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| FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Ensino Religioso Disciplina: Etica, Religido e Cultura no Ensino Religioso Modalidade de Curso Capacitagao Profissional E expressamente proibida a reprodugdo total ou parcial, sem autorizacdo. © Av. Santa Helena, 1140 Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza Pagina 1de 15, TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Cato (a) aluno (a), parabéns pela escolha! Comegamos agora uma jornada de sucesso e muito aprendizado, lembrando que vocé ja é um vencedor, pois 0 conhecimento é um bem que melhora nossa autoestima, nossa vida profissional e, principalmente, enriquece a nossa alma sem que ninguém possa tird-lo de nés, ou seja, uma vez adquirido é um tesouro atemporal em nossa existéncia. Seu curso 6 composto de quatro disciplinas e uma avaliacao de dez questées que pode abordar um resumo do contetido das quatro ou de uma delas por uma questo metodolégica. Esteja atento (a) e leia as apostilas com muita atengao. Seja bem-vindo(a) e bons estudos! Nessa disciplina vocé ira estudar os fundamentos éticos e culturais das religides. Vamos conhecer algumas das mais conhecidas religiées existentes na humanidade e para isso selecionamos um material especial com videos e textos para que vocé amplie seus conhecimentos sobre elas e instrumentalize sua pratica em sala de aula. Boa leitura e bons estudos! 1 - MORALIDADE, ETICA E RELIGIAO Marcos de Almeida E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO- Pagina 2 de 15 E possivel que haja uma moralidade sem religiéo? E necessario existir um deus ou deuses de modo a que isso se torne indispensavel para a moralidade? O fato de que algumas pessoas nao séo religiosas, as impedem de ser, automaticamente, morais? E se a resposta a estas questées exigirem a crenca em uma divindade, qual das, religides é 0 real fundamento para a moralidade? A grande constatacéo é que ao olhar-se 0 quadro mundial dos dias de hoje, é possivel afirmar que existem conflitos em numero equivalente ao das religides e pontos de vista religiosos. A religiao é uma das mais antigas instituig6es humanas. Ha, por exemplo, pouca evidéncia de que a linguagem tenha existido em tempos pré-historicos, mas temos evidéncias claras de que praticas religiosas ja eram interligadas com expressdes artisticas e de que leis ou tabus exortavam os seres humanos daquela época a comportarem-se de certas maneiras. Naqueles tempos primordiais a moralidade estava implantada nas tradigbes, habitos, costumes e praticas religiosas de cada cultura. Além disso, a religio servia (como o fez até bem tecentemente) como a mais poderosa das sangées para manter as pessoas, moralmente bem comportadas e obedientes. As sangdes de recompensa ou punicao tribal eram despreziveis ao lado da ideia de uma punicao ou recompensa tao grande, que poderia ser mais terrivelmente destrutiva ou mais deliciosamente compensadora do que qualquer outra que os simples mortais pudessem oferecer. Entretanto, o fato de que a religido possa ter precedido qualquer cédigo legal formal, ou sistema moral separado, na historia da raga humana, ou por que possa ter fornecido sangdes poderosas e efetivas, para um comportamento moral, nao prova de modo algum, que a moralidade deva ter, necessariamente, uma base religiosa. Meu argumento é, precisamente, o de que, por miltiplas razdes, a moralidade nao necesita e, de fato, néo deve ser baseada somente na religiao, muito embora, como adverte Fabri dos Anjos, a religiosidade (e nao uma religido em particular) e a ideia daquilo que nos é transcendente (nao necessariamente uma divindade, sejam antropologicamente inerentes ao nosso retletir bioético E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. 9 Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & (ah 3622-2194 (3) 9 7339-8805 Q Fesouza BS aueeese nena | FaSouza Pagina 3 de 15, TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO 1 Que raz6es seriam estas? Em primeiro lugar, de modo a provar que 6 obrigatério ser religioso para poder ser moral, teriamos que demonstrar conclusivamente que um mundo supranatural existe e que a moralidade existe la tanto quanto no mundo natural. Mesmo que isso possa ser demonstrado, 0 que 6 altamente improvavel, terfamos que mostrar que a moralidade Id existente tem alguma conexéo com aquela presente em nosso mundo. Parece dbvio, no entanto, que ao lidar com as questdes morais, a Unica base que temos, para exercitar nosso pensamento ético, é este mundo em que vivemos, as pessoas que nele existem, as ideias e valores que elas possuem e as acées que elas praticam. Um teste, para a veracidade dessa razéo, seria tomar qualquer conjunto de preceitos religiosos e perguntar, francamente, quais deles seriam absolutamente indispensaveis para 0 estabelecimento de qualquer sociedade moral. Por exemplo, podemos usar os Dez Mandamentos sem validar os trés primeiros. Os trés primeiros podem ser um conjunto necessdrio para uma comunidade judaica ou cristé, mas se uma comunidade nao religiosa seguir, rigorosamente, apenas os mandamentos de quatro a dez, de que modo, refletindo moral e honestamente, as duas comunidades diferem? Nao estou querendo dizer que a moralidade ndo possa ser atrelada A religiao; € um fato real que tem sido, é, provavelmente, sera no futuro. © que estou querendo dizer 6 que a moralidade nao precisa ser fundada, de modo algum em uma religiio. A religiao, definitivamente, nao é indispensavel para a moralidade. E acrescentaria ainda, que existe um enorme risco real (demonstrado miltiplas vezes pela histéria), da restrigéo e da intolerancia, caso uma religido passe a ser 0 referencial, 0 nico fundamento da moralidade. Se pudermos, de modo sumario, caracterizar a moralidade desse mundo, como nao ferir ou matar os outros e, de um modo geral, tentar tornar a vida e 0 mundo melhor para todos e tudo 0 que nele existe, e se muitos seres humanos nao aceitarem a existéncia de um mundo supranatural e, ainda assim agirem téo moralmente quanto quaisquer outros que acreditam, entao deve haver alguns outros atributos, diferentes das crengas religiosas, que s4o necessarios para alguém ser moral. Embora seja dbvio que a maioria das religiées contenha sistemas éticos, isso nao transforma em E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. 9 Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- ©& (21 3822-2194 - (21) 9 7339-8505 @ Fasouza & diretoria@taculdedesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 4 de15 verdade a afirmagao de que todos os sistemas éticos tenham uma base religiosa: por tanto no existe uma ligacdo obrigatéria entre moralidade e religiao. O simples fato de que pessoas completamente nao religiosas (como, por exemplo, varios eticistas ateus humanistas), podem desenvolver sistemas éticos significativos e consistentes, € prova suficiente disso. Fornecer um fundamento racional para um sistema ético ja é bastante dificil, sem ter de oferecer também um fundamento para a religiao que propée tal sistema ético. E a dificuldade de fundamentar racionalmente a maioria dos sistemas religiosos é inescapavel. E impossivel comprovar conclusivamente a existéncia de alguma supranatureza, pés-vida, deus ou deuses. Nem precisamos apelar para os argumentos modernos e tradicionais, sobre a existéncia ou inexisténcia de um deus ou deuses neste ponto, mas simplesmente verificar que nao ha evidéncia conclusiva de que tais seres existam ou nao existam Portanto, se nenhuma evidéncia é conclusiva e nenhuma légica dos argumentos é irrefutavel, entao a existéncia de um mundo supranatural, um p6s-vida, um deus ou deuses, fica pelo menos colocada na categoria das coisas ndo provadas. Isso, naturalmente, nao significa que grande numero de pessoas nao continuard a acreditar nas suas existéncias, baseando suas crengas na fé, no medo, na esperanga ou na sua propria leitura das evidéncias. Todavia, como fundamentagao légica da moralidade, as religiées s4o, de fato, muito frageis, exceto para aqueles que creem. Acreditar que Deus, ou um pés-vida exista, pode fazer as pessoas sentirem-se melhor agindo de determinadas maneiras. Pode igualmente fornecer poderosos reforgos para alguém agir moralmente (ou, pelo menos, nao agir imoralmente) . S que isso nao se configura como uma fundamentacdo racional valida para a moralidade, que nos fornega razées, sentimentos, evidéncia ou légica para agirmos de um modo e nao de outro. A qualidade moral de um ato reside no fato dele ter sido escolhido livremente e nao comandado. Como declarou Scriven: “A religio pode fornecer um fundamento psicolégico, mas n&o légico para a moralidade”. Ainda que as religies pudessem ser racionalmente fundamentadas, qual religio deveria ser a escolhida como a base para a ética humana? Dentro de uma religiéo E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. 9 Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & (ah 3622-2194 (3) 9 7339-8805 Q Fesouza BS aueeese nena | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 5 de15 em particular, essa questao ¢ facilmente respondida, mas, obviamente, nao respondida de modo satisfatério para os membros de outras religiées conflitantes, ou para aqueles que nao acreditam em qualquer religido. Mesmo se os pressupostos das religides pudessem ser conclusivamente provados, qual religiéo deveriamos aceitar como a verdadeira e legitima geradora da moralidade? E claro que existem muitas religises que tém muitas prescrigées éticas em comum, como, por exemplo, nao matar. Mas é também bastante evidente que existem numerosas prescrigdes no congruentes. S6 para ficar no cristianismo, por exemplo, ha muitas declaracdes éticas em desarmonia, relacionadas a sexo, guerra, casamento, divorcio, roubar e mentir. Em resumo, qual a conexao entre a religido e a moralidade? A resposta 6 que nao hd uma conexéo necesséria, Pode-se ter um sistema ético completo, sem mencionar outra vida, que nao esta, deus ou deuses, nada supranatural, ou qualquer pés-vida. Quer dizer, entéo, que para sermos morais precisamos evitar a religido? De modo nenhum! Os seres humanos devem ser permitidos livremente a acreditar ou desacreditar, desde que exista alguma base moral que proteja todas as pessoas contra tratamento imoral tanto nas maos de religiosos, como de ndo-religiosos. Uma religiao que advogue o sacrificio humano de nao-voluntarios, no pode ser permitida existir dentro de um sistema moral amplo. Se, por outro lado, as religibes puderem aceitar alguns principios morais abrangentes e seus membros puderem agir de acordo com tais principios, entéo eles podem coexistir com pessoas nao religiosas @, 20 mesmo tempo, manterem seus préprios principios de modo significative, sem pretenderem impor suas crengas. Nos dias atuais ¢ uma insanidade pretender que as pessoas crescam ingénuas. Nao podemos, e certamente nao devemos, re-introduzir a famigerada era da credulidade. Esta muito claro que 0 dogmatismo 6 um terrivel obstéculo a educacao e temos a convicg4o que representa um enorme perigo. Existe uma tendéncia, ha muito perceptivel nos Estados Unidos, e que vem aumentando também em outras partes do mundo, de tentar enveredar pelos caminhos do fundamentalismo religioso. A principal caracteristica de qualquer religiéo fundamentalista seja crista, judaica ou muculmana, € que ela se baseia em um texto que supostamente deve funcionar E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. 9 Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- ©& (21 3822-2194 - (21) 9 7339-8505 @ Fasouza & diretoria@taculdedesouza.com.br | FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO como fundamento para a educagao e a verdade. O conhecimento 6, assim, finito, ¢ Pagina 6 de 15, essencialmente a-histérico. Dessa maneira, 0 Unico conhecimento novo permitido deve ser uma nova interpretagao de um certo texto que, por supostamente conter verdades que foram definitivamente reveladas, nao é um objeto adequado para uma investigacéo critica ou hist6rica. O fundamentalismo € um convite, uma exortagéo, para se aceitar inquestionavelmente o que é tido como sendo os ensinamentos centrais da fé (e isto nao apenas com relagao a questées como a criagao do mundo, mas em assuntos do ‘século XX, como engenharia genética, clonagem terapéutica, células-tronco, etc.). Dessa forma negativa, o fundamentalismo atua como um empecilho a pesquisa cientifica e a busca de evidéncias histéricas. O fundamentalista nao acredita que seja desejavel possuir conhecimento, seja para onde for que este o possa levar. O conhecimento nao é considerado um objetivo em si. A mensagem é que nés deveriamos acreditar naquilo que nossos professores de religiao nos ensinam e nado nos intrometer em questées que seria melhor deixar ocultas. No entanto, o fato 6 que ndo podemos desaprender o que foi uma vez descoberto e demonstrado. Nao devemos e nao podemos desejar voltar ao periodo medieval, a era pré-Galileu ou pré-cartesiana. E impossivel, ainda que tentassemos, acreditar que o que Aristoteles e Tomas de Aquino disseram, consistia na soma de todo o conhecimento possivel. Dizer que a ética 6 independente da religiao ndo 6 negar que tedlogos ou outros crentes religiosos possam ter um importante papel a desempenhar em Biostica. Tradigdes religiosas frequentemente tém longas histérias no trato com dilemas éticos; e 0 acimulo de sabedoria e experiéncia que representam, podem fornecer valiosos modos de enxergar determinados tipos de problema. S6 que esses modos de enxergar devem estar submetidos a anélise critica, na mesma medida em que quaisquer outras propostas devam sé-lo. Se, no final, nés as aceitarmos, sera porque as julgamos sélidas e racional e emocionalmente justificaveis, e nao meramente porque sejam declaracdes de um papa, um bispo evangélico, um rabino, um monge budista, um mula ou qualquer outra pessoa supostamente infalivel ou sagrada. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. 9 Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & (ah 3622-2194 (3) 9 7339-8805 Q Fesouza BS aueeese nena | FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Toda deciséo moral deve ser embasada, fundamentalmente, em trés elementos: a maior quantidade de conhecimento que se possa adquirir sobre a questao, o tempero do sentimento e da emocéo humanos e, sobretudo, o maximo de liberdade e isengao para fazer a escolha. Isso adiciona predicado humanitdrio a nossa estatura ética e confere responsabilidade real 4 escolha. Sem conhecimento, sem sentimento, sem isengo e sem liberdade para decidir, néo ha acéo moral possivel. HA imposicaio. Mando e obediéncia. E toda imposic¢ao é moralmente injustificada, teologicamente herética, subversiva da dignidade humana e, pior do que tudo & obscurantista e espiritualmente opressiva. Pagina 7 de 15, 2- RELIGIAO E CULTURA Marcia Avelino Segundo Abbagnano (2003), ética é a ciéncia da conduta, que pode ser vista de dois modos diferentes. A primeira concepgo apresenta a ética como a ciéncia que aponta a finalidade da conduta do homem, mostrando entao como se deve agir para atingir este objetivo. J na segunda concepcdo a ética é vista como a ciéncia das possibilidades da conduta dos humanos, que pretende determinar os movimentos possiveis de uma forma que oriente sua acdo. A primeira concepcao de ética fala em termos ideais para 0 qual todo o humano se dirige por conta de sua natureza; algo universal. A segunda fala dos motivos da conduta humana, atendo-se ao conhecimento dos fatos. Alguns intelectuais fazem, entao, uma distingao entre moral e ética. A moral seria esse conjunto de regras estabelecidas numa sociedade, que diz a pessoa de que modo ela deve se comportar, agir. Jé a ética seria caracterizada pela reflexdo que o humano faz dessas regras em relacdo a situagéo em que, normalmente, essas regras deveriam ser empregadas. Permeando esta disting&o, esta o ethos, uma E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO- Pagina 8 de 15 espécie de casa intima, subjetiva, constitulda a partir das vivéncias sociais, na qual esto presentes, de algum modo, as normas culturais desses diversos ambitos, € que sao base para o agir pessoal e qualquer reflexao a respeito deste agir. O ethos 6 constituido, entéo, de forma singular, com as contribuiges da familia, da escola, dos amigos, da religiao, e da cultura de forma geral. Porém, por algum tempo fez parte da visio ocidental, achar que as contribuigées morais tenham vindo exclusivamente da religiao, até porque os demais ambitos da sociedade eram norteados pela religiao — cristianismo no caso. (Por isso, apesar dessa reflexAo pretender se estender as religides, ele apresenta o cristianismo como exemplo eleito dentre elas). Certos de que ética fosse, necessariamente, um conjunto de regras, muito tempo se acreditou que as leis oferecidas pela religiao — sobretudo, as judaica e cristé - eram a mesma coisa que conduta ética, validas para todos em qualquer situagdo. Isto quer dizer que seguir as normas de uma religido, ou dizer-se religioso, significava ser uma pessoa ética, confidvel. E ainda hoje 6 assim para muitos. Porém, observando a multiplicagao dos modos como a religiéo acontece e 6 vivida hoje - 6 natural questionar se ha realmente essa equivaléncia entre ética, moral e religido. Se acreditarmos que religido 6 a instdncia social que nos oferece as regras de conduta moral, desprovida de reflexao, considerando a multipli denominacées, estaria esta regra de condutas para todos? O que dizer das agdes dos orientais? Se considerarmos que, mesmo refletindo, é necessario uma série de regras de conduta oferecidas por uma divindade como base do agir ético, estariamos dizendo que os ateus nao podem ser éticos? Seriam delinqiientes em potencial? No caso do agnéstico, haveria uma moralidade sem religiao? Por outro lado, serd que por haver um deus e regras de conduta, néo é possivel haver reflexao ética nas religibes? além do conflito entre elas idade religiosa do final do ultimo século, em qual das religiées, ou E um fato historico que praticas religiosas e tabus, bem como os costumes sociais s40 constituigdes humanas pré-histéricas, anteriores, inclusive, a constituigéo da linguagem. Nestas culturas ja havia a idéia de punigdo e recompensa de acordo E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 9 de15 com as acées do povo e de cada um. Contudo, o fato de surgirem praticamente juntas, religiéo e conduta social, nao quer dizer que estejam necessariamente ligadas — embora também nao seja possivel comprovar que elas nao estdo ligadas, até porque para alguns estudiosos hé uma relagao de moral e religiosidade (no sentido de uma relagao com aquilo que nos transcende) para além da religido. Assim, uma das propostas neste texto, 6 responder as questées levantadas de modo a discutir a possibilidade de haver moral, ética desvinculada da religiao — pois temos algumas razées para desconfiar disso — e nela mesma (na religiéo) como isto se da. Observamos que os motivos que temos para sermos éticos, sao 0 modo como nés (humanos) vivemos, nossas ideias e valores que, diga-se de passagem, nao séo universais, pelo contrario, sao tipicos de cada cultura. Mandamentos vindos de um mundo sobrenatural, que se aplicasse ao nosso mundo, nos faria pensar que este outro mundo nao é sobrenatural, mas, tal como 0 nosso, carente de regras de conduta — contradit6rio, portanto -; ou, no minimo, que algum dos mandamentos la desenvolvidos néo serviria para nés, na medida em que ndo somos seres sobrenaturais capazes de vivéncias sobrenaturais. Langando mao de exemplos teolégico-cristéos, podemos dizer que o sacrificio do Cristo torna-se valido, por estar, ele mesmo, desprovido - ainda que parcialmente - de sua condigao divina. Seu legado ganha dimensées magnificas justamente pelo fato de ter se tornado homem, recebido influéncias culturais (judaicas, no caso), e em meio as limitadas condigdes humanas poder provocar testemunhos de como agir com justica. Se fosse exclusivamente um deus entre humanos, seu modo de agir néo se configuraria parametro para qualquer povo — contrério ao que pregam os cristaos. Se aplicdssemos as regras divinas de uma religiéo para todas as pessoas, em qualquer cultura, 0 que aconteceria? Seria ainda ética? Sabemos que mesmo entre os cristéos ha diferentes leituras das regras extraidas da Biblia (seu manual de conduta). E o que acontece entre cristdos e catdlicos e, mais escancaradamente, o que acontece em meio aos protestantes. A falta de reflexao sobre essas leituras, por vezes, causa exatamente 0 oposto da intengao primeira destas regras: 0 respeito a0 outro — ao préximo, se desejar. Infelizmente a guerra entre catdlicos e protestantes E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza Pagina 10 de15, TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO na Irlanda parece ser um “bom” exemplo disso. Se voltarmos, entao, aquelas duas concepcées de ética, poderiamos dizer que na religido encontram-se somente as regras de conduta moral, mas da maneira como esto dispostas néo favorecem a reflexdo da pessoa frente a situagdo — postura que, parece, estaria mais préxima ao movimento filoséfico, reflexdo. Isso traz algumas implicag6es por justificar atitudes como os preconceitos e a guerra, e, ainda, a falta de atitudes basicas como o respeito, compaixao. Entretanto, ha que se dizer que esta postura, presente em grande parte das religides, aponta, na verdade, 0 fundamentalismo como mediador da relacdo religiosa, com 0 qual as pessoas se deparam e abragam na esperanga de encontrarem seguranga na resolugao de suas questées, uma certeza para seu futuro. O fundamentalismo é uma forma de viver uma religiosidade desprovida das leituras hermenéutica e exegética, ou mesmo, cultural; uma forma desnecessaria a vivéncia religiosa. Para discorrer a esse respeito vamos a outro exemplo cristéo: ao narrar a parabola do bom samaritano (Le 10.25-37), Jesus quer mostrar a seus discipulos e amigos que nao se deve desconsiderar as leis, mas é necessério abstrair 0 motivo de sua pertinéncia ou se esvaird o real motivo de sua existéncia. Um perito da Lei se levantou e, querendo experimentar Jesus perguntou: “Mestre, que devo fazer para recebe a vida eterna em heranga?" Jesus disse-Ihe: “O que esta escrito na Lei? Como Iés?" Ele respondeu: “Amaras o Senhor, teu Deus, de todo 0 teu coragao, e com toda a tua alma, com toda a tua fora com todo o teu entendimento: e o teu préximo como a ti mesmo!” Jesus Ihe disse: “Respondeste corretamente. Faze isso e viveras”, Ele, porém, querendo justificar-se, disse a Jesus: “E quem é 0 meu préximo?" Jesus retomou: “Um certo homem descia de Jerusalém para Jericé e caiu nas maos de assaltantes. (...) © deixaram quase morto. Por acaso, um sacerdote estava passando por aquele caminho. Quando viu 0 homem, seguiu adiante, pelo outro lado. O mesmo aconteceu E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 11 de 15 com o levita (...). Mas um samaritano, que estava viajando, chegou perto dele, viu e moveu-se de compaixao. Aproximou-se dele e tratou-Ihe as feridas, derramando nelas dleo e vinho. (...) E Jesus perguntou: ‘Na tua opiniao, qual dos trés foi o préximo do homem que caiu nas maos dos assaltantes? Ele respondeu: “Aquele que usou de misericérdia para com ele”. Entéo Jesus Ihe disse: “Vai e faze tua mesma coisa”. Talvez o homem pensasse que “amar o teu préximo como a ti mesmo” se referisse to somente a um sentimento, pensamento que se deve ter em oposigao ao édio. Mas, com um exemplo prético, Jesus mostra ao fariseu a interpretagao dessa lei. O que Jesus Ihe propée é mais que uma simples postura de ajudar o necessitado, mas diz a ele, judeu - e bom conhecedor da lei - que um samaritano (povo rejeitado pelos judeus; considerados inferiores) que a lei 6 universal na medida em que o proximo no € somente compatriota e que o samaritano, desconhecedor das leis, cumpri uma lei judia sem ter de recité-la, pela capacidade de olhar a situacdo e compreender a necessidade do outro. Jesus aponta esta como a postura amorosa: observar a situaco, refletir e agir em favor do bem do outro — que alias, pode ser uma referéncia transcendente. Coloca em xeque a atitude: cumprir a lei em sua literalidade ou suprir a necessidade que se mostra na reflexdo da situagao que se mostra em relagao ao ideal da lei? Falando em cristianismo, quem poderia dizer melhor a forma de proceder do que o proprio “Cristo” (também um judeu)? Haveria uma contradico na propria religiio, quanto ao que é ser ético? Porque parece que Jesus indica o caminho da reflexio como o melhor em lugar de mera contemplagao da lei. Em outra de suas falas, ele mesmo demonstra uma postura de refletir sobre a situacéo, quando um contra argumento Ihe faz reconsiderar uma decisao designada a priori A mulher nao era judia, mas de origem siro-fenicia, e pedia que ele expulsasse 0 deménio de sua filha. Jesus Ihe disse: E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 12 de 15 “Deixa que os filhos se saciem primeiro; pois nao fica bem tirar © po dos filhos para joga-lo ao cachortinhos”. Ela respondeu: “Senhor, também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que os filho deixam cair’. Jesus, entao, Ihe disse: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O deménio ja saiu da tua filha”. (Mc, 7.24-30).. Nesse caso, Jesus, que veio somente para os judeus, reconsidera o pedido de uma estrangeira e Ihe concede o pedido. Por estes exemplos, dentre tantos outros, podemos dizer que se os cristaos preferem cumprir leis em detrimento da reflexao, é por opgao ao fundamentalismo, presente no cristianismo, distante da postura crista, que, como vimos, supée reflexao ética. Sabemos, eno, que, a exemplo do cristianismo, em geral na postura religiosa — que na maioria das vezes é fundamentalista (pois é pressuposto do membro religioso acreditar que a verdade de sua religiao é absoluta, por exemplo, para o cristo, s6 ha salvagdo em Jesus Cristo e para aproximar-se dele deve-se seguir as orientagdes biblicas literalmente) — realmente ndo ha espago para a reflexo sobre as regras de conduta moral. Mas sabemos, por outro lado, que a postura ética possivel. Se abstrairmos dos ensinamentos, exemplos de Jesus, assim como dos de Buda e Maomé, entre outros, a “moral” da histéria - como nossos pais costumam dizer -, veremos que s&o ensinamentos reflexivos, que foram cristalizados em algum momento. De algum modo sao derivadas da lei universal de preservacao da vida. Esse tipo de leitura tornaria qualquer livro sagrado bem-vindo em todas culturas. Nao se trata de abandonar sua cultura, seus costumes, mas conhecer e até somar. Seria, para tanto, necessario uma compreensao de religiao como modo cultural Se pensarmos no que hé em comum entre as diversas regras morais, presente em muitas culturas, inclusive nas orientais, como nao matar, nao ferir e tornar a vida e o mundo melhor para todos, os seres humanos que agirem moralmente mesmo nao tendo religido, indicaria que no ha a uma ligagao obrigatéria entre moralidade e E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 13 de 15 religiéo. Conforme a observagao logo no inicio desse texto, a respeito da constituigao do ethos, a nogao de moralidade é oferecida no apenas pela religiao, mas pelos demais ambitos do universo social. Por isso é natural que ateus e agnésticos tenham posturas morais e éticas tanto quanto os religiosos. Existem muitos outros motivos e exemplos que nos mostrariam que a ética, reflex4o sobre uma moral, 6 a concepgao mais adequada; também muitos outros que nos mostrariam que a ligago entre religido e ética nao é certeira. Ha, porém outra provocagao que salta aos olhos em decorréncia dessa reflexdo: havendo hoje “éticas” — como dizem — ou, modos de agir em cada Ambito da vida e do saber (ética médica, ética docente, ética empresarial, ética politica, etc), porque nao falar em “ética”, um modo de proceder dentro da religiao? Por exemplo, é preciso ter respeito acima das leis, para com outras religides, sua existéncia, o fim que elas indicam as pessoas com as regras que criam e como fazem isto — até porque, nao respeitar o modo de alguém viver de acordo com sua religiéo € dito antiético. (Parece esquizofrénico!) Muitos brasileiros ainda se lembram do pastor evangélico que agrediu a santa padroeira do Pais, para os catélicos. Seria conveniente que, nestas situagdes, a ética como reflexdo sobre os préprios interesses ou modo de pensar fosse exercitada. Nos Ultimos dias temos visto ja manifestagées publicas que indicam a necessidade de se pensar nessa “categoria especifica de ética”. No final de Junho de 2008 uma lei aprovada no senado aponta qualquer ofensa aos homossexuais como crime, a exemplo da lei contra a discriminagao “racial”. Imediatamente surgiu um grupo de evangélicos em frente a0 palacio do planalto reivindicando seu direito de dizer que homossexualismo & pecado sem, por isso, ser incriminado. E entéo, 0 que fazer? Abrir mao da convic¢ao fundamentada pela Biblia de que os homossexuais nao entrarao no céu — e, consequentemente, desobedecer a ordenanga de Deus de dizer isso a essas pessoas? Ou cumprir com a obrigagao crista de apontar 0 erro visando a cura e ser indiciado pela justiga do pais? E agora? Cumpre-se as leis de Deus ou do pais? E interessante notar que em nenhum momento a manifestagao voltou-se aos E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO- Pagina 14 de 15 beneficiados pela lei (ambos, religiosos e juristas nao tiveram a preocupagao de reunir outras opiniées a respeito — o que seria pertinente visto que cada um quer cumprir leis que, em suas leituras, so para o bem dessas pessoas, apesar da contradigao entre elas), mas esteve, todo o tempo, voltada & preocupagao de nao se poder falar, ou n&o, que homossexualismo € pecado. Ora, isso tudo também indica que nao ha uma relagao necesséria entre agir ético e religido, sendo possivel — talvez necessario — falar em ética na religiéo, para além das regras que ela mesma prega. Se entendermos que leis de preservagao da vida sao universais e que religiio é uma necessidade cultural, social, na medida em que a sociedade muda suas convicgSes, seus valores, seu parametro de normalidade, deverd haver um movimento também na religido. Além de tudo, esses movimentos indicam que nossa cultura j4 nao € to orista, pois, se fosse, nao haveria tantas manifestagdes homossexuais — pelo menos ptiblicas -; e perante esse tipo de lei néo sé evangélicos se manifestariam, mas muitos outros membros da sociedade. Da mesma forma, nao podemos deixar de observar que, se pensassemos, enquanto sociedade, em promover a reflexéo ética — ainda que em longo prazo — nao precisariamos criar tantas leis especificas, pois, no fim das contas, nordestinos e mulheres, dentre outros, s4o vitimas das mesmas intolerncias. (Seria esta uma contribuigao religiosa para o ocidente?). Outro exemplo é a bioética, a ética da vida, que trata principalmente de casos complexos, situacdes Unicas, onde se deve analisar os contextos e as consequéncias da agao no context, como pensar em cumprir regras estabelecidas a prior’? Ou ainda, como aceitar que concepgdes morais religiosas sejam o pano de fundo da reflexao? Isso nos faz concluir que, em qualquer Ambito social, laico ou religioso, em que se pretenda um agir ético consciente, a reflexao, compreensdo da légica da moral e a interdisciplinaridade so pressupostos necessarios. Do contrario, em algum momento havera um conflito moral, que, por vezes, tem implicagées terriveis. REFERENCIAS. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br | FaSouza Pagina 15 de15, TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO ABBAGNANO, N. Diciondrio de Filosofia. ALMEIDA, M. Moralidade, Etica e Religiao, 2008. disponivel em: ... BIBLIA SAGRADA. Trad. Joao Ferreira de Almeida. (Lucas, Marcos). VAZ, H. L. Escritos de Filosofia IV: Introdugao a ética filosotica |. Max Weber; Peter R. Baehr; Gordon C. Wells (2002). WEBER, Max (1967). A ética protestante e 0 espirito do capitalismo (S40 Paulo: Pioneira). WEBER, Max (2004). A ética protestante e o “espirito” do capitalismo (Sao Paulo: Companhia das Letras (Tradu¢ao de José Marcos Mariani de Macedo). PIERUCCI, Antonio Flavio (2004). © desencantamento do mundo Companhia das Letras [8.1] SCHLUCHTER, Wolfgang (1981). The Rise of Western Rationalism: Max Webers Developmental History (Berkeley: University Press). SELL, Carlos Eduardo (2013). A racionalizagao da vida (Petropolis: Vozes). «ISA - International Sociological Association: Books of the Century». International Sociological Association. 1998. Consultado em 25-07-2012. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG- & jn anz2 204. (2) 9 7220.8808 Q Fesouza © diretoria@faculdadesouza.com.br

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