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CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA

E
SUPORTE BÁSICO DE VIDA

MANUAL DE PROCEDIMENTOS

http://vivacoracao.com.br/metodologia/5-passos-para-salvar-uma-vida/

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CURSO PROFISSIONAL CURSO PROFISSIONAL AUXILIAR DE AÇÃO EDUCATIVA

SAÚDE INFANTIL
Módulo 5 (UFCD 9636) – Segurança e Prevenção de Acidentes
com Crianças e Jovens

Nome: N.º 2.º I Data

ÍNDICE
I. INTRODUÇÃO 4
II. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – ADULTO 5
III. SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) - ADULTO 7
1. Avaliar as condições de segurança: reanimador, vítima e terceiros 7
2. Avaliar o estado de consciência 7
3. Permeabilizar a via aérea (VA) 8
4. Avaliar Respiração (VOS) 8
5. Ligar 112 9
6. Realizar Compressões Torácicas 9
7. Realizar Insuflações 10
8. Manter SBV 12
9. Algoritmo de SBV 12
IV. SEGURANÇA E RISCOS PARA O REANIMADOR 13
V. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA EM PEDIATRIA 15
1. Introdução 15
2. Definição da idade 16
3. Cadeia de Sobrevivência Pediátrica 16
VI. SUPORTE BÁSICO DE VIDA (SBV) EM PEDIATRIA 18
1. Avaliar as condições de segurança: reanimador, vítima e terceiros 18
2. Avaliação inicial / Estimulação 18
3. Pedido de ajuda 18
4. Sequência ABC 20
5. Ligar 112 26
6. Reavaliação 27
7. Exceções 27
8. Algoritmo de SBV pediátrico 28
VII. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA - ADULTO 29
1. Posição Lateral de Segurança (PLS) 29
2. Técnica para colocar uma vítima em PLS 30
VIII. POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO EM PEDIATRIA 32
1. Posição de Recuperação em Pediatria 32
2. Técnica para colocar uma criança em Posição de Recuperação 33
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IX. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA (OVA) - ADULTO 34
1. Classificação da OVA quanto à gravidade 34
2. Algoritmo de desobstrução das Vias Aéreas (VA) 35
X. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA (OVA) NA IDADE PEDIÁTRICA 38
1. Causas e Reconhecimento 38
2. Abordagem 38
3. Sequência de atuação na Obstrução da Via Aérea do lactente/criança, consciente 39
4. Sequência de atuação na Obstrução da Via Aérea do lactente/criança, inconsciente 42
5. Sinais gerais de Obstrução da Via aérea 43
6. Algoritmo de Desobstrução da Via aérea – Consciente 43
7. Algoritmo de Desobstrução da Via aérea – Inconsciente 44
XI. 112 – NÚMERO EUROPEU DE EMERGÊNCIA 44
XII. PONTOS A RETER 46
1. Na Cadeia de Sobrevivência – Adulto 46
2. Na Cadeia de Sobrevivência Pediátrica 47
XIII. SIGLAS 48
XIV. BIBLIOGRAFIA 48

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I. INTRODUÇÃO

Este Manual de Procedimentos sobre Cadeia de Sobrevivência e Suporte Básico de Vida foi
elaborado tendo por base os Manuais de Suporte Básico de Vida do INEM cujas referências se
encontram na Bibliografia.

Relativamente ao suporte básico de vida (SBV), pretende ser um guia auxiliar dos procedimentos
a adotar perante uma vítima adulta ou em idade pediátrica em paragem cardiorrespiratória (PCR).

A PCR é um acontecimento súbito, constituindo-se como uma das principais causas de morte na
Europa e nos Estados Unidos da América. Afeta entre 55-113 pessoas /100 000 habitantes,
estimando-se entre 350 000-700 000 indivíduos afetados por ano, só na Europa.

Constitui-se assim como fundamental a intervenção rápida de quem presencia uma PCR, com
base em procedimentos específicos e devidamente enquadrados pela designada Cadeia de
Sobrevivência.

A Cadeia de Sobrevivência interliga os diferentes elos, que se assumem como vitais, para o
sucesso da reanimação: ligar 112, Reanimar, Desfibrilhar e Estabilizar.

Os procedimentos preconizados, quando devidamente executados, permitem diminuir


substancialmente os índices de morbilidade e mortalidade associados à PCR e aumentar, de
forma significativa, a probabilidade de sobrevivência da vítima.

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II. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA – ADULTO

Fig. 1 - Cadeia de Sobrevivência.

A Cadeia de Sobrevivência é composta por quatro elos de igual importância, que traduzem o
conjunto de procedimentos vitais para recuperar uma vítima de paragem cardiorrespiratória.

Ligar 112 - Reconhecimento Precoce

Chamar os serviços de emergência, previamente à


eventual ocorrência de uma PCR, aumenta a probabilidade
de sobrevivência da vítima.

O rápido reconhecimento de um enfarte ou de uma PCR é


um fator fundamental para a ativação dos serviços de
emergência e, neste último caso, para o rápido início de
manobras de Suporte Básico de Vida (SBV).

O número europeu de emergência nos países da União Europeia é o 112. Em Portugal, ao ligar
112, a resposta na área da saúde é assegurada pelos Centros de Orientação de Doentes
Urgentes (CODU), do INEM.

O CODU desempenha um papel importante no reconhecimento da PCR, bem como na instrução


e acompanhamento das manobras de reanimação. Sempre que possível, este contacto deve ser
realizado junto da vítima e se o telefone tiver a função de alta voz, esta poderá ser acionada.
Prepare-se para indicar:
– o tipo de situação (paragem cardiorrespiratória, acidente, parto, etc.);
– o número de telefone do qual está a ligar;
– a localização exata e sempre que possível, indicar pontos de referência;
– o número, o sexo e a idade aparente das pessoas a necessitar de socorro;
– as queixas principais e as alterações que observa;
– a existência de qualquer situação que exija outros meios para o local como, por exemplo,
libertação de gases, perigo de incêndio, etc.

As instruções podem ser seguidas, mantendo o diálogo com o operador, preparado para instruir o
contactante de modo a que este, rapidamente, identifique que a vítima está inconsciente e não
respira normalmente. O telefone apenas deve ser desligado quanto o operador assim o indicar.

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Reanimar - Suporte Básico de Vida (SBV) precoce

No intervalo de tempo que decorre entre a ativação e


a chegada dos serviços de emergência ao local da
ocorrência, a execução de manobras de SBV assume
uma importância fundamental.

O reconhecimento da PCR refere-se a uma situação


em que a vítima está não reativa (não responde
quando estimulada) e não respira normalmente, pelo
que devem ser iniciadas de imediato manobras de
reanimação, logo após ter sido efetuada a chamada
para os serviços de emergência.

O SBV consiste em duas ações principais: compressões torácicas e insuflações. O início imediato
de manobras de SBV pode, pelo menos, duplicar as hipóteses de sobrevivência da vítima.

Quem presencia um evento de PCR deve, quando treinado, iniciar de imediato manobras de SBV,
enquanto aguarda a chegada dos serviços de emergência. Sem treino em reanimação, o
elemento que assiste a vítima deve realizar compressões torácicas contínuas, instruído pelo
CODU. Na maior parte dos casos o SBV não irá recuperar a função cardíaca, mas, se bem
realizado, prevenirá lesões de órgãos vitais e aumentará a probabilidade de sucesso dos elos
seguintes.

Desfibrilhar.-.Desfibrilhação.precoce

Na maioria dos casos de PCR o coração pára devido a


uma perturbação do ritmo designada fibrilhação ventricular
(FV). O único tratamento eficaz para a FV é a
administração de um choque elétrico (desfibrilhação).
Cada minuto de atraso na desfibrilhação reduz a
probabilidade de sobrevivência entre 10 a 12%, sendo que
nos casos em que o SBV é realizado, o declínio da taxa de
sobrevivência é mais gradual (3-4%).

Estabilizar – Suporte Avançado de Vida (SAV) precoce e cuidados pós-reanimação

O Suporte Avançado de Vida (SAV) com recurso à


abordagem diferenciada da via aérea, utilização de
fármacos e correção das causas prováveis de PCR,
são ações fundamentais após a abordagem inicial
da PCR. Estas ações serão realizadas pelos
técnicos de emergência médica quando chegarem
ao local.

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III. SUPORTE BÁSICO DE VIDA - ADULTO

1. AVALIAR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA: REANIMADOR, VÍTIMA E


TERCEIROS

Antes de se aproximar de alguém que possa eventualmente estar em perigo de vida, o


reanimador deve assegurar-se primeiro de que não irá correr nenhum risco:
• Ambiental (ex. choque elétrico, derrocadas, explosão, tráfego);
• Toxicológico (ex. exposição a gás, fumo, tóxicos);
• Infeccioso (ex. tuberculose, hepatite).

2. AVALIAR O ESTADO DE CONSCIÊNCIA

• Coloque-se lateralmente em relação à vítima, se possível.


• Abane os ombros com cuidado e pergunte em voz alta: “Está-me a ouvir?”

Fig. 2 - Avaliação do estado de consciência.

No caso de vítima reativa:


• Garanta a inexistência de perigo para a vítima;
• Mantenha-a na posição encontrada;
• Identifique situações causadoras da aparente alteração do estado da vítima;
• Solicite ajuda (ligue 112), se necessário;
• Reavalie com regularidade.

No caso de vítima não reativa:


• Comece por permeabilizar a Via Aérea (VA)

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3. PERMEABILIZAR A VIA AÉREA

Em vítima inconsciente a queda da língua pode bloquear a VA, pelo que esta deve ser
permeabilizada:
• Colocar a vítima em decúbito dorsal;
• Colocar uma mão na testa e inclinar a cabeça para trás (extensão da cabeça);
• Elevar o queixo usando os dois dedos da outra mão colocados debaixo do queixo.
Estas duas últimas ações permeabilizam a VA.

Fig. 3 - Permeabilização da via aérea.

A permeabilização da via aérea e o restabelecimento da ventilação são objetivos essenciais em


SBV, com o propósito de evitar lesões por insuficiente oxigenação dos órgãos nobres, em
particular do cérebro.

4. AVALIAR RESPIRAÇÃO

Mantendo a VA permeável, verificar se a vítima respira normalmente, realizando o VOS até 10


segundos:
• Ver os movimentos torácicos;
• Ouvir os sons respiratórios saídos da boca/ nariz;
• Sentir o ar expirado na face do reanimador.

Fig. 4 - Ver, Ouvir e Sentir (VOS).


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Se a vítima respira normalmente coloque-a em Posição Lateral de Segurança (PLS).

Fig. 5 - Posição Lateral de Segurança.

5. LIGAR 112

Se a vítima não responde e não tem respiração normal ative de imediato o serviço de emergência
médica, ligando 112:
• Quando liga 112 deve estar preparado para responder às questões: ONDE; O QUÊ;
QUEM; COMO;
• Salienta-se que a presença de vários elementos no local deve ser utilizada para que um
deles contacte os serviços de emergência, enquanto outro inicia as manobras de SBV;
• Se estiver sozinho, o desejável é que não abandone nem atrase o auxílio à vítima,
podendo utilizar o sistema de alta voz de um telemóvel para interagir com os operadores
do CODU, enquanto executa o SBV.

6. REALIZAR COMPRESSÕES TORÁCICAS

Realize 30 compressões deprimindo o esterno 5-6 cm a uma frequência de pelo menos 100 por
minuto e não mais que 120 por minuto.

Para que as compressões torácicas sejam corretamente realizadas, deverá:


• Posicionar-se ao lado da vítima;
• Certificar-se que a vítima está deitada de costas, sobre uma superfície firme e plana;
• Afastar/remover as roupas que cobrem o tórax da vítima;
• Posicionar-se verticalmente acima do tórax da vítima;
• Colocar a base de uma mão no centro do tórax (sobre a metade inferior do esterno);
• Colocar a outra mão sobre a primeira entrelaçando os dedos;
• Manter os braços e cotovelos esticados, com os ombros na direção das mãos;
• Aplicar pressão sobre o esterno, deprimindo-o 5-6 cm a cada compressão (as compressões
torácicas superficiais podem não produzir um fluxo sanguíneo adequado);
• Aplicar 30 compressões de forma rítmica a uma frequência de pelo menos 100 por minuto,
mas não mais do que 120 por minuto (ajuda se contar as compressões em voz alta);
• No final de cada compressão garantir a descompressão total do tórax sem remover as
mãos;
• Nunca interromper as compressões mais do que 10 segundos (com o coração parado,
quando não se comprime o tórax, o sangue não circula).

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Fig. 6 - Compressões Torácicas.

No decurso da PCR o sangue que se encontra retido nos pulmões e no sistema arterial
permanece oxigenado por alguns minutos. São as compressões torácicas que mantêm o fluxo de
sangue para o coração, o cérebro e outros órgãos vitais, pelo que é prioritário o início de
compressões torácicas, ao invés de iniciar insuflações.

7. REALIZAR INSUFLAÇÕES

Após 30 compressões efetuar 2 insuflações.


• A insuflação quando eficaz provoca elevação do tórax (semelhante à respiração normal),
devendo ter a duração de apenas 1 segundo;
• Evitar insuflações rápidas e forçadas;
• A posição incorreta da cabeça pode impedir a insuflação adequada por obstrução da via
aérea;
• Na impossibilidade de utilizar um dispositivo na via aérea (máscara de bolso ou insuflador
manual), a insuflação “boca a boca” é uma maneira rápida e eficaz de fornecer oxigénio à
vítima. O ar exalado pelo reanimador contém aproximadamente 17% de oxigénio e 4% de
dióxido de carbono o que é suficiente para suprir as necessidades da vítima.

Insuflações boca-a-boca:
• Posicionar-se ao lado da vítima;
• Permeabilizar a Via Aérea (VA);
• Aplicar 2 insuflações na vítima, mantendo a VA permeável:
- Comprima as narinas usando o dedo indicador e o polegar da mão que colocou na testa;
- Permita que a boca se abra, mas mantenha a elevação do queixo;
- Inspire normalmente e coloque os seus lábios em torno da boca da vítima, certificando-
se que não há fugas;
- Sopre a uma velocidade regular e controlada para a boca da vítima enquanto observa a
elevação do tórax (deve durar cerca de 1 segundo, tal como na respiração normal);
- Mantendo a inclinação da cabeça e o queixo elevado, afaste-se da boca da vítima e
observe o tórax a baixar quando o ar sai;
- Inspire novamente e volte a soprar na boca da vítima para conseguir um total de duas
insuflações.
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Fig. 7 - Insuflações boca-a-boca.

Se não se sentir capaz ou tiver relutância em fazer insuflações, faça apenas compressões
torácicas;

Se apenas fizer compressões, estas devem ser contínuas, cerca de 100 - 120 por minuto (não
existindo momentos de pausa entre cada 30 compressões).

Insuflações com máscara de bolso:


Uma máscara de bolso pode ser utilizada por leigos, com treino mínimo na realização de
insuflações, durante o SBV. Este dispositivo adapta-se à face da vítima, sobre o nariz e boca, e
possui uma válvula unidirecional que desvia do reanimador o ar expirado da vítima.
• O reanimador deve posicionar-se ao lado da vítima;
• Permeabilizar a VA;
• Aplicar 2 insuflações na vítima, mantendo a VA permeável:
• Colocar a máscara sobre o nariz e boca da vítima (a parte mais estreita da máscara de
bolso deverá ficar sobre o dorso do nariz e a parte mais larga da máscara deverá ficar
sobre a boca);
• Colocar o polegar e o indicador na parte mais estreita da máscara;
• Colocar o polegar da outra mão na parte mais larga da máscara e usar os outros dedos
para elevar o queixo da vítima, criando uma selagem hermética;
• Soprar suavemente pela válvula unidirecional durante cerca de 1 segundo (por cada
insuflação), por forma a que o tórax da vítima se eleve;
• Retirar a boca da válvula da máscara após insuflar.

Fig. 8 - Insuflações boca-máscara.


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No final das duas insuflações, volte rapidamente a colocar as suas mãos na posição correta no
esterno e repita mais 30 compressões torácicas.

8. MANTER SBV

• Mantenha as manobras de reanimação (30 compressões alternando com 2 insuflações)


até:
- Chegar ajuda diferenciada;
- Ficar exausto;
- A vítima retomar sinais de vida (vítima desperta e reativa; movimento; abertura
espontânea dos olhos; respiração normal).

É raro reanimar a vítima (entenda-se presença de sinais de vida) apenas com manobras de SBV.
Caso não tenha a certeza que a vítima recuperou, mantenha SBV.

9. ALGORITMO DE SBV

Fig. 9 - Algoritmo Suporte Básico de Vida

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IV. SEGURANÇA E RISCOS PARA O REANIMADOR

Por vezes, o desejo de ajudar alguém que nos parece estar em perigo de vida pode levar a
ignorar os riscos inerentes à situação. Se não forem garantidas as condições de segurança antes
de se abordar uma vítima poderá, em casos extremos, ocorrer a morte da vítima e do reanimador.

A tipologia de riscos que aqui é apresentada é extensível a outros momentos de interação com as
vítimas.

Acidente de viação

Se parar numa estrada para socorrer alguém vítima de um acidente de viação deve:
• Sinalizar o local com triângulo de sinalização à distância adequada;
• Ligar as luzes de presença ou emergência;
• Usar roupa clara para que possa mais facilmente ser identificado (colete refletor);
• Desligar o motor para diminuir a probabilidade de incêndio.

Produtos químicos ou matérias perigosas

No caso de detetar a presença desses produtos e/ou matérias é fundamental evitar o contacto
com essas substâncias sem as devidas medidas de proteção universais (ex. luvas, máscara) e
evitar a inalação de eventuais vapores libertados pelas mesmas.

Intoxicações

Nas situações em que a vítima sofre uma intoxicação podem existir riscos acrescidos para quem
socorre, nomeadamente no caso de intoxicação por fumos ou gases tóxicos. Para o socorro da
vítima de intoxicação é importante identificar o produto em causa e a sua forma de apresentação
(em pó, líquida ou gasosa) e contactar o CODU ou o CIAV (Centro de Informação Antivenenos)
para uma informação especializada, nomeadamente quanto aos procedimentos a adotar. Em
caso de intoxicação por produtos gasosos é fundamental não se expor aos vapores libertados os
quais não devem ser inalados. O local onde a vítima se encontra deverá ser arejado ou, na
impossibilidade de o conseguir, a vítima deverá ser retirada do local.

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Nas situações em que o tóxico é corrosivo (ácidos ou bases fortes) ou em que possa ser
absorvido pela pele, como alguns pesticidas, é mandatório, além de arejar o local, usar luvas e
roupa de proteção para evitar qualquer contacto com o produto, bem como máscaras para evitar a
inalação.

Se houver necessidade de insuflar a vítima com ar expirado deverá ser sempre usada máscara ou
outro dispositivo com válvula unidirecional, para não expor o reanimador ao ar expirado da vítima.
Nunca efetuar insuflação boca-a-boca.

Transmissão de doenças

A possibilidade de transmissão de doenças durante as manobras de reanimação, apesar de


diminuta, é real. Estão descritos alguns casos de transmissão de infeções durante a realização de
insuflação boca-a-boca (nomeadamente casos de tuberculose).

O risco aumenta se houver contacto com sangue infetado ou com uma superfície cutânea com
soluções de continuidade (feridas). Durante a reanimação deve evitar o contacto com sangue ou
outros fluidos corporais como: secreções respiratórias, secreções nasais, suor, lágrimas, vómito e
outros. O dispositivo “barreira” mais utilizado é a máscara de bolso, devendo existir o cuidado de
minimizar as pausas entre compressões ao mínimo indispensável, aquando da sua utilização.

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V. A CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA EM PEDIATRIA

1. INTRODUÇÃO

A criança tem particularidades anatómicas e fisiológicas que condicionam a etiologia da paragem


cardiorrespiratória, pelo que é necessário adaptar os procedimentos de Suporte Básico de Vida
(SBV) a essas características.

No essencial, os princípios gerais são os mesmos do adulto, existindo, no entanto, algumas


diferenças que importa realçar.

Assim, todas as estruturas anatómicas são mais frágeis pelo que todas as manobras têm que ser
feitas com maior suavidade, para não causar traumatismos à criança.

A criança está particularmente sujeita a situações de obstrução da via aérea, dado que a mesma
é de menor diâmetro e colapsa com facilidade. Também a língua, de dimensões relativas maiores,
mais facilmente causa obstrução da via aérea.

O metabolismo basal da criança também é diferente, tendo habitualmente frequências cardíacas e


respiratórias mais elevadas, que ainda aumentam nas situações de insuficiência respiratória ou
circulatória. No entanto, esta capacidade compensatória é limitada, pelo que frequências baixas
são habitualmente sinal de esgotamento dos mecanismos de compensação e de Paragem
Cardiorrespiratória (PCR) iminente.

A principal causa de PCR na idade pediátrica é a hipoxia, como resultado final de um processo de
deterioração progressiva da função respiratória e, posteriormente, circulatória. Raramente é um
evento súbito, ao contrário dos adultos, mas antes um processo progressivo refletindo o limite da
capacidade de o organismo compensar uma lesão ou doença subjacente. Por este facto, a
prioridade na reanimação pediátrica é a permeabilização da via aérea e a oxigenação.

As causas primárias de PCR de origem cardíaca, são raras, embora também possam ocorrer. Se
esta situação se revelar como muito provável, (ex. situação de colapso súbito numa criança com
patologia cardíaca), o prognóstico poderá estar dependente de uma desfibrilação precoce e
nestas situações a ativação do Sistema Integrado de Emergência Médica (SIEM), através da
chamada para o 112, deverá ser a prioridade

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2. DEFINIÇÃO DA IDADE

A definição da idade é crucial em pediatria. Neste manual, vamos abordar essencialmente duas
faixas etárias: os lactentes e as crianças.

Os recém-nascidos (bebé imediatamente após o parto e até aos 28 dias) têm especificidades
próprias, que determinam que a sua reanimação cumpra procedimentos específicos, que deverão
ser do conhecimento daqueles que assistem ao parto, o que sai fora do âmbito deste manual.

Assim, considera-se:
Lactente: um bebé até ao ano de idade.
Criança: entre um ano e a puberdade.

A idade formal para início da puberdade não está definida. Cabe ao reanimador, pela aparência
da criança/adolescente, determinar se lhe “parece” criança e assim usar as recomendações
pediátricas.

3. CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA PEDIÁTRICA

Fig. 10 - Cadeia de Sobrevivência Pediátrica.

A Cadeia de Sobrevivência representa, simbolicamente, o conjunto de procedimentos que


permitem salvar vítimas de paragem cardiorrespiratória. Estes procedimentos sucedem-se de
uma forma encadeada e constituem uma cadeia de atitudes em que cada elo articula o
procedimento anterior com o seguinte.

De forma genérica, existem 4 elos nesta cadeia:


• Reconhecimento precoce da gravidade da situação e pedido de ajuda: para prevenir a
PCR.
• Suporte Básico de Vida (SBV): para otimizar a oxigenação.
• Ligar 112: para pedir ajuda diferenciada.
• Suporte Avançado de Vida/Desfibrilhação/ Cuidados pós-reanimação: para restaurar a
qualidade de vida (estabilizar).

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Como se referiu anteriormente, a principal causa de PCR na idade pediátrica é a hipoxia, pelo que
nas crianças a prioridade é otimizar a oxigenação (com insuflações iniciais e SBV).
A arritmia mais frequente é a bradicardia que evolui para assistolia, pelo que a prioridade é o SBV
e não o rápido acesso a um desfibrilhador. Assim, no caso de reanimador único, é fundamental
que o SBV seja iniciado de imediato e efetuado durante um minuto, antes de se ativar o Sistema
Integrado de Emergência Médica (SIEM) – (ligar 112).

Se há mais que um reanimador, um deverá ligar de imediato 112 ou procurar ajuda, enquanto o
outro inicia SBV.

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VI. SUPORTE BÁSICO DE VIDA EM PEDIATRIA

O conceito de Suporte Básico de Vida Pediátrico pressupõe um conjunto de procedimentos


encadeados com o objetivo de fornecer oxigénio ao cérebro e coração, sem recurso a
equipamentos diferenciados, até que o suporte avançado de vida possa ser instituído.

A utilização de algum equipamento para permeabilizar a via aérea (exemplo: tubo orofaríngeo) ou
de máscara facial para insuflação com ar expirado (exemplo: máscara de bolso) ou mesmo
equipamento com possibilidade de administrar oxigénio (exemplo: insuflador manual) é válido e
até útil, desde que usado por pessoal com experiência.

As manobras de SBV devem ser executadas com a vítima em decúbito dorsal, ou seja, deitada de
costas, no chão ou num plano duro.

Se a criança se encontrar, por exemplo, numa cama, as manobras de SBV, nomeadamente as


compressões torácicas, não serão eficazes uma vez que a força exercida será absorvida pelas
molas ou espuma do próprio colchão. Se a criança se encontrar em decúbito ventral, se possível,
deve ser rodada em bloco, isto é, mantendo o alinhamento da cabeça, pescoço e tronco.

O reanimador deve posicionar-se junto da vítima para que, se for necessário, possa fazer
insuflações e compressões sem ter que fazer grandes deslocações. O SBV deve ser efetuado
sequencialmente, seguindo uma ordem de ações cujo sucesso da próxima depende da eficácia
da anterior.

1. AVALIAR AS CONDIÇÕES DE SEGURANÇA: REANIMADOR, VÍTIMA E


TERCEIROS
Como em qualquer outra situação, deve começar por:
• Avaliar as condições de segurança para o reanimador, para a vítima e para terceiros, antes
de abordar a criança.

Ao aproximar-se da criança deve igualmente procurar pistas sobre o que potencialmente possa
ter causado a emergência. Estes aspetos podem modificar a abordagem (ex. situação de trauma)
ou ajudar na definição da etiologia da PCR.

2. AVALIAÇÃO INICIAL / ESTIMULAÇÃO

Depois de assegurar que estão garantidas as condições de segurança, é importante:


• Avaliar a reatividade da criança.

Para isso aproxime-se da criança e avalie se esta responde, perguntando em voz alta “Estás bem,
sentes-te bem? “, enquanto a estimula batendo suavemente nos ombros. Tratando-se de uma
criança pequena não a deve abanar, estimule-a mexendo nas mãos e/ou nos pés ao mesmo
tempo que chama em voz alta.

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Se a criança responder, mexendo-se, falando ou chorando, deve avaliar a situação em causa e
potenciais riscos e, se necessário, deixá-la na posição em que está, ou na que ela pretender
adotar e ligar 112, reavaliando-a frequentemente.

Se a criança não responder, passe ao “Pedido de Ajuda”.

Fig. 11 - Avalie a reatividade da criança.

3. PEDIDO DE AJUDA

• Se estiver sozinho, peça ajuda gritando em voz alta “Preciso de ajuda! Está aqui uma
criança desmaiada!”

No entanto, não abandone a criança para ir pedir ajuda nem atrase o início do SBV e avance para
o passo seguinte.

Se houver uma segunda pessoa presente, peça-lhe que ative o SIEM, ligando 112, enquanto
prossegue com o algoritmo.

Fig. 12 - Grite por ajuda.

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4. SEQUÊNCIA ABC

A sequência de procedimentos, após a avaliação inicial, segue as etapas ABC, com as iniciais a
resultarem dos termos ingleses Airway, Breathing e Circulation:

A – Via Aérea (Airway) – Permeabilizar a via aérea

Numa criança inconsciente, o relaxamento do palato mole e da epiglote, bem como a própria
língua, podem causar obstrução da via aérea.

Assim, é importante:
• Proceder à permeabilização da via aérea.

Existem 2 técnicas:

Extensão da cabeça – elevação do queixo

É uma manobra simples e eficaz. Deve colocar-se ao lado da criança, estando esta em decúbito
dorsal, isto é, deitada de costas.

• Coloque a palma de uma mão na testa da criança e incline cuidadosamente a cabeça para
trás;
• Com a outra mão faça a elevação do queixo, colocando os dedos indicador e médio no
bordo do maxilar inferior (mento ou queixo). Deve ter cuidado para não pressionar os
tecidos moles abaixo do queixo, pois pode causar obstrução da via aérea.

Fig. 13 - Permeabilize a via aérea.

No lactente em decúbito dorsal, a cabeça fica habitualmente fletida em relação ao pescoço. A


extensão da cabeça deve ser efetuada de forma a obter uma “posição neutra”, isto é, a face do
lactente ficar paralela ao plano onde está deitado (a orelha alinhada com o eixo do tronco). Pode
ser útil, nesta situação, colocar uma elevação (toalha ou lençol) ao nível dos ombros/costas do
bebé, para conseguir esta posição. Nas crianças maiores, é necessário, habitualmente, uma
maior extensão da cabeça.

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Subluxação da mandíbula

Esta manobra é a mais eficaz para abertura da via aérea e é a indicada nas situações em que há
necessidade de imobilizar a coluna cervical por suspeita de trauma, ou se não estamos a ser
eficazes com a técnica da extensão da cabeça e elevação do queixo.

Posicionando-se atrás da cabeça da criança, esta manobra é conseguida colocando dois ou três
dedos de cada mão debaixo dos ângulos da mandibula, elevando-a (empurrando para a frente),
com os polegares apoiados nos malares.

Para dar maior estabilidade, os cotovelos do reanimador devem estar apoiados na superfície em
que a criança está deitada.

B – Ventilação (Breathing)

Após ter efetuado a permeabilização da via aérea deve:


• Avaliar se respira normalmente. Para verificar este aspeto a melhor técnica é “ver, ouvir e
sentir” (VOS), efetuada durante, no máximo, 10 segundos.

O reanimador deve manter a permeabilidade da via aérea e aproximar a sua face da face da
criança olhando para o tórax e:
VER - se existem movimentos torácicos;
OUVIR - se existem ruídos de saída de ar pela boca ou nariz da vítima;
SENTIR - na sua face se há saída de ar pela boca ou nariz da vítima.

• Se a criança respira normalmente e não há evidência de trauma, coloque-a em posição de


recuperação (se existe história de trauma, a lesão da coluna cervical deve ser
considerada), peça ajuda ligando 112 e reavalie periodicamente se mantém ventilação
adequada.
• Se a criança não respira normalmente mantenha a permeabilidade da via aérea, remova
cuidadosamente qualquer obstrução óbvia e inicie a ventilação com ar expirado, efetuando
5 insuflações. O objetivo é fazer chegar aos pulmões da criança algum oxigénio.

Fig. 14 - Avalie se respira normalmente.

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Ao executar as ventilações verifique movimentos de deglutição ou tosse associado às insuflações.
Esta resposta ou a sua ausência farão parte da avaliação de “sinais de vida”, que será descrita
mais adiante.

Cada insuflação de ar deve ser lenta e feita durante 1 segundo, com um volume de ar suficiente
para causar uma expansão torácica visível. Após cada insuflação, deve afastar a boca e manter a
via aérea permeável para permitir a expiração e repetir o procedimento, voltando a encher o peito
de ar antes de cada insuflação, para melhorar o conteúdo de oxigénio no ar expirado que irá
insuflar.

Técnica de ventilação boca a boca-nariz

Esta é a técnica recomendada para lactentes.

O reanimador deve manter a permeabilidade da via aérea, assegurando que a cabeça está em
posição neutra. Após encher o “peito de ar”, adapta a sua boca à volta da boca e do nariz do
lactente e insufla, como descrito anteriormente.

Nas situações em que não consegue efetuar uma boa adaptação da boca à volta da boca e nariz
é igualmente adequado efetuar ventilação boca-a-boca ou boca-nariz. Em qualquer dos casos, as
narinas ou a boca devem ser ocluídas para evitar a fuga de ar.

Fig. 15 - Técnica da insuflação boca-nariz.

Técnica de ventilação boca a boca

Na criança a técnica de ventilação deve ser boca a boca.

Neste caso, o reanimador deve adaptar a sua boca sobre a boca da criança, garantindo uma boa
selagem. Com os dedos da mão que faz a extensão da cabeça deve pinçar as narinas da criança
para evitar a fuga do ar insuflado.

Mais uma vez se reforça que não é a idade que determina a decisão de efetuar a ventilação boca
a boca-nariz ou boca a boca, mas efetivamente o tamanho da vítima.

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Se tiver dificuldade em conseguir insuflações eficazes, o reanimador deve rever a via aérea, com
reposicionamento da cabeça e garantir que há boa selagem antes de tentar a próxima insuflação.
Se, apesar do correto procedimento, não conseguir adequada expansão torácica deve ser
considerada a possibilidade de obstrução da via aérea (OVA).

Nesse caso:
• Abra a boca da vítima e procure objetos visíveis; se existirem remova-os;
• Reposicione a cabeça de forma a permeabilizar adequadamente a via aérea, tentando
outro método (exemplo: subluxação da mandibula);
• Tente ventilar de novo, fazendo-o somente até cinco tentativas.

C – Circulação (Circulation)

Após as 5 insuflações iniciais, o reanimador deve:


• Determinar se a criança tem circulação espontânea, através da pesquisa de sinais de vida
(movimento, tosse, respiração normal não agónica,) ou se necessita de compressões
torácicas.

A pesquisa de sinais de vida não deve demorar mais do que 10 segundos.

Se estiver bem treinado (profissional de saúde com experiência) pode procurar palpar pulso
central enquanto pesquisa os outros sinais de vida. Mas mesmo neste caso, não se deve demorar
mais do que 10 segundos nesta pesquisa.

No lactente deve palpar o pulso braquial, na parte interna do braço, e na criança o pulso
carotídeo. Em qualquer dos grupos pode palpar o pulso femoral.

Em consequência desta avaliação:


• Se a criança apresenta alguns sinais de vida, mas não respira ou a respiração é
inadequada, continue as insuflações com ar expirado numa frequência de 12 a 20 ciclos
por minuto.

Se estiver sozinho, deve ligar 112, levando se possível a criança consigo, de forma a manter as
insuflações.

Reavalie periodicamente e mantenha as insuflações até que a criança respire normalmente ou


chegue a ajuda.
• Se a criança recuperar a respiração normal (e não houver história de trauma), coloque-a
em posição de recuperação.
• Se não houver sinais de vida deve iniciar de imediato compressões torácicas, mantendo
uma alternância de 15 compressões com 2 insuflações.

O objetivo das compressões torácicas é, exercendo pressão sobre a parede anterior do tórax,
conseguir um fluxo sanguíneo capaz de manter viáveis os órgãos vitais, até ao retorno da
circulação espontânea.

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As compressões torácicas, tanto nos lactentes como nas crianças, devem ser efetuadas sobre a
metade inferior do esterno, um dedo acima do apêndice xifóide que, percorrendo cada uma das
grelhas costais inferiores, se localiza onde as duas se encontram.

As compressões devem ser realizadas de forma a causar uma depressão de aproximadamente


um terço da altura do tórax (ou seja, pelo menos 4 cm no lactente e 5 cm na criança), a uma
frequência de pelo menos 100 a 120 por minuto.

Entre as compressões é fundamental que permita a completa re-expansão torácica, aliviando


totalmente a pressão exercida sobre o tórax, sem, no entanto, retirar as mãos ou os dedos do
local das compressões. A qualidade das compressões é essencial no prognóstico da situação,
pelo que devem ser feitas de forma rápida, com força suficiente e minimizando as interrupções.

COMPRESSÕES TORÁCICAS NO LACTENTE

Técnica dos dois dedos

Esta é a técnica recomendada para que um reanimador único efetue compressões em


lactentes.

O reanimador, mantendo a permeabilidade da via aérea (extensão da cabeça com uma mão),
deve colocar a ponta de dois dedos da outra mão sobre a metade inferior do esterno do lactente e
comprimir o tórax na vertical, de forma a causar uma depressão de cerca de 1/3 da sua altura (4
cm).

Depois de cada compressão, deve aliviar a pressão de forma a permitir ao tórax retomar a sua
forma.

Fig. 16 – Técnica dos dois dedos.

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Após cada série de 15 compressões, deve retirar os dedos para fazer a elevação do queixo e
efetuar 2 insuflações eficazes, continuando sucessivamente esta relação de 15:2.

Técnica do Abraço

No caso de estarem presentes dois reanimadores, e se a estrutura física da criança o permitir,


deve ser usada preferencialmente a técnica de compressão com os 2 polegares.

Neste caso, um dos reanimadores efetua compressões e o outro as insuflações, da seguinte


forma:
• O reanimador que efetua as compressões pode estar colocado aos pés do lactente ou ao
lado, e coloca os dois polegares lado a lado sobre a metade inferior do esterno (no local já
referido), com a ponta apontando para a cabeça. Se o lactente é muito pequeno poderá ser
necessário sobrepor os dois polegares de forma a não comprimir sobre as costelas. As
mãos do reanimador devem envolver o tórax do lactente e apoiar o dorso;
• De seguida, deve pressionar o tórax como descrito anteriormente: causando uma
depressão de cerca de um terço da sua altura (4cm), com alívio de forma a permitir a
reexpansão e a uma frequência de pelo menos 100 a 120 por minuto;
• O reanimador que efetua as insuflações deve estar posicionado à cabeça do lactente e
efetuar duas insuflações após cada série de 15 compressões.

Fig. 17 – Técnica do abraço.

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COMPRESSÕES TORÁCICAS NAS CRIANÇAS

Nas crianças maiores, o reanimador deve posicionar-se ao lado da criança, e, usando as


referências anatómicas mencionadas anteriormente, coloca a base de uma mão na metade
inferior do esterno (um dedo acima do apêndice xifóide que, percorrendo cada uma das grelhas
costais inferiores, se localiza onde as duas se encontram). Deve levantar os dedos de forma a
que só a base da mão faça pressão, para não comprimir as costelas. De seguida, mantendo o
braço esticado, sem fletir o cotovelo, e de forma que o ombro fique perpendicular ao ponto de
apoio da mão, pressiona o tórax cerca de um terço da sua altura (5 cm na criança), usando o
peso do seu corpo.

Após cada 15 compressões, o reanimador permeabiliza a via aérea e efetua duas insuflações,
mantendo esta relação de 15:2 sucessivamente.

Fig. 18 - Compressões Torácicas na criança.

Na fase de descompressão do tórax, deve aliviar a pressão sem retirar a mão do esterno.

Não deve ser apenas a idade da criança a determinar a técnica de compressões a aplicar. Nas
crianças maiores poderá ser necessário usar o mesmo método do adulto, ou seja, usando as
duas mãos entrelaçadas (a segunda mão colocada sobre a primeira, com os dedos entrelaçados
e afastados da parede torácica). Esta técnica pode ser também utilizada quando o reanimador for
pequeno. Nestes casos é usada também a relação compressões insuflações 15:2.

5. LIGAR 112

Caso esteja presente apenas um reanimador devem ser mantidas as manobras de SBV durante 1
minuto (5 ciclos da sequência de 15 compressões e 2 insuflações) e só depois, se ainda estiver
sozinho, deverá ligar 112.

Quando ligar 112 deverá estar preparado para responder às questões: ONDE, O QUÊ, QUEM,
COMO.

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Se estiver sozinho, pode ser utlizado um telemóvel em alta voz, enquanto mantém o SBV.

Se estiverem presentes dois reanimadores deve confirmar que o 112 foi ativado e manter SBV na
mesma sequência de compressões/insuflações (15:2).

6. REAVALIAÇÃO

Se, para ligar 112, tiver que se deslocar do sitio onde se encontra a criança/lactente, mas esta for
suficientemente pequena para ser transportada ao colo, deve levá-la consigo para manter
manobras de SBV durante esse período de tempo.

Após o pedido de ajuda para o 112 apenas deverá reavaliar o lactente ou a criança se, quando a
deixou para pedir ajuda, ela apresentava sinais que, entretanto, pudessem ter-se deteriorado
(como a existência de respiração normal ou outros sinais de vida).

Caso contrário deve reiniciar de imediato as compressões torácicas seguidas de ventilações.

7. EXCEÇÕES

A única exceção em que não se realiza um minuto de SBV antes de pedir ajuda é o caso duma
criança que colapsa subitamente perante o reanimador, e este se encontra sozinho com a vítima.
Neste caso a causa provável da paragem cardiorrespiratória é uma arritmia e a criança pode
necessitar de desfibrilhação.

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8. ALGORITMO DE SUPORTE BÁSICO DE VIDA PEDIÁTRICO

Fig. 19 – Algoritmo de Suporte Básico de Vida Pediátrico.

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VII. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS) - ADULTO

1. POSIÇÃO LATERAL DE SEGURANÇA (PLS)

Nas situações em que a vítima se encontra não reativa e com respiração eficaz, ou se tiverem
sido restaurados os sinais de vida após manobras de reanimação, a manutenção da
permeabilidade da via aérea deverá ser obrigatoriamente garantida.

A PLS garante a manutenção da permeabilidade da via aérea numa vítima inconsciente que
respira normalmente:
• Diminuindo o risco de aspiração de vómito;
• Prevenindo que a queda da língua obstrua a VA;
• Permitindo a drenagem de fluidos pela boca;
• Permitindo a visualização do tórax;
• Não estão demonstrados riscos associados à sua utilização.

SE AO ABORDAR A VÍTIMA ELA:

Responde:

• Deixe-a como a encontrou;


• Procure quaisquer alterações;
• Solicite ajuda (ligue 112);
• Reavalie-a regularmente.

Estiver inconsciente e a respirar normalmente

• Coloque-a em PLS.

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2. TÉCNICA PARA COLOCAR UMA VÍTIMA EM PLS

Ajoelhe-se ao lado da vítima


• Remova objetos estranhos ao corpo da vítima, os quais ao posicioná-la possam
eventualmente causar lesões (ex: óculos, canetas);
• Assegure-se que as pernas da vítima estão estendidas;

Fig. 19 - Estenda as pernas da vítima.

• Coloque o braço mais perto (do seu lado) em ângulo reto com o corpo, com o cotovelo
dobrado e a palma da mão virada para cima;

Fig. 20 - Coloque o braço da vítima em ângulo reto com o corpo.

Segurar o braço mais afastado


• Segure o outro braço (mais afastado) cruzando o tórax e fixe o dorso da mão na face do
seu lado;

Fig. 21 - Coloque o dorso da mão da vítima no lado da sua face mais próxima do reanimador.
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Levantar a perna do lado oposto
• Com a outra mão levante a perna do lado oposto acima do joelho dobrando-a, deixando o
pé em contacto com o chão;

Fig. 22 - Levante a perna da vítima, dobrando-a.

Rolar a vítima
• Enquanto uma mão apoia a cabeça a outra puxa a perna do lado oposto rolando a vítima
para o seu lado;
• Estabilize a perna de forma a que a anca e o joelho formem ângulos retos;
• Incline a cabeça para trás assegurando a permeabilidade da VA;
• Ajuste a mão debaixo do queixo, para manter a extensão da cabeça;
• Reavalie regularmente a respiração (na dúvida desfazer a PLS, permeabilizar a VA e
efetuar VOS até 10 segundos).

Fig. 23 - Vítima rodada - em PLS

Se há trauma ou suspeita de trauma

Reafirma-se uma vez mais a contraindicação da PLS no


caso de trauma ou na sua suspeita;

A proteção da coluna, garantindo o mais possível do seu


alinhamento, é fundamental nestas situações e deve
acontecer antes da vítima ser mobilizada.

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VIII. POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO EM PEDIATRIA

1. POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO EM PEDIATRIA

Uma criança inconsciente, a respirar espontaneamente deve ser colocada numa posição lateral e
segura, de modo a prevenir a obstrução da via aérea pela queda da língua e reduzir o risco de
aspiração de vómito ou secreções.

Se há suspeita de trauma, a vítima só deve ser mobilizada se for impossível manter a


permeabilidade da via aérea de outro modo, e neste caso, deve ser sempre respeitado
simultaneamente o alinhamento da coluna cervical.

A posição de recuperação usada nas crianças obedece aos mesmos princípios da PLS (posição
lateral de segurança) do adulto e pode ser usada a mesma técnica.

Nos lactentes sugere-se a colocação em decúbito lateral, usando uma almofada ou um lençol
dobrado, colocado por trás, a nível das costas, para manter a posição estável.

A POSIÇÃO DE RECUPERAÇÃO deve respeitar os seguintes princípios:


• Ser uma posição o mais “lateral “possível para que a cabeça fique numa posição em que a
drenagem da cavidade oral se faça livremente;
• Ser uma posição estável;
• Não causar pressão no tórax que impeça a respiração normal;
• Possibilitar a observação e acesso fácil à via aérea;
• Ser possível voltar a colocar a vítima em decúbito dorsal de forma fácil e rápida;
• Não causar nenhuma lesão à vítima (por isso não está indicada se existe suspeita de
traumatismo da coluna cervical).

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2. TÉCNICA PARA COLOCAR UMA CRIANÇA EM POSIÇÃO DE
RECUPERAÇÃO

O reanimador deve ajoelhar-se ao lado da criança e estender-lhe as duas pernas e os dois


braços;

Se tiver óculos, devem ser removidos, assim como objetos volumosos (chaves, telefones, canetas
etc.) que estejam nos bolsos. A roupa em volta do pescoço também deve ser alargada;

A permeabilidade da via aérea deve ser avaliada e se necessário permeabilizada, através da


extensão da cabeça e elevação da mandibula;

O braço da criança, mais próximo do reanimador, é estendido no chão, perpendicularmente ao


corpo;

O outro braço da criança é dobrado sobre o tórax e a face dorsal da mão encostada à face da
vítima, do lado do reanimador.

Com a outra mão, o reanimador dobra o joelho da perna mais afastada de si;

Puxando cuidadosamente o joelho dobrado, o reanimador rola a criança na sua direção e ajusta a
perna que fica por cima de modo a formar um ângulo reto a nível da coxa e do joelho.

Se necessário, ajusta a mão sob a face da vítima para que a cabeça fique em extensão, de modo
a garantir a permeabilidade da via aérea.

Deve ser exercida uma vigilância regular sobre a vítima, certificando-se que a mesma respira
normalmente (se fizer ruído reposicionar a cabeça).

Se a criança tiver que permanecer em Posição de Recuperação por um longo período de tempo,
recomenda-se que ao fim de 30 minutos seja colocada sobre o lado oposto, para diminuir o risco
de lesões resultantes da compressão sobre o ombro.

Se a vítima deixar de respirar espontaneamente é necessário voltar a colocá-la em decúbito


dorsal, reavaliar e iniciar SBV.

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IX. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA (OVA) - ADULTO
A obstrução da via aérea por corpo estranho é pouco frequente, mas constitui-se como uma
causa de PCR acidental potencialmente reversível. Normalmente associada à alimentação e
comumente presenciada, as vítimas apresentam-se inicialmente conscientes e reativas, pelo que
as oportunidades de intervenção precoce podem de forma mais fácil resolver a situação.

O reconhecimento precoce da obstrução da via aérea é fundamental para o sucesso da evolução


da situação de emergência. É importante distinguir esta situação de emergência do
desmaio/síncope, do “ataque cardíaco” (enfarte agudo do miocárdio), das convulsões, da
overdose por drogas e de outras condições que possam causar dificuldade respiratória súbita,
mas que requerem um tratamento diferente. O reanimador treinado deve identificar sinais de
obstrução da VA.

O risco de OVA é mais elevado em vítimas que apresentem algumas das seguintes situações:
redução do nível de consciência, intoxicação por álcool e/ou drogas, alterações neurológicas com
dificuldade de deglutição e diminuição do reflexo da tosse, alterações mentais, demência,
dentição inexistente e idosos.

1. CLASSIFICAÇÃO DA OVA QUANTO À GRAVIDADE

Quanto à sua gravidade, podemos classificar a OVA como:

LIGEIRA:
• Vítima reativa, capaz de falar, tossir e respirar;
• Eventual ruído respiratório na inspiração;
• Mantém reflexo da tosse eficaz.

GRAVE:
• Vítima incapaz de falar;
• Tosse fraca/ineficaz ou ausente;
• Respiração em “esforço” com ruído agudo alto à inspiração ou ausência total de ruído;
• Incapacidade de movimentar o ar;
• Cianose (coloração azulada ou violácea da pele, especialmente da face e nas
extremidades, devida a deficiente oxigenação do sangue);
• Agarra o pescoço com as mãos (sinal universal de asfixia).

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2. ALGORITMO DE DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA (VA)

O algoritmo que a seguir se descreve aplica-se tanto a adultos como a crianças com mais de 1
ano de idade.

PANCADAS INTER-ESCAPULARES

• Coloque-se ao lado e ligeiramente por detrás da vítima, com uma das pernas encostadas
de modo a ter apoio;
• Passe o braço por baixo da axila da vítima e suporte-a a nível do tórax com uma mão,
mantendo-a inclinada para a frente, numa posição tal que se algum objeto for deslocado
com as pancadas possa sair livremente pela boca;
• Aplique até 5 pancadas com a base da outra mão na parte superior das costas, ao meio,
entre as omoplatas, isto é, na região interescapular;
• Cada pancada deverá ser efetuada com a força adequada tendo como objetivo resolver a
obstrução;
• Após cada pancada deve verificar se a obstrução foi ou não resolvida;
• Aplique até 5 pancadas no total.

Fig. 24 - Pancadas inter-escapulares

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COMPRESSÕES ABDOMINAIS

• As compressões abdominais devem ser aplicadas no caso de as pancadas


interescapulares não serem eficazes. Com a vítima de pé ou sentada:
 Fique por detrás da vítima e circunde o abdómen da mesma com os seus braços;
 Incline a vítima para a frente;
 Feche o punho de uma mão e posicione-o acima da cicatriz umbilical, com o polegar
voltado contra o abdómen da vítima;
 Sobreponha a 2.ª mão à já aplicada;
 Aplique uma compressão rápida para dentro e para cima;
 Repita as compressões até que o objeto seja expelido da VA;
 Aplique cada nova compressão (até 5) como um movimento separado e distinto;

Fig. 25 - Compressões abdominais (Manobra de Heimlich).

• Após cada compressão abdominal deve verificar se a obstrução foi ou não resolvida.

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VÍTIMA INCONSCIENTE POR OVA GRAVE

No caso de a vítima ficar inconsciente as compressões torácicas devem ser iniciadas logo que
possível. A realização de compressões torácicas resulta no aumento da pressão da via aérea, tal
como as compressões abdominais, traduzindo-se numa forma eficaz de promover a desobstrução
da via aérea.

Assim:
• Suporte/ampare a vítima colocando-a no chão em decúbito dorsal sobre uma superfície
rígida;
• Ligue de imediato 112, ou garanta que alguém o faça;
• Inicie compressões torácicas e insuflações (após 30 compressões, tente 2 insuflações
eficazes);
• Mantenha compressões e insuflações até a vítima recuperar e respirar normalmente ou até
chegarem os meios de emergência.

Alerta-se para o facto de, apesar do sucesso das manobras, o corpo estranho responsável pela
obstrução poder ficar alojado nas vias aéreas e causar complicações mais tarde. Como tal,
vítimas com tosse persistente, dificuldade em engolir ou sensação de corpo estranho ainda
presente nas vias aéreas devem ser submetidas a observação médica.

As compressões abdominais e as compressões torácicas quando aplicadas, pese embora o


sucesso que resulte das mesmas, podem causar lesões internas. Assim sendo, vítimas
submetidas a estas manobras devem igualmente ser sujeitas a observação médica.

Fig. 26 - Algoritmo de Obstrução da Via Aérea.


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X. OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA (OVA) NA IDADE
PEDIÁTRICA

1. CAUSAS E RECONHECIMENTO

A obstrução da via aérea (OVA) nas crianças é uma situação frequente.

A maioria das situações de OVA nas crianças ocorre durante a alimentação ou quando as
crianças estão a brincar com objetos de pequenas dimensões. Muitas vezes são situações
presenciadas pelo que o socorro pode ser iniciado de imediato, ainda com a vítima consciente.

Quando um corpo estranho entra na via aérea – obstrução da via aérea por corpo estranho
(OVACE), a criança começa imediatamente a tossir, na tentativa de o expelir. A tosse espontânea
é provável que seja mais eficaz e mais segura do que qualquer manobra que um reanimador
execute. No entanto, se a tosse é ausente ou ineficaz e o objeto obstruir completamente a via
aérea, a criança vai ficar asfixiada necessitando então de intervenções ativas para a resolver.

Na criança, a obstrução da via aérea por corpo estranho manifesta-se por dificuldade respiratória
de início súbito com tosse e estridor. Estes mesmos sinais também podem surgir na obstrução da
via aérea por infeção ou inflamação, como na epiglotite, mas o seu início é habitualmente menos
abrupto e acompanhado por febre. Nestas situações não está indicado proceder a manobras de
desobstrução da via aérea.

2. ABORDAGEM

Se a criança tosse eficazmente, não são necessárias outras manobras. Encorajar a tosse e vigiar
continuamente.

Se a tosse é, ou se está a tornar ineficaz, deve gritar por ajuda de imediato e avaliar o estado de
consciência.

Várias técnicas e várias sequências de atuação têm sido defendidas em relação à desobstrução
da via aérea nas crianças, sendo difícil provar o benefício indiscutível de umas sobre as outras.
Basicamente se uma técnica não funciona deve passar-se á outra.

Nos lactentes podem ser utilizadas pancadas interescapulares e compressões torácicas.

Nas crianças com mais de 1 ano são usadas pancadas nas costas e compressões abdominais.

O objetivo de qualquer das manobras recomendadas é provocar um aumento súbito da pressão


intra-torácica, que funcione como uma “tosse artificial” e desobstrua a via aérea.

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3. SEQUÊNCIA DE ATUAÇÃO NA OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA DO
LACTENTE/ CRIANÇA, CONSCIENTE

Se a criança está consciente, mas não tosse ou esta é ineficaz, o reanimador deve gritar por
ajuda e aplicar pancadas interescapulares (pancadas nas costas).

Se as pancadas não resolvem a obstrução, devem fazer-se compressões torácicas no lactente ou


abdominais na criança.

LACTENTE:

Pancadas interescapulares e compressões torácicas

Segure o lactente em decúbito ventral com a cabeça mais baixa que o tronco, para que a
gravidade ajude na remoção do corpo estranho (CE), suportando a cabeça com uma mão e
apoiando o tórax no antebraço e/ou na coxa (neste último caso deverá estar sentado). Para apoiar
a cabeça deve colocar o polegar num dos ângulos da mandibula, e um ou dois dedos no mesmo
ponto no outro lado da mandibula. Deve ter-se cuidado para não pressionar os tecidos moles
debaixo da mandibula para não aumentar a obstrução da via aérea.

Aplique até 5 pancadas, secas, nas costas, entre as duas omoplatas, com a base da mão, usando
uma força adequada ao tamanho da criança. O objetivo não é necessariamente efetuar
obrigatoriamente as 5 pancadas, mas antes que alguma delas consiga remover o corpo estranho.

Após as pancadas interescapulares, se não conseguiu deslocar o objeto e remover o corpo


estranho, e o lactente continua consciente, passe à aplicação de compressões torácicas.

Segure a cabeça do lactente na região occipital com a mão que estava livre e rode-o em bloco,
para que este fique em decúbito dorsal sobre o antebraço. Mantenha a cabeça a um nível inferior
ao do resto do corpo.

Fig. 27 - Pancadas interescapulares no lactente.

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Faça compressões torácicas, tal como explicado na técnica de compressões torácicas com 2
dedos, mas mais secas e a um ritmo mais lento com o objetivo de deslocar o corpo estranho.
Faça até 5 compressões, se necessário, para tentar desobstruir a via aérea.

Fig. 28 - Compressões torácicas no lactente.

CRIANÇA:

Pancadas interescapulares e compressões abdominais

As pancadas interescapulares são mais eficazes se a criança estiver com a cabeça para baixo.
Se a criança for pequena, deve ser colocada ao colo do reanimador, como no lactente. Se isso
não for possível, deve apoiar-se a criança numa posição inclinada para a frente, e aplicar até 5
pancadas interescapulares.

Fig. 29 - Pancadas interescapulares na criança.

Se a obstrução se mantém após as pancadas interescapulares, deve passar às compressões


abdominais – manobra de Heimlich, até 5 tentativas.

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O reanimador coloca-se de pé ou ajoelhado atrás da criança e passa os seus braços por baixo
dos braços da criança, envolvendo o tronco pela frente. Fecha um punho e coloca-o entre o
umbigo e o apêndice xifóide.

Apertando esse punho com a outra mão, o reanimador puxa de forma seca para trás e para cima,
aplicando até 5 compressões abdominais. Deve ter cuidado para não aplicar pressão sobre o
esterno e a grelha costal para evitar trauma torácico.

Fig. 30 - Compressões abdominais na criança.

Mais uma vez se reforça que o objetivo não é fazer o total das 5 compressões, mas antes que
alguma delas consiga remover o corpo estranho.

REAVALIAÇÃO:

Após as 5 compressões torácicas ou abdominais verifique se houve saída do corpo estranho ou


inspecione a cavidade oral, removendo algum objeto apenas se for visível.
Repita sequências de 5 pancadas interescapulares / 5 compressões torácicas ou abdominais até
a obstrução ser resolvida.
Nesta fase, enquanto estiver consciente, a sequência deve ser mantida sem que se abandone a
vítima. No entanto, grite por ajuda, ou envie alguém para pedir ajuda, ligando 112, se ainda não
foi feito.
Se a obstrução for resolvida, com a expulsão do corpo estranho, deve avaliar o estado da vítima.
É possível que parte do corpo estranho que causou a obstrução ainda permaneça no trato
respiratório. Se existir qualquer dúvida deve procurar ajuda médica.
As compressões abdominais poderão eventualmente causar lesões internas, pelo que se foram
realizadas, a criança deve ser vista por um médico.

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4. SEQUÊNCIA DE ATUAÇÃO NA OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA DO
LACTENTE/ CRIANÇA, INCONSCIENTE

Se uma criança/lactente com OVACE está, ou se entretanto fica inconsciente, o reanimador deve
coloca-la sobre uma superfície plana e dura, e gritar por ajuda.
Se estiver sozinho, não deve abandonar a vítima neste momento, mas antes iniciar SBV, e
mantê-lo durante um minuto e só depois ligar 112.
Se houver uma segunda pessoa esta deve ativar o SIEM (ligar 112).

Pesquisar a via aérea


Comece por verificar a existência de algum corpo estranho na boca e se for visível remova-o. Não
tente efetuar a manobra digital para retirar o corpo estranho se este não estiver visível, nem repita
este procedimento continuamente. Isso pode causar lesões ou impactar o objeto mais
profundamente na faringe.

Insuflações
Tente efetuar 5 insuflações com ar exalado, verificando a eficácia de cada uma: se a insuflação
não promove a expansão torácica, reposicione a cabeça antes de nova tentativa.

SBV
Se as 5 insuflações não foram eficazes (se não houve resposta: movimento, tosse, respiração
espontânea) prosseguir com as compressões torácicas sem avaliar a existência de sinais de vida.
Após cada 15 compressões, o reanimador deve permeabilizar a via aérea e pesquisar a cavidade
oral antes de tentar efetuar as 2 insuflações; se for observado um corpo estranho, deve tentar
removê-lo através da manobra digital.
Ao fim de 1 minuto (5 ciclos de 15:2), se ainda estiver sozinho deve ativar o sistema de
emergência médica ligando 112.
No lactente ou na criança, sempre que parecer que a obstrução foi resolvida, deve ser
permeabilizada a via aérea, como anteriormente referido, e reavaliada a respiração (VOS). Se
continuar sem respirar normalmente fazer novamente 5 insuflações e reiniciar o algoritmo de SBV.
Se a criança recuperar consciência e a sua respiração se tornar eficaz, deverá ser colocada na
posição de recuperação, vigiando e reavaliando continuamente o nível de consciência e a
respiração até à chegada da ajuda diferenciada.

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5. SINAIS GERAIS DE OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA

Fig. 31 - Sinais gerais de Obstrução da Via Aérea.

6. ALGORITMO DE DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA - CONSCIENTE

Fig. 32 -Algoritmo de desobstrução da via aérea – tosse ineficaz – vítima consciente.

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7. ALGORITMO DE DESOBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA - INCONSCIENTE

Fig. 33 - Algoritmo de desobstrução da via aérea – tosse ineficaz – vítima inconsciente.

XI. 112 – NÚMERO EUROPEU DE EMERGÊNCIA


O número europeu de emergência

Criado em 1991, o número de emergência nos países da união europeia é o 112. Não precisa de
indicativo, é gratuito e pode ser marcado a partir de dispositivos das redes fixa (incluindo telefones
públicos) ou móvel, tendo prioridade sobre as outras chamadas. Deve ligar 112 quando
presenciar uma das seguintes situações: doença súbita, acidente de viação com feridos, incêndio,
roubo/destruição de propriedade, agressão.

Em Portugal, as chamadas realizadas para o Número Europeu de Emergência - 112 são


atendidas fundamentalmente em quatro centros operacionais (dois no continente e dois nas
Regiões Autónomas). Este modelo concentrou o atendimento, é único para todo o território
nacional e assenta na existência de centros operacionais no continente, na Região Autónoma da
Madeira e na Região Autónoma dos Açores, estando estes últimos interligados com o território
continental, garantindo assim capacidades alternativas e de redundância entre todos os centros
operacionais.

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Aos Centros Operacionais 112 compete:
• O atendimento ao público, identificação e caracterização das ocorrências;
• O apoio especializado para situações especiais, ao nível de segurança pública, proteção
civil ou emergência médica;
• O encaminhamento das ocorrências para as entidades competentes visando o despacho
dos meios de socorro.
A gestão operacional do serviço 112 compete à Direção Nacional da Polícia de Segurança
Pública (PSP).

No território do continente, nas situações de emergência médica a chamada será transferida para
o Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) do Instituto Nacional de Emergência
Médica (INEM).

Ao ligar 112/CODU:
• Procure manter-se calmo, de modo a facultar a informação relevante;
• Quando possível, deverá ser a vítima a fazer a chamada – ninguém melhor do que a
própria para fornecer informação relevante;
• Aguarde que a chamada seja atendida porque cada nova tentativa implica que a chamada
fica no final da fila de espera;
• Identifique-se pelo nome;
• Faculte um contacto telefónico que permaneça contactável;
• Indique a localização exata onde se encontra a(s) vítima(s) - sempre que possível
Freguesia, Código Postal, pontos de referência – Onde?
• Diga o que aconteceu e quando – O quê?
• Quem está envolvido (número, género, idade das vítimas) – Quem?
• Diga quais as queixas principais, o que observa, situações que exijam outros meios –
Como?
• Responda às questões que lhe são colocadas;
• Siga os conselhos do operador;
• Não desligue até indicação do operador;
• Se a situação se alterar antes da chegada dos meios de socorro, ligue novamente 112.

SÓ ASSIM É POSSÍVEL OTIMIZAR O SOCORRO ÀS VÍTIMAS.

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XII. PONTOS A RETER

1. NA CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA - ADULTOS

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2. NA CADEIA DE SOBREVIVÊNCIA PEDIÁTRICA

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XIII. SIGLAS
CE Corpo Estranho
CODU Centro de Orientação de Doentes Urgentes
DAE Desfibrilhador Automático Externo
FV Fibrilhação Ventricular
INEM Instituto Nacional de Emergência Médica
OVA Obstrução da via aérea
OVACE Obstrução da Via Aérea por Corpo Estranho
PCR Paragem Cárdio-respiratória
PLS Posição Lateral de Segurança
SAV Suporte Avançado de Vida
SBV Suporte Básico de Vida
SIEM Sistema Integrado de Emergência Médica
VA Via Aérea
VOS Ver, Ouvir e Sentir

XIV. BIBLIOGRAFIA

• Manual de Suporte Básico de Vida – Adulto, INEM (Instituto Nacional de Emergência Médica)
e DFEM (Departamento de Formação em Emergência Médica), (2017), Versão 4.0, 2.ª edição.

• Manual de Suporte Básico de Vida – Pediátrico, INEM (Instituto Nacional de Emergência


Médica) e DFEM (Departamento de Formação em Emergência Médica), (2017), Versão 3.0,
1.ª edição.

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