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Análise da cena do Frade

Livro página 121

2.1. Os objetos com que o Frade se apresenta em cena são, desde logo,
marcas de cortesão: a espada, o escudo e o capacete. O Frade faz-se ainda
acompanhar de Florença, a amante, evidenciando o seu carácter mundano
e contrário ao que seria de esperar de um membro do clero, que assim
quebra os votos de pobreza e de castidade a que estava obrigado.
2.2. O Frade não esconde nenhum facto da sua vida mundana, pelo
contrário, há momentos em que os exibe orgulhosamente, pois acredita
que o hábito que enverga é garantia de salvação, isto é, que sendo frade
poderia fazer tudo o que quisesse. Cf. v. 392 “E este hábito não me vale?”
e v. 406 “Não ficou isso na avença.” (Ir para o Céu é um direito garantido,
por contrato, aos frades).
3. O cómico de situação está presente na forma como o Frade entra em
cena, cantando e dançando, com a moça pela mão, e na lição de esgrima
que dá ao Diabo. O cómico de carácter manifesta-se na maneira como se
veste e na sua prosápia, já que se tem a si mesmo em alta consideração (cf.
vv. 398-400 “eu hei de ser condenado? / Um padre tão namorado / e tanto
dado à virtude!...”; v. 422 “Sabê que fui da pessoa!”; vv. 470-473 “Há lugar
cá / pera Minha Reverença? / E a senhora Florença / polo meu entrará lá!”).

4.1. Por exemplo: Sendo membro do clero, e tendo, portanto, a obrigação


de dar o exemplo, os pecados do Frade adquirem particular gravidade. Por
isso, o Anjo, representante de Deus, nem sequer lhe dirige a palavra.

5. O Parvo acusa o Frade de não cumprir o voto de castidade.

6.1. Os versos 383-385: “E não vos punham lá grosa, / no vosso convento


santo? / E eles fazem outro tanto!” apontam para a generalização da
depravação de costumes entre os membros do clero.

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