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Exame do abdome

GENERALIDADES ▸ Abdome em avental: acumulo exagerado de tecido adiposo


▸ Demanda observação da expressão facial da criança no no subcutâneo na parede abdominal, com queda da
decorrer do exame parede sobre as coxas do indivíduo na posição de pé
▸ Pode ser examinado primeiro como não exige emprego de ▸ Abdome pendular: resulta de fraqueza da musculatura da
instrumentos que atemorizam a criança parede ou agenesia muscular
▸ Pode ser dificultado por medo, choro, tensão da parede ⇨ Síndrome de prune-belly (abdome em ameixa)
▸ Abdome escavado (retraído ou concavo): evidencia
abdominal ou sensação de cócegas pela mão do
rebordos costais, espinhas ilíacas e sínfise púbica
examinador. Exame pode ser retomado quando criança de
⇨ Relacionado a desnutrição grave, desidratação
acalmar e se sentir mais segura com o examinador acentuada ou anomalias congênitas com conteúdo
▸ Joelhos fletidos promovem relaxamento da parede anterior abdominal deslocado (hernia diafragmática) ou sem
do abdome conteúdo devido a processo obstrutivo (atresia de
▸ Deve-se expor a região inguinal e parte inferior do tórax esôfago sem fistula)
para examinar adequadamente fígado, vesícula biliar e ⇨ Cuidado com a falsa impressão que a distensão
baço. Cobrir o que não está sendo examinado torácica por pneumotórax pode acarretar
▸ Grande parte dos pacientes possuirá dor abdominal de ▸ Abdome assimétrico: suspeita varia conforme sitio da
origem desconhecida, com desaparecimento espontâneo distensão
▸ Grande parte dos diagnósticos pode ser realizado somente ⇨ Distensão no andar superior acompanhada de
com história clínica e exame físico, sem necessidade de vômitos – obstrução duodenal
exames complementares (até 90%) ⇨ Abaulamento localizado ou tumoração – distensão
da bexiga, abcesso de parede, atrofia muscular
circunscrita, hérnia incisional
DIVISÃO TOPOGRÁFICA DO ABDOME ⇨ Tumefação localizada da parede abdominal –
▸ Emprego de linguagem universal para localizar sinais e paralisia de musculatura
sintomas ⇨ Abaulamento difuso – atresia intestinal baixa
⇨ Abaulamento súbito e intenso no RN –
pneumoperitoneo por enterocolite necrotizante ou
íleo meconial
▸ Transluminação pode diferenciar massa cística de sólida,
bem como evidenciar distensão da bexiga, ascite, rins
hidronefróticos ou policísticos
▸ Hérnia umbilical: comum nas crianças até 2 anos de idade
⇨ Cirurgia se persistir após 4 a 5 anos de idade ou se
defeito fascial for maior do que 1,5 a 2 cm, após 2
anos de idade, e não houver redução após um 1 ano
ou mais de acompanhamento
▸ Respiração é predominantemente abdominal até os 7 anos
de idade, mantendo o padrão abdominal somente em
decúbito após essa idade
⇨ Imobilidade da parede durante respiração está
relacionada a peritonite, apendicite, íleo paralitico,
paralisia diafragmática ou distensão acentuada por
ascite ou gases
⇨ Se a respiração é exclusivamente abdominal devem
ROTEIRO DO EXAME
ser buscados fatores de comprometimento
▸ Inspeção pulmonar, como enfisema e pneumonia
▸ Ausculta ⇨ Respiração paradoxal (movimentos opostos de tórax
▸ Palpação superficial e abdome na respiração) está relacionada com
▸ Percussão paralisia diafragmática
▸ Palpação profunda ▸ Pulsações epigástricas: podem ser normais ou resultantes
da transmissão pelo diafragma de pulsações da hipertrofia
de VD
INSPEÇÃO ▸ Peristaltismo: visível pode ser normal em prematuros, mas
▸ Postura lordótica, com aspecto saliente do abdome é geralmente estão relacionadas a obstrução
comum na criança ⇨ Ondas gástricas da esquerda para direita são sinais
▸ Abdome globoso: crescimento uniforme com predomínio do de estenose pilórica em lactentes jovens
⇨ Desencadeadas por atrito epigástrico
aumento do diâmetro anteroposterior. A distensão pode ser
▸ Observar a presença na pele de cicatrizes cirúrgicas, estrias,
por excesso de ar, liquido ou fezes nas alças intestinais,
erupções ou equimoses. No umbigo verificar se há hernia
hipotonia da parede ou existência de ar ou liquido na ou inflamação. Considerar tumorações, diástase dos retos,
cavidade hernias incisionais e epigástrica
⇨ Ocorre na obesidade, edema de parede, ascite, ⇨ Persistência do úraco pode se apresentar como
peritonite, pneumoperitônio, meteorismo, gotejamento de urina pela cicatriz umbilical na
megacólon, esplenomegalia, hepatomegalia, fistula uracal
duplicação intestinal, tumores ou cistos intra- ⇨ A persistência do ducto onfalomesentérico pode
abdominais, fibrose cística, raquitismo, acarretar na formação de fístula vitelina (com
hipotireoidismo, obstrução intestinal, constipação e drenagem de conteúdo fecal para umbigo), cistos,
íleo adinâmico, hipopotassemia tecido de granulação, divertículo de Meckel
▸ Abdome em batráquio: paciente em decúbito dorsal possui ⇨ O granuloma umbilical é a anormalidade do umbigo
aumento dos flancos mais frequente em recém-nascidos e resulta de um
⇨ Fase de regressão da ascite supercrescimento do tecido de granulação, que
persiste na base do cordão umbilical após a sua Tipo porta
queda. Acredita-se que é desencadeado por uma ▸ A rede venosa vicariante localiza-se na face anterior do
infecção subclínica que determina a proliferação de tronco, principalmente nas regiões periumbilical,
células endoteliais com inadequada epitelização. Ao epigástrica e face anterior do tórax.
exame, apresenta-se como pápula avermelhada e ▸ O fluxo sanguíneo seguirá de baixo para cima, do abdome
úmida, assintomática, no centro da cicatriz umbilical. para o tórax, na direção da veia cava superior através das
Deve ser diferenciado dos pólipos umbilicais e dos veias xifoidianas e longas torácicas superficiais.
remanescentes do úraco. O tratamento ▸ Quando a circulação colateral se torna mais intensa, é
convencional é realizado pela cauterização química possível ver os vasos nos flancos e fossas ilíacas.
com nitrato de prata. Porém, além do risco de
queimaduras, o produto não está sendo encontrado
para compra. Um recente estudo mostrou resolução
completa do granuloma umbilical após aplicação do
sal, sob oclusão por 24 horas
⇨ Umbigo cutâneo é variação do normal com avanço
da pele por um centímetro ou pouco mais, ao longo
do cordão umbilical. O umbigo torna-se saliente,
mas com resistência normal. É mais comum nas
raças não brancas.
⇨ Artéria umbilical única pode estar associada com
malformações congênitas
⇨ Observar presença de gastroquiese e onfalocele
AUSCULTA
▸ Deve preceder palpação pois a manipulação pode afetar
sons peristálticos
▸ Sons do peristaltismo, os ruídos hidroaéreos, são ouvidos a
cada 10-30 segundos
▸ Borborigmo é o borbulhamento prolongado ou intenso
resultante da hiperperistalse ou do aumento do conteúdo
das alças intestinais
▸ Peristaltismo é acentuado e frequente na diarreia, na
presença de sangue no interior das alças na hemorragia
digestiva, na obstrução intestinal e na fase inicial da
peritonite. A ausência de sons é observada no íleo paralitico
e peritonite
▸ Som venoso pode ser auscultado na obstrução da veia
▸ Posição antálgica de flexão da coxa sobre o quadril pode porta
ser observada em estados como apendicite aguda, doença ▸ Na coarctação da aorta é possível ouvir sopro abdominal
inflamatória pélvica. Imobilidade do paciente pode ser sinal ▸ Pode se ouvir sopro renal na estenose arterial
de peritonite inflamatória difusa por perfuração de víscera ▸ Sopros sistólicos são originados de artérias – aneurisma de
oca. aorta, hepática ou esplênica
▸ Diástase dos retos consiste em protrusão da parede ▸ Sopros contínuos são venosos – circulação colateral
abdominal na linha mediana do abdome entre apêndice periumbilical resultante de hipertensão porta
xifoide e umbigo. Muitas vezes é normal, mas pode estar
relacionada com musculatura débil ou distensão PALPAÇÃO SUPERFICIAL
abdominal crônica
▸ Paciente deve ser distraído pelo examinador para se
observar suas expressões faciais
Circulação colateral na parede ▸ Em caso de dor, deve ser iniciada do lado oposto ao sitio
Tipo cava superior doloroso
▸ Circulação profunda: O sangue deixa o sistema porta pela ▸ Importante verificar se abdome se encontra flácido ou
veia gástrica direita e veias gástricas curtas e, através de tenso
anastomoses, alcança as veias esofágicas, de onde passa ▸ Para se distinguir dor da parede abdominal da intra-
para a veia ázigo e daí para a veia cava superior. abdominal basta realizar palpação com cabeça da criança
▸ Em consequência do aumento da pressão no plexo venoso elevada
submucoso esofágico, desenvolvem-se as varizes ⇨ Sensibilidade diminui na dor intra-abdominal
esofágicas. ⇨ Dor aumenta na lesão de parede (sensibilidade
▸ Circulação superficial: O sangue deixa o sistema porta superficial)
dirigindo-se à parede abdominal pelas veias ▸ Hiperestesia cutânea está associada com reflexo
paraumbilicais, das quais, por anastomose, alcança as veias viscerossensitivo que projeta na pele sitio de processo
epigástricas superiores e as superficiais da parede inflamatório visceral
▸ Rigidez da parede ou defesa muscular ocorre de reflexo
Tipo cava inferior visceromotor do peritoneo parietal acometido por
▸ Circulação profunda: A hipertensão venosa no território da adjacência ao órgão inflamado
veia mesentérica inferior impele o sangue, em ⇨ Para diferenciar defesa voluntaria de contratura
contracorrente, pela veia retal superior em direção às veias abdominal deve-se pedir para o paciente palpar
médias e inferiores, das quais passa para a veia ilíaca durante a expiração pela boca, em que se
interna e, desta, para a cava inferior. desaparece a defesa voluntaria
▸ Em consequência, os plexos hemorroidários tornam-se ▸ Ordem habitual de palpação é iniciada pelo quadrante
muito evidentes, podendo sangrar. inferior esquerdo com sequencia anti-horária
▸ Outros trajetos podem estabelecer-se em direção à veia
cava inferior, através de anastomoses com as veias frênicas
inferiores e veias suprarrenais.
PERCUSSÃO
▸ Circulação superficial: sangue deixa o sistema porta pelas ▸ Realizada de maneira indireta – interposição do dedo do
veias paraumbilicais e, por anastomoses, alcança as veias examinador
epigástricas inferiores e as superficiais da parede
▸ Timpanismo acentuado – aerofagia, obstrução intestinal Fígado
baixa, pneumoperitonio e íleo paralitico ▸ é relativamente maior que o do adulto. Durante o primeiro
⇨ Sinal de Jobert – timpanismo em região de macicez ano de vida é palpável entre 1-2cm abaixo do rebordo
hepática na linha hemiclavicular, indicando costal direito. No recém-nascido pode alcançar 3 cm
pneumoperitoneo. Indica perfuração de viscera oca ▸ Método de Lemos Torres: mão esquerda sobre a região
▸ Espaço de Traube (limitado pelo diafragma, rebordo costal lombar, apoiando as duas últimas costelas, traciona-se o
esquerdo, lobo esquerdo do fígado e linha axilar anterior) é fígado para frente, com mão direta tenta-se palpar a borda
normalmente timpânico, exceto em esplenomegalia, hepática na inspiração profunda, com as falanges distais do
pseudocisto pancreático, tumor peritoneal ou indicador e médio
retroperitoneal em que se torna maciço ▸ A segunda técnica é a “manobra em garra” ou processo de
▸ A presença de liquido livre na cavidade abdominal (ascite) Mathieu, no qual o examinador deve estar à direita do
observada na cirrose descompensada, hipoproteinemia, paciente, e apoia as polpas digitais no rebordo costal, como
doenças do peritônio, congestão hepática, extravasamento se estivesse tentando “entrar por baixo do rebordo”, e pede-
de suco pancreático, afecções linfáticas e doenças se que o paciente inspire, para que assim ocorra a descida
infecciosas (esquistossomose, paracoccidioidomicose, do fígado.
leishmaniose) é detectada pela macicez ou submacicez ▸ Fígado normal tem borda fina, superfície lisa, consistência
⇨ Em decúbito – nos flancos (semicírculo de Skoda) elástica é indolor e não causa refluxo hepatojugular
⇨ Em ortostatismo – em localização gravitacional ▸ Aumento súbito do tamanho do fígado: IC direita.
central ▸ Redução súbita do tamanho do fígado: hepatite fulminante
⇨ Sinal do piparote pode ser utilizado, porém só ▸ Pulsação no fígado: transmissão do impulso da aorta,
detecta grandes volumes regurgitação ou estenose de valva tricúspide, pericardite
⇨ Sinal da macicez móvel também pode ser usado constritiva
▸ A percussão do fígado na altura da linha hemiclavicular ▸ Definir limites em relação a linha hemiclavicular direita
direita permite avaliar tamanho do órgão (hepatimetria), (lobo direito) e apêndice xifoide (lobo esquerdo)
que varia com a idade do paciente ⇨ Algumas doenças cursam apenas com aumento do
⇨ Borda superior avaliada pela transição do som claro lobo esquerdo como fibrose hepática congênita,
pulmonar para macicez. Borda inferior avaliada pela esquistossomose e hepatopatias crônicas diversas
palpação ⇨ Elevação dos limites do fígado pode ocorrer na
⇨ Tomar cuidado com hiperinsuflação pulmonar que presença de tumor abdominal, ascite ou paralisia
pode rebaixar fígado dando impressão de diafragmática
hepatomegalia ▸ Hepatomegalia pode ser causada por
⇨ Interposição de alça colonica (Chilaiditi), meteorismo, ⇨ Congestão venosa – ICC e pericardite constritiva
pneumoperitorio podem fazer impossível identificar ⇨ Obstrucao do fluxo venoso de saída – Budd Chiari
a macicez ⇨ Acumulo de células inflamatórias por causas
infecciosas ou não
⇨ Acumulo de substancias nos hepatócitos (esteatose,
hemocromatose, mucopolissacaridoses)
⇨ Acao de substancias toxicas
⇨ Neoplasias benignas ou malignas
⇨ Cirrose, fibrose, histiocitose
▸ O sinal de Murphy acontece quando o paciente reage em
sua respiração de forma rápida à palpação profunda da
vesícula biliar. Dessa forma, palpa-se o ponto biliar ou
ponto cístico, no hipocôndrio direito e pede-se para o
paciente inspirar profundamente

Baço
▸ Palpado como massa superficial no quadrante superior
PALPAÇÃO PROFUNDA esquerdo com a mão esquerda exercendo pressão para
▸ Orientada pela percussão cima sob a face posterior do hemitórax esquerdo
▸ Intuito de identificar massas – localização, tamanho, forma, ▸ Só se torna palpável quando está aumentado em duas
consistência, sensibilidade, pulsações, mobilidade – além vezes
de vísceras, vasos e hérnias ▸ Nas primeiras semanas de vida pode ser palpado 1 a 2 cm
▸ Sinal de Blumberg – dor súbita a descompressão da parede do rebordo costal esquerdo em razão da eritropoese
abdominal. Indica peritonite extramedular. Após essa fase normalmente não é palpável,
⇨ Quando realizado no ponto de McBurney pode mas em crianças sadias até o primeiro ano de vida pode-se
indicar apendicite palpar uma ponta mole, indolor sem outras alterações
▸ Sinal do Obturador é feito à flexão e rotação externa da ▸ Classificação de Boyd é pouco utilizada em pediatria
coxa direita. Ao movimento, cria dor em região hipogástrica, ⇨ 1- sobre rebordo costal esquerdo
sugerindo apendicite aguda. ⇨ 2 – abaixo do rebordo costal esquerdo
▸ Sinal do iliopsoas é feito ao elevar a perna estendida do ⇨ 3 – até a cicatriz umbilical
paciente, sendo ela a direita. Caso o paciente sinta dor ao ⇨ 4- abaixo da cicatriz umbilical
movimento, é um indicativo de apendicite aguda. ▸ Uma das formas mais conhecidas de palpar o baço é pela
▸ Sinal de Rovsing é realizado pela palpação do quadrante posição de Schuster. O paciente deve estar posicionado em
inferior esquerdo do abdome, embora o paciente apresente decúbito lateral direito com o membro inferior esquerdo
dor no quadrante inferior direito. Assim, caso o paciente fletido a 90° e o joelho serve como ponto de apoio sobre a
sinta dor, é também um indicativo de apendicite. mesa do exame, garantindo equilíbrio ao paciente. O
▸ Na estenose hipertrófica do piloro é identificada tumoração membro inferior direito deve estar estendido. O membro
à palpação profunda após episódio de vômito ou do superior direito fica estendido enquanto o membro superior
esvaziamento gástrico por sonda esquerdo deve ficar fletido sob a cabeça. Essa posição induz
▸ Na invaginação intestinal palpa-se tumoração firme, a movimentação do baço em direção ao rebordo costal, o
cilíndrica e indolor, sobretudo em quadrante superior que facilita a palpação
direito
▸ o bolo de áscaris pode ser palpado em parte média do
abdome, próximo ao umbigo, sendo duro móvel e indolor

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