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Mayana de Azevedo Dantas
Mayana de Azevedo Dantas
FORTALEZA - CEARÁ
2019
MAYANA DE AZEVEDO DANTAS
FORTALEZA – CEARÁ
2019
MAYANA DE AZEVEDO DANTAS
AVALIAÇÃO
people's behavior in relation to what we understand to be better for their quality of life.
Such practices start from the authoritarian perspective of education, contributing to the
concealment of the social determination of health, which the Unified Health System -
SUS brings as one of the theoretical frameworks. In this context, the National Policy
desire of social and popular movements committed to building an equitable and less
oppressive society. In order to strengthen the SUS based on the transformation of the
daily reality of its services, the main strategy to implement this policy has been the
Primary Care as a fertile ground for such actions, focusing primarily on Community
Health Agents as potential educators. The facilitation of this process is done in pairs
health. In the state of Ceará, this process was set up in a strategy of permanent
education, also taking place after the beginning of the course in the territories. This
study proposes to analyze this process, having, as research subjects, these educators.
We also try to describe knowledge and practices, to map the set of educational
investigate the potentialities and limiting situations that pervade this formation. The
as a method, the case study. For data production, we used in-depth interviews and
participatory observation. The analysis of the data was guided by the thematic analysis
of Minayo following the steps of pre-analysis, exploration of the material and treatment
of the obtained results and interpretation. In the pre-analysis, we had the help of the
popular education, the formative process of the educators, the double conduction and
the learning with the whole body. Popular health education has proved to be a space
for dialogue between different knowledges, opposing the idea of specialization. Faced
with the challenges encountered during the formation, it was possible to materialize
boundary-acts through learning with the principles of popular education. The process
of continuity was set up as an exercise of commitment to the territories and the initial
Gostaria de agradecer aos que se fizeram presente neste percurso como mestranda.
A minha mãe Vera por ter me dado chão pra chegar até aqui não só com seu afeto e
suporte, mas pelo exemplo de compromisso com o que se propõe a fazer. Aos meus
irmãos Samuel (e sua noiva Nayara e meus sobrinhos João e Isaac), Raímia e Uirá
que sempre me motivam a ser mais. Aos meus filhos Amandy e Naara que reacendem
cotidianamente minha vontade de viver e de amar. A meus familiares que, mesmo
distantes, emanam energias de luz para que eu supere cada desafio: Rejane,
Paulinho, Renata, Edjan, Eliete, Karol, Paulinha e Paulinho Filho. À nossa grande
mestra, Francisca, minha vó, e Cipriano, nosso vô, que já se encontram no plano
espiritual. À vovó Dezinha que partiu no fim dessa jornada, por tantos ensinamentos,
afeto e boas vibrações. À minha família paterna, de onde vem minha ancestralidade
africana, com a qual por diversos motivos, inclusive este, não pude ter contato. Aos
meus irmãos da capoeira angola, Dayse, Jomar e Ítalo, e ao meu mestre, Armando
Leão. Em meio ao mestrado, somos frequentemente convidados a abandonar o corpo
e nossa ancestralidade, o que a energia da capoeira não permitiu. E àqueles que
vivenciaram a capoeira comigo em outros momentos e que contribuíram para que eu
mantivesse essa conexão: Gezim, Ruy, Dani, Denis, Ziane, Larissa, Ivete, Samara —
a quem eu citei no trabalho, Sérgio… são tantos e tantas... “Yiê e viva a capoeira,
nossa ancestralidade!” À minha orientadora, professora Rocineide, pelo bom encontro
nesta jornada, ensinando-me a produzir academicamente com desejo e sentido, como
quem faz microrrevoluções. Ao LAPRACS e aos/às que compõem a linha de pesquisa
APS em Movimento. Leilson, Gislândia, Eliziane, Alexandra, Camila, Eduardo,
professores Augusto e Lucilane... dos que contribuíram com a pesquisa mais
diretamente: Alice e Mikaelly, que me ajudaram na coleta, André que me auxiliou com
o programa Iramuteq. À UECE, uma casa que, desde a graduação, me possibilitou
diversos aprendizados, acadêmicos e de vida, na qual vivi paixões alegres e tristes,
além de tantas amizades. Ao CH da UECE para o qual retornei em uma disciplina e
em diversos debates, reencontrando pensadores e pensadoras que me ajudaram a
ressignificar a articulação entre filosofia e saúde em tempos de cerceamento do
refletir. Lembro-me especialmente de meus amigos Jair, Adilbênia, Lailson e dos/as
professores/as Gustavo Costa, Eliana Paiva, Emiliano Aquino, Ilana Amaral, Ruy
Castro... Aos/às que fazem o Ekobé, onde pude, neste momento, me afastar do lugar
de cuidadora para me cuidar. Com destaque para Matheus, Vera, Milza, Edvan,
Wagner, Mayara, Lima, Giseldo, Aparecida, Mariana, Jane… Aos/às que fazem o
PPSAC. Coordenadores/as e professores/as com quem aprendi, discordei, ri, me
impressionei... Às meninas da secretaria que amenizam tantos pesos burocráticos e
estão sempre prontas a ajudar. Aos meus companheiros e companheiras de mestrado
que navegaram comigo nesse mar de discussões e produções. Especialmente
àqueles e àquelas que me mostraram que nenhum saber supera o afeto. À
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES que me
concedeu uma bolsa de estudo por um ano para que eu pudesse efetivar a pesquisa.
Aos/às companheiros/as do Curso de Especialização em Promoção e Vigilância à
Saúde Ambiente e Trabalho da Fiocruz, que reacenderam a chama da luta popular
em meio à produção de conhecimento. Às professoras que contribuíram com esta
dissertação em nossa banca de defesa: Vanderléia Daron, Marlene Ávila e Lúcia
Conde, que não só problematizaram mas, como diriam os cenopoetas Ray Lima e
Júnio Santos, poematizaram o trabalho. Aliás, tenho que agradecer ao Ray e à Regina
que me acolheram, no final da escrita, em sua casa na praia de Barreiras (Icapuí) e
ainda contribuíram com o trabalho de diferentes formas. Então, preciso agradecer ao
mar! Essa força que se chama Yiemonjá! Odoyá! Aos/às que se fizeram presentes em
minha defesa: Gigi, Olga, Thayzinha, Claudinha, Jordana, minha mãe Vera, meu
irmão Uirá, meus filhos Amandy e Naara, em especial ao primeiro que tocou agô-gô
comigo e me presenteou com a força da ancestralidade e das aprendizagens com a
capoeira naquele momento, D. Marlene, Clarissa, aos/às educadores/as populares
que compuseram comigo esta pesquisa, Edson, Edvan e Elias, Jô. Principalmente ao
Posto Dom Aloísio Lorscheider, que abriu as suas portas para esta defesa cheia de
bons encontros e imprevistos. Ao EdPopSUS, seus educadores e educadoras,
coordenadores/as e apoiadores/as (Fá, Jadiel, Gislei, Ronaldo, Grasielle). Pessoas
que me ensinaram tanto sobre o ato de educar, acolhendo-me e imprimindo
compromisso e afeto em cada contribuição à pesquisa. Viva a Educação Popular! Viva
Paulo Freire e tantos que fizeram de seu discurso utópico e amoroso uma força motriz
para sua prática!
“Não sei se a vida é curta ou longa para
nós, mas sei que nada do que vivemos tem
sentido se não tocarmos o coração das
pessoas. Muitas vezes, basta ser: colo que
acolhe, braço que envolve, palavra que
conforta, silêncio que respeita, alegria que
contagia, lágrima que corre, olhar que
acaricia, desejo que sacia, amor que
promove. E isso não é coisa de outro
mundo, é o que dá sentido à vida. É o que
faz com que ela não seja nem curta, nem
longa demais, mas que seja intensa,
verdadeira, pura enquanto durar. Feliz
aquele que transfere o que sabe e aprende
o que ensina”.
(Cora Coralina)
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO........................................................................................... 12
1.1 APROXIMAÇÃO COM O TEMA................................................................. 12
1.2 DELIMITAÇÃO DO OBJETO...................................................................... 12
2 MARCO TEÓRICO..................................................................................... 17
2.1 OS MOVIMENTOS SOCIAIS E O SUS....................................................... 17
2.1.1 Reforma Sanitária Brasileira em tempos de ditadura............................ 17
2.1.2 Alma-Ata: um parêntesis?....................................................................... 20
2.1.3 O processo de redemocratização do país.............................................. 22
2.2 AGENTES COMUNITÁRIOS/AS DE SAÚDE: EDUCANDOS/AS-
EDUCADORES/AS DO EDPOPSUS......................................................... 24
2.3 OS MOVIMENTOS DE EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE E A
CONSTRUÇÃO DA PNEPS-SUS.............................................................. 33
2.4 FORMAÇÃO DE FORMADORES/AS: “QUEM EDUCA É EDUCADO,
QUEM É EDUCADO EDUCA” ................................................................... 36
3 OBJETIVOS............................................................................................... 39
3.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................... 39
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................... 39
4 MÉTODO.................................................................................................... 40
4.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................. 40
4.2 CENÁRIO E PERÍODO.............................................................................. 41
4.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA.............................................................. 43
4.4 CRITÉRIOS INCLUSÃO-EXCLUSÃO........................................................ 43
4.5 PRODUÇÃO DE DADOS - TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PARA
COLETA DE DADOS.................................................................................. 44
4.6 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................. 44
4.7 ANÁLISE DE DADOS................................................................................. 45
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................. 54
5.1 O CHÃO(-UNIVERSO) DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE............... 54
5.2 “UMA SEMENTE ABRINDO A TERRA PARA GERMINAR”: O
PROCESSO FORMATIVO COM OS/AS EDUCADORES/AS DO
EDPOPSUS............................................................................................... 61
5.2.1 “Quando a gente se encontra...” é um reencontro: o processo inicial
de 40h........................................................................................................ 61
5.2.2 “Mergulhar no traçado pedagógico”: dos princípios da educação
popular...................................................................................................... 64
5.2.3 “A soma é que tem valor e não o saber individualizado”: situações-
limites de uma formação em disputa...................................................... 68
5.2.4 “Quando o vento sopra e apaga as velas, tem que ajustar”: o
processo de ação-reflexão-ação............................................................. 70
5.3 “VENHA COMO QUEM VEM NAMORAR”: A CONDUÇÃO EM DUPLA E
A PRODUÇÃO DE ATOS-LIMITES............................................................ 72
5.4 ARTE, ESPIRITUALIDADE, CUIDADO E CONHECIMENTO:
APRENDIZAGENS COM O CORPO TODO............................................... 75
5.4.1 “Um espaço em que as pessoas se armam de amor”: o corredor
cenopoético do cuidado.......................................................................... 76
5.4.2 Feira do Soma-sempre: “produzir conhecimento dentro do caos”...... 82
5.4.3 O poema, o toque, a espiritualidade: “extravasam a maneira como a
gente aprende o que é aprender” ........................................................... 85
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 94
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 98
APÊNDICES.............................................................................................. 113
APÊNDICE A – QUESTÕES NORTEADORAS......................................... 114
APÊNDICE B – LADAINHA....................................................................... 115
ANEXOS.................................................................................................... 116
ANEXO A – Aprovação do Comitê.......................................................... 117
ANEXO B – Ata de defesa........................................................................ 118
ANEXO C – Fotos..................................................................................... 119
12
1 INTRODUÇÃO
1
Adotaremos, para a Política de Educação Permanente em Saúde, a sigla PNEPS1, visto que a sigla
PNEPS também faz referência à Política de Educação Popular em Saúde.
14
2 MARCO TEÓRICO
2010). Tal lógica foi reforçada posteriormente com a criação do Instituto Nacional de
Previdência e Assistência Médica-INAMPS, por meio do qual instalou-se uma
drenagem dos recursos públicos, capitalizando as empresas de medicina privada,
pública?
fazendo da saúde um negócio lucrativo (PONTE, NASCIMENTO, 2010; FALLEIROS
et al., 2010).
Os resultados dos rumos do regime militar apontaram para o inverso do
prometido. A subordinação ao mercado internacional aprofundou a vulnerabilidade do
país, reverberando num contexto onde as classes populares tinham péssimas
condições de saúde e não refletiam, portanto, o crescimento econômico do país
(ESCOREL, EDLER, NASCIMENTO, 2005). A crise sanitária que se apresentava foi
o resultado de um sistema caracterizado pelo modelo previdenciário, curativo e
individual com forte financiamento, e pelo público, preventivo e focado na coletividade,
com pouco ou quase nenhum recurso para ser gerido (ESCOREL, 1999).
O modelo focado na especialidade médica mostra-se insuficiente para lidar
com a complexidade de problemas “advindos de uma industrialização acelerada, em
condições de intensa exploração, baixa incorporação dos trabalhadores ao mercado
formal de trabalho e precária organização de infraestrutura urbana” (STOTZ, 2005,
p.12,). Não conseguindo dar conta da complexidade dos problemas sociais, a saúde
entra em crise junto ao regime que caiu em descrédito por grande parte da sociedade
(SOUZA, 2014).
Marcado por uma “conjuntura de crise econômica (...) e de ascensão do
movimento social de contestação ao regime autoritário” (SOUZA, 2014, p. 12), este
cenário abriu as cortinas para que as forças descontentes com os resultados dos
rumos do regime fossem tomando forma e dando estímulo à gradual reabertura
política do país por meio do reformismo autoritário (STOTZ, 2005).
O governo Geisel percebe que, para dar continuidade ao “projeto de
desenvolvimento capitalista a partir do Estado”, faz-se necessário “diminuir as tensões
sociais acarretadas pelas políticas de arrocho salarial e de concentração de renda até
então vigentes” (STOTZ, 2005, p. 12). Com o II Plano Nacional de Desenvolvimento-
II PND, o governo adota, em certa medida, o planejamento em saúde, dando início às
políticas racionalizadoras (PAIM, 2007). Tal processo contribuiu para a inserção, nos
espaços geridos apenas por militares, de pesquisadores e profissionais com ideias
progressistas e críticas aos modelos de saúde estabelecidos pelo regime. Neste
âmbito, os Departamentos de Medicina Preventiva tornam-se territórios de
20
1
Informação fornecida por Paseta no módulo Questão agrária da especialização em Promoção e
Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho em 18 de novembro de 2017
23
Sustenta, além disso, a convivência entre os modelos público e privado, numa rede
regionalizada e hierarquizada, na qual o privado deve atuar de forma suplementar por
meio de contratos sob a égide do direito público (PAIM, 2009). Porém tais diretrizes
vão de encontro ao contexto neoliberal e seguem até os dias atuais.
2
Análise feita por Raquel Nepomuceno no Seminário “ESF em Fortaleza e a nova PNAB: desafios
para o próximo período”, realizado em 21 de novembro de 2017 em Fortaleza.
29
3
Reflexão feita por Alcides Silva de Miranda na mesa redonda “Estado de bem-estar social ou
empresarial? O gerencialismo, a colonização e a apropriação privada das políticas públicas de Saúde”
no III Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Abrasco em Natal no ano de 2017.
35
4
Reflexão feita por Alcides Silva de Miranda na mesa redonda “Estado de bem-estar social ou
empresarial? O gerencialismo, a colonização e a apropriação privada das políticas públicas de Saúde”
no III Congresso de Política, Planejamento e Gestão em Saúde da Abrasco, realizado em Natal, em
2017.
36
que abrange experiências diversas, muitas vezes não ligadas a uma área específica,
como a da saúde. De toda forma, mesmo os/as que não se configuram como
trabalhadores/as da saúde, não estão excluídos/as desse processo, visto que as
práticas educativas, no espaço da saúde coletiva, podem ser consideradas como
ações em diferentes organizações e instituições realizadas por diversos agentes
dentro e fora do espaço convencionalmente reconhecido como setor saúde (PAIM,
ALMEIDA FILHO, 1998; FELKENBERG, 2014).
Desta forma, lidamos aqui com educadores/as híbridos/as, portadores/as
de expertises diversas que perpassam desde a militância em movimentos sociais, à
artística e acadêmica (DANTAS, 2009). De maneira geral, o/a educador/a popular é
aquele/a que se insere em um processo pedagógico no intuito de construir
coletivamente a transformação de uma dada realidade. Por isso, não pode ser um/a
educador/a neutro/a frente ao mundo, à desumanização, à manutenção do que já não
representa os caminhos do humano (FREIRE, 2011e). Daí ser de extrema importância
a análise sobre o contexto que envolvem as práticas deste/a educador/a (FREIRE,
2017a).
Os movimentos sociais constituíram as bases para a construção dos
direitos sociais democráticos no Brasil. Porém, no contexto atual, frente aos novos
movimentos sociais dos indignados que passou a ocorrer a partir das manifestações
de junho de 2013, modificam “o sentido do caráter educativo das práticas dos
movimentos. A massiva participação de jovens, especialmente pertencentes às
camadas médias da população, irá questionar os processos de formação vinculados
a partidos, sindicatos ou qualquer outra organização” (GOHN, 2015, p. 37717). Tal
contexto vem reverberando nos dias atuais nos quais as forças conservadoras
ganharam força e têm atacado a prática docente, especialmente as ideias freirianas,
sob o pretexto de considerarem-na uma doutrinação ideológica de esquerda, quando
a imposição do pensamento é característica principal da educação bancária (RAMOS,
SANTORO, 2017). Quais seriam as necessidades de um processo formativo para
educadores populares que não só refletisse sobre, mas que também tencionasse tal
cenário?
39
3 OBJETIVOS
4 MÉTODO
1
As falas referentes ao curso como um todo, inclusive ao processo iniciado nos municípios não
entraram em análise para serem aprofundadas em estudos posteriores.
48
Chão(-universo) da educação
popular em saúde
Processo formativo
(40h; continuidade)
e condução em
dupla
Por sua vez, tais temas geraram ainda subtemas que serão expostos na
seção seguinte.
54
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
E17: “(...) tive uma passagem (...) pela educação formal, (...) trabalho de
educação em saúde, (...) [en]quanto enfermeiro e (...) fortalece o trabalho de
educador popular apesar de ser espaços diferentes, (...) com outras
linguagens, mas (...) contribui (...)”.
E12: “(...) a gente formou um grupo de jovens, (...) conheci Paulo Freire, (...)
queria estudar educação pra (...) contribuição (...) na minha comunidade. (...)
na universidade, me decepcionei, (...) ‘tão o tempo todo falando sobre
educação formal (...)”.
E15: “(...) educação popular vem da luta dos movimentos sociais urbanos e
rurais. Então, a gente já vem da experiência do Movimento Sem Terra, (...)
como militante mesmo de organização da base, dos trabalhadores (...)”.
E14: “(...) minha paixão por educação popular nasceu na minha adolescência,
(...) eu auxiliava meu pai nos movimentos sociais, sindicatos e associações.
(...) aprendi com as lideranças (...) uma forma do Povo de falar com o povo.
(...) noventa e três, Vera Dantas chegou em Quixadá e trouxe (...) educação
popular em saúde, foi na gestão do doutor Odorico. (...) ela levava às ruas,
(...) por meio do teatro popular, o teatro de bonecos, a música, a dança,
cenopoesia. (...) eu me encontrei, como se fosse a minha essência de
encontro (...) [a] saúde pública (...)”.
E3: “(...) era muito infeliz enquanto aluno. Descobri a alegria de viver quando
encontrei os movimentos sociais, de igreja (...)”.
E17: “(...) fui me fazendo educador popular nos movimentos de teatro popular.
sempre com diálogo, engajamento no trabalho comunitário de emancipação
popular (...)”.
E1: “(...) eu não ‘tava conseguindo pagar a prestação desse espaço (...), eu
‘tava no movimento, tinha vergonha (...), pouco tempo eu já era presidente da
associação de moradores (...), já estava no Movimento Nacional de Luta pela
Moradia (...), mexo com muita força contra os despejos (...), vão aumentando,
nós fomos nos fortalecendo e fizemos uma bandeira (...)”.
E18: “(...) além das duas experiências anteriores [do EdPopSUS], [das]
Cirandas da Vida, [o que forma os] pés nos quais eu piso nesse chão da
educação popular [é o] movimento político, [nas] comunidades, sindicatos,
organizações estudantis, igreja, músico popular e professor do sistema formal
de educação”.
E11: “(...) nem sei se eu sou educador popular, fiz parte de uma equipe (...)
tenho contribuído (...), sinto ainda me construindo (...), começam a rotular as
pessoas que são educadoras (...), se não seguir esses valores, esses
princípios (...), têm valores que eu tô ainda assimilando e tô começando a
entender (...)”.
E13: “(...) querer ser um educador, ser alguém que coloca os seus
conhecimentos à prova (...)”.
E2: “(...) não tinha uma sala própria. Essa incerteza trouxe uma dificuldade.
Vivia de mudança, [era] tambor, violão, panderola, baú de memórias,
mandala, estressava, mas o educador popular em saúde é essa figura meio
nômade (...) pra nos instigar a ocupar outros espaços de acontecimento
social, escolas, igrejas, mercados”.
E1: “(...) educar é afetar (...), ninguém tem nada pra ensinar a ninguém. (...)
a gente veio só organizar os nossos saberes, que são muitos (...), (a
educação popular (...) nos orienta (...), perdi o medo, (...) me sinto poeta arte-
educador (...)”.
E18: “(...) uma pessoa da cultura popular com legitimidade era o Chico da
Silva, nós não somos. somos o melhor que a comunidade pôde produzir (...)
nesse fogo da luta aí, mas (...) tem um certo verniz acadêmico na gente (...),
alguns utiliza (...) para fortalecer a academia (...) outros para construir (...), o
Elias chama de a extensão comunitária dentro da universidade (...), a gente
pode estar dentro dos dois cantos”.
A fala acima expõe uma reflexão crítica sobre o momento atual, que permanece
subordinando os saberes populares aos produzidos pela academia (SANTOS, 2010).
Como podemos verificar, faz o uso da conjunção adversativa “mas” ao colocar em
relação as bases popular e acadêmica na formação do ser educador/a popular.
Estaria, portanto, ressaltando tal subordinação da qual a saída seria o caminho da
59
1
Reflexão feita por Boaventura de Sousa Santos no seminário “Epistemologias do sul e a defesa da
universidade”, realizado na Assembleia Legislativa do Ceará em Fortaleza no dia 05 de dezembro de
2018.
60
Isto nos leva a uma ideia de formação que se afasta do sentido de especialização do
saber.
E12: “(...) o EdPopSUS me ensina que eu não preciso ter uma formação
específica na área da saúde para trabalhar com saúde, porque ela precisa da
educação. O EdPopSUS acaba, mas eu queria continuar trilhando esse
caminho na minha vida. Foi muito aprendizado”.
E13: “(...) é desconcertante (...). Você vem dessa situação confortável, entra
no processo, se embaralha. Coloca tudo em xeque, tem que encontrar um
novo equilíbrio, novas lógicas, horizontes sobre como atuar como o educador
que achava que era ou que quer vir a ser”.
62
E7: “(...) consegui laços de amizade (...) pessoas traziam uma bagagem
enriquecedora (...) tive a oportunidade de me trabalhar em algumas atitudes
(...). Como se fosse uma borboleta no casulo, fui me abrindo pra essas novas
experiências. Não é fácil mudar. É um processo de transformação (...)”.
A última fala nos inquieta ainda por revelar o medo diante da potencialidade
do vivido. A nosso ver, o medo vem acompanhado da ideia de reprodução. Como
ressalta outra fala, a transformação é um processo e os resquícios da educação
bancária ainda permeiam o ideário que constitui os educadores e educadoras. Na
educação bancária, compete ao/à educador/a persuadir o/a educando/a e substituir o
conhecimento trazido por ele/a em troca daquele trazido pelo/a educador/a (FREIRE,
2015). Desta forma, não estimula a curiosidade epistemológica que ativa o espírito
investigador e criativo dos/as educandos/as (FREIRE, 2011b).
E18: “(...) quando eu me encontrei com aquelas pessoas novamente foi como
se eu pudesse respirar de novo o ar de como é se estar na educação de
63
E21: “rico mesmo é o encontro, como o Ray costuma dizer: ‘quando a gente
se encontra é bem mais que um encontro’”.
como resultado das lutas e conquistas da sociedade, o que exige o resgate histórico
da participação dos movimentos populares na construção da proposta da Reforma
Sanitária Brasileira” (BONETTI, PEDROSA, SIQUEIRA, 2011, p. 402).
E14: “(...) essa experiência humanizada do saber, todo mundo junto fazendo
a troca, não havia essa história de que fulano sabia mais ou que sabia menos.
Todo mundo sabia (...)”.
E19: “(...) achei que eu não tinha nada a ofertar, mas o que eu sei alguns não
sabia e aprendeu comigo. Coisas que eu não tinha noção e aprendi com o
outro. Você tá na formação com o compromisso de aprender. Que é que eu
vou fazer com o que eu aprendi aqui? Eu vou praticar aonde? Tem que ter
responsabilidade com o que tá aprendendo (...)”.
E23: “(...) como se passasse todo esse filme, pudesse revisar tudo que
vivenciou e sentindo bem forte para iniciar a formação com os educandos no
território (...)”.
E6: “educadores dos educadores, traziam muita experiência uma troca muito
rica, a construção de referenciais, olhar sobre os caminhos que cada
educador ia levar. era construção de estratégias educativas (...)”.
E1: “cada vez mais eu venho percebendo que a condução aqui no Ceará leva
à não-disputa. É uma casa que me cabe”.
68
E10: “(...) momentos em que são mais difíceis ou que as pessoas ficam mais
aperreadas, têm a costura da amorosidade, do diálogo, um olhar de quem tá
coordenando te deixa mais seguro. (...) Tem uma coisa ríspida, é uma
seleção, mas tem toda a proposta trabalhada com princípios da educação
popular. O discurso é próximo da prática das pessoas que [estão] conduzindo
(...)”.
E1: “nos momentos que teve seleção, [foi] ruim (...). Falando em educação
popular, não dá pra colocar disputa. Foi bem difícil, não gostei. Não tô aqui
pra disputar com ninguém (...), saber que a soma dos nossos saberes é que
tem que ter valor e não o saber individualizado de ninguém (...)”.
E11: “(...) esses encontros não dizem muito sobre o educador (...) procurar
uma forma (...) se avalia a dupla, a personalidade (...) se as pessoas
pudessem ficar a par de quem tá colocando para trabalhar junto (...) continua
o mesmo problema, ninguém quer falar (...) tolerar é uma coisa, conviver é
outra. As pessoas vão tá trabalhando juntas, se elas pensam o contrário,
como é que chegam nesse ideal? É difícil (...)”.
E13: “(...) uma defasagem para mim (...) é inevitável você estar numa situação
de autoridade quando você é professor (...) que a gente é responsável pelo
processo (...). A formação tinha que ser um preparo (...). O que a gente viveu
(...) de mais turbulento foi não saber como lidar com esse fator autoridade de
maneira harmoniosa (...)”.
5.2.4 “Quando o vento sopra e apaga as velas, tem que ajustar”: o processo de
ação-reflexão-ação
trilhado, não se visa só o produto final. É nesse percurso que a gente vai
aprendendo (...)”.
E4: “(...) você já foi pra lá, já viu como é, já sentiu dificuldades, outros
educadores também. (...) dinâmica que um trabalhou, saiu da sala, chamou
convidados, (...) a coordenação foi conduzir o processo [de modo] que a
gente aprendesse uns com os outros. Foram trocas que enriqueceram as
possibilidades da gente (...)”.
E23: “(...) quando o vento sopra e ‘tá só apagando as velas, tem que ajustar,
trazer o que foi construído da formação e, em contato com os educadores e
com a coordenação, encontrar jeitos novos de caminhar, identificando as
dificuldades e trazer um retorno para o território. (...) não apenas [a] formação
antes de iniciar os encontros (...) para que a gente pudesse tá atento ao que
acontecia nos territórios (...)”.
E8: “(...) exigiu muito do trabalhar o tempo. Quantos municípios tinha ali pra
tá vivenciando as experiências? (...) teria prazos momentos e horários pra tá
cumprindo. Todos os momentos, a gente não teve educadores presentes,
[isso] traz pra o outro lado marginalizar nossas defesas (...)”.
E14: “(...) a gente se divertia pensando, sonhando como fazer. Foi rico, eu
aprendi muito. (...) sinergia, um processo de comunicação, uma telepatia. [A
gente tinha] o plano a e o plano b, [nos] comunicamos pelo olhar (…), ele era
importante para mim e eu pra ele. O centro da atenção era o coletivo (...)”.
73
E10: “tivemos vários atritos no início, de percepção das coisas (...) [ele/a] tem
experiência na educação tradicional (...) eu estava já vindo da experiência do
primeiro [EdPopSUS]. Aquela questão de saber dar mais espaço pro outro foi
uma prova de fogo pra poder exercitar isso. Foi desafiador, mas a gente criou
uma parceria rápido, a gente fazia uma complementariedade nas nossas
diferenças (...)”.
E2: “o novo nos desafia a desvendá-lo (...) fez com que viesse a estudar Paulo
Freire, pensadores, músicos, começamos a estudar MPB, poesia popular,
cordéis, repentes, cultura regional (...)”.
74
E13: “(...) meu desejo de permitir que as pessoas se sintam participantes (...)
baixei a guarda (...) pra ideia de colocar limites. Isso eu via [no/a educador/a],
nas atitudes [dele/a] em relação a ser autoridade, (...) sinto desafiado a ser
uma autoridade melhor por olhar a maneira como [o/a educador/a] tratava os
processos. Éramos (...) dois educadores que, no conflito que a gente
vivenciava, não sabia como amenizar. Não é ruim ser diferente, contanto que
essas coisas encontrem convergência. A gente deixa de ser potente, deixa
de favorecer as potências um do outro e se anula”
E15: “(...) uma parceria boa, dividir tarefas. Nem sempre era necessário estar
os dois educadores na sala (...) é complicado, às vezes, ele tinha que sair e
eu segurava as pontas (...) ‘tava com alguns problemas de saúde, a gente
combinava”.
E14: “(...) foi forte, ele desarmou, fico emocionada. É um espaço em que as
pessoas se armam a partir do amor e do cuidado, quem ama, cuida”.
E20: “eu sou isso, eu vivo isso, vivi isso a vida inteira. Me toca forte ser
abraçado, te desarma de todas as coisas que te prendia, esse sistema
branco, eurocêntrico que dita os aprendizados. Eu te acolho, eu te recebo e
tuas histórias vão ser cuidadas, reconhece e respeita tuas histórias.
Perpassou essa intensidade de despertar para quem sou eu, minhas origens,
minhas práticas”.
No jogo neoliberal, que impõe aos sujeitos o drama de não mais poderem
ser explorados pelo capital, o ser humano é um empresário de si mesmo, pensa-se
como um produto do acaso, regula-se por normas do mercado, instrumentalizando a
si e a outros, assumindo a condição de sujeito descartável para responder à ordem
de tornar-se outro (MBEMBE, 2014).
Neste contexto, o/a educador/a aponta como rompimento das amarras que
lhe prendiam a tal sistema, a inclusão da dimensão corporal, expressa no abraço, e
dos saberes-de-experiência-feito, expressos no respeito a sua história. Cabe aqui uma
reflexão sobre as razões pelas quais tais dimensões são excluídas da dinâmica
pedagógica e dos serviços de saúde hegemônicos. Seria por habitarem um devir
negro do mundo, que, por libertar dinâmicas passionais (MBEMBE, 2014),
supostamente, abalariam o sistema racional? O que provoca, no corpo do/a
educador/a e dos/as educandos/as a vivência em um sistema educativo marcado pelo
eurocentrismo? O processo formativo aqui pesquisado estaria abrindo a possibilidade
para uma proposta pedagógica que nos reconecta com nossas ancestralidades ao
permitir que o/a educador/a possa tornar-se quem é?
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E21: “pedagogia desenvolvida pelo Ray Lima, uma feira livre circulando,
oferecendo seu produto e comprando o conhecimento. há uma troca, as
pessoas participam, se envolvem dentro da feira tem a poesia, o cordel...”.
E2: “nosso escambo cultural tinha algo pra repassar, pra vender e que
precisava comprar, absorver. tinha que levar algo, mas também precisava
deixar (...), nos instigava a trabalhar: partilha, produtos não-perecíveis, não
tinham data de validade, eram atrativos de alta qualidade. Recomendava que
levassem pra onde fossem produtos velhos, novos, fabricadas, expostas,
antiguíssimas da nossa ancestralidade, mas que o outro ainda não tinha tido
o prazer de conhecer (...)”.
E14: “(...) aquilo que já estava dentro do nosso discurso, das nossas práticas
como confecções de materiais artísticos, a condução de poesias, as canções,
as cirandas, aquilo que a gente fazia no nosso sertão de brincar de ciranda.
lá, nós éramos inspirados a colocar para fora”.
E2: “toda a metodologia ali do processo formativo era pensada (...) nos
trazendo elementos e instigando a nossa criatividade e essa leveza de que
aquele momento nos trazia, de que nós tínhamos a liberdade, a partir da arte,
do outro, de criar, de fazer, de inventar”.
Nesta interação, a arte salta como liga capaz de tecer costuras entre os
diversos momentos, saberes e densidades, dando leveza e potência criativa para
os/as educadores/as exercitarem o princípio do protagonismo. A prática educativa,
para ser esperançosa, precisa ser alegre (FREIRE, 2011c). A arte não resolve os
problemas individuais e coletivos do mundo, mas problematiza, discute e, por isso,
ajuda a despertar no humano reflexões para reorientar suas relações internas e
externas, apontando caminhos de superação (LIMA, 2009).
86
E5: “(...) por ser uma política nacional [PNEPS], Ceará ser uma referência
(…), tem uma densidade, mas tem uma leveza, permeia as costuras, tintas
das cores, da dança, a gente viveu a poesia muito forte, a música. Me deixou
instigado pra criar”.
E12: “a partir da discussão dos textos (...) apresentou como cena teatral, o
nosso produto, os inéditos viáveis (...) com os panos trocando, mexendo o
pano que ‘tá sem vida, mas que, a partir do seu movimento, vai ter vida. qual
o movimento que você dá pra sua vida, pra determinado momento?”.
E18: “(...) o círculo de cultura demorou uma eternidade para que eu pudesse
entender; se consolidou, em mim, a partir do segundo EdPopSUS, mas foi
nesse encontro que eu senti maior firmeza de poder levar pra comunidade,
depois das rodadas de conversa”.
E5: “(...) uma roda de chegada e de finalização (...) a gente sempre muito
próximo se abraçava, se tocava, corpo, pele, calor, me senti à vontade pra
falar do quanto eu me sentia cuidado. o acolhimento, a mandala, os objetos,
significados que a roda traz, cuida, pede licença pra chegar e pra sair e vai
construindo aí um fio condutor que deixa o trabalho leve, com respeito”.
E9: “não queria ir, não ‘tava bem, mas o diabo [é] que, quando eu ia, eu me
sentia acolhido. Lembro eu abraçando o Ray e a energia (...) Wow! Um
furacão que explodiu. Talvez não tenha a ver com educação que a gente ‘tá
acostumado, mas tem a ver com formação, da vivência que eu tive. Eu falava:
outros princípios da educação popular, eu concordo, mas... amorosidade não
é minha praia (...) quando se coloca num processo pra viver, é afetado no seu
ser integral, [no final, todos] se emocionando e agradecendo. [A gente
entendeu] não importa quem vai ser educador, quem não vai”.
E12: “era a fala verbal, mas era a música, dança, a prática corporal. Uma
formação toda permeada por esse universo de aprender com o corpo todo,
acolher o grupo, fazer uma mística, um reencontro da arte (...), a gente não
aprende só num lugar encaixotado. Tudo no nosso corpo é aprendizado, eu
me lembrei muito do Escambo, você não ficou sentada só assistindo. Era o
tempo todo troca”.
E16: “(...) lençóis no chão, todo mundo deitado, fazendo a respiração, olhos
fechados, instrumentos, essências, fala mansa, relaxante. Eu fui até buscar
o porquê da gente está relaxando antes de se fazer uma atividade. Eu
comecei a ver que nós temos nos módulos no curso, dentro das leituras eu
encontrei as respostas. Além de acalmar, prestar mais atenção, traz que a
saúde não só é ausência de doença, mas conhecer o próprio corpo, estar
bem fisicamente e mentalmente”.
E10: “(...) é um momento em que a gente, estando aberto, tem como abordar
a partir das próprias perspectivas, do autoconhecimento. É fundamental
permitir a escuta com o outro, mas as pessoas escutam mais a si próprias,
param um pouquinho para pensar em si, como é que eu tô nesse momento?
O que é que eu tô fazendo aqui? Como eu estou? (...) possibilidade de
trabalhar o coletivo, mas dando espaço para o individual, o que pega muito
forte para os educadores (...)”.
E12: “(...) ‘escuta, acolhe’ [canta a música]. Momento de fragilidade pra mim,
desesperança com o SUS. Minha mãe faleceu, não conseguiu uma vaga (...)
num lugar de cuidado com o outro, eu vou cuidando de si e vou aprendendo”.
E3: “(...) receber o toque de pessoas que eu não via há muito me afetou. Eu
‘tava vivenciando um processo de distância. (...) meu pai doente (...) momento
de recobrar a lucidez, a vida, me recolher, me reencontrar, voltei pra casa”.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
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APÊNDICES
114
APÊNDICE B - Ladainha
Ladainha produzida pela educadora Mayana Dantas para falar de sua aproximação com a educação
popular em saúde para o Mestrado em Saúde Coletiva, inspirada na Ladainha "Ancestralidade" de
Mestre Moraes
116
ANEXOS
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