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Finanças Empresariais

FINANÇAS
EMPRESARIAIS

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD


Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO 1
Finanças Empresariais

GRUPO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul


do Estado do Espírito Santo, com unidades em
MULTIVIX Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova
Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória.
Desde 1999 atua no mercado capixaba, des-
tacando-se pela oferta de cursos de gradua-
ção, técnico, pós-graduação e extensão, com
qualidade nas quatro áreas do conhecimen-
to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem-
pre primando pela qualidade de seu ensino
e pela formação de profissionais com cons-
ciência cidadã para o mercado de trabalho.

Atualmente, a Multivix está entre o seleto


grupo de Instituições de Ensino Superior que
possuem conceito de excelência junto ao
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui-
ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram
notas 4 e 5, que são consideradas conceitos
de excelência em ensino.

Estes resultados acadêmicos colocam


todas as unidades da Multivix entre as
melhores do Estado do Espírito Santo e
entre as 50 melhores do país.

MISSÃO

Formar profissionais com consciência cida-


dã para o mercado de trabalho, com ele-
vado padrão de qualidade, sempre mantendo a
credibilidade, segurança e modernidade, visando
à satisfação dos clientes e colaboradores.

VISÃO

Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci-


da nacionalmente como referência em qualidade
educacional.

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2 SUMÁRIO
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EDITORIAL

FACULDADE CAPIXABA DA SERRA • MULTIVIX

Diretor Executivo Revisão de Língua Portuguesa


Tadeu Antônio de Oliveira Penina Leandro Siqueira Lima

Diretora Acadêmica Revisão Técnica


Eliene Maria Gava Ferrão Penina Alexandra Oliveira
Alessandro Ventorin
Diretor Administrativo Financeiro Graziela Vieira Carneiro
Fernando Bom Costalonga
Design Editorial e Controle de Produção de Conteúdo
Diretor Geral Carina Sabadim Veloso
Helber Barcellos da Costa Maico Pagani Roncatto
Ednilson José Roncatto
Diretor da Educação a Distância Aline Ximenes Fragoso
Pedro Cunha Genivaldo Félix Soares

Conselho Editorial Multivix Educação a Distância


Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico
do Conselho Editorial) Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial
Kessya Penitente Fabiano Costalonga Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia
Carina Sabadim Veloso Direção EaD
Patrícia de Oliveira Penina Coordenação Acadêmica EaD
Roberta Caldas Simões

BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)

Medeiros, Ricardo.
Finanças Empresariais / Ricardo Medeiros. – Serra: Multivix, 2018.

Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra


2018 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei.

As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com

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APRESENTAÇÃO Aluno (a) Multivix,

DA DIREÇÃO Estamos muito felizes por você agora fazer parte


do maior grupo educacional de Ensino Superior do

EXECUTIVA Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a


Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional.

A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei-


ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia,
São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999,
no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de
cursos de graduação, pós-graduação e extensão
de qualidade nas quatro áreas do conhecimento:
Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo-
dalidade presencial quanto a distância.

Além da qualidade de ensino já comprova-


da pelo MEC, que coloca todas as unidades do
Grupo Multivix como parte do seleto grupo das
Instituições de Ensino Superior de excelência no
Brasil, contando com sete unidades do Grupo en-
tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa-
-se bastante com o contexto da realidade local e
com o desenvolvimento do país. E para isso, pro-
cura fazer a sua parte, investindo em projetos so-
ciais, ambientais e na promoção de oportunida-
des para os que sonham em fazer uma faculdade
de qualidade mas que precisam superar alguns
obstáculos.
Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina
Diretor Executivo do Grupo Multivix Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é:
“Formar profissionais com consciência cidadã para o
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e
colaboradores.”

Entendemos que a educação de qualidade sempre


foi a melhor resposta para um país crescer. Para a
Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o
mundo à sua volta.

Seja bem-vindo!

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LISTA DE FIGURAS

>>FIGURA 1 - Processo Administrativo 14


>>FIGURA 2 - Processo de Investimento 18
>>FIGURA 3 - Sistema Financeiro Nacional 29

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LISTA DE QUADROS

>>QUADRO 1 - Opções de investimento 44


>>QUADRO 2 - Retornos dos ativos 45
>>QUADRO 3 - Retorno do investimento em porcentagem 46
>>QUADRO 4 - Retorno do investimento em porcentagem 47
>>QUADRO 5 - Retorno dos ativos 50
>>QUADRO 6 - Retorno esperado 51

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SUMÁRIO

1 IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 14


UNIDADE 1 1.1 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 15
1.2 FINANÇAS E DECISÕES DE INVESTIMENTOS 17
1.3 INTEGRAÇÃO COM OS DEMAIS SETORES 20
1.4 GESTÃO FINANCEIRA E SEUS PROBLEMAS 21

UNIDADE 2 2 AMBIENTE OPERACIONAL EXTERNO À EMPRESA


2.1 MERCADO FINANCEIRO
26
26
2.1.1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL 28
2.2 MERCADO MONETÁRIO 31
2.2.1 POLÍTICA MONETÁRIA 32
2.2.2 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA MONETÁRIA 32
2.3 MERCADO DE CAPITAIS 35
2.3.1 RENDA FIXA 35
2.3.2 RENDA VARIÁVEL 36

CONCLUSÃO 38

UNIDADE 3 3 ANÁLISE DE RISCO E RETORNO 42


3.1 RISCO E RETORNO 42
3.1.1 RETORNO 42
3.1.1.1 RETORNO ESPERADO POR DADOS HISTÓRICOS 43
3.1.1.2 RETORNO ESPERADO COM CENÁRIOS 45
3.1.2 RISCO 48
3.1.2.1 RISCO COM DADOS HISTÓRICOS 49
3.1.2.2 RISCO COM CENÁRIOS 50
3.2 ANÁLISE DE RISCO E RETORNO 52

CONCLUSÃO 54

UNIDADE 4 4 AVALIAÇÃO DE TÍTULOS E AÇÕES 56


4.1 TÍTULOS DA DÍVIDA 56
4.1.1 AVALIAÇÃO DE TÍTULOS DA DÍVIDA 57
4.1.2 TITULO SOMENTE COM VALOR DE FACE 58
4.1.3 TÍTULO COM VALOR DE FACE E CUPOM 60

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4.2 AÇÕES 61
4.2.1 AVALIAÇÃO DE AÇÕES 62
4.2.2 AÇÕES COM TEMPO FINITO 63
4.2.3 AÇÕES NA PERPETUIDADE 64

CONCLUSÃO 65

UNIDADE 5 5 TÉCNICAS DE FLUXO DE CAIXA, ORÇAMENTO DE


CAPITAL E TOMADA DE DECISÃO 68
5.1 FLUXO DE CAIXA 68
5.1.1 ORÇAMENTO DE CAPITAL 69
5.1.2 ESTRUTURAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA 70
5.2 TÉCNICAS DE DECISÃO DE INVESTIMENTO 72
5.2.1 PAYBACK 72
5.2.2 PAYBACK EFETIVO 72
5.2.3 PAYBACK DESCONTADO 74
5.2.4 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL) 76
5.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR) 78

CONCLUSÃO 82

UNIDADE 6 6 DECISÕES DE FINANCIAMENTO 84


6.1 DECISÕES DE FINANCIAMENTO 84
6.1.1 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC) 85
6.2 FINANCIAMENTO POR CAPITAL PRÓPRIO 88
6.2.1 LUCROS RETIDOS 88
6.2.2 AÇÕES 88
6.2.2.1 POLITICA DE DIVIDENDOS 90
6.3 CAPITAL DE TERCEIROS 92
6.3.1 LEASING 92
6.3.2 TÍTULOS CONVENCIONAIS 93

CONCLUSÃO 94

REFERÊNCIAS 95

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8 SUMÁRIO
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ICONOGRAFIA

ATENÇÃO ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
PARA SABER

SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR CURIOSIDADES
LEITURA COMPLEMENTAR
DICAS

GLOSSÁRIO QUESTÕES

MÍDIAS
ÁUDIOS
INTEGRADAS

ANOTAÇÕES CITAÇÕES

EXEMPLOS DOWNLOADS

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SUMÁRIO 9
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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
Caro (a) aluno (a), seja bem-vindo (a) a disciplina Finanças Empresariais, na qual você
será levado a compreender o papel do administrador no contexto econômico-finan-
ceiro. Mas, como as finanças podem ajudar a empresa e a você alcançar os seus obje-
tivos? O objetivo é que você compreenda porquê e como as decisões financeiras são
tomadas no âmbito gerencial. Já ouviu falar de maximização de riqueza? Conhece o
conceito de risco e retorno? Compreende por que as pessoas investem dinheiro nas
empresas ou mesmo nas organizações sem fins lucrativos? Além destas questões,
você também entenderá o trade off entre risco e retorno, avaliação de títulos e ações
e avaliação de projetos e decisões de financiamento, que são as etapas necessárias
para um entendimento sobre finanças empresariais. É importante destacar que o seu
empenho, dedicação e disciplina são fundamentais para que o seu aprendizado seja
satisfatório. Você deve seguir adequadamente as orientações propostas, participar
dos fóruns de discussão e ler os materiais disponibilizados, inclusive os complemen-
tares. Você é responsável pelo seu sucesso!

AO FINAL DESTA DISCIPLINA, ESPERAMOS QUE VOCÊ:

• Defina o papel da Administração Financeira na Decisões da empresa.

• Explique o mercado financeiro e sua organização.

• Examine o trade off de risco e retorno.

• Analise títulos e ações.

• Empregue técnicas de avalição de investimentos.

• Interprete as decisões de financiamento das empresas.

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10 SUMÁRIO
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UNIDADE 1

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Explicar o objetivo


da Administração
Financeira.

> Descrever como a


gestão financeira
pode auxiliar
na solução de
problemas.

> Demonstrar a
relação das finanças
com a decisão de
investimentos.

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SUMÁRIO 11
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APRESENTAÇÃO DA UNIDADE
Nesta unidade, você aprenderá qual o objetivo da administração financeira e a im-
portância de relacionar as decisões de investimentos com o seu objetivo. Portanto,
serão apresentados os conceitos da administração financeira e suas funções, os pro-
blemas de decisões empresariais, além de como a gestão financeira de uma empresa
pode auxiliar nas suas resoluções.

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12 SUMÁRIO
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INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O objetivo de uma empresa é gerar lucro e apresentar o maior retorno possível para
os seus proprietários, e para isso se tornar realidade é necessário que os investimentos
sejam bem realizados e os recursos financeiros bem administrados. Portanto, todos
os setores, funcionários e os gestores trabalham com esse objetivo. Como a adminis-
tração financeira auxilia nesse processo? Ela auxilia na tomada de decisões da em-
presa? Como podemos utilizar os recursos para aumentar o valor da empresa? Para
responder estas questões é necessário entender o que é administração financeira,
suas funções, sua importância na decisão de investimento, integração com os demais
setores e como ela interage com os problemas de gestão das empresas, temas estes
que serão abordados a seguir.

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SUMÁRIO 13
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1 IMPORTÂNCIA DA
ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRA
Administração é uma ciência que estuda os eventos que envolvem a administração
de empresas e governos, através de técnicas e procedimentos metodológicos com o
intuito de entender e explicar as melhores técnicas de aumentar a eficiência e eficá-
cia. No entanto, administração financeira, segundo Cherobim, Lemes Jr. e Rigo (2015)
é a ciência de cuidar do dinheiro e tomar decisões de investimento, financiamento e
destinação dos resultados.

FIGURA 1 - PROCESSO ADMINISTRATIVO

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

Podemos verificar na figura 1 que o processo administrativo


empresarial inclui várias partes, como estratégia, confiança,
sociedade, entre outras. A Administração Financeira é
responsável por uma pequena parte desse processo.

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14 SUMÁRIO
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Para ser mais específico, a administração financeira é encarregada pela maximização


de valor da empresa através dessas decisões e por consequência maximiza a riqueza
dos proprietários. As decisões básicas passam por onde alocar o dinheiro, como obter
o dinheiro e o que fazer com os lucros do negócio.

Pode-se dizer que a Administração Financeira tem uma responsabilidade dupla junto
a empresa. O setor é responsável pela captação de recursos através de planejamentos
que revelam as necessidades financeiras para o bom funcionamento da organiza-
ção e pelos investimentos realizados pela empresa, ou seja, a aplicação dos recursos.
Sempre seguindo recomendações dos gestores.

A administração financeira da empresa controla o planejamento, organização, dire-


ção e controle dos recursos financeiros usados. Seu objetivo principal é maximização
do valor da empresa, tema que será discutido nos tópicos seguintes.

1.1 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

As funções básicas da administração financeira são o planejamento e controle finan-


ceiro e a administração de ativos e passivos.

O planejamento financeiro evidencia às necessidades de expansão da empresa e


identifica desajustes, fornecendo os caminhos para atingir os objetivos da empresa.
Isso torna possível os ativos serem mais rentáveis e os resultados mais condizentes
com os negócios da empresa.

As decisões financeiras são tomadas pelas empresas de forma continua, e não em


um momento único. As atividades de investimento são executadas para dar suporte
as atividades da empresa, sendo executada de forma permanente e de longo prazo.
As atividades de financiamento têm o objetivo de suprir a empresa de recursos con-
sumidos ao longo das suas atividades operacionais.

Já o controle financeiro se dedica a acompanhar e avaliar todo o desempenho fi-


nanceiro da empresa. O controle dos fluxos de caixa, das contas a receber, das contas
a pagar e aplicações financeiras possibilitam estabelecer padrões de desempenho
para o seu gerenciamento. Além disso, cabe a administração financeira gerenciar o
processo de acompanhamento do orçamento operacional da empresa, e observar os

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comprimentos das metas de custos, vendas, despesas e os padrões de desempenhos


econômicos.

A administração de ativos deve perseguir uma melhor relação entre risco e retorno
dos investimentos realizados pela empresa e proceder um gerenciamento eficiente
dos seus valores. Entre os controles do ativo a ser realizado estão a gestão contábil,
gestão do custo, gestão de crédito e contas a receber, além da situação financeira dos
estoques. Essas questões estão relacionadas a administração do capital de giro.

Por último, a administração do passivo se volta para a aquisição de financiamento


e o gerenciamento de sua composição. Entre suas obrigações com o passivo está a
definição adequada de sua estrutura em termos de liquidez e risco financeiro.

Todas as contas (obrigações) de uma empresa precisam ser pagas, e os valores


oriundos para esses pagamentos possuem uma origem, pode ser dinheiro
de lucro, dinheiro dos proprietários, dinheiro de empréstimos, entre outros,
mas como podemos saber qual valor aplicar aonde? A administração do
passivo é responsável justamente por definir como as obrigações da empresa
serão financiadas, isto é, qual a origem do dinheiro para pagar as contas e
investimentos, definindo sua estrutura.

A definição da estrutura de pagamento é muito importante, pois a falta de verba para


honrar os pagamentos coloca em perigo o funcionamento da empresa no curto pra-
zo (liquidez). Enquanto muitos empréstimos dificultam a sobrevivência da empresa
no longo prazo (risco financeiro).

Leia o artigo “Gestão de ativos e passivos e controle do risco: um estudo aplicado ao


Banco de Desenvolvimento de Minas gerais S/A”, de Leonardo Lelis Leão, publicado
na Revista Gestão e Tecnologia da Fundação Pedro Leopoldo, disponível na internet,
e aprenda um pouco mais sobre a importância da administração do ativo e passivo.

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Essas funções da administração financeira devem se apresentar de forma bastante


integrada entre si, ou seja, todas essas atividades são realizadas concomitantes e in-
terdependentes. Enquanto o planejamento financeiro é realizado, esse obtém infor-
mações primordiais do controle financeiro e da administração do ativo e passivo, já
esse planejamento afeta diretamente a administração das outras atividades.

Desta forma, se estabelece um portfólio de oferta de fundos disponíveis para investi-


mentos e outra de alternativas de aplicação desses valores (ASSAF NETO, 2014). Por-
tanto, a função final do administrador financeiro é conseguir identificar as melhores
alternativas de investimentos e encontrar a melhor fonte de financiamento para tal.
Além disso, é necessário o acompanhamento e controle dos investimentos para veri-
ficar a continuação da sua viabilidade.

1.2 FINANÇAS E DECISÕES DE INVESTIMENTOS

Para compreender as decisões de investimento, é necessária uma breve explicação


sobre a incerteza, que está presente em todo tipo de negócio. Em finanças, a mensu-
ração da incerteza é definida como risco. Quanto mais difícil de prever o futuro, mais
incerto se torna o retorno esperado dos investimentos. Dois fatores determinam o grau
de risco de um ativo, a volatilidade dos retornos e a maturidade (ASSAF NETO , 2014).

Por volatilidade podemos entender a medida estatística da possibilidade


de um ativo subir ou cair, em determinado período de tempo. A forma mais
comum de medir a volatilidade de um ativo é através da variância e do desvio
padrão da rentabilidade histórica. A maturidade está associada ao tempo
necessário para o investimento resultar em retorno, pode-se calcular em
meses, anos, afetando diretamente o nível de incerteza das previsões.

Toda decisão financeira tem como base a relação entre risco e retorno. Como os in-
vestimentos não oferecem certeza em relação aos seus resultados futuros, os resulta-

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dos podem ser maiores, menores ou iguais ao projetado. Quanto maior o risco refe-
rente ao investimento, maior será o retorno exigido para atrair capital, pois existe uma
probabilidade maior desse retorno não ocorrer como o projetado.

FIGURA 2 - PROCESSO DE INVESTIMENTO

Fonte: SHUTTERSTOCK, 2018.

O processo de investimento (investment process) que é descrito na figura 2, é


definido em cinco etapas:

• Client goals: objetivos do investimento.

• Risk profile: perfil de risco do investidor.

• Asset allocation: alocação de recursos.

• Investment strategy: estratégia de investimento.

• Regular review: revisão regular.

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Portanto, o investimento é um processo contínuo que precisa ser revisto constante-


mente. É importante que se adeque ao perfil e objetivos do investidor para uma boa
alocação dos recursos.

Toda decisão de investimento passa por uma avaliação de risco e retorno. Quando
estamos falando em empresas, essa situação se torna um pouco mais complexa, pois
elas possuem vários investimentos.

Os investimentos corporativos podem se financeiros ou reais. Os investimentos finan-


ceiros são aqueles que não estão diretamente ligados à produção ou bens, enquanto
os investimentos reais se relacionam de forma direta com bens, como imóveis, fábri-
cas ou produção.

Por essa complexidade, ao tomar decisões sobre investimentos empresariais, não po-
demos considerar somente a sua viabilidade econômica, e sim todas as questões que
podem ser afetadas por essa decisão, como a qualidade do produto e o desenvolvi-
mento do mercado.

Na tomada de decisão em investimentos, é necessário ter o conhecimento sobre


o custo de oportunidade, impacto sobre o orçamento da empresa, necessidade de
espaço, maturidade do projeto, disponibilidade de capital, opção de financiamento,
entre outros. Como se pode concluir, não é um processo de verificar somente se o
projeto é viável financeiramente.

O valor de uma empresa é determinado pela capacidade de


gerar lucros futuros para seus proprietários, e não quanto foi
investido na empresa. Portanto, o investimento constante em
novos projetos é extremamente importante para a continuidade
de qualquer empresa.

Assim sendo, o administrador financeiro só está realizando um bom trabalho em


maximizar o valor da empresa se continuamente estiver realizando boas decisões
sobre os investimentos e tiver um planejamento bem determinado com metas claras
e objetivas.

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1.3 INTEGRAÇÃO COM OS DEMAIS SETORES

É importante ressaltar que para atingir o objetivo de maximizar o valor da empresa,


o administrador financeiro não pode atuar sozinho. É necessário que exista uma in-
teração entre todos os setores da empresa, pois sem isso, o planejamento não será
eficaz e as metas propostas não refletirão o real estágio no qual a empresa está no
momento.

Desta forma, a administração financeira precisa se relacionar com todos os setores


existente na empresa. Principalmente porque o dinheiro é necessário em todos os
setores, e como visto no início da unidade, essa é uma responsabilidade do setor fi-
nanceiro.

As finanças se relacionam com o marketing através das definições dos valores que
serão gastos em propaganda, da definição dos preços dos produtos, quais são as con-
tribuições de cada produto para a empresa.

O relacionamento com a produção se dá pelo acompanhamento dos custos para


a produção, investimento em equipamentos, desenvolvimento de novos produtos e
até implementação de novas fábricas.

A contratação e demissão de funcionários é responsabilidade dos recursos huma-


nos, assim como a definição do plano de remunerações, promoções e treinamentos
dos funcionários. Todas essas atividades dependem de recursos, por isso a integração
com o planejamento financeiro é indispensável.

A logística também depende de uma boa sincronia com o setor financeiro. As deci-
sões de como será a entrega é dependente da disponibilidade financeira da empre-
sa, ela pode ser terceirizada, frota própria, ou até ser paga pelo cliente. Todos esses
fatores são decisões que necessitam de uma relação com o dinheiro.

Como visto, a interação do setor financeiro com os demais setores ocorre de diversas
maneiras. Pode ser uma simples decisão de comprar um novo equipamento que au-
menta a produção ou uma decisão mais complexa como a definição de como será
realizada a distribuição da produção.

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Toda empresa, independentemente do porte, tem quatro áreas


internas: finanças, marketing, processos e pessoas. É importante
que se observe, constantemente, como estão seus pontos fortes
e pontos fracos em cada uma destas áreas. Isto “protege” a
empresa de possíveis dificuldades financeiras decorrentes das
constantes mudanças no contexto econômico e no mercado
como um todo.

1.4 GESTÃO FINANCEIRA E SEUS PROBLEMAS

Como visto, a gestão financeira necessita de um planejamento e controle, além da


administração dos seus passivos e ativos. A falta desses processos, ou sua descontinui-
dade acarretam em problemas para toda a organização.

Não analisar corretamente o desempenho da empresa é um dos principais proble-


mas financeiros em uma empresa. Manter registradas todas as informações de en-
trada e saída de caixa, estoques e financiamentos são indispensáveis para uma boa
administração financeira.

No entanto, não é suficiente somente realizar o controle, é necessário fazer uma aná-
lise criteriosa e contínua de todas as informações disponíveis. É preciso levar em con-
sideração os custos, despesas, investimentos, vendas e impostos para identificar a real
situação da empresa e realizar o seu acompanhamento e não somente considerar a
diferença entre receitas e despesas.

Outra importante tarefa é controlar os prazos de vencimentos, tanto para contas a


receber, como para contas a pagar. O ideal seria conciliar os prazos de recebimentos
dos clientes com os pagamentos dos fornecedores, com essa medida a necessidade
de capital de giro será reduzida. Já que nem sempre é possível realizar essa sincroni-
zação, a disponibilidade dessas informações reduz o custo da captação de recursos.

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Finanças Empresariais

Capital de giro significa capital de trabalho, ou seja, o capital


necessário para financiar a continuidade das operações da
empresa, como recursos para financiamento aos clientes (nas
vendas a prazo), recursos para manter estoques e recursos para
pagamento aos fornecedores (compras de matéria-prima ou
mercadorias de revenda), pagamento de impostos, salários e demais custos e
despesas operacionais.

Um erro muito recorrente, principalmente nas micro e pequenas empresas, é con-


fundir as contas pessoais com as contas empresariais. Com essa atitude, além de
onerar o fluxo de caixa da empresa, se perde noção de qual a sua real situação, já que
não é possível identificar o que foi despesa corporativa e despesa pessoal.

Se o proprietário da empresa também trabalha, é importante determinar um pró-la-


bore no qual ele será remunerado pelo tempo despendido na administração da em-
presa. Isso difere do recebimento de lucros, já que o lucro é o resultado da operação
da empresa, e o pró-labore é a remuneração do trabalho.

A principal causa da mortalidade de pequenas e medias empresas não é a


falta de recursos para a continuidade das suas atividades, e sim as decisões
estratégicas e controles financeiros.

Para entender melhor as causas que levam uma micro e pequena empresa a fecha-
rem as portas, leia o artigo: “Análise quantitativa sobre a mortalidade precoce de
micro e pequenas empresas da cidade de São Paulo”, de Luis Fernando Filardi et al,
publicado na Revista Gestão e Produção, disponível na internet.

O conhecimento sobre a administração financeira reduz a possibilidade da empre-


sa incorrer nesses erros, acarretando um menor risco por problemas relacionados a
gestão.

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UNIDADE 2

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Definir o mercado


financeiro e sua
importância para a
economia.

> Esquematizar o
Sistema Financeiro
Nacional.

> Descrever a Política


Monetária e seus
instrumentos de
controle.

> Explicar o mercado


de capitais e renda
fixa e variáve

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SUMÁRIO 23
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APRESENTAÇÃO DA UNIDADE
Iremos estudar nesta unidade o ambiente financeiro externo à empresa, que pode-
mos chamar de mercado financeiro. Ele é responsável pela intermediação financeira
dos agentes deficitários e superavitários, além de possuir uma estrutura que regula-
menta e supervisiona essas transações. Por fim, você compreenderá como funciona o
mercado de capitais e quais são os seus principais títulos.

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INTRODUÇÃO DA UNIDADE
Você imaginou como os bancos conseguem o dinheiro que oferece para emprésti-
mo? Porque eles pagam juros quando colocamos dinheiro na poupança? E quem é
o responsável por garantir que o seu dinheiro esteja seguro no banco? Nessa unida-
de vamos conseguir entender melhor essas situações. Para isso é necessário que, na
sociedade, existam pessoas que consigam poupar e sempre possuam dinheiro extra
para realizar suas atividades e até investimentos. Na outra ponta, existem as pessoas
que necessitam, ou querem, comprar bens ou realizar investimentos em negócios e
não possuem dinheiro suficiente para isso. O mercado financeiro tem como objeti-
vo conseguir unir esses dois tipos de pessoas, um que necessita e outro que possui
dinheiro, para isso existe toda uma estrutura que oferece apoio e liquidez para essa
atividade de intermediação.

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2 AMBIENTE OPERACIONAL
EXTERNO À EMPRESA

2.1 MERCADO FINANCEIRO

O mercado financeiro é o conjunto das movimentações financeiras existentes, ele é


formado para englobar todos os agentes de forma a serem regulados e fiscalizados
na prestação dos seus serviços.

Na sociedade há participantes que são deficitários de recursos, ou seja, pessoas ou


empresas que necessitam de recursos para viabilizarem as suas atividades e realiza-
rem investimentos. De forma oposta a essa, existem os participantes superavitários,
pessoas e negócios que possuem excesso de recursos financeiros e que procuram
boas alternativas de investimentos.

As empresas se tornam deficitárias por diversos motivos, entre eles estão as diferen-
ças entre os prazos de recebimentos dos clientes e os prazos de pagamentos aos
fornecedores, que cria a necessidade de capital de giro para a empresa financiar as
suas atividades, e oportunidades de investimentos que superam a capacidade de
financiamento interno da empresa.

Enquanto as empresas superavitárias têm essa situação por geração de lucros supe-
riores aos investimentos, venda de ativos da empresa, e como política de administra-
ção de caixa, e outras formas de geração de recursos.

Já as pessoas podem necessitar recursos para realizarem compras no dia a dia, adqui-
rir bens e serviços, e de bens duráveis de maiores valores, se enquadrando também
como agentes deficitários. As pessoas superavitárias procuram boas alternativas de
investimentos com o objetivo de garantir recursos para uma necessidade especial, ou
possuir recursos extras para uma velhice mais tranquila. Esse recurso extra pode ser
proveniente de poupança prévia, venda de bens, ou valores diversos economizados
ao longo do tempo.

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Imagine a situação em que você necessita de dinheiro para


comprar um carro, mas não dispõe de todo o montante de uma
só vez. Você pode procurar o restante do valor com alguém que
possui dinheiro guardado e lhe emprestaria esse valor para um
pagamento futuro, só que é um processo demorado e que não
garante que você consiga o valor. O mercado financeiro realiza justamente essa
“procura” das pessoas com excesso de recurso com as com falta de recurso,
através da intermediação financeira.

Segundo Cherobim, Lemes Jr. e Rigo (2015), os agentes poderiam trocar os recursos
diretamente entre si, sem a interferência de um intermediário. Mas devido à comple-
xidade dos prazos, valores, custos, taxas de juros e a administração do risco, acaba por
exigir uma estrutura mais complexa para viabilizar esse fluxo de recursos. Além disso,
o processo dos participantes deficitários para encontrar os superavitários se tornaria
mais extenuante.

O mercado financeiro permite conciliar os interesses de vários agentes econômicos,


sejam eles empresas, pessoas ou até mesmo o próprio governo, como aponta As-
saf Neto (2014). Uma grande importância desse mercado é permitir que os diversos
agentes econômicos atuem de forma não sincronizada, ou seja, os recebimentos e
pagamentos não ocorrem com os mesmos prazos. Os agentes necessitam tomar re-
cursos para atenderem suas expectativas de consumo e investimento, enquanto ou-
tros agentes possuem capital disponível para emprestar.

Portanto, o objetivo do mercado financeiro é conseguir unir os agentes deficitários,


com os agentes superavitários, através de uma intermediação financeira para que as
transações sejam realizadas e todos os agentes da sociedade consigam alcançar seus
planos. Para isso é necessário a organização do sistema financeiro, que será apresen-
tado no tópico seguinte.

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2.1.1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

O Sistema Financeiro Nacional (SFN) tem o intuito de regulamentar, organizar e su-


pervisionar todos os intermediários financeiros que atuam no território nacional. Hoji
(2012) afirma que o SFN é formado por instituições que têm como finalidade inter-
mediar o fluxo de recursos entre os poupadores, investidores e tomadores de recur-
sos.

Os órgãos normativos do SFN são responsáveis por determinar as regras gerais para o
bom funcionamento do sistema. Existem três conselhos, como pode ser visualizado
na figura 1, que são responsáveis por essas regras, são eles:

• Conselho Monetário Nacional (CMN).

• Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP).

• Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC).

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Normativos FIGURA 3 - SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Conselho Nacional
Conselho Nacional
Órgãos

Conselho Monetário de Previdência


de Seguros Privados
Nacional (CMN) Complementar
(CNSP)
(CNPC)
Supervisores

Comissão Superintendência
Superintendência Nacional de
Banco Central de Valores
de Seguros Previdência
do Brasil (BCB) Mobiliários
Privados (Susep) Complementar
(CVM) (Previc)

Entidades
Bancos e Caixas Bolsa de Seguradoras e
Fechadas de
Econômicas Valores Reseguradoras
Previdência
Complementar
(fundos de pensão)

Bolsa de Entidades
Cooperativas
Mercadoria e abertas de
de Crédito
Futuros Previdência
Operadores

Sociedades
Administradoras de
de
Consórcios
Capitalização

Corretoras e
Distribuidoras

Demais Instituições
nao Bancárias

Fonte: ADAPTADO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2018.

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O CMN é o órgão responsável por formular a política da moeda e do crédito, tendo


como objetivo a estabilidade da moeda e o desenvolvimento econômico e social do
país.

O CNSP está encarregado por fixar as diretrizes e normas da política de seguros pri-
vados, fixando as características gerais dos contratos de seguro, previdência privada
aberta, capitalização e resseguro. É responsável também por estabelecer os critérios
de constituição das sociedades seguradoras, de capitalização, entidades de previdên-
cia privada aberta e resseguradores.

O último dos órgãos reguladores é o CNPC, que tem a função de regular o regime
de previdência complementar operado pelas entidades fechadas, ou seja, regula os
fundos de pensão que atuam em todo o território nacional.

As entidades supervisoras do SFN trabalham para que os indivíduos e os integrantes


do sistema cumpram as regras previamente definidas pelos órgãos normativos. As
entidades supervisoras são:

• Banco Central do Brasil (BCB).

• Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

• Superintendência de Seguros Privados (Susep).

• Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc).

Dentre as entidades supervisoras, pode-se destacar o BCB e a CVM. O primeiro con-


trola a inflação, regula a quantidade de moeda na economia, para permitir a estabi-
lidade dos preços, regula e supervisiona as instituições financeiras, além de executar
as orientações do CMN.

A segunda tem o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mer-


cado de valores mobiliários do Brasil. É o órgão responsável pela integridade e pelo
desenvolvimento do mercado de capitais, promovendo o equilíbrio entre os agentes
e protegendo os investidores.

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Os operadores do SFN são os bancos e caixas econômicas,


cooperativas de crédito, administradores de consórcios, corretoras
e distribuidoras e outras instituições financeiras não bancárias.
Embora as instituições de pagamento não componham o SFN,
elas são reguladas e fiscalizadas pelo Banco Central do Brasil.

Já os operadores do SFN são as instituições que possuem um contato direto com o


público em geral. São as entidades que de fato realizam a intermediação financeira
do SFN e do mercado financeiro.

Portanto, o sistema financeiro está conectado aos fluxos de recursos financeiros, per-
mitindo a pulverização do risco entre todos os participantes da economia. A divisão
do risco entre vários agentes, e o controle dos órgãos supervisores seguindo as regras
estabelecidas pelos órgãos normativos permitem transações mais seguras tanto para
o investidor como para o tomador de recursos.

Mas como o SFN pode regular esse fluxo de dinheiro, já que ele não atua no mercado
de forma direta? Como podemos evitar que falte dinheiro no mercado para pessoas
que necessitam de recursos? Esses acontecimentos ocorrem no mercado monetário,
que é responsável pelo controle da quantidade de dinheiro existente no sistema.

2.2 MERCADO MONETÁRIO

O mercado monetário é responsável pelo dinheiro, que é executado pelo Governo


Federal, com o objetivo de manter a fluidez dos pagamentos e recebimentos diários,
garantindo a liquidez de todo o sistema financeiro. É um mercado de curtíssimo pra-
zo, tendo trocas diárias de recursos.

O dinheiro, como qualquer outro produto no mercado, obedece a lei da oferta e da


procura. Entretanto, devido ao seu papel primordial para toda a economia nacional,
o Governo utiliza de meios para promover previsibilidade e relevância da moeda ao
longo do tempo. O conjunto de instrumentos utilizados denominamos Política Mo-
netária.

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2.2.1 POLÍTICA MONETÁRIA

O principal reflexo da moeda possuir o mesmo tratamento de um produto, além da


necessidade de fluidez, é a questão inflacionária. Neste sentido, o excesso ou baixa
disponibilidade de moeda no mercado pode acarretar uma maior inflação ou uma
deflação, respectivamente.

Na possibilidade de existir uma grande oferta de moeda no sistema, os preços serão


pressionados para cima, pois irá existir uma maior demanda por produtos. No caso
oposto, se existe pouca oferta de moeda no sistema os preços serão pressionados
para baixo, já que existirá poucos recursos para a compra de produtos e serviços. O
objetivo da Política Monetária é justamente controlar esse excesso e falta de moeda
no sistema.

Os instrumentos que a Política Monetária utiliza para alcançar o seu objetivo são: ven-
da e compra de títulos públicos, aumento ou redução dos depósitos compulsórios,
redesconto bancário e a variação da taxa básica de juros.

2.2.2 INSTRUMENTOS DA POLÍTICA MONETÁRIA

A venda ou compra dos títulos públicos é capaz de ajustar a disponibilidade de moe-


da no sistema financeiro pois reduz ou aumenta a oferta de dinheiro para o mercado.
Em caso de uma política em que o Governo necessite retirar moeda de circulação,
ele efetua a venda de títulos públicos, tendo como consequência o menor poder de
compra, reduzindo a pressão sobre a inflação de demanda.

Em caso contrário, quando o Governo deseja aumentar a disponibilidade de moeda,


é realizado a compra dos títulos que estão no mercado, injetando recursos no merca-
do, possibilitando o aumento do poder de compra da população.

Os depósitos compulsórios são os valores que os bancos são obrigados a repassar


ao Banco Central do Brasil, através do depósito, dos recursos captados. O aumento
dos depósitos compulsórios retira do sistema moeda que poderia ser utilizado para
empréstimos, e que ficariam disponíveis para a população, reduzindo a circulação de
moeda impactando o poder de compra do mercado.

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Já a redução do valor do compulsório, aumenta a disponibilidade de financiamentos


e empréstimos disponíveis a sociedade, aumentando o seu poder de compra, e aju-
dando na movimentação da economia de uma maneira geral.

Outra opção para regular a quantidade de moeda no mercado é o redesconto bancá-


rio, que consiste na ajuda do Governo através de empréstimos dos recursos do Banco
Central do Brasil as instituições financeiras. O maior rigor nesse serviço limita a quan-
tidade de dinheiro, aumentando a movimentação da economia, a flexibilização das
regras, permite uma maior quantidade de moeda em circulação, incrementando os
recursos para compra de bens.

Por último, a variação da taxa básica de juros (Selic) é um instrumento que eleva ou
reduz o custo de crédito no país, já que é a taxa básica de juros paga nos títulos públi-
cos brasileiros. Se a Selic aumenta, a taxa de juros no mercado também tende a sofrer
um aumento, enquanto uma redução na Selic possui um efeito contrário nas taxas
de juros. Essa variação restringe ou facilita o acesso ao crédito por meio dos agentes
financeiros a sociedade.

É importante compreender que todos esses ajustes são realizados


diariamente, possuindo efeito em um curto prazo de tempo. A
exceção desse efeito é a variação da taxa Selic, que não possui
um efeito imediato, embora afete o curto prazo, pois essa taxa é
utilizada como base de remuneração de alguns títulos públicos
negociados pelo Governo.

Verificamos como o Governo é capaz de utilizar os instrumentos da Política Monetá-


ria para regular o mercado monetário brasileiro. Seus vários instrumentos permitem a
redução ou o aumento da circulação da moeda no sistema financeiro, para conseguir
atingir os objetivos traçados pelo Governo Federal.

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Se o Governo está precisando baixar a inflação corrente no país,


a atuação pelos instrumentos da política monetária ocorre da
seguinte forma:

• Ao ofertar títulos públicos no mercado, você, ao invés de


comprar algo, poderá comprar esse título, reduzindo a quantidade
de dinheiro no mercado e assim reduzindo a demanda por produtos.

• Quando o Governo aumenta o depósito do compulsório, o dinheiro que


você deposita no banco, ao invés do banco emprestar esse recurso para outra
pessoa, ele é obrigado a deixar uma parte maior com o Banco Central. Dessa
forma, existem menos recursos para os bancos colocarem à disposição para
compras e assim reduzir a demanda por produtos.

• Ao aumentar o rigor do redesconto bancário, os bancos, ao necessitarem de


recursos, pagam mais caro para conseguir esse recurso do Governo. Com esse
custo elevado, a instituição financeira tem acesso a menos volume de dinheiro,
a um custo mais alto, repassando esse custo para o seu cliente. Assim sendo,
você terá que pagar mais caro por um empréstimo e muitas vezes esse recurso
lhe será negado, com menos dinheiro à disposição, as pessoas podem comprar
menos e os preços não sobem.

• O aumento da taxa básica de juros afeta diretamente a taxa de juros que os


bancos cobram pelos empréstimos. Se o Governo está oferecendo pagar uma
taxa de 10% ao ano pelo seu dinheiro, você e o banco preferem emprestar a ele,
do que emprestar a outra instituição com risco maior. Para ser mais claro, se o
governo oferece uma taxa, para emprestar dinheiro para o mercado, os bancos
irão cobrar taxas mais elevadas, aumentando o custo do dinheiro e limitando a
sua circulação.

Todas essas intervenções reduzem a disponibilidade de dinheiro no mercado,


reduzindo a procura por produtos e, por consequência, controlando a inflação.

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2.3 MERCADO DE CAPITAIS

Enquanto o mercado monetário é de curtíssimo prazo, no mercado de capitais são


negociados os títulos e recursos de médio e longo prazos. O principal objetivo dos
recursos transacionados nesse mercado é o financiamento de produção. Podemos
caracterizar o financiamento da produção como a abertura de uma nova fábrica,
uma nova loja, um equipamento para aumentar a produção, investimento em novos
produtos, entre outros. Todas essas ações necessitam de recursos, que podem ser
obtidas no mercado de capitais.

No mercado de capitais, os títulos podem ser negociados entre a empresa emissora


do título e terceiros, nesse caso a empresa emissora do título recebe o recurso de sua
negociação. Quando isso ocorre, denominamos essa negociação de mercado primá-
rio. A negociação também pode ocorrer no mercado secundário.

O mercado secundário, a transação acontece entre terceiros, não tendo o envolvi-


mento direto da empresa que emitiu o título, isto é, no mercado secundário a em-
presa que emitiu o título não recebe nenhum valor referente à essa transação, muito
embora ela continue obrigada a cumprir os temos desse título.

Os produtos e contratos financeiros negociados nesse mercado podem ser classifica-


dos em renda fixa ou renda variável.

2.3.1 RENDA FIXA

Segundo Cherobim, Lemes Jr. e Rigo (2015), “a renda fixa se caracteriza por estabele-
cer em contrato o prazo de vencimento, taxa de juros combinada (pré ou pós-fixada),
e garantias, e o rendimento da operação é conhecido previamente”.

Portanto, todos os produtos financeiros e contratos negociados que estabelecem


essas características citadas anteriormente são consideradas de renda fixa, inclusive
aqueles títulos que a rentabilidade é pós-fixada. Importante entender que esses tí-
tulos necessitam haver um parâmetro de remuneração, como por exemplo o IPCA
(Índice de Preço ao Consumidor), ou a CDI, sendo comum também a remuneração
de uma taxa de juros acrescida da variação de algum indicador especifico.

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Vamos considerar que um título remunera o IPCA do período


mais 4%. Muito embora o valor da remuneração real não seja
conhecido no momento do investimento, é considerado uma
renda fixa pois sabe-se que obrigatoriamente a rentabilidade
desse investimento será obtida pela soma do IPCA com os 4%.

2.3.2 RENDA VARIÁVEL

Cherobim, Lemes Jr. e Rigo (2015) afirma que “os produtos de renda variável caracte-
rizam-se pela alta volatilidade do ganho. Não há prazo de vencimento, taxas de juros
ou garantias previamente estabelecidos”.

Ao contrário da renda fixa, a renda variável não traz garantias de remuneração e nem
de vencimento. A remuneração se realiza somente com a sua valorização ou, em al-
guns casos, os títulos de renda variável oferecerem direito a receber parte dos lucros
da empresa, sendo outra forma de remuneração. Já o vencimento ocorre somente
quando o título é vendido, não existe uma data de vencimento preestabelecido na
sua negociação.

O principal produto da renda variável são as Ações. A ação é uma parte de tamanho
determinado de uma empresa, sendo essa empresa obrigatoriamente constituída na
forma de Sociedade por ação, ou seja, quando uma empresa é uma Sociedade por
Ação é como se todos os bens e direitos da empresa fossem divididas em milhares de
partes, sendo uma parte chamada de ação, todas as partes juntas formam a empresa.
Desta forma, ao adquirir uma ação, a pessoa se torna sócia proprietária de uma parte
da empresa.

Quando se compra uma parte da empresa, o lucro ou prejuízo do seu investimento


está diretamente atrelado ao desempenho dela, no caso da empresa obter lucros e
melhorar seu desempenho no mercado, as ações serão valorizadas e possivelmente
serão distribuídos dividendos, dessa forma se ganha dinheiro.

No caso contrário, quando a empresa obtém prejuízo, ou até não consegue o lucro

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esperado, é provável que o preço das ações diminua, e nessa situação, pode aconte-
cer de não se distribuir dividendo, reduzindo a remuneração que o investidor poderia
ter. Nessa situação, existe a possibilidade do investimento causar prejuízo.

Existem dois tipos de ações, as ordinárias e as preferenciais. As ações ordinárias têm


como característica principal o direito a voto nas assembleias, com participação pro-
porcional às ações em posse do investidor.

De forma diferente, as ações preferenciais não dão direito a voto nas assembleias,
mas como compensação, têm preferência no recebimento de dividendos, tornando
esse papel com características de títulos de dívida, pois existe uma obrigação da em-
presa pagar dividendos.

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SUMÁRIO 37
Finanças Empresariais

CONCLUSÃO
Podemos aprender nessa unidade o que é o mercado financeiro e sua importância
na estrutura da intermediação financeira, conseguindo conectar os agentes deficitá-
rios aos superavitários. De forma complementar, entendemos a importância da sua
regulamentação para dar segurança nas transações, além de facilitar o acesso e diver-
sificar o risco entre os agentes.

Conhecemos a estrutura do Sistema Financeiro Nacional, e como se dá a sua estrutu-


ra de definição de regras e supervisão das atividades desenvolvidas pelos operadores.

Foi possível compreender o mercado monetário e a sua importância na regulação


da economia, já que a moeda, também um produto, obedece a lei da oferta e da
procura. Para evitar uma grande variação da moeda e fornecer previsibilidade para a
economia, é de extrema importância uma boa Política Monetária. Aprendemos tam-
bém que os instrumentos utilizados para realizar esse controle são a negociação dos
títulos públicos, depósitos do compulsórios, redesconto bancário, e alteração da taxa
básica de juros (Selic).

Por fim, estudamos o que é o mercado de capitais. Identificamos a existência do


mercado primário e secundário, e da divisão dos títulos negociados em renda fixa e
variável, com suas respectivas características, conseguindo destacar a principal dife-
rença de previsibilidade entre o primeiro e o segundo tipo de títulos.

Dessa maneira é possível caracterizar o ambiente financeiro externo à empresa, con-


seguindo identificar sua importância para manter a estabilidade de toda a economia
e das próprias empresas.

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UNIDADE 3

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Entender o que é risco e retorno.

> Calcular o retorno de um


investimento.

> Pretejar o retorno esperado


em casos de dados históricos e
casos com cenários.

> Conceituar e mensurar risco.

> Entender o cálculo do risco com


dados históricos e com cenários.

> Analisar o risco e retorno das


empresas por meio do índice de
Sharpe.

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SUMÁRIO 39
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APRESENTAÇÃO DA UNIDADE
Estudaremos nesta unidade como quantificar o risco e o retorno de investimentos,
aprendendo quais são as características e fatores que influenciam nos seus resulta-
dos. Além disso, compreenderemos como a análise do risco e retorno pode ser feita
de forma conjunta, para tomar uma decisão de investimento que apresente uma
melhor relação entre o retorno e o risco do investimento.

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INTRODUÇÃO DA UNIDADE
O risco e o retorno são o ponto de partida de qualquer análise de investimento, seja
ele um investimento operacional, seja financeiro. Portanto é primordial conseguir
compreender e conseguir mensurar o risco e retorno de um investimento, conseguin-
do compreender seus fatores e características. Por último, além de conseguir calcular
o risco e o retorno de forma independente, é de extrema importância conseguir fazer
uma análise em conjunto destes.

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SUMÁRIO 41
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3 ANÁLISE DE RISCO E
RETORNO

3.1 RISCO E RETORNO

Em toda decisão financeira, existe o fator da incerteza, ou seja, nenhuma decisão


tomada é em um ambiente de total certeza. Existem elementos que não se podem
controlar nem mensurar. A incerteza deve ser considerada como um dos aspectos
dos estudos de finanças corporativas.

Em finanças, a incerteza é identificada como um risco, pois dificulta na previsibilida-


de dos rendimentos que poderão ser obtidos. A imprevisibilidade dos rendimentos
resulta em um risco maior para os investidores e para a empresa. Com o risco maior,
os investidores cobram maior rendimento.

Nessa perspectiva, uma análise entre risco e retorno ocorre de forma integrada. Pode-
mos identificar duas situações dessa relação. A primeira é que há uma recompensa
pelo risco, e a segunda é que quanto maior a recompensa de um investimento, maior
será o seu risco.

Os investimentos podem ser classificados em investimentos financeiros e investimen-


tos operacionais. O investimento financeiro é a aplicação de recursos em ativos de
natureza financeira, já o investimento operacional é a aplicação de recursos em ativos
e produtos que geram receita. Ambos os tipos de investimento seguem o entendi-
mento na análise de risco e retorno.

3.1.1 RETORNO

Precisamos primeiramente entender o que pode ser considerado retorno. Aqui foca-
remos no retorno dos investimentos financeiros. Mas esse conceito pode ser aplicado
também à análise dos investimentos operacionais, mudando apenas os valores e ca-
racterísticas dos investimentos.

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42 SUMÁRIO
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Quando é realizada a compra de um título, o valor desse ativo, ao longo do tempo,


pode subir, superando o valor ao qual foi comprado, ou pode descer, sendo menor do
que o valor de compra. A quantificação desse ganho ou perda de valor é identificada
como retorno sobre o investimento.

Para conseguir calcular o retorno de um ativo, existem algumas alternativas. Apren-


deremos a encontrar o retorno esperado de um ativo considerando o seu histórico de
retornos e utilizando vários cenários de um mesmo ativo para uma perspectiva futura.

3.1.1.1 RETORNO ESPERADO POR DADOS HISTÓRICOS

Todos nós procuramos investimentos que possam oferecer o maior retorno possível,
mas como podemos calcular esse retorno? A primeira alternativa aqui apresentada é
levar em consideração os dados históricos do ativo e considerar que o retorno espera-
do para esse ativo é a média dos seus retornos.

Para definir o perfil do investidor, é necessário avaliar uma série


de características, como o nível de risco que ele aceita tomar, a
renda que deseja alcançar e as despesas familiares. Existem três
tipos de pessoas diferentes em relação aos investimentos.

Conservador: o investidor conservador é aquele que tem maior


aversão à tomada de riscos em relação às finanças. Sendo assim, ele evita os
investimentos arriscados e costuma poupar grande parte de seu dinheiro.

Moderado: apesar de estar propenso a mudar quando necessário, o moderado


costuma levar um tempo para aceitar o processo e realmente fazer as
diversificações. Ele prefere fazer tudo de forma planejada e sem cometer
nenhum excesso.

Arrojado: é aquele que costuma tomar mais riscos, investindo, por exemplo, em
produtos de renda variável, como fundos imobiliários e moedas estrangeiras.
Esses investimentos requerem muita técnica e disponibilidade.
Fonte: ECONOMIA - IG. Saiba o que é perfil de investidor e descubra qual é o seu. Disponível em: <http://economia.ig.com.

br/2016-08-17/perfil-investidor.html>. Acesso em: 29 Jul. 2018.

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SUMÁRIO 43
Finanças Empresariais

Imagine que temos a seguinte situação: você possui a opção de investir nestes dois
ativos, qual seria a melhor opção de investimento levando em consideração o retorno
esperado?

QUADRO 1 - OPÇÕES DE INVESTIMENTO

Título A Título B
Ano
Valor ($) Valor ($)
2013 30,00 45,00
2014 32,00 42,00
2015 35,00 40,00
2016 33,00 44,00
2017 37,00 47,00
2018 34,00 50,00

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

A primeira coisa a se fazer aqui é calcular o retorno de cada ano. Para isso, utilizamos
a seguinte equação:

 A − At −1 
Rt =  t  x100
 At −1 

Em que: Rt = Retorno do ativo no período t.

At = Valor do ativo no período t.

At-1 = Valor do ativo no período t-1.

Após encontrar o retorno de cada ano, podemos calcular o retorno esperado para
cada ativo considerando que o seu histórico de retornos é uma boa aproximação para
os retornos futuros. Utiliza-se a seguinte equação:

R( E ) =
∑R t

Em que: R(E) = Retorno esperado do ativo.

n = Número de períodos de retornos.

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Nesse caso especifico, temos os seguintes retornos:

QUADRO 2 - RETORNOS DOS ATIVOS

Retornos dos ativos (%)


Ano
Ativo A Ativo B
 32 − 30   42 − 45 
2014   x100 = 6 67   x100 = −7 14
 30   42 
2015 9,37 -4,76
2016 -5,71 10,00
2017 12,12 6,81
2018 -8,11 6,38
Retorno esperado 2,87 2,26

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Feitos todos os cálculos, encontramos que o retorno esperado do ativo A é 2,87%, en-
quanto o do ativo B é 2,26%. Levando em consideração somente o retorno esperado
e o fato de os dados históricos serem uma boa aproximação para o futuro, o retorno
esperado do ativo A é superior ao do ativo B. Sendo assim, o ativo A é a escolha racio-
nal para um investidor, já que sempre buscamos o maior retorno possível.

3.1.1.2 RETORNO ESPERADO COM CENÁRIOS

Quando estamos tentando prever o futuro para determinar os retornos de um investi-


mento, nos deparamos com inúmeras variáveis que não podem ser controladas nem
previstas pela empresa. Nessa situação, trabalhamos com a formação de cenários
previstos.

Como podemos identificar qual o cenário será o real? Na verdade, não podemos de-
terminar qual é o cenário vai ocorrer, mas podemos determinar a suas probabilida-
des de acordo com suas características e das situações do sistema.

Então a chave para conseguir encontrar o retorno esperado considerando vários ce-
nários são as probabilidades de esses cenários se realizarem. Por isso que a forma de
calcular o retorno esperado sofre uma pequena alteração, já que os resultados não
possuem a mesma chance de acontecer.

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Nos casos de cenários, podemos ver como calcular o retorno esperado na equação
seguinte:

R( E ) = ∑ρc xRc

Em que: R(E) = Retorno esperado do ativo.

ƥc = Probabilidade de ocorrer o cenário.

Rc = Retorno do cenário.

Levando em consideração essas informações e os seguintes dados, encontre o retor-


no esperado dos seguintes investimentos, determinando qual a melhor opção para
se investir.

QUADRO 3 - RETORNO DO INVESTIMENTO EM PORCENTAGEM

Retorno do investimento (%)


Cenário Probabilidade
X Y
Recessão 0,20 -20 5
Moderado 0,60 15 15
Expansão 0,20 50 20

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

De acordo com a fórmula apresentada:

R( E ) x 0, 20 x ( −20 ) + 0, 60 x15 + 0, 20 x50 = 15%


=

R( E ) y 0, 20 x5 + 0, 60 x15 + 0, 20 x 20 =
= 14%

Portanto, os retornos esperados de X e Y são, respectivamente, 15% e 14%, revelando


que levando em consideração somente o retorno, a melhor opção seria investir em X,
pois oferece um maior retorno esperado.

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Os cálculos apresentados aqui foram utilizando porcentagem


(%), portanto o resultado também será em porcentagem.
Mas as equações também podem ser utilizadas com valores
monetários ($), importante ressaltar que o resultado também se
dará em valor monetário.

QUADRO 4 - RETORNO DO INVESTIMENTO EM PORCENTAGEM

Retorno do investimento ($)


Cenário Probabilidade
X Y
Recessão 0,25 -200 50
Moderado 0,50 100 150
Expansão 0,25 500 200

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Nessa situação temos os seguintes retornos esperados:


R( E ) x 0, 20 x ( −20 ) + 0, 60 x15 + 0, 20 x50 = 15%
=

R( E ) y 0, 20 x5 + 0, 60 x15 + 0, 20 x 20 =
= 14%

Podemos verificar que o retorno esperado de Y é superior ao de X. A vantagem


de calcular os retornos por meio da porcentagem é que facilita a comparação
com investimentos distintos, o que nem sempre acontece com valores
monetários.

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3.1.2 RISCO

O risco possui várias definições, dependendo do seu contexto. Na avaliação de risco


para uma empresa, o risco pode ser considerado como a possibilidade de não conse-
guir receber os fluxos de caixa futuros.

O risco total de uma empresa é composto por vários elementos, podendo ser econô-
mico ou financeiro. Estão presentes no risco econômico as alterações na economia e
no mercado, como o surgimento de um novo concorrente, e alterações na gestão e
planejamento da empresa, como vendas e investimentos. O risco financeiro é relacio-
nado diretamente com o dinheiro, como o nível de dívidas que a empresa possui e
sua capacidade de pagá-las.

Estes dois riscos, financeiro e econômico, podem ser afetados por diversos fatores,
fazendo com que o risco aumente ou diminua. Parte desses fatores pode ser con-
trolada ou administrada pela empresa ou investidor, enquanto na outra parte nada
temos como interferir.

A parte do risco que não podemos controlar ou interferir, chamamos de risco siste-
mático, pois esse risco faz parte do sistema. Podemos citar como risco sistemático a
variação cambial, políticas governamentais, situação da economia, entre outras. To-
dos esses fatores afetam todas as empresas, e os gestores ou investidores não podem
controlar, já que qualquer que seja o investimento, essa parte do risco existe. Não é
possível evitar totalmente esse risco.

Já os riscos que podem ser controlados, são denominados risco não sistemático ou
risco diversificável. Esse risco é inerente à própria empresa ou investimento, ou seja,
intrínsecos ao investimento. O risco não sistemático está no planejamento e gestão
da empresa, problemas de produção, sazonalidades de consumo, entre outras. Esse
risco pode ser diversificável ou controlado fazendo combinações de investimentos ou
melhorando o processo de produção e planejamento, no caso de uma empresa.

De acordo com o explicado sobre o risco total, a equação do


risco total de uma empresa é:

Risco total=Risco sistemático+Risco não sistemático

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Mas afinal como podemos calcular o risco de uma empresa que consiga englobar to-
das essas características? Para responder a essa pergunta, partimos do entendimento
que os retornos das empresas e de seus ativos refletem esse risco, já que risco e retor-
no são analisados em conjunto.

Portanto, o risco de uma empresa pode ser identificado por meio da variância e do
desvio padrão de seus retornos. O desvio padrão é uma medida estatística que facilita
a comparação, por isso damos preferência para ela.

3.1.2.1 RISCO COM DADOS HISTÓRICOS

Conseguir mensurar o risco por meio dos dados históricos é uma situação que de-
pende e possui as mesmas características de se calcular o retorno esperado com
dados históricos.

O primeiro passo para calcular o risco de um ativo é encontrar a sua variância, já que o
desvio padrão é simplesmente a raiz quadrada da variância, como podemos verificar
a seguir:

∑(R − R( E ) )
2
n
σ A2 =
n −1

σ A = σ A2

Em que: σ2A = Variância do ativo.

σA = Desvio padrão do ativo.

R(E) = Retorno esperado do ativo.

Rn = Retorno do ativo no período n.

n = Períodos utilizados.

Aplicando o conhecimento na situação apresentada no retorno esperado com dados


históricos, temos o seguinte:

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QUADRO 5 - RETORNO DOS ATIVOS

Retornos dos ativos (%)


Ano
Ativo A Ativo B
2014 6,67 -7,14
2015 9,37 -4,76
2016 -5,71 10,00
2017 12,12 6,81
2018 -8,11 6,38
Retorno esperado 2,87 2,26

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Utilizando esses dados para verificar qual ativo possui o melhor risco, encontramos:

( 6, 67 − 2, 87 ) + ( 9, 37 − 2, 87 ) + ( −5, 71 − 2, 87 ) + (12,12 − 2, 87 ) + ( −8,11 − 2, 87 )


2 2 2 2 2

σ A2 = = 84,11%
5 −1

σA
= 84,11 9,17%
=

( −7,14 − 2, 26 ) + ( −4, 76 − 2, 26 ) + (10, 0 − 2, 26 ) + ( 6, 81 − 2, 26 ) + ( 6, 38 − 2, 26 )


2 2 2 2 2

σ 2
B = = 58, 80%
5 −1

=σB 58, 80 7, 67%


=

Conseguindo mensurar o risco dos ativos A e B, podemos verificar que o ativo A pos-
sui um risco maior que o ativo B. Como investidor naturalmente avesso ao risco, o
melhor investimento seria o ativo B, já que expõe o investidor a um risco menor.

3.1.2.2 RISCO COM CENÁRIOS

Quando estamos falando em cenários, a forma de calcular sofre uma pequena mu-
dança. Essa mudança ocorre tanto na forma de se calcular o retorno esperado dos
ativos quanto na forma de calcular a sua variância.

Ao falarmos em cenários, estamos identificando diferentes situações que podem


ocorrer no futuro. Essas diferentes situações também possuem diferentes probabi-

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lidades de ocorrerem e isso deve ser levado em consideração ao se calcular o risco


desse ativo.

Fazendo-se os ajustes, temos a seguinte equação:

∑ρ x ( R )
2
=σ A2 c C − R( E )

σ A = σ A2

A única diferença entre calcular o risco com dados históricos e calcular o risco com
cenários é a inserção da probabilidade dos cenários nos seus respectivos retornos.
Agora abordando o exemplo de retorno com cenários, podemos calcular o seu risco.

QUADRO 6 - RETORNO ESPERADO

Retorno do investimento (%)


Cenário Probabilidade
X Y
Recessão 0,20 -20 5
Moderado 0,60 15 15
Expansão 0,20 50 20
Retorno esperado 15 14

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Nessa situação, o risco será:

σ X2 0, 20 x(−20 − 15) 2 + 0, 60 x(15 − 15) 2 + 0, 20 x(50 − 15) 2 =


= 490%

σX
= 490 22,14%
=

=σ Y2 0, 20 x(5 − 14) 2 + 0, 60 x(15 − 14) 2 + 0, 20 x(20 − 14) 2 = 88, 80%

=σY 88, 80 9, 42%


=

Analisando somente o risco dos investimentos X e Y, verificamos que o investimento


Y é a melhor opção, pois apresenta um menor risco.

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Aqui podemos perceber escolhas distintas analisando o retorno ou o risco para am-
bas a formas de calcular os seus dados, seja por dados históricos, seja por cenários.
Qual seria a melhor escolha? Quais os critérios que devemos considerar mais impor-
tantes?

3.2 ANÁLISE DE RISCO E RETORNO

Para conseguir o melhor resultado, precisamos realizar uma análise em conjunto do


risco e do retorno, pois como já dito no início da unidade, quanto maior o risco de um
investimento, maior será o retorno exigido.

Conseguimos realizar essa análise conjunta por meio do índice de Sharpe, que consi-
dera o prêmio pelo risco sobre o risco de determinado ativo como uma estimativa de
realizar essa análise conjunta.

O prêmio pelo risco parte do entendimento que existe no mercado um ativo livre de
risco e que esse ativo também possui um retorno esperado. Se existe um ativo que
não incorre em risco e oferece um retorno, qualquer investimento que apresente um
risco deve apresentar um retorno maior do que o retorno do ativo livre de risco:

PR
= RA − R f
PR
IS A =
σA

Em que: PR = Prêmio pelo risco.

ISA = Índice de Sharpe do ativo.

σA = Desvio padrão do ativo.

RA = Retorno do ativo.

Rf = Retorno do ativo livre de risco.

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Na verdade, não existe nenhum ativo que não incorra em algum


tipo de risco. Até a poupança possui algum, como já aconteceu
no Brasil desse tipo de investimento ser retido pelo Governo. Mas
do ponto de vista financeiro, o ativo livre de risco é o investimento
que possui o menor risco de não honrar o seu compromisso.
Podemos considerar os títulos públicos negociados pelo Governo (taxa Selic).

Podemos aplicar esse conceito na análise realizada pelo risco e retorno com cenários
considerando que o retorno do ativo livre de risco seja de 5%. Quanto maior o índice
de Sharpe, melhor a relação entre risco e retorno:

15 − 5 14 − 5
IS X = = 0 45 ISY = = 0, 96
22,14 9, 42

Pela análise combinada do risco e retorno por meio do índice de Sharpe, verificamos
que o investimento que oferece a melhor relação entre risco e retorno é o investimen-
to Y.

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CONCLUSÃO
Conseguimos, ao longo da unidade, entender o que é risco e o que é retorno. O pri-
meiro é a quantificação da incerteza, enquanto o segundo é considerado a rentabili-
dade do investimento.

Compreendemos como é calculado o retorno de um investimento por meio da sua


equação. Isso deve ser considerado no momento de se calcular o retorno esperado
de um investimento, seja ele utilizando dados históricos, seja utilizando cenários. No
retorno com dados históricos, consideramos que cada retorno possui o mesmo peso
para calcular o retorno esperado. De forma distinta, o retorno esperado com cenários
leva em consideração a probabilidade de cada cenário ocorrer.

Aprendemos também a mensurar a incerteza considerando que essa característica é


identificada como risco e apresenta um reflexo no retorno. Por isso, utilizamos o des-
vio padrão dos retornos como medida de risco. Da mesma forma do retorno, conse-
guimos calcular o risco para dados históricos ou para cenários, utilizando como base
os retornos esperados calculados anteriormente.

Por último, aprendemos a fazer a análise do risco e retorno em conjunto por meio
do índice de Sharpe, conseguindo identificar quais investimentos possuem melhores
relações entre essas medidas, sendo esse o ponto principal de uma análise de inves-
timento nas finanças.

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Finanças Empresariais

UNIDADE 4

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Conseguir identificar o


que é um titulo da divida
e suas características;

> Aprender a calcular o


cupom de um titulo da
divida e seu preço inicial;

> Conseguir calcular a taxa


de rentabilidade exigida
em um investimento;

> Compreender o que são


ações, dividendos e o
preço de uma ação;

> Considerar a
perpetuidade na avaliação
da ação.

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4 AVALIAÇÃO DE TÍTULOS E
AÇÕES
Nesta unidade iremos aprender a fazer avaliação de títulos da divida e de ações. Para
isso precisamos entender o que é e como calcular cupons dos títulos da divida e os
dividendos das ações. Vamos entender como o preço desses títulos são formados
e como determinar a taxa de rentabilidade de um investimento. Vamos considerar
também o preço das ações quando não possuímos a intenção de venda.

4.1 TÍTULOS DA DÍVIDA

De acordo com Berk e DeMarzo (2008), titulo da divida é um valor mobiliário vendido
por governos e empresas para arrecadar recursos de investidores hoje, com a promes-
sa de pagamento no futuro. Os prazos desses títulos são determinados como parte
do certificado do titulo da divida, que indica as datas e os valores a serem pagos. O
pagamento final também é definido, sendo o dia do seu pagamento denominado
de data de vencimento. A diferença entre a data de emissão, ou compra do titulo, é
conhecido como o prazo do titulo.

Além dessas informações, os títulos da divida podem fazer dois tipos de pagamentos.
O primeiro e presente em quase todos os tipos de títulos é o pagamento na data de
vencimento, que é chamado de valor de face. Esse pagamento é realizado uma única
vez e ao final do período do titulo.

O outro pagamento, que também ocorre com bastante facilidade, é o que ocorre de
uma forma periódica ao longo do prazo do titulo, esse pagamento é denominado de
cupom. O cupom ocorre com uma periodicidade definida, podendo ser semestral,
trimestral, anual, entre outros. Esse valor pago é definido através de uma taxa deter-
minada no próprio titulo.

Como visto, temos quatro informações básicas em um titulo da divida, o prazo, a data
de vencimento, o valor de face e o valor de cupom. Essas informações são indispensá-
veis para qualquer titulo, pois define as suas características, estando entre as informa-
ções que devem ser consideradas no momento de realizar a avaliação de um titulo.

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Com todas essas informações o mercado é capaz de precificar o titulo, determinando


qual o preço que ele será negociado, que pode ser chamado de preço inicial. Depen-
dendo das características da o titulo, e da qualidade da empresa que foi o emissor
desse titulo, o preço inicial pode ser superior ou inferior ao seu valor de face.

Quando o valor negociado no mercado é superior ao valor de face, nós dizemos que o
titulo está sendo negociado com ágio. Em caso contrário, quando o preço negociado
é inferior ao valor de face, o titulo está sendo negociado com deságio.

Pode ser difícil visualizar um titulo sendo negociado hoje por um


valor superior ao seu valo de face, mas se você considerar um titulo
que faz pagamentos de cupons trimestrais ao longo do período,
de uma empresa ou governo que representa um pequeno risco
para o investidor. Pode valer a pena o investimento no titulo
pagando mais que o seu valor de face somente para receber o pagamento
trimestral do cupom, sendo suficiente para oferecer o rendimento desejado
pelo investidor.

Portanto, é extremamente importante conseguir realizar uma boa avaliação do titulo


da divida, para conseguir o rendimento desejado, considerando o prazo do titulo, o
seu valor de face e o pagamento de cupons. Vamos aprender a realizar essa avaliação
no tópico seguinte.

4.1.1 AVALIAÇÃO DE TÍTULOS DA DÍVIDA

O preço de um titulo hoje é soma de todos os valores que ele irá gerar para o inves-
tidor no futuro. Mas esses valores não podem ser simplesmente somados, pois o di-
nheiro possui valor no tempo, devido a incerteza do seu recebimento.

Por isso, precisamos saber quanto é esse valor que iremos receber no futuro, em va-
lores atuais, levando em consideração uma taxa de rentabilidade (que deve levar em
consideração a rentabilidade desejada e o risco de não receber o valor).

Entendido isso, temos duas situações há ser levada em consideração na hora de rea-
lizar a avaliação de um titulo, que é se o pagamento será realizado somente no ven-

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cimento do titulo, através do valor de face, ou se o pagamento será realizado através


de cupons periódicos e um valor de face ao final.

Assim, separamos o calculo do valor do preço inicial em duas etapas, a primeira con-
sidera somente o valor de face, e a segunda, leva em consideração o valor de face e
os cupons pagos.

4.1.2 TITULO SOMENTE COM VALOR DE FACE

Se um titulo possui somente um pagamento ao final do prazo, ou seja, um paga-


mento único através do valor de face, é necessário descapitalizar o valor que remos
receber no futuro para o valor presente.

Para que isso seja feito, utilizamos a seguinte equação:

VF
PIT 
1  i 
n

Onde: PIT = Preço Inicial do título;

VF = Valor de face do título;

i = taxa de rentabilidade exigida pelo investidor;

n = prazo até o vencimento do título.

Dessa forma, realizamos o calculo do valor presente do valor de face, dado uma taxa
de rentabilidade. Assim, podemos saber quanto é o preço inicial de titulo que paga
somente um valor de face no seu vencimento.

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A empresa Quero Quero possui um Titulo no mercado, que


possui valor de face de $1.000,00 para ser resgatado daqui a 2
anos. Se para essa empresa, os investidores exigem uma taxa
de rentabilidade de 7% a.a., qual será o preço inicial do titulo
praticado no mercado?

Aplicando a formula apresentada:


1.000
PI Q = = 873, 44
(1 + 0, 07 )
2

Com essas características, o preço praticado no mercado para esse titulo é de


$873,44, que em dois anos serão pagos $1.000,00.

Através da manipulação da equação apresentada, podemos determinar qual é a taxa


de rentabilidade oferecida por um titulo que apresenta um valor de face e um preço
inicial já determinados pelo mercado.

Para conseguir determinar qual a taxa de rentabilidade deum titulo, utilizamos a


seguinte equação:

1
 
 VF  n 
i  1
 PIT 

Se a empresa Tico Tico negocia no mercado um titulo pelo valor


de inicial de $915,00, que paga um valor de face de $1.000,00
e possui um prazo de vencimento de 3 anos. Qual a taxa de
rentabilidade que os investidores estão exigindo ao negociar
esse titulo?

Utilizando a equação:

1
 
 1.000  3 
=  − 1 =0, 03 ou 3
 915 

A taxa de rentabilidade exigida pelos investidores para esse titulo é de 3% ao


ano.

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Portanto, conseguimos avaliar quanto é o valor inicial de um titulo que possui somen-
te um valor de face como pagamento, e também aprendemos a calcular a taxa de
rentabilidade exigida por investidores para um titulo que esta sendo negociado no
mercado por um preço determinado e valor de face.

4.1.3 TÍTULO COM VALOR DE FACE E CUPOM

Quando estamos avaliando um titulo que paga um valor de face, valores periódicos
de cupom, é necessário trazer para valor presente todos os valores que iremos rece-
ber no futuro, isso incluir o valor de face e todos os cupons que iremos receber ao
longo do período.

Como dito anteriormente, o cupom é referido como uma taxa de cupom, para que
depois seja realizada a conversão para saber o valor exato do cupom, que depende
da taxa e do valor de face do titulo.

Portanto, precisamos saber primeiramente como calcular o valor de cupom que ire-
mos receber, que pode ser realizado através da seguinte equação:


ic � xVF
CT =
Nc

Onde: CT = Cupom do titulo;

ic = Taxa Cupon;

Nc = Número de pagamentos de cupom por ano.

Após realizar o calculo do cupom, podemos realizar o calculo do preço inicial do


titulo da divida, que precisa levar em conta tanto o valor de face do titulo, como os
valores de cupom que serão pagos ao longo do tempo.

Assim sendo, para calcular o preço inicial nessa situação utilizamos a seguinte equação:

 C   VF 
PIT    
 1  i n   (1  i ) n 
 

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Precisamos ter uma pequena precaução aqui, pois a taxa e o prazo deverão está na
mesma base, isto é, se a taxa estiver ao semestre, o período utilizado também deve
está ao semestre.

A empresa Quero Quero esta colocando no mercado um titulo que


possui um valor de face de $ 1.000,00, com um cupom semestral de
8% e um prazo até o vencimento de 2 anos. Levando em consideração
que os investidores exigem uma taxa de rentabilidade de 5% ao
semestre. Qual o preço inicial desse titulo?

Primeiramente precisamos realizar o calculo do valor de cupom:

0, 08 1.000
C= = 40
2

Após conseguir o valor que será pago de cupom, podemos realizar o calculo
do preço inicial do titulo.
 40   40   40   40   1.000 
PI =  +
1  
+
2  
+
3  
+
4   4 
= 964, 54
 (1 + 0, 05)   (1 + 0, 05)   (1 + 0, 05)   (1 + 0, 05)   (1 + 0, 05) 

Portanto, o preço inicial do titulo é $ 964,54. Podemos verificar que os dois


últimos valores são devidos por (1+i)4, isso ocorre pois tanto o ultimo cupom,
como o valor de face é recebido na mesma data, que ocorre no quarto
semestre (final dos 2 anos).

Desse modo, foi apresentado as formas de avaliação dos títulos da dívida para em-
presas e Governos que emitem esse tipo de titulo. Sendo ele com pagamento único
ao final do prazo com valor de face, ou com pagamentos periódicos de cupons mais
o valor de face.

4.2 AÇÕES

As ações são pequenas partes de uma empresa que são negociadas nas Bolsas de
Valores. O objetivo de uma empresa lançar ações é obter recursos financeiros no mer-
cado para realizar investimentos, esses recursos são obtidos no mercado primário,
quando as ações são negociadas pela primeira vez. Após isso, as negociações das
ações ocorrem entre terceiros.

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SUMÁRIO 61
Finanças Empresariais

Dessa forma, precisamos conseguir avaliar o preço de uma ação para saber o momento
de realizar o investimento, minimizando a possibilidade de perda do valor investido.

Da mesma forma que ocorre na avaliação dos títulos da divida, o preço das ações é de-
finido por quanto ela irá render para o seu portador. Só que de forma distinta ao que
ocorre com os títulos da divida, as ações não possuem um pagamento determinado
nem ao longo do tempo, e nem ao final do seu vencimento, já que não tem vencimento.

Embora não haja pagamento determinados, existem formas de remuneração do pro-


prietário da ação, são os dividendos e a venda do ativo em algum tempo. Os dividendo
são definidos pelos gestores da empresa, e remuneram os proprietários da empresa
(acionistas), e normalmente ocorrem de forma periódica ao longo do tempo. Já a ven-
da da ação é uma decisão do investidor, e ocorre pelo preço negociado no mercado.

4.2.1 AVALIAÇÃO DE AÇÕES

Para realizar a avaliação de uma ação, precisamos descapitalizar os valores que serão
recebidos no futuro, pelos mesmos motivos que descapitalizamos os valores recebi-
dos pelos títulos da divida.

Portanto, seguimos o mesmo principio adotado no calculo do preço dos títulos da di-
vida, existindo duas pequenas diferenças. Ao invés de pagamento de cupons, ao longo
do tempo existe o pagamento de dividendo, e ao invés de pagamento de valor de face,
a forma de receber um valor que equivale a esse, é necessário realizar a venda da ação.

O dividendo é uma parte do lucro da empresa que é distribuída para o proprietário


da ação. Assim sendo, para se calcular o valor que será distribuído para cada ação (Di-
videndo) precisamos do valor do lucro líquido e do numero de ações que a empresa
possui negociadas no mercado.

LL
DA =
NA

Onde: DA = Dividendo da ação;

LL = Lucro liquido da empresa;

NA = Numero de ações da empresa.

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As empresas não são obrigadas a distribuir todo o lucro através


de dividendos. A empresa possui a liberdade de reter parte do
lucro para realizar novos investimentos para a empresa.

No Brasil existe uma lei que determina o pagamento de 25% do


lucro liquido anual através de dividendos, essa situação pode ser
revertida caso a empresa apresente prejuízo no ano fiscal.

Conseguindo identificar os dividendos, podemos realizar o calculo do preço unitário


da ação. Existem duas situações básicas para realizar esse calculo. O primeiro é quan-
do existe um tempo finito para a posse da ação, ou seja, por um tempo determinado.
E a segunda é quando não se pretende vender a ação, calculando o seu valor de con-
siderando a perpetuidade.

4.2.2 AÇÕES COM TEMPO FINITO

Para avaliar o preço de uma ação quando existe um tempo determinado, precisamos
além do valor dos dividendos, do possível valor de venda dessa ação no futuro.

Nesse caso, utilizamos a seguinte equação:

DIVn VV
PU A   
(1  i ) (1  i ) n
n

Onde: PUA = Preço unitário da ação;

DIVn = Dividendo no tempo n;

i = taxa de rentabilidade exigida;

VV = Valor de venda da ação;

n = período que é realizado o pagamento.

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Dessa forma conseguimos realizar o calculo do valor de uma ação, considerando que
iremos ficar com ela somente por um tempo determinado.

Você está pensando em investir em ações da empresa Quero


Quero, mas ainda não sabe qual é o seu preço ideal. De posse da
previsão dos próximos dividendo que serão pagos pela empresa,
e tendo a intenção de ficar com a ação por 3 anos e venda-la pelo
preço de $ 50,00, é possível realizar o calculo do preço da ação.
Considere que você exige uma taxa de retorno de 12%.

Ano Dividendo Preço de Venda


1 5
2 4
3 5 50

De acordo com a equação:

5 4 5 50
PU Q = + + + = 46, 80
(1 + 0,12) (1 + 0,12) (1 + 0,12) (1 + 0,12)3
1 2 3

O preço ideal dessa ação hoje seria de $ 46,80, considerando essas informações e que
ficaríamos com essa ação por três anos.

4.2.3 AÇÕES NA PERPETUIDADE

No caso de ficar com a ação de forma indefinida, não existe valor de venda da ação,
pois ela não será vendida. Mas por não existir um tempo definido, também existirá o
recebimento de dividendo por tempo indeterminado.

5 4 5 50
PU Q = + + + = 46, 80
(1 + 0,12) (1 + 0,12) (1 + 0,12) (1 + 0,12)3
1 2 3

Com base nisso, podemos realizar uma pequena alteração na nossa equação, partin-
do do pressuposto que os dividendos quanto mais no futuro, quando forem descapi-
talizadas, terão um valor cada vez menor, chegando a um ponto de ser irrisório.

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Levando isso em consideração, existem duas situações, uma quando o dividendo é es-
tável ao longo do tempo, e outra quando o dividendo possui uma taxa de crescimento.

Podemos calcular o preço da ação nessas situações da seguinte maneira:

DIV DIV
PU A  � � � � � � � � PU A 
i ig

Onde: g = taxa de crescimento do dividendo.

Utilizamos a primeira equação para calcular o preço da ação quando o dividendo


permanece estável ao longo do tempo, e a segunda para quando o existe uma taxa
de crescimento para o dividendo.

Existem duas opções de investimentos em ações, a ação A paga um


dividendo de $ 3, e esse valor permanecerá o mesmo para sempre.
E a ação B, que pagara um dividendo no valor de 1,50 no final do
primeiro ano e crescerá a uma taxa de 6% ao ano. Se for ficar com a
ação por tempo indeterminado e exige uma taxa de rentabilidade
de 15%. Qual o valor das ações hoje?

Utilizando as equações apresentadas:


3 1, 50
PU
= A = 20 PU B = = 16, 67
0,15 0,15 − 0, 06

O preço da ação A é de $ 20,00, enquanto o de B é de $ 16,67.

CONCLUSÃO
Aprendemos nessa unidade que um titulo da divida é um titulo que as empresas,
ou o governo, emitem para arrecadar recursos e financiar suas atividades. Para isso
prometem pagamentos futuros, com prazos determinados, cupons e valor de face.

Para avaliar de forma correta um titulo da divida, foi necessário primeiro entender
que o cupom é o pagamento periódico de um juros com taxa determinada, e que o

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SUMÁRIO 65
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valor de face é o valor pago no vencimento do titulo. Descapitalizando esses valores


para o valor atual, através de uma taxa de rentabilidade, conseguimos avaliar qual o
valor desse titulo hoje.

Também vimos como podemos identificar a taxa de rentabilidade de um titulo que


já é negociado por um preço especifico hoje. Essa informação é importante para
conseguirmos fazer um bom planejamento dos investimentos e de seus retornos ao
longo do tempo.

Compreendemos que ações são pequenas partes da empresa, e sua posse o torna
proprietário da empresa, com direito a recebimento dos lucros, que chamamos de
dividendos. Para isso vimos que dividendo é a parte do lucro liquido da empresa
pago para cada ação.

Verificamos também como realizar a avaliação do preço de uma ação levando em


conta os valores de dividendo recebidos ao longo do tempo e da venda da ação, com
a mesma metodologia utilizada para avaliar os títulos da divida.

Também foi mostrado como realizar a avaliação de uma ação quando não há a inten-
ção de venda, pois o recebimento dos dividendos ocorrerá de forma perpetua. Essa
avaliação pode ser realizada considerando que os dividendos serão constantes ou
que terão crescimento ao longo do tempo.

Portanto, somos capazes de realizar a avaliação de títulos da divida e de ações, co-


nhecendo todas suas características. Isso pode influenciar na tomada de decisão de
investimentos.

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UNIDADE 5

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Definir o que é fluxo de


caixa;

> Calcular o fluxo de caixa


de um projeto;

> Estimar o payback, VPL e


TIR;

> Analisar a viabilidade de


investimento.

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5 TÉCNICAS DE FLUXO DE
CAIXA, ORÇAMENTO DE
CAPITAL E TOMADA DE
DECISÃO
Vamos estudar nessa unidade o que é um fluxo de caixa e qual a sua importância
para a administração da empresa e tomada de decisões. Vamos aprender também
como avaliar a viabilidade de um projeto através do uso das técnicas de payback, va-
lor presente liquido e taxa interna de retorno.

5.1 FLUXO DE CAIXA

O primeiro passo para conseguir compreender o que é fluxo de caixa é entender que
existe uma diferença entre rendimentos e fluxo de caixa. Os rendimentos incluem
débitos e créditos que não são de caixa, ou seja, valores que não necessariamente
desembolsados pela empresa são considerados no calculo dos rendimentos, como a
depreciação.

Já o fluxo de caixa considera somente os valores de caixa, isto é, valores que realmen-
te são pagos ou recebidos no caixa da empresa. Para calcular o fluxo de caixa de uma
empresa, precisamos realizar alguns ajustes nos resultados dos lucros da empresa.

Um ajuste necessário para conseguir o fluxo de caixa é com o valor da depreciação. A


depreciação não é um valor que a empresa realmente paga, mas uma técnica con-
tábil ou tributaria para distribuir o custo original, de um bem ou ativo, ao longo de
sua vida útil. Portanto, a depreciação não deve ser considerara como valor de fluxo
de caixa.

Ao invés de distribuir o valor do investimento ao longo do tempo, através da deprecia-


ção, contabilizamos o custo do investimento no momento que ele acontece. Dessa
forma, temos que acrescentar o valor gasto no investimento no momento que ele
ocorre no fluxo de caixa.

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Mas para que se dá ao trabalho de realizar todas essas alterações? Como utilizamos o
fluxo de caixa e realizamos a sua estruturação será exposto nos tópicos a seguir.

5.1.1 ORÇAMENTO DE CAPITAL

O orçamento de caixa é utilizado para verificar a possibilidade de falta ou excesso


de recurso no caixa da empresa. Tem a importância de analisar o risco de falta de
dinheiro para os pagamentos de curto prazo, determinando se existe a necessidade
de capital de terceiros para capital de giro.

O orçamento de caixa considera as entradas e saídas de caixa. Para realizar o plane-


jamento através do orçamento de caixa utilizamos como como base o fluxo de caixa
da empresa.

Tomando como base o fluxo de caixa, é possível fazer o planejamento diário, sema-
nal ou mensal das necessidades de recursos da empresa. Dessa maneira, é possível
programar os pagamentos da empresa, reduzindo a probabilidade da interrupção de
seus projetos ou atividade por falta de recursos.

De acordo com Cherobim, Lemes Jr. e Rigo (2015), as vantagens do orçamento de


caixa são:

• Demonstra o momento adequado para as retiradas de caixa, sem acarretar


problemas financeiros;

• Possibilita o investimento das disponibilidades de caixa, aumentando sua lu-


cratividade;

• Permite o pagamento antecipado de contas, aproveitando possíveis descon-


tos;

• Viabiliza a estimativa de saldos de caixa e os períodos em que eles ocorrem;

• Possibilita o planejamento da necessidade de capital de giro, antecipando a


negociação de linhas de credito para períodos de déficit, reduzindo riscos e
custos de empréstimos.

Portanto, utilizamos o fluxo de caixa para realizar o planejamento das retiradas e re-
cebimentos do caixa, determinando a necessidade de empréstimos ou possibilidade
de investimentos. Mas como realizamos sua estruturação será demonstrado no tópi-
co seguinte.

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SUMÁRIO 69
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5.1.2 ESTRUTURAÇÃO DO FLUXO DE CAIXA

Para estruturar o fluxo de caixa da empresa, precisamos encontrar o lucro liquido não
alavancado do período, e para isso utilizamos os dados realizados, ou projetados, de
receitas, despesas e impostos.

Utilizamos o lucro liquido da empresa, pois no fluxo de caixa não consideramos os va-
lores pagos com juros e amortização das dividas da empresa. Esses valores serão con-
siderados no custo de capital da empresa. Se fossem considerados nesse momento,
estaríamos contabilizando esses valores duas vezes.

Portanto, para calcular o fluxo de caixa da empresa consideramos as seguintes contas:

FLUXO DE CAIXA
(=) Faturamento
(-) Custo de Mercadoria Vendidas
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas gerais e administrativas
(-) Depreciação
(=) Lucros antes de juros e imposto de renda (LAJIR)
(-) Imposto de renda
(+) Depreciação
(-) Investimento Inicial (somente quando necessário)
(=) Fluxo de Caixa

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018

Podemos perceber que embora a depreciação não seja levada em consideração para
o calculo final do fluxo de caixa, é necessário colocar o seu valor devido ao seu impac-
to no valor do imposto de renda pago.

Se não reduzíssemos o valor da depreciação antes do importo de renda, pagaríamos


um valor maior desse imposto, fato que não ocorre. Por isso subtraímos a deprecia-
ção, pagamos o imposto e depois retornamos com o valor da depreciação, já que não
pagamos de fato pela depreciação.

O valor de investimento inicial só será necessário quando realmente houver um dis-


pêndio para se obter os fluxos de caixa. Como exemplo podemos utilizar a implan-

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tação de uma fabrica, para o recebimento de fluxo de caixa necessitamos realizar os


investimentos em equipamentos e local, isso são considerados investimento iniciais.

A empresa Speed está pensando em investir em um novo


equipamento por $ 200.000 que pode gerar um faturamento,
com as vendas dos produtos, de $ 150.000 por ano, durante 7
anos. As despesas com os custos de mercadorias vendidas são
de 40% do seu faturamento, já as despesas administrativas são
de 10%, também do faturamento. A depreciação é de $ 25.000 por ano e a
empresa se encaixa na alíquota de 34% de imposto. Qual o fluxo de caixa que
esse equipamento oferece para a empresa ao longo dos 7 anos?

Usando o modelo apresentado na unidade:

Ano 0 1 2 3 4 5 6 7
Faturamento
(=) 150 150 150 150 150 150 150
(X 1.000)
(-) CMV (40%) 60 60 60 60 60 60 60
(=) Lucro Bruto 90 90 90 90 90 90 90
Despesas adm.
(-) 15 15 15 15 15 15 15
(10%)
(-) Depreciação 25 25 25 25 25 25 25
(=) LAJIR 50 50 50 50 50 50 50
(-) IR (34%) 17 17 17 17 17 17 17
(+) Depreciação 25 25 25 25 25 25 25
Investimento
(-) 200
Inicial
(=) Fluxo de Caixa (200) 58 58 58 58 58 58 58

Portanto, o fluxo de caixa oferecido por esse investimento é de $ 50.000 por


ano. Para isso, é necessário um investimento inicial de $ 200.000.

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5.2 TÉCNICAS DE DECISÃO DE INVESTIMENTO

Nós aprendemos a encontrar o fluxo de caixa que o investimento pode gerar, mas isso
é uma boa oportunidade de investimento? Será que vale a pena investir $ 200.000
para obter um fluxo de caixa de $ 58.000 durante 7 anos? Qual a taxa de retorno que
estamos obtendo ao investir nesse equipamento?

Para esse investimento ser viável, necessitamos que os retornos obtidos sejam maio-
res que os valores investidos inicialmente e que apresente um retorno, pelo menos,
igual ao exigido pelos investidores. Além disso, deve oferecer um tempo de retorno
compatível com o requerido pela empresa.

Vamos aprender a identificar essas situações a seguir.

5.2.1 PAYBACK

O payback é uma técnica que determina em quanto tempo o investidor obtém o


retorno do investimento, os seja, em quanto tempo ele irá recuperar o valor investido.
É uma boa alternativa quando temos uma restrição de tempo para utilizar o dinheiro
em outra situação.

Para conseguir encontrar o payback de um investimento, levamos em consideração o


valor investido e os valores de fluxos de caixa gerada por esse investimento. Podemos
utilizar duas formas para isso, uma que considera o valor do dinheiro no tempo, e
outra que desconsidera isso.

5.2.2 PAYBACK EFETIVO

O payback efetivo não leva em consideração o valor do dinheiro no tempo. Dessa


forma, essa técnica considera que os valores de fluxos de caixa que receberemos no
futuro serão os mesmos no valor presente.

Como queremos identificar o tempo que iremos obter o retorno do investimento,


precisamos identificar o tempo que o retorno, ao longo do tempo, soma o valor do in-

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vestimento inicial. Nos casos que o retorno não for obtido de forma exata, realizamos
uma regra de três para conseguir esse valor de forma mais precisa.

Podemos visualizar essa situação melhor continuando o exemplo anterior.

Qual o payback efetivo do investimento da Speed? se ela


realizar o investimento na compra do novo equipamento.

Usando as informações de investimento inicial e fluxos de caixa


já calculados, temos:

Ano I. Inicial FC Falta recuperar


0 200.000 (200.000)
1 58.000 (142.000)
2 58.000 (84.000)
3 58.000 (26.000)
4 58.000 32.000
5 58.000
6 58.000
7 58.000

Nós identificamos que o payback do investimento será entre o terceiro e o


quarto ano, mas qual será o tempo exato? Para isso, utilizaremos a regra de três.

Fazemos o mesmo para encontrar quantos dias é equivalente a 0,38 meses.

D=valor em meses X 30 dias=0,38 x 30=11,40 dias

Dessa forma, o payback desse investimento é 3 anos, 5 meses e 12 dias. Esse é


o tempo necessário para a empresa obter o retorno do seu investimento.

A forma de analisar o payback é bastante simples. Se o investidor exige um tempo de


retorno superior ao payback do investimento, o investimento pode ser realizado. Em
caso contrario, quando o tempo de retorno exigido e inferior ao payback, rejeitamos
a oportunidade.

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Existem algumas criticas ao modelo de payback efetivo. O primeiro deles é que esse
modelo não considera o valor do dinheiro no tempo. O segundo afirma que essa téc-
nica só considera os valores de fluxos de caixa ate obter o retorno do investimento,
ignorando os demais valores que possam ser gerados.

A ultima critica é que o payback considera que o recebimento do valor no fluxo de


caixa é constante ao longo do ano, fato esse que pode não ocorrer em uma empresa
de fato, devido a sazonalidade.

Embora existam essa criticas, é um modelo muito utilizado, principalmente se existe


uma restrição de tempo no investimento.

5.2.3 PAYBACK DESCONTADO

O payback descontado possui as mesmas características do payback efetivo, com


uma única diferença, considera o valor do dinheiro no tempo. Dessa forma, ao con-
tabilizar os fluxos de caixa para determinar o tempo de retorno do investimento, eles
serão descontados com a taxa de rentabilidade exigida pelos investidores.

Portanto, o primeiro passo para calcular o payback descontado é descontar os fluxos de


caixa do investimento. Realizamos esse procedimento utilizando a seguinte equação:

FCn
FCDn 
(1  i ) n

Onde: FCDn = Fluxo de caixa descontado do tempo n;

FCn = Fluxo de caixa do tempo n;

i = Taxa de rentabilidade exigida;

n = Periodo do fluxo de caixa.

Após descontar os fluxos de caixa, realizamos as mesmas etapas do payback efetivo,


para saber o tempo de retorno do investimento.

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Continuando com o exemplo, qual o payback descontado do


investimento da empresa Speed? Considere que a taxa de
rentabilidade exigida pela empresa é de 14% ao ano.

Utilizando a equação, conseguimos calcular os fluxos de caixa descontado.


58.000 58.000
FCD1 = = 50.877,19 FCD2 = = 44.629,12
(1 + 0,14)1 (1 + 0,14) 2
58.000 58.000
FCD3 = = 39.148, 35 FCD4 = = 34.340, 66
(1 + 0,14)3 (1 + 0,14) 4
58.000 58.000
FCD5 = = 30.123, 38 FCD6 = = 26.424, 02
(1 + 0,14)5 (1 + 0,14)6
58.000
FCD7 = = 23.178, 96
(1 + 0,14)7

Após calcular o fluxo de caixa descontado, realizamos a mesma analise


realizada no payback efetivo.

Ano I. Inicial FC FCD Falta recuperar


0 200.000 (200.000)
1 58.000 50.877,19 (149.122,81)
2 58.000 44.629,12 (104.493,69)
3 58.000 39.148,35 (65.345,34)
4 58.000 34.340,66 (31.004,69)
5 58.000 30.123,38 (881,04)
6 58.000 26.424,02 25.542,72
7 58.000 23.178,96

Sabemos que o payback descontado está entre cinco e seis anos, para
determinar o tempo exato, realizamos a regra de três:
no ultim ano 881, 04
M= x12 = 12 = 0, 40 meses
de ano 26.424, 02

Fazemos o mesmo para encontrar quantos dias é equivalente a 0,40 meses.


D=valor em meses X 30 dias=0,40 x 30=12 dias
Dessa forma, o payback descontado desse investimento é 5 anos e 12 dias.
Podemos observar que o tempo do retorno aumentou consideravelmente
quando consideramos o valor do dinheiro no tempo.

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SUMÁRIO 75
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Essa técnica consegue solucionar o problema do valor do dinheiro no tempo. Quan-


do realizamos o desconto dos fluxos de caixa e calculamos os seus valores presentes,
estamos justamente considerando essa situação.

Mas as demais criticas continuam validas. Continua levando em consideração somen-


te os fluxos de caixa até obter o retorno do investimento, e considera que os valores
serão recebidos de forma constante ao longo do ano.

Mas se necessitamos identificar o tempo de retorno para tomada de decisão de um


investimento, o mais indicado é a utilização do payback descontado.

5.2.4 VALOR PRESENTE LÍQUIDO (VPL)

O valor presente liquido (VPL) é o valor monetário que o investimento irá gerar para a
empresa, e como o nome já indica, é um valor liquido e considera o valor do dinheiro
no tempo (através do valor presente).

Para avaliar o VPL de um investimento, precisamos primeiramente calcular o valor pre-


sente dos fluxos de caixa. Em segundo lugar, realizar a somatória dos fluxos de caixa
descontados. E por ultimo, realizar a subtração da somatória pelo investimento inicial.

Dessa forma, a equação do VPL é:

FCn
VPL    Ii
(1  i ) n

Onde: VPL = Valor presente líquido;

Ii = Investimento inicial.

Se a somatória dos fluxos de caixa descontados for maior que o investimento inicial,
isso significa que os recebimentos serão maiores que o gasto realizado no investi-
mento. Isso é a situação desejada para um bom investimento, que ele lhe ofereça um
bom retorno.

Nesse caso, se o VPL for maior ou igual a zero, o investimento está conseguindo ofere-
cer a remuneração a empresa, e o projeto poderá ser aceito. No caso contrario, quan-

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Finanças Empresariais

do o VPL é negativo, isso significa que o investimento é superior aos recebimentos, in-
dicando que o projeto representa um prejuízo para a empresa, devendo ser rejeitado.

Um VPL igual a zero também é considerado um bom


investimento. Isso ocorre porque para realizar o desconto dos
fluxos de caixa, utilizamos a taxa de rentabilidade exigida pelo
investidor. Assim sendo, quando o VPL é igual a zero, o projeto
está oferecendo exatamente o retorno exigido pelo investidor,
sendo um projeto aceitável.

Podemos verificar a aplicação dessa técnica na continuação do exemplo utilizado ao


longo dessa unidade.

Calcule o VPL e indique se o investimento deve ser aceito pela


empresa Speed. Considerando que a taxa de rentabilidade exigida
pelos investidores é 14% ao ano.
Considerando os fluxos de caixa, o investimento inicial, e aplicando
isso na equação, temos:

58.000 58.000 58.000 58.000 58.000 58.000


VPL      
(1  0,14) (1  0,14) (1  0,14) (1  0,14) (1  0,14) (1  0,14)6
1 2 3 4 5

58.000
  200.000  48.721, 68
(1  0,14)7

O VPL do novo equipamento é $ 48.721,68, dessa forma, aceitamos o projeto


pois ele consegue remunerar a empresa de forma superior ao exigido pela
empresa, em um montante superior a $ 48.000. Podendo ser considerado um
bom investimento.

No caso de realizar a analise de duas ou mais opções de investimentos, o projeto que


obtiver um VPL maior é a escolha preferida, já que quanto maior o VPL do projeto,
mais dinheiro ele está gerando para o investidor.

O VPL também recebe algumas criticas devido a sua metodologia. A primeira é que
ele considera o reinvestimento total dos fluxos de caixa ao longo do tempo, isto é, a

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SUMÁRIO 77
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técnica do VPL considera que não haverá retiradas de valores ao longo do projeto,
somente no seu termino. Fato esse que não ocorre de maneira corriqueira.

A segunda critica que o VPL recebe, é que projetos que possuem um tempo de vida
maior, possui uma probabilidade de representar um VPL maior. Quando estamos
comparando dois projetos, e um apresenta resultados por 10 anos, e outro por 5 anos,
o projeto que apresenta retornos por 10 anos possui uma probabilidade maior de
possuir um maior VPL somente por ter um tempo maior.

Embora existam essas criticas, o VPL é uma das melhores técnicas de tomada de de-
cisão de investimentos, principalmente quando estamos querendo obter uma anali-
se de quanto (em valor) o investimento irá gerar para o investidor.

5.3 TAXA INTERNA DE RETORNO (TIR)

A taxa interna de retorno (TIR), é a taxa de rentabilidade que o projeto oferece ao


investidor. É um resultado percentual, que facilita a comparação entre diferentes pro-
jetos.

A TIR é derivada do VPL, isso porque a taxa de rentabilidade (i) utilizada para realizar
o desconto dos fluxos de caixa, afeta diretamente o valor final do VPL. Quanto maior a
taxa de desconto utilizada, menor o VPL do projeto, e quanto menor essa taxa, maior
o seu VPL.

Para ficar mais claro, vamos observar o exemplo.

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78 SUMÁRIO
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Qual o VPL do investimento no novo equipamento da empresa


Speed, considerando a seguinte taxa de rentabilidade: a) 10%
b) 20%

Para 10%, temos:

58.000 58.000 58.000 58.000 58.000 58.000


VPL      
(1  0,10) (1  0,10) (1  0,10) (1  0,10) (1  0,10) (1  0,10)6
1 2 3 4 5

58.000
  200.000  82.368, 29
(1  0,10)7

Para 20%, temos:

58.000 58.000 58.000 58.000 58.000


VPL      
(1  0, 20) (1  0, 20) (1  0, 20) (1  0, 20) (1  0, 20)5
1 2 3 4

58.000 58.000
  200.000  9.066, 32
(1  0, 20) (1  0, 20)7
6

Conforme o exemplo, vemos que a alteração da taxa de rentabilidade representa


uma alteração no VPL final. Dessa forma, podemos afirmar que existe uma taxa de
desconto no qual o VPL é igual a zero. Quando isso ocorre, denominamos essa taxa
de TIR.

Ou seja:

FCn
VPL = ∑ − Ii =
0 ⇔ i=
TIR
(1 + i ) n

Isso ocorre porque quanto maior a taxa de desconto, menor o VPL, podemos visuali-
zar através do gráfico:

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SUMÁRIO 79
Finanças Empresariais

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018

Portanto, para encontrar a TIR de um investimento, precisamos identificar qual a taxa


que torna o VPL igual a zero. Pelo gráfico podemos identificar que a TIR do nosso pro-
jeto se encontra entre 21% e 22%. Para ser mais exato, a TIR desse projeto é 21,64%.

Para identificar a viabilidade do projeto pela TIR, fazemos a seguinte analise. Se a TIR
for maior que a taxa de rentabilidade (i) exigida pelos investidores, o VPL se torna po-
sitivo e podemos aceitar o projeto. Já quando ocorre o contrario, a TIR é inferior a taxa
exigida, o VPL é negativo, tornando o projeto inviável financeiramente.

O principal problema dessa técnica é que ela só pode ser utilizada quando temos um
fluxo de caixa tradicional. O fluxo de caixa tradicional é aquele que passa de negativo
para positivo uma única vez. Quando esses valores são alternados, o fluxo de caixa
não é tradicional, e a TIR não pode ser calculada.

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80 SUMÁRIO
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Fluxo de Caixa Tradicional

58000 58000 58000 58000 58000 58000 58000

0 1 2 3 4 5 6 7

-200000

Fluxo de Caixa Não Tradicional

50000 50000
4000 40000 40000 40000

0 4
1 2 3 5 6 7
-20000

-100000

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SUMÁRIO 81
Finanças Empresariais

CONCLUSÃO
Conseguimos definir que o fluxo de caixa de uma empresa, ou projeto, é o resultado
das entradas e saídas dos valores no seu caixa. Aprendemos também a sua importân-
cia para o controle do orçamento de caixa, oferecendo a possibilidade de um maior
controle sobre a necessidade de capital de giro.

Calculamos o fluxo de caixa de um projeto, levando em consideração as receitas e des-


pesas que afetam diretamente o caixa. Identificamos a importância da depreciação
ao estimar o fluxo de caixa, mesmo ele não sendo contabilizada ao final do processo.

Estudamos também como estimar o payback efetivo e descontado, VPL e TIR utili-
zando os fluxos de caixa estimados. Verificamos também quais os principais proble-
mas de cada uma dessas técnicas.

Por fim, analisamos a viabilidade de um investimento de acordo com cada uma das
técnicas aprendida. Vale destacar que o uso em conjunto de todas as técnicas aqui es-
tudadas, oferece uma analise mais completa possível sobre as características do projeto.

Também podemos destacar a importância do fluxo de caixa para a estimação da


viabilidade econômica dos investimentos.

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82 SUMÁRIO
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UNIDADE 6

OBJETIVO
Ao final desta
unidade,
esperamos
que possa:

> Calcular o custo médio


ponderado de capital;

> Escolher a melhor fonte


de capital próprio;

> Estimar como a política


de dividendo afeta o valor
da ação;

> Examinar as opções


de financiamento de
terceiros.

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SUMÁRIO 83
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6 DECISÕES DE
FINANCIAMENTO
Como você, uma empresa precisa determinar como pagar as suas contas, e qual
a origem dos recursos utilizados para realizar os investimentos. Dessa forma, a em-
presa precisa decidir se vai financiar suas atividades através de capital próprio ou de
terceiros. Qual são as características de cada uma dessas fontes de financiamentos?
E como abordar podemos utilizar esse conhecimento para escolher a melhor fonte
para a nossa empresa?

6.1 DECISÕES DE FINANCIAMENTO

O objetivo da administração financeira é maximizar o valor da empresa e dos seus


proprietários. A principal forma de conseguir esse objetivo é com boas decisões de
investimentos, mas para realizar investimento são necessários recursos. Em caso con-
trario, quando há falta de recursos, a empresa pode deixar de realizar investimentos,
diminuindo sua capacidade de competição no mercado.

Dessa forma, é importante que a empresa possua boas fontes de financiamento, se-
jam elas bancos ou investidores dispostos a aplicar em seus projetos. Existem dois
tipos de recursos que podem financiar os investimentos, o capital próprio e o capital
de terceiros.

O capital próprio é o recurso que pertence diretamente a empresa ou aos seus acio-
nistas. Exemplos de capital próprios são os lucros retidos, dinheiro arrecadado pela
venda de ações no mercado primário, aporte dos proprietários, entre outras. Ou seja,
capital próprio são recursos oriundos da própria empresa.

Já o capital de terceiros são recursos oriundos de agentes externos a empresa. O capi-


tal de terceiros são os empréstimos, dividas negociadas pela empresa, prazo ofereci-
do pelos fornecedores, entre outros. Todo o recurso oriundo de fora da empresa pode
ser considerado como capital de terceiros.

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Outra forma simples de identificar o capital de terceiro ou capital


próprio, é tomar como base o Balanço Patrimonial da empresa.

O capital próprio são todos os valores no Patrimônio Líquido,


enquanto o capital de terceiros são os valores no Passivo.

Ativo Passivo
Capital de Terceiros

Patrimônio
Líquido

Capital Próprio

Fonte: Elaborado pelo autor, 2018.

Portanto, é normal que os investimentos realizados por uma empresa possuam re-
cursos de próprios e de terceiros, e esses recursos têm custos distintos. Dessa forma, o
custo de capital da empresa deve ser uma media ponderada desses capitais.

6.1.1 CUSTO MÉDIO PONDERADO DE CAPITAL (CMPC)

Para conseguir calcular o médio ponderado de capital (CMPC), precisamos dos cus-
tos de capitais individuais de cada fonte de recurso para o investimento realizado.
Para completar a analise, precisamos da porcentagem em relação ao total de cata
tipo de recurso.

Os riscos assumidos pelos acionistas (proprietários) são maiores do que os assumidos


por terceiros. Isso ocorre principalmente por dois motivos:

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SUMÁRIO 85
Finanças Empresariais

• Os acionistas só recebem a remuneração após todas as demais obrigações


serem pagas, pois essa remuneração depende do lucro liquido da empresa;

• Os retornos dos acionistas não são garantidos, podendo se tornar muito me-
nor do que o esperado, dependendo de sua variação.

Além disso, em caso de falência da empresa, os acionistas são os últimos na lista para
receberem algum dinheiro, ou seja, primeiro são pagas as responsabilidades traba-
lhistas, fornecedores, financiamentos, impostos, e se sobrar algum valor os acionistas
conseguem recuperar algum valor investido. O que muitas vezes não ocorre.

O custo de capital de terceiros normalmente é menor, já que normalmente esses fi-


nanciamentos exigem garantias para ofertarem o recurso, além do pagamento ocor-
rer ao longo do tempo, independentemente da obtenção de lucro por parte da em-
presa. Em caso de não pagamento, o credor pode exigir o bem dado como garantia.

Outra situação que beneficia o uso de capital de terceiro, é que o seu pagamento
ocorre antes do pagamento de imposto de renda, isto é, o financiamento de terceiro
tem um beneficio fiscal, pois se não houvesse o pagamento do financiamento, paga-
ríamos mais de imposto de renda.

Todas essas situações resultam na preferencia pelo uso de capital de terceiro. Mas é
impossível realizar investimento com 100% financiado, sempre é necessário o uso de
alguma parte de capital próprio.

Portanto, o CMPC é a media ponderada dos custos de capital próprio com o capital
de terceiros, ponderado pela porcentagem de tipo de recurso. Dessa forma, a equa-
ção é a seguinte:

CMPC  K t x(1  IR) xPt  K e xPe

Onde: CMPC = Custo médio ponderado de capital;

Kt = Custo de capital de terceiros;

Ke = Custo de capital próprio;

Pt = Porcentagem de capital de terceiros;

Pe = Porcentagem de capital próprio;

IR = Aliquota de Imposto de renda.

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86 SUMÁRIO
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Podemos destacar que a multiplicação do custo de capital de


terceiros por um menos a alíquota de imposto de renda {Kt(1-
IR)}, é para conseguir capturar o efeito do beneficio fiscal do
financiamento, como explicado anteriormente.

Já para identificar a porcentagem de cada capital que está empregado no projeto,


basta utilizar a seguinte formula:

Ct Ce
Pt  � � � � � � � � � � � � � Pe 
Ct  Ce Ct  Ce

Onde: Ct = Valor de capital de terceiros;

Ce = Valor de capital próprio.

Dessa forma conseguimos calcular o CMPC de um projeto.

A empresa Office está realizando investimento em uma


nova fabrica, que requer um investimento de $ 500.000,00.
A empresa conseguiu um financiamento bancário de $
300.000,00 a uma taxa de juros de 14% ao ano. O restante
do valor vai ser investido pela própria empresa, que exige um
retorno de 22% ao ano, pelo capital investido. Considerando que a empresa
se enquadra na alíquota de 34% de imposto de renda, qual o CMPC da nova
fábrica?

300.000 200.000
t = = 0= ,6 Pe = 0, 4
300.000 + 200.000 300.000 + 200.000

= 0,14 x (1 − 0, 34 ) x0, 6 + 0, 22 x0, 4 =


CMPC 0,18 ou 18%

O CMPC desse projeto é de 18% ao ano.

Visto como realizamos o calculo do CMPC, podemos verificar as fontes de recursos


que uma empresa possui, além de conseguir calcular o seu custo. Os tópicos seguin-
tes irão abordar quais as fontes que a empresa pode recorrer para obter recursos.

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SUMÁRIO 87
Finanças Empresariais

6.2 FINANCIAMENTO POR CAPITAL PRÓPRIO

Como dito anteriormente, as fontes de financiamento por capital próprio são as ações
e a retenção de lucros da empresa. Mas como exatamente essas formas de financia-
mentos funcionam e conseguem gerar recursos para investimentos?

Vamos abordar primeiramente os lucros retidos, que é bastante simples. Todo lucro
da empresa pertence automaticamente aos seus acionistas, sendo ele distribuído ou
não. Por isso que consideramos os lucros retidos fonte de capital próprio.

6.2.1 LUCROS RETIDOS

Se uma empresa obtém lucro, mas não realiza a sua distribuição de forma completa,
essa parcelo que ficou retida deve ser utilizada na empresa de alguma forma. Entre-
tanto, essa forma de autofinanciamento possui suas restrições, a principal delas é que
dificilmente uma empresa consegue gerar lucros suficientes para financiar todos os
seus investimentos.

Em especial empresas novas e que apresentam um grande crescimento, possuem


uma maior dificuldade em se autofinanciar. Uma empresa com alto crescimento
significa que ela está com uma alta demanda de recursos para financiamento, sendo
incapaz de se auto financiar.

Empresas mais maduras normalmente conseguem lucros mais consistentes, e pos-


suem menores demanda para novos projetos, conseguindo um equilíbrio melhor
entre a retenção de lucro para financiamento. Mas mesmo essas empresas, não são
capazes atender toda sua demanda dessa forma.

6.2.2 AÇÕES

Outra forma de financiamento de capital próprio é a emissão de ações pela empresa.


A ação é uma parte da empresa, e a sua posse significa que você é proprietário da
empresa emitente da ação.

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Para ficar mais fácil o seu entendimento, imagine que uma empresa decide emitir
ações no mercado. O que ela faz é pegar toda sua empresa e dividir em pequenos
pedaços, e cada pedaço significa uma parte especifica da empresa, essa parte nos
chamamos de ação. Ao adquirir uma ação, você está se tornando dono daquela parte
da empresa, e quando mais ações se tiver, maior sua participação.

Portanto uma empresa com capital aberto pode ter milhares de donos, já que qual-
quer pessoa ou empresa pode comprar e vender as ações dessa empresa nas bolsas
de valores.

são de ações é capaz de financiar os investimentos necessários da empresa? Quando


uma empresa decide lançar ações no mercado pela primeira vez, ou seja, no merca-
do primário. Isso significa que a empresa possui a posse de todas as ações que serão
negociadas, quando é realizado a sua venda, todo o dinheiro arrecadado pela sua
venda irá para o caixa da empresa, podendo ser utilizada para investimentos.

As vantagens da emissão de ações é a sua alta liquidez e a grande quantidade de re-


cursos disponíveis, isto é, as ações são facilmente negociadas no mercado. Contudo,
essa forma de financiamento não é a mais utilizado.

A emissão de ações são situações complexas e custosas para a empresa, deman-


da um grande período de preparação. Por isso, as empresas evitam ficar realizando
emissões constantes de ações. Além disso, essa ação constante resulta na desvalori-
zação das ações existentes, reduzindo a arrecadação proveniente desse método.

Leia a dissertação “Porque uma empresa faz IPO – um estudo de


caso”, de Vera Lucia de Assis Campos, defendida na Fundação
Getúlio Vargas, disponível na internet, e aprenda um pouco mais
sobre a emissão de ações e seus custos.

Do mesmo modo, as ações exigem um custo adicional, que é a remuneração para os


acionistas. Essa remuneração pode ocorrer através de pagamento de dividendos ou a
valorização do valor da ação.

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SUMÁRIO 89
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6.2.2.1 POLITICA DE DIVIDENDOS

A politica de dividendos da empresa é a definição de como ela irá realizar a remune-


ração dos seus acionistas. Existem algumas decisões a serem tomadas nessa situação.

A primeira situação é se a empresa irá distribuir todo o lucro obtido, ou irá reter al-
guma parte desse lucro para realizar investimentos. Essa definição é importante pois,
determina qual será o nível de remuneração oferecida aos acionistas, afetando a es-
trutura de financiamento da empresa. Já que se não houver lucros retidos, será ne-
cessário a outra forma de financiamento.

Outra decisão a ser tomada quando a politica de dividendo é a forma de remunera-


ção do acionista da empresa, existindo basicamente duas formas:

• Pagamento de dividendos: a empresa decide realizar a distribuição do lucro


através de dividendos, seja ele de forma total ou a parte não retida dos lucros.
Essa forma de remuneração distribui o dinheiro diretamente para os proprie-
tários das ações;

• Recompra de ações: a recompra de ações com os lucros obtidos pela empresa


significa uma remuneração para o acionista pois, com a redução de ações no
mercado, significa que cada acionista possui uma parte maior da empresa, va-
lorizando o seu preço. Diferente do pagamento de dividendos, a valorização da
ação só remunera o acionista se o mesmo decidir vender a ação no mercado.

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90 SUMÁRIO
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Considere que a empresa Pack SA obteve um lucro de


$ 2.000.000 esse ano, e prevê obter um lucro de $ 3.000.000
do próximo ano até o infinito. Atualmente a empresa
possui 1.000.000 de ações no mercado e exige uma taxa de
rentabilidade de 12% ao ano. Considerando as seguintes
situações calcule o valor da ação:

a) a empresa irá distribuir todo o lucro obtido na forma de dividendos.

b) a empresa irá realizar a recompra de ações com o lucro obtido nesse


ano pelo valor de $ 27,00 cada ação, e irá distribuir os demais através de
dividendos.

a) podemos calcular o preço da ação:

3
PA  2   27, 00
0,12

O preço da ação distribuindo o valor através de dividendos é de $ 27,00.

b) O primeiro passo é calcular quantas ações podemos recomprar ao preço


de $ 27,00:
2.000.000
=R = 74.074, 07 ações recompradas
27

Qa  1.000.000  74.074, 07  925.925, 93 Ações no mercado

Restam 925.923,93 ações no mercado, dessa forma os dividendos pagos seram


de 3,24 por ação:

3.000.000
=DIV = 3, 24
925.925, 93

3, 24
PA
= = 27, 00
0,12

O preço da ação recomprando as ações e depois distribuindo os dividendos é


de $ 27,00.

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SUMÁRIO 91
Finanças Empresariais

Como podemos perceber no exemplo, a forma de remuneração escolhida não afeta


o valor da remuneração, mas somente a sua forma. Com o pagamento somente de
dividendos, os acionistas irão receber um valor inferior de dividendo, mas por mais
tempo. Enquanto que para a recompra de ações, o acionista não receberá dividendos
hoje, mas receberá um valor maior de dividendos no futuro.

6.3 CAPITAL DE TERCEIROS

O capital de terceiros é todo recurso que não pertence aos proprietários da empresa,
isso incluem os fornecedores, empréstimos, promessas de pagamentos e qualquer
prazo que a empresa recebe para realizar um pagamento.

Como os prazos ofertados pelos fornecedores nem sempre podem ser negociados, e
possuem uma limitação aos produtos ofertados, dificilmente essa é a principal forma
de financiamento.

Vamos abordar aqui formas de capital de terceiros que não são muito acessíveis para
as pessoas de uma forma geral. Explicaremos como funciona o financiamento atra-
vés do leasing, lançamento de títulos, nos tópicos seguintes.

6.3.1 LEASING

O leasing é considerado como um aluguel de um bem. Dessa forma, ele só pode ser
utilizado para bens moveis, como veículos, equipamentos, moveis, entre outros. A par-
te operacional do leasing é basicamente a mesma que um empréstimo convencional.

Quando realizamos o leasing de uma bem, estamos alugando o bem por um valor
mensal fixo por um período determinado. Após esse período, a empresa pode ficar
com o bem com o pagamento de um valor residual garantidor (VRG).

Mas porque escolheríamos realizar o leasing de um bem, ao invés de realizar um fi-


nanciamento tradicional? Existem dois motivos principais para que isso ocorra:

• Primeiro é a necessidade de manter os equipamentos ou veículos sempre no-


vos, não possuindo o interesse de mantê-lo ao final do contrato;

• O segundo é o beneficio fiscal que o leasing oferece.

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92 SUMÁRIO
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Vamos abordas esses dois pontos a seguir.

Quando necessitamos sempre ter os equipamentos novos, não faz muito sentido
comprar equipamentos e com pouco tempo vende-los. Repetindo essa situação va-
rias vezes por um curto período.
Assim sendo, o leasing soluciona essa situação. Quando se realiza o leasing do bem,
pagamos um valor mensal, ao termino do contrato, como não possuímos o interesse
de ficar com ele, devolvemos e realizamos um novo leasing com um equipamento
novo. Dessa forma mantemos sempre o equipamento mais atualizado, sem ter que
desembolsar valores para comprar o bem, nem na logística para realizar a sua venda.

Já o beneficio fiscal dessa forma de financiamento é simplesmente uma questão


técnica. Como é considerado um aluguel, todo o valor gasto com esse financiamento,
é considerado uma despesa financeira com aluguel. Enquanto que, quando realiza-
mos um empréstimo, o único valor que podemos considerar como despesa financei-
ra é os juros pago pelo empréstimo.

Portanto, ao realizar um leasing, pagamos menos imposto de renda, ao comparar


com o mesmo financiamento feito através de um empréstimo. E como é sempre
bom pagar o menor valor de imposto, consideramos um beneficio fiscal por está rea-
lizando um aluguel.

Mas esse tipo de financiamento só pode ser realizado com bens determinados, por
isso possui uma limitação na sua utilização. Como alternativa para essa questão, te-
mos a opção de realizar a emissão de títulos, como vamos ver no tópico seguinte.

6.3.2 TÍTULOS CONVENCIONAIS

A emissão de títulos convencionais por uma empresa é utilizada quando é necessá-


rio recursos para investimentos diversos. A emissão desse titulo nada mais é que a
promessa de pagamento de um valor no futuro e com um prazo determinado.

Ou seja, a empresa promete pagar um valor no futuro, em uma data especifica, e


para isso, vende esse titulo no mercado hoje. Dependendo da reputação da empre-
sa, esse titulo pode ser mais valorizado ou menos.

A emissão de um titulo por uma empresa segue as mesmas características de um


titulo da divida publica, a única diferença é que a segunda é emitida pelo Governo,
enquanto a primeira é por uma empresa, podendo ela ser privada ou publica.

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SUMÁRIO 93
Finanças Empresariais

O titulo de uma empresa também pode realizar pagamentos periódicos ao longo


do tempo, que são chamados de cupons. Além disso, o valor pago no vencimento
do titulo é chamado de valor de face e seu período ate o vencimento é o prazo de
vencimento.

As vantagens da utilização de títulos, é que o recurso arrecadado no mercado não


possui a obrigatoriedade de um bem atrelado, isto é, a empresa pode utilizar o valor
arrecadado para realizar vários tipos de investimentos. Além de não ser obrigado
haver um bem como garantia.

Dessa forma, o titulo nada mais é que um contrato que a empresa se compromete a
realizar um pagamento, ou pagamentos, no futuro.

A desvantagem é que quando comparado com um empréstimo tradicional, a emis-


são de um titulo possui um custo inicial mais alto que o empréstimo, e que depen-
dendo da situação que a empresa se encontra no mercado, ela não será capaz de
arrecadar os recursos necessários para o investimento.

CONCLUSÃO
Nesta unidade aprendemos a importância de se tomar a decisão correta quanto a
forma de financiamento de uma empresa. E para que essa decisão seja tomada de
forma correta aprendemos a realizar o calculo do custo médio ponderado de capital
(CMPC).

Vimos também que nas opções de capital próprio podemos reter os lucros obtidos
ao longo do tempo para financiar novos investimentos e as atividades da empresa, ou
podemos emitir novas ações para esse fim.

Ao escolher essas formas de financiamento, estudamos o impacto que a politica de


dividendo possui no preço da ação, sendo uma parte importante a ser considerada
quando estamos decidindo qual forma de financiar a nossa empresa.

Aprendemos também que possuímos a opção de financiar nossas atividades através


de capital de terceiros. Nessa alternativa, examinamos que possuímos varias alterna-
tivas, dependendo da finalidade do recurso necessários e das características que a
empresa deseja transparecer.

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Finanças Empresariais

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