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Planejamento

Visual e Gráfico
Material Teórico
Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Antonio Lucio Rodrigues Assiz

Revisão Textual:
Prof.ª Me. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Linguagem Jornalística
e Planejamento Visual

• Artes Gráficas e sua Evolução: dos Processos


Artesanais aos Digitais;
• Notícias para Ver;
• Planejamento Visual Gráfico nos Jornais Brasileiros
– 4 Momentos;
• Análise Morfológica de Jornais.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Compreender a evolução das artes gráficas no jornalismo e a importância da
adequação do projeto visual gráfico ao conteúdo e ao público;
• Conhecer os principais momentos da produção gráfica no jornalismo no Brasil;
• Desenvolver a criatividade e a visão jornalística no layout da página impressa.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

Artes Gráficas e sua Evolução:


dos Processos Artesanais aos Digitais
É muito bom pegar um jornal bonito, organizado, que apresente uma leveza no
seu layout, não acha? Talvez você não tenha imaginado que para fazer um bom jor-
nal seja preciso entender de artes gráficas. Mas precisa! Fazer um bom jornal prevê
o domínio do jornalismo, da linguagem e do suporte, saber distribuir na página título,
texto, foto entre outros elementos para que tudo fique compreensível e fácil de ler.

Todo o conhecimento desta unidade lhe ajudará a entender a relação entre conte-
údo e forma, um aprendizado necessário para produzir jornais e muitos outros pro-
dutos informativos impressos ou eletrônicos que tenham uma tela de visualização. Na
TV, monitor de computador, tela de celular, em qualquer desses dispositivos há um
conceito de um layout, um desenho com as informações disponíveis, seja o design
do site, de uma vinheta, caracteres, gráficos, ou qualquer outro elemento visual.

Para compreender melhor o uso atual das técnicas de desenhar os espaços


visuais de um jornal impresso, vamos propor um rápido percurso evolutivo rela-
cionando alguns momentos tecnológicos ao jornalismo. Dessa forma, você poderá
entender melhor que o “fazer jornal” está diretamente dependente das transforma-
ções tecnológicas.

O jornalismo – como o conhecemos, ou seja, como um serviço de divulgar os


acontecimentos do cotidiano, uma atividade realizada por profissionais (jornalis-
tas) – é uma função recente, ainda mais se comparado à história das artes gráfi-
cas. Segundo Lage (2001) e Marcondes (2002), podemos marcar o surgimento da
profissão, com um papel bem definido de “cão de guarda” da sociedade, após a
Revolução Francesa (final do século XVIII), mas ambos registram que bem antes, no
início do século XVII, já começam surgir os primeiros periódicos na Europa. Para
Marcondes, o período de quase 200 anos (início do século XVII – final do XVIII) é
considerado a pré-história do jornalismo.

Para entender melhor a evolução das artes gráficas, ainda é preciso citar Johnanes
Guttenberg, o chamado “pai da imprensa”, o alemão que inventou a prensa de tipos
móveis, mecanizando a produção de impressos e produzindo o primeiro exemplar
da Bíblia em 1439. Para muitos, a invenção de Guttenberg foi a mais importante do
segundo milênio, pois, além de colocar as bases para a Revolução Industrial, permitiu
a divulgação do conhecimento em larga escala, beneficiando toda a humanidade.

Como se vê, muitas inovações ocorreram nos processos de impressão de símbo-


los em superfícies que pudessem ser interpretados no futuro. Em relação aos tipos
móveis – símbolos entalhados em madeira –, também há registros de que na China,
no ano de 1040, houve experiências com o uso desse recurso de “carimbar” os
ideogramas em superfícies. Se quisermos olhar ainda mais para trás, uns 30 mil
anos, podemos visitar as pinturas rupestres, um registro de que nossos ancestrais
criavam símbolos como representações do cotidiano.

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Como o nosso objetivo é entender as transformações no jornalismo, vamos nos
ater aos avanços e impactos nessa atividade após o século XVII, quando surgem
os primeiros jornais, ainda no período que decidimos chamar de Pré-história do
Jornalismo. Segundo Marcondes (2002), nessa etapa do jornalismo (séculos XVII –
XVIII), tudo era muito artesanal, produzido por um único profissional e a estrutura do
jornal ainda era muito semelhante à estrutura do livro. O conteúdo dos jornais eram
avisos de desastres, mortes, seres deformados, coisas espetaculares para a época.
Após as transformações vividas na Europa, principalmente a Revolução France-
sa, surge o primeiro jornalismo (final do século XVIII até metade do século XIX),
apoiado em uma prática ainda artesanal, mas com uma função mais clara em que
a razão e reflexão são mais presentes. O jornal ainda era produzido com os tipos
móveis montados manualmente na estrutura metálica que imprimiria (carimbava)
as páginas. As tiragens ainda eram pequenas, mas estavam crescendo e a organi-
zação do jornal já era composta por profissionais com funções distintas.

A chegada da linotipo (1884) marca uma grande transformação tecnológica


com muitos impactos na sociedade e no jornalismo. A montagem manual dos tipos
passa a ser realizada mecanicamente por uma máquina e milhares de profissionais
são dispensados da atividade, o que gera grandes conflitos sociais. Mas o jornalis-
mo se beneficia dessa nova tecnologia com mais agilidade na produção de jornais,
e inaugura a partir daí o Segundo Jornalismo (final do século XIX e início do sé-
culo XX), com explosão de tiragens, crescimento da redação e fundamentação de
conceitos técnicos e teóricos como a neutralidade e o “furo” de reportagem. É o
período definido por Marcondes como Época da Imprensa de Massa.

As linotipos vão “povoar” os jornais do mundo inteiro até por volta dos anos
1980, mas, naquela época, outra transformação estava em curso desde o início
do século XX e vai impactar muito o jornalismo: a fotografia. A técnica de “es-
crever com a luz” (foto + grafia) mudou a forma de fazer jornalismo, inserindo a
fotografia, a representação icônica na narrativa das notícias. Nas artes gráficas,
ou seja, a produção industrial do jornal impresso, esse impacto também inaugu-
rou novos processos com a fotocomposição, abandonando a principal herança de
Guttemberg, a prensa de tipos móveis.

De acordo com Marcondes (2002), o século XX marca o início do Terceiro Jor-


nalismo, com forte influência da imagem da fotografia, do cinema, da publicidade
e relações públicas.

A chegada dos computadores no processo de produção do jornal marca novas


transformações (na verdade, revoluções) no jornalismo. Com processos informatizados
na redação e produção gráfica, os jornais impressos adotam o uso de cores e a fotogra-
fia em todas as páginas. Tratamento de fotos, uso de cor e intervenções artísticas no
layout passam a ser realizadas no computador com profissionais da redação do jornal,
agilizando o tempo de fechamento do jornal e impressão. Iniciado por volta de 1970
(MARCONDES, 2002), o Quarto Jornalismo tem como referência a velocidade pro-
vocada inicialmente pela informatização da redação, seguida pela comunicação em
rede, possibilitando captação, apuração, redação e publicação de conteúdos com muita

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UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

agilidade. Também ocorre o barateamento da produção e a aproximação do produtor


(repórter) com o leitor, agora também produtor de conteúdo.

As tecnologias de impressão de jornais também evoluíram na virada do milênio e a


impressão digital é uma realidade possível. Embora grandes empresas jornalísticas ainda
utilizem a impressão chamada Offset, analógica, principalmente devido às suas grandes
tiragens e quantidade de páginas, sistemas de impressão digital em grandes formatos
já estão disponíveis e com custos em queda, o que permitirá, em um breve intervalo
de tempo, a impressão do exemplar personalizado do jornal do dia. Isso quer dizer que
será possível ter um jornal com conteúdos específicos para cada perfil de leitor.

Notícias para Ver


É bastante comum ouvir que estamos vivendo a “Era da Imagem”, pois a ima-
gem tem conquistado uma atenção do público cada vez maior na atualidade, se-
guramente por causa da presença dos meios de comunicação de massa. Isso quer
dizer que, atualmente, a apresentação visual dos produtos jornalísticos é um forte
critério de escolha de consumo do público. Mas é verdade que, há muito tempo,
já se percebeu que a forma de apresentação dos conteúdos na página do jornal é
decisiva. Ter as notícias bem organizadas na página é importante para facilitar a
leitura e compreensão e também para seduzir o leitor, que, lá no passado, já esco-
lhia na banca, o jornal mais atraente para ler.

O sucesso editorial de um jornal depende de conteúdo, notícias, análises, in-


formações presentes na edição e forma como estão apresentados para chamar a
atenção, destacar aquilo que precisa ser lido primeiro do que o restante que pode
ser observado em seguida, ou eventualmente deixado de lado. Técnicas de hierar-
quizar as notícias são fundamentais para o jornal, assim como manter harmonia
estética em cada elemento informativo, seja uma foto, um título, legenda, linha
fina, selo, chapéu, fio-data, ou qualquer outro elemento da página.

A hierarquização do conteúdo orienta o leitor a compreender aquilo que para o edi-


tor do jornal (e para o leitor) é o mais relevante. Para o jornalismo, matérias que estão
no topo das páginas são as mais importantes, e normalmente têm mais textos do que
as outras distribuídas na página, têm fotos maiores e título também ocupando maior
quantidade de colunas. Isso é hierarquizar, é distribuir na página as notícias respeitando
uma referência de valor que aparecerá no tamanho da notícia e foto/gráfico.

Ao desenhar uma página de jornal, o diagramador coloca os conteúdos nas áre-


as necessárias e os organiza para que eles não se misturem, sempre respeitando
a hierarquia entre eles. O bom desenho de página mantém blocos de informações
mais ou menos separados uns dos outros, por exemplo, uma notícia tem um texto
com seu título, sua linha-fina, sua foto (às vezes não tem foto). Esse conjunto forma
uma unidade informativa (a notícia) e por isso os seus elementos estão bem próxi-
mos. A outra notícia da página forma um outro bloco e os elementos estão próxi-
mos entre si e um pouco mais longe da notícia anterior. Essa é uma regra básica

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do design, segundo Willians (1995), a proximidade, ou seja, aproximar o que tem
interdependência e distanciar o que é outra informação. Imagine como é impor-
tante essa regra para que o leitor não confunda o título de uma notícia com outra
próxima, ou da página ao lado. Lembre-se de que sempre é mais seguro formar
blocos com o título por cima “protegendo” todos os outros conteúdos da notícia.

Se o jornalismo é a arte de explicar os acontecimentos, é preciso ter um bom desenho das


Explor

notícias para que se cumpra com brilhantismo essa tarefa, não acha?

O planejamento visual gráfico tem a função de criar o desenho do jornal, orien-


tando a distribuição dos conteúdos – notícias, análises, prestação de serviços – para
construir um jornal bonito, sedutor (atraente) e fácil de ler e compreender as infor-
mações. É uma disciplina que exige muita criatividade, ousadia e clareza do papel
do jornalismo e mostra como é possível somar na tarefa de bem informar o leitor.

O profissional responsável pelo planejamento visual gráfico do jornal –diagra-


mador, artista gráfico, produtor gráfico ou designer – cria padrões, referências
estéticas, testa possibilidades e desenha um projeto gráfico com as regras esta-
belecidas por ele e aprovadas pelos responsáveis pelo jornal. A partir daí, o dia-
gramador desenha cada edição de acordo com as notícias do dia, mas mantendo
regras permanentes como largura de coluna, tipo de letra, tamanho de títulos para
os destaques etc. Dessa forma, o jornal apresenta uma solução gráfica para cada
edição com as notícias do dia, sem perder a identidade visual tão necessária para
ser reconhecido pelo leitor.

Na era de “notícias para ver” é fundamental ter jornais que apresentem belos
desenhos em suas páginas formados por fotografias, blocos de textos, gráficos e
áreas em branco, como se o jornal fosse um belo quadro produzido por um talen-
toso ou uma talentosa artista. Nesse caso, você.

Planejamento Visual Gráfico nos


Jornais Brasileiros – 4 Momentos
Os primeiros jornais eram produzidos artesanalmente, o que significava um pro-
cesso demorado e com poucos recursos tecnológicos. A grande novidade era ter
a matriz sólida montada com os tipos móveis de Gutttenberg. A montagem das
linhas de textos contendo as mensagens e notícias era uma operação básica muito
limitada. Mesmo assim, é possível identificar um senso estético muito desenvolvido
aplicado nas páginas do jornal daquela época, o que quer dizer que, quando nascia
o jornal periódico, já existia um domínio de princípios de design. Diante disso,
podemos deduzir que o avanço tecnológico era o resultado também de buscas de
profissionais da época.

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UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

Explor
Páginas jornal Nieuwe Tijdinghen, em 1605. Disponível em: https://goo.gl/5y1Ljo

Ainda sem títulos destacados e fotos,


mas com textos que seguiam um alinha-
mento por toda a área da página, os pri-
meiros jornais demonstravam o conceito
do design presente nos elementos como
nome da publicação (logotipo), enfeites
e adornos, arejamento e divisão equâni-
me de colunas, quase sempre separadas
por um fio. Essas referências são identi-
ficadas entre os primeiros jornais, ainda
no século XVII, como o pioneiro Nieuwe
Tijdinghen, em 1605 (Antuérpia-Bélgi-
ca), o jornal francês (Gazette de France –
exemplar de 26/12/1786), entre outros.

Em um extenso resumo histórico-cro-


nológico da imprensa no mundo, o jorna-
lista e escritor Francisco Canteiro (1992)
relaciona os primeiros jornais impressos:
• 1605: Aparece na Bélgica o pri- Figura 1
meiro jornal com o título de Nieuwe Fonte: Wikimedia Commons
Tyjdinghen, de circulação semanal;
• 1620: É construído o prelo holandês, por Wilhelm Janzson Blaew, que apre-
sentou muitas inovações em relação àquele encomendado por Guttenberg ao
torneiro Conrado Spaach, calcado nas prensas utilizadas na época para espre-
mer uvas. [...];
• 1622: Surgem os primeiros anúncios em publicações periódicas inglesas, nos
Corantos, editados por Thomas Archer, o qual, quatro anos depois, publicou
também o Mercurius Brittanicus;
• 1631: Aparece o primeiro jornal periódico da França chamado Gazette de
France, editado por Theophraste Reanudot, considerado o criador da impren-
sa desse país. [...];
• 1642: D. João IV proíbe a publicação das chamadas gazetas gerais, em Por-
tugal, sob a alegação de noticiarem fatos nem sempre verdadeiros;
• 1643: Surge o primeiro jornal sueco denominado Gazeta Ordinária do Correio;
• 1644: Publica-se a Aeropagitica, de Milton, considerada a primeira defesa
transcendente sobre a liberdade de Imprensa. [...];
• 1663: Também na Dinamarca surge o jornal denominado Gazeta Sema-
nal Europeia. [...];

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• 1702: Aparece o primeiro jornal diário inglês, o Daily Courant;
• 1703: Surge o primeiro jornal da Rússia, autorizado por Pedro “O Grande”,
denominado Gazeta de Moscou. [...];
• 1725: William Bradford publica o primeiro jornal de Nova Iorque, o New
York Gazette. [...]
• 1808: Publica-se em Londres o [hoje considerado o primeiro] jornal brasileiro
Correio Braziliense (ou “armazém literário”), dirigido por Hipólito José da
Costa Pereira Furtado de Mendonça. Em 10 de setembro de 1808 publica-se
a Gazeta do Rio de Janeiro, órgão de caráter oficial. [...] (CANTERO, 1992,
p. 331.).

Figura 2
Fonte: geledes.org.br
Explor

Jornal Gazeta do Rio de Janeiro, em 1808. Disponível em: https://bit.ly/3LvpLqc

Mesmo com pouquíssimos recursos gráficos disponíveis, os jornais apresenta-


vam uma estética bastante atraente, o que revela muita dedicação e talento dos
profissionais – os tipógrafos – no domínio das artes gráficas e do design. O tipos
móveis realmente permitiram um grande avanço na produção dos impressos, foi
a condição determinante para o surgimento dos jornais, mas ainda representavam
um processo artesanal e bastante lento de composição dos textos na página.

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UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

As páginas dos jornais eram impressas a partir de uma matriz sólida (grande ca-
rimbo) com os tipos em alto-relevo que era construída pelos trabalhadores que atua-
vam nas tipografias e vendiam sua mão de obra para compor textos e páginas. Esses
operários eram chamados de “caixistas” porque tinham a habilidade de selecionar
os tipos das caixas e colocá-los no dispositivo formando as linhas compostas. Com
o surgimento de novos jornais e o crescimento do setor, nascia a grande categoria
profissional dos gráficos, abrangendo os caixistas, seus auxiliares e os tipógrafos.
As tecnologias gráficas continuaram em processo de aprimoramento duran-
te mais de um século, quando, em meados do século XIX, surgem os primeiros
sistemas de impressão por cilindros, chamados posteriormente de Offset, o que
leva a uma melhora da qualidade gráfica do impresso. A partir de então, a matriz
não “carimbava” a página em branco, mas um cilindro de borracha que, por sua
vez, “carimbava” o papel. Mas a grande transformação surge no final do século
XIX, por volta de 1884, quando o alemão radicado nos Estados Unidos Ottmar
Mergenthaler apresentou ao mundo a máquina de composição Linotype – aquela
que Thomas Edison considerou ser a “oitava maravilha do mundo”. A máquina
mecanizava todo o sistema de seleção dos tipos móveis e criação das linhas e textos
compostos. O processo que era desenvolvido por horas de trabalho manual passa-
va a ser realizado pela máquina, o que provocou um grande conflito social com o
desaparecimento de uma função até então crucial para a produção de jornais e o
desemprego em massa dos “compositores caixistas”, que precisaram se requalificar
para atuar como “compositores linotipistas”, em menor quantidade, já que cada
linotipo suprimia a atuação de 2 caixistas.

Assista ao filme From hot metal to cold type – Da composição a quente à fotocomposi-
Explor

ção a frio (filme em inglês). https://goo.gl/8dZUiY

O grande impacto vivido nas artes gráficas com a mecanização da composição


(linotipo) vai encontrar semelhança em dois outros momentos de inovação tecno-
lógica, a chegada dos computadores (sistemas de processamento eletrônico 1970
a 1990) e a informatização (pós 1990).

O final do século XIX e o início do XX marcam o grande crescimento de impren-


sa, com processos mecanizados, impressoras rotativas com elevada capacidade
de impressão, a industrialização em ritmo acelerado e consequente urbanização
das sociedades. O jornalismo entrava na fase da “imprensa de massa” com as
“tiragens-monstro” dos jornais.

A produção de jornais avançava e estratégias de conquistar públicos impulsiona-


vam a busca por melhorar a qualidade de impressão e design. O processo de im-
pressão criado por Guttenberg já tinha sido aperfeiçoado, mas ainda deixava muito
a desejar na qualidade final. O alinhamento dos caracteres, a quantidade de tinta
no papel e as dificuldades para a variação e uso de outros recursos representavam
uma barreira para um melhor jornal. Veja, na ilustração a seguir, uma ampliação

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de um texto do jornal Correio Braziliense, impresso com tipos móveis, em 1817,
e observe as imperfeições:

Figura 3
Fonte: Wikimedia Commons

O jornalismo se beneficiou da agilidade conquistada com linotipos, o que per-


mitiu a redução do tempo entre o fechamento da notícia, a impressão e a leitura
do jornal. Com mais velocidade no processo, os jornais conseguiram aumentar a
quantidade de páginas e conteúdo, o que significou mais profissionais (jornalistas)
atuando e maior presença no cotidiano das pessoas. Nas ilustrações abaixo, você
poderá observar que os jornais estão em franca expansão, mas perceberá também
a necessidade de melhorar as tecnologias e o layout dos jornais. Veja a primeira
edição do jornal A Província de São Paulo, de 4 de janeiro de 1875 (alguns anos
mais tarde, 1890, passará a O Estado de S. Paulo).
Note que a massa de texto é extremamente pesada para os dias de hoje, mas
representava um layout moderno para a época. Mesmo assim, havia o tratamento
mais destacado no logotipo e em algumas áreas específicas da página. Na página
de anúncios publicitários (Figura 5, na edição do mesmo dia, página 4), havia um
maior cuidado com o design do conteúdo.

Figura 4 – Primeira edição do jornal A Província de São Paulo Figura 5 – Página de anúncios publicitários
Fonte: Acervo Estadão Fonte: Acervo Estadão

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Ainda longe do ideal, o layout acima já apresenta o uso de tipos diferenciados,


molduras e outros recursos para tornar a página e seu conteúdo mais atraente.
Veja outros dois exemplos do Jornal Gazeta de Notícias, de 1888.

Figura 6 – Edições do Gazeta de Notícias


Fonte: unifal-mg.edu.br

Com muitas notícias diariamente, os jornais não conseguiam produzir layouts


sofisticados e recorriam para as notícias sequenciais em colunas (esquerda). Ape-
nas em edições especiais (direita), havia um maior cuidado com os destaques. Isso
demonstra que os profissionais tinham domínio das técnicas de planejamento visual
gráfico e design como alinhamento, contraste visual, hierarquia, entre outras, mas
havia uma grande dificuldade de aplicá-las no cotidiano.

Os jornais brasileiros seguiram durante a primeira metade do século XX por


um estilo conservador, muito carregado de textos, linhas (fios) separando colunas,
com pouca exploração do design, até a década de 1950, quando os jornais Diário
Carioca, Última Hora e Jornal do Brasil mudam radicalmente a história e realizam
uma verdadeira revolução em termos de design e conteúdo dos jornais. Os motivos
que levaram os três jornais citados a conquistarem o protagonismo de um novo
planejamento visual foram diversos, mas não podemos desprezar a chegada da
televisão como um fator que os obrigou a pensar uma comunicação que valorizasse
mais a imagem.

Cronologicamente, a primeira novidade veio em maio de 1950, quando o Diário


Carioca (DC) faz uma profunda renovação editorial muito importante para o jornalis-
mo. Sob o comando de Dantom Jobim, o DC foi o pioneiro a introduzir no Brasil as
técnicas de lead e sublead, acabou com as longas aberturas de texto totalmente des-
necessárias, adotou regras de redação mais populares e menos eruditas, propondo,

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por exemplo, escrever “fulano mora na rua x”, em vez de “mora à rua x”, entre
outras mudanças.

No ano seguinte, em 12 de junho de 1951, começa a circular o famoso Última


Hora (UH) do jornalista Samuel Wainer. O UH nascia com um design moderno,
assinado pelo artista gráfico argentino Andrés Guevara, com títulos e manchetes
bem destacados, fotos e uso sofisticado das técnicas de contraste visual, arejamen-
to, entre outras. Era uma publicação nova, alinhada ao governo de Getúlio Vargas
e que, no auge, chegaria a publicar mais de 300 mil exemplares diários. No dia em
que Getúlio suicidou-se, o jornal tirou 700 mil exemplares.

Figura 7 – Diário Carioca, 30 de maio de 1950 Figura 8 – Jornal Última Hora – 24 de agosto de 1954
Fonte: Acervo Estadão Fonte: Acervo Estadão

Se o Diário Carioca era um jornal regional, ainda que a sede do governo estives-
se no Rio de Janeiro, ele não tinha pretensões de circular em todo o território na-
cional, o Última Hora estava nascendo e, portanto, ainda não era tão influente no
cenário nacional. Nesse sentido, as inovações apresentadas por esses jornais tive-
ram um grande impacto no jornalismo, mas a maior revolução seria sentida quando
o tradicional Jornal do Brasil resolveu fazer a sua reforma gráfica e editorial.

A reforma visual-gráfica do prestigiado Jornal do Brasil, realizada no final da


década de 1950, prolongou-se por cerca de quatro anos e serviu de diretriz para
muitos outros veículos brasileiros. O novo projeto visual-gráfico foi idealizado pelo
artista plástico Amílcar de Castro, que desenhou um jornal mais organizado, areja-
do e fácil de ler. Na época, o JB ainda sofria de um certo caos na distribuição dos
conteúdos com publicidade confundindo-se com jornalismo, excesso de elementos
visuais entre outros problemas. A reforma coloca o JB como pioneiro em planejar

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a edição antecipadamente, inclusive em seu aspecto visual. Reduziu o espaço da


publicidade (principalmente na capa) e organizou o conteúdo noticioso em blocos.
Padronizou títulos e textos com uma única família de fontes, a Bodoni, retirou os
fios entre as colunas, dando mais arejamento ao conteúdo e abriu espaço para
fotos. Castro introduziu o diagrama para servir de base aos layouts das páginas,
assim, desenhando antecipadamente, já se sabia a quantidade necessária de tex-
tos para cada página. Em entrevista aos pesquisadores Daniel Trench e André
Stolarski, publicada na revista eletrônica Novos Estudos do CEBRAP, o artista
Amílcar de Castro explica a trajetória vivida no período de reformulação gráfica do
JB. Segundo Trench e Stolarski (2007):
A reforma também se empenha em simplificar formalmente as informa-
ções visuais do jornal. Os fios verticais, elementos fundamentais para a di-
visão de colunas no antigo JB, são dispensados. No novo diagrama, com
um espaço maior entre as colunas, a divisão é dada pelo espaço branco,
livre de impressão. O recurso é ainda fundamental para outra questão-
-chave da reforma: a redução na densidade da mancha gráfica. “Tudo
que não era essencial à leitura, tirava pra clarear um pouco o jornal, pra
dar mais força à matéria escrita”, diz Amilcar. (TRENCH e STOLARSKI,
2007, online)

Figura 9 – Jornal Última Hora – 24 de agosto de 1954

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O próximo salto tecnológico ocorreu após duas décadas, com o advento da
fotografia e o uso de recursos de “escrever com a luz” – a “fotocomposição” –
tecnologia que chegou ao mercado no final dos anos 1970 e início de 1980.
A composição que era realizada com os tipos metálicos, na linotipo, também era
chamada de composição “a quente” porque, após selecionar os tipos metálicos
que compunham a linha, uma quantidade de metal aquecido em estado líquido
era derramada sobre os tipos resfriando e solidificando-se rapidamente, criando
uma união das letras (tipos) que formavam a linha de texto composto. Para rea-
lizar o processo, a linotipo mantinha uma pequena caldeira com metal aquecido
em estado líquido e isso tornava o ambiente de trabalho quente e bastante insalu-
bre, já que gases eram emitidos no aquecimento dos metais. Como contraponto,
a fotocomposição (tecnologia que estava chegando) foi chamada de composição
“a frio”.

A fotocomposição foi possível quando se desenvolveu o papel fotossensível, ou


“papel fotográfico”, tintas e emulsões sensíveis à luz que funcionavam como cama-
das fixadas em acetatos, ou chapas de metal que podiam ser removidas somente
após exposição à luz. O texto passou a ser composto em um equipamento compu-
tadorizado (figura abaixo) que emite um feixe de luz que passa por uma chapa com
o desenho da letra perfurado, sensibilizando o papel fotográfico de acordo com
o molde (letra). Após passar pela fotocompositora, o texto adquiria o formato da
fonte (tipo) e largura da coluna escolhida pelo operador.

Figura 10

É claro que a fotocomposição e outras tecnologias baseadas na fotografia ajuda-


ram muito na produção dos jornais. A partir daí, o uso de fotografias foi popula-
rizado e também o uso das cores e os jornais passaram a ser bem mais atraentes.
Veja as capas a seguir:

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Figura 11 – O Estado de S.Paulo, de 9 de março de 1986, e Jornal da Tarde,


de 7 de abril de 1976. Ambos jornais do mesmo grupo

Como se vê, a qualidade dos jornais melhorou muito com o uso da fotocom-
posição. Os processos de impressão também foram modernizados com o uso de
matrizes flexíveis – uma evolução nos sistemas de impressão indireta por cilindros
chamada de Offset.

Com o uso da fotografia, foi possível dominar a projeção de imagens em preto e


branco e coloridas e a consequente separação de cor em cores básicas. Estava de-
senvolvida a tecnologia de impressão em quatro cores (na verdade 3 cores básicas,
pigmentos: ciano, magenta e amarelo – mais o preto como auxiliar, pois, a rigor,
o preto é não cor). Veja a figura abaixo em que uma foto colorida passa por filtros
de cor e tem a separação em 3 cores básicas mais o preto. A partir da separação
de cores, a impressora na gráfica recompõe a imagem colorida (foto), imprimindo
as cores básicas que criarão o efeito visual de uma fotografia colorida. Para o leitor,
a página do jornal com a foto impressa colorida fica em boa qualidade (Figura 11),
mas se o leitor aproximar uma lupa (lente) da foto impressa perceberá os pontos
de cada cor básica impressos no papel.

Os anos 1980 marcam oficialmente a chegada das cores aos jornais diários.
Se você pesquisar, verá que bem antes alguns jornais usaram cor em suas páginas,
mas era um uso esporádico e como cor especial, ou seja, o uso de uma tinta espe-
cífica no tom desejado e não a partir da decomposição da cor e a recomposição
na impressora a partir de 3 cores básicas mais o preto. No início, os jornais se

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entusiasmaram com a nova tecnologia e houve um certo exagero, caracterizando
um período chamado por estudiosos de “edições araras”. Com o tempo, houve
um uso mais cuidadoso das cores e diversos jornais como, por exemplo, a Folha
de S.Paulo, que reduziu por várias vezes sua paleta de cores com o argumento de
que, ao usar menos oferta de cores, o jornal ficaria com uma aparência de mais
colorido. Pode parecer estranho, mas faz todo o sentido usar menos cores e ape-
nas em alguns elementos do jornal, pois isso impacta mais o leitor. Além disso, o
uso específico de determinada cor atribui um sentido de cor sinalizadora, ou seja,
visto que o jornal sempre utiliza a cor azul em contorno de um texto opinativo, o
leitor entenderá que onde aparecer o contorno azul trata-se de uma opinião sobre
o assunto tratado.

Figura 11

Antes que o século XX terminasse, uma nova revolução impactou a produção


dos jornais. A chegada dos computadores nas redações ocorreu junto com a oferta
de softwares de DTP (Desktop Publishing), editoração eletrônica, e isso provocou
grandes mudanças entre os profissionais empenhados no desenho dos jornais.
Antes desse momento, existia o profissional que desenhava o layout e o que rea-
lizava a composição de acordo com o solicitado. Havia uma certa separação entre
profissionais da redação (jornalistas, diagramadores etc.) e os da indústria gráfica.
Com a editoração eletrônica, o jornalista acompanha o diagramador que monta a
página na própria redação e tem uma visão imediata no monitor do computador.
Isso facilita o fechamento da edição, dimensionamento de fotos, quantidade de tex-
tos e todos os elementos que estarão na página do jornal. Após aprovado o layout,
o diagramador, ou o próprio jornalista, executa no computador as rotinas para ex-
portar o arquivo para a indústria gráfica. Isso exigiu um novo perfil de profissionais

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UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

de planejamento visual gráfico e permitiu o uso de recursos mais criativos para as


páginas dos jornais. Veja alguns layouts de capas mais atuais:

Figura 12

As inovações tecnológicas não param e certamente, quando você acessar este


material, outras novidades estarão disponíveis no universo da produção do jornal
impresso. Há ainda uma nova tecnologia já em uso e que, em breve, deverá ser a
principal modalidade de impressão de jornais, que é a impressão totalmente digital.
Já existem no mercado, em gráficas de alta tecnologia, impressoras de grandes for-
matos (o que permite imprimir jornais standard) que não usam as matrizes (chapas)
para cada uma das cores básicas. O arquivo é enviado digitalmente à impressora e
a folha é impressa em poucos segundos. Algumas dessas impressoras podem até
trabalhar com papel em bobina, como as conhecidas rotativas. Atualmente, essas
impressoras digitais são utilizadas para impressões personalizadas, podendo ser
cada exemplar diferente em partes, ou no todo. Porém, para grandes tiragens do
mesmo original, ainda perdem em custo para as tradicionais impressoras rotativas.
No entanto, seguindo a tendência atual, em breve terão custos até mais baratos do
que a impressão tradicional, e aí elas vão “reinar” no mercado.

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Análise Morfológica de Jornais
Em primeiro lugar, é preciso esclarecer o que é e qual é a importância desse tipo
de análise. Veja, os meios de comunicação de massa, jornais impressos, rádio, TV,
cinema foram surgindo e despertaram preocupações de estudar seus efeitos – os
processos de produção de informação, os veículos e o impacto de sua comunicação
no público – de forma mais ampla e com critérios aceitos pela comunidade cien-
tífica. Dessa forma, a análise morfológica dos jornais diz respeito a um estudo da
forma como as notícias estão desenhadas no jornal e por isso será útil para a
reflexão de Planejamento Visual Gráfico em Jornalismo.

Esses estudos começaram a ser desenvolvidos assim que os cursos de Comuni-


cação e Jornalismo foram se estabelecendo no país, por volta da metade do século
XX. Um dos maiores pesquisadores da área foi o professor José Marques de Melo
(1972), que, em seus estudos de Jornalismo Comparado, formulou os métodos e
critérios que vamos utilizar a seguir.

O recurso de pesquisar a forma dos


jornais é sempre útil para ter uma com-
preensão objetiva sobre o desenho de
um jornal e sair da opinião subjetiva de
afirmar que o jornal é bonito ou feio,
referência que podem variar de acordo
com o observador. Ao analisar o dese-
nho da capa de um determinado jor-
nal, vamos descobrir quanto de texto
está ocupando a área (capa), quanto
de fotos, títulos e outros elementos
que compõem a página.

Vamos analisar um único dia de um


jornal, mas o ideal é levantar os dados
de, no mínimo, uma semana de jornal
para ter uma média de ocupação dos
espaços. Outro método muito rico é
levantar os mesmos índices em dois
jornais distintos e, assim, comparar
os dados, o que caracteriza o méto-
do de análise comparada, muito útil
e respeitado entre os pesquisadores.

Antes de iniciar a análise, observe a


capa do jornal Folha de S.Paulo, do dia Figura 13

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25 de julho de 2016 (abaixo), e faça uma avaliação pessoal. O que você acha dos es-
paços ocupados com textos, título, fotos, logotipo e publicidade?

Vamos ver o que descobrimos com um levantamento de dados e posterior análise


morfológica. Acompanhe o método para levantamento dos dados:

A primeira coisa a fazer é definir o objetivo do uso do método, no caso: O nos-


so objetivo é descobrir qual o espaço na capa do jornal acima está dedicado, em
comparação percentual, para textos, títulos, fotos, logotipo e publicidade.

Se nosso interesse é avaliar a distribuição dos elementos no espaço, precisamos


saber qual a área ocupada pelos elementos. Para descobrir esta resposta, devemos
fazer o seguinte:
1. Calcular a área total da capa do jornal. Não utilizaremos a referência lar-
gura x altura para este cálculo e sim altura x colunas. O resultado será
sempre dado em centímetros por coluna. Foi assim que se convencionou
trabalhar a área ocupada do jornal, seja para o jornalismo, ou para a pu-
blicidade. Deve-se medir a altura da coluna em toda a área impressa e mul-
tiplicar pela quantidade de colunas, no caso, 6 colunas x 52 cm de altura.
A área disponível é 52 cm x 6 colunas, ou seja, 312 cm/col (centímetros
por coluna).

Figura 14

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2. Agora é necessário medir cada tipo de elemento separadamente. Primeiro,
os textos (cm/col), seguido por título, fotos, logotipo e publicidade. Vamos lá:

Figura 15 – Textos = 48 cm/col | Títulos = 67 cm/col

Figura 16 – Foto = 78 cm/col | Logotipo = 67 cm/col

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UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

Figura 17 – Publicidade = 78 cm/col

Figura 18

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Com os dados objetivos do levantamento, é possível fazer algumas considerações:
• Em primeiro lugar, há uma distribuição dos elementos mais ou menos equilibra-
da, ou seja, cada elemento ocupa de 11% a 25% de área disponível da página;
• Os textos, que costumam pesar mais no desenho por ter letras menores (corpo
menor), ocupam apenas 15%;
• As fotos dominam 25% do espaço, ou seja, ¼ da área disponível;
• As áreas em branco, sem nenhum elemento impresso, são importantes para
arejar a página, e representam 11% da área.

Com essa simples análise, podemos concluir que essa edição tem uma distri-
buição equilibrada dos elementos, coerente com a importância que as imagens
têm na atualidade (1/4 do espaço), e tem um arejamento necessário para a capa
não ficar muito “pesada”. Embora utilize adequadamente os elementos, podemos
considerar um estilo conservador de desenho, com várias chamadas de assuntos
internos. Para desenvolver um layout mais ousado será necessário aumentar a área
em branco, reduzir textos e títulos (quantidade de destaques na capa) e aumentar a
escala (tamanho) das fotos.

Assim, encerramos esta unidade deixando um convite para que você desenvol-
va análises de jornais regionais e experimente pensar em outras possibilidades de
desenhos dos jornais. Será um caminho muito rico e criativo para você seguir. Até
a próxima!

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UNIDADE Linguagem Jornalística e Planejamento Visual

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Documentários sobre design para você assistir no seu tempo livre
Documentários sobre design.
https://bit.ly/3mQnlIw

Filmes
From Hot Metal to Cold Type - 1965
Da composição a quente à composição a frio (fotocomposição) (em inglês).
https://goo.gl/8dZUiY
Featured films in the collection
Filmes sobre impressão, indústria gráfica e jornais.
https://goo.gl/3qjGSA

Leitura
Cadernos de Tipografia
Caderno sobre a história dos processos gráficos.
https://goo.gl/TPWRJ9
A notícia e o diagrama: entrevista inédita com Amilcar de Castro
Entrevista com o artista Amilcar de Castro sobre a Reforma Gráfica do Jornal do Brasil
– Revista na base Scielo.
https://goo.gl/3e84iT
Arquivo Público do Estado de São Paulo
Acervo do Jornal Última Hora.
https://goo.gl/LSpKms
Diário Carioca
Sobre o Jornal Diário Carioca - Biblioteca Nacional Digital.
https://goo.gl/byyrs1
Diario Carioca (RJ) - 1928 a 1929
Todo o acervo do Jornal Diário Carioca.
https://goo.gl/bDVXjm

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Referências
CANTERO, F. Dicionário técnico da indústria gráfica – Inglês/Português. São
Paulo: Penhense Ltda., 1992. 362p.

LAGE, N. A Reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio


de Janeiro: Record, 2001. 189p.

MARCONDES FILHO, C. Comunicação e jornalismo: a saga dos cães perdi-


dos. 2. ed. São Paulo: Hacker, 2002. 167 p.

MELO, J. M. Estudos de Jornalismo Comparado. São Paulo: Pioneira, 1972. 264p.

WILLIAMS, R. Design para quem não é designer: noções básicas de planeja-


mento visual. 7. ed. São Paulo: Callis, 1995. 144 p. (e-book)

Sites visitados
História da Tipografia. Disponível em <http://tipografos.net/cadernos/cader-
nos-2.pdf>. Acessado em: 20/06/2018.

Revista Eletrônica Novos Estudos Cebrap, no 78, julho de 2007. Disponível em:
<http://ref.scielo.org/37jdqy>. Acessado em: junho de 2018.

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