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manual de tiago v. zanella direito do MAR Digitalizado com CamScanner ZONA CONTIGUA 15.1. Conceito A Zona Contigua - ZC ~ surgiu pela primeira vez a partir dos Hovering acts britinicos, os quais permitem i embarcagées da Armada Reala fiscalizagao e captura de transgressores em uma zona além do Mar Territorial, conforme ja abordado.A funcio primordial deste es- paco era o combate ao contrabando ¢ 4 pirataria, bem como controlar a seguranga na costa britanica. Idealizado, nao para violar o principio da liberdade de navegagio (uma vez que esta zona nio se sujeitava a soberania nacional) este espago veio para ampliar os direitos de juris- dicdo do Estado costeiro € proteger os interesses nacionais, uma vez que a largura do Mar Territorial usualmente utilizada na época - de 3 milhas - j4 nao garantia a seguranca dos paises ribeirinhos. Posteriormente, diversos Estados come¢aram a adotar medidas semelhantes, com a finalidade de expandir a fiscalizagao de contraban- do e garantir a seguranga nacional", Todavia, a primeira tentativa de regulamentacio de caréter internacional foi produzida pelo Instituto de Direito Internacional, no Projeto de Codificagio sobre as regras © MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de... Op. Cit. B.1162:"Nos EUA, desde 1799, encontramos legislagio semelhante & inglesa, mas que nio foi revogada no século XIX. O Volstead Act (‘Lei seca”) de 1919, pelo seu Supplemental Act, de 1921, era aplicado a todos os territ6rios submetidos & jurisdigio norte ; esta legislagio a uma distincia americada. As autoridades dos EUA impuseram \ i 922 pel ct, provocando 0 até 12 milhas, o que foi confirmado em 1922 pelo Tariff Act, pro protesto de diversos paises estrangeitos. [.~] oe Em 1876 uma lei brasileira autorizou os comandantes de naviog de lcs alfandegiria a deterem e viitarem os navios suspeitos de contraba 2 distancia de 12 milhas da costa. 211 Digitalizado com CamScanner relativas ao Mar Territorial em tempos de paz (na sessio d Estoco fn 1928). Neste documento, os Estados ficavam autorizados numa ,, contigua ao Mar Territorial que mio excedesse 9 milhas mar ttm, ‘le extensio de dre adictonal =a tomar todas as medidas 42, ° ; . in, para a sua seguranga, sade publica e fiscalizacio Na Conteréneia de Hata de 1930 também houve implementacio de um regime internacional universal Contig: 4 tentativa g Pata a Zon, 1, mas foi somente com a Convencio sobre o MarTerri, ‘rial © Zona Contigua de 1958 que este espaco maritimo foi Tegulamen, tado (no artigo 24°).A Convengio entendeu este espaco COMO “um, zona do Alto Mar contigua ao seu Mar Territorial” na ual o Estag,, costeiro teria legitimidade para atuar em determinadas situacdes: A aceitacio da adocdo deste no texto citado ocorreu de Modo relativamente facil, isto por duas razdes fundamentais: Primeiro, em, fungio da pequena extensio, de 12 milhas a partir das linhas de base, como largura maxima desta Zona Contigua, a qual Muitas vezes se misturava ao proprio Mar Territorial; segundo, em razio dos Poderes do Estado costeiro neste €spago, que nao derivavam de sua sobera- nia, mas tinham um carater muito mais Testritivo. Ademais, a Pratica internacional eo direito consuetudinitio jé reconheciam que uma faixa maritima adjacente ao Mar Territorial era Passivel de fiscalizacio pelos Estados ribeirinhos, “zona contigua ao seu Mar Territorial, + [em que] 0 Estado Costeiro pode tomar as medidas de fiscalizacio necessarias”*5, Nota-se que a Convencio de 1982 retirou do texto a €xpressio “zona do Alto Mar”, presente no texto de 1958. denominada zona contigue, facultativo do Estado Costeiro. Portugal Por exemplo, j4 teve uma Zona Contigua, deixou de tere voltou a ‘A mesma tendéncia encontramos na Franca (que fixou em 12 milhas em 1817), na Rissia (que em 1909 fixou em 12 milhas),a Espanha e em Portugal (que determinaram seis milhas)” Projet de réglement relaif ‘li mer territorale en temps de paix, Op. Cit. Artie 12 Convengao sobre 0 Mar Territorial ¢ Zona Contigua, 1958, Op. Cit. art. 24. CNUDM. Art. 33, n°1 212 Digitalizado com CamScanner gir Teve quando adotou a Convengio de 1958 (através da Lei post 30), fixando a sua largura em 12. milhas a contar da linha de hse. Denon de ter quando adotou a Lei n® 33 de 1977 que fixava Pargunt do Mar Territorial em 12 mithas, fazendo com que esta {prepusese & Zona Contigua; ¢ recuperou no exato momento em gue adotou 0 DL ne 43 de 2002, criando o Sistema da Autoridade Maritima, cujo artigo 5° dispde que Portugal exerce os poderes gaubelceidos pela Convengio de Montego Bay para a Zona Con- tiga: Atualmente a lei em vigor que tutela a ZC portuguesa é a Lei n® 34 de 2006 que determina a extensio das zonas maritimas fob soberania ou jurisdigio nacional e os poderes que o Estado Portugués sobre elas exerce, bem como aqueles exercidos no Alto Mar. Nesta lei, no artigo 7° fica estabelecido que:‘‘o limite exterior da zona contigua é a linha cujos pontos distam 24 milhas nduticas do ponto mais proximo das linhas de base”*". Podemos entao entender 0 conceito de Zona Contigua como sendo um espago maritimo facultativo destinado A seguranga do | Estado costeiro e imbuido de determinadas faculdades de fiscaliza- cio e repressio de atos que violem alguns de seus direitos internos. Todavia, para Gidel - 0 grande teorizador da Zona Contigua - este espaco nao foi uma criagio dos juristas, mas da pratica histérica internacional dos Estados". A origem deste espa¢o, no plano doutrinério, tem fundamento em duas raz6es: a primeira € a comitas gentium, cortesia internacional que permite a um Estado ampliar as competéncias para além do seu Mar Territorial atendendo a determinadas finalidades, nomeadamente a de fiscalizacao. Esta cortesia é uma via de duas mios:a partir do momento em que o Estado institui a sua Zona Contigua, permite e aceita que “*Decreto-Lei n.° 43/2002, de 2 de Marco. Organizagio e Atribuigdes do Sistema de Autoridade Marftima (SAM). Art. 5°: O SAM exerce na zona contigua os poderes fixados na Convengio das Nagdes Unidas sobre 0 Direito do Mar, em conformidade com a legislacio aplicavel iquele espaco maritimo sob jurisdigio nacional. “ Lei n® 34/2006, de 28 de julho. Determina a extensio das zonas maritimas sob soberania ou jurisdigio nacional ¢ os poderes que o Estado Portugués nelas exerce, bem como os poderes exercidos no Alto Mar. GIDEL, Gilbert. Le Droit International Public de la Mer. Tomo III : La mer ter- Titoriale et la zone contigue. Op. Cit. P. 361: “La zone contigue n'est pas une conception artificielle de juristes. C’est une donnée des faits et une création de Phistoire”, 213 Digitalizado com CamScanner Jemais também a estabelegam. A segunda rizio fundameney y chreito consetudinitio pots esta ze, pritica anternacional, no «ved ! re weeita com relatia unanimadade pela comunidade iternaciong 15.2 Delimitagao Os Tinntes dt Zona Contiguar no plano vertical mio si0 epg, ante postales, nom pela Convengio de 1958 nem peli CNUpyy Todavia.er interpretagio basilar de ambos os textos, che Se 4 CONC in dle que toda diva naveivel desta faisa maritima obedeve ao regulaniena, imposto para a Zona Contigua, Isto &, tanto a superficie como a ¢ ‘lung

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