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(ef lotsarel sere arte cigor<]0\V 3 i. Fisiologia o hi etal 2? Edicao autor ¢ a editora empenharam-se para citar adequadamente e dar 0 devido crédito a todos os detentotes dos direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo- se a possiveis acertos caso, inadvertidamente, a identificagio de algum deles tenha sido omitida, Dircitos exclusivos para a lingua portuguesa Copyright © 2008 by EDITORA GUANABARA KOOGAN S.A. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Reservados todos os dircitos. E proibida a duplicacao ou reprodugio deste volume, no todo ‘ouem parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrénico, mecanico, gravagio, fotoe6pia, distribuicao na internet ou outros), sem permisstio expressa da editora. ‘Travessa do Ouvidor, LI Rio de Janeiro, RJ — CEP 2040-040 Tel: 21-3970-9480 Fax: 21-2221-3202 bk @ grupogen.com.br wwweditoraguanabara,com.br Capa: Cenério da exuberancia pulsante da Mata Atlantica tomado na Serra dos Orgios — Rio de Janeiro —, donde despontam, sob um manto de névoa, plantas de Vriesia heferosiachys (Bromeliaceae), samambaias ¢ musgos, formando um tapete vivo ao longo de um troneo (Foto de Luiz Cléudio Marigo). Editoragao Eletronica: ALSAN — Servigo de Editoracdo CIP-BRASIL. CATALOGACAO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ Kare 2ed. Kerbauy, Gilberto Barbante Fisiologia vegetal / Gilberto Barbante Kerbauy. ~ 2.ed. ~ Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2008. il; Inclui bibliografia ISBN 978-85-277-1445-7 1. Fisiologia vegetal. I. Titulo. 08-1305, CDD: $71.2 CDU: 381.1 03.04.08, 04.04.08 006057 CAP{TULO 13 Sandra Colli e Eduardo Purgatto HISTORICO DA DESCOBERTA DO ETILENO Oetileno, um hidrocarboneto insaturado gasoso que apresenta tuma das moléculas orgéinieas mais simples com atividade biol6- gica (CjH,), & um dentre as centenas de compostos voliteis que as plantas produzem, Estimulos biossincese de etileno ou a exposicao das plantas a concentragées biologicamente eficazes desse gis foram (e conti- ‘nuam sendo) empregados na manipulagao de virias culturas e nas priticas de pés-colheita. Um dos exemplos mais antigos, a prética de fazer incisdes em frutos de fgo (Ficus sycomurus) para estimular © amadurecimento, data do inicio da civilizaglo egipcia. Sabe-se, hoje, que esses ferimentos sio indutores da sintese de etileno. Em 1893, foi verificado nos Agores que a fumaga produsida pela queima de serragem de madeira promovia a floracao em plantas de abacaxi cultivadas em casa de vegetacio, Quarenta anos mais tarde, produtores dessa fruta em Porto Rico passaram a induzir a florago, expondo as plantas & fumaga durante 12 horas. ‘No séeulo XIX, usava-se 0 gis como fonte de iluminacao, Fahnestock (1858) observou que esse gis danificou uma colegio de plantas mantidas em casa de vegetagio na Filadélfia, causando seneseéncia ¢ abscisio das folhas. Apés alguns anos, em 1864, ddanos em érvores préximas a vazamentos desse gés foram rela- cados por Girardin, que identificou o etileno como um dos seus ‘componentes. ‘A descoberta do erileno como um componente biologicamente ativo do gés de iluminagao foi feita por Dimitry Nikolayevich Ijubow, um jovem estudante russo do Instituto de Botdnica da Universidade de Sao Petersburgo. Em 1901, Neljubow verificou que a aplicagio de 0,06 pil -! de etileno em plantas de ervilha cteseidas no escuro produsia trés respostas no caule:inibigfo do alongamento, aumento radial (intumescimento) € uma orien- tagio horizontal desse Srgio (Fig. 13.1), fendmeno cunhado posteriormente de resposta trilic. A primeira indicagio de que o etileno era um produto natural dos tecidos vegetais foi registrada por Cousins, em 1910. Esse pesquisador sugeriu ao govemno da Jamaica que o amadureci- . FiguRA 13st Representacéo esquemitica de plantulas estioladas de ervilha, (1) Plancula em agua; (2) plancula tratada com etileno, apresentando no epicétilo: a) inibigo do alongamento; b) aumento de expansio ‘radial; c) orientagio horizontal de crescimento. 272 Eiileno mento prematuro das bananas poderia ser evitado se essas frutas info fossem armazenadas com laranjas. As laranjas, apesar de iio produzirem tanto etileno quanto outros frutos, poderiam estar infectadas por Penicillium, o que acartetaria 0 amarelecimento e a abscisfo de frutos, conforme observado em limoeizo pot Biale, em 1940. Entre 1917 e 1937 foram realizados varios estudos sobre 0 feito do etileno no amadurecimento de frutos. Em 1933, Borjes observou que o etileno liberado por mactis maduras provocava epinastia foliar em plantulas de tomate e alteragies no desen- volvimento de caules estiolados de ervilhas. Gane, um cientista inglés, apresentou, em 1935, provas quimicas de que o etileno cera produzido por plantas. Finalmente, os pesquisadores Cro: Hitchock ¢ Zimmerman (1935) sugeriram que oetileno seria um regulador endégeno de creseimento, e poderia ser considerado um horménio do amadurecimento. A partir da metade da década de 1930 até o final dos anos 1950, ocoreu uma diminui plantas pelo etileno, devido a inexisténcia de técnicas precisas de andlise desse gis e 4 descoberta de novos horménios. Em 1959, 0 interesse pelo etileno foi intensificado quando os americanos Burg e Stolwijk e os australianos Huelin e Kennett demonstraram as, potencialidades da cromatografia gasosa como uma técnica anali- tica para a sua quantificacdo, possibilitando iniimeros estudos com esse horménio. Atualmente, os estudos desse gis t8m sido refinados pela adicio de detectores de fotoionizagio e fotoactis- ticos, favorecendo a quantificagio de teores bastante baixos de etileno. 10 do interesse dos fisiologistas de OCORRENCIA DO ETILENO Oetileno em atmosfera natural nio-polutda é encontrado em concentragGes de 0,001 2 0,005 yal. As plantas normalmente no produzem etileno suficiente para alterar os niveis no ambiente a0 seu redor. Em locais fechados, ele pode ser acumulado em maiores concentragées, produzindo efeitos isiolGgicos nas plantas e causando perdas econdmicas. Em ambiente urbano, o nivel pode ser de 10.a 100 vezes maior do que o detectado no campo, conforme registrado na California (05 wll"), Alemanha (0,2 pl I~}, fndia (0,1 pl I~) e Nova York (0,03 ll"), principalmente em dias nublados e sem vento. As principais fontes nesses locais so os autombveis, o fogo e a indastria. Oeetileno pode ser produsido por varios organismos, desde bactérias, fungos,algas e musgos até as plantas vasculares, como samambaias, gimnospermas e angiospermas. Apesat de as bactérias produzirem etileno, pouco € conhecido sobre o papel deste gs na fsiologia desses organismos. Algumas bactérias, como a Mycobacterium paraffinicum, convertem 0 etileno do solo em éxido de etileno, mantendo o nivel desse 24s em concentragGes apropriadas, jé que ele é mais facilmente acumulado no solo do que no ar. As bactérias produtoras de etileno promovem a senescéneia das plantas, facilitando a infeegio por microrganismos. Pseudomonas solemacearum, por exemplo, é responsivel pela producao de etileno, que causa 0 amadurecimento prematuro de bananas. ‘Uma grande quantidade de fungos, como Penicillium digitatum, P. cyclopium, P. vebutinum, Mucor hiemalis, Agaricus bisporus, Fusa- rier oxysporum, Aspergillus clavarus e A. flavus, produzem etileno; todavia, sua fungo ainda é desconhecida. Aparentemente, producéo de etileno nfo aumenta a patogenia do fungo, provo- cando indiretamente a senescéncia da planta. Asalgas Chlorella e Acezabularia mediterranea também podem produzir etileno; esta dilima, possivelmente, através da mesma via biossintética das plantas superiores. Por outto lado, a produgao de etileno nas plantas ndo-vasculares ocorre através de outra via metabélica, pois a aplicagao de ACC (precursor do etileno, ver adiante) nfo aumentou a produgio desse gés em Marchantia polymorpha, Fimaria polymorpha, Sphagnuem cuspidatum, Selaginella ‘wildenovit, Lycopodium phlegmaria e Equisetirm hyemale, Tricko- ‘manes speciosum, Ophioglossum reticulatum, Salvinia natans e Azolla caroliniana. A possibilidade da existéncia de uma via primitiva de sintese desse gés, independentemente de ACC, necessita ainda dle mais estudos. Em Preridiuam aquilintem, Matteucci struthioptheris « Polystichem munifum, entretanto, a sintese de etileno seria feita através da mesma via das plantas superiores, pois a sua produgao foi promovida pelo ACC e inibida pelo ion eobalto, CO etileno € produzido por todas as partes das plantas supe- riores, sendo a taxa de produgio dependente do tipo de tecido € do estigio de desenvolvimento. Os tecidos meristemsticas as regides nodais geralmente apresentam uma producSo elevada desse gs, também observada durante a abscisio de folhas, a senescéncia de flores e © amadurecimento de frutos (>1,0 nl gmf-'h~!). Dependendo dos teores de etileno produzido durante esse tiltimo processo, os frutos so divididos em climatéticos (com producdo de reores elevados de etileno), como a maga, a banana, o tomate, oabacate ea manga, ¢ néo-climatéricos (com produgéio de baixos teores de etileno) como a laranja, 0 limo e a uva (ver Cap. 19, Frutificagio e Amadurecimento). Na germinagao, hi ‘um aumento na taxa de producio de etileno durante a protrustio da radicula e o desenvolvimento da plantula. Plantas submetias a estresses fisicos ou bioldgicos, como ferimentos, alagamento, doencas, temperaturas inadequadas ou perfodos de seca, elevam, geralmente, a produgao de etileno. BIOSS{NTESE E INATIVACAO Oeetileno é um composto simétrico de dois carbonos com uma dupla ligago e quatro hidrogénios, peso molecular de 28,05, densidade relativa no ar de 0,978, inflamdvel, incolor, com odor adocicado similar ao éter (Fig. 13.2). Hyoaccl HO H Formula quimica do etileno, Algumas substincias com atividade biolégica similar & do etileno, como o propileno e o acetileno, sio consideradas andlogas a esse gis, sendo moléculas preferencialmente pequenas ¢ com duplas ligagbes (cadeias longas de carbono contend ligagses triplas tém menor atividade biol6gica). ‘A via biossintética do etileno (Fig. 13.3) nas plantas vascu- lares 6 hoje bem conhecida, tendo sido elucidada por Adams Yang (1979), que verificaram, com 0 uso de carbono marcado, a conversiio da L-metionina a s-adenosilmetionina (AdoMet ou SAM) e desta aos produtos: icido L-aminociclopropano- L-carbo- xflico (ACC), 5’-metiltioadenosina (MTA), 5’-metiltiorribose e etileno (Fig. 13.3). A metionina é convertida a AdoMet pela enzima AdoMet sintetase. A conversio do AdoMet a ACC e MTA, catalisada pela ACC sintase, corresponde & reagio-chave da via biossintética do etileno, © AdoMet também participa da sfntese de poliaminas, podendo haver competigio por esse subs trato entre essa via metabilica e a de etileno. O ACC conver- tido a etileno pela ACC oxidase ou a N-malonil ACC (MACC) por agao da malonil transferase. O MAC € uma forma conju sada, nfo-volétl, que se acumula nos tecidos, representando uma etapa regulatéria da inativacao do ACC. Um segundo conjugado de ACC, o 1-(y-L-glutamil-amino)ciclopropano-I-carboxilico (GACC), também foi recentemence identificado, ‘A 5"-metiltioadenosina (MTA), através da MTA nucleosi- ddase, 6 convertida a 5'-metiltiorribose (MTR), ¢ esta a 5’-metil- tiorribose-1-fosfato (MTR-1-P), pela ago da MTR cinase. A. MIR-LP gera, por oxidagio, o ‘cido a-ceto-y-metiltiobutirico (KMB), possivelmente através de desidrogenases. © KMB é convertido a metionina por uma transaminase especifica, sendo L-glutamina o doador mais eficiente de amina. Essa seqiiéncia de reagGes a partirda MTA tem a finalidade de reciclar a metionina € 0 enxofte para o reaproveitamento do grupo metiltio (CH,-$) ¢ manuteneo da producao de etileno. Estudar a biossintese do etileno com as principais enzimas envolvidas nesse processo € importante para compreender a regu- Iago desse horménio. ‘A ACC sintase, responsivel pela converséo de AdoMet a ACC e MTA, é uma enzima citossélica presente em varias plantas. Devido & sua baixa disponibilidade e labilidade (por exemplo, em tomate sua meia-vida é de apenas 58 minutos), ACC sintase permanece parcialmente purificada. A atividade dessa ensima é dependente de piridoxal 5-fosfato, ¢ inibidores como 0 AVG (aminoetoxivinilglicina) eo AOA (Gcido amino- oxiacético), bloqueiam a conversio de AdoMet a ACC. Varios laboratérios t8m clonado genes da ACC sintase de vrias plantas, como 0 arro2, soja e tabaco, ede frutos de tomates € macis. A seqliéncia de aminosicidos mostra elevado grau de similaridade com as aminotransferases. Os resultados indicam a existencia de isoformas derivadas de uma familia multigénica, cada uma codificada por um gene diferente. Em tomateiros, hi pelo menos nove genes para a ACC sintase, expressos de maneira distinta nos tecidos, dependendo do desenvolvimento das plantas cou em respostas aos fatores ambientais. ‘Uma forma da ACC sintase em tomateiro, ACS2, tem sido implicada como uma das principais responsiveis pela sintese Etileno 273 autocatalitica do hormonio durante o amadurecimento do fruto. Estudos recentes indicam que esta isoforma (e possivelmente outras) seja regulada por um mecanismo de fosforilago em uma regio bem definida da proteina. A prinefpio imaginou-se que esta modificagdo tomnaria a encima ativa, aumentando a sintese do etileno nos frutos do tomateiro, durante o amadurecimento. No entanto, foi observado em experimentos in vitro, com a protefna ACS? isolada, que, fosforilada ou nfo, a enzima mantinha 0 mesmo nivel de atividade. Neste caso, concluiu-se que a fosfo- rilacdo seria parte de um mecanismo regulatSrio que s6 exer- ceria alguma funcao in vivo, pois seria dependente da presenga de outros componentes celulares. © papel da fosforilagéo da ACS? foi identificado gracas a tum mutante de A. thaliana denominado superprodueor de etileno 1 (eto! — ethylene over-producer 1) que, como 0 proprio nome indica, produz altos niveis do horménio e apresenta um fenstipo de resposta triplice consticutiva. A mutagio etol foi caracteri- zada como uma deficiéncia na producio de uma proteina capaz de se ligar na regio carboxi-terminal de vérias formas da ACC sintase. A proteina BTOL, quando ligada A ACC sinease, marca esta enzima e permite, assim, seu reconhecimento pelo sistema de ubiquitinacio da célula. Uma vez ubiquitinada, a enzima & degradada pelo complexo de proteases que compe 0 proteos- somo 265, No modelo proposto na Fig. 13.4A, a fosforilacio da porgao carboxi-terminal da ACS2 aumenta a estabilidade da enzima, por impedir a ligacao da proteina ETOL nesta regio. Deste modo a meia-vida da enzima fica aumentada em relagéo & sua versdo nio fosforilada, e a produgao de etileno é mantida em niveis elevados. Somente apés a ago de uma fosfatase (ainda nfio identificada, Fig. 13.48) ,a protefna ACS? é desfosforilada na porgao C-terminal, permitindo assim a ligagio da proteina ETOI e marcando a proteina ACS2 para degradagtio pelo sistema ubiquitina/proteossomo 26S. Desta forma, 08 nfveis de ACS2 sio reduzidos, o mesmo ocorrendo com a produgio de etileno. Aaatividade da ACC sintase é 0 ponto regulatério mais impor- tante na producao de etileno, sendo os teores dessa encima afetados por mudangas ambientais, hormonais e por diversos eventos fisolSgicos, O aumento na producio de etileno verificado em certas fases do desenvolvimento, como germinagio, amadu- recimento de frutos e senescéncia, ou em resposta a estresses, entre os quais ferimentos mecfnicos, seca, alagamento, geadas, infecgbes e agentes t6xicos, acompanhado por uma elevagio na sintese ou na ativagio da ACC sintase. A conversio de ACC a etileno produsida por uma enzima oxidativa, mais recentemente conhecida como ACC oxidase (ACO), anteriormente denominada de enzima formadora de etileno (BFE). Essa enzima parece estar associada 8 membrana plasmética ou presente no apoplasto, como evidenciado através da técnica de imunolocalizacao. ACC oxidase também é codificada por uma familia multige- nica, havendo similaridade entre as enzimas em frutos de abacate, magi, péssego € tomates, Nestes tiltimos, as enzimas induzidas pelos genes ptom13 e ptomS apresentam 88% de similaridade. 274 Buileno ; o 21P0, oH, 5 ADP oP HCO CH= Ci =eH=co- C00 Acido e-ceto-y-metiltiobutirico Rog-Coo Ni Metiltiorribose R-CO—CO Adenina ou 4 ‘a, i i on cu. s—c-cn—ch—coo seins go Metionina sata ut du —_ Saat (Met) 5Metiltioadenosina ae nt dt Beat S-Adenosi metionina (AdoMet) Tnibe Acido aminooxiae [KX sintese de «— 4 eee Aminoetoxivinilgicina Amadurecimento de frntos Seneseéncia de flares 5 Promove <— sinlese de <— Ferimentos cileno Genta Seca c0-clt-coo a ; ‘Alagamenio ney he hes 2H Be“ Sco ne? coo N-Malonil ACC Acido 1-aminociclopropano- I-carboxilico (ACC) Inide Malonil-CoA o, & co" 40, ~ JET sitiese ¢ <— Anaerobiose HEN+c0,<7]© pa! % <— sintese de <— Amadurecimento > tileno HC “Bélle 1H, ia de biossintese do etileno e ciclo de Yang. O aminofcido metionina é o precursor do etileno. A reagéo caralisada pela ACC sintase, que converte AdoMeta ACC, ¢ uma reacao limitante da via de biossintese do etileno. O grupo CH,-S da metionina € reciclado através do ciclo de Yang. O ACC pode ser conjugado formanda @ N-malonil ACC ou ser converticlo em etileno. As substncias AOA (écido amino- oxiacético) e AVG (aminoetoxivinilglicina) sia inibidoras da sintese do etileno. (Modificada de Yang, 1981, e Yung et al, 1982.) Produgdo de etleno acs

Resposta Intragelular Regulacao positiva e negativa na resposta hormonal. No modelo mais comumente encontrado, a regulaco positiva, o receptor hormonal «std inativo, assim como os elementos da cascata de sinalizaglo, néo havendo resposta intracelular. Com a ligago do horménio no receptor séo desencadeadas mudangas neste ltimo, tornando-o ativo. O receptor passa a ativar os elementos da cascata e so observadas as respostas intracelulares. No modelo de regulago negativa, o receptor encontra-se ativo na auséncia do horménio e sua atividade inibe ‘os componentes da cascata de sinalizagio. A ligagio do horménio inativa o receptor, liberando a cascata de sinalizaglo, e deste modo so promovidas as respostas celulares. sua atividade de cinase seja efetiva e, desta forma, fosforile substratos na seqiiéneia da eadeia de transdugio de sinal (Fig. 13.8). Uma ver que o etileno liga-se aos receptores, mudangas conformacionais promoveriam o desligamento da proteina CTRI, provocando a inibigio de sua atividade e, assim, liberando a via de transducio e permitindo as respostas a0 etileno. As observagées que possbilitaram a proposigéo deste modelo vieram principalmente de estudos que visaram isolar o receptor ETRI e, inesperadamente, isolaram também a proteina CTRI ligada a este, indicando a interacio entre as duas proteinas. ‘Adicionalmente, foi observado que uma regiio da proteina CTRI, envolvida na ligago com o receptor, & capas de inte- ragit com o dominio de serinaj/treonina cinase da propria CTRL Este parece ser 0 mecanismo pelo qual, apés estar desligada do receptor, devido a presenga do etileno, a proteina CTRI ¢ inibida Fig. 13.8) A anslise mais detalhada da estrutura da proteina nos mutantes ctrl de A. thaliana indicou que esta é incapaz de interagir com 0 receptor & por isso, estes mutantes apresentam um fenstipo de respostas ao etileno mesmo na sua auséneia, Por outro lado, certas mutagGes nos receptores mostram um fenétipo de insensibilidade a0 horménio, uma vez que o etileno nfo € capar de ligar-se a0 receptor e desligar a proteina CTRI (Fig. 13.8). Demais componentes na via de sinalizagio Embora varios genes e as proteinas por eles codificadas tenham sido identificadas como componentes na cadeia de sinalizacio do etileno, ainda nao se sabe como ocorrem as interagées entre estes diversos elementos. O que se conhece é a seqiiéneia em que estas proteinas atuam para promover a sinalizagio e induzir , as respostas A presenca do etileno. AA similaridade entre a proteina CTRI ¢ as MAP cinases de ferosindicow o possfvel envolvimento de uma cascata destas protefnas na sinali \co do etileno. Em mamiferos, estas protei- ‘nas atuam realizando fosforilagées sucessivas, sendo que uma MAPKKK fosforila uma MAPKK e a ativa. Esta, por sua vez, fosforila uma MAPK; esta cinase, assim ativada, fosforila uma proteina pela qual possui especificidade. A natureza desta élima proteina ¢ variével, pois depende da via de sinalizagio na qual as MAP cinases esti envolvidas. Existem dezenas de diferentes Etileno 279 Gi D Etileno Mutante etrt Mutante cir ' Modelo de interago entre a proteina CTR1 ¢ 0 receptor ETRI. Na auséncia do horménio (A), 0 receptor encontra-se ligado a proteina CTRI. Esea, por meio de sua atividade de cinase, exerce inibigio sobre outros elementos na cadeia de transdugéo de sinal do etileno, ro havendo resposta ao horménio. A ligagao do etileno com o receptor ETRI (B) provoca modificagSes na sua estrutura que levam 20 desacoplamento da proteina CTRL. Porgées do dominio N-terminal da CTRI sio capazes de interagir com 0 seu prdprio dominio cinase e podem contribuir para a reducdo desta atividade na proteina. Além disso, sem interagir com o receptor, a atividade de cinase de CTRI € muito reduzida, Com isso, a repressdo aos elementos da cascata de transducao de sinal do etileno ¢ removida e as respostas ao horménio ‘corre. Mutagées na protefna CTR1 (C) que impecam sua interagio com o receptor levam a um fendtipo de resposta con: tutiva, mesmo na auséncia de etileno. Por sua vez, mutagées no receptor (D) que impecam a ligacao do etileno levam a um fendtipo de insensibilidade © Aauséncia de respostas, mesmo na presenga do horménio, (Modificada de Chen et al., 2005.) MAP cinases e estas esto ligadas As mais diversas formas de sinalizagio intracelular em mamiferos. Em A. thaliana e Medicago truncatula, foram identificados ‘membros das MAP cinases atuando, subseqitentemente i CTR1, na via de sinalizacdo do etileno (Fig. 13.9). As proteinas SIMKK (Stress Induced MAP Kinase Kinase), MAPK6 (ambas em A. thaliana) e MAPK13 (em M. truncatula) foram identificadas por meio de ensaios de atividade de proteinas cinase ou por inibigio de sua expressio génica Outro elemento da via de sinalizagio de etileno é codificado pelo gene EIN2 (Ethylene Insensitive 2) e & considerado central na sinalizagio do horménio, visto que mutantes para este gene apre~ sentam fenstipos severos de insensibilidade, com conseqiiéncias que afetam a planta durante todo seu ciclo de vida. AAs evidén- cias sugerem que o gene EIN? codifica para uma proteina que arua como uum regulador positivo essencial para a sinalizagiio do atileno. O elemento EIN? foi identificado como uma protefna de membrana cujo dominio N-terminal hidrofbico se assemelha aos membros da familia NRAMP de protefnas integeais de membranas, a qual inclui virios transportadores de metais, O elemento identificado como subseqiiente A proteina EI na cadeia de sinalizagao do etileno 6 a protefna EIN3. Varios mutantes defectives para esta proteina apresentam expressi0 reduzida de genes tipicamente etileno-dependentes. Outra protefnas similares foram identificadas em varias espécies vege- tai, sendo denominadas EILs (EIN3-like). Dois membros dessa familia, EILL e BIL2, sio capazes de resgatar o fenétipo normal de resposta a0 etileno em mutantes que tém 0 gene ein3 defei- tuoso. Jé a superexpressio destes dois genes leva ao fendtipo de resposta constitutiva a0 horméinio, indicando que estes elementos tio reguladores positivos da resposta ao etileno.. As proteinas desta farailia desempenham funcées de fatores, dle transcriglo, ligando-se a elementos reguladores da expresso 280° Erileno a ora at ange a ‘Sem eiposas a0 vt ) SEP TS sucey <> soggegauess Modelo da via de transdugo de sinal do etileno. Na auséncia de etileno (esquerda) os receptores interagem com uma proteina do tipo Raf-cinase denominada CTRI. Esta interagio ativa a proteina CTRI facendo com que esta regule negativamente (por fosforilaco) componentes situados abaixo na cascata de transdugdo de sinal Dentre os possiveis alvos, jé foram identificadas, em Arabidopsis thaliana, proteinas da familia das MAP cinases. Deste modo, nao ‘ovorrem respostas relacionadas ao etileno. A ligagio do horménio a receptor (direita) induz mudangas conformacionais neste iltimo desativando a proteina CTRI. Desta forma, a cascata de MAP cinases fica livre da inibico, permitindo que o elemento regulador EIN? sinalize positivamente para os fatores de transcrigdo da familia EINS. Estes, por sua veo, ativam a transcrigao dos fatores ERF que promovem a transerigfio de genes alvo, tipicamente ativados pelo etileno (os genes das B-1,3 glucanases, por exemplo) e que mediarao as respostas fisioldgicas caracteristicas promovidas pelo horménio. (Modificada de Wang et al, 2002.) presentes nos promotores de genes responsivos ao etileno e promovendo a transcricgao do RNA mensageiro destes genes (Fig. 13.9). Particularmente, genes denominados fatores de resposta a0 etileno (ERFs — Ethylene Response Factors) sio 08 alvos das proteinas BIN3 e BILs. No ailtimo nivel da sinalizagao do etileno encontram-se os fatores de transctigio ERF e EDFs (ethylene response DNA binding {actors). Sao proteinas de baixo peso molecular que possuem espe- cificidade quanto 8 ligaco em promotores de genes regulados por etileno. As regiées do DNA 2s quais as proteinas ERFs e EDFs ligam-se foram denominadas GCC-box, devido as repetigées de guanina e citosina encontradas nestas seqUiéncias. A expressio de um membro desta familia, ERF1, encontrado em A. thaliana parece regular a transcri¢io de varios genes, visto que sua supe rexpressio é capaz de produzir, de modo significativo, um fend- tipo de resposta constitutiva a0 etileno. Uma grande variedade de genes mostrou possuir motivos GCC-box em seus promotores, porém muitos destes genes nio sio exclusivamente regulados por etileno, apresentando virios outros motives regulatérios ligados, por exemplo, a respostas a estresses abistices (fro, seca, salino), injirias mecénicas ou danos por pat6genos. Como exemplos de genes que sio regulados por etileno, foram identificados aqueles que codificam para isoformas de quitinases, fitoeno sintase, B1,3-slucanases, algumas proteinas relacionadas a patégenos (PRPs), algumas isoformas de expan sinas ¢ as enzimas de biossintese do proprio etileno, ACC sintase © ACC oxidase, entre outros. INTERACAO DO ETILENO COM. OUTROS HORMONIOS Varios sinais contribuem para coordenar os processos neces- sérios ao desenvolvimento e manutengio da homeostase nos diversos tecidos vegetais. A relagio entre niveis de dois ou ‘mais horménios durante as diversas fases do ciclo de vida das plantas 6 conhecida ha muito tempo. Porém, somente os avangos técnicos registrados nas iltimas décadas permitiram, obter uma visio mais detalhada sobre os mecanismos molecu lares envolvidos nestas interag6es. De modo geral, um horm@nio pode afetar as respostas de outro horménio de trés modos: afetando os niveis do outro horménio por meio de alteragdes de sua biossintes,cegradagio, transporte ou conjugagio; modificando sua resposta aos estimulos ambien- tais ou do desenvolvimento; alterando os niveis e/ou atividade de elementos de sua via de transdugao de sinal As interagées entre oetileno com outras classes hormonais nfo indica um modo preferencial para um dos tx8s niveis descritos. A interago mais notadamente descrita na literatura ocorre com: auxinas ¢ jasmonatos. Porém, hi vérios relatos de interagies do etileno com outras classes hormonais. Auxinas O efeito indutor na sintese de etileno promovido por auxinas € conhecido ha muitos anos, assim como o efeito do etileno sobre o twansporte de auxinas (ver Cap. 9, Auxinas)

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