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Etileno - Kerbauy 2008
Etileno - Kerbauy 2008
Resposta Intragelular Regulacao positiva e negativa na resposta hormonal. No modelo mais comumente encontrado, a regulaco positiva, o receptor hormonal «std inativo, assim como os elementos da cascata de sinalizaglo, néo havendo resposta intracelular. Com a ligago do horménio no receptor séo desencadeadas mudangas neste ltimo, tornando-o ativo. O receptor passa a ativar os elementos da cascata e so observadas as respostas intracelulares. No modelo de regulago negativa, o receptor encontra-se ativo na auséncia do horménio e sua atividade inibe ‘os componentes da cascata de sinalizagio. A ligagio do horménio inativa o receptor, liberando a cascata de sinalizaglo, e deste modo so promovidas as respostas celulares. sua atividade de cinase seja efetiva e, desta forma, fosforile substratos na seqiiéneia da eadeia de transdugio de sinal (Fig. 13.8). Uma ver que o etileno liga-se aos receptores, mudangas conformacionais promoveriam o desligamento da proteina CTRI, provocando a inibigio de sua atividade e, assim, liberando a via de transducio e permitindo as respostas a0 etileno. As observagées que possbilitaram a proposigéo deste modelo vieram principalmente de estudos que visaram isolar o receptor ETRI e, inesperadamente, isolaram também a proteina CTRI ligada a este, indicando a interacio entre as duas proteinas. ‘Adicionalmente, foi observado que uma regiio da proteina CTRI, envolvida na ligago com o receptor, & capas de inte- ragit com o dominio de serinaj/treonina cinase da propria CTRL Este parece ser 0 mecanismo pelo qual, apés estar desligada do receptor, devido a presenga do etileno, a proteina CTRI ¢ inibida Fig. 13.8) A anslise mais detalhada da estrutura da proteina nos mutantes ctrl de A. thaliana indicou que esta é incapaz de interagir com 0 receptor & por isso, estes mutantes apresentam um fenstipo de respostas ao etileno mesmo na sua auséneia, Por outro lado, certas mutagGes nos receptores mostram um fenétipo de insensibilidade a0 horménio, uma vez que o etileno nfo € capar de ligar-se a0 receptor e desligar a proteina CTRI (Fig. 13.8). Demais componentes na via de sinalizagio Embora varios genes e as proteinas por eles codificadas tenham sido identificadas como componentes na cadeia de sinalizacio do etileno, ainda nao se sabe como ocorrem as interagées entre estes diversos elementos. O que se conhece é a seqiiéneia em que estas proteinas atuam para promover a sinalizagio e induzir , as respostas A presenca do etileno. AA similaridade entre a proteina CTRI ¢ as MAP cinases de ferosindicow o possfvel envolvimento de uma cascata destas protefnas na sinali \co do etileno. Em mamiferos, estas protei- ‘nas atuam realizando fosforilagées sucessivas, sendo que uma MAPKKK fosforila uma MAPKK e a ativa. Esta, por sua vez, fosforila uma MAPK; esta cinase, assim ativada, fosforila uma proteina pela qual possui especificidade. A natureza desta élima proteina ¢ variével, pois depende da via de sinalizagio na qual as MAP cinases esti envolvidas. Existem dezenas de diferentesEtileno 279 Gi D Etileno Mutante etrt Mutante cir ' Modelo de interago entre a proteina CTR1 ¢ 0 receptor ETRI. Na auséncia do horménio (A), 0 receptor encontra-se ligado a proteina CTRI. Esea, por meio de sua atividade de cinase, exerce inibigio sobre outros elementos na cadeia de transdugéo de sinal do etileno, ro havendo resposta ao horménio. A ligagao do etileno com o receptor ETRI (B) provoca modificagSes na sua estrutura que levam 20 desacoplamento da proteina CTRL. Porgées do dominio N-terminal da CTRI sio capazes de interagir com 0 seu prdprio dominio cinase e podem contribuir para a reducdo desta atividade na proteina. Além disso, sem interagir com o receptor, a atividade de cinase de CTRI € muito reduzida, Com isso, a repressdo aos elementos da cascata de transducao de sinal do etileno ¢ removida e as respostas ao horménio ‘corre. Mutagées na protefna CTR1 (C) que impecam sua interagio com o receptor levam a um fendtipo de resposta con: tutiva, mesmo na auséncia de etileno. Por sua vez, mutagées no receptor (D) que impecam a ligacao do etileno levam a um fendtipo de insensibilidade © Aauséncia de respostas, mesmo na presenga do horménio, (Modificada de Chen et al., 2005.) MAP cinases e estas esto ligadas As mais diversas formas de sinalizagio intracelular em mamiferos. Em A. thaliana e Medicago truncatula, foram identificados ‘membros das MAP cinases atuando, subseqitentemente i CTR1, na via de sinalizacdo do etileno (Fig. 13.9). As proteinas SIMKK (Stress Induced MAP Kinase Kinase), MAPK6 (ambas em A. thaliana) e MAPK13 (em M. truncatula) foram identificadas por meio de ensaios de atividade de proteinas cinase ou por inibigio de sua expressio génica Outro elemento da via de sinalizagio de etileno é codificado pelo gene EIN2 (Ethylene Insensitive 2) e & considerado central na sinalizagio do horménio, visto que mutantes para este gene apre~ sentam fenstipos severos de insensibilidade, com conseqiiéncias que afetam a planta durante todo seu ciclo de vida. AAs evidén- cias sugerem que o gene EIN? codifica para uma proteina que arua como uum regulador positivo essencial para a sinalizagiio do atileno. O elemento EIN? foi identificado como uma protefna de membrana cujo dominio N-terminal hidrofbico se assemelha aos membros da familia NRAMP de protefnas integeais de membranas, a qual inclui virios transportadores de metais, O elemento identificado como subseqiiente A proteina EI na cadeia de sinalizagao do etileno 6 a protefna EIN3. Varios mutantes defectives para esta proteina apresentam expressi0 reduzida de genes tipicamente etileno-dependentes. Outra protefnas similares foram identificadas em varias espécies vege- tai, sendo denominadas EILs (EIN3-like). Dois membros dessa familia, EILL e BIL2, sio capazes de resgatar o fenétipo normal de resposta a0 etileno em mutantes que tém 0 gene ein3 defei- tuoso. Jé a superexpressio destes dois genes leva ao fendtipo de resposta constitutiva a0 horméinio, indicando que estes elementos tio reguladores positivos da resposta ao etileno.. As proteinas desta farailia desempenham funcées de fatores, dle transcriglo, ligando-se a elementos reguladores da expresso280° Erileno a ora at ange a ‘Sem eiposas a0 vt ) SEP TS sucey <> soggegauess Modelo da via de transdugo de sinal do etileno. Na auséncia de etileno (esquerda) os receptores interagem com uma proteina do tipo Raf-cinase denominada CTRI. Esta interagio ativa a proteina CTRI facendo com que esta regule negativamente (por fosforilaco) componentes situados abaixo na cascata de transdugdo de sinal Dentre os possiveis alvos, jé foram identificadas, em Arabidopsis thaliana, proteinas da familia das MAP cinases. Deste modo, nao ‘ovorrem respostas relacionadas ao etileno. A ligagio do horménio a receptor (direita) induz mudangas conformacionais neste iltimo desativando a proteina CTRI. Desta forma, a cascata de MAP cinases fica livre da inibico, permitindo que o elemento regulador EIN? sinalize positivamente para os fatores de transcrigdo da familia EINS. Estes, por sua veo, ativam a transcrigao dos fatores ERF que promovem a transerigfio de genes alvo, tipicamente ativados pelo etileno (os genes das B-1,3 glucanases, por exemplo) e que mediarao as respostas fisioldgicas caracteristicas promovidas pelo horménio. (Modificada de Wang et al, 2002.) presentes nos promotores de genes responsivos ao etileno e promovendo a transcricgao do RNA mensageiro destes genes (Fig. 13.9). Particularmente, genes denominados fatores de resposta a0 etileno (ERFs — Ethylene Response Factors) sio 08 alvos das proteinas BIN3 e BILs. No ailtimo nivel da sinalizagao do etileno encontram-se os fatores de transctigio ERF e EDFs (ethylene response DNA binding {actors). Sao proteinas de baixo peso molecular que possuem espe- cificidade quanto 8 ligaco em promotores de genes regulados por etileno. As regiées do DNA 2s quais as proteinas ERFs e EDFs ligam-se foram denominadas GCC-box, devido as repetigées de guanina e citosina encontradas nestas seqUiéncias. A expressio de um membro desta familia, ERF1, encontrado em A. thaliana parece regular a transcri¢io de varios genes, visto que sua supe rexpressio é capaz de produzir, de modo significativo, um fend- tipo de resposta constitutiva a0 etileno. Uma grande variedade de genes mostrou possuir motivos GCC-box em seus promotores, porém muitos destes genes nio sio exclusivamente regulados por etileno, apresentando virios outros motives regulatérios ligados, por exemplo, a respostas a estresses abistices (fro, seca, salino), injirias mecénicas ou danos por pat6genos. Como exemplos de genes que sio regulados por etileno, foram identificados aqueles que codificam para isoformas de quitinases, fitoeno sintase, B1,3-slucanases, algumas proteinas relacionadas a patégenos (PRPs), algumas isoformas de expan sinas ¢ as enzimas de biossintese do proprio etileno, ACC sintase © ACC oxidase, entre outros. INTERACAO DO ETILENO COM. OUTROS HORMONIOS Varios sinais contribuem para coordenar os processos neces- sérios ao desenvolvimento e manutengio da homeostase nos diversos tecidos vegetais. A relagio entre niveis de dois ou ‘mais horménios durante as diversas fases do ciclo de vida das plantas 6 conhecida ha muito tempo. Porém, somente os avangos técnicos registrados nas iltimas décadas permitiram, obter uma visio mais detalhada sobre os mecanismos molecu lares envolvidos nestas interag6es. De modo geral, um horm@nio pode afetar as respostas de outro horménio de trés modos: afetando os niveis do outro horménio por meio de alteragdes de sua biossintes,cegradagio, transporte ou conjugagio; modificando sua resposta aos estimulos ambien- tais ou do desenvolvimento; alterando os niveis e/ou atividade de elementos de sua via de transdugao de sinal As interagées entre oetileno com outras classes hormonais nfo indica um modo preferencial para um dos tx8s niveis descritos. A interago mais notadamente descrita na literatura ocorre com: auxinas ¢ jasmonatos. Porém, hi vérios relatos de interagies do etileno com outras classes hormonais. Auxinas O efeito indutor na sintese de etileno promovido por auxinas € conhecido ha muitos anos, assim como o efeito do etileno sobre o twansporte de auxinas (ver Cap. 9, Auxinas)