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Movimentações financeiras

Prof. Matheus Moura

Descrição

Compreender os tipos de movimentação financeira, os principais fluxos


financeiros da organização, bem como as demonstrações financeiras e
seus relatórios correspondentes.

Propósito

Movimentações financeiras são parte cotidiana do trabalho de


contadores, gestores e todos os profissionais que atuam na gestão
financeira de uma organização.

Preparação

Antes de iniciar o estudo, tenha em mãos um computador com acesso à


internet e aplicativo com funções matemáticas básicas.

Objetivos

Módulo 1

Os tipos de movimentação financeira e os


fluxos financeiros

Identificar os principais tipos de movimentação financeira e os fluxos


financeiros.
Módulo 2

A importância das demonstrações


financeiras
Reconhecer a importância das demonstrações financeiras.

meeting_room
Introdução
O sonho de muitos empreendedores é ter clientes para que
possam vender o máximo de mercadorias e obter lucro no final
do ano. Para ser um profissional de Finanças altamente
capacitado ou um empreendedor de sucesso, é necessário ter um
ótimo controle da entrada e saída de dinheiro da empresa. Por
meio desse controle, o gestor pode tomar decisões importantes,
como: vender outros tipos de produtos; abrir uma nova loja;
comprar um prédio para fixar endereço empresarial; vender o
carro da empresa; comprar computadores e pagar bônus para os
funcionários.

Para todos que desejam entender o básico de Finanças


Corporativas, é muito importante ter o conhecimento de
controles, como: Fluxo de Caixa, Demonstrativo do Resultado e
Balanço Patrimonial. É necessário compreender as diversas
formas de recebimento e pagamento que existem no mercado,
como transações em espécie, entre outros, com características
próprias que impactam nos resultados financeiros da empresa,
de modo que seja possível identificar se ela terá ou não dinheiro
no final do mês para pagar o salário de seus funcionários.

Neste conteúdo, você identificará os conceitos básicos de


movimentação financeira e, após o estudo, poderá aplicar esse
conhecimento na empresa em que trabalha ou na abertura do
próprio negócio.
1 - Os tipos de movimentação financeira e os fluxos financeiros
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais tipos de movimentação
financeira e os fluxos financeiros.

Primeiras palavras
As constantes entradas e saídas de dinheiro nas empresas podem
ocorrer de diversas maneiras. As empresas funcionam por meio da
venda de um produto ou serviço com a finalidade de gerar lucro para
seus sócios, gerando a constante transação de dinheiro na empresa. O
gestor paga os fornecedores e, simultaneamente, compra material de
escritório, remunera os funcionários, recebe dinheiro da venda de
mercadorias, dos juros após uma aplicação financeira, da prestação de
um serviço ou mesmo da venda de um móvel da empresa que não é
mais usado. A seguir, vamos conhecer as principais movimentações
financeiras que ocorrem nas organizações!

Tipos de movimentação financeira

Transações feitas em espécie


Este tipo de transação é nada mais do que o pagamento ou recebimento
em dinheiro vivo. Quando pagamos uma corrida de táxi a trabalho,
compramos pão para o café da manhã dos funcionários ou recebemos
o pagamento por um serviço de cabeleireiro, costumamos pagar em
dinheiro. Em outras palavras, pagamento ou recebimento de pequenos
valores costumam ser em dinheiro. Trata-se da conhecida transação em
espécie.
As vantagens desse tipo de transação, são poucas, uma vez que têm um
baixo nível de segurança. Geralmente, as pessoas preferem fazer
pagamentos nesta modalidade quando o valor é pequeno ou quando a
empresa não possui máquina de cartão.

Transação feita com cartão de


crédito e cartão de débito
O cartão de crédito é uma modalidade de crédito destinada à aquisição
de bens e serviços em estabelecimentos comerciais previamente
credenciados e para saques em caixas eletrônicas até o limite aprovado.
As taxas são prefixadas e delimitadas mensalmente. Se o total dos
gastos faturados for liquidado na data do vencimento do cartão, o
usuário não pagará juros. Porém, ele poderá optar pelo pagamento de
uma parcela mínima e financiar o saldo devedor em pagamentos
mensais. Nesse caso, haverá cobrança de juros em cada parcela.
Independentemente da forma de pagamento do saldo devedor, o usuário
do cartão de crédito pagará uma taxa anual de administração.

O cartão de débito é utilizado para saques em espécie a débito de conta


corrente (ou conta de poupança) e também para pagamentos de
transações realizadas. O uso do cartão de débito exige a existência de
saldo bancário ou de um limite de crédito disponibilizado.

Transferências bancárias
O Documento de Crédito (DOC) é uma forma adotada pelos bancos para
transferência de recursos entre contas por seus depositantes, mas tem
limite de R$4.999,99. O crédito é reconhecido na conta do favorecido no
dia útil seguinte à sua emissão. Um ponto importante é, caso tenham
sido fornecidas informações incorretas na emissão do DOC, a decisão
por creditar a conta do beneficiário ou devolver o valor ao cliente fica a
critério da instituição destinatária. O cliente deve se certificar que
informou os dados corretos, porque a inexatidão das informações retira
de sua instituição e da instituição destinatária a responsabilidade pela
demora ou não realização do DOC. Caso o DOC seja devolvido por erro
do cliente, pode haver cobrança de tarifa.

A Transferência Eletrônica Disponível (TED) é uma forma de transferir


recursos entre instituições (financeiras ou pagamentos) detentoras de
contas no Banco Central do Brasil (BCB). É utilizada para transferir
valores entre correntistas de diferentes instituições, pessoas físicas e
jurídicas, e entre as próprias instituições envolvendo pagamento de
obrigações ou não. Não há limite de valor para o envio da TED. O horário
de envio é definido pelas instituições (em geral até 17h dos dias úteis).
Após o horário limite estabelecido pela instituição, ela pode ser
agendada para o dia útil seguinte ou data posterior.

A transferência entre contas de uma mesma instituição é a operação de


transferência de recursos envolvendo contas de clientes de uma mesma
instituição financeira ou de pagamentos, comumente chamada de book
transfer. Normalmente, o valor transferido é creditado imediatamente na
conta do credor, mesmo se a operação ocorrer em finais de semana ou
em dias não úteis – a instituição, no entanto, pode estabelecer critérios
para esse tipo de situação. As regras aplicáveis ao book transfer são de
responsabilidade de cada instituição financeira ou de pagamentos. Não
existe uma regra específica do BCB ou do Conselho Monetário Nacional
(CMN) sobre o assunto.

Boletos
Os boletos são uma modalidade de pagamento oferecida por algumas
empresas para que seus clientes tenham maior facilidade e segurança
no pagamento por algum produto ou serviço.
Duplicatas e faturas
A duplicata é um título de crédito representativo de uma transação de
compra e venda mercantil, ou prestação de serviço. A emissão do título
origina-se de um contrato de compra e venda a prazo.

O documento que substancia a venda a prazo é denominado de fatura.


Uma fatura pode incorporar uma ou mais notas fiscais, porém não é
permitida a emissão de uma duplicata representativa de várias faturas.

Comentário

A duplicata é um título de crédito e a fatura é somente um documento


que comprova a operação comercial realizada. A fatura discrimina as
mercadorias (ou serviços) e as demais informações das notas fiscais
emitidas pelas transações realizadas (como valor, número da nota fiscal
etc.).

PIX
Pix é o pagamento instantâneo brasileiro. O meio de pagamento criado
pelo BCB em que os recursos são transferidos entre contas em poucos
segundos, a qualquer hora ou dia. A diferença é que, com o Pix, não é
necessário saber onde a outra pessoa tem conta. Você realiza a
transferência a partir, por exemplo, de um telefone na sua lista de
contatos, usando a Chave Pix. O Pix já está disponível amplamente para
todas as pessoas e empresas que possuem uma conta corrente, conta
poupança ou uma conta de pagamento pré-paga em uma das 734
instituições aprovadas pelo Banco Central.
As transações por meio do Pix já equivaliam, no terceiro trimestre de
2021, a mais de 80% dos pagamentos feitos tanto por meio de cartão de
débito quanto cartão de crédito, segundo os dados disponibilizados pelo
BCB através das Estatísticas dos Meios de Pagamento conforme
Gráfico 1. Nos três meses encerrados em setembro/2021, foram
realizadas aproximadamente 2,90 bilhões de transações com Pix.
Durante o mesmo período, houve 3,33 bilhões de transações no cartão
de crédito e 3,52 bilhões no cartão de débito.

Transações trimestrais – em bilhões

video_library
Tipos de movimentação financeira
Saiba mais sobre os tipos de movimentação financeira no vídeo a
seguir.

Importância dos fluxos financeiros


nas organizações
O que é fluxo de caixa?
Agora que sabemos que as empresas possuem diversas formas de
pagar e receber dinheiro, precisamos entender a melhor forma de
controlar isso.

Caso não haja um bom controle dessas movimentações, a empresa


pode ter sérios problemas.

O fluxo de caixa é um controle financeiro realizado,


principalmente, por profissionais da área financeira
(mas pode ser feito por qualquer um, até para o
controle das contas de casa) para monitorar a
quantidade de dinheiro que está entrando e saindo
diariamente da empresa.

Confira o fluxo de caixa na tabela:

Fluxo de Caixa

Data Registros Entradas

02/01/2021 Saldo em Branco 100.000,00

02/01/2021 Aluguel

Matéria-prima (1
02/01/2021
parcela de 2)

02/01/2021 Computadores

02/01/2021 Maquinário

Vendas (1 parcela
03/01/2021 30.000,00
de 3)

03/01/2021 Carro

03/01/2021 Aluguel

03/01/2021 Telefone e internet

03/01/2021 Salários

15/01/2021 Emprestimos 8.000,00

Matéria-prima (2
01/02/2021
parcelas de 2)

Vendas (2 parcelas
01/02/2021 30.000,00
de 3)
Fluxo de Caixa

01/02/2021 Gasolina

Matéria-prima
01/02/2021
(compra à vista)

Vendas (3 parcelas
01/02/2021 30.000,00
de 3)

20/02/2021 Aluguel

02/05/2021 Telefone e internet

Emprestimo (1
01/07/2021
parcela de 3)

Vendas
02/11/2021 (recebimento à 90.000,00
vista)

Tabela: Fluxo de caixa.


Matheus Moura.

Exemplos de fluxo de caixa


Na prática, empresas usam programas avançados e caros para o
controle do fluxo de caixa. No entanto, na falta de dinheiro ou vontade
de economizar, é possível usar planilha eletrônica de dados, que
também pode ser eficiente, por exemplo, o Excel. No desenvolvimento
de um bom fluxo de caixa, são criadas três colunas:

check Recebimentos ou entradas

Colocamos todo o dinheiro que entra na empresa


exatamente no dia em que foi recebido, lembrando
que não vale colocar no dia seguinte.

check Pagamentos, saídas ou desembolsos

Colocamos toda a saída de dinheiro. Aqui vale


desde pagamento do salário dos funcionários até
compra de caneta para uso do escritório.

check Saldo

S bt í di h i t (d l
Subtraímos o dinheiro que entrou (da coluna
recebimentos) e o dinheiro que saiu da empresa (da
coluna pagamentos). No final de cada dia, temos
uma noção se a empresa tem dinheiro ou não
naquele exato momento. Com base nesse saldo
diário, é possível entender se a empresa possui
liquidez, isto é, dinheiro em caixa, para pagar
quaisquer dívidas futuras.

Você pode se perguntar:

Como é possível perder o controle da entrada e saída de


dinheiro ou pensar em gastar só depois que receber?

Muitas vezes, empresas compram produtos a prazo, tais como matéria-


prima, maquinário, equipamento de uso diário etc. É possível que
despesas antigas apareçam nos meses subsequentes. Caso não haja
dinheiro suficiente em caixa para pagá-las, será cobrada uma multa. A
fim de evitar o risco de não ter dinheiro no momento de pagar todas as
dívidas, feitas ou não no passado, o fluxo de caixa surge como uma
solução prática de análise diária que ajuda o gestor a decidir se pode ou
não adquirir novas dívidas, bem como se há necessidade de solicitar um
empréstimo.

video_library
Fluxo de caixa
Saiba mais sobre fluxo de caixa no vídeo a seguir.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Quais os principais tipos de movimentação financeira que ocorrem


nas organizações?

Transações feitas em espécie; em cartão de crédito


A e débito; transferências bancárias; boletos;
duplicatas e faturas.

Transações feitas em espécie; em cartão de crédito


B e débito; transferências bancárias; boletos; Pix e
faturas.

Transações feitas em espécie; em cartão de crédito


C
e débito; transferências bancárias; duplicatas e Pix.

Transações feitas em espécie; em cartão de crédito


D e débito; transferências bancárias; boletos;
duplicatas e Pix.

Transações feitas em espécie; em cartão de crédito


E
e débito; transferências bancárias; Pix e faturas.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%0A%20%20%20%20%20%20%
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Questão 2

Os principais tópicos necessários para um fluxo de caixa são:

Ganhos futuros, perdas no momento e diferença


A
entre os dois.

Entrada e saída de dinheiro, e diferença entre as


B
duas.

Ganhos no momento, perdas no futuro e soma entre


C
os dois.

D Entrada e saída de dinheiro, e soma entre as duas.

E Relação dos dispêndios e ingressos dos numerários.

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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2 - A importância das demonstrações financeiras
Ao final deste módulo, você será capaz de reconhecer a importância das demonstrações
financeiras.

Noções de resultados financeiros


Vamos analisar agora o resultado financeiro da organização, isto é, lucro
ou prejuízo, e como determinados relatórios são usados para
demonstrar a saúde financeira da organização. Como essa parte da
Gestão Financeira dialoga muito com a área de Contabilidade,
entenderemos, de forma resumida, alguns conceitos contábeis. Quando
um gestor possui bons controles sobre a entrada e saída de dinheiro da
empresa, podemos afirmar que tem um bom controle de fluxo de caixa.

Não basta estar ciente de quanto dinheiro a empresa possui em caixa


em determinado momento. Também é necessário saber:

Quantos ativos possui


Maquinário, estoque, dinheiro vivo, investimentos etc.

Quanto deve aos outros


Salários a pagar, impostos a recolher, empréstimos no banco etc.

Para esse tipo de informação e análise, foi criada a Demonstração


Financeira (DF): trata-se de um relatório contábil que demonstra, de
forma resumida, dados financeiros da empresa. As demonstrações
financeiras são compostas por três relatórios principais:

Balanço Patrimonial (BP);

Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);

Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC).

Como já aprendemos sobre o fluxo de caixa, focaremos nesses dois


relatórios que ainda não mencionamos. Cada um desses relatórios é
muito importante na tomada de decisão estratégica da empresa, se
deve continuar vendendo um produto, se deve comprar outra empresa,
se está gerando lucro etc., além de serem requeridos por lei em alguns
casos ( além de elaborar, devem também publicar).

Comentário

Conforme dispõe a Lei 6.404/76, Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09, as


demonstrações contábeis de uma empresa são o Balanço Patrimonial
(BP), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), a demonstração
de lucros ou prejuízos acumulados, a Demonstração dos Fluxos de
Caixa (DFC) e, se a companhia for aberta, a demonstração do valor
adicionado. As notas explicativas, relatório da diretoria e parecer da
auditoria independente complementam a apresentação dessas
demonstrações.

Demonstrativo do Resultado do
Exercício (DRE)
A Demonstração do Resultado de Exercício (DRE) consolida todas as
informações de forma organizada, considerando outros fatores, tais
como outros tipos de receita, que não sejam a venda ou prestação de
serviço, o pagamento de impostos etc.

Quando uma empresa vende um produto ou presta um serviço, o


dinheiro que entra, chamado na Contabilidade de “receita operacional”, é
contabilizado na DRE. Além disso, os custos de produção e do serviço
prestado também são tipos de despesas registrados na DRE.

Ao final da DRE, após a contabilização das receitas, dos custos e dos


impostos, é possível ver se houve lucro ou prejuízo no exercício. Veja, a
seguir, um exemplo de DRE:

Demonstraçao do Resultado do Exercício

Receita Operacional Bruta

(-) Deduções e abatimentos

Impostos sobre vendas

Devoluções e abatimentos

(=) Receita operacional líquida

(-) Custo operacional

Custos das Mercadorias vendidas (CMV)

Custo dos produtos vendidos (CPV)

Custo dos serviços prestados (CSP)


Demonstraçao do Resultado do Exercício

Receita Operacional Bruta

(=) Lucro bruto

(-) Despesas operacionais

Despesas administrativas

Despesas de vendas

Despesas financeiras líquidas

(=) Lucro operacional

(=) Resultados não operacionais

Receitas não operacionais

Despesas não operacionais

(=) Lucro antes da contribuição social e do imposto de renda

(=) Provisão para a contribuição social e o imposto de renda

(=) Lucro após a contribuição social e o imposto de renda

(-) Participações e contribuições

Empregados

Administradores

Outras participações/contribuições

(=) Lucro ou prejuízo do exercício

Tabela: Modelo de DRE.


Matheus Moura.

video_library
Demonstração do Resultado do
Exercício
Entenda a seguir como se faz uma DRE.
Balanço Patrimonial (BP)
Na contabilidade, a palavra “balanço” remete à seguinte fórmula:

Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido.

O termo “patrimonial” refere-se ao patrimônio da empresa, ou seja, ao


conjunto de bens, direitos e obrigações. Os ativos representam as
aplicações de uma empresa, ou seja, em que itens ela investiu os
recursos recebidos (bens ou direitos). As fontes destes recursos serão
as dívidas assumidas pela empresa (obrigações com terceiros ou
passivo) ou os recursos aportados pelos seus acionistas, quer na forma
de ingresso de capital ou na retenção de lucros auferidos nas atividades
da empresa (capital próprio ou patrimônio líquido).

Juntando essas duas partes, obtém-se a expressão “Balanço


Patrimonial” (BP) que apresenta o total de ativos de uma empresa no
lado esquerdo do Balanço Patrimonial, e sua correspondente origem
distribuída entre capital próprio e capital de terceiros no lado direito.

Grupos de contas do Balanço


Patrimonial

Ativo

Ativo circulante
No ativo circulante, são contabilizados todos os lançamentos referentes
a contas de curto prazo. Por curto prazo entende-se o período de 360
dias ou o ciclo operacional da empresa, o que for maior. O ativo
circulante possui cinco subgrupos:

Caixa e equivalentes à caixa expand_more

É um subgrupo composto por contas que representam os


recursos que não possuem restrições para utilização imediata,
tais como: caixa, banco conta movimento, aplicações de liquidez
imediata.

Contas a receber expand_more

São os valores que representam vendas de mercadorias e


prestações de serviços.

Estoques expand_more

Representam o coração do objeto de negócio da empresa, ou


seja, os itens que ela explora como negócio.

Por exemplo, se empresa é revendedora de carros, aqui estarão


os automóveis que ela adquiriu do fabricante com o objetivo de
revender para seus clientes. Se a empresa é uma fabricante de
refrigerantes, aqui estarão apresentados os itens de matéria-
prima utilizada no processo fabril, nos seus vários estágios de
processamento, bem como os produtos já prontos para
comercialização e consumo.

Quando vendidos, os estoques são baixados do Balanço


Patrimonial e computados como custo na Demonstração do
Resultado do Exercício a fim de apurar o resultado da transação.
Logo, uma empresa poderá dar lucro ou prejuízo, dependendo do
valor do custo confrontado com a receita.

Outros créditos expand_more

Nesse subgrupo classificam-se os recebíveis não originários da


operação principal da empresa, ativos marcados a valor justo
contra resultado etc.

Despesas antecipadas expand_more

Servem para efetuar os lançamentos referentes a gastos


efetuados por antecipação a sua competência.

Ativo não circulante


Neste grupo, são registrados todos os ativos que, pelo conceito de
liquidez, têm expectativa de realização superior a 360 dias ou ao do
ciclo operacional. Existem quatro subgrupos no ativo não circulante. São
eles:
Ativo realizável a longo prazo expand_more

São classificadas nesse grupo com a mesma natureza do ativo


circulante, que tenham realização após término do exercício
seguinte.

Também são lançados todos os direitos realizáveis após o


término do exercício seguinte, assim como os derivados de
vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades
controladas ou coligadas, além de adiantamentos a diretores e
ativos disponíveis para a venda.

Investimento expand_more

Esse subgrupo comporta investimentos como incentivos fiscais,


participações em outras sociedades, sendo estas avaliadas pelo
método de Equivalência Patrimonial.

Ativo imobilizado expand_more

É formado por ativos operacionais que são responsáveis pela


geração de produtos e serviços das empresas. Esses ativos
operacionais podem ser de diferentes tipos, tais como: veículos,
móveis e utensílios, máquinas e equipamentos, terrenos,
edifícios e equipamentos de informática.

Ativo intangível expand_more

Neste subgrupo estão classificados todos os ativos incorpóreos


da empresa, tais como marcas e patentes, ágio na aquisição de
ações, licenças de uso de software etc.

Passivo
No lado do passivo, teremos o passivo circulante, o passivo não
circulante e o patrimônio líquido. Veja, a seguir, detalhes de cada um
deles.

Passivo circulante

No passivo exigível circulante, são contabilizadas todas as dívidas a


serem liquidadas até o encerramento do exercício seguinte, tais como:

Salários a pagar;
FGTS a pagar;

INSS a pagar;

Fornecedores;

Duplicatas a pagar;

Dividendos a pagar;

Empréstimos e financiamentos;

Títulos a pagar;

Impostos a pagar;

Debêntures a pagar etc.

Passivo não circulante (Exigível a


longo prazo)
No passivo exigível a longo prazo, são contabilizados todos os
pagamentos a serem efetuados no longo prazo, tais como:

Empréstimos e financiamentos;

Debêntures (títulos de dívida emitidos pelas empresas, as


debêntures podem ser simples, quando sua liquidação se dá de
forma financeira, ou podem ser conversíveis, quando a liquidação
da dívida se dará sob a modalidade de ações da empresa);

Retenções contratuais;

Provisão de IR diferido (impostos apurados, mas ainda não


devidos em função de o ganho só ter sido apurado do ponto de
vista da legislação tributária e não societária).

Patrimônio líquido
O patrimônio líquido, também chamado de capital próprio ou situação
líquida, representa a parcela de financiamento proporcionado pelo
acionista da empresa. O patrimônio líquido é sempre apurado pela
diferença entre ativo e passivo. Os grupos do patrimônio líquido são os
seguintes:

Capital Social
Corresponde à parcela aportada pelos sócios nas empresas ou pelos
lucros incorporados a ele.

Reserva de Capital
São os valores, recebidos pela companhia, que não transitam pelo
resultado, sendo sua contrapartida a entrega de bens e serviços. Esse
subgrupo é composto da seguinte forma:

Á
Ágio na emissão de ações: Ocorre quando o novo acionista
subscreve tais ações por um valor superior ao seu valor nominal.
Esta diferença será registrada como reserva de capital;

Alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição: A


companhia pode emitir títulos negociáveis como partes
beneficiárias e bônus de subscrição, desde que dentro do limite de
aumento de capital autorizado pelo estatuto, que dão direito aos
seus titulares de subscrever ações de capital social mediante
apresentação e pagamento do preço de emissão.

As reservas de capital somente podem ser utilizadas para:

check Absorver prejuízos quando estes ultrapassarem


lucros acumulados e reservas de lucros.

check Resgatar, reembolsar ou comprar ações.

check Resgatar partes beneficiárias.

check Incorporar capital.

check Pagar dividendos.

Reserva de reavaliação
Registra a diferença entre o valor contábil e o valor de mercado dos bens
do ativo imobilizado, sendo lançado a débito da conta do ativo em
contrapartida à reserva de reavaliação.

Comentário

A reavaliação de ativos está proibida no Brasil desde a introdução da Lei


nº 11.63/2007; logo, as empresas que ainda apresentam estas reservas
são aquelas que tinham reavaliações prévias à Lei e que optaram por
não baixar tais avaliações aguardando sua realização natural por
ocasião de baixa ou venda dos ativos reavaliados.
Ajustes de avaliação patrimonial
Esta conta foi criada pela Lei nº 11.638/2007 em preparação para a
adoção do IFRS (International Financial Reporting Standards) no Brasil.
Seu objetivo é receber a contrapartida da marcação a valor justo dos
ativos classificados como disponíveis à venda.

Reservas de lucros

São as contas de reservas constituídas pela apropriação de lucros da


companhia, tais como:

Reserva legal expand_more

Estabelecida pela Lei, trata-se de uma reserva compulsória


correspondendo a 5% do lucro líquido ajustado de cada período.

Reservas estatutárias expand_more

Constituídas de acordo com o estatuto social da empresa.

Reservas para contingências expand_more

Constituídas a fim de minimizar o impacto de redução de lucro


por perda julgada como provável.

Reservas de lucros a realizar expand_more

Têm por objetivo evitar que a empresa pague dividendos acima


do mínimo obrigatório quando o lucro ou parcela dele ainda não
tiver sido realizado financeiramente.

Reservas de lucro para expansão expand_more

Seu objetivo é cobrir o orçamento necessário para um projeto de


expansão da empresa.

Reserva de incentivos fiscais expand_more


Criada pela Lei nº 11.638/2007 com o objetivo de evitar que a
empresa pague dividendos sobre parcela do lucro do período que
tenha sido originada por incentivos fiscais recebidos.

Reserva especial para dividendo obrigatório não


distribuído expand_more

Constituída quando a empresa não tem condições financeiras de


pagar o dividendo mínimo obrigatório. Tão logo a empresa tenha
condições de pagar o dividendo, esta reserva será liquidada.

Ações em Tesouraria expand_more

São ações da própria empresa com o objetivo de utilizá-las para


honrar compromissos de resgate, amortização ou reembolso de
ações ou com o objetivo de cancelamento. Enquanto
permanecerem no patrimônio líquido, apresentam sinal negativo,
reduzindo o valor total.

Lucros Acumulados expand_more

Pela Lei nº 11.638/2007, o lucro do exercício tem que ter seu


destino definido ainda dentro do próprio período do exercício.
Desta forma, a conta “lucros acumulados” se tornou uma conta
transitória utilizada durante o ano para acumular o lucro obtido.
Seu valor em 31 de dezembro de cada ano deverá ser igual a
zero.

Prejuízos Acumulados expand_more

Embora o lucro do exercício tenha que ser inteiramente


destinado, o mesmo não ocorre com o prejuízo obtido, que pode
ser transferido para ser compensado em exercícios futuros.

Agora que você aprendeu sobre todos as etapas necessárias para


construir o Balanço Patrimonial, veja como ele fica na prática:

Balanço Patrimonial

Ativo circulante Passivo circulante

Caixa Duplicatas a pagar


Balanço Patrimonial

Ativo circulante Passivo circulante

Impostos, taxas e
Bancos contribuições a pagar ou a
recolher

Aplicações financeiras Salários a pagar

Duplicatas a receber Encargos sociais

(-)Duplicatas
Empréstimos
descontadas

Estoques Dividendos a pagar

Outras obrigações de curto


Despesas antecipadas
prazo

Ativo não circulante Passivo não circulante

Ativo não realizável a longo


Financiamento
prazo

Valores a receber Debêntures

Investimentos Patrimônio líquido

Participações acionária
Capital social
em outras empresas

Imobilizado Reservas de capital

Ajustes de avaliação
Prédios
patrimonial

Máquinas e
Reservas de lucros
equipamentos

(-) Depreciação
Prejuízos acumulados
acumulada

Terrenos (-) Ações em tesouraria

Intangível

Fundo de comércio
adquirido

Carteira de cliente
adquirida

Patentes adquiridas

Tabela: Modelo de Balanço Patrimonial.


Matheus Moura.

Neste módulo, vimos as principais noções de resultado financeiro. Mais


especificamente, abordamos os dois principais relatórios que
compreendem as demonstrações financeiras: o Balanço Patrimonial
(BP) e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Com base no conhecimento aprofundado desses relatórios, você pôde


entender os registros contábeis demonstrados nessas DFs e, assim,
observar quanto a empresa possui de bens e direitos – demonstrado
nas contas do ativo – e suas obrigações com terceiros – demonstrada
nas contas do passivo.

Agora você já sabe identificar se a empresa obteve lucro ou prejuízo no


exercício contábil, bem como compreender os principais fatores que
influenciaram o resultado apresentado.

Mas antes de concluirmos, vamos a mais um vídeo!

video_library
Demonstrações financeiras
Saiba mais sobre a importância das demonstrações financeiras.

Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Quais são as demonstrações contábeis obrigatórias que as


sociedades por ações são obrigadas a elaborar e publicar?

Balanço Patrimonial, Demonstrativo do Resultado


A do Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa e
Demonstração do Valor Adicionado.

Balanço Patrimonial, Demonstrativo do Resultado


B do Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa e
Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados.
C Balanço Patrimonial, Demonstrativo do Resultado
do Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa,
Demonstração do Valor Adicionado e Demonstração
de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

Balanço Patrimonial, Demonstrativo do Resultado


D do Exercício e Demonstração de Lucros ou Prejuízos
Acumulados.

Balanço Patrimonial, Demonstrativo do Resultado do


E
Exercício e Demonstração do Valor Adicionado.

Parabéns! A alternativa C está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EAs%20sociedades%20por%20a%C3%A7%C3%B5es%20s%C3%A3o%20obrigadas%20a%20elabo

Questão 2

Qual das alterações abaixo é determinada pela compra de uma


máquina a prazo com vencimento em 5 anos, no Balanço
Patrimonial?

Aumento do ativo circulante e diminuição do


A
passivo circulante.

Aumento do passivo circulante e diminuição do


B
ativo não circulante.

Diminuição do ativo não circulante e diminuição do


C
passivo não circulante.

Aumento do ativo não circulante e aumento do


D
passivo não circulante.

Aumento do ativo não circulante e diminuição do


E
passivo circulante.

Parabéns! A alternativa D está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EA%20m%C3%A1quina%20%C3%A9%20considerada%20um%20bem%20e%20portanto%20dever%
Considerações finais
Vimos as principais movimentações financeiras, bem como os
conceitos de Fluxo de Caixa, Balanço Patrimonial e Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE). Com base nesses conceitos, é possível
dar início a conhecimentos mais avançados de finanças corporativas,
tais como análise de custo.

Vimos ainda como cada um dos relatórios é elaborado e como são


usados na tomada de decisão estratégica pelo gestor financeiro das
companhias.

O conhecimento aqui adquirido capacita você, futuro profissional, a


exercer funções estratégicas nas áreas financeiras das empresas,
dando um suporte mais ativo na tomada de decisão para o gestor da
companhia.

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Confira o que separamos especialmente para você!

Leia os seguintes artigos:

Impactos do início da harmonização contábil internacional (Lei


11.638/07) nos resultados das empresas abertas, de Edilene
Santana Santos e Laura Calixto. Essa lei concretizou a revisão do
capítulo contábil das Sociedades por Ações (Lei nº 6.404/1976).
Entre outros avanços, ela permite a convergência das normas
contábeis adotadas no Brasil às normas internacionais.

O Papel do Contador no Processo de Desenvolvimento e


Crescimento Brasileiro, de Janaina Trindade Pereira.

Acesse o site Damodaram e veja vídeos com análise dos principais


indicadores financeiros de empresas dos EUA.
Referências
ASSAF NETO, A., LIMA, F. G. Curso de Administração Financeira. 4. ed.
São Paulo: Atlas, 2019.

ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 8. ed. São Paulo: Atlas,


2021.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. (BACEN). Estatísticas de Meios de


Pagamentos. Consultado na internet em: 28 de abr. 2022.

BREALEY, R., MYERS, S. Princípios de Finanças Corporativas. 10. ed.


São Paulo: McGraw-Hill, Bookman, 2013.

DAMODARAN, A. Avaliação de Empresas. 2. ed São Paulo: Pearson


Prentice Hall, 2007.

GITMAN, L. Princípios de administração financeira. 12 ed. São Paulo:


Pearson, 2010.

MEGLIORINI, E., VALLIM, M. A. R. S. Administração Financeira: uma


abordagem brasileira. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.

PADOVEZE, C. L. Manual de Contabilidade Básica: Uma introdução à


prática contábil. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2016.

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