You are on page 1of 6

Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

3ª Câmara Cível

Agravo de Instrumento - Nº 1402176-59.2020.8.12.0000 - Campo Grande


Relator – Exmo. Sr. Des. Dorival Renato Pavan
Agravante : Setubal Ribeiro Juliao
Advogado : Pedro Navarro Correia (OAB: 12414/MS)
Advogado : Guilherme Vaz Lopes Lins (OAB: 24187/MS)
Agravado : Banco do Brasil S/A
Advogado : Sérvio Túlio de Barcelos (OAB: 44698/MG)
Advogado : José Arnaldo Janssen Nogueira (OAB: 18604A/MS)

E M E N T A – AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE


COBRANÇA – VALORES RELACIONADOS AO PASEP - INCOMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA ESTADUAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL –
DECISÃO MANTIDA – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
A Instituição Bancária é mera arrecadadora do PASEP, não sendo
responsável por responder demandas que digam respeito às supostas diferenças de
depósito dele decorrente. Assim, havendo interesse da União, responsável pelo fundo,
deve ser declinada a competência para a Justiça Federal.
Decisão mantida. Recurso improvido.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos, ACORDAM, em sessão permanente e


virtual, os juízes da 3ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça, na conformidade da ata de
julgamentos, a seguinte decisão: Por maioria, vencido o 2º Vogal, negaram provimento
ao recurso, nos termos do voto do Relator..

Campo Grande, 30 de março de 2020

Des. Dorival Renato Pavan


Relator do processo
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
R E L A T Ó R I O
O Sr. Des. Dorival Renato Pavan.
SETÚBAL RIBEIRO JULIÃO interpõe agravo de instrumento contra a
decisão de f. 145-146 do juiz da 13ª vara cível de Campo Grande MS, Dr. Alexandre
Correa Leite,q nos autos da Ação de Cobrança ajuizada em face do BANCO DO
BRASIL S.A que reconheceu a existência de interesse da União na demanda e, como
consequência, determinou a remessa do feito à Justiça Federal.
Alega o agravante, em síntese, que pretende condenar o Banco do Brasil pela
insuficiência de depósitos do PASEP, sendo que a justiça federal já manifestou sobre
sua incompetência para análise de demandas desta espécie.
Salienta que é assente o entendimento de que a União não deve figurar no polo
passivo da demanda.
Requer a atribuição de efeito suspensivo ao recurso e, ao final, seu
provimento.
O recurso foi recebido com efeito suspensivo às f. 151-152.
Contraminuta às f. 157-159.
É o relatório.

V O T O
O Sr. Des. Dorival Renato Pavan. (Relator)
I.

A insurgência recursal limita-se à discussão sobre a competência


para julgamento de demanda em que se busca o recebimento de diferenças de depósito
do PASEP.
Eis o teor da decisão agravada (f. 145-146):

Tratam os presentes autos de Ação de Indenização por Danos


Materiais ajuizado por Setúbal Ribeiro Julião contra Banco do Brasil S/A,
ambos qualificados, pretendendo a condenação deste ao pagamento
integral do saldo do PASEP, uma vez que teriam ocorridos saques
indevidos da sua conta e não correção monetária correta.
Pois bem. Não obstante os presentes autos estivessem conclusos para
decisão inicial, observa-se, melhor analisando a matéria discutida na ação,
que falta a este juízo competência para processar e julgar a demanda.
Com efeito, como é sabido, o Pasep (Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público) foi instituído pela Lei Complementar n°
08 de 1970, que também outorgou ao Banco do Brasil a responsabilidade
de recolher este tributo, enquanto a Lei Complementar n° 07/1970 instituiu
o PIS (Programa de Integração Social) que seria recolhido pela Caixa
Econômica Federal, os quais foram unificados pela Lei Complementar nº
26 de 1975.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
Ocorre, que a gestão dos valores arrecadados pelas referidas instituições
financeiras é feito pela União Federal, através do Conselho Diretor, que
tem competência para calcular correção monetária sobre o saldo credor
das contas vinculadas dos participantes, bem como o percentual dos juros
incidentes, sem qualquer participação do Banco do Brasil.
Verifica-se, assim, que a competência para apreciar a presente ação é da
Justiça Federal.
Neste sentido:
E M E N T A – AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE RESTITUIÇÃO
DE DÉBITOS INDEVIDOS C/C INDENIZAÇÃO DE DANOS MORAIS –
DEMANDA NA QUAL SE PRETENDE O
RECEBIMENTO DE VALORES RELACIONADOS AO PASEP -
PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE DO BANCO DO BRASIL E
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL – LEGITIMIDADE
PASSIVA DA UNIÃO FEDERAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL – DECISÃO REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. As instituições bancárias, nos termos das leis complementares
de regência, são meras arrecadadoras do PIS e do PASEP, não sendo
responsáveis por responder demandas que digam respeito à suposta
incorreção quanto à atualização das cotas destes programas, razão pela
qual deve ser declinada a competência para a Justiça Federal, ante o
interesse da União. (TJMS. Agravo de Instrumento n.
1410296-28.2019.8.12.0000, Campo Grande, 1ª Câmara Cível, Relator
(a): Juiz Luiz Antônio Cavassa de Almeida, j: 13/11/2019, p: 14/11/2019)
E M E N T A – AGRAVO DE INSTRUMENTO – DECISÃO QUE
DECLINOU A COMPETÊNCIA À JUSTIÇA FEDERAL – AÇÃO QUE
PRETENDE O RECEBIMENTO DE VALORES RELACIONADOS AO
PASEP – LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO FEDERAL –
ILEGITIMIDADE DO BANCO DO BRASIL –
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL – DECISÃO MANTIDA –
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJMS, 5.ª Câmara Cível –
Agravo de Instrumento n.º 1412931-16.2018.8.12.0000 – Campo Grande –
Relator Exmo. Des. Júlio Roberto Siqueira Cardoso – 29.01.2019).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. LEVANTAMENTO DE ABONO DO PIS.
COMPETÊNCIA. JUSTIÇA FEDERAL. A competência para processar e
julgar demanda relativa à cobrança de abono do pis/pasep é da justiça
federal, de acordo com o artigo 109, I, da CF. Agravo de instrumento que
se dá provimento. (TRF 3ª R.; AI 0027211-69.2012.4.03.0000; SP; Quarta
Turma; Relª Desª Fed. Marli Marques Ferreira; Julg. 23/08/2013; DEJF
10/09/2013; Pág. 428)
Nesse sentido, o E.STJ: 'ADMINISTRATIVO. PASEP. EXPURGOS
INFLACIONÁRIOS. ILEGITIMIDADE DO BANCO DO BRASIL S.A.
SÚMULA 77/STJ. LEGITIMAÇÃO DA UNIÃO. SÚMULA 77/STJ. 1. A Lei
Complementar nº 8 de 3/70, que instituiu o Programa de Formação do
Patrimônio do Servidor Público - PASEP, em seu art. 5º, delega ao Banco
do Brasil competência para operacionalizar o Programa, devendo manter
contas individualizadas para cada servidor. Por essa atividade, estabelece
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
a lei em favor do Banco uma comissão de serviço a ser fixada pelo
Conselho Monetário Nacional. 2. Como a CEF é parte ilegítima para
figurar no polo passivo das ações relativas ao PIS (Súmula nº 77/STJ),
também se deve reconhecer a ilegitimidade do Banco do Brasil para
figurar no polo passivo das ações relativas ao PASEP. 3. Recurso especial
provido.' (STJ Resp 747.628/MG, Rel. Ministro CASTRO
MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 15/09/2005, DJ 03/10/2005, p.
225).
Assim, com fulcro no art. 109, I, da CF, reconheço a incompetência
absoluta deste Juízo para processar e julgar a presente demanda e, por
conseguinte, determino a remessa dos autos para uma das Varas da Justiça
Federal – Seção Judiciária de Mato Grosso do Sul.
Procedam-se às anotações necessárias e remetam-se.

Contra essa decisão insuge-se o recorrente.


Alega o agravante, em síntese, que pretende condenar o Banco do Brasil pela
insuficiência de depósitos do PASEP, sendo que a justiça federal já manifestou sobre
sua incompetência para análise de demandas desta espécie.
Salienta que é assente o entendimento de que a União não deve figurar no polo
passivo da demanda.
O recurso não merece provimento.
A demanda tem por desiderato a discussão referente à eventul ocorrência de
diferenças de depósitos do PASEP, sendo tal encargo financeiro decorrente de fundo
mantido pela União.
Deveras, conforme apontado pelo douto magistrado, as instituições financeiras
fazem apenas a arrecadação dos valores referentes ao PIS/PASEP, sendo sua gestão de
responsabilidade da União.
Por conseguinte, os valores eventualmente devidos a título de correção
monetária e juros devem ser arcados pela União Federal e não pela instituição
financeira que serve de mera arrecadadora dos valores, não sendo o Banco do Brasil
responsável pelo pagamento dos valores buscados na demanda.
Neste sentido a jurisprudência deste Egrégio Tribunal de Justiça, conforme se
infere dos arestos abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO INDENIZATÓRIA - PASEP –


VALOR ATINENTE À CORREÇÃO MONETÁRIA - LEGITIMIDADE
PASSIVA DA UNIÃO – ILEGITIMIDADE DO BANCO DO BRASIL –
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL – DECISÃO MANTIDA –
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. Sendo o Banco do Brasil
mero arrecadador do PASEP, não possui legitimidade passiva no feito, em
que se discute o pagamento da correção monetária do programa, mas a
própria União, o que reflete na competência da Justiça Federal.
(TJMS. Apelação Cível n. 0809213-20.2019.8.12.0002, Dourados, 4ª
Câmara Cível, Relator (a): Des. Vladimir Abreu da Silva, j: 18/03/2020, p:
20/03/2020)
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE CONHECIMENTO DE
NATUREZA CONDENATÓRIA – PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE
INTERESSE PROCESSUAL AFASTADA – PRELIMINAR DE
ILEGITIMIDADE PASSIVA QUE SE CONFUNDE COM O MÉRITO –
RESGATE DO VALOR EXISTENTE NO PASEP PELO TITULAR –
LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO – COMPETÊNCIA DA
JUSTIÇA FEDERAL (ART. 109, I, CF) – RECURSO AO QUAL SE
NEGA PROVIMENTO.
(TJMS. Apelação Cível n. 0803031-34.2019.8.12.0029, Naviraí, 4ª
Câmara Cível, Relator (a): Des. Luiz Tadeu Barbosa Silva, j: 12/02/2020,
p: 17/02/2020)

APELAÇÃO CÍVEL EM AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR


DANOS MATERIAIS E MORAIS – DEMANDA NA QUAL SE
PRETENDE O RECEBIMENTO DE VALORES RELACIONADOS AO
PASEP - PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE DO BANCO DO
BRASIL E INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL AFASTADAS
– LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO FEDERAL – COMPETÊNCIA
DA JUSTIÇA FEDERAL – SENTENÇA MANTIDA – APELO
IMPROVIDO. As instituições bancárias, como a parte passiva destes autos,
nos termos das leis complementares de regência, são meras arrecadadoras
do PIS e do PASEP, não sendo responsáveis por responder demandas que
digam respeito à suposta incorreção quanto à atualização das cotas destes
programas, cuja origem é da União. Diante do quadro dos autos, a
competência para ser processada e julgada a presente ação deve ser
declinada para a Justiça Federal, ante o interesse da União. Sentença
mantida. Apelo improvido.
(TJMS. Apelação Cível n. 0803064-24.2019.8.12.0029, Naviraí, 1ª
Câmara Cível, Relator (a): Des. João Maria Lós, j: 28/01/2020, p:
30/01/2020)

E M E N T A – AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE


RESTITUIÇÃO DE DÉBITOS INDEVIDOS C/C INDENIZAÇÃO DE
DANOS MORAIS – DEMANDA NA QUAL SE PRETENDE O
RECEBIMENTO DE VALORES RELACIONADOS AO PASEP -
PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE DO BANCO DO BRASIL E
INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL – LEGITIMIDADE
PASSIVA DA UNIÃO FEDERAL – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA
FEDERAL – DECISÃO REFORMADA – RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. As instituições bancárias, nos termos das leis complementares
de regência, são meras arrecadadoras do PIS e do PASEP, não sendo
responsáveis por responder demandas que digam respeito à suposta
incorreção quanto à atualização das cotas destes programas, razão pela qual
deve ser declinada a competência para a Justiça Federal, ante o interesse da
União.
Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul
(TJMS. Agravo de Instrumento n. 1410296-28.2019.8.12.0000, Campo
Grande, 1ª Câmara Cível, Relator (a): Juiz Luiz Antônio Cavassa de
Almeida, j: 12/11/2019, p: 13/11/2019)

Tecidas tais considerações, tenho que a manutenção do entendimento externado


em primeiro grau é medida que se impõe.

II.
Ante o exposto, conheço do recurso interposto por SETÚBAL RIBEIRO
JULIÃO, mas lhe nego provimento.
É como voto.

D E C I S Ã O
Como consta na ata, a decisão foi a seguinte:

POR MAIORIA, VENCIDO O 2º VOGAL, NEGARAM


PROVIMENTO AO RECURSO, NOS TERMOS DO VOTO DO RELATOR.

Presidência do Exmo. Sr. Des. Dorival Renato Pavan

Relator, o Exmo. Sr. Des. Dorival Renato Pavan

Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Des. Dorival Renato


Pavan, Des. Amaury da Silva Kuklinski e Des. Odemilson Roberto Castro Fassa.

Campo Grande, 30 de março de 2020.

in

You might also like