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Planejamento Gráfico
Planejamento Gráfico
Visual e Gráfico
Material Teórico
Linguagem Jornalística e Planejamento Visual
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Linguagem Jornalística
e Planejamento Visual
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender a evolução das artes gráficas no jornalismo e a importância da
adequação do projeto visual gráfico ao conteúdo e ao público;
• Conhecer os principais momentos da produção gráfica no jornalismo no Brasil;
• Desenvolver a criatividade e a visão jornalística no layout da página impressa.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
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Todo o conhecimento desta unidade lhe ajudará a entender a relação entre conte-
údo e forma, um aprendizado necessário para produzir jornais e muitos outros pro-
dutos informativos impressos ou eletrônicos que tenham uma tela de visualização. Na
TV, monitor de computador, tela de celular, em qualquer desses dispositivos há um
conceito de um layout, um desenho com as informações disponíveis, seja o design
do site, de uma vinheta, caracteres, gráficos, ou qualquer outro elemento visual.
Para entender melhor a evolução das artes gráficas, ainda é preciso citar Johnanes
Guttenberg, o chamado “pai da imprensa”, o alemão que inventou a prensa de tipos
móveis, mecanizando a produção de impressos e produzindo o primeiro exemplar
da Bíblia em 1439. Para muitos, a invenção de Guttenberg foi a mais importante do
segundo milênio, pois, além de colocar as bases para a Revolução Industrial, permitiu
a divulgação do conhecimento em larga escala, beneficiando toda a humanidade.
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Como o nosso objetivo é entender as transformações no jornalismo, vamos nos
ater aos avanços e impactos nessa atividade após o século XVII, quando surgem
os primeiros jornais, ainda no período que decidimos chamar de Pré-história do
Jornalismo. Segundo Marcondes (2002), nessa etapa do jornalismo (séculos XVII –
XVIII), tudo era muito artesanal, produzido por um único profissional e a estrutura do
jornal ainda era muito semelhante à estrutura do livro. O conteúdo dos jornais eram
avisos de desastres, mortes, seres deformados, coisas espetaculares para a época.
Após as transformações vividas na Europa, principalmente a Revolução France-
sa, surge o primeiro jornalismo (final do século XVIII até metade do século XIX),
apoiado em uma prática ainda artesanal, mas com uma função mais clara em que
a razão e reflexão são mais presentes. O jornal ainda era produzido com os tipos
móveis montados manualmente na estrutura metálica que imprimiria (carimbava)
as páginas. As tiragens ainda eram pequenas, mas estavam crescendo e a organi-
zação do jornal já era composta por profissionais com funções distintas.
As linotipos vão “povoar” os jornais do mundo inteiro até por volta dos anos
1980, mas, naquela época, outra transformação estava em curso desde o início
do século XX e vai impactar muito o jornalismo: a fotografia. A técnica de “es-
crever com a luz” (foto + grafia) mudou a forma de fazer jornalismo, inserindo a
fotografia, a representação icônica na narrativa das notícias. Nas artes gráficas,
ou seja, a produção industrial do jornal impresso, esse impacto também inaugu-
rou novos processos com a fotocomposição, abandonando a principal herança de
Guttemberg, a prensa de tipos móveis.
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do design, segundo Willians (1995), a proximidade, ou seja, aproximar o que tem
interdependência e distanciar o que é outra informação. Imagine como é impor-
tante essa regra para que o leitor não confunda o título de uma notícia com outra
próxima, ou da página ao lado. Lembre-se de que sempre é mais seguro formar
blocos com o título por cima “protegendo” todos os outros conteúdos da notícia.
notícias para que se cumpra com brilhantismo essa tarefa, não acha?
Na era de “notícias para ver” é fundamental ter jornais que apresentem belos
desenhos em suas páginas formados por fotografias, blocos de textos, gráficos e
áreas em branco, como se o jornal fosse um belo quadro produzido por um talen-
toso ou uma talentosa artista. Nesse caso, você.
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Explor
Páginas jornal Nieuwe Tijdinghen, em 1605. Disponível em: https://goo.gl/5y1Ljo
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• 1702: Aparece o primeiro jornal diário inglês, o Daily Courant;
• 1703: Surge o primeiro jornal da Rússia, autorizado por Pedro “O Grande”,
denominado Gazeta de Moscou. [...];
• 1725: William Bradford publica o primeiro jornal de Nova Iorque, o New
York Gazette. [...]
• 1808: Publica-se em Londres o [hoje considerado o primeiro] jornal brasileiro
Correio Braziliense (ou “armazém literário”), dirigido por Hipólito José da
Costa Pereira Furtado de Mendonça. Em 10 de setembro de 1808 publica-se
a Gazeta do Rio de Janeiro, órgão de caráter oficial. [...] (CANTERO, 1992,
p. 331.).
Figura 2
Fonte: geledes.org.br
Explor
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As páginas dos jornais eram impressas a partir de uma matriz sólida (grande ca-
rimbo) com os tipos em alto-relevo que era construída pelos trabalhadores que atua-
vam nas tipografias e vendiam sua mão de obra para compor textos e páginas. Esses
operários eram chamados de “caixistas” porque tinham a habilidade de selecionar
os tipos das caixas e colocá-los no dispositivo formando as linhas compostas. Com
o surgimento de novos jornais e o crescimento do setor, nascia a grande categoria
profissional dos gráficos, abrangendo os caixistas, seus auxiliares e os tipógrafos.
As tecnologias gráficas continuaram em processo de aprimoramento duran-
te mais de um século, quando, em meados do século XIX, surgem os primeiros
sistemas de impressão por cilindros, chamados posteriormente de Offset, o que
leva a uma melhora da qualidade gráfica do impresso. A partir de então, a matriz
não “carimbava” a página em branco, mas um cilindro de borracha que, por sua
vez, “carimbava” o papel. Mas a grande transformação surge no final do século
XIX, por volta de 1884, quando o alemão radicado nos Estados Unidos Ottmar
Mergenthaler apresentou ao mundo a máquina de composição Linotype – aquela
que Thomas Edison considerou ser a “oitava maravilha do mundo”. A máquina
mecanizava todo o sistema de seleção dos tipos móveis e criação das linhas e textos
compostos. O processo que era desenvolvido por horas de trabalho manual passa-
va a ser realizado pela máquina, o que provocou um grande conflito social com o
desaparecimento de uma função até então crucial para a produção de jornais e o
desemprego em massa dos “compositores caixistas”, que precisaram se requalificar
para atuar como “compositores linotipistas”, em menor quantidade, já que cada
linotipo suprimia a atuação de 2 caixistas.
Assista ao filme From hot metal to cold type – Da composição a quente à fotocomposi-
Explor
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de um texto do jornal Correio Braziliense, impresso com tipos móveis, em 1817,
e observe as imperfeições:
Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 4 – Primeira edição do jornal A Província de São Paulo Figura 5 – Página de anúncios publicitários
Fonte: Acervo Estadão Fonte: Acervo Estadão
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por exemplo, escrever “fulano mora na rua x”, em vez de “mora à rua x”, entre
outras mudanças.
Figura 7 – Diário Carioca, 30 de maio de 1950 Figura 8 – Jornal Última Hora – 24 de agosto de 1954
Fonte: Acervo Estadão Fonte: Acervo Estadão
Se o Diário Carioca era um jornal regional, ainda que a sede do governo estives-
se no Rio de Janeiro, ele não tinha pretensões de circular em todo o território na-
cional, o Última Hora estava nascendo e, portanto, ainda não era tão influente no
cenário nacional. Nesse sentido, as inovações apresentadas por esses jornais tive-
ram um grande impacto no jornalismo, mas a maior revolução seria sentida quando
o tradicional Jornal do Brasil resolveu fazer a sua reforma gráfica e editorial.
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O próximo salto tecnológico ocorreu após duas décadas, com o advento da
fotografia e o uso de recursos de “escrever com a luz” – a “fotocomposição” –
tecnologia que chegou ao mercado no final dos anos 1970 e início de 1980.
A composição que era realizada com os tipos metálicos, na linotipo, também era
chamada de composição “a quente” porque, após selecionar os tipos metálicos
que compunham a linha, uma quantidade de metal aquecido em estado líquido
era derramada sobre os tipos resfriando e solidificando-se rapidamente, criando
uma união das letras (tipos) que formavam a linha de texto composto. Para rea-
lizar o processo, a linotipo mantinha uma pequena caldeira com metal aquecido
em estado líquido e isso tornava o ambiente de trabalho quente e bastante insalu-
bre, já que gases eram emitidos no aquecimento dos metais. Como contraponto,
a fotocomposição (tecnologia que estava chegando) foi chamada de composição
“a frio”.
Figura 10
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Como se vê, a qualidade dos jornais melhorou muito com o uso da fotocom-
posição. Os processos de impressão também foram modernizados com o uso de
matrizes flexíveis – uma evolução nos sistemas de impressão indireta por cilindros
chamada de Offset.
Os anos 1980 marcam oficialmente a chegada das cores aos jornais diários.
Se você pesquisar, verá que bem antes alguns jornais usaram cor em suas páginas,
mas era um uso esporádico e como cor especial, ou seja, o uso de uma tinta espe-
cífica no tom desejado e não a partir da decomposição da cor e a recomposição
na impressora a partir de 3 cores básicas mais o preto. No início, os jornais se
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entusiasmaram com a nova tecnologia e houve um certo exagero, caracterizando
um período chamado por estudiosos de “edições araras”. Com o tempo, houve
um uso mais cuidadoso das cores e diversos jornais como, por exemplo, a Folha
de S.Paulo, que reduziu por várias vezes sua paleta de cores com o argumento de
que, ao usar menos oferta de cores, o jornal ficaria com uma aparência de mais
colorido. Pode parecer estranho, mas faz todo o sentido usar menos cores e ape-
nas em alguns elementos do jornal, pois isso impacta mais o leitor. Além disso, o
uso específico de determinada cor atribui um sentido de cor sinalizadora, ou seja,
visto que o jornal sempre utiliza a cor azul em contorno de um texto opinativo, o
leitor entenderá que onde aparecer o contorno azul trata-se de uma opinião sobre
o assunto tratado.
Figura 11
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Análise Morfológica de Jornais
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o que é e qual é a importância desse tipo
de análise. Veja, os meios de comunicação de massa, jornais impressos, rádio, TV,
cinema foram surgindo e despertaram preocupações de estudar seus efeitos – os
processos de produção de informação, os veículos e o impacto de sua comunicação
no público – de forma mais ampla e com critérios aceitos pela comunidade cien-
tífica. Dessa forma, a análise morfológica dos jornais diz respeito a um estudo da
forma como as notícias estão desenhadas no jornal e por isso será útil para a
reflexão de Planejamento Visual Gráfico em Jornalismo.
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25 de julho de 2016 (abaixo), e faça uma avaliação pessoal. O que você acha dos es-
paços ocupados com textos, título, fotos, logotipo e publicidade?
Figura 14
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2. Agora é necessário medir cada tipo de elemento separadamente. Primeiro,
os textos (cm/col), seguido por título, fotos, logotipo e publicidade. Vamos lá:
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Com os dados objetivos do levantamento, é possível fazer algumas considerações:
• Em primeiro lugar, há uma distribuição dos elementos mais ou menos equilibra-
da, ou seja, cada elemento ocupa de 11% a 25% de área disponível da página;
• Os textos, que costumam pesar mais no desenho por ter letras menores (corpo
menor), ocupam apenas 15%;
• As fotos dominam 25% do espaço, ou seja, ¼ da área disponível;
• As áreas em branco, sem nenhum elemento impresso, são importantes para
arejar a página, e representam 11% da área.
Com essa simples análise, podemos concluir que essa edição tem uma distri-
buição equilibrada dos elementos, coerente com a importância que as imagens
têm na atualidade (1/4 do espaço), e tem um arejamento necessário para a capa
não ficar muito “pesada”. Embora utilize adequadamente os elementos, podemos
considerar um estilo conservador de desenho, com várias chamadas de assuntos
internos. Para desenvolver um layout mais ousado será necessário aumentar a área
em branco, reduzir textos e títulos (quantidade de destaques na capa) e aumentar a
escala (tamanho) das fotos.
Assim, encerramos esta unidade deixando um convite para que você desenvol-
va análises de jornais regionais e experimente pensar em outras possibilidades de
desenhos dos jornais. Será um caminho muito rico e criativo para você seguir. Até
a próxima!
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Documentários sobre design para você assistir no seu tempo livre
Documentários sobre design.
https://bit.ly/3mQnlIw
Filmes
From Hot Metal to Cold Type - 1965
Da composição a quente à composição a frio (fotocomposição) (em inglês).
https://goo.gl/8dZUiY
Featured films in the collection
Filmes sobre impressão, indústria gráfica e jornais.
https://goo.gl/3qjGSA
Leitura
Cadernos de Tipografia
Caderno sobre a história dos processos gráficos.
https://goo.gl/TPWRJ9
A notícia e o diagrama: entrevista inédita com Amilcar de Castro
Entrevista com o artista Amilcar de Castro sobre a Reforma Gráfica do Jornal do Brasil
– Revista na base Scielo.
https://goo.gl/3e84iT
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Acervo do Jornal Última Hora.
https://goo.gl/LSpKms
Diário Carioca
Sobre o Jornal Diário Carioca - Biblioteca Nacional Digital.
https://goo.gl/byyrs1
Diario Carioca (RJ) - 1928 a 1929
Todo o acervo do Jornal Diário Carioca.
https://goo.gl/bDVXjm
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Referências
CANTERO, F. Dicionário técnico da indústria gráfica – Inglês/Português. São
Paulo: Penhense Ltda., 1992. 362p.
Sites visitados
História da Tipografia. Disponível em <http://tipografos.net/cadernos/cader-
nos-2.pdf>. Acessado em: 20/06/2018.
Revista Eletrônica Novos Estudos Cebrap, no 78, julho de 2007. Disponível em:
<http://ref.scielo.org/37jdqy>. Acessado em: junho de 2018.
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