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Como Escrever um Livro - Caudex Publishing

Roteiro do Curso

Aula 1 - Da Ideia ao Papel: como selecionar e buscar ideias, organizá-las


e montar a estrutura do seu livro.

- Conceito de Criação e Subcriação


- Desmistificar a ideia geral de “criatividade”
- Não esperar pela inspiração
- Importância da rotina de trabalho para fazer as ideias surgirem
- Explicar o que é brainstorm e como utilizá-lo
- Os movimentos da criação: impulso, intuição e técnica
- Definir um caminho: o que eu quero escrever?
- Manter-se fiel a si mesmo.

Aula 2 - Como contar sua história: como escolher estruturas e formas


para escrever histórias cativantes

- Definida a ideia, como contá-la?


- Forma e Conteúdo na Escrita
- Plots tradicionais da ficção: Bíblia (redenção), Ilíada (guerra e glória),
Odisseia (mistério, aventura e regresso).
- The Seven Basic Plots, Christopher Booker: Superando o Monstro (Tubarão,
Mito de Perseu, Dracula, Star Wars, alguns dos Trabalhos de Hércules,
Desenvolvimento pessoal); Do Lixo ao Luxo (Cinderella, O Vermelho e o
Negro, Em Busca da Felicidade, O Conde de Monte Cristo, Biografias e
Auto-Ajuda); A Missão (O Senhor dos Anéis, A Eneida, Indiana Jones);
Viagem e Retorno (Odisseia, As Viagens de Gulliver, O Rei Leão, O Hobbit,
De Volta para o Futuro); Comédia (Megera Domada, A Vida de Brian);
Tragédia (Madame Bovary, Anna Kariênina, Cidadão Kane, Macbeth, Hamlet,
O Grande Gatsby).
- Os doze passos da jornada do herói
- Estruturas de ensaios serão faladas na aula específica sobre o gênero
Aula 3 - Buscando Inspiração: como imitar e se inspirar em grandes
autores

- Perca o medo de imitar.


- Produzindo uma lista de imitação: 10 autores que você gostaria de escrever
como eles.
- Leitura com o ouvido: pegando o timbre do autor.
- Definição de Estilo: “o modo como se escolhe e dispõe as palavras”.
- Exercício de Imitação de Estilo:

Minha imitação de Kafka:

“Certa manhã, após uma noite repleta de sonhos estranhos, José acordou num
salto, ofegante, devido ao barulho que vinha de fora do seu apartamento. Abriu a
cortina e, pela janela do seu quarto, viu que os vizinhos estavam espalhados no
corredor, fuxicando e olhando para ele. Rapidamente, José se levantou da cama,
vestiu um roupão longo e azul, e, antes que chegasse à porta, ouviu três batidas
fortes e uma voz: — Departamento de Saúde Pública.

Ele ajeitou o cabelo com a mão e girou a maçaneta; automaticamente entraram três
homens — ou assim ele pensava que fossem — vestidos com um grossos
macacões amarelos, botas pretas e luvas verdes; usavam também máscaras de
proteção brancas, que cobriam toda a cabeça e possuíam dois respiradores
grandes na altura das bochechas. Os olhos eram ocultados por imensas viseiras
negras, de forma que nenhuma parte do corpo era visível.

Um deles trazia na mão um documento, o outro segurava uma vara e o último


carregava um pequeno botijão em um carrinho de metal, de onde saía uma
mangueira com um borrifador na ponta.

— Quem são vocês?, disse José.

— Somos do Departamento de Saúde Pública. Temos um mandado de busca e


apreensão nesta residência, disse o que vinha à frente, com o documento na mão.
José passou os olhos rapidamente no papel e comprovou o que o homem falava.

— Aqui diz que, na minha casa, há um centro de disseminação do novo vírus. Isso
não é verdade.

— É o que vamos descobrir.”

Trechos de “O Processo”:
“Alguém devia ter caluniado Josef K., visto que uma manhã o prenderam,
embora ele não tivesse feito qualquer mal. A cozinheira da Sua Senhoria, a senhora
Grubach, que todos os dias, pelas 8 horas da manhã, lhe trazia o pequeno-almoço,
desta vez não apareceu. Tal coisa jamais acontecera. K. ainda se deixou ficar um
instante à espera; entretanto, deitado, com a cabeça reclinada na almofada,
observou a velha do prédio em frente que, por sua vez, o contemplava com uma
curiosidade fora do vulgar; depois, porém, ao mesmo tempo intrigado e cheio de
fome, tocou a campainha. Neste momento bateram à porta, e um homem, que K.
jamais vira na casa da senhora Grubach, entrou no quarto.
Esbelto, embora de aspecto robusto, o recém-chegado envergava um fato
escuro e justo, cheio de rugas e provido de um cinto, diversos botões, bolsos e
fivelas. Ainda que não se visse bem qual a finalidade de tudo aquilo, o vestuário do
homem parecia singularmente prático.”

“O quarto contíguo, onde K. entrou mais lentamente do que desejava, tinha, à


primeira vista, praticamente o mesmo aspecto que na noite anterior. Era a sala de
estar da senhora Grubach; hoje, parecia talvez haver nesta sala atulhada de
móveis, coberturas, porcelanas e fotografias, mais espaço do que era habitual,
embora não fosse possível chegar-se rapidamente a uma conclusão a esse
respeito, pois que a principal alteração consistia na presença de um homem que,
sentado, junto à janela aberta, se entretinha a ler um livro, do qual levantou a vista
ao dar pela entrada de K.”

Trechos de “A Metamorfose”:

“Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranqüilos,


encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava
deitado sobre suas costas duras como couraça e, ao levantar um pouco a cabeça,
viu seu ventre abaulado, marrom, dividido por nervuras arqueadas, no topo de qual
a coberta, prestes a deslizar de vez, ainda mal se sustinha. Suas numerosas
pernas, lastimavelmente finas em comparação com o volume do resto do corpo,
tremulavam desamparadas diante dos seus olhos.
— O que aconteceu comigo? — pensou.
Não era um sonho. Seu quarto, um autêntico quarto humano, só que um
pouco pequeno demais, permanecia calmo entre as quatro paredes bem
conhecidas. Sobre a mesa, na qual se espalhava, desempacotado, um mostruário
de tecidos — Samsa era caixeiro viajante, — pendia a imagem que ele havia
recortado fazia pouco tempo de uma revista ilustrada e colocado numa bela moldura
dourada. Representava uma dama de chapéu de pele e boa pele que, sentada em
posição ereta, erguia ao encontro do espectador um pesado regalo também de pele,
no qual desaparecia todo o seu antebraço.”
- Proposta do exercício: escrever contos, ensaios e pequenos textos imitando
o estilo dos autores que você mais gosta, para treinar a leitura com o ouvido
e a sensibilidade literária.

Aula 4 - Desenvolvendo o estilo: como dizer mais com menos palavras

- Todo estilo precisa ser polido.


- Escrever bem é dizer muito com poucas palavras.
- Arte da concisão: Graciliano Ramos, Ernest Hemingway, Dalton Trevisan.
- Cuidado com pronomes: seu, sua, nosso, ele, ela, eu. Muitas vezes, são
desnecessários.
- Cuidado com palavras e expressões muito literárias: cornucópia, recinto, “os
presentes”, “franziu o cenho”, “franziu o sobrolho”, “atônito” e outras.
- Cuidado com repetições de sons: rimas e aliterações, principalmente nos
tempos verbais.
- Cuidado com repetições de palavras.
- Cuidado com cacofonias: “uma mão”, “ela tinha”, “vi ela”, “boca dela”,
“vou-me já”. Casos famosos: “Uma Faca Só Lâmina”, de João Cabral de Melo
Neto, e “O Triunfo das Águas”, César Leal.

Exemplo de estilo mal trabalhado - “Torto Arado”, Itamar Vieira Júnior:

Naquele tempo, costumávamos ver nossa avó falar sozinha, pedir coisas
estranhas como que alguém – que não víamos – se afastasse de Carmelita, a tia
que não havíamos conhecido. Pedia que o mesmo fantasma que habitava suas
lembranças se afastasse das meninas. Era uma profusão de falas desconexas.
Falava sobre pessoas que não víamos – os espíritos – ou de pessoas sobre as
quais quase nunca ouvíamos, parentes e comadres distantes. Nos habituamos a
ouvir Donana falar pela casa, falar na porta da rua, no caminho para a roça, falar no
quintal, como se conversasse com as galinhas ou com as árvores secas. Eu e
Belonísia nos olhávamos, ríamos sem alarde, e nos aproximávamos sem que
percebesse. Fingíamos brincar com algo por perto só para escutar e, depois, com
as bonecas, com os bichos e as plantas, repetirmos o que Donana havia dito como
coisa séria. Repetíamos o que minha mãe dizia baixo para o pai na cozinha. «Hoje
ela está falando muito, a cada dia fala mais sozinha.» O pai relutava em admitir que
minha avó estivesse com sinais de demência, dizia que a vida toda a mãe havia
falado consigo mesma, a vida toda havia repetido rezas e encantos com a mesma
distração com que revirava os pensamentos.
Aula 5 - Torne-se um escritor: conheça a criação literária e as técnicas
dos grandes mestres.

- Diferença entre impulso, intuição e técnica. Recomendação de livros e


comentários.

- Enredo e Contação de Histórias: Da Criação ao Roteiro, Doc Comparato;


Story, Robert McKee; The Seven Basic Plots, Christopher Booker; A Jornada
do Escritor, Christopher Vogler.

- Biografias: A Vida Por Escrito, Ruy Castro e A Arte de Entrevistar Bem,


Thays Oyama.

- Criação Literária: A Orgia Perpétua e Cartas a um Jovem Escritor, Mario


Vargas Llosa; Os Segredos da Ficção e A Preparação do Escritor, Raimundo
Carrero; Aspectos do Romance, E.M. Forster; A Criação Literária, Massaud
Moisés; Aulas de Literatura, Julio Cortázar; Lições de Literatura e Lições de
Literatura Russa, Vladimir Nabokov.

- Estilo e Escrita: A Arte de Escrever em 20 Lições, Antoine Albalat; How to


Write, Gertrude Stein; Como Escrever Bem, William Zinsser.

Aula 6 - Como Escrever Contos

- Conceito de Conto.
- Luta de Boxe: conto e romance.
- Conto e Poesia = Linguagem da Condensação
- Conto como uma Esfera.
- Conto Moderno de Edgar Allan Poe.
- Teoria do Iceberg.
- O personagem, sua jornada e sua resolução.
- A última frase de um conto.

Aula 7 - Como Escrever Romances

- Personagem, Enredo, Narrador, Tempo e Espaço.


- Personagem: as três dimensões da personagem e como fazer uma
“ficha da personagem”;
- Enredo: Pensar a história, entender o plot e desenhar o arco
dramático.
- Narrador: primeira ou terceira pessoa, qual se encaixa mais na sua
história?
- Tempo: tempo cronológico ou tempo psicológico
- Espaço: como construir bons cenários.
- Programando a escrita de um romance: escaleta.
- Sinta-se livre: escreva de acordo com seu clima.
- Rotina: pelo menos uma frase por dia.

Aula 8 - Como Escrever Biografias

- Qual é o personagem da sua biografia?


- Qual é o arco desse personagem?
- Em que plot ele se encaixa?
- Entrevistas: como entrevistar outros e entrevistar a si mesmo.
- Como criar conexão: a vida do biografado na vida do leitor.

Aula 9 - Como Escrever Ensaios e Crônicas

- Ensaio: linguagem e pensamento.


- Os três eu’s da escrita: eu ficcional, eu confessional e alter-ego.
- Ensaio: eu confessional. Seja você.
- Perca a timidez: escreva um texto contando um episódio do qual você
tem vergonha e que nunca contou para ninguém.
- Estruturas de ensaios:
- Proposição e desenvolvimento da investigação.
- Pergunta e a busca pelo mistério.
- Dialética: tese, antítese e síntese.

Aula 10 - A arte da revisão: como polir o seu texto até a perfeição

- Escrever é reescrever.
- Deixe o texto na gaveta: guarde o texto durante semanas ou um mês
para revisá-lo.
- Imprima seu texto, leia-o em voz alta, caneta na mão.
- Ferramentas de revisão:
- Localizar e substituir no google docs (procure expressões e palavras
repetidas);
- Clarice AI: Revisão de Textos.
- Chat GPT: Análise de expressões e palavras repetidas.
- Legibilidade.com: Analisa o texto de acordo com a linguagem e o
público.
- Recorra a um revisor e a um leitor crítico: pessoas que vão poder
opinar sobre o seu texto de maneira profissional.

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