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Processo: Relator Descritores Data do Acordio: Votasio: Texto Integral: Sumétio: Aci rdaio do Tribunal da Relagao de Evora 78I1S.2EAEVREL BEATRIZ MARQUES BORGUES FRAUDE SOBRE MERCADORIA, CRIME DE PERIGO ABSTRACTO DOLO CONCORRENCIA DESLEAL 09-03-2021 UNANIMIDADE Ss 1 - Na hipétese prevista e punida no artigo 23.° do DL 28/84 de 20 de Janeiro, o crime de fraude sobre mercadorias, foi concebido como de perigo abstrato. O crime traduz-se num conjunto de comportamentos ou de atividades negociais, como fabricar, transformar, introduzir em livre pratica, importar, exportar, reexportar, colocar sobre um regime suspensivo, ter em depésito ou em exposigdo para venda, vender ou por em circulago por qualquer modo mercadorias ou produtos, nos termos da alinea b) do seu n.° 1, de natureza diferente ou de qualidade e quantidade inferior as afirmadas possuir. 2 - De acordo, também, com 0 artigo 23.° do DL 28/84 de 20 de Janeiro, a penalizag&o dos comportamentos ali descritos carece, ainda, de os respetivos autores pretenderem atuar “com intencdo de enganar outrem nas relagées negociais”. Para a incriminagiio ter lugar impde-se a “intencdo de enganar outrem’”, tal acontecendo, nas palavras de Figueiredo Dias, como exigéncia subjetiva do dolo ¢ que dele se autonomiza, verificando-se sempre que a intengdo tipicamente requerida tem por objeto factualidade ndo pertencente ao tipo objetivo do crime e essa intengao corresponda a vontade do agente do crime. Essa intengiio acrescida toma o crime em causa como de resultado cortado, no dizer de Figueiredo Dias, embora por outros seja considerada como de dolo especifico e fundamenta-se nos comportamentos dolosos descritos no artigo 23.°, n.° | do DL 28/84 de 20 de Janeiro, ou seja, serem praticados “com intencdo de enganar outrem nas relagées negociais”. 3 - A expresso “com a intengdo de enganar outrem nas relacées negociais” prevista no artigo 23.°, n.° | do DL 28/84, de 20 de Janeiro (versio dada pela Lei 20/2008 de 21.4) nao se esgota nas relagdes negociais diretas (entre os arguidos e a compradora) abarcando, ainda, as posteriores relagdes negociais, designadamente, as relagdes indiretas entre os arguidos e os eventuais consumidores do produto. Em todo 0 processo econémico, quando nao respeitada a genuinidade do produto, ha o perigo de ser causado um dano na satide dos consumidores. Ha também sempre a possibilidade de os consumidores finais serem induzidos em erro sobre as qualidades do produto 4 - A expressa mengao dos operadores prejudicados s6 se verifica se estiverem em causa ilicitos criminais de concorréncia desleal a que se Decisio Texto Integral: referem os artigos 321.° a 330.° do CPI como os estabelecidos, por exemplo, em relagdo as marcas, mas no os estabelecidos para as infragdes (contraordenagdes) a que se reportam os artigos 316.° a 319° do CPI. Acordam, em conferéncia, na 2.° Subseccéo Criminal do Tribunal da Relagao de Evora: LRELATORIO Ya decisio No Pracesso Comum Singular n° 78/15.2EABVR da Comarca de Settibal, Juizo Local Criminal de Santiago do Cacém - Juiz 2, submetido a julgamento por acusacio do MP, fi: 41.1. Quanto a Responsabilidade Criminal a) O arguido (..) condenado pela pratica de um crime de fraude sobre mercadorias, previsto e punido pelo artigo 23. n.°1, alinea b) do Regime Juridico da Infragées Antieconémicas ¢ Contra a Satide Publica, aprovado pelo DL n.° 28/84, de 20 de janeiro, na versio que Ihe foi dada pelo Decreto-Lei n.° 20/99, de 28 de janeiro, na pena de 5 meses de prisio, a qual, nos termos do artigo 44.° do Codigo Penal foi substituida por 160 dias de ‘multa, ena pena de 60 dias de multa, ambas a taxa didria de 15 €, perfazendo o montante global de 900 €; b) O arguido (..) condenado na pena tinica de 220 dias de multa, a razao didria de 15 € no ‘montante global de 3.300 €, pela pratica do ilcito referido na alinea anterior, nos termos do artigo 6.°, "1 do Decreto-Lei 2 48/95, de 15 de marco. ©) A arguida (..) condenada pela pratica de um crime de fraude sobre mercadorias, previsto e punido pelo artigo 23.7 n.°1, alinea a) do Regime Juridico da Infracées Antieconémicas e Contra a Sade Pablica, aprovado pelo Din. 28/84, de 20 de janeiro, na versio que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n° 20/99, de 28 de janciro, na pena de 60 dias de mula, a taxa didria de 6 €, perfazendo o montante global de 360 € 1.2. Quanto a Responsabilidade Contraordenacional 4) O arguido (..) condenado pela pratica de uma contraordenagao de concorréncia desleal, prevista e punida pelas disposicdes conjugadas dos artigos 317.°,n. 1, linea ¢) ¢ 331°, do Codigo da Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei n° 36/2008, de 5 de marco, nna coima de 1.000 €; 6) A arguida (..) pela pratica de uma contraordenagao de concorréncia desleal, prevista e punida pelas disposigies conjugadas dos artigos 317.°,n.*1,alinea ¢) e331." do Codigo da Propriedade Industrial, aprovado pelo Decreto-Lei n.° 36/2003, de 5 de marco, na coima de 3.500 €; 1.3. Mais foi decidido e determinado: £) Declarar perdidas a favor do Estado os objetos apreendidos a ordem dos autos, nos termos do artigo 23°, 3 do Decreto-Lei n° 28/84, de 20 de janeiro, e ordenar a sua destruigao; 8) Publicitar a decisio, nos termos do disposto nos artigos 23°, n."4 ¢ 19.° do Decreto-Lei n° 28/84, de 20 de janeiro. 1s dos arguidos (..) ¢(..) Inconformados com a decisao os arguidos interpuseram recurso extraindo da respetiva motivagdo as seguintes conclusées (transcricdo): “1, Os RECORRENTES discordam da decisio condenatsria, por desconforme com a verdade dos {actos com a Lz e com a Constituigdo da Replica Portuguesa, I. A Sentenga assenta numa Acusagio/Promuincia cheia de contradigies e, no sex esforgo notério para a estas aderir, ficou necessariamente inquinada, IL. Por sua vez, a Acusagi/Proniincia assentou numa ineestigago incompleta ede alvoerrado, colocando os Recorrentes, tanto ro plano objectivo como no subjective, mum papel que de todo, no fio seu 1V. Foram assim contraradas, e em absoluto, as mais elementaresregras processus, mas sobretudo de lealdade processual,igualdade de armas e prudéncia, V. A incompletude e contradiio investigatriae acusatriateve como consequéncia incorreccdes juridicas vérias, que tansitaram da Acusagia/Proniincia e estio espelhadas na Sentenca condenatéria V1. Nao é feta wma anise critica e ponderada dos factos em discusso com a real e concreta actuagio dos seus intervenientes. VII. E certo que o tribunal julga a matéria de facto de acordo como principio da lore apreciagao da prova, com assento no art. 127.%, do CPP, excepto nos caso de prova vinculada, questi que, ora, aio se colo. VIII. A tiore apreciagio consiste em o tribunal apreciar a prova de acordo com a sua lore comvicgio eas regras da experiéncia. IX. Esta livre aprecagao nao libertao julgador do dever de procurar a verdade material ea forma como exercita este dever “hé-de ser, em concreto,recondutivel a critério objectives e susceptiveis de rmotioagao e controlo”. X, Sindicando o exercicio da liberdade de apreciaclo detecta-se que o julgamento da matéria de facto do tribunal recorrido assenta em flagrante divergéncia sobre as prooas que valorou e sustentou ma motiongao, XI. Forum assim incorrectamente julgados os factos 3, 8, 9, 12,13, 14, 15 ¢ 16, XI No facto 3.a mengio “para distribwigio aos consumidoresfinais naguele pais” é um excesso {face i pripria motioagio (fundamentagao), que deve ser eliminada e relegada para os factos nao provados, XIII. Quanto aos factos 8 9, face &divergéncia aqui crinda entre a lista de ingredientes aposta no rétuloe 0 conterido das garrajas (no facto 6 ficou provado que consta do rbtuloo seguinte: “ingredientes: Azeite de Oliva Extra Virgem e Oleos Vegetais Refinados"), so desconformes com a verdade, conclusioos, e sem suport, pelo que devem ser eliminadas: ~ aexpressio “Nao obstante os dizeres apostos nos rétulos” constante do facto 8; ¢ ~as expressies “Assim, ao contrério do que é exarado na lista de ingredientes aposta no rétulo das rmencionadas garrafas,” e “e nao azeite virgem extra.” as quais devem ser relegadas para os factos no provados. XIV. O facto 12 deve ser reduzido d expressio “O rétul foi elaborado pela sociedade compradora, mas enviado a e aposto pela sociedade Arguida’”,relegando-se a demais matéria para os factos nao provads. XV. O facto 13 deve ser eliminado do elenco dos factos provados e acrescida aes factos nfo provados. XVI. Os factos 14 € 15 devem ser eliminados do elenco dos fect {actos nao provadios. XVII O facto 16 no deve ser dado como provado mas sim como nio provado. Sem conceder na impugnagio da matéria de facto acima oferecida e que, cré-se convictamente, ditard a absolvigio dos RECORRENTES, para a hipétese académica de assim nao se veificar, XVIIL E de excluir a responsabilidade criminal dos RECORRENTES, sob qualquer forma, por a ‘sua conduta ser irrestritamente atipica @ luz quer do bem juridico protegido, quer do desenho tipico «do crime de fraude sobre mercadorias; XIX. O artigo 23.° do Decreto-Lei n.° 20/84, de 20 de Jancir, criminaliza a comercializagio ‘fraudulenta de mercadorias depreciadas que no correspondem as legitimas expectativas do ‘adguirente do bem; XX. A incriminacio visa assim proteger a confianca na qualidade e autenticidade dos bens destinadas a comércio por via do dano econdmico ou patrimonial causado a contraparte negocial; XXI. A atipicidade da conduta dos arguidos (..), SA, ¢ (..) advém, em primeiro lugar, por a sua ‘actuago, em nenkium momento, contrariar « canfianca e as expectations do adguirente da rmercadoria ~ a sociedade (..) ~ sendo, como tal, inofensioa a luz do bem juridico-penal protegido; XXII. De igual modo, a conduta dos arguidos (..) ndo preenche o tipo objectivo de iicito por completa auséncia da violacio de um dever de informar a contraparte sobre as caracteristicas do bem produzido; XXIIL Una mercadoria producida em integral conformidade as caracteristcas slicitadas pelo ladguirente no pode ter-se como depreciada a luz da afen b) do n.* 1 do artigo 23.%, sendo inapta a causar engano na relagio negocial; XXIV, O tipo lgl de rude sabre meradoriseig, nse preenchimento pc, wna desconformidade entre as caracteristicas do bem adquirido¢ as legitimas expectatioas do adguirente = o gue, no caso concreto, nao se verificou como é reconhecido na factualidade tida como indiciada na decisio instrutéria: XXV. E assint por demais evidente a inexisténcia de qualquer logro ow itusio por parte dos arguidos na relagio negocial que estabeleceram, elemento necessario ao preenchimento do tipo objectivo de fraude sobre mercadoras; XXVI.A conduta dos arguidos (..) € ainda atipica, do lado do tipo subjectivo de ilcit, por via de ‘uma fotal auséncia da intengao de enganar o adquirente do bem, como é als também afirmado pela decsto instrutéria; XXVIL Na medida em que com a sua conduta os arguidos néo preencheram 0 tipo objectivo e subjectivo de fraude de mercadorias, fica excluida a sua autoria criminosa; XXVIIL Ao condenar os arguidos pela autoria de um crime de fraude sobre mercadorias, a sentenca promincia incorre numa frontal e inadmissivel violagao dos principios da tipicidade e da culpa; XXIX. E assim por o juizo de censura assentar, na visto do tribunal, numa actuagio fraudulenta, futura eimprevisivel, de terceiros ~ independente da vontade dos arguidos ~ tendo por destinatirios ‘os consumidores finais do mercado brasileiro; wrovados e reproducidos nos XXX. Deste modo, a censura plasmada na sentenca tem por fundamento ndo um facto tido como ‘obra dos arguids, mas antes a pritica futura de actos faudulentos e enganosos por terceros (ex injuria tertt), susceptivel de por em causa interesses econsmicos e patrimoniais de consumidores brasileiros: XXXI, Um tal entendimentofere nao s6 0 principio da culpa, como se revela ainda incompativel como desenho tipico do crime de fraud de mercadorias, contrariando os limites do principio da legalidade criminal; XXXIL Interpretar o tipo legal no sentido de nele se incluir, por via do elemento tipico subjectivo, a intengdo de enganar qualquer pessoa do circuito comercial que nto 0 adguirente do bert, designadamente 0 consuonidor final, &contrariar a letra e 0 sentido da norma in malar parter, pondo em causa a funcio de garantia reconhecida ao principio de legalidade criminal; XXXII. Ainda que ~ contrariando a factualidade indiciada ~ se procurasse ver na actuagto dos arguides no uma autoriacrimtinosa mas um contributo a fraude a realizar por terceiros, uma tal condita seria criminalmenteirrelevante, quer pela absoluta auséncia de um facto ilicito principal, exigido pela acessoriedade da cumplicidade, quer pela inexisténcia do elemento subjectivo préprio desta figura comparticipatiog, concretizado na dupla exigéncia de representagao do iicito principal e doacto de auxilio; XXXIV. Aina que se entenda que o engano lipico integra apenas o tipo subjectivo (0 que é discutivel, na medida em que se trata de tipo especial de burla) «letra da norma expressamente contextualizae delimita esse engano: em causa esté um engano de outrent no ambito de relagies negociais. O engano tipico & referido as relagies negociaisestabelecidas pelo agente do crime. Ou ‘ej, o agente tem de, por forca da letra da lei, actuar com intengio de enganar outrem ~ que sé pode ser aquele com quem se relaciona, ocorra essa relagao no momento da producto do bem, do depdsit, dda venda, etc XXXV, Em causa esté uma intengao de enganar alguém na relagio negocil estabelecda pelo agente do crime em qualquer momento do circuito produtivo. A intengao de enganar & pessoal € ‘munca poderd existir através de uma relagdo negocial a estabelecer no futuro por terceiro, tal como parece entender a decisio! XXXVI. Uma tal interpretagio da norma extravasa os limites da norma-texto e contraria o Principio da legatidade criminal, previsto no artigo 1, n.°s 1 ¢ 3, do Céidigo Penal e reconhecido constitucionalmente no artigo 29.,n.* 1, da Constituigao da Reptiblica Portuguesa XXXVIL. Uma interpretagio do tipo legal previsto no artigo 23.° do DL 28/84, que refirao engano tipico as relagies negociais estabelecidas no pelo agente mas por terceires, €incomstitucional por ulirapassar a lei penal escrita (eo principio da culpa) XXXVIIL.A sentenca refereexpressamente a fraude sobre mercadorias visa tutelar a confianca dos ‘operadores econdmicos na autenticidade das mercadorias. Este bem juridico nao foi em concreto colocado em perigo ox afectado em nenhum momento pela conduta dos arguidos, na medida em que ‘0 produto correspond as expectativas do adquirente /operador econdico, como se provou na materia de facto. XXXIX. E ainda que se vishuntbrasse como interesse protegido os interesses dos consumidores brasileros,futuros eincertos, as suas expectations nunca foram afectadas ou sequer poder ser colocadas em perigo, atendendo ao facto de o produto te sido aprendido em Portugal, num tempo ¢ num espago indubitavelmente longinquos do mercado e da confianca na autenticidade do produto por parte dagucles consumidores brasileiros, Entre o produto e as expectativas de autenticidade da rmercadoria interpée-se literalmente um oceano. Também por aqui fica claro que a conduta dos arguidos no constitui um acto de execugio do crime de fraude, definido como aguele que coloca em perigo iminente, teniporalmente préximo o bert juridico protegido, XL. E ainda que se admitisse ~ 0 que nao se indicia e no se concede ~ uma intengio ow conformagio & pritica do crime, a conduta dos arguidos sempre se figuraria na fase preparatsria da realizacdo criminosa, nao puntvel a luz do disposto no artigo 21. do Cédigo Penal; XLL.A interpretagio que a decisdo faz da norma incriminatoria é tao ampla que nela fz eaber 0 que dela se quis excluir: actos preparatirios (2g. deserigiesfalsas no rétulo do produto ou a introducio de um sucedineo na mercadoria) tipificados a outro titulo pelo legisado. Isto em clara violagao dos principios constitucionais da proporcionalidade e done bis in idem XLII. Apor numa mercadoria um rStulo que the confere a aparéncia de wma qualidade superior constitui objectioamente um acto preparatéri, no punivel nos fermos da lei, e indevidamente ‘alorado pela deciséo condenatéria por duas vezes; XLII. Do mesmo passo, ao admitir que no tipo legal de fraude sobre mercadorias caber as “falsas descrigdes sobre a qualidade do produto”, o tribunal incluiu forcadamente no tipo legal um acto substancialmente preparatirio do crime de fraude de mercadorias. A descrigao incorrecta no rétulo de um bem seria um acto preparatério do acto de fraude, isto é da criagto do engano que integra fipicamente aquele crime. A relevéncia de tal acto ~ sendo de natureza preparatéria - tem de dar-se por via da sua expressa previsio legal, nos termos da ressalva estabelecida na parte final do artigo 21. do Cédigo Penal: “0s actos preparatérios no sdo puntveis, salvo disposicio em contririo”. XLIV. Ora, a relevincia desse acto preparatsrio encontra-se na ilicito de concorréncia desea, tido hoje como contra-ordenagio, previsto mo Ciidigo da Propriedade Industrial Inluir tal acto no artigo 23.° do DL. 28/84 nio 6 viola a letra da lei como a exigencia de proporcionalidade entre a _grmvidade da condutae a gravidade da sancio enquanto principio acolhido no artigo 18°, n.°2, da CRP. XLV. Ao admitir que no tipo legal de fraude sobre mercadorias cater as “felsas descrigdes sobre a ‘qualidade do produto”, pune-se duas vezes a mesma conduta: a titulo de concorréncia desteal(tida como ilicito criminal até 2003) como fraude sobre mercadorias. O mesmo é dizer: a mesma condita ~ a introdugao de informagaes no rétulo nao correspondentes is caracteristicas do produto ~ €valorada duas vezes em clara violacio do principio da proibigdo da dupla valoragto,fundado constitucionalmente no principio ne bis in idem. XLVI. Un tal entendiment fere de forma insuprivel e inadmissivelo principio ne bis in idem, acolhido no artigo 29.°, n° 5, da Constituigio da Repiiblica Portuguesa Quando assim nao se entenda, mas tio 86 por mera cautela de patrocinio, ainda sem conceder. XLVIL Atento o bem juridico protegido nao ha um problema de “genuinidade e autenticidade dos produtos”, por ser de natureza diferente, qualidade diferente e muito menos quantidade, O que esté «em causa é a rotulagem quanto a forma como apresenta a sua composicao, XLVIII. A producto, exportagio de géneros alimenticios que, néo sendo anormais, evelemt wma composigio, que ndo correspondam & designagdo ou atrbutos com que so comercilizados étratada pelo artigo 58. n.° 1 ~alinea t), do mesmo Decreto-Lei n.° 28/84, de 20 de Janeiro integrado na respectioa SECCAO Il, que trata “Das contra-ordenagies em especial” XLIX. Neste conspecto, os factos provados na sentenga recorrida no poderiam integrar a prtica de tum crime de fraude sobre mercadorias pp. pelo artigo 23.°, n.° 1 alt), do Decreto-Lei n° 28/84, de 20 de Janeiro mas, quanto muito, sempre sem conceder, a pratica da contra-ordenagio p.p. pelo artigo 58°, n° 1-alinea b), do mesmo diploma legal L. O tribunal superior pode, em recurso, alterar ofciosamente a qualificacio juridico-penal

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