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4 Em torno da representacdo de natureza no Brasil: pensamentos, fantasias e divagacdes Investigar as representagées de natureza da sociedade basi leita ¢ um projto vast, fascinantee extremammente cowie, xo, Para muitos talvez sea uma tasia impossivel We gee © Brasil é um pais continental dotado de grande vaiiedade regional e uma sociedade com grants diferengas sociale im, muits concepedes de natuera competriam esc alo, de sore que falar de und seria impor uma onde falsa num quadro fragmentado no qual muilasidclogits a nate puta pean Maa Em principio, nfo se pode dear de concordas com is tese trivial que instaura a diversidade como visada $0, ioldgice, Mas admitir a diversdade, a fragmentagdo,& de, Puta, © conflito e a complexidade do nosso objeto de tele. ‘io nlo nos exime de buscar una moldura dent da, qual ‘atham significado as prétcas dos grupos que esposam iia vergence sobre a naturea. Pensa, pols que alo obstante ss diveréncias eas varlaes podenrse dati com fesenis nas concepaées braces ners. E precsamente © que Te ens, erat ast, nfo vou me ulllear de materais produsidos Pelos diversos grupos que manifestamente dsputam 9 publi, 59, tentando convenci-lo de suas vistes, Embora ache tal discuss fundamental, no me deere aqui nas diferenga de represenagto da natureza dos “partidos verdes” brace fos, por exemplo; ou nas implicgbes ¢ impasses de cetoy ‘Programas governamentais destinades a enfrentar quesiSet relativas 8 destruigto de recursos naturals no terrtério ie, plo contri, ater-me aidase valores passives de serem descobeto,inferidos ou deduzidos — dia mesmo, 22: ‘inpados — do conjunto de dscursos, textos. e altudes que ‘ermelam e do sentido & vid social do Brasil, You deter-me, portant, nas conepedes de natreza daquele Bas represen {ado como corpo palltco modern, do Brasil napto que a ‘eja um asento no teatro da *madernidade”, Vale dae, do Brasil como uma coletividade que se funda numa constitu ‘fo, num congresso nacional e num territio soberano. Mas fare so cetrando os meus agumentos nas das de nature- 2a expressas pelo outo lado do sistema braio. lado cons tiuido pelo Bras sociedade, ou se, do Bra como um con junto de valores e simbolos que, embora motive orestem ‘amassa das préticaseepresentagbes socials do dla-a-dia,si0 = por isso mesmo — raramente dscutdos. Acredivo que se ‘attndem melhor os dilemas do Bras como naedo quando les ‘io contrapostos aos valores que informam o Bras como so- Giadade Especialmente quando se rata de refer sobre temas tipeamente paris pea ideologa moderna, como os impas- ses econdmicos e politics, a questo institucional last but ‘ot least, a natureza como ecologia Deste ponto de vista, 0s ‘iasesubordinados como personagens de um drama cal m- biguo eaparentement sem suelo Tacoma na carta de Cami- ‘ha, tudoaparece pormelo de umaletura queenfatiza oespon- tinea, o natural eo relatvamenteinocente. ‘Ropar tenon 6 una you he (Cora impure are “papas odo ‘Sse deny emt epino re nn pen Sana nen EMITORNO Da REPRESEXTAGKO DENATUREZA como sto so nto fot scent, mas sgt ited memo ce acne het minha net sua jo que orl de Portugal tie 40 dearedo a ha de Sto Tome see seas ree eee Natureza dadivosa, sada de pete a tido is : a sti, portanto, far através do controle edo patocenn steiner roaiem nintaeteeeccr et souietenonioe eae ee gebisner ata oer su arcane Fa oar dice ren el in ete eee cesta tee hare anaes mtn lon eit" (Ct. Barge de Helene Seen ER sate C See ee omens inteesados em ealzar 0 eatio™ Gs vos so nose Setters uae corms Sato teres cagereeee Sonerticonaae nit soe, se : que deseja romper om se pals e origem « se estabelecer na nova terra, mas pela dacs do “avetusr” que tem “sia de prosperidade sem custo, de ttloshonosfioy, de posites ede qc aces” Ch aoe de ld oss). Si tig gent oncpeio spas do mundo (CI. Busue de Holand 13)— uma visto do mundo natural como um doris nn, ‘0,01 qual anteragto care demode mest som menor ocupasio com oconhesimento proud do hb (abe onduz inca moderna) ou com oegoamsnto do rosso Siplorado. Sto ete valores eee deen da nares ois Cafactrzam ahistriascondmic do asl, uma hist a ‘2d por cilosecondicos quando algum produto nara Atscoberto, explored inlets, egotad, Fa o uc os ‘eu primero com o para, depot com age cm Se Buide com o ouo ,finalmeni, com o cate e' buracha ono se observa rats de um parapma de explore {0 econdmica que nfo comempla nenkum dos commposente 4 mundo vigente nas sociedades qu pasraram paaseol {Ses purtana individual. No cso Go ral, ano has {era Guanto na pada estamos ts vollas om ua represent Go denatarea qu uses osenurrismo personalise aus Feces td nimamenc ado sun ce aqua todos tem uma pong righ emuto ben a idan tema: No novo mano paras as a ‘associa tradicional, indvidallzado no novo c enorme e& ag, o portugues se transmudava no aenturcr eno band: Tene Agom desperonalzao,pracando o que cibero Pree hamou de “colonizasto po ndiviguos soldades defor {una,aventureos, dearedados estar novos fide & pet seguiso reiiosa,ndutagos, iaicante de etravos, de Pasnlos demadsra” (CE. Preys 190919) — tetaiasoc ‘hoo impossvel Com patrioshsluo, pla ¢ nove ter atl o limite, aprovetanda todas as oportunidates © ‘ano paride de td Mas, a relia Blo experince fa es ie ota et aide mua pps ‘arn Bal Sprang ene ce lee "BA TORNO BA REPRESENTAAO DE NATUREZA {ava nenhum padrdo de comportamento novo, ou modifies 8s formas de relacionamentoa qu etava habiuado Ao con, \eério,reproduzia, no ciclo do extrativism predador, 0 nee ‘Vir para o Brasil er, de fto, um modo de garantis ede teotar melhorar sua ideatidade social na tera de origem E 4 meu ver, essa expergncia com 2 individualizagao (as er indvidualismo muito menos iguaitarimo), esa independia, a temporéria dos controls socal do grupo de ong ae abria. as portas da nova cola a uma extremada individuals dade, que foi vivid e lida como anarguismo pecaminoso ot Alé mesmo como uma “tara étnea inca conform ques ‘Azevedo Amaral (Ct. Freye, 1989: 19) este ponto de vista, é fundamental observa que no se- tia produto explorado, como desea a orienta econo cata mais tradicional, que determinaria 0 quadto de valores, ‘mas — a0 contritio —é uma concepgloespetfica da ature ~2,que,orientando eleptimando as praca econdmicas © po. liticas,determinariacertas opgdes.Tata-se ds mesma tikes {ura bisica qu orientou a dvisdo da superiie erste enc Portugal ¢ Espanha por meio do Tatado de Tordeshas, Mas ue € esa ideofogia de Tovdesilhas, esta concepsdo fechada do mundo, send a expressto de valores nos queis«natuera coneeida como territrio « como tal, explorada por quer ‘em dietos totais sobre ela? Uma concepggo fundada no di tito divino da posse da terra eque exclu a frontia eo espa- spaberttipicos das representagées de naureza nascidas com © individualism Burg, A mpresentpo purtana da natureza: Que contrat fa- em essa anedota ees carta com os documentos produridos Delos purtanos que falam da colonia da Nova Inglater- ral Para os purtanos que buscavarn fundar na Amisic a iy ‘upon a hill”, uma Nova Jerusalém, na qual todos os homens viveriam de acordo com o individualism jgualitri, a nat ‘2a surge como espaco indspitoe crel. "Uma regio", diz Willam Bradford (que foi governador¢ lider da colbna de Plymouth por 30 anos) mum escrito de 1620, “incl, hedionda ‘edesolada,cheia de animals sees selvagens eujo ime no ‘podiam csiculare de selvagens que, a0 contro dos de Ca- ‘minha, "estavam mals Incinados a ervé-los de flecas que ‘qualgder outra coisa (Cf. Lynn, 1968) Em suma, trata-se de ‘uma representagdo da natureza na qual —nio abstante 0 0 do inverno ea faglidade eenologea dos clonizados — fist ‘aluida a iia de passvidade do mundo natural, Nesta vsae a, a naturea surge indviduaizada, com seus elementos des- tacados do grupo humano que com ei entra em contato, Aq cla nfo é mais um dominio que espera passivamente pela por Se, ou uma esfera moralmenteimbricada erecipocamente re- lacionads com a comunidade humana, mas uma esfera com partimentalizada, com a qual se tém rclagbes objetivas edi ‘antes. Do mesmo modo como os homens sto igus entre #1 ‘cada qual sabe que sua ibedade e motivagio tenminamn nt liberdadee na motivagdo dos outros, todos sabem que ent sosiedade e a natureza hd um fosso que 6 pode ser supera- ‘do com o pacto do conhecimento, Mas enquanto ese pac nfo for hobbesianamente realizado homem e natueza ex em igualdade e confit, “Tal representagdo & coerente com uma coletividade mot vada ‘pelo afi de construt vencendoo rigor do deserto eda Selva, uma comunidade abengoada,ienta das opressoes flr losis ecvis por eles padeldas na era de origems ena qual, nfm, se realizria © puro ideal evangélico” (C1 Buarque de EM TORNO DA REPRESENTAGKO DE WATUREZA a Holanda, 7a para enrquecerrapidament, vrs fidalgo¢ volar fo 6 dominant Realmente, se para os ibericos,sobretudo porte ueses, «nova tera era um espagoambiguo,inermedrto¢ ‘marginal ~ aquela zona que Victor Turner (1973) chamate de ‘timinal”; ituada entre as duasfases de um “nto de pass ‘gem'" —, para 0s purtanos 0 nove mundo era visto como 6 fim de uma jomada. Assim, eles chegavam com of lasos ns, {ais jd cortados. Para eles, dierentmente dos ibscon snows {erra era um ponto dendo-relomo. Um lugar no gual nto ce biam nem a conguista nem a descaberta como pess abso {a mas que era necesério conhecer e domestiat tare ‘Ue riam requerer muito trabalho e muita ago de grag’ ia de Afo de Gragas (Thanksgiving) e camaval: Nao 4 pois, ovioso lembrar que esa chegada a um ambiente ind. Dito serve de matécia-prima ao ito nacional mais importants os Estados Unidos: o Dia de Acto de Gragas. Ritual em que ‘osmembyos de uma fafa reinem se para lembra, numa oa ‘xtimonial seus ancesras nacionais, comendo o ue le fe. ‘am pobrementecomido, e dando gragas 10 Crador porte em chegadoe obtido sucess por ses esforgos. A comental- dade reavvao pact entre iguais que comem da mesma cami. da, comungam das mesmascengas vive Gebaixo deur es. ‘mo teo, Ela também acentua a unidade do grupo por oper. Fe,a0s outros, os excluidos, os aliens, os de fora, os mem- ‘ros da natueza.Posso comet peru no mundo todos mas #6 comemoro 0 Dia de Ago de Gragas nos Extados Unidos Tals. Se de um rito intransferivel No ico ritual brasileiro o carnaval seinsereve como um ‘to fundamental CE. DaMats, 179). Como una oso pl hifcada na qual se desconstroem as hierarglas de um coti- iano desorganizado,desumanoe oprestivo ese inventa uma ‘otgia de individualidades que pulam,cantam, brineam ese es: baldam, ocamaval tem uma impartncia bases no equlbio sda vida brasileira. Com ele se pode recrar esa utopia nacio- hal que os descobrdorespretenderam encontrar quando aqui ‘hegaram. Essa terra mareada pla eterna primavera que ma il ji sede ca fome de todos, provendo, ademais, riqueza «que transfrmari todos em fidalgose ptrdes. Por out l do, o carnaval também reflete ese “naturalismo™ que cores 4 ponta& pont a ideologia brasileira, 6 que se acredita que lesa uma festa espontineacelebradn por um impulso qua fe biolgic: porque esténo "sangue” ena “rag de todos ‘8 que nasceram no Brasil. Acresce que o carnaval nao ¢ um ‘ito fundado na excusto ena dramatizagto de froneias ede Alterenas entre gps, como o Dia de Agio de Gras, mas ‘uma “festa” incusiva, cujoalvo € parieipag live, desi Dedida e alegre de todos. A Enfasena seualidade, nos raze. 13 do compo eno risoenftia eta ila edénica de incluso Por seduigdo. Alem disso, o carnaval promove individual {da originalidade de cada pessoa ou grupo, que pode fin mente represenar-se como live num sistema mareado pelos relacionamentos patronais, obrigaris ¢hirdrquico’. Ait: «da que sea por apenas quatro dias... Por td lo, odes aproximar a orga carnavaleea da visto do paris, insite ‘na ova tera que Cabral descobriu.® 43. Bstrutra sociale visdo da natureca ‘Toda essa discusso tem como ponto central a idéia de {que as representapbes do mundo natural eda sociedaderefle ‘em um mesmo conjunto de valores. Sociedade enatreza a no seriam simplesmente reflecos uma da uta, mas eX resariam um mesmo conjunto de valores, No sistema soil ‘bérico, do qual o Brasil faz pars, o mundo naturale socie- «dade s organizam por melo de reagdes complementares Qh ‘ao do outro mundo até os animals eas plantas, pasando por ‘uma hieraquia de homens. Neste sistema, a exploragio da tureza se faz por meio do trabalho relizado por eiados, s- ‘ordinads ¢prineipalmente pels ecravos ~ seres que esta. 5 Gel ie mate compo eran at "Qu aot ‘Sestgo Da er abl oes ob No al ‘bead nat "SCTORNO DA REPRESEXTAGKO DE NATUREZA w iam mais proximos da natureza qu, com seus superires ¢ Seahores,formam uina comunidadefundada na desigualda, de na hierarguia. Natureza esociedade nose compartinen. talzam e se confrontam diretament através dems earos € frontirasiredutivis, mas se liga por meio de iilipas Imediagées fits por virios subordinados* Ente « soceda efit de senhores eo mundo natural hi o ciedo sabre o,o ecravo, Assim, a uma representagto de neturces como ¢sferapasiva,emetaforicamenteconeeida como sera ume éserava do homtem que dela dispde como bem entende —, cor Fesponde uma estrutura socal gualmente fundadana pes. dade obrigatiria do trabalhador ena sta submissZo total 20 Senhot. Nest sentido, nfo se pode entender osisema da mo ‘oculturapatraralasociada ao Estado que forma no Bas ‘sem pensar nos valores que orlentavam a sociedade. Ea soci dads, até oadvento da Independéncia edos movimentos abo. licionistaerepublicano, undava-se numa pesada hirarqia Neste sistema, o “trabaihador” se moldava pela open ds de- sigualdade era dinamizado pelos valores da opresio soil, Conseguentement, a representao de natuteza que tr 2a dentro des seguia esa mesma Iopea. No Brasil, quanto ‘mais prosimo da natureza, mas inferiorizado. Quem nada ti- ‘ma tirava da terra o que pudese,e quem no tnha riados (9 escravos ia atrés dos fad. Ea afirmagdo ou a nesasso 4 hirarquia que esté por tris dos tpos socials mais sgl. sativos da colonizasio brasileira: do bandeirante ao senor de ‘engen, do depredado ao escrav, do eatequsta a0 conta 5 Cae ine oc onal coma, cnforme atc ele ‘at Bl nna umes tea food hag Se | | | | bandit, do aventursro a etrado-buocrata. Na base do ave. tueiismo come estilo de vida — Torma que cetamente fo ‘&precufsora da nossa mals do qu legiima malandragem — ‘std avontade de sir ou mudar de posi dentro da ree ob- {atria epatonal dees, regulamentoseelapdes soils sem, fenuctanio, modifica. Ene osomey natura sable sea mesa ca que governs os homens entre sa lopia da desigualda {ue jamais contempla o dtc do subordinado como sr igual ‘ov attnoma, ‘A naturezana sociedad: Desiguldade eherarquia com tnbue partum tn de natureakque—~ come © sngado ‘Situs dentro fra secede De ado de frac sa ‘fsa na sua pssividade esgtavl ea sue pujang ame Gdor po sso mesmo, interac sacralzada, como fora {oem verse confunde coma mio usa de Des cont Fhomens. Deno du tocledade anatase manta pe ins pate inontolives dos chamados ists que 0 Peroebdoe como lrupgbs natura forts elena qe homem no tra fras para conrla, Os asta, a> formade em pales se endryam par acarne cpr at ‘ar liandoo Komen com sua naarers anal se lao a {Be primi, Tal opoigo etna rai do famosa paradigsa Skitheimiane do Homo pts, ou sj, do homer como ut Serno qual cdiglaiam wma vertene aus e fundamen {siment soil epresenadsunivernament pel alma) ox tea egnta¢iniidvlzada (eprsentadajustament elo coo)" cro cer au passagem da representa tradicional « anfopocnfn devataren paro oderno modo “ta ‘enti atid com o “colo corspondea a= nym sate a epee et natin a se elu lungs na a ec sal Duane, pam cosets ‘i pei ete 2 et batene Dead 0D po mits ee EM TORO Da REPRISENTAGKO De NATUREZA a {61d ndvdualsmo guar comet uma ria demar- ago de fronts ence os mundes socal cnatral Comoe Satur teste sido expla dasocedade- Aca epleocor Fesponde um eonjunto de reresentagdes cxunvament fn. ‘idl qereprimem prety dane mac A $m, ado queteriaavercom osinsntor-quedie fot te- cionas —esubstituld por decbese motveSesiuvidels ¢ autnomas, afbes peas qusiso nico esponsivele sua, ‘Ormesmo process, que divide aia iroersivinene rate ‘ezaesocedad tanaformaaspadsremneroses Seep “essa ce mont obra lana site Ses so exlcios,fundada em seule eapace de prods ‘gloincividualeaconal sa visada queria areproenia #0 moderna da natureza umanatarera que tem dicts (de tere) quento pode se mula, que dow er protean que tem lites, frontal est autonoma, Entetinta ningun na soled dona herd carepesena melhor jungiodenatrecs com socedade do qc ‘serve Esravo que Cuma epi ds segunda natura dsc Senor: meador els ene Rome ea atures masque sein os dono prin an O sistema dea de opera Sadana aonadevonvergnc ce. {renaturenesoredade cle tal como rorrscom or nines dlomésticos— confunde mula vers on doiscampes,Poriso, {scravos canals doméstios lo permanente ode mals: ds castigos da ses senhores No caro do Bas, so epio 8 obervagdes de maldades contra csrvoy plantas ean ‘em geal. Acescentemseaino rita da bead mato commu io Bras (Ct. Frey, 1988 Camara Cased 192) ¢ ‘sabato seals onira (com) elas eeeavos, Sur Ce éravos, conta pantasedvores, malar cachorto geo, ei 62 lnhasecnalosera(eandacouumeno Bast ibero Fe qucestudov ese assunto como ninguém, fla dagase nr ‘Sid deleteem ser maucom on inferioresecom osanimais"co- ‘io senda "bem nos! Como endo ‘de todo meno bras cro atingdo peta inivénia do stoma ecrvocran™ elec {aMachado de Assis qu, nas Memoria pastas de Br Cu. ts, em no heraiumdesies"meninardnbor expsialindos emmaltrata eseravos os quaisusavacomobestasdemontaria (Ci Freye, 1989: 303), ‘is arroubos séices trem, como estamos vendo, sta ‘oncepedorelacional de natureza. A malvadeza ea ervldade ara com os inferiores, que representam uma “segunda nats {eza servem como mecanismo para pr em oxdem ou rai ‘mar dramatcamente as ont entre senor eecravo— en. tue naturezae cultura, Malvadeza com os animals © plantas ‘como geso destinado a institu simboicamente una divsfo ‘quaseimpossvel entre os dois campos. Commo um tal de exo. ‘smo no qual etentam separar as identidades que ocoida- no tendia a dsslver, Assim, Lent, aheroina do romance na- turalisia de Jlio Ribeiro A care, publicado em 1888 inter ala sua gradual ubmisso or instnts sexs Assurasem esravosematando tro escm necesidade todo tipo de animal em eapadasritualistieascompulsivas. “Tanto no romance quanto nos dadosapresenadas por il- berto Frey ata-sede uma dramatizapto da lias que de- ‘vem dvi as froneras. Destrir animals em eagadas€equ- ‘alent tena eprimiras pixdes que corte ocorpa, Dom ‘mo modo pela mesma lopica, bateremcriados malar a ‘mais afirma-se como enhor diane deuma natureza que de ‘veficar no papel de generosa passvidade. Eumepergunosesse ‘mesmo mecanismondo estaria em jogo igualmenteno costume ‘urbano de cimentar oquintalenapritieaconsagrada dedestruir a Moresta com enormese muita vzesIneontrovee quel as, forma deexorczarumanatuezapereebida como foci te, extrpando-a da sociedade. Ou de querer anaturea apenss ‘como paisagem, como uma epécie de narureca morta que de ‘eserapreciada egozada, mas dentro deuma moldur, pte or vidros. Quecontraste coma visio anglo-amereanade natureza qua fala obviamente do gozo e do orgulho das past ‘gens, mas também dos animale e das plantas!™ ‘oo esi pn pa oma data EM TORNO Dk REPRESENTAGKO De NATUREZA ‘Tudo isso revela a problemitica de um sistema marcado pela presenga da naturera na sociedade: Uma prensa queco, loca em risco as frontias entre englobadoresecnglobados, Sempre ameagadas pels relagoes«intimidades cogendrades ela prépiadinknica de dominasto personaliads do ste: m1 Conctusio: Ente parsito ea visio colégica ois quando nfo nas carvio en momesto me ‘mo en qo noo eauso Hague stl topes ot od ipo de propa efommis nce por was Dress been dente, ns pes es {He tdictoval,Continuamor x opin epreadon dose {cor trbalhadores,coninuamor spears desrurs a {urea com amet date de aament aaa 9 evant de que nosso dsuro sete deus Hacks ‘ere gain, ‘Todos tém os mesmos dite, afimamos de peito aber toma rua, mas em casa — quando agasalhadas pela ética dat ‘ondescendéncas pessoas que dé sentido 20s aspects mals ‘ars de nossa exstincla —saberos que uns tém mais dr fos que outros porgue “‘ninguém, afinal de contas, € de fer ro" Apesar de todas as revolugdes que vemos no horizons, ‘oniiabamos a ter uma visio encantada ds sociedade, Assim Jemos nosso sistema como ainda sendo feito de “maiors” ¢ de “donos do mundo”, de eelebridades,esrels epoderosos fem geral, e de pessoas comuns que va0 derde os fodid 816 os pobreseremediados. Ente eles, ensergamos uma fo- ‘esta de elos morals, pllcoseecondmicos que sustntam ut ‘verdadero cipolistermindvel de relapdes. Mas eontinuamos sinda infants quando queremos entender as rades profundss dens desigualdade.Toricamentefalamos em Marx e We- ‘bet. Na pita, porém, acreditamos mesmo nas superirida- es inatas dos nomes de familia eesilos de comportamenta. [No funda, continuamos a recurtr uma letra socal e stor ‘zante da nossa propria histra,preferind ler stat expe ‘éncas por meio de lentes naturalists” ‘A ea visdo encantade de sociedade coresponde uns ldtia encantada de maturera. Uma visto na qual patreza¢ ou ‘co mundo se juntam para formar um dominio ambiguo,den- So esemiesconhecdo e que se mates todo instante eb Wenge. ‘Mas como somos modemos e cosmopoits, como tam ‘bém racionas, generosos epoiicamente responséves, cmos ‘concliado uma represeataydoencantada de ntureza com uma ‘concepeio moderna, sem nos aperebermos das sgantesas ‘contradigespoliicas que tal movimento encera. Als, neste ‘Ponto nos comportamos de acordo com a lgica mais trad: ‘onal, a que asepura que, ao final, tudo isso — umbanda, > Teper nent erm gen ee Ber cs ae es Ere one un ameeaas ers EMTORNODA REPRESENTAGAO DEATUREZA » candombl hindasmo, scant, economicimo, marc Ssttuasn, bacharcame, foraaomo, sania cee descends, cent, moeridade wl der cono soe gps oBra et eden sa fr, Des conn sacs fis autem uma ideoloi aional permeaa por elementos “naturales, qu Ge ato moo anon fp ‘seo posta ssema mesmo sem anos teen Re fund, sontinaros sername natresa pig eno eal como pals de nesacvesrqunn e generac: Pr tat, Basa epee m pouco ou, cong dsm cpicmen sine polis, er fee “ote min para ve come ade at {sro Eas sole carmen fundadas na pera. $2.8 que nase stra Samet ene om na fre" (quem ose embra del) ov un gle esos cla $0; um in ft ras, com toda alen sao ‘vida esqueendo un final de oven Cobo S25 gue, prodindo um nv so enna no cha {am pel hare, ea produaosupereiddae Pela pac ide de nos evar para fnge de ona patifasose quad das esponsabldadsbargusas, Conf que drat aos fettel com eposibiigade dese ar ns jaf dtl deco petrleo ou damnte no Bal, Una ea to formidivel a iqvera que saivamosanimetedotareco no ha estamos eafados. Pods to sr uma sluopue pe ‘eae pens, mas cetamente essen soso fae. Peo ‘menos judara a ener dstinitamnte cn fe ea Gi que todos ~ ad orton dum sncoamente que 80 abies No fndo, queria leo problema basi por meio. eum giganto golpe de sore O tal gage que end pore ‘nossa sti, que comer com tna deabert ab ace complements com uma sn ds cls economics in koe ama sre de igucrs narra Sasa sade venue fem fae ors ue permenant nasa? sre Ss 4 cletvamente Se epimiana ia raconal de mat ‘fea esa concpyto gue sitemateanene art oseade ‘uipr a naurezae narra emer na cra lana tue A pergunta¢ muito ampla para ter uma respota defi va. Entetnt,o aso jé mencionado da pane fornec pis ‘as, Recoro,primerament, que apancia € un sistema des tinado a dar sentido ao azar, a infortinio © & md srt. Vale lguaimente recordar que a panera restabelece 0 sistema, endo da natureza,personificada em emordes, animals Ces dos isioldgicos, um ator fundamental. De fa, sem ate Penciragdo de naarecae sociedad nfo se pode compreendet Ste sistema de crengas, Tatas, como vimos, de una er: {ura que junta homens enaturezaafrmande a importing de sas relates eropondo sempre ume especie de equa ‘orl ente os dvs. Seria a panema o exemplo de ma representasto da mi- tureza em franco desaparecmenoe dsuso? Estria esa con- cep sendoireversvelmente substituida pea dé moder Hl hay em que homens enateza se separam € se espeltam eo. imo esferas e enidadesautOnomas? Pento que nfo Ea melhor prova que posso ofrecer para « nosso dima £0 popularisimo Jog da ich, una ters | Sxistete em todo o Bras” A base do Jogo do bicho & dada io establecimentoaparentementearbitrario de ua cores pondEnca entre ma ste de animals (os ichos),alfabele- ‘mente ordenados, e uma sie de nimeros de zero a25. Ac h da nimero corresponde um animal, de modo que se pode e. coher jogar tanto no bico quanto no nimero que a ele © 4 ‘soci toenicamente. No context hstrico bras, tat

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