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CÂMARA MUNICIPAL DE CONTENDA

ESTADO DO PARANÁ

DIVISÃO JURÍDICA

PARECER 040/2019

EMENTA: trata-se da análise jurídico/legal, a pedido


da presidência dessa Casa a respeito do Projeto de Lei
nº 005/2019 de iniciativa do Poder Legislativo.

I – DO CARÁTER OPINATIVO

Tendo em vista o disposto no art. 133 da Constituição Federal, in verbis:

Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por


seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

Considerando, ainda, o disposto na Lei nº 8.906, de 1994 (Estatuto da Advocacia


e da Ordem dos Advogados do Brasil):

Art. 7º São direitos do advogado:


I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
[...]
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria,
difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua
atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante
a OAB, pelos excessos que cometer.

Ressaltando, por fim, a decisão e fundamentação proferida pelo Supremo Tribunal


Federal nos autos do Mandado de Segurança nº 24631/DF:

EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE


EXTERNO. AUDITORIA PELO TCU. RESPONSABILIDADE DE
PROCURADOR DE AUTARQUIA POR EMISSÃO DE PARECER
TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA. SEGURANÇA
DEFERIDA. I. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer
jurídico: (i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao
parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela
manifestação do órgão consultivo; (ii) quando a consulta é obrigatória, a
autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à
consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de
forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer;
(iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante,
essa manifestação de teor jurídica deixo de ser meramente opinativa e o
administrador não poderá decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou,
então, não decidir. II. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo
impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo superior
hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato
administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário,
mas apenas incorpora sua fundamentação ao ato. III. Controle externo: É lícito
concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de uma alargada
relação de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual tenha
resultado dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro,
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submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias,


não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer
de natureza meramente opinativa. Mandado de segurança deferido. (grifo nosso)

II – DA LEGITIMIDADE PARA ELABORAÇÃO DE PARECER

A fundamentação para a elaboração do presente parecer jurídico consta no anexo


I, da Lei Municipal nº 1731/18.

III – DA FUNDAMENTAÇÃO

O presente projeto de lei vem com o intuíto de regulamentar a Lei Federal nº


10.436/2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais.

A Constituição Federal, de caráter dirigente e social, abrange e tutela os direitos


dos indivíduos, sendo eles ou não portadores de necessidades especiais ou deficientes.
Disciplina no art. 5º, caput:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes: (grifos nossos)

Garante ainda, no art. 7º, XXXI a proibição de qualquer discriminação no tocante


a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência, garantindo a
efetiva entra no mercado de trabalho daquele que é portador de deficiência, seja ela física,
mental, intelectual ou sensorial.

Institui ainda a competência comum, disposta no art. 23, da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios para cuidar da saúde e assistência pública, da
proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência, bem como assegura
competência legislativa concorrente desses entes federados para disciplinar a cerca da
proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência (art. 24, XIV).

E por fim, a par de outras normas constantes no texto magno, fica disciplinado
que:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao
adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-
los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão. (Redação dada Pela Emenda Constitucional
nº 65, de 2010)

§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança,


do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não
governamentais, mediante políticas específicas e obedecendo aos seguintes
preceitos:

(…)

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II - criação de programas de prevenção e atendimento especializado para as


pessoas portadoras de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
integração social do adolescente e do jovem portador de deficiência, mediante o
treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e
serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos arquitetônicos e de todas as
formas de discriminação.

Verifica-se, portanto, que o ordenamento nacional se preocupou, de forma


relevante e extensa acerca das pessoas, seja elas jovens ou adultas, portadoras de
necessidades especiais.

Dessa forma, ao regulamentar a lei Federal sobre o ensino de LIBRAS, o


Município de Contenda se mantém em consonância com os dispositivos constitucionais.

Ao se verificar os dispositivos do Projeto de Lei em questão, não se verifica


aumento de despesa de forma direta ao Executivo.

Ademais, a inclusão de alunos surdos e o ensino de libras são direitos


fundamentais, não podendo o Poder Público negligenciar a sua execução sob o argumento
de falta de verbas1

IV – Conclusão

Tendo em vista o disposto supra, o projeto de Lei 005/2019 a luz da Constituição


Federal e dos demais diplomas legais, é possível concluir, salvo melhor juízo, que o
presente projeto é CONSTITUCIONAL e legal, estando de acordo com o ordenamento
vigente e pode ser levado a apreciação dos vereadores.

É o parecer.
Contenda, 15 de maio de 2019

BRUNA SCHLICHTING
ADVOGADA
OAB/PR 65.180

1
Sobre o tema: < http://www.periodicosibepes.org.br/index.php/redir/article/view/1548>. Acesso em 15 de
maio de 2019.
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