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CAPITULO 17

O SISTEMA MARITIMO GLOBAL DE SOCORRO


E SEGURANGA

SEGAO UNICA
17.1. Generalidades — Em 1899, foi instalado o primeiro sistema de
radiocomunicagdes a bordo de um navio. Nesse mesmo ano, foi registrada a primeira
utilizagao da telegrafia sem fio para o salvamento de vidas humanas no mar. Em
1912.0desastre do Titanic, no qual mais de 1.500 pessoas perderam a vida, obrigou
que medidas fossem tomadas para evitar a repeti¢ao de tal acidente
Assim, em Londres, no mesmo ano, realizou-se a Conferéncia Internacicnal
de Radiocomunicagdes, na qual foramexaminadas e modificadas as frequéncias de
socorro, as especificagoes dos equipamentos radio dos navios e as condigoes para
a expedição de certificados aos radiotelegrafistas de bordo. Em 1914, também em
Londres, realizou-se a Conferéncia Maritima Internacional sobre a Seguranga da
VidaHumana no Mar (SOLAS), ocasião em que foi determinado que alguns navios,
dependendo de suas caracteristicas, deveriam ter instalagoes de radiotelegrafia.
As comunicagdes continuavam a progredir. Tais avangos foram
sistematicamente acompanhados por conferéncias da Uniao Internacional de
Telecomunicagdes (UIT) e da Organizagao Consultiva Maritima Intergovernamental
(IMCO).
Em 1988, em Londres, durante a Conferéncia dos Governos Contratantes da
Convengao SOLAS, foi aprovada a introdugao do SISTEMA MARITIMO GLOBAL
DE SOCORRO E SEGURANGCA (GMDSS - Global Maritime Distress and Safety
System) naquela Convengao.
Convengdes internacionais também dividiram o globo em areas de
responsabilidade para a Busca e Salvamento (SAR).
O tema é abordado neste capitulo sob o enfoque maritimo. Salienta-se que,
como as normas internacionais são integradas, as emergéncias aeronauticas sao
tratadas
de forma idéntica, utilizando recursos semelhantes e a mesma filosofia de
emprego.

17.2. O sistema ainda em vigor — O sistema ainda em vigor, segundo a


Convengao Intemacional para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar de 1974 (SOLAS
74), baseia-se na prescrição de que certos tipos de navios, quando se fazem ao
mar, mantenham escuta permanente em determinadas freqiéncias, conhecidas como
freqiiéncias internacionais de socorro, conforme estabelecido no Regulamento de
Radiocomunicagdes da Unido Internacional de Telecomunicagdes (UIT). Os navios
clevem estar equipados para efetuar transmissoes, nessas freqiéncias, com um
alcance minimode 100 a 150 milhas nauticas. Assim, o sistemna esta estabelecido
para permitir, a principio, comunicagoes navio-navio, embora as estagoes costeiras
tunbém devam manter escuta permanente nas freqiiéncias de socorro do Servigo
Movel Maritimo (SMM). Este sistema consiste em dois subsistemas operados
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manualmente, quais sejam: (1) radiotelegrafia (morse)em 500 kHz; (2) radiotelefonia
em 2.182 kHz e 156,8 kHz
O subsistemna de radiotelegrafia é obrigatério para todos os navios de carga
com arqueacao bruta igual ou superior a 1.600 ton. e paratodas as embarcagoes de
passageiros. O subsistemna de radiotelefonia é obrigatorio para todos os navios de
carga com arqueacao bruta igual ou superior a 300 ton. e para todos os navios de
passageiros.
A experiéncia ao longo dos anos tem demonstrado que esse sistema sofre
limitagoes, e embora varias medidas tenham sido tomadas para melhora-lo, dois
grandes problemas ainda persistem: as comunicagoes apresentam deficiéncia além
das 190 milhas e, por ndo serem automaticas, alguns navios se perdem sem que
qualquer chamada ou mensagem de socorro seja recebida. A partir de 1966, a UIT
e alMCO passaram a estudar um sistema de comunicagdes maritimas por satélite.
Por fim, em 1979, foi criada a Organizagao de Telecomunicagdes Maritimas por
Satélite (INMARSAT). A partir dessa data, a IMCO passou a pesquisar um sistema
de comunicagdes global, capaz de receber automaticamente os pedidos de socorro
dos navios e entregar aos mesmos, de maneira confidvel, subsidios para maior
seguranga da navegação. Em 1974, foi adotada a Convengao Internacional para a
Salvaguarda da Vida Humana no Mar.
Em 1979, a Conferéncia Internacional sobre Busca e Salvamento,
reconhecendo os problemas existentes, estudou o assunto e adotou a Convengao
Internacional sob Busca e Salvamento Maritimos (Convengao SAR, conhecida
também como Convenção de Hamburgo), cuja finalidade foi estabelecer um Plano
Mundial de Busca e Salvamento Maritimos, dentro de uma estrutura de acordos
bilaterais e multilaterais. O propósito seria o de conseguir cooperação e ajuda
mutua, em casos de perigo no mar. Além disso, a Conferénciatambém convidou
a Organizagao Maritima Internacional’ (IMO) a elaborar um Sistema Maritimo
Global de Socorro e Seguranga, com a inclusao de disposigdes sobre
telecomunicagoes, a fimde possibilitar um funcionamento eficaz do plano previsto
na Convengao.
Em 1988, em Londres, durante a Conferéncia dos Governos Contratantes da
Convengao SOLAS, foi aprovada a introdugdo do GMDSS na Convenção, o qual
entrou em operagao em 1992. O GMDSS foi estruturado a partir de sistemas de
busca por satélite desenvolvidos pela Unido Soviética (COSPAS) e EUA (SARSAT)™.
O primeiroresgate atribuido ao Sistema ocorreu am setembro de 1982, antes,
portanto, da Conferéncia de Londres, quando ainda estava em sua fase inicial (o
Sistema foi criado em 1979). Estima-se que cerca de sete mil vidas foram salvas
gragas ao COSPAS-SARSAT, entre 1982 e 1996.
As instruções em vigor mantém, ainda, os recursos centenarios para se
solicitar auxilio, validos quando nao se tem meios de comunicagdes mais
modernos.

1- Em 1983, a IMCO alterou sua denominagao para Organizagao Maritima Internacional (IMO).
2 - COSPAS: sigla, em russo, para Sistema Espacial para Busca de Navios em Perigo.
3 - SARSAT: sigla, em inglés, para Sistema de Busca e Salvamento por Rastreamento de Satélite.
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17.3. O Sistema Maritimo Global de Socorro e Seguranga (GMDSS) - O


conceito basico do GMDSS é alertar rapidamente as autoridades de bis
salvamento em terra, assim como os navios que navegam nas proximidades uc o
embarcacgao sinistrada, a fimde que possam auxiliar na operagdo coordenad: it
busca e salvamento com um tempo minimo de atraso. O Sistema divide os vc
em quatro areas, determinando exigéncias especificas para as embarcações que
nelas navegam:
- AREA A1 — Dentro do alcance do VHF das estagoes costeiras (cerca úc 10
a 30 milhas da costa).
- AREA A2 — Além da area acima, mas dentro do alcance MF dessas ¢:5{u:i
(cerca de 100 milhas).
- AREA A3 —Alémdasduas primeiras areas, mas dentrodo ambito de coberíu:
dos satélites geoestacionarios do sistema INMARSAT (entre os paralelos ([ c
70°S).
- AREA A4 - As areas remanescentes no mar.
O Sistema possibilita, adicionalmente, manter comunicagoes de tu oênci
confidveis e difundir informagdes relativas a seguranga maritima, incluindo os /vwiso::
aos Navegantes e Boletins Meteorolégicos.
Resumindo, toda embarcagao, independentemente da área em que naveaue,
pode efetuar as comunicagdes essenciais a sua próvria seguranga e à de oufie:
embarcagoes. A adoção de tecnologia moderna permite que o sinal de socono
possa ser transmitido e recebido a grandes distancias, independentemeitc: a
condigdes atmosféricas e de outras interferéncias. Paratanto, o GMDSS prov(: us
seguintes facilidades:
(1) transmisséo de alertas de socorro, navio-terra, pela utilizagho ne, pelo
menos, duas vias independentes, cada qual utiizando um canal de radiocor i
cagdes diferente;
(2) recepção de alertas de socorro terra-navio;
(3) transmissao e recepção de alertas de socorro navio-navio;
(4) transmissao e recepção de comunicações necessarias 8 Coorgenuçõo
das operagdes de busca e salvamento (navio terra-navio);
(5) transmissão e recepgao de comunicagdes na cena de ação (navior 1i:vio)
(6) transmiss&o e recepgao de sinais destinados a localizagao du navios em
perigo e. em caso de naufragio, de suas embarcações de salvamento (navio-nivio),
(7) transmissdo e recepgao de informagoes de seguranga marifitna (1407
(navio-terra-navio);
(8) transmissao e recepgao de radiccomunicacoes de carater ¢l (1cvio
terra-navio); e
(9) transmissao e recepgao de comunicagoes passadigo-passadico.
17.3.1. Descrigao geral do GMDSS
a. Servigos — Para prover as nove facilidades, o GMDSS utifiza- ¢ ¢ dc <
senvigos:
(1) o de radiocomunicagoes e de avisos deincidente SAR, através de tsiólites,
geoestacionarios do sistema INMARSAT;
(2) o de aviso de incidente SAR, através de satélites de orbita poloi do cistons
COSPAS-SARSAT;
828 ARTE NAVAL

(3) o móvel maritimo em MF;


(4) o movel maritimo em HF; e
(5) o movel maritimo em VHF.
Além disso, outros sistemas de satélites, como os Satélites Ambientais de
Operagao Geoestacionaria (GOES), atuamcomo complemento ao sistema COSPAS-
SARSAT, através de repetidoras de 406 MHz.
Além dos equipamentos-radio, 0 GMDSS introduziu outros equipamentos
projetados para aumentaras chances de salvamento, como as EPIRB (Emergency
Position Indicating Radio Beacon — radiobaliza indicadora de posição de emergéncia),
utilizada como eguipamento basico do sistema COSPAS-SARSAT, opcional pelo
INMARSAT; os ELT (transmissor localizador de emergéncia, utilizado na aviagao);
os PLB (radiobaliza de localizagao pessoal, também de uso daaviagao); e os SART
(transponder radarde busca e salvamento), para auxiliar as buscas aos sobreviventes.
b. Subsistemas
(1) INMARSAT — o Sistema Internacional de Comunicagées Maritimas por
Satélite INMARSAT) possui trés componentes principais: os satélites, as Estações
Costeiras Terrenas (CES) e as Estações Terrenas de Navios (SES).
São quatro satélites operacionais, em órbita geoestacionaria, a cerca de 36.000
quilometros acima do Equador, distribuidos sobre os Oceanos Atlantico, indico e
Pacifico, provendo uma cobertura entre os paralelos 70°N e 70° S.
As comunicagdes comuns no sentido satélite-navio são feitas entre 1.530 e
1.545 MHz. A faixa de 1.544 a 1.545 MHz é reservada exclusivamente as
comunicações de socorro e avisos de perigo. As comunicagoes comuns o sentido
inverso sao realizadas na faixa de freqtiéncias de 1.626,5a 1.646,5 MHz. A faixa de
freqiiéncias de 1.645,5 a 1.646,5 MHz é reservada exclusivamente as comunicagoes
de socorro e avisos de perigo.
As comunicagoes entre as Estagoes Terrenas Costeiras e os satélites sao
realizadas através da faixa de 4 a 6 GHz.
Em virtude da orbita estacionaria de seus satélites, o sistema INMARSAT
nao calcula a posigao de um navio. Essa posigao tem que ser transmitida pela
Estação Terrena de Navio (que está acoplada ao GPS) ou introduzida na EPIRB do
equipamento. Essa EPIRB emite sinais na fregtiéncia de 1,6 GHz. Para os navios
equipados com equipamento INMARSAT (SES), enviar um alerta de perigo é bastante
simples e seguro. A ação envolve somente o ato de pressionar um botdo especifico
ou usar um codigo de chamada abreviado. Essa agao, automaticamente, dá
acesso prioritario ao Sistema e estabelece contato com uma Estagdo Costeira
Terrena (CES), via satélite INMARSAT, permitindo a transmissao da mensagem. A
CES, sendo paite integrante do sistema internacional de busca e salvamento,
informaraimediatamente ao Centrode Coordenação de Salvamento localizado mais
proximo do navioem perigo, permitindo, desse modo, iniciar uma operagao de busca
e salvamento sem atraso.
O equipamento INMARSAT para uso a bordo esta disponivelem mais de uma
versao, sendo os mais comuns os do tipo “A” e “C". O tipo “A” dispde de recursos
telex e telefonicos, podendo ser associado a computadores ou sistemas de imagem
O tipo “C" é menor, mais leve (cerca de 8 quilogramas, ao invés dos 100 quilogramas
do sistema “A”) e mais barato (cercade US$ 12.000, contra US$ 40.000). Outra
O SISTEMA MARITIMO GLOBAL DE SOCORRO E SEGURANGA 829

importante caracteristica do Sistema INMARSAT é a possibilidade de realizar


chamada de grupos, pelo EGC (Enhanced Group Calling). O EGC permite que as
mensagens sejam enviadas a um grupo de navios, em vez de todos os navios que
se encontram no âmbito de cobertura. As mensagens podem ser enviadas aos
navios de uma determinada bandeira ou aos navios de uma determinada area; e
(2) COSPAS-SARSAT — o sistema COSPAS-SARSAT, criado em 1979, é um
programa internacional para detecgao e localizagao de incidentes aeronauticos e
maritimos. Estados Unidos, Russia, Canadé e Franga são os paises membros. O
sistema disp6e atualmente de quatro satélites (dois COSPAS e dois SARSAT). São
satélites de orbita polar, baixa altitude (850 km a 1.000 km), com um tempo maximo
de cem minutos entre passagens sucessivas, capazes de receber os sinais de
socorro nas freqiéncias de 121,5 MHz, 243 MHz e 406 MHz, transmitidos pelas
radiobalizas portateis.
As radiobalizas fornecem as seguintes informagdes: tipo de usuario
(embarcagao, aeronave, pessoa); pais de registro do usuario; identificagao dotipo
de emergéncia existente eidentificagao do usuario. Existem trés tipos de radiobalizas:
- ELT (Emergency Locater Transmiter — Transmissor Localizador de Emer-
géncia ) — emite sinais analogicos em 121,5 MHz e é normalmente utilizado em
aeronaves;
- EPIRB (Emergency Position indicating Radio Beacon — Radiobaliza
Indicadora de Posigao de Emergéncia) — normalmente usadaem navios, emite sinais
digitais em 406 MHz; e
- PL8 (Personai Localer Beacon — Baliza de Localizagao Pessoal) — para
uso em terra; emite sinais analogicos em 243 MHz
Os sinais emitidos pelas radiobalizas sao detectados pelos satélites e então
retransmitidos para estagdes terrenas denominadas LUT (Local User Terminal), que
os processam. O sinal processado é retransmitido paraum RCC (Rescue Coordination
Center) do pais responsavel pela area do acidente, via um MCC (Mission Control
Center). Afigura17-1 apresenta o esquema de funcionamento dosistema COSPAS-
SARSAT.

* * Centro de (‘evwn
de controle TEmmal fl! usuám
EPIRB . coordenação de de missão (MCC) ocal (xun
S | agk | savamento (RCC) s

Fig. 17-1 — Sistema COSPAS-SARSAT


830 ARTE NAVAL

As EPIRB foram desenvolvidas especialmente para operagao com satélite e


apresentam vantagens sobre os demais equipamentos. O sistema COSPAS-SARSAT
é capazde identificar a posição da fonte de uma emissao em 406 MHz (EPIRB) em
apenas uma Unica passagem do satélite, com grande precisdo. Para as demais
frequências, ha necessidade de uma segunda passagem.
Os sinais emitidos são processados imediatamentequandoa LUT e a EPIRB
encontram-se no “visual” (cone de visada) do satélite (um circulo na superficie da
Terra com cerca de 2.500 km de raio). Quando a EPIRB esta fora do “visual”, os
dados emitidos em 406 MHz são armazenados pelo satélite e retransmitidos para &
primeira LUT que entrar na cobertura do satélite. Tal facilidade não esta disponivel
paraasfrequénciasde 121,5e 243 MHz, que, adicionalmente, registram incidéncia
razoavel de alarmes falsos (principalmente em 121,5 MHz).
Além disso, as EPIRB apresentam vantagens sobre os seus similares do
Sistema INMARSAT, como tempo de vida de 48 horas ao invés de 40 minutos e
precisao de cerca de 2 milhas nauticas; quando acopladas a equipamentos GPS, a
precisao pode chegara 100 metros. Em futuro proximo, as EPIRB terdo acoplado
um transmissorde 121.5 MHz, para homing de aeronaves.
Os Centros de Controle da Missao (MCC) sao os responsaveis pela coleta,
armazenagem e seleção dos dados recebidos das LUT e envio das mensagens de
alerta para os outros MCC, observando um formato padronizado. Esses Centros
também analisam a ambigiiidade da posição do alerta, verificam a responsabilidade
pela area SAR e integram outras informações, reduzindo as possibilidades de serem
desencadeadas operagdes SAR devido a alarmes falsos.
No Brasil, a interligagao com o Sistema encontra-se sob a responsabilidade
do Comando da Aeronautica, que mantém um MCC (Brasilia) e duas L UT, uma em
Brasilia e outra em Recife,
estando prevista a instalagao
de mais uma LUT em
Manaus. Dessa forma, o
Brasil, e praticamente toda
a area maritima sob sua
responsabilidade, estarao
sob a cobertura das LUT
brasileiras. 'A figura 17-2
apresenta a Area de Cober-
turadas LUT no Brasil
c. Servigo Mundial
de Aviso aos Navegantes
— Estabelecido pela IMO,
com a finalidade de
coordenar a transmissdo
desses Avisos em areas
geograficas maritimas deter-
minadas. Embora transmita 1 i &
dados em diversos níveis, S REL L G = -
para os três tipos de avisos- Fig. 17-2 — Cobertura das LUT no Brasil
O SISTEMA MARITIMO GLOBAL DE SOCORRO E SEGURANGA 831

radio (longas distancias, costeiros e locais), os servigcos coordenados


internacionalmente abrangem somente os Avisos d e longa distancia (NAVAREA) e
os costeiros (NAVTEX). O idioma obrigatério é o inglés, entretanto, permite-se o uso
de um segundo idioma.
- Servigo NAVAREA (rede SAFETY NET) — Esse servigo foi dividido em areas
pela IMO, cada uma sob a responsabilidade de um pais. O Brasil é o coordenador
da area geografica designada NAVAREA V. As transmissées devem cobrir @
NAVAREA e toda a extensao limitrofe que possa percorrer um navio rapido em 24
horas (cerca de 700 milhas). A difusão é feita através do INMARSAT (mas o Hl
continua a ser utilizado).
Um receptor EGC, acoplado ac INMARSAT, é o responsavel pela recepgao
desse servigo. Esse receptor é exigido, no GMDSS, para os navios que navegar
fora da areade cobertura do NAVTEX.
No Brasil, desde julho de 1997, encontra-se em funcionamento a transmisséo
pela SAFETY NET (através da Estação Terrena da Embratel, em Tangua), colt
dados fornecidos pela DHN para a NAVAREA V.
- Servigo NAVTEX — Esse servigo, com alcance de cerca de 400 milhas, foi
projetado para disseminar Boletins Meteorologicos, Avisos aos Navegantes,
mensagens de perigo e socorro, além de outras informações de interesse do
navegante nas areas A1 e A2do GMDSS. O equipamento de recepgao é denominacdio
receptor NAVTEX, que recebe na freqiiéncia de 518 kHz (em paisestropicais, inclusive:
0 Brasil, é permitida a transmissao em 4.209,5 kHz). Um dispositivo seletivo de
bloqueio de mensagens incorporado nesse receptor permite ao navegante somentc
receber as mensagens de seu interesse. Esse dispositivondo impede a recepci
de mensagens relativas a seguranga, tais como Avisos aos Navegantes, Boleti
Meteorologicos e informagdes sobre Busca e Salvamento. Os horarios de transmissã
são estabelecidos pela Organizagao Maritima Mundial (IMO).
d. Outras facilidades - Nas areas servidas pelo Sistema INMARSA',
transmissoes terra-navio e vice-versa podem ser feitas através de satélite ou atraves
de transceptoresde VHF, MF, MF/HF ou HF. Fora dessas areas, esses transceptores
são os Unicos meios de comunicagoes terra-navio e navio-terra.
Assim, no sentido de melhorar o desempenho desses transceptores, (oi
anexado a cada um deles umdispositivo denominado DSC (Digital Selective Calling).
que é um sistema de chamada baseado na tecnologia digital. Esse sistema permile
atransmissao e a recep¢ao de mensagens de alerta de socorro e seguranca, bem
como mensagens de rotinaterra-navio, navio-terrae navio-navio(evita o uso de voz
com isso impede o congestionamento do canal). Peimite também chamadas paru
grupos ou para navios em uma determinada area especifica. Da mesma forma que o
EGC, o DSC apresenta um display visual e uma impressora para o recebimento das
mensagens. O receptor DSCmantém escuta permanente nas seguintes frequiéncio s
(1) na faixa de VHF — 156,525 MHz (canal 70);
(2)na faixa de MF — 2.187,5 kHz; e
(3) na faixa de HF — 8.414,5 kHz (no minimo).
Foram designadas as seguintes freqiiéncias na faixa de HF: 4.207,5; 6.3
12.557 e 16.804,5 kHz. As estações costeiras deverdo escolher uma das quais
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para retransmitir o alerta. Todas as frequências em HF para socorro devem ser


monitoradas.Na faixa de MF/HF, o equipamento realiza a varredura automatica de
frequéncia.
Para o trafego de socorro, as seguintes freqiiéncias devem ser utilizadas:
(1) em VHF — 156,8 MHz (canal 16), em radiotelefonia;
(2) em MF — 2.182 kHz, em radiotelefonia;
(3) em MF — 2.174,5 kHz, em radiotelex;
(4) em HF —4.125/6.215/8.291/12.290/ 16.420 kHz, em radiotelefonia; e
(5) em HF —4.177,5/6.268 /8.376,5 / 12.520 / 16.695 kHz - em radiotelex
As mensagens DSC de socorro incluem também várias informações, come
identidade do transmissor, natureza do acidente e, se houver uma interface com o
equipamento de navegação (GPS), a posição do sinistrado e a hora. Depois do
alerta inicial e do reconhecimento, as comunicações subsequentes deverão ser
feitas por radiotelefonia ou radiotelex.
e. Transponder radar (SART) — Embora o GMDSS seja projetado para
assegurar
que o socorro possa chegar com um mínimo de atraso, em alguns casos
será impossível atingir a cena de um incidente antes que o navio sinistrado afunde.
Em tais ocasiões, a maior dificuldade durante a operação será encontrar os
sobreviventes. Para esses casos, um equipamento especial foi desenvolvido, o SART,
que funciona sob quaisquer condiçõesde tempo ou visibilidade. Quando ativado por
um pulso radar (obrigatoriamente da faixa de 9 GHz, para o GMDSS), emite um
sinal de resposta, apresentado no vídeo sob a forma de traços bem definidos; sua
antena deve ser posicionada a, pelo menos, um metre acima do nivel do mar.
f. MMSI— O número de identificação MMSI (Maritime Mobile Service Identity
Number) é utilizado em radiobalizas (EPIRB) e em equipamentos digitais de
comunicações dotados de chamada seletiva digital (DSC) para identificação dos
usuários. Consiste em uma série de nove números, onde os trés primeiros identificam
o país e os demais o usuário.

17.4. Servigo de Busca e Salvamento Marítimo (SAR) no Brasil - A


estrutura adotada pelo Brasil segue as normas recomendadas pela Conferência
Internacional de Busca e Salvamento Maritimo, reaiizada pela Organização Maritima
Internacional (IMO) na cidade de Hamburgo, Alemanha, em 1979.
A organização, recomendada peta IMO para os serviços SAR, prevê a
existência de um MRCC (Maritime Rescue Coordination Center) ou Centro de
Coordenação de Salvamento Maritimo, ao qual se subordinam os RSC (Rescue
Sub-Center) e Subcentrosde Salvamento Marítimo.
No Brasil, o Serviço de Busca e Salvamento Maritimo é constituido por
Organizações Militares (OM)da Marinha do Brasil e pela Rede Nacional de Estações
Costeiras, essas últimas compondo o chamado Sistema de Alerta, subordinado ao

4 — MRCC Principal: Comando de Operagdes Navais (SALVAMAR BRASIL);


MRCC Regionais: Distritos Navais.
5 - RSC: Capitanias, Delegacias e Agéncias.
O SISTEMA MARITIMO GLOBAL DE SOCORRO E SEGURANG/. 83

Ministério das Comunicages. Dai se fazer distingao entre o Servigo du Busca e


Salvamento da Marinha, que compreende as OM envolvidas com essz « 'vidade, e o
Servigo de Busca e Salvamento Maritimo, que incorpora, além dessas OM, o Sistema
de Alerta. O Servigo de Busca e Salvamento da Marinha (SALVAMAIR BRASIL)
adota a organizagao apresentada na figura 17-3.

SERVIGCO DE BUSCA E SALVAMENTO DA MARINIIA

MRCC
Principal

MRCC
Regiona
-

|
RSC

|
Recursos SAR

MRCC Principal - Comando de Operagdes Navais (SALVAMAR B4 ) |

MRCC Regionais - Distritos Navais (SALVAMAR NORDESTE, SUL etc)

RSC - Capitenias, Delegacias e Agéncia

Fig. 17-3 — Organizagao do SALVAMAR BRASIL

Em uma operação SAR, encontram-se envolvidas as seguintes t utoridades:


a. Coordenador de Busca e Salvamento — Encarregado responsave! pela
coordenagao e, quando apropriado, pela diregao das operagées SAR;
b. Coordenador de Missao SAR — Encarregado designado pelo Coordenado:
de Busca e Salvamento para coordenar uma missao SAR especifica; e
c. Comandante-na-Cena — Oficial que controla todas as operacoes «c
comunicagdes SAR na cena de um incidente
Por forga de acordos internacionais, o Brasil tem a responsabilidacie de prover
os servigos de busca e salvamento maritimo em uma região delimitada do Atlântico
Sul. Devido as suas dimensoes, esta area foi divididaem sub-regides, sobre as quei:
oscorrespondentes Comandos dos Distritos Navais tém responsabilidade de coor denin
as operagoes SAR.
17.4.1. Incidente SAR — Denomina-se INCIDENTE SAR qualquer <iitingio
anormal relacionada com a seguranga de uma embarcação ou aeronave que requeir:
834 ARTE NAVAL

notificagao e alerta de recursos SAR, e que possa exigir o desencadeamento de


operagdes SAR por um Centro de Coordenagao de Salvamento.
Dependendo de suas circunstancias, trés fases distintas podem ser atribuidas
a um incidente SAR:
a. Fase de Incerteza (INCERFA) — Quando existem dúvidas referentes a
seguranga de uma aeronave ou embarcagao, ou de seus ocupantes, por falta de
informagao quanto a sua posigao ou progressao, ou por se ter conhecimento de
possiveis dificuldades;
b. Fase de Alerta (ALERFA) —Quando existe apreensao quanto à seguranga
de uma aeronave ou embarcagao, ou de seus ocupantes, em vista dafaita continua
de informagdes relacionadas com a sua posição ou progressao, ou por se haver
recebido informagoes definitivas de que dificuldades graves saoinevitaveis; e
c.Fase de Perigo (DESTREFA) — Quando é necessaria ajuda imediataem
vista da falta continua de informagoes relacionadas com a posigao ou progressaode
uma aeronave ouembarcagao,ou porque se tenha recebido informações definitivas
de que uma aeronave ou embarcagao, ou 0s seus ocupantes, estão ameagados de
grave ou iminente perigo.
Desde a chamada inicial de socorio até a coordenagao dos recursos SAR na
cenade um incidente, as comunicagdes tém papel vitalemumaoperagéo de busca
e salvamentc. A seguir, são apresentados alguns procedimentos relacionades com
as comunicagoes SAR de uma estação em perigo.
O Regulamento-Réadio UIT considera a exibição ou emprego dos seguintes
sinais como indicagac de perigo ou necessidade de auxilio:
(1) tiro de canhão ou qualquer outro sinal explosivo, feito em intervalos de
cerca de um minuto;
(2) som continuo produzido por qualquer sinal de cerragao;
(3) foguetes ou granadas que lancem lagrimas encarnadas, uma de cada vez,
apequenos intervalos;
(4) sinal radiotelegrafico, ou per qualquer outro método, composto pelo grupo
SOS (. . .- - -. . .) do código morse;
(5) sinal radiotelefônico "MAYDAY" (méidei);
(6) sinal de perigo "NC”, do código internacional de sinais;
(7) sinal visual composto de uma bandeira quadrada que tenha, por baixo ou
por cima, uma esfera ou algo semelhante a uma esfera;
(8) chamas a bordo da embarcação (barril queimando óleo, aicatrão etc. );
(9) pára-quedas ou bastão !umincsode cor encarnada;
(10) sinal de fumaça de cor laranja;
(11) movimentos iaterais de brago até o alto da cabeça, e dai de volta até o
lado do corpo, lentos e repetidamente;
(12) sinal de alarme radiotelegrafico (série de 12 tragosde quatro segundos
de duragdo, a intervalos de um segundo);
(13) sinal de alarme radiotelefénico (2 tons de audio transmitidos
alternadamente em 2.200 e 1.300Hz, com duragao de 30 segundos a 1 minuto.); e
(14) sinais transmitidos por radiofarois (balizas) de emergéncia indicadores
de posição (semelhante ao sinal de alarme radiotelefonico ou uma série de tons
singelos na freqiiéncia de 1.300 Hz).

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