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AULAS PRÁTICAS - DIREITO PENAL I-Cópia
AULAS PRÁTICAS - DIREITO PENAL I-Cópia
PENAL I
AULA 1 - 01.10.2020
CONCEITO FORMAL DE CRIME - razão normativa que abrange um plano objetivo e um plano
subjetivo. Único ramo do direito que associa a estatuição e à previsão. O Código Penal limita as
liberdades fundamentais, sendo elas uma consequência das sanções
ART. 18º/2 CRP - a gravidade das sanções criminais implica que estas só serão justificáveis
quando estivermos perante factos danosos ou direitos de grande valia constitucional - PRINCÍPIO
DA DIGNIDADE CRIMINAL. Neste sentido, é importante uma primeira análise dos filósofos do
Contrato Social (experiência de pensamento) porque tentaram encontrar fundamento para a figura
do Estado, assente numa lógica punitiva do Estado.
Questão 2 - Faz sentido a incriminação da ajuda à imigração não autorizada por motivos
económicos?
Faria mais sentido de acordo com LOCKE.
KANT - não defende uma ideia de livre arbítrio, ideia de que alguém é livre em função dos outros.
Uma ação é conforme o direito quando a sua máxima permitir fazer coexistir o livre arbítrio dos
outros. Não s tem em conta os interesses individuais.
AULA 2- 08.10.2020
Questão 3 - Como deve ser pensada a protecção penal dos animais de companhia? E dos
outros animais?
Nussbaum chama à importância dos animais no Contrato Social, na sua perspectiva do
Neocontratualismo. A democracia é quantitativa - aquilo que justifica a submissão do cidadão ao
Estado e o compromisso que estabelece ao restringir a sua liberdade é o facto de o Estado
.proporcionar uma vida digna
Relativamente aos animais, esta autora enuncia quais seriam os 3 assuntos de justiça:
necessidade de trazer para o Contrato Social as pessoas cm deficiência, que não eram incluídos em
.nenhuma doutrina clássica do Contrato Social; problema da nacionalidade; os animais
Ideia de proteção dos animais na sua relação com os humanos e na compaixão que os
.humanos despertem pelos animais. Por serem seres ativos não é uma situação de caridade
Para ela o sitio onde nascemos vai mudar as oportunidades de vida que cada pessoa vai ter.
O local de nascimento é importante para as questões de justiça levantados pelas desigualdades entre
.nações ricas e nações pobres
Rawls as penas não podiam interferir na esfera individual, sendo que a pena teria que invadir
a esfera do criminoso mas se isso fosse socialmente aceitável. Esta autor parte de uma situação de
equidade para todos, definindo um conceito de justiça sem saber. Martha diz que devemos partir da
nossa génese, procurando um submissão a uma vontade coletiva e há diferentes capacidades das
.pessoas e que têm de ser desenvolvidas
ART. 387º CP em conjugação com o 389º CP - proteção daqueles que têm relação com os
.seres humanos. É necessário saber que animais se trata
Como analisa o caso à luz das conceções da criminologia estudadas? Essa análise poderia
?ser importante para configurar as sanções criminais adequadas a ambos os agentes
AULA 4 - 15.10.2020
Suscitação do problema do conceito material de crime na jurisprudência constitucional
Deserção (Ac. TC n.º 211/95) .1
ACORDÃO 211/95
Crime de deserção punível nos termos no disposto no artigos 133º e 134º do Decreto-Lei nº
33.252 por se ter recusado a embarcar sem justificação no navinho da marinha mercante em que
estava matriculado como a categoria profissional de pescador. Este navio era propriedade de uma
empresa e estava atracado no Porto de Pescas de Averios devendo iniciar a viagem nesse mesmo
.dia
Estas normas devem ter-se por revogadas, ofendem os princípios constitucionais de direito
laboral, não podendo ser aplicadas de acordo com o art. 207º. Violação do princípio da
.proporcionalidade (art. 18º/2): da subsidariedade e da necessidade
Princípio da necessidade penal - expressão do juízo qualificado de intolerância social, na aperitiva >
.da sua criminalizarão
Neste caso o Tribunal faz essa análise prévia, proferindo que neste caso o que justifica a a
diferição é a censura pessoal feita pelo direito penal. Censurabilidade imanente, prévia das
.condutas
Falha o problema da dignidade - há bens menos gravosos que defenderiam aquela mesma
.situação
O TC para além de fazer a articulação da atividade penal com o princípio da necessidade
penal - o direito penal de bens jurídicos não pode atingir outros modos. Bem jurídico funciona se
tiver articulada com o Código penal, se for considerado vertice num Estado democrático, assente na
dignidade da pessoa humana. Bem jurídico é conceito útil mas dele não decorre que a norma seja
.considerada inconstitucional
AULA 5 - 22.10.2020
ACORDÃO 247/2005
ART 175º CP 2005 ‘Quem, sendo maior, praticar actos homossexuais de relevo com >
menor entre 14 e 16 anos, ou levar a que eles sejam por este praticados com outrem, é punido
’.com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias
ART. 174º CP 2005 ‘Quem tiver cópula com menor entre 14 e 16 anos, abusando da sua >
’.inexperiência, é punido com pena de prisão até 2 anos ou com pena de multa até 240 dias
Condenação de Michael pela prática de dois crimes de atos homossexuais com adolescentes,
.punidos pelo art. 175º CP - pena única de 2 anos e 6 meses de prisão
RECORRENTE - pede a apreciação da constitucionalidade da norma por entender violar o
.art. 13º/1 e 2 CRP, confrontado com o art. 174º
ALEGAÇÕES DO RECORRENTE: suscitou a questão da inconstitucionalidade do art. 175º CP,
.face aos arts. 13º/1 e 2 e 26º/1 CRP, conformado com o art. 174 CP
Os dois artigos apresentam uma disparidade de requisitos que vai além da exigência da
inexperiência do menor. No que respeita às relações homossexuais, para que o indivíduo maior seja
punido por se relacionar com um menor de 14 ou 15 anos é necessário que estejas cumpridos 3
requisitos e que estes sejam cumulativos: cópula, coito anal ou coito oral, prática pelo próprio
agente do crime e abuso da inexperiência do menor. Já se se relacionar com um menor entre os 14 e
16 anos basta que pratique um ato sexual de releve ou leve a que ele seja praticado pelo menor com
.outra pessoa
STJ e Tribunais da Relação de Lisboa e Porto entendem que beijo na boca, caricias, passar a
mão nas pernas com fins libidinosos são atos sexuais de relevo, um indivíduo que beije na boca um
menor de 14 ou 15 do mesmo sexo com o seu consentimento é punido automaticamente. Mas se se
.tratar de relações heterossexuais, é necessário os 3 requisitos
EXISTE NA LEI UM TRATAMENTO MAIS BENEVOLENTE COM AS RELAÇÕES
HETEROSSEXUAIS
:FUNDAMENTAÇÃO
Constitucionalidade da norma do art. 175º é posta em causa no plano da violação do
princípio da igualdade por tratamento desigual em termos incriminatórios das relações
.homossexuais com adolescentes face às heterossexuais
A criminalizarão deste comportamento demonstra que o legislador terá partido do
pressuposto que a prática deste tipo de atos pode ser prejudicial para o livre desenvolvimento da sua
personalidade (orientação sexual). Trata-se de assegurar um desenvolvimento sem perturbações no
que respeita à esfera sexual, já que as experiências podem ser traumatizantes e fonte de problemas
.para o desenvolvimento psíquico, intelectual e social
BENS JURÍDICOS TUTELADOS: autodeterminação sexual, livre desenvolvimento de
.personalidade
Do confronto dos arts. 174º e 175º CP resulta que as duas incriminações têm em vista a
tutela do mesmo bem jurídico - AUTODETERMINAÇÃO SEXUAL. A diferença que importa
ressalvar é que é irrelevante que o agente da prática do crime não tenha abusado da
inexperiência do menor no crime. Há punição mesmo que não haja “abuso de inexperiência”. No
.caso do art. 174º, este depende da verificação de que ocorreu um tal abuso
DECISÃO: Julgar INCONSTITUCIONAL, por violação dos artigos 13.º, n.º 2, e 26.º, n.º 1, da
Constituição, a norma do artigo 175.º do Código Penal, na parte em que pune a prática de actos
homossexuais com adolescentes mesmo que se não verifique, por parte do agente, abuso da
.inexperiência da vítima
Se se estabelece uma diferença de tratamento jurídico com base na orientação sexual se sem >
fundamento racional e do abuso inexperiência decorre a legitimação da intervenção penal por só
nestes casos haver dano, será então de concluir que a intervenção não é necessária quando esteja em
causa a pratica de um ato homossexual de relevo sem haver abuso da inexperiência do menor. Não é
.necessário restringir o direito à livre expressão da sexualidade
.Viola a proibição do excesso >
AULA 6 - 29.10.2020
ACORDÃO 75/2010
Inconstitucionalidade da alínea e)? não era inconstitucional >
Princípio da necessidade da pena >
O Tribunal considera que a introdução desta disciplina o legislador goza de uma liberdade. A
interrupção em fases subsequentes fica dependente de certas condições, ou seja, mesmo na presença
de outros métodos
Negacionismo – genocídio arménio (ac. TEDH Perinçek vs. Suíça) e o art. 240.º do CP .6
português
ACORDÃO 247/2005
Condenação pelo crime de negacionismo - levantando a questão do art. 10º da liberdade de
.expressão e a sua violação
Um político e historiador turco veio a negar a existência do genocídio arménio de 1915, em
três conferências na Suiça. Segundo ele, a alusão de genocídio imputável à Turquia foi obra de uma
combinação de imperialismos políticos. Os arménios teriam sido deslocados de um território para
outro da Turquia com a FINALIDADE DE OS PROTEGER DE UM CONJUNTO DE
.AGRESSÕES VIGENTES NO CONFLITO MUNDIAL DE 1914-1918
Veio a ser condenado pela prática do crime de negação de genocídio - aplicação do art.
261º/4 CP Suíço. Esgotou todos os meios, sem resultado e veio pedir recurso ao TEDH por
.violação do seu direito de liberdade de expressão - art. 10º §2 CEHD
O Tribunal, ao longo do acórdão afasta a questão do art. 7º da CEDH pela existência do art.
261º CP. Debruçou-se sobre o fim da medida, concluindo que as intervenções de Perincek não
.eram para perturbar a paz e a tranquilidade públicas
A intervenção judicial justifica-se na medida em que é necessária a protecção do interesse da
.comunica arménia
NECESSIDADE - Considerando que a liberdade de expressão não abrange apenas o discurso
consensual mas também a emissão de ideias que perturbam, chocam e preocupam, O TEDH
distingui a intervenção dele do discurso de ódio, punível por incitar ao ódio do negacionismo nazi -
.que não foi uma intervenção neutra na medida em que incitou a alguma forma de ódio
O art. 261º CP Suíço é muito amplo, dai as dúvidas: pune qualquer forma de negacionismo e
de revisionismo, estando cobertos o negacionismo dos crimes nazis como os do genocídio arménio
.ou qualquer outro
DECISÃO: não foi obtida por via de uma equilíbrio entre a liberdade de expressão de Perincek
(art.º 10.º da CEDH) e o direito à dignidade do povo arménio (art.º 8.º, direito à vida privada).
Considerou que o orador não exprimiu ódio ou desprezo para com os arménios, não incitou a
.qualquer ódio contra eles, não os estigmatizou
:A solução dada pelo Tribunal não foi pacífica
Para o juiz Nussberger, não existe da parte da Suíça uma violação substancial •
do art.º 10.º por ser difícil não reprovar o negacionismo, mas apenas uma violação
processual, por as suas autoridades não terem sabido equilibrar o direito à livre expressão
com o direito à dignidade arménia. O TEDH socorreu-se de um critério de tempo e de
distância geográfica para justificar a sua posição, que não é legítimo pois por ter sido
.mais recente não considera a prática menos condenável
Para os juízes Spielmann, Casadevall, Berro, De Gaetano, Sicilianos, Silvis e •
Kuris, este argumento de espaço físico e temporal também não favorece o acórdão do
TEDH. O genocídio arménio foi mesmo um genocídio, pelo que o TEDH deveria tê-lo
claramente assumido. Por outro lado, o tom do requerente, nos seus discursos, não foi de
amizade para com os arménios. Para este, houve insulto ao povo arménio da parte de
Perincek. A suposta falta de consenso europeu na questão, que faz com que nem todos os
Estados condenem o negacionismo, não afasta a noção comum de que se está, nalguns
casos, perante genocídios, entre os quais o caso arménio. A justiça suíça terá equilibrado
muito bem os direitos ao condenar Perincek. Estes juízes dizem ainda que a queixa nem
sequer deveria ter passado o crivo da admissibilidade, pois Perincek ao utilizar o direito
à liberdade de expressão terá atentado contra a própria integridade da CEDH,
colocando a em perigo. E assim, por abusar do direito de invocação de um dos artigos da
.CEDH, a queixa de Perincek nem sequer deveria ter sido admitida
AULA 7 - 05.11.2020
Prevenção geral - justifica a pena pela intimidação dos cidadãos na sua generalidade .2
relativamente à violação da lei penal. A pena seria um instrumento político-criminal que
afastava os cidadãos da prática de crimes através da ameaça penal estatuída pela lei, da
realidade da sua aplicação e da efetividade da sua execução. Para FEUERBACH a pena
serviria para impedir, quem tivesse tendências contrárias ao Direito, de se determinar por
.elas
Prevenção especial - o fim das penas é a intervenção sobre o cidadão delinquente, através .3
da coação psicológica, inibindo-o da prática de crimes ou eliminando nele a disposição para
.delinquir
REGENTE
Nenhuma das teorias dá uma resposta satisfatória ao problema da legitimidade da
pena. O ponto de partida deve ser a realidade da pena e não aquilo que ela idealmente deveria
ser. Fernanda Palma afirma que não terá cabimento proclamar que a pena não deve ser
retributiva onde a primeira necessidade humana que a pena pública satisfaz é a da
substituição psicológica da vingança privada - esta substituição que a pena assegura enquanto
retribuição racionaliza-se através do princípio da culpa derivado da dignidade da pessoa
.humana (art. 1º CRP) e da necessidade da pena (art. 18º/2 CRP)
.A pena só será legítima se for necessária preventivamente
Na pena está sempre uma ideia de reparação, de retribuição, retribuição essa hoje tida
como moderna em que a pena é entendida como uma pena retributiva justificada
.preventivamente
A prevenção geral só será critério racional de definição de fins da pena se se baseia
num efeito objetivo constatável, mensurável - a intimidação - mesmo que ele seja alcançado
.pelos mecanismos psicanalíticos da crença na validade da norma violada
A REGENTE diz-nos que a culpa não é só um pressuposto mas também um
fundamento, pois é ela que nos diz como é que o agente deve ser responsabilizado no caso
.concreto
Questão das finalidades das penas é uma questão de interpretação do art. 40º CP >
DECISÃO STJ: O arguido pede recurso ao STJ que conclui: provou-se que é pessoa estimada
quer no meio profissional a que pertence e não tem antecedentes criminais, atendendo à sua
personalidade, às condições da sua vida, familiar e profissional, sendo evidente a suspensão da
.execução da pena
O Acórdão recorrido violou o art 48º/2 o artigo 50º/1 CP de 1995, devendo ser revogado e
substituído por decisão que suspenda a execução da pena aplicada por período de tempo entre um
.ano e cinco anos
O Ministério Público julgou o recurso imprudente, salientando que não se apuraram
quaisquer circunstâncias excepcionais que permitissem a pretendida suspensão de execução da
pena. Os assistentes concluíram da mesma maneira, sublinhando que o circunstancionalismo
invocado pelo recorrente não é mais que o exigido a um homem médio de qualquer sociedade
:civilizada e que se verificaram circunstâncias impeditivas da pretensão do recorrente
;Não reconhecer a culpa •
;Não arrependimento •
Subidos os autos a este Supremo, após a vista a que se refere o art. 416º CPP efectuou-se o
exame preliminar no qual se não verificou circunstância obstaculizante do conhecimento do
.recurso. E, porque haviam sido requeridas alegações por escrito, foi fixado prazo para o efeito
Nas alegações do recorrente, reproduziram-se as razões do recurso e concluiu-se da mesma
maneira: manutenção do julgado, sublinhando-se o circunstancionalismo dos factos e a falta de
.confissão e arrependimento
:MATÉRIA DE FACTO
;O arguido circulava ao volante da sua viatura ligeira •
Havia estado numa festa de aniversário em Sintra e tinha uma taxa de álcool •
no sangue de 2,00 gramas por litro, como veio a ser detectado por teste efectuado por uma
;Brigada da G.N.R
Quando circulava já no interior da localidade, numa recta com boa •
visibilidade, veio a embater com a parte frontal direita da sua viatura nos peões B e C, que
;acabavam de atravessar a via
Em consequência do embate o peão referido, B sofreu externamente feridas •
;contusas, as quais lhe vieram a determinar a morte
Em consequência do embate o peão C sofreu fracturas. No hospital devido às •
;graves lesões falece
O arguido não regulou a velocidade do seu veículo por forma a ter em conta a •
circunstância de se encontrar no interior de uma localidade, bem como de existir no local
uma passadeira para peões, devidamente sinalizada, tendo derivado da situação de
embriaguez em que se encontrava, com a referida taxa de alcoolemia de 2,0 gramas por
;litro
:ARGUMENTOS A FAVOR
É pessoa estimada quer no meio profissional quer pela população e não tem antecedentes >
.criminais
Como ele próprio reconhece nas suas alegações, o instituto da suspensão da execução da pena tem >
como pressupostos materiais a personalidade do agente, as condições da sua vida, a conduta
anterior e posterior ao facto punível e as circunstâncias deste, a permitirem a conclusão de que a
simples censura do facto e a ameaça da pena bastarão para o afastar da criminalidade e satisfazer as
.necessidades de reprovação e prevenção do crime (artigo 48º/2 CP de 1982)
:ARGUMENTOS CONTRA
O argumento não se mostra contrário ao juízo emitido pelo tribunal da condenação: dada a >
qualidade de agente da autoridade do recorrente, não é credível que desconhecesse o sentido de tal
jurisprudência e a frequência com que se verificam acidentes como aquele em que participou e
.respectivas consequências para as vítimas
As "finalidades da punição” são a protecção de bens jurídicos e a reintegração do agente na
.sociedade
O legislador não cedeu ao propósito ilegítimo de solucionar por via legislativa a questão
dogmática dos fins das penas, antes se propôs oferecer à interpretação do direito critérios seguros e
:normativamente estabilizados de medida e escolha da pena, o que quer dizer
por um lado, que permanecem intatas as finalidades de prevenção, especial e •
geral e
por outro, que a protecção de bens jurídicos e a reintegração do agente na •
sociedade são objectivos que não se anulam mutuamente, antes exigem um adequado
.equilíbrio, em ordem a que um não sofra demasiada supressão em favor do outro
Quanto ao primeiro, é evidente que os bens jurídicos protegidos na norma incriminadora são >
altamente valiosos, pois está em causa a vida humana, bem supremo da pessoa. E a finalidade de
reintegração na sociedade não pode estimar-se como um desiderato preponderante, nomeadamente
quando a violação dos primeiros reclama protecção jurídico-penal adequada, expressa na pena
cominada na lei, no caso de relativa severidade. E a determinação da medida concreta da pena é
.feita em função da culpa do agente e das exigências de prevenção
O arguido agiu com culpa acentuada, na forma de negligência grosseira: conduzia o seu veículo >
em estado de alcoolemia muito superior ao permitido, não estando em condições de regular a
velocidade nem agir com a serenidade indispensável ao domínio do veículo que conduzia,
atendendo que na via onde circulava era uma povoação, próximo de uma passagem para peões
.assinalada, onde se impõem particulares cautelas na condução
.Não se vê qualquer razão susceptível de atenuar ou mitigar o seu grau de culpa
.Era agente de autoridade, tinha o particular dever de não conduzir no estado de alcoolemia >
:ARGUMENTOS A FAVOR
Invoca nas suas alegações que o grau de alcoolemia terá resultado de um "descuido", motivado >
por ter participado numa festa de aniversário, mas nem por isso deixou de violar o especial dever de
evitar esse estado. E, contrariamente ao que alega, não se provou que estivesse perfeitamente lúcido
.e consciente para poder conduzir
:ARGUMENTOS CONTRA
Para além da censura em termos de culpa, convergem fortes razões de prevenção: a falta de >
civismo e de perícia dos autores, as deficientes condições do parque automóvel, o estado da rede
rodoviária, são razões a imporem uma forte acção de prevenção geral no doseamento das penas.
.Além de ter actuado com culpa grosseira, os factos comprovam que actuou com culpa exclusiva
Apenas se provou, de modo a atenuar a pena, que não tem antecedentes criminais e que
é pessoa estimada no meio profissional e pela população. A questão da falta de arrependimento é
pouco relevante, o mesmo se diga quanto à falta de confissão. Tudo isso, porém, tem interesse
.primordial na determinação da medida concreta da pena
Os Magistrados do Ministério Público defendem que não há razões suficientes para que
seja decretada tal suspensão. Os argumentos do recorrente radicam na personalidade, nas condições
da sua vida, na conduta anterior e posterior aos factos e nas suas circunstâncias. Bastarão estas
?considerações para aconselhar a pretendida suspensão
:A FAVOR DO RECORRENTE
A sua personalidade não mostra, a priori, uma acentuada inclinação para o crime, nomeadamente >
para a prática de crimes culposos no exercício da condução de veículos automóveis: trata-se de um
delinquente ocasional. Não parece que estejam perante um indivíduo que coloque particulares
.exigências de ressocialização
É pressuposto material de aplicação do instituto da suspensão que o tribunal, atendendo à
personalidade do agente e às circunstâncias do facto, conclua por um propósito favorável
relativamente ao comportamento do delinquente. Para a formação de um tal juízo - ao qual não
pode bastar nunca a consideração ou só da personalidade ou só das circunstâncias do facto - o
.tribunal deve atender às condições de vida do agente e à sua conduta anterior e posterior ao facto
Por outro lado, a finalidade político-criminal que a lei visa com o instituto da suspensão é o
."afastamento do delinquente da prática de novos crimes e não qualquer “correcção", "melhora
Mas, apesar da conclusão do tribunal por um prognóstico favorável, a suspensão da execução da
prisão não deverá ser decretada se a ela se opuserem "as necessidades de reprovação e prevenção
."do crime
Estão aqui em questão não quaisquer considerações de culpa, mas exclusivamente questões
de prevenção geral sob a forma de exigências mínimas e irrenunciáveis de "defesa do ordenamento
jurídico". O propósito de comportamento futuro do recorrente, à luz de considerações exclusivas de
prevenção especial de socialização, mostra-se favorável. Todavia, imperam fortes razões de
.prevenção geral que não podem deixar de ser atendidas
:ALEGAÇÕES DO ARGUIDO
O recurso cinge-se tão só à parte do Despacho Judicial em que este considera que a
suspensão da execução da pena de prisão em que foi condenado o arguido nestes autos não deve ser
.revogada
Não é posta em causa a aplicação destas concretas normas pelo Despacho Judicial. E por
conseguinte, esta parte da Decisão contida no Despacho Judicial revela-se-nos transitada em
.julgado
Para além disso, os fundamentos que o M.P. invoca no seu recurso não podem “in casu” ser
considerados bastantes para, nos termos do art. 56°/1, alínea b) CP, se decretar a revogação da
suspensão da execução da pena de prisão aplicada. Para a aplicação desta norma, não basta que se
tenha cometido um facto ilícito, mas antes exige como requisito cumulativo: “ revelar que as
.”finalidades que estavam na base da suspensão não puderam, por meio dela, ser alcançadas
Pois é de Lei, Direito e Justiça, crermos na reinserção social do indivíduo concreto, sendo
esta a Principal e Fundamental finalidade de aplicação das penas, sendo que tal norma assim
como todo o nosso Diploma Penal tem como assente que qualquer pena de prisão, e ainda mais
quando efectiva, é sempre a “ultima ratio”, só aplicada em último caso.x
Após a revogação da suspensão da execução da pena de prisão ao arguido, foi ordenada
nestes autos a realização de Relatório Social pelos Serviços de Reinserção Social, que comprova
toda a situação pessoal, social, familiar e profissional e alegada pelo arguido no seu requerimento e
formula, com bastante actualidade, juízo de prognose favorável sobre a sua reinserção social,
frisando a sua positiva inserção sócio-familiar e profissional, assim como a sua postura de forte
colaboração com esses Serviços ao longo do acompanhamento por estes do cumprimento das
.obrigações impostas durante todo o período de suspensão da execução da pena
Todos estes factos foram e bem tidos em conta pelo Douto Despacho judicial recorrido, o
qual conclui, como facilmente é de concluir, que quanto às finalidades que estavam na base da
.suspensão no presente processo, não se pode afirmar que não tenham sido alcançadas
O Despacho Judicial não comete atropelo ou violação de qualquer norma jurídica que seja. Aliás,
muito bem fundamenta, sensata e sabiamente, com respeito pela Lei e pela realidade do caso
concreto e da vida, a sua Decisão de não revogação da suspensão da execução da pena de prisão: “E
assim mesmo foi ponderado quando da escolha da segunda pena: o juiz da condenação, ciente da
possibilidade de a pena anterior vir a ser revogada, ainda assim evitou que o arguido fosse cumprir
uma pena de prisão por poder o mesmo reintegrar-se com uma pena não privativa da liberdade. E a
verdade é que o tem feito, estando hoje social, familiar e profissionalmente integrado, nenhum
benefício havendo para a sua reinserção social o cumprimento da pena de prisão aplicada nestes
autos, pois que a revogação da suspensão não é um castigo, uma sanção, mas um meio de competir
à reinserção social, que já está sendo alcançada em liberdade, com um escolho no percurso é certo.
“(...)não estão irremediavelmente comprometidas as finalidades inerentes à suspensão da execução
”da pena
Sufragamos inteiramente este entendimento do Despacho Judicial, e acrescentamos que se -15
agora em meados de 2014 fosse revogada a suspensão da pena aplicada ao arguido, tal
corresponderia na prática a uma segunda condenação nestes autos, na vertente de puro castigo para
.este cidadão
Pelo exposto, o alegado fundamento que o M.P. invoca na sua Motivação de recurso, não deve -16
“in casu ser considerado o bastante para revogar a suspensão da execução da pena de prisão nos
termos do art° 56°/1 ,b) CP, sob pena de se assim se não entender, incorrer-se na violação dos arts.
56° e 50° CP, além de que uma eventual revogação da suspensão seria descabida neste momento
temporal e face a tudo o por nós supra exposto, e completamente contrária à almejada reintegração
.do arguido já em grande medida alcançada
Assim, atento o supra explanado, deve ser mantido o Douto Despacho Judicial que decidiu -17
nomeadamente pela não revogação da suspensão na sua execução da pena de prisão em que foi
condenado o arguido (art° 50° CP), devendo no mais improcedente o recurso ora interposto pelo
..M.P
Assim, deve ser negado provimento ao recurso interposto pelo Ministério Público, no mais
devendo manter-se o Douto Despacho Judicial que decidiu pela não revogação da suspensão da
execução da pena de prisão a que foi condenado nestes autos o arguido, e já declarou além disso
extinta a pena
:MOTIVAÇÃO
É jurisprudência constante e pacífica que o âmbito do recurso é delimitado pelas conclusões
formuladas na motivação (art.s 403º e 412º CPP), sem prejuízo das questões de conhecimento
.oficioso
O recorrente coloca em causa a justeza do decidido no despacho judicial que não ordenou a
revogação da suspensão da pena de prisão que havia sido aplicada ao arguido nestes autos e,
.suspensa na sua execução pelo período de um ano
:ARGUMENTOS CONTRA
O facto de o arguido ter praticado, no decurso do período da suspensão da execução da pena,
um crime de condução ilegal, tendo sido condenado na pena de 1 ano de prisão, substituída por 365
horas de trabalho comunitário. O arguido “desperdiçou” a oportunidade que lhe foi dada com a
suspensão da execução da pena, “demonstrando com o seu comportamento que não está reintegrado
na vida em sociedade, não tendo a suspensão da execução da pena nestes autos surtido qualquer
”efeito
AULA 8 - 12.11.2020
Figueiredo Dias - lógica associada aos fins das penas que seria fundamento interno do princípio >
.da legalidade
Fernanda Palma - apesar de ser importante o problema do princípio da culpa e poder este >
fundamento do princípio da legalidade, mas não pode ter apenas uma lógica de garantir a segurança
e liberdade dos destinatários das normas. Isso significaria que quanto às medidas de segurança este
princípio não se aplicaria. O pressuposto das medidas de segurança é a perigosidade, e não culpa,
.não se podendo aplicar aqui o princípio da legalidade se se fundar na culpa
Defende que o princípio da legalidade tem como fundamento muito além de garantir a
liberdade dos destinatários das normas, sendo o verdadeiro fundamento o Estado de direito, de
forma a respeitar a separação de poderes. Neste sentido, as normas penais têm de ser representativas
da vontade democrática e o Estado tem de se vincular ao direito que cria - IDEIA DE
.AUTOCONTROLO DO ESTADO
1º COROLÁRIO: exigência de lei escrita - reserva de lei em sentido formal. Essa reserva é relativa
porque nos termos do art. 165º/1, al. c) CRP cabe à AR legislar a matéria penal, mas o GOV pode
.legislar desde que tenha uma autorização da AR
AUTORIZAÇÃO - não é possível que a AR se limite a passar cheque em branco e o GOV
faça o que quer com ele. A delegação de poderes tem de ser inequívoca, tem de estar o conteúdo, o
fim e os limites da delegação de tal forma que possamos pela mera leitura apreender quais os
.pressupostos contidos
:PRINCÍPIO GERAL
Só a lei pode ser fonte de Direito Penal (reserva relativa da competência da AR - art. 165º/1,
.)alínea c), CRP
:OBJETIVOS
Retirar da esfera do poder político o poder de sentenciar criminalmente, daí o porquê das
penas terem de esta subordinadas à lei, não bastando uma lei anterior a prever a pena para se punir o
agente, sendo também necessário que a própria lei anterior articule uma certa pena com um certo
.comportamento que é punido (art. 29º/1 e 3 CRP)
A formulação correta do princípio da legalidade é o que se refere tanto ao crime como à pena,
.articuladamente
Prevenir a arbitrariedade do poder de sentenciar criminalmente. O que está em causa, mais
especificamente, é também uma necessidade de assegurar a separação de poderes e a vontade da
.maioria democrática
A interpretação das leis assume um papel importante, não podendo ser totalmente livre,
tendo os juízes de não ser apenas a boca que pronunciam a lei, mas também tendo eles uma
.fundamentação objetiva baseada na lei
O que se procura no princípio da legaliza é a subordinação da sentença criminal à lei lei
.esta emanada dos representantes da vontade do povo
:CONSEQUÊNCIAS
O princípio da legalidade restringe outras fontes de Direito Penal, ou seja, aquelas )Stripta(
que não sejam a lei em sentido formal, sendo que existe uma reserva relativa de lei no âmbito da
AR. Esta exclusão acontece relativamente a normas penais positivas (incriminadoras - normas que
vêm a restringir a liberdade), mas não quanto às negativas (desincriminadoras - não são normas que
venham a restringir a liberdade), uma vez que nestas já não vigora a subordinação ao princípio da
.legalidade
Ele visa impedir que os tribunais possam criar a lei e subverter a separação de )Stricta(
.poderes, proibindo a analogia
.Proibição da retroatividade das normas penais (arts. 29º/1 e 3 CRP e 1º/3 CP) )Praevia(
***
Uma eficaz prevenção do crime só pode pretender êxito se a intervenção estadual estiver limitada
perante a possibilidade de uma intervenção arbitrária. A intervenção penal submete-se a um
rigoroso princípio da legalidade, não podendo haver crimes nem penas que não resultem de
.uma lei prévia, escrita e certa
Não há crime sem lei anterior que como tal preveja uma certa conduta significativa que, por mais
reprovável socialmente que se afigure o comportamento, tem o legislador de o considerar como
.crime para que possa ser punido
Segundo o art. 29º/3 CRP, é necessário que se tratem de crimes à luz dos princípios gerais de
direito internacionalmente commumente reconhecidos e a púbico só pode ter lugar nos limites da lei
interna. O nº2 adota uma decepção de responsabilidade por crime contra o direito internacional,
.sujeito ao princípio da legalidade
Não há pena sem lei. O princípio da legalidade foi alargado às medidas de segurança (art. 2º/1 CP).
O princípio da legalidade não cobre toda a matéria penal, apenas a que se traduz em fundamentar
ou agravar a responsabilidade do agente. Toda a matéria relativa ao tipo de ilícito ou ao tipo de
.culpa é corrida pelo princípio da legalidade
Assim, é exigida uma lei formal: só uma lei da AR ou por ela competentemente autorizada pode
.definir o regime das penas e das medidas de segurança e seus pressupostos
A analogia é aplicação de uma regra jurídica aa um caso concreto não regulado pela lei, através de
argumento semelhante. Este tipo de interpretação é proibido face ao princípio da legalidade sempre
.que funcione contra o agente e vise servir a fundamentação ou a gravação da sua responsabilidade
***
RESERVA DA LEI
Existe uma reserva de lei relativa da AR quanto às normas incriminadoras (normas penais
positivas) - art. 165º/1, alínea c) CRP, mas em relação às normas penais negativas o Tribunal
Constitucional tem vindo a admitir que para estas também seja necessária uma reserva de lei da AR,
mesmo não prevista na mesma alínea, será por via da alínea b), uma vez que o princípio da
legalidade se integra no elenco dos direitos, liberdades e garantias. Tal imposição serve para
.assegurar a separação de poderes
Resta saber se as circunstâncias que agravam a responsabilidade ou as circunstâncias
.exigentes atenuantes se incluirão na previsão constitucional
CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES: definem o concreto facto criminoso, sendo
abrangidas pela previsão constitucional. Isto acontece nas circunstâncias modificativas, que alteram
a moldura legal no sentido de permitir que o crime deixe de ser simples e passe a ser qualificado,
mas também nas circunstâncias simples, que não alteram a medida legal apenas a medida concreta
de culpa.. A reserva de lei favorece assim a aplicação do art. 165º/1, alínea c) CRP a todas as
.circunstâncias agravantes
Contudo, as circunstâncias agravantes gerais (que funcionam para agravar a pena dentro da
moldura legal - art. 71º CP), estão previstas de forma não taxativa, o que é incompatível com a
reserva de lei, por postular a criação de novas circunstâncias. A previsão deste preceito apenas pode
significar a valoração de uma aspeto do ilícito ou da culpa de um determinado crime que revele
.maior intensidade
Assim, nem o Tribunal nem o Governo podem, sem autorização legislativa, podem erigir um
determinado critério de agravação. Se o fizerem sem autorização da AR, haverá violação da reserva
.de lei
FERNANDA PALMA
No que respeita às eximentes, esta afirma que não estão sujeitas à reserva de lei pois não são
restritivas da liberdade e de direitos, pelo contrário. Admite, contudo, excepções pois sendo as
eximentes uma autorização excecional de exclusão de responsabilidade, permitindo condutas que
em geral são proibidas, o diminui a liberdade e a segurança dos cidadão, estando nestes casos
.sujeitas à reserva de lei
Quanto às atenuantes, ainda que não considere que as atenuantes estejam sujeitas a reserva
de lei, por não restringirem indiretamente os direitos das vítimas de crimes, pode haver colisão entre
um determinado fator como atenuante e a CRP, nomeadamente com o princípio da culpa. Assim, as
atenuantes não podem ter uma total liberdade para a sua definição, antes apenas quando sejam um
.desenvolvimento do princípio da culpa
O art. 72º/2 CP estabelece uma cláusula de atipicidade quanto às circunstâncias
atenuantes, mas temos de ter em conta que o julgador não pode criar circunstâncias atenuantes que
..ponham em causa princípios do sistema
:CASO
Caso (Des)Governos
:Pode o Governo
?Alterar o valor da coima prevista no art. 81.º, n.º 6, alínea a) do Código da Estrada1 -1
Art. 165º/1, alínea d) - mas a verdade é que há uma matéria que está subordinada ao
princípio da legalidade
Pode o GOV alterar o valor da coima, não pode apenas sem autorização fixar valores dentro
.dos limites. Só não pode se se encontrar fora da moldura legal
Reduzir o limite máximo da pena aplicável ao crime p. e p. no art. 137.º, n.º 2 do CP para 4 -2
?anos
No presente caso estamos perante uma norma penal positiva, ou seja, incriminadora. De
acordo com o art. 165º/1, alínea c) CRP, existe uma reserva relativa da AR no que respeita a estas
normas. Assim sendo, sem a autorização da AR, nem o Governo nem os Tribunais podem erigir este
.critério de agravação
Criar, através de Decreto-Lei, uma nova causa de justificação que exclua a ilicitude do facto -5
?nos casos em que o homicídio negligente seja praticado no exercício da condução de veículos
No presente caso estamos perante uma norma penal negativa, ou seja, uma circunstância
atenuante ou exigente (excluidora de responsabilidade). Estas normas permitem determinados
.factos que de outra forma não eram permitidos ou desculpáveis ao agente
À partida, não seriam estas circunstâncias submetidas à reserva de lei, pois não exigem um
controlo direto. Contudo, o TC tem vindo a considerar que podem diminuir a liberdade e segurança
dos cidadãos e, por isso, como são restritiva de direitos, liberdades e garantias poderiam inserir-se
.na alínea b) do art. 165º/1 da CRP
Elas podem efetivamente alterar ou delimitar os direitos dos cidadãos pois a liberdade criada
.pela permissão de certas condutas diminui a liberdade de quem se quer opor a elas
Na opinião de Fernanda Palma, quanto às circunstâncias atenuantes elas não estão
diretamente sujeitas à reserva lei, contudo, havendo colisão com certos princípios latentes do
sistema (neste caso com o princípio da culpa) não podem ter uma total liberdade para a sua
definição. Assim sendo, terá de haver uma autorização da AR para que o Governo possa criar esta
nova causa de justificação que exclua a ilicitude do facto nos casos em que o homicídio negligente
.seja praticado no exercício da condução de veículos
RESERVA DE LEI •
:Recurso >
Requereu ainda que se declarasse extinto o procedimento contra a ré por já ter decorrido o
.prazo aplicável às contra-ordenações
DECISÃO: inconstitucionalidade da norma do art. 22º/1, alínea a) DL por cualificar como contra-
.ordenação factos anteriormente qualificados como crime
O princípio da legalidade para que seja bem formulado não basta que a lei anterior preveja a
.pena, é necessário articular a pena com um certo comportamento punitivo
AULA 9 - 16.11.2020
O art. 115º/5º da CRP não proíbe os reenvio normativos em que a lei remete para a administração >
a edição de normas regulamentares complementares da disciplina, excluindo apenas os
.regulamentos interativos que regem praeter legem
Não se verifica integração tendo a Portaria mera natureza de regulamento de execução ou >
.completar do DL
.O ilícito típico está descrito na norma legal não havendo violação do princípio da culpa >
.Carácter técnico - o conteúdo não depende totalmente da norma para a qual se remete >
:CASO
António é detido com uma quantidade de heroína superior à legalmente fixada para
consumo durante 10 dias. Pode António ser condenado nos termos do disposto no art. 2.º da
?Lei n.º 30/2000, de 29 de novembro, atento o disposto no artigo 28.º da mesma Lei
.Na resposta, analise os ACÓRDÃOS do TC n.ºs 295/2003 e 587/2014, de 05.11.2009
INTERPRETAÇÃO DA LEI •
Imposição que resulta do princípio da legalidade e é dirigida ao legislador. É uma determinação >
.da tipicidade da lei penal
Deve ser feita pelo máximo preenchimento das figuras, os objetos devem ser determináveis, >
devem estar na lei. Lei esta deve ser certa e determinada - deve derivar uma área e uma fim de
.proteção especificamente descrito. Tipo de garantia
PROIBIÇÃO DA ANALOGIA (art. 1º/3 CP): este artigo proíbe expressamente a analogia
quanto a normas de que resulte o facto como crime, a definição de um estado de perigosidade
.e a determinação da pena ou medida de segurança correspondentes
Esta proibição é fundada na exclusividade de competência da AR ou do GOV com
autorização legislativa na formulação de normas incriminadoras e no carácter fragmentário
do Direito Penal, que impede que comportamento análogos aos expressamente previstos
.tenham o mesmo merecimento penal - segurança jurídica e controlo democrático
)b
A norma do CP fala-nos de telefonemas recebidos para a habitação, contudo deve-se
estende aos quartos de hotéis porque não se mantém neste caso os limites juridicamente
.controláveis da concretização da norma. Aqui não se pode proibir a interpretação extensiva
AULA 10 - 19.11.2020
I: CASO 1
a) Momento da efetiva prática da ação criminosa: 8 Novembro 2019
Produção dos efeitos: Outubro 2020 >
Lei Nova: Novembro 2020 >
Lei Nova posterior à produção do resultado típico e posterior à prática da ação prevista >
Verificação do resultado no momento posterior da conduta, mas estamos perante um
crime instantâneo. Regra é a da proibição da retroatividade in pejus (arts. 29º/4 CRP, primeira
parte+ 29º/3 CRP+ art. 1º/1 CP+ 2º/1 CP)- Aplica-se a lei antiga
CASO 2
Momento da efetiva prática da ação criminosa:10 Outubro 2020 >
Lei Nova: 14 de Outubro 2020 >
Produção efeitos: 15 de Outubro >
Neste caso aplica-se a lei nova porque é mais gravosa. - proibição da retroativida in
.pejus
CASO 3
Momento da efetiva prática do ato: 10 de Novembro >
Nova Lei: 15 de Novembro (agrava) >
Crime permanente: até 16 de Novembro 2020 >
No presente caso estamos perante um crime permanente (houve perduração no tempo
da ação), no meio da sua duração veio uma lei que agrava a pena. Esta pena aplicar-se-á
retroactivamente dado que a prática do ato ainda não terminou no momento da sua entrada
em vigor. Como o ato ainda está em consumação, a Lei Nova abarca todo o ato. Assim,
.Rómulo pode ser punido com pena máxima de 12 anos de prisão
Facto que ocorre na vigência da lei nova, logo é esta que se aplica. Não há proibição de >
.retroatividade
II: CASO 1
.a) Princípio da aplicação da lei mais favorável - arts. 29º/4 CRP e art. 2º/2 e 4 CP
.Arquiva-se o processo >
b) Art. 2º/2, 2ª parte; Cessação oper legis da execução da pena, fundada no princípio da
.retroatividade in bona parte
.c) Art. 2º/4 CP, 2ª parte - neste caso ele pode sair 6 meses mais cedo
CASO 2
a) À partida é a lei 1 que se deveria aplicar, mas aplica-se a lei de fevereiro 2020 (lei
intermédia)
.Lei posterior ao facto que é mais favorável ao agente >
Aplicação retroativa in melius a leis intermédias >
.Art. 2º/4, 1ª parte - Figueiredo dias razões teológicas e funcionais >
AULA 11 - 26.11.2020
CASO 3
No presente caso deparamo-nos com uma conduta por parte de Lázaro considerada como
crime, contudo, sucede que no momento em que a mesma é praticada encontrava-se em vigor uma
norma que veio a alterar o artigo 254º do Código Penal, agravando a moldura penal em 1/3 de todos
os crimes de profanação de cadáver cometidos no ano subsequente, no entanto, Lázaro vem a ser
julgado dois anos depois, quando já se encontra em vigor a redação atual do artigo como consta no
.Código Penal
Conduta de Lázaro é considera como crime, mas no momento em que a pratica encontra-se em >
vigor uma norma que veio alterar o art. 254º que agrava a moldura penal em 1/3 de todos os crimes
.de profanação de cadáver cometidos no ano subsequente
.Lázaro vem a ser julgado dois anos depois quando já se encontra em vigor a norma do CP >
Ora, a lei que vem agravar a moldura penal dos crimes de profanação de cadáveres
apresenta-se como uma lei temporária, uma vez que apresenta um prazo de vigência limitado a
um determinado período de tempo, neste caso circunscrevendo-se à prática dos crimes em
causa no ano subsequente à sua entrada em vigor, prazo temporal no qual Lázaro pratica o facto
criminoso. Para que a mesma seja considerada como temporária, a mesma deve ser fundamentada
por uma situação de extrema necessidade, que neste caso, pressupomos que se encontra cumprida,
uma vez que o enunciado nos dá a informação que houve um grande número de subtrações de
.cadáver anterior à entrada em vigor da lei
Sendo assim, diz-nos o art. 2º/3 CP que quando a lei valer para um determinado
período de tempo, continua a ser punível o facto praticado durante esse período, logo, será
aplicada a lei temporária, e não a lei posterior, mesmo que seja mais favorável, uma vez que o
legislador considerou que dado a uma situação de extrema necessidade, os factos praticados
durante o determinado prazo temporal justificavam uma moldura penal mais gravosa, isto é,
não há uma alteração do juízo do legislado sobre a necessidade da pena, simplesmente a situação de
emergência deixou de existir, pelo que não haveria uma violação do princípio da aplicação
.retroativa da Lei Penal mais favorável
.CASO 4
O que sucede no presente caso é que Zeferino pratica um facto, considerado anteriormente )4.1
como criminoso, contudo à data da sua conduta, as normas que a previam como tal tinham sido
revogadas. No entanto, posteriormente a lei revogatória é declarada inconstitucional pelo Tribunal
.Constitucional, sendo Zeferino julgado um mês após esta declaração de inconstitucionalidade
Deparamo-nos com um problema sobre uma norma penal inconstitucional mais favorável,
uma vez que, de acordo com a norma revogatória, a conduta Zeferino não seria considerada
enquanto crime. Analisando o art. 282º/1 da CRP a declaração de inconstitucionalidade produz
efeitos desde a entrada em vigor da norma declarada inconstitucional, isto é, tem eficácia retroativa
e implica a repristinação das normas que ela haja revogado, isto é, implica, no fundo, que os artigos
372º a 374º do CP nunca tenham deixado de vigorar, disposições normativas estas que implicariam
.a classificação da conduta de Zeferino como criminosa
Embora nº3 desta norma constitucional refira que ficam ressalvados os casos julgados, salvo
decisão contrária do Tribunal Constitucional, quando a norma inconstitucional for de conteúdo
menos favorável ao arguido, não nos resolve expressamente a situação em que a norma
.constitucional é mais favorável
:Parecem surgir duas soluções
De acordo com o Prof. Rui Pereira, tendo em conta que a norma revogada é •
repristinada por força do art. 282º, nunca poderia a norma inconstitucional ser aplicada,
uma vez que o art. 204º da CRP o proíbe. Contudo, tratando-se a norma
inconstitucional de uma norma descriminalizadora, o Prof. defende que deve a norma
repristinada ser aplicada simultaneamente com os arts. 16º/1 e 17º do Código Penal, no que
diz respeito à inconsciência da ilicitude do facto, por erro não censurável, pelo que se
considera que o arguido agiu sem culpa, sendo este o caso, uma vez que na altura em que
;Zeferino agiu a sua conduta não era considerada como crime
Já para a Prof. Maria Fernanda Palma, a lei a aplicar deveria ser a •
inconstitucional por ser mais favorável ao arguido, respeitando o art. 2º/1 CP, no que diz
respeito à leis vigente no momento da prática do facto. Tutelando, assim, não só os
princípios da culpa e da segurança jurídica, uma vez que no momento da conduta de
.Zeferino, este não estava ciente da ilicitude da sua conduta
)4.2
Neste caso, Zeferino ao praticar o facto tinha consciência da ilicitude do mesmo, uma vez
que a conduta se deu antes da entrada em vigor da lei inconstitucional, isto é, a leu que revogou os
.arts. 372º a 374º do CP
:Sendo assim, parecem, manter-se duas soluções distintas à semelhança do caso anterior
De acordo com o Pro. Rui Pereira continuar-se-ia não aplicar a norma •
inconstitucional, sendo aplicada a norma repristinada, isto é, a norma que se
encontrava em vigor à data do facto. Contudo, neste caso não haveria necessidade de
tutelar nenhuma expectativa, uma vez que a mesma se formou ao abrigo da norma
incriminadora, uma vez que a norma mais favorável inconstitucional é posterior ao
;facto
Já para a Prof. Maria Fernanda Palma aplicar-se-ia, ainda assim, a •
norma inconstitucional, desta vez pelo art. 2º/2 do CP, de acordo com o princípio da
aplicação retroativa de lei penal posterior mais favorável. Fundamentando-se a aplicação do
preceito inconstitucional pelo princípio da igualdade, uma vez que imagine-se que um outro
arguido tivesse praticado o mesmo facto na mesma data que Zeferino, mas tivesse sido
julgado anteriormente à declaração de inconstitucionalidade, teria sido absolvido e o caso
.ressalvado, pelo art. 282º/3 CRP
CASO 5
Crime abstrato: neste caso aplica-se a lei >
CASO 6
Crime duradouro: consome-se quando a vitima é libertada (19 de Maio) aumento dos limites )6.1
.máximo da moldura penal no dia 14 de Maio
)6.2
a) Não era preenchido. A lei nova era prejudicial, proibição in pejus. Aplicação art. 2º/1
)b
)c
)d
)6.3
)6.4
CRIMES CONTINUADOS (art. 30º/2): uma pluralidade real de factos (ocorridos em países >
diferentes) é considerada uma unidade normativa, juridicamente. Para efeitos do art.7º basta
.que um dos factos se encontre abrangido pelo princípio da territorialidade
COMPARTICIPAÇÃO: está também abrangida no art. 7º factos que se verifiquem em >
Portugal mas a comparticipação tiver lugar no estrangeiro e vice-versa. Relativamente às
:formas de comparticipação, previstas nos arts. 26º e 27º CP, temos, respetivamente
Autoria (art. 26º): abrange situações em que o autor executa o crime •
pelas próprias mãos (material), age em colaboração com outro agente (coautoria) e
.uma pessoa determina dolosamente outra pessoa à prática de um crime (instigação)
:Cumplicidade (art. 27º) •
DELITOS ITINERANTES ou DE TRÂNSITO: factos que pelo seu modo específico de >
execução se põe em contacto com diversas ordens jurídicas nacionais. Certa doutrina entende
também aqui que qualquer das ordens jurídicas contactadas se torna aplicável em nome do
.princípio da territorialidade
ALÍNEA E): é aplicável a lei penal portuguesa afaçamos cometidos fora do território
português por portugueses (princípio da personalidade ativa) ou por estrangeiros (princípio
:da personalidade passiva). Esta alínea requer o preenchimento cumulativo de 3 requisitos
;Os agentes serem encontrados em Portugal •
Os factos forem puníveis pela legislação do lugar em que tiverem •
;praticado o facto, salvo se nõ se exercer poder punitivo nesse lugar
Os factos constituirem crime que admita extradição e esta não possa ser •
.concebida ou seja decidida a não entrega do agente
A alínea g) refere-se a crimes praticados por pessoas colectivas e tem por objetivo
.evitar que as empresas se sedem em Portugal para escapar à criminalização
CASO 1
A aplicação da lei no espaço baseia-se em vários princípios. Contudo existe uma )1
hierarquia entre eles, sendo o princípio-base o da territorialidade. Segundo este, a lei
portuguesa é aplicável a factos ocorridos em Portugal (art. 4º, al. a)). Este princípio é
independente da nacionalidade. Aquando da prática do crime, Paolo encontrava-se em
território espanhol, sendo Espanha o lugar da prática do crime (art. 7º), pois foi em Espanha
.que o agente actuou
Segundo este art. existe um critério bilateral alternativo (teoria da ubiquidade),
segundo o qual basta que a ação ou o resultado se verifique em território português para que
a lei penal portuguesa seja aplicada ao agente. No presente caso, tanto a ação com o resultado
se verificaram em Espanha e, por isso, Paolo, em princípio, não poderá ser punido pelo art.
220º/1, al. a)) do CP português, tende antes de ser punido pelo CP de Espanha com uma pena
.de prisão até 9 meses
No entanto, quando o art. 4º não atribui competência aos tribunais portugueses, são
aplicados os princípios complementares/subsidiários do art. 5º. Apesar do facto se considerar
praticado fora do território português (em Espanha), os tribunais portugueses serão ainda assim
.competentes. Teremos então que analisar as alíneas do art. 5º
No presente caso, estamos perante o princípio complementar da administração supletiva da
justiça penal dado que estamos perante um facto cometido por um estrangeiro (Paolo que é
italiano), que foi encontrado em Portugal (al. e diz-nos que foi detido em Portugal a 1 de Jan 2019)
e cuja extradição foi requerida (al. f) o estado espanhol requer a entrega de Paolo). Trata-se também
de um crime que admite extradição. Os requisitos do art.5º al. f) estão cumpridos, não há convenção
em contrário e por isso a lei penal portuguesa é ainda aplicável a este caso em que o facto foi
.cometido fora do território português
A aplicação do art. 6º pressupõe a aplicação do art. 5º. Não estamos perante nenhuma das
hipóteses do art. 6º pois o agente ainda não foi julgado no país da prática do facto (em Espanha)
.nem a lei mais favorável ao agente é a lei espanhola
Deste modo, Paolo será punido numa pena de prisão até 6 meses, de acordo com o art.
.220º/1, al. a) CP
AULA 12 - 02.12.2020
Taipa de carvalho - mesmo não tendo sido feito o pedido de extradição ou o pedido de >
)entrega, pode-se aplicar a alínea f
Mandado - art. 2º 4 meses no caso de pena, 12 meses no caso de procedimento criminal
;Pena não inferir a 12 meses (pena até 5 anos) >
nº2 - casos em que dispensam dupla incriminação >
Neste caso estamos no caso do nº2, al. o), logo o crime tem de ser punido tanto em portugal >
.como em espanha
.Não execução obrigatória 12º, al. g) - no caso de o caso não estiver nos arts. 2º >
.)Não é recusa facultativa dado que estamos no âmbito do art. 12º, al. g >
Aplicação da lei penal portuguesa >
CASO 2
CRIME DE FURTO DE DIAMANTES
A aplicação da lei no espaço baseia-se em vários princípios. Contudo existe uma
hierarquia entre eles, sendo o princípio-base o da territorialidade, consagrado no art. 4º/1 CP.
Segundo este, a lei portuguesa é aplicável a factos ocorridos em Portugal (a)). Este princípio é
independente da nacionalidade. Aquando da prática do crime, I encontrava-se na Grécia,
.sendo este o lugar da prática do crime, para efeitos do art. 7º
Segundo este artigo existe um critério bilateral alternativo (teoria da ubiquidade),
segundo o qual basta que a ação ou o resultado se verifique em território português para que
a lei penal portuguesa seja aplicada ao agente. No presente caso, tanto a ação com o resultado
.se verificaram na Grécia
)Alínea e >
por portugueses •
legislação da grécia (supostamente sim) •
Noruega é que requer a extradição •
extradição de um nacional - é em regra proibida (neste caso no momento em •
que é tomada a decisão sobre a extradição ele não era português. Logo poder-se-ia extraditar
I - verificar art. 31º Lei 144/99 (dupla incriminação) 31º/3 (Noruega, competência do estado
norueguês ver o crime)