ratio= Preço de Cotação


Valor Contabilístico da Ação

88

44
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Rendibilidade de Exploração
A Teoria Custo-Volume-Resultados (CVR) tem como objetivo essencial o estudo da
rendibilidade de exploração da entidade através da análise dos rendimentos, dos gastos
de exploração e das relações existentes entre eles, em estreita ligação com o nível de
atividade.
Conta de Exploração e Resultados € %
1- Vendas X 100
2- Custos Variáveis (*) X X
3- Margem Bruta (1-2) X X
4- Custos Fixos Totais X X
5- Resultados de Exploração (RE) (3-4) X X
6- Custos Financeiros de Financiamento (CFF) X X
7- Resultados Antes de Impostos (RAI) (5-6) X X
8- Imposto Sobre o Rendimento (IRC) X X
9- Resultados Líquidos do Período (RLP) (7-8) X x
(*) Inclui custos financeiros de funcionamento. 89

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Entre outros Pressupostos, a Teoria CVR estabelece que a produção anual é igual às
vendas líquidas anuais; que os RE são iguais aos Resultados Antes de Custos
Financeiros e Impostos sobre Lucros (RAJI); e que os custos se dividem em fixos e
variáveis.
Sejam:
- CT os Custos Totais
- CF os Custos Fixos Totais
- CV os Custos Variáveis Totais
- MT a Margem Total das Vendas Líquidas
- Q as Quantidades Produzidas e Vendidas (Nível de Atividade)
- CVu o Custo Variável Unitário = (CV/Q)
- VL o Valor das Vendas Totais Anuais
- P o Preço de Venda Unitário
- RE os Resultados de Exploração Anuais
- PE Rendimentos de Exploração
- M Margem Bruta

Os CT podem ser assim obtidos: CT= CVu*Q+CF

90

45
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Como VL = P*Q, temos: MT= (P-CVu)*Q

Assim, RE=MT-CF

Se se designar por α o Coeficiente de Não Absorção do preço de venda unitário pelo


custo variável unitário, ou seja, se α= 1 – (CVu/P), resultara o seguinte: MT= α*VL.

Exemplo

Dados essenciais para o ano n:


Q= 12.000 unidades
P=50€ Os CT = 12.000*30 + 150.000 = 510.000€
CVu = 30€
CF= 150.000€ A MT= (50 -30 )*12.000= 240.000€

Os RE = 240.0000- 150.000 = 90.000€


91

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Conta de Exploração e Resultados € %


1- Vendas 600.000 100
2- Custos Variáveis (*) 360.000 60
3- Margem Bruta (1-2) 240.000 40
4- Custos Fixos Totais 150.000 25
5- Resultados de Exploração (RE) (3-4) 90.000 15
6- Custos Financeiros de Financiamento (CFF) 0 0
7- Resultados Antes de Impostos (RAI) (5-6) 90.000 15
8- Imposto Sobre o Rendimento (IRC) 18.900 3,15
9- Resultados Líquidos do Período (RLP) (7-8) 71.100 11,85

Como se pode verificar, o Coeficiente de Não Absorção do preço de venda


unitário pelo custo variável unitário (α) = 1- (30/50)= 0,4.

92

46
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE
Gráfico das Variáveis Essenciais da Teoria CVR
VL

CT

CV

CF

0
Q0 Nível de Atividade (Q)

0 Q0*P Vendas Líquidas (€)

À direita do Ponto Q0, os RE são positivos; à esquerda do Ponto Q0 os RE são


negativos. 93

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Ponto Morto Económico

O Ponto Morto Económico (PME) – Ponto Crítico das Vendas, Ponto de Equilíbrio
Económico, Break Even Point, entre outros – identifica-se, dentro de todos os Pressupostos
Económicos da Teoria CVR, com o nível de atividade da organização a que correspondem
RE nulos.

A determinação do PME numa ótica contabilística pode ser efetuada em termos


quantitativos (Q0) ou em termos monetários (V0).

A) Em termos quantitativos (Q0)

RE= (P-CVu)*Q-CF=0 de onde resulta: Q0 = CF/(P-CVu)

B) Em termos Monetários (V0)

V0 = P*Q0 de onde resulta: V0 = CF/((P-CVu)/P)


94

47
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Determinação Gráfica do PME


VL


CT

PME
V0
Custos Variáveis Custos Totais
Totais

CF
Custos Fixos
Totais
0
Q0 Nível de Atividade (Q)

95

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Efeito e o Grau Económico de Alavanca

O Efeito Económico de Alavanca (EEA) procura relacionar os Resultados de Exploração (RE)


com o nível de atividade da empresa.

O EEA deve-se ao facto de os CF se manterem inalteráveis e, desde que cobertos pela MB,
cada unidade vendida marginalmente faz aumentar o volume de lucro.

O EEA pode ser quantificado através do Grau Económico de Alavanca (GEA), o qual
identifica em que medida uma dada variação das quantidades vendidas afeta os RE. O GEA
pode ser definido como a variação percentual ocorrida no RE, que resulta de uma variação
percentual das quantidades vendidas, assumindo a manutenção do valor dos custos fixos e
da margem unitária entre o preço de venda e o custo variável:
GEA= Δ % dos RE
Δ % de Q

GEA= M
Uma expressão simplificada para o cálculo do GEA pode ser:
RE
96

48
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Risco Económico

O Risco Económico da organização tem a ver com a probabilidade de os RE serem (ou não)
sistematicamente positivos ao longo do tempo e situarem-se (ou não) em níveis
adequados. Ou seja, os Rendimentos de Exploração não serem suficientes para cobrirem
os Custos de Exploração (Fixos e Variáveis).

O Risco Económico pode ser avaliado recorrendo a algumas aplicações da Teoria CVR.
Assim, após determinados os valores do GEA, do Ponto Crítico ou PME e da MS, em cada
um dos anos em análise, poder-se-á afirmar que:
- Quanto maior o GEA, mais elevado será o Risco Económico, dado que os resultados
serão mais sensíveis a pequenas variações do volume de vendas;
- Quanto mais baixa for a MS, maior será o Risco Económico, dado que a empresa
funcionará mais próximo do Ponto Crítico, podendo mais facilmente entrar em zona de
prejuízos.

De forma isolada, quanto mais elevado for o Ponto Crítico ou PME, maior será o Risco
Económico, pois a empresa terá de desenvolver um maior esforço para o conseguir
alcançar.
97

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Rendibilidade de Exploração

Na Rendibilidade de Exploração pretende-se determinar qual a parcela de Rendimentos


de Exploração (PE) que gerou RE e quais os fatores relacionados com essa situação.

Rendibilidade de Exploração = Resultados de Exploração (RE) * 100


Rendimentos de Exploração (PE)

A análise da Rendibilidade de Exploração pode ser decomposta em dois fatores:


Rendibilidade de Exploração =(M/PE) * (RE/M) *100

1 2
1 Efeito dos Gastos Variáveis (ECV)

2 Efeito dos Gastos Fixos (ECF)


98

49
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

O ECV traduz, em termos percentuais, a parcela de Rendimentos de Exploração (PE)


que gera MB, após a cobertura dos custos variáveis. Assim, quanto maior o valor deste
rácio, menor o peso dos custos variáveis nos PE, ou seja, é o maior distanciamento
relativo entre o preço de venda unitário e o custo variável unitário.

O ECF traduz, em termos percentuais, a parcela da MB que gera RE, após a cobertura
dos custos fixos. Assim, quanto maior o valor deste rácio, menor o peso dos custos
fixos na MB, ou seja, menor a elasticidade entre o nível de atividade e o RE.

A Rendibilidade Económica das Aplicações

A Rendibilidade Económica das Aplicações (REA) procura medir o rendimento obtido


com o conjunto de meios utilizados pela empresa – Aplicações Totais (APL) – no
desenvolvimento da sua atividade. Calcula-se através do rácio:

REA= RAJI * 100


APL
99

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

O desenvolvimento analítico do REA com o objetivo de desagregar os diversos


componentes que integram a rendibilidade económica pode ser obtido se se integrar
os conceitos de PE, MB e RE, já anteriormente referidos no âmbito da Teoria CVR:

REA=(M/PE) * (RE/M) * (RAJI/RE) * (PE/APL) *100

1 2 3

1 Rendibilidade de Exploração

2 Efeito dos Resultados Extraordinários

3 Rotação das Aplicações Totais

Quanto maior o valor de cada um dos fatores, melhor o valor da REA. Um valor
superior na rotação das APL demonstra uma maior eficiência por parte da
empresa na utilização dos meios colocados à sua disposição.
100

50
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Rendibilidade do Capital Próprio

A Rendibilidade do Capital Próprio (RCP), também designada de Rendibilidade Financeira,


mede a eficiência com que as empresas utilizam os capitais que os sócios/acionistas
colocaram na empresas. A RCP obtém-se através do seguinte rácio:

RCP= Resultado Líquido do Exercício


Capital Próprio

Quanto mais elevada for a RCP, mais atraente será a empresa para os eventuais
investidores e maiores possibilidades terá também de desenvolver a sua atividade futura
com recurso a autofinanciamento.

A RCP depende fundamentalmente de três fatores: da Rendibilidade Económica das


Aplicações (REA) 1 , do Efeito Financeiro de Alavanca (EFA) 2 e do Efeito Fiscal 3 . Através
do Modelo Multiplicativo é possível verificar o efeito de cada um dos três fatores na RCP:
101

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

RCP= (M/PE)*(RE/M)*(RAJI/RE)*(PE/APL)*(APL/CP)*(RAI/RAJI)*(RL/RAI)*100

1 2 3

Quanto maior o EFA, mais positivo é o impacto na RCP e vice-versa. Quando o valor do
EFA é >1, o seu impacto é favorável, e quando o EFA é >=0 e <1 o seu impacto é
desfavorável. Quando o valor de EFA é <0, a sua leitura não possui significado nos termos
definidos anteriormente.

O rácio do Efeito Fiscal pretende medir o grau de absorção pelo Imposto Sobre o
Rendimento dos resultados da organização.
O estudo da RCP pode também ser realizado com base no Modelo Aditivo da
rendibilidade financeira, que a seguir se apresenta:

RCP= [REA+ (P/CP)*(REA-i)]*(1-t)*100

102

51
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

Numa perspetiva estática pode-se concluir o seguinte:

1) Se a REA for superior ao Custo Médio dos Capitais Alheios (i), então, quanto maior o
peso do Passivo (P) em relação ao Capital Próprio (CP), maior será a RCP, mantendo-se
inalteráveis os restantes fatores;

2) Quando o valor do REA for inferior ao i, um maior peso do P determina um maior


valor de custos financeiros, assumindo os RLP uma diminuição tanto maior, quanto
maior o valor do P, além disso, quanto maior o peso do P em relação ao CP, menor
será a RCP, mantendo-se inalteráveis os restantes fatores;

3) Quando o valor da REA iguala o i, a RCP é igual à REA, deduzida do efeito fiscal.

103

3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

O Risco Financeiro e o Grau Financeiro de Alavanca

O conceito de Risco Financeiro assume vários significados que, de qualquer modo,


se encontrem relacionados. Assim, o Risco Financeiro pode ser entendido como a
probabilidade da empresa não conseguir cobrir todos os Resultados Financeiros
através do RAJI, o que conduziria a um RAI e RLP negativos.

Nesta situação, a empresa para além de não conseguir remunerar os Capitais Alheios
ao valor contratado, ver-se-ia na impossibilidade de remunerar os sócios/acionistas
pelos capitais investidos.

Associado ao conceito de Risco Financeiro é possível ainda calcular o Grau


Financeiro de Alavanca (GFA) e que se define como: GFA= Δ % dos RLP
Δ % dos RE

De forma simplificada temos: GFA= RE


RAI
104

52
3. ESTUDO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA E DA RENDIBILIDADE

O GFA mede o impacto no RLP derivado de variações no RE, assumindo os


pressupostos de manutenção do valor dos Resultados Extraordinários, dos Resultados
Financeiros e da Taxa de Imposto Sobre o Rendimento.
O Risco Global e o Grau Combinado de Alavanca

O EEA e o GEA refletem-se ao nível da exploração normal da empresa, permitindo


relacionar as variações do nível de atividade com a variação do RE. Estão apenas em
causa os fatores de natureza económica.
Devido à interdependência entre a situação económica e situação financeira, os GFA
e o GEA estão interligados, podendo essa relação ser expressa através do Grau
Combinado de Alavanca (GCA), que se define de forma simplificada como:

GCA=GEA*GFA=(M/RE)*(RE/RAI)=M/RAI

O GCA permite verificar até que ponto a estrutura financeira da empresa se encontra
dependente da situação económica e, por outro lado, como a situação financeira se
pode contrapor à REA, implicando, eventualmente, um RLP inadequado face a um
bom resultado económico.

105

BIBLIOGRAFIA

Carrilho, J., Pimentel, L., Laureano, L. & Prates, M. (2005). Elementos de Análise
Financeira – Casos Práticos. (1ª edição). Lisboa: Publisher Team.

Menezes, H. (2005). Princípios de Gestão Financeira ( 10ª Edição). Barcarena: Editorial


Presença.

Moreira, J. (2001). Análise Financeira de Empresas – Da Teoria à Prática. (4ª Edição).


Porto: Associação da Bolsa de Derivados do Porto.

Neves, J. (2006). Análise Financeira. (1ª Edição). Lisboa: Texto Editores.

106

53
4. GESTÃO ORÇAMENTAL

A Gestão Orçamental

Organizar Dirigir

Planear Controlar

A Gestão Orçamental abrange as funções de gestão de Planeamento e Controlo, logo


não é mais do que uma aplicação restrita dos princípios gerais da gestão das empresas.
O rápido desenvolvimento económico das últimas décadas exige que as empresas e
outras entidades façam uma permanente previsão do futuro, com vista a
minimizarem os riscos dos investimentos a efetuar e a permitirem a tomada de
decisões atempadas.
107

4. GESTÃO ORÇAMENTAL

O planeamento e a programação da atividade das organizações podem ser a curto


prazo, geralmente um ano, ou a médio ou mesmo a longo prazo, dependendo das
características da organização.

O planeamento e programação a curto prazo devem enquadrar-se no planeamento a


médio e longo prazo, com os ajustamentos que o grau de realização das previsões
destes, a conjuntura e o eventual aparecimento de novos fatores imponham ou
aconselhem.

O planeamento a longo prazo indica o rumo ou a orientação geral da organização,


enquanto que o planeamento a curto prazo visa a elaboração de um programa de
ação que permita a coordenação e o controlo das atividades da organização.

Embora os dois horizontes de previsão sejam diferentes, é importante manter


sempre presente o equilíbrio financeiro da empresa.

108

54
4. GESTÃO ORÇAMENTAL
Articulação do Planeamento a Longo Prazo e a Curto Prazo
Elementos Parcialmente
Elementos Controláveis
Elementos não Controláveis Controláveis
- Produção
- Demografia - Tecnologia
- Instalações fabris
- Forças económicas - Regulamentos
- Pessoal
- Forças sociais - Clima e concorrência
- Publicidade
- … - Finanças
- ….
- Preços
- Matérias-primas

Análise do Ambiente Externo Objetivos Análise do Ambiente Interno

Plano a Longo Prazo

- Programa de vendas Plano a Curto Prazo - Programa de publicidade


- Programa de produção - Orçamentos
- Programa de compras - Preços
- Planos de pessoal - Investimentos
- Planos de I&D - ….
- Planos financeiros 109

4. GESTÃO ORÇAMENTAL

As fases da Gestão Orçamental são:

- Elaboração dos orçamentos para o período de gestão considerado;


- Medição e registo da atividade real e sua comparação com os respetivos
orçamentos;
- Análise das causas dos desvios apurados e tomada de decisões corretivas com
vista a eliminar futuros desvios resultantes do mesmo tipo e causas.

Fases do Planeamento das Organizações:

- Estabelecer os objetivos da organização;


1 - Estudar o ambiente em que a organização vai operar e inventariar os fatores
externos que poderão afetar o seu funcionamento;
2 - Estudar os recursos existentes com vista a uma gestão mais eficiente na sua
utilização;
- Determinar a estratégia para cumprimento dos objetivos através dos meios
3 constantes de um plano global que contenha os objetivos estratégicos;
- Definição de programas de ação para conseguir os objetivos estratégicos.
110

55
4. GESTÃO ORÇAMENTAL

1 Planeamento Estratégico – Define as políticas e objetivos estratégicos


para um período de 3 a 10 anos.

2 Planeamento Tático – Segue o Plano Estratégico e aborda os objetivos


anuais.

Planeamento Operacional – Converte o plano de longo prazo nas


3
necessidades de futuro imediato. Normalmente é designado por
Orçamento e é levado a cabo na base de um ano.

Vantagens da Gestão Orçamental

A implementação da Gestão Orçamental permite:


- Criar hábitos de ordem, de previsão e de cumprimento de prazos;
- Fomentar o espírito de equipa, como consequência da necessária
coordenação entre os diferentes setores da organização;
- Contribuir para a definição concreta das responsabilidades, para a
descentralização das mesmas, entre outros aspetos.
111

4. GESTÃO ORÇAMENTAL

Orçamentos da Empresa

Os Orçamentos resultam de previsões feitas no curto prazo (até 1 ano). Tais planos devem
ser sempre fixados com o acordo mútuo do responsável de determinado nível e do
responsável do nível imediatamente superior.

Os fundamentos do Orçamento são:


- Estabelecer objetivos específicos para as operações futuras;
- Comparar periodicamente os resultados atuais com aqueles objetivos.

O processo começa pelo pedido de estimativas (Vendas, gastos comerciais, produção,


entre outros) das várias unidades administrativas.

Genericamente, é usual que a base de toda a orçamentação seja a previsão das vendas,
não só em quantidades, mas também em valor.

112

56
4. GESTÃO ORÇAMENTAL
Principais Componentes/Fases do Orçamento

Objetivos
MLP
CP

Orçamento de Orçamento de
Orçamento de Tesouraria
Gastos
Vendas
Comerciais

Orçamento Orçamento dos


Stocks P. Orçamento
Stocks
Acabados Financeiro
Materiais Orçamento de
Orçamento do Compras
Orçamento de
Consumo
Produção
Materiais Demonstração
de Resultados
Orçamento de Previsionais
Orçamento de Gastos de
Investimentos Produção

Balanço
Previsional
Orçamento de
Gastos Gerais
113

4. GESTÃO ORÇAMENTAL

Orçamento Rígido e Flexível

O Orçamento Rígido ou Estático reflete os gastos estimados para um dado volume de


atividade. Elabora-se um plano original que serve como guia para o próximo período.
Exemplo: Orçamento Geral do Estado.

Nas Organizações o Orçamento não pode ser Rígido como é no Estado, dado que os
gastos de cada período estão relacionados com a atividade e é necessário ajustar os
orçamentos a essa mesma atividade. O Orçamento Flexível surge por oposição ao
Orçamento Rígido.

Desvios

Ao comparar os valores orçamentados com os reais surgem os respetivos Desvios.


Estes podem ser favoráveis ou desfavoráveis, em função do respetivo sinal. Podem ser
calculados da seguinte forma: Desvios = Valores Reais- Valores Orçamentados

114

57
4. GESTÃO ORÇAMENTAL

Orçamento de Base Zero


O Orçamento de Base Zero constitui um processo de planeamento e orçamentação que
exige que cada setor justifique todas as despesas e que a unidade organizacional opere
eficiente e eficazmente com um dado nível de recursos.
As etapas que integram os procedimentos do Orçamento de Base Zero são as seguintes:

- Identificação das unidades de decisão;


- Fixação das hipóteses de base do planeamento e dos pacotes orçamentais;
- Análise das unidades de decisão e proposta das versões-base e aditamentos;
- Classificação das versões-base e dos aditamentos;
- Preparação dos orçamentos definitivos;
- Controlo dos resultados.

Ao passo que o Orçamento tradicional é elaborado com base na estrutura existente, o


Orçamento de Base Zero parte da discussão das estimativas e meios existentes partindo
do zero, ou seja, sem os departamentos atuais, o pessoal afeto, as funções, as atividades,
estruturas , encargos, entre outros. Não se trata verdadeiramente de um novo tipo de
Orçamento, mas de uma nova filosofia de orçamentação baseada nos pacotes de decisão.
115

BIBLIOGRAFIA

Caiado, A. (2011). Contabilidade Analítica e de Gestão. (6ª Edição).Lisboa: Áreas Editores.

Ferreira, D., Asseiceiro, J., Caldeira, C., Vieira, J., Vicente, C. (2016). Contabilidade de
Gestão – Estratégia de Custos e de Resultados – Casos Práticos – Volume II. Lisboa: Rei
dos Livros.

116

58
5. BALANCED SCORECARD (BSC)

Origem e Definição

O modelo subjacente à contabilidade financeira deveria incorporar a valorimetria dos


elementos intangíveis e intelectuais, a qualidade dos produtos e serviços, os recursos
humanos, a organização interna e a clientela satisfeita e leal. Contudo, as DF não incluem
esta informação, a qual é muito importante para o êxito empresarial no ambiente
competitivo atual.

O BSC aparece assim da necessidade de existir um sistema de gestão de desempenho


enquadrado no modelo de gestão estratégica. Deste modo, no momento da definição
da estratégia há que identificar o que a empresa pode fazer, em termos de ambiente
envolvente e pressupondo um determinado nível de risco, a par do que consegue
realizar.

O BSC, proposto por Robert Kaplan e David Norton, é desenhado para medir a
performance da organização, onde se procuram definir as relações de causa-efeito
entre as atividades criticas da cadeia de valor e dos resultados.

117

5. BALANCED SCORECARD (BSC)

O BSC constitui uma ferramenta que contribui para a focalização na empresa, deve
melhorar a comunicação interna nesta, apoia a definição de objetivos e fornece
feedback sobre os resultados da estratégia definida.

O BSC tem sido considerado uma combinação muito positiva de medidas de


performance financeira e não financeira, constituindo um modelo de orientação
estratégica, em matéria de implementação e de comunicação.

As perspetivas tradicionais dos indicadores financeiros no BSC são ampliadas para


clientes, processos internos, aprendizagem e crescimento. Os dados financeiros
continuam a ser um requisito essencial. Assim, o BSC integra indicadores de natureza
financeira e indicadores não financeiros, como é o caso da satisfação dos clientes, a
inovação, os processos internos e a satisfação dos colaboradores.

O BSC, como instrumento de gestão estratégica, faz uma ligação dos indicadores de
desempenho à estratégia, permitindo aos decisores uma perspetiva integrada, liga o
controlo operacional de curto prazo com a visão e a estratégia de longo prazo,
identifica as relações de causa-efeito e concentra a atenção dos gestores nos fatores
críticos.
118

59
5. BALANCED SCORECARD (BSC)
Em termos de esquema, tem-se:
Para ter
sucesso Financeira
financeiro,
como …. Objetivos
devemos
aparecer para
…. Medidas
os nossos …. Alvo
shareholders?
…. Iniciativas

Para Para Processos Internos


alcançar a Cliente satisfazer os do Negócio
nossa nossos
visão, …. Objetivos shareholders
…. Objetivos
como …. Medidas Visão e Estratégia e clientes,…. Medidas
devemos que
ser vistos …. Alvo processos …. Alvo
de negócio
pelos …. Iniciativas devemos …. Iniciativas
clientes? destacar?

Para Aprendizagem e
alcançar a
nossa
Crescimento
visão, …. Objetivos
como …. Medidas
sustentar a
habilidade …. Alvo
de mudar e …. Iniciativas 119
progredir?

5. BALANCED SCORECARD (BSC)

Implementação do BSC

O processo de implementação do BSC pressupõe uma articulação da estratégia pelos


gestores de topo a que se segue um conjunto de etapas sequenciais:

i) Delinear e listar as medidas que avaliem os fatores críticos de sucesso;

ii) Desenvolver as medidas que se enquadrem nas relações de causa-efeito para


conseguir uma lógica concreta de criação de valor;

iii) Definido o BSC há que estendê-lo aos níveis inferiores da pirâmide de gestão;

iv) Recompensar os colaboradores pela concretização dos objetivos;

v) Organizar a produção dos dados e o seu reporte dentro de um sistema integrado;


vi) Organizar o sistema de retroação mediante avaliações e reuniões periódicas de
modo a apoiar a melhoria do sistema.
120

60
5. BALANCED SCORECARD (BSC)

Fonte: http://www.pmeinvest.pt/blog/balanced-scorecard
121

5. BALANCED SCORECARD (BSC)

As quatro perspetivas do BSC permitem fazer um balanço entre:

i) Os objetivos de curto e de longo prazo;

ii) As medidas externas (para acionistas e clientes) e as medidas internas dos


processos críticos da empresa;
iii) Os resultados previstos e os geradores desses resultados;

iv) As medidas rígidas dos objetivos e as medidas mais flexíveis e subjetivas.

O BSC fornece aos executivos das empresas uma estrutura abrangente que lhes
permite traduzir a visão e a estratégia da empresa através de um conjunto
coerente de medidas de performance. Muitas empresas têm adotado declarações
de missão para comunicar valores e crenças fundamentais aos seus colaboradores.
As declarações de missão abordam crenças básicas, identificam mercados-alvo e
principais produtos. Por exemplo: Ser a empresa melhor sucedida no setor da
aviação.
122

61
BIBLIOGRAFIA

Caiado, A. (2011). Contabilidade Analítica e de Gestão. (6ª Edição).Lisboa: Áreas Editores.

Ferreira, D., Asseiceiro, J., Caldeira, C., Vieira, J., & Vicente, C. (2016). Contabilidade de
Gestão – Estratégia de Custos e de Resultados – Casos Práticos – Volume II. Lisboa. Rei
dos Livros.

Kaplan, R. & Norten, D. (1996). The balanced Scorecard – Translating Strategy Into
Action. HBS Press.

https://www.youtube.com/watch?v=s9aJMZiR
ZXQ

123

6. MÉTODO ABC (ACTIVITY-BASED COSTING)

Origem

Em meados da década de 80 nos EUA foi desenvolvido por Cooper e Kaplan, em


associação com a Harvard Business School e o Computer-Aided Manufactoring (CAM-I)
um novo sistema de apuramento de custos que teve como objetivo principal melhorar
o processo de imputação dos custos indiretos aos produtos e serviços. Este sistema
veio a ser popularizado com a designação de Activity-Based Costing (ABC).

Mais tarde, em consequência de críticas que lhe foram colocadas, a abordagem do


ABC deixou de estar tão focalizada no cálculo dos custos dos produtos e serviços e
passou a ser difundida como um instrumento de auxílio aos gestores na tomada de
decisões e na compreensão das causas dos custos nas organizações.

O desenvolvimento da abordagem ABC está associado às limitações e insuficiências


dos dois sistemas tradicionais de apuramento dos custos .

A nova envolvente empresarial caracteriza-se pelo aparecimento de tecnologias e


métodos sofisticados de produção, pelo aumento da concorrência e aumento do nível
de exigência dos clientes.
124

62
6. MÉTODO ABC (ACTIVITY-BASED COSTING)

A conjugação dos fatores anteriormente referidos fez com que as organizações


passassem a produzir produtos mais complexos e a recorrer a novos modelos de
produção e a desenvolver novas atividades. Algumas dessas atividades são o controlo
de qualidade, marketing, conceção de produtos, I&D, entre outras.

Os custos diretos (MP e MOD) deixaram de ter um peso tão significativo na estrutura
de custos nas organizações. Os custos indiretos- Gastos Gerais de Fabrico (GGF)-
passaram a ter um peso preponderante na estrutura de custos das organizações.
Assim, os sistemas tradicionais de imputação de custos (incluindo o método das
secções homogéneas) baseiam-se no pressuposto de que os custos indiretos são
causados pela produção e pelas vendas, adotando bases de imputação baseados em
volumes de outputs (N.º de Horas-Homem, Horas-Máquina, unidades produzidas).

Os GGF deixaram de estar associados a variações no volume de outputs, o que tem


conduzido a que os custos de muitos produtos e serviços sejam erradamente
calculados e levem os gestores a tomarem decisões potencialmente prejudiciais às
organizações. Foram estas situações que levaram ao desenvolvimento da abordagem
ABC.
125

6. MÉTODO ABC (ACTIVITY-BASED COSTING)

Principais Características do ABC

O ABC foi definido pelo CAM-I como um método que mede o custo das atividades e
objetos de custeio através da alocação de custos indiretos a atividades e por sua vez o
custo das atividades a objetos de custeio (produtos/serviços). O ABC é constituído por
dois estádios.

Estágios Subjacentes ao Sistema ABC

Objetos de
Recursos Atividades
Custeio

Imputação dos recursos às atividades Atribuição dos custos das atividades


1º 2º
126

63
6. MÉTODO ABC (ACTIVITY-BASED COSTING)

Dos dois estádios, depreende-se que são cincos as etapas que devem ser seguidas
na implementação do ABC:

1- Identificar as principais atividades que ocorrem numa organização;

2- Listar os vários recursos da organização que estão subjacentes à realização das


atividades;

3- Alocar os custos indiretos associados ao consumo e uso dos recursos


anteriormente listados através de cost drivers de recursos;

4- Selecionar os cost drivers de atividade mais adequados para cada uma das
atividades anteriormente identificadas; e

5- Calcular os custos por objeto de custeio através da soma dos custos das
atividades que contribuíram para a sua obtenção.
127

6. MÉTODO ABC (ACTIVITY-BASED COSTING)

Conceito de Atividade

A Atividade deve ser entendida como as ações que são necessárias à realização dos
objetivos das diversas funções existentes nas organizações. Corresponde ao trabalho
que é realizado, envolvendo normalmente um conjunto de tarefas e operações.

Conceito de cost drivers

Os cost drivers são bases de imputação. Visam medir o volume de trabalho e o esforço
subjacente à realização das atividades, permitindo avaliar o seu nível de uso pelos
objetos de custeio.

Na abordagem ABC existem dois tipos de cost drivers: os cost drivers de recursos e os
cost drivers de atividades. Os primeiros são usados no 1º estádio para alocar os custos
dos recursos às atividades, enquanto que os últimos são usados no 2º estádio para
proceder à atribuição dos custos das atividades aos objetos de custeio.
128

64
6. MÉTODO ABC (ACTIVITY-BASED COSTING)

Vantagens e Principais Dificuldades na Implementação do ABC

As principais vantagens na adoção do ABC podem ser sumariadas como segue:

- Maior correção dos custos apurados por objeto de custeio. Isto tem tanto mais
impacto quando maior forem os GGF na estrutura de custos da organização;
- Aumento da compreensão das causas dos custos e da necessidade de os racionalizar;

- Melhor controlo de custos e de gestão de recursos;

- Melhor perceção das atividades realizadas na organização; e


- Aumento da comunicação entre as várias áreas da organização.

Algumas das principais dificuldades estão relacionadas com a obtenção de informação


disponível para quantificar os cost drivers, as atividades nem sempre são facilmente
identificáveis, envolve um grande dispêndio de recursos humanos e financeiros e
obriga a revisões periódicas das atividades e dos cost drivers, como forma de garantir a
qualidade da informação gerada.
129

BIBLIOGRAFIA

Franco, V., Oliveira, A., Morais, A., Oliveira, B., Lourenço, I., Jesus, M.,…& Serrasqueiro,
R.(2005). Contabilidade de Gestão – Volume I – O Apuramento dos Custos e a
Informação de Apoio à Decisão. Lisboa: Publisher Team.

Ferreira, D., Asseiceiro, J., Caldeira, C., Vieira, J., & Vicente, C. (2017). Contabilidade de
Gestão – Estratégia de Custos e de Resultados – Casos Práticos – Volume I. Lisboa: Rei
dos Livros.

130

65
7. DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA)

Conceito

A técnica DEA consiste numa alternativa para extrair informação sobre uma população
de observações tais como as apresentadas na figura seguinte. Em contraste com
abordagens paramétricas, cujo objetivo é otimizar um único plano de regressão através
dos dados. A abordagem/técnica DEA permite otimizar cada observação individual com
o objetivo de calcular uma fronteira de eficiência de Pareto determinada pelo conjunto
das Decision-Making Units (DMU).

Fonte: Charnes, Cooper, Lewin e Seiford (1993, P.5)

A técnica DEA calcula uma medida de desempenho máximo para cada DMU em
relação a todas as outras DMU localizadas na fronteira ou abaixo dela. As DMU que se
encontram na fronteira são consideradas eficientes e as que estão abaixo da fronteira
são consideradas ineficientes. 131

7. DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA)

A técnica de DEA permite avaliar a eficiência relativa de um conjunto de unidades


similares, designadas por DMU que convertem múltiplos inputs em múltiplos
outputs. Os inputs correspondem aos recursos utilizados enquanto os outputs são os
bens ou serviços obtidos como resultado do processo produtivo.

Fonte: Vaz (2007, P.9)

Como a identificação das DMU eficientes resulta da comparação entre DMU


similares, o resultado imediato da técnica de DEA é uma medida de eficiência
relativa e não absoluta.

132

66
7. DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA)

Técnica de DEA

Se se considerar um conjunto de n DMU, j (j = 1; : ; n), em que cada uma transforma


m inputs, xij ; i (i = 1; : : : ;m) para produzir s outputs, yrj ; r (r = 1; : : : ; s). Para cada
DMU jo avaliada, é possível obter uma medida de eficiência relativa definida pelo
rácio entre a soma ponderada de todos os outputs (yrjo) e a soma ponderada de
todos os inputs (xijo). Desta forma, os múltiplos inputs e outputs são reduzidos
respetivamente a um único valor virtual de input e de output através da afetação de
pesos a cada input i ; vi; (i = 1; : ;m) e a cada output r ; ur; (r = 1; : ; s).

O modelo orientado pelos inputs para avaliar a eficiência da DMU jo, admitindo a
existência de Rendimentos à Escala Constantes (CRS), é definido pelo seguinte
modelo:

133

7. DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA)

Fonte: Vaz (2007, P.13)

O modelo tem por objetivo maximizar o valor de eficiência da DMU jo, estando
sujeito a restrições que garantem que os pesos utilizados conduzem a valores de
eficiência menores ou iguais a 100% para todas as unidades da amostra.

A medida de eficiência obtida no modelo resulta da comparação do desempenho


atual de cada unidade com o melhor desempenho observado noutras unidades,
tendo por base os níveis de recursos utilizados e resultados obtidos.
134

67
7. DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA)

Na perspetiva de avaliação orientada pelos inputs, a eficiência é definida como o fator


mínimo com que todos os inputs da DMU avaliada podem ser reduzidos
proporcionalmente sem diminuir o nível de nenhum output.

As DMU eficientes são consideradas benchmarks e definem a fronteira de eficiência.


No caso das DMU ineficientes, a técnica permite definir objetivos (targets) de melhoria
de desempenho para cada recurso (input) e para cada resultado (output) através da
comparação com as DMU eficientes.

A definição de DMU benchmarks para cada unidade ineficiente permite identificar


boas práticas que devem ser adotadas nas unidades ineficientes.

A medida de eficiência pode ser obtida segundo uma orientação pelos outputs de
acordo com o modelo seguinte:

135

7. DATA ENVELOPMENT ANALYSIS (DEA)

Fonte: Vaz (2007, P.14)


A eficiência relativa da DMU jo é dada por 1/hjo. A perspetiva da orientação pelos
outputs define a eficiência como o inverso do fator máximo com que todos os
outputs podem ser igualmente aumentados sem aumentar o nível de inputs
utilizados.

No caso de se assumir a existência de CRS, as medidas de eficiência segundo a


orientação dos inputs ou dos outputs são equivalentes, verificando-se que ejo =
1/hjo. A escolha da orientação da avaliação de eficiência depende do contexto da
avaliação do desempenho e dos objetivos da organização.
136

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BIBLIOGRAFIA

Charnes, A.; Cooper, W.; Lewin, A.; & Seiford, L. (1997). Data Envelopment Analysis –
Theory, Methodology and Applications. (3th ed.). Boston: Kluwer Academic Publishers.

Vaz, C. (2007). Desenvolvimento de um sistema de avaliação e melhoria de desempenho


no setor do retalho. Tese de doutoramento. Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto.

137

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EXERCÍCIOS
ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE BRAGANÇA

Nota: Alguns dos exercícios são retirados/adaptados dos livros mencionados na Bibliografia da
Unidade Curricular.
Exercício Prático n.º 1 2023/2024
O património da Sociedade XPTO Lda. era composto em 30 de setembro de n, pelos seguintes
elementos: (Milhares de euros)
Numerário 220
Depósito à ordem no Banco B1 1.000
Depósito à ordem no Banco B2 2.000
Letra a receber do Cliente C1 3. 000
Saque emitido sobre o Cliente C2 1.000
Letra a pagar ao Fornecedor F1 1.600
Aceite ao Fornecedor F2 800
Adiantamento ao Fornecedor F3 1.000
Crédito da Tipografia T 50
Empréstimo do Sócio AP a CP 5
Empréstimo do Banco B3 a LP 6.000
Mercadoria M1 - 1.000 unidades 2.000
Mercadoria M2 - 400 unidades 1.600
Obrigações do Tesouro a MLP 1.000
Mobiliário de escritório 3.000
Dois computadores 1.000
Uma impressora 400
Duas máquinas de calcular 80
Uma viatura ligeira 4.000
Ordenado a pagar a empregados 300

PEDIDOS:
1)-Classificação dos elementos patrimoniais da Sociedade XPTO Lda., em 30 de setembro de n.
Considere as seguintes abreviaturas para cada um dos elementos: Ativo (A); Bens (B); Direitos
(D); Passivo (P); Obrigação (O); Corrente (C); Não Corrente (NC).
2)-Apuramento do valor do património da sociedade naquela data.

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Exercício Prático n.º 2 2023/2024


Faça corresponder cada uma das operações às regras de movimentação e aos fluxos que lhes
respeitam:

1 Faturas enviadas a clientes por serviços prestados


2 Obtenção de um financiamento bancário
3 Cheques obtidos de clientes
4 Liquidação, em dinheiro, dos gastos de telefone e fax
5 Liquidação, por transferência bancária, dos juros do empréstimo
6 Entrega de dinheiro para liquidação de uma multa em nome de um
7 Entrega de cheque a um fornecedor referente a um adiantamento

Regras de Movimentação Fluxos

A Débito de um ativo I Gasto

B Crédito de um ativo II Rendimento

C Débito de um passivo III Despesa

D Crédito de um passivo IV Receita

E Débito de um gasto V Pagamento

F Crédito de um gasto VI Recebimento

G Débito de um rendimento

H Crédito de um rendimento

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Exercício Prático n.º 3 2023/2024

Dois amigos, após terminarem as respetivas licenciaturas, decidiram constituir uma empresa
dedicada à compra e venda de Smartphones recondicionados. Para o efeito, cado um dos dois
amigos subscreveu uma quota de 50% com o valor de 5.000€. O dinheiro foi depositado numa
conta bancária aberta em nome da empresa ALLSMAR Lda.
No primeiro mês de atividade, outubro de n, a empresa efetuou as seguintes operações:
1- Compra de 200 Smartphones recondicionados ao fornecedor XZP com o valor médio de
60€ cada. O valor da fatura, que inclui IVA à taxa normal, ascendeu a 14.760€ e tem
como prazo limite de pagamento 30 dias.
2- Pagamento, por transferência bancária, da renda do estabelecimento do mês de outubro
de n no valor de 500€. Este valor está sujeito a retenção na fonte de IRS à taxa de 25%.
3- Compra, a pronto pagamento na livraria MPT, de diverso material de escritório no valor
de 123€. IVA incluído à taxa de 23%.
4- Compra, a prazo na AVX, de mobiliário para a loja (prateleiras) no valor de 8.000€ e
equipamento informático no valor de 2.500€. Sobre os valores apresentados incidem IVA
à taxa normal.
5- Venda ao cliente ZAS, a pronto pagamento, 100 telemóveis a um preço médio de 100€
cada. Sobre este valor incide IVA à taxa normal.
6- Foi solicitado um empréstimo, pelo prazo de dois anos, ao Banco XPT no valor de
10.000€. O valor do empréstimo e dos juros à taxa anual de 3,5% será pago em partes
iguais no final de cada ano.
7- Processamento dos salários do mês de outubro de n dos dois
sócios/gerentes/trabalhadores. Assim, os valores a considerar para cada um dos sócios
são os seguintes:
a. Vencimento base: 1.200€.
b. Taxa de IRS: 15%.
c. Subsídio de Alimentação: 5,15€/Dia. 22 dias em outubro com direito a Subsídio
de Alimentação.
d. Segurança Social da Empresa: 23,75%. Desconto dos trabalhadores:11%.
8- Pagamento, por transferência bancária, da eletricidade do mês de outubro no valor de 50€
mais IVA à taxa normal.
9- Pagamento, por transferência bancária, dos vencimentos do mês de outubro.
10- Compra, através da conta títulos no Banco XPT, de 1.000 ações da EDP, para
negociação, a 3,5€/ação. O Banco cobrou uma comissão pela compra das ações de 7,5€.

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PEDIDOS:
1- Proceda à contabilização, operação a operação e utilizando sempre que necessário contas
de 4º grau, no razão esquemático as operações ocorridas no mês de outubro de n,
incluindo a constituição da empresa.
2- Elabore o Balancete de verificação com referência a 31/10/n.
3- Elabore a Demonstração dos Resultados com referência 31/10/n.
4- Elabore o Balanço com referência a 31/10/n.

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Exercício Prático n.º 4 2023/2024

A MOVILEVE – Comércio de Telemóveis Lda., constituída em N-4, importa equipamento


telefónico móvel, que coloca no mercado através das redes de distribuição dos grandes
operadores telefónicos de rede móvel e das lojas da especialidade.
Cobrindo os diferentes segmentos de mercado, a empresa tem registado um crescimento
exponencial do volume de negócios e dos fundos geridos, conforme se pode verificar nas
Demonstrações Financeiras (DF) anexas, mercê da dinâmica imprimida pelos seus dois únicos
sócios e gerentes da empresa.
Foi possível obter ainda a seguinte informação:
- As existências iniciais de N-2 de mercadoria são iguais às finais desse mesmo ano;
- Prazo médio de recebimento de clientes: 3 meses;
- Prazo médio de pagamentos, excluindo os adiantamentos, de fornecedores de mercadorias e
FSE: 1,5 meses;
- Tempo médio de permanência das mercadorias em armazém: 2 meses;
- Adiantamentos a fornecedores de mercadorias: 20% das compras mensais;
- Taxa média de IVA dedutível e liquidado: 23%;
- Prazo de regularização do IVA: 60 dias;
- Prazo de entrega ao Estado do IRS e Segurança Social: Até dia 20 do mês seguinte;
- O Subsídio de Natal é processado e pago em dezembro;
- O IRS respeita apenas a custos com pessoal e é retido a uma taxa média de 20% sobre as
remunerações ilíquidas;
- Sobre as remunerações ilíquidas são ainda calculadas as contribuições para a Segurança Social
às taxas de 23,75% para a empresa e 11% para os trabalhadores;
- Não existem rubras extraexploração renováveis.

PEDIDOS:
1) Construa os Balanços Esquemáticos da MOVILEVE para o triénio em análise;
2) Calcular os principais rácios de situação ou estrutura, de gestão ou atividade e de
eficiência para o período em estudo.
3) Qual a opinião sobre a situação financeira da empresa no triénio? Que medidas devem ser
tomadas com vista à melhoria da mesma?

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ANEXOS
Unidade: Milhares de Euros
Balanços N-2 N-1 N
Ativo Não Corrente
Ativos Fixos Tangíveis 54 347 380
Ativos Intangíveis 1 1 6
Ativo Corrente
Mercadorias 12 126 318
Clientes C/C 217 335 445
Adiantamentos a Fornecedores 5 9 18
Estado e Outros Entes Públicos 2 3 8
Outros Ativos Financeiros 0 50 0
Depósitos Bancários e Caixa 29 35 23
Total do Ativo 320 906 1.198
Capital Próprio e Passivo
Capital 10 10 180
Reservas e Resultados Transitados 10 28 0
Resultado Líquido do Exercício (Retido) 18 32 33
Total do Capital Próprio 38 70 213
Passivo Não Corrente
Provisões 0 0 15
Outras Dívidas a Pagar 40 300 225
Passivo Corrente
Fornecedores C/C 91 242 295
Estado e Outros Entes Públicos 25 28 58
Acionistas/Sócios 14 19 20
Financiamentos Obtidos 112 238 336
Outras Contas a Pagar 0 9 36
Total do Passivo 282 836 985
Total do Capital Próprio e Passivo 320 906 1198

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Unidade: Milhares de Euros
Demonstrações dos Resultados N-2 N-1 N
Vendas 555 860 1.346
Custo das Mercadorias Vendidas 436 667 1.080
Fornecimentos e Serviços Externos Variáveis 16 26 44
Margem Bruta 103 167 312
Fornecimentos e Serviços Externos 30 33 39
Impostos 1 1 2
Custos com o Pessoal 18 23 37
Outros Custos de Exploração 1 1 1
Amortizações/Depreciação 3 3 20
Ajustamentos 0 3 16
Provisões 0 0 15
Resultados de Exploração 50 103 182
Outros Rendimentos 0 3 1
Outros Gastos 1 1 5
Resultados Antes de Juros e Impostos 49 105 178
Juros e Rendimentos Similares Obtidos 2 10 2
Juros e Gastos Similares Suportados 19 61 92
Resultados Antes de Impostos 32 54 88
Imposto Sobre o Rendimento 14 22 35
Resultado Líquido do Período 18 32 33
Dividendos/Resultados Distribuídos 0 0 20
Resultado Líquido do Período Retido 18 32 33

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Exercício Prático n.º 5 2023/2024

A empresa SOLAX dedica-se à produção e comercialização de solas em borracha e em PVC para


utilização pela indústria do calçado, tendo atividade regular e constante ao longo de cada ano.
Apresenta-se em anexo as DF. A empresa considera como gastos variáveis, além dos CMVMC,
30% de FSE. Sabe-se ainda que no exercício N foram vendidas 573.993 pares de solas, em N+1
430.786 e em N+2 710.846 (Admita-se que se pratica preço único por unidade).

PEDIDOS:

Com base nas contas apresentadas em anexo:


1) Elabore-se a Demonstração dos Resultados de Exploração;
2) Calcule-se:
- O Ponto Crítico das vendas da empresa, em quantidade e em valor;
- O Grau Económico de Alavanca;
- A Margem de Segurança;
- O Efeito dos Custos Variáveis e o Efeito dos Custos Fixos;
- A Rendibilidade de Exploração.
3) Tendo em atenção os indicadores e as informações obtidas nas alíneas anteriores, comente-
se a evolução da Rendibilidade de Exploração e do Risco Económico da empresa;
4) Mantendo as condições de exploração de N+2 e recorrendo à teoria do CVR, determine-se
o Resultado de Exploração em N+3 para o caso da empresa vender 746.388 pares de solas.
ANEXO
Unidade: Euros
Demonstrações dos Resultados N N+1 N+2
Rendimentos Operacionais
Vendas 3.443.975 2.670.875 4.085.950
Gastos Operacionais
Custo das Mercadorias Vendidas 1.895.725 1.361.650 2.241.300
Fornecimentos e Serviços Externos 427.350 389.925 451.175
Impostos 7.750 7.300 18.050
Custos com o Pessoal 504.575 551.450 638.050
Outros Gastos Operacionais (1) 1.375 1.200 1.225
Amortizações/Depreciação 357.050 344.575 407.975
Ajustamentos 4.850 5.525 675
Total Gastos Operacionais 3.198.675 2.661.625 3.758.450
Resultados Operacionais 245.300 9.250 327.500
Gastos de Financiamento (Líquidos) 279.550 276.625 308.300

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Resultados Antes de Impostos (34.240) (267.375) 19.200
Imposto Sobre o Rendimento - - -
Resultado Líquido do Período (34.240) (267.375) 19.200

(1) Todos os Gastos Operacionais são Gastos de Exploração.

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Exercício Prático n.º 6 2023/2024
A empresa AZP vai proceder à aquisição de uma nova unidade fabril, num país da
América Latina. O investimento está orçamentado em 20.000.000€. como forma de
financiamento, a empresa estuda três hipóteses:
a) Efetuar um aumento de Capital no montante total do investimento;
b) Recorrer a um empréstimo bancário no valor de 60% do investimento (Com taxa de
juro de 11% ao ano), sendo o valor remanescente suportado através de um aumento de
Capital.
c) Endividar-se perante instituições financeiras no valor total do investimento (Com taxa
de juro de 12% ao ano).

Atualmente, a empresa apresenta os seguintes dados económico-financeiros:


- Aplicações Totais no valor de 100.000.000€;
- Autonomia Financeira de 40%;
- Rendibilidade Económica das Aplicações de 15%;
- Custo Médio de Capital Alheio de 12%;
- Taxa suportada de Imposto sobre o Rendimento de 21%.

PEDIDOS:
Sabendo que a empresa pretende manter a mesma REA e que:
- O custo médio de endividamento existente vai agravar-se em 1 ponto percentual;
- A taxa de Imposto sobre o Rendimento manter-se-á inalterada.
Determine qual das opções de financiamento deverá ser seguida, tendo em linha de conta
a relação entre a RCP e o nível de Risco Financeiro.

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ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE BRAGANÇA
Exercício Prático n.º 7 2023/2024
A ABC elaborou o seu Orçamento para o ano n, do qual se extraíram as seguintes
informações, no que se refere à produção e comercialização dos seus produtos A e B.
-Previsão dos inventários de produtos acabados
Existência inicial
Produto A 750 UN
Produto B 200 UN
Existência final
Produto A 450 UN
Produto B 650 UN
- Previsão de vendas
Produto Quantidades (UN) Preço de venda (€/UN)
Produto A 5.610 325
Produto B 9.650 305
- Custos anuais dos centros de produção
Centros Principais
Moagem 1.300.000€ (Unidade de Obra – Hm [Horas
Máquina])

Embalagem 800.000€ (Unidade de Obra – Hm)


Centro Auxiliar
Manutenção 262.250€

- Custos de distribuição
- Fixos anuais: 313.000€
- Variáveis por unidade vendida: 5€
- Custos administrativos e financeiros – fixos anuais: 450.000€
- Consumos por unidade de produto
Unidade Produto A Produto B
MP1 Kg 5,5 1,5
MP2 Kg 1,5 2,5
Moagem Hm 2,00 2,5
Embalagem Hm 2,00 1,5

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ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE BRAGANÇA
- Os custos de atividade do Centro Auxiliar – Manutenção – são imputados da seguinte forma:
134.800€ ao Centro Principal – Moagem. O restante ao Centro Principal – Embalagem.
- A política de inventários de matérias-primas utilizada é o just in time, sendo a quantidade a
consumir igual à quantidade a comprar. O preço orçamentado é de 12€/kg para MP1 e de
18€/kg para MP2.

PEDIDOS:
1- Programa e orçamento anual de compras
2- Programa de atividade dos centros
3- Orçamento dos custos dos centros principais e de custo das respetivas unidades de obra
4- Orçamento dos custos de produção, total e unitário
5- Demonstração dos resultados por funções e por produto, repartindo os custos fixos não
industriais em função do valor das vendas de cada produto

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Exercício Prático n.º 8 2023/2024
O Orçamento da empresa BETA previa para janeiro de n a venda de 12.000 unidades do
produto Y a 9€/unidade, importando os custos comerciais variáveis em 5% do valor das
vendas.
A realidade foi a seguinte:
Vendas=12.500 unidades vendidas a 9,6€/unidade;
Custos comerciais variáveis=4,8% do valor das vendas.

PEDIDOS:

A determinação dos seguintes desvios, decompostos pelas respetivas causas:


1) Desvio nas vendas;
2) Desvio nos custos comerciais variáveis.

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ESCOLA SUPERIOR DE TECNOLOGIA E GESTÃO DE BRAGANÇA
Exercício Prático n.º 9 2023/2024
A empresa APT fabrica e vende os produtos BS e SC. O primeiro tem uma vida superior a
10 anos, mas o segundo é muito recente. São conhecidos alguns elementos sobre aqueles
dois produtos:
Produto BS Produto SC
Vendas 2.200.000€ 500.000€
Unidades produzidas e vendidas 50.000 10.000
Custo das unidades produzidas 1.800.000€ 300.000€
Horas de trabalho utilizadas 10.000 2.000
Investigação e desenvolvimento 188.000€

PEDIDOS:
1) Os indicadores de performance que poderão ser utilizados na perspetiva do Balanced
Scorecard (BSC) e o seu cálculo.
2) Algumas conclusões a retirar.

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Exercício Prático n.º 10 2023/2024
A empresa RENASCER fabrica dois produtos, REN e ASCER, que utilizam os
mesmos equipamentos e processos de produção. Em relação ao mês de junho de n são
conhecidos os seguintes elementos:
REN ASCER
Quantidades produzidas 5.000 10.000
Horas de MOD/unidade 1 2
Horas de MÀQUINA/unidade 3 1
N.º preparações para fabricação 10 40
Ordens de encomenda 15 60
Em relação aos gastos indiretos de fabricação, ou GGF, que totalizaram 570.000€ foi
possível a sua divisão do seguinte modo:
- Relacionados com a atividade das máquinas: 440.000€
- Relacionados com a atividade de preparação para fabricação: 40.000€
- Relacionados com a atividade de gestão das encomendas: 90.000€

PEDIDOS:
O cálculo dos GGF a imputar a cada um dos produtos com base:
1) No sistema de custeio tradicional, utilizando a taxa horária da MOD como base de
imputação.
2) No sistema ABC, utilizando os cost drivers com base nas atividades.

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