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22/11/2023, 19:28 Regime Geral de Previdência Social

Regime Geral de Previdência Social


Prof. Marcos Paulo Secioso de Góes

Descrição

Os principais benefícios previstos no Regime Geral da Previdência Social


(RGPS), a relevância dos processos administrativo, judicial,
previdenciário e a análise dos principais crimes previdenciários.

Propósito

Compreender o funcionamento do Regime Geral da Previdência Social


(RGPS) é de fundamental importância para um bom planejamento (visão
programática para obtenção de benefícios futuros) e para a salvaguarda
de direitos no caso de infortúnios que possam levar à situação de
incapacidade laborativa.

Preparação

Antes de iniciar o estudo, tenha em mãos a Constituição da República e


a Lei n. 8213/91.

Objetivos

Módulo 1

Benefícios previstos no Regime


Geral da Previdência Social
Identificar os principais benefícios previstos no Regime Geral de
Previdência Social.

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Módulo 2

Processo administrativo, judicial e


previdenciário
Descrever os processos administrativo, judicial e previdenciário.

Módulo 3

Crimes previdenciários
Reconhecer os principais crimes previdenciários.

meeting_room
Introdução
Diante das inúmeras possibilidades vivenciadas por alguém ao
longo da vida laborativa, é importante conhecer o sistema de
proteção social oferecido pelo Regime Geral da Previdência
Social (RGPS), um dos maiores sistemas do mundo, que prevê as
espécies de benefícios disponibilizados para a maioria dos
trabalhadores brasileiros. Todos os que estão vinculados à
iniciativa privada (e mesmo alguns detentores de cargos
públicos) têm, de alguma forma, interesse e possibilidade de
vinculação ao RGPS e de auferir suas benesses.

Questões relacionadas à parte instrumental processual também


têm sua relevância, pois a demanda por um benefício
previdenciário deverá enfrentar a via administrativa e, a depender
do resultado, também a via judicial. Em ambos os casos, normas
processuais definirão a condução do processo de concessão e
revisão de benefícios; logo, conhecê-las poderá ser essencial na
tarefa de provar o direito buscado.

Além disso, uma incursão no campo da tutela penal do sistema


previdenciário evidencia aquilo que o legislador elegeu como
conjunto de condutas essencialmente reprováveis, que deverão
ser objeto de persecução, prevenção e punição para que o
sistema opere da forma mais regular possível.

Sobre esses aspectos do Direito Previdenciário (benefícios em


espécie, questões processuais e tutela penal), nós nos
debruçaremos, ao longo deste tema, valendo-nos da legislação
específica e de aportes encontrados na obra Manual de Direito
Previdenciário (CASTRO & LAZZARI, 2018) e nos livros Direito

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Previdenciário (ABREU, 2016) e Prática Previdenciária (OLIVEIRA,
2016).

1 - Benefícios previstos no Regime Geral da


Previdência Social
Ao final deste módulo, você será capaz de identificar os principais
benefícios previstos no Regime Geral de Previdência Social.

Aposentadoria por tempo de


contribuição (ATC)
Na própria nomenclatura desta espécie de aposentadoria, insere-se uma
ideia que adveio de uma mudança de perspectiva previdenciária
introduzida pela Emenda Constitucional (EC) 20/1998: tempo de serviço
x tempo de contribuição. Até a EC 20/98, o sistema era voltado para a
garantia de uma aposentadoria após certo tempo de serviço de seus
segurados. Todavia, com a necessidade de promover um equilíbrio entre
receitas e despesas, o paradigma começou a transformar-se em direção
a uma nova ideia: aposentadoria após certo tempo de contribuição.

A ideia inicial já na EC 20/1998 era acumular tempo de contribuição e


idade. Porém, não houve aprovação do congresso à época. Para
compensar, o resultado foi a criação do Fator Previdenciário pela Lei
9.876/99, cuja jurisprudência dominante (inclusive STF) entende como
constitucional. Quais eram os requisitos (antes da EC 103/2019)?

1. 35 anos de contribuição [serviço?] para homens / 30 anos de


contribuição [serviço?] para mulheres;
2. Carência de 180 meses de contribuição.

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A eventual perda da qualidade de segurado não influencia na concessão
de aposentadorias, exceto a por invalidez (art. 3º e seu § 1º da Lei
10.666/03). Isso significa que, se a pessoa completou os requisitos de
contribuição numa época e veio a completar a idade depois, quando não
tinha mais qualidade de segurado, será concedida a aposentadoria.

Com as mudanças advindas da Reforma Constitucional de 2019 (EC


103/19), foi implementado o que não tinha sido aprovado na EC/1998
(idade mínima), ou seja, 65 anos de idade para homens e 62 anos de
idade para mulheres. A carência passa a ser de 240 contribuições para
homens e é mantida em 180 contribuições para mulheres.

Na prática, com a Reforma da Previdência de 2019, deixam de existir


modalidades diferenciadas de aposentadoria por tempo de contribuição
(ATC), gerando uma modalidade de aposentadoria única com critérios
de idade e carência, semelhante à antiga APID, aumentando-se a idade
mínima da mulher de 60 para 62 e as contribuições do homem de 180
para 240. Para quem já estava no sistema em 12/11/2019 (dia anterior à
publicação da EC 103/2019), há regras de transição previstas na
Reforma da Previdência.

[Serviço?]
A questão do tempo de contribuição x tempo de serviço é colocada com
interrogação, porque o que se vê é uma transição que se dá ao longo do
tempo.

Regras de transição
Vamos ver abaixo as regras de transição:

arrow_forward Sistema de Pontos [art. 15] (os pontos equivalem à


soma: idade + tempo de contribuição): precisa
completar 96 pontos (homem) e 86 pontos (mulher)
em 2019 mais 1 ponto a cada ano a partir de
01/2020 até 105 pontos para homens (que ocorrerá
no ano de 2028) e 100 pontos para mulheres (no
ano de 2033). Deve haver o mínimo de 35 anos de
contribuição para homens e de 30 anos para
mulher.

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arrow_forward Acréscimo Progressivo de Idade [art.16]: mantendo-


se 30 anos de contribuição para mulheres e 35
anos de contribuição para homens, exige-se idade
mínima: 61 (homens) e 56 (mulheres) em 2019
mais 6 meses a cada ano a partir de 2020 até
atingir 65 anos para homens (ano de 2027) e 62
anos para mulheres (ano de 2031).

arrow_forward Pedágio de 50% para quem está faltando até 2 anos


para completar o tempo de contribuição no
momento da promulgação da emenda [art. 17]: sem
idade mínima, mas cumprindo pedágio de mais
50% do tempo que falta até 35 anos para homens e
30 anos para mulheres.

arrow_forward Pedágio de 100%, aplicável independentemente de


quanto tempo de contribuição estava faltando no
momento da promulgação da emenda [art. 20]:
idade mínima de 60 anos para homens e 57 anos
para mulheres, cumprindo pedágio de 100% do
tempo que faltava para atingir os 35 anos para
homens e 30 anos para mulheres.

Observações sobre as regras de transição:

A. Nas regras de transição 1 e 2, aplica-se a nova regra dos


coeficientes;
B. Nas regras de transição 3 e 4, o coeficiente é 100% [art. 17
parágrafo único e art. 26 § 3º I];
C. Na regra de transição 3, aplica-se o fator previdenciário (nas
demais, não), pois é a única que não leva em conta a idade;
D. Tudo isso vale até que sobrevenha nova lei regulando a matéria.

A nova regra dos coeficientes (mencionada acima) corresponde a: 60%


+ 2% por ano excedente a 15 (mulheres) ou 20 (homens) [art. 26 da EC
103]. Quem não recebe a ATC?

Segurado especial (a menos que contribua como facultativo).

Contribuinte individual que contribua com 11% - LC 123/06.

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Facultativo que contribua com 11% - LC 123/06.

Facultativo de baixa renda que contribua com 5% - Lei 12.470/11.

Para conhecer as modalidades específicas de aposentadoria para a


categoria dos professores e para as pessoas com deficiência, consulte
o texto sobre o assunto indicado no Explore+.

Aposentadoria por idade


(APID)
Modalidade de aposentadoria com previsão constitucional no art. 201 §
7º, inciso II e previsão legal no art. 48 da Lei 8.213/91 (para segurados
urbanos no caput e para segurados rurais nos parágrafos). Antes da Lei
8.213/91, a APID Rural (chamada de aposentadoria por velhice na
época) era devida a um membro (arrimo de família), conforme artigo
297 do Decreto 83.080/79. Depois da Lei 8.213/91, todos da família
podem ganhar cumulativamente.

Para o estudo da Aposentadoria por Idade (APID), é interessante separá-


la em três modalidades (urbana, rural e híbrida) em razão de algumas
diferenças entre elas.

Requisitos
Para quem se filiar após a EC 103/19: homens: 65 anos + 240
contribuições (carência) / mulheres: 62 anos + 180 contribuições
(carência). Quais foram as alterações promovidas pela EC 103/19?

Resposta
Aumentou de 60 para 62 anos a idade mínima para as mulheres.

Aumentou de 180 para 240 contribuições a carência para homens.

Regra de transição para idade da mulher (art. 18 § 1º da EC 103/19): 60


anos em 2019 e, a partir de 2020, acréscimo de mais 6 meses a cada
ano até completar 62 anos (a partir de 2023).

Não há regra de transição para homens, pois fica mantida a idade de 65


anos e a carência de 180 contribuições para quem já teve vínculo com o
RGPS antes da promulgação da emenda. A única diferença é o
coeficiente para o cálculo do valor do benefício (RMI). Como se calcula
este coeficiente na APID urbana?

Antes da EC 103/19 expand_more


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70% + 1% para cada 12 contribuições (art. 50 da Lei 8.213/91)


com fator previdenciário opcional (art. 7º da Lei 9.786/99).
Atingiria coeficiente de 100% com 30 anos de contribuição.

Depois da EC 103/19 (regra para as aposentadorias – art.


26 § 2º) expand_more

60% + 2% para cada 12 contribuições (no limite de 100%) que


excederem o mínimo exigido (180 para mulheres e 240 para
homens). Para os homens que já tinham vínculo com o RGPS na
promulgação da emenda, apesar de mantido o mínimo de 180
meses de contribuição, só começa a somar 2% para cada 12
contribuições a partir de 240 contribuições (20 anos). Com isso,
chega-se ao máximo do coeficiente (100%) em 40 anos de
contribuição para homens e 35 anos para mulheres.

Mas atenção, a EC 103/19 admite que futura lei altere o tempo de


contribuição definido temporariamente em 180 e 240 contribuições (art.
19). O art. 142 da Lei de Benefícios da Previdência Social (LBPS) contém
regra de transição (no requisito da carência) para quem já era segurado
na publicação da Lei 8.213/91 e completou requisito etário até 2011. Até
1991, bastavam 60 contribuições e houve progressão desse número até
atingir 180 contribuições para quem completasse o requisito etário em
2011 ou depois.

Resumindo
Homens: 60 anos mais carência diferenciada; Mulheres: 55 anos mais
carência diferenciada. Ou seja, em relação à APID urbana, são menos 5
anos de idade, além de contagem de carência diferenciada. A EC 103/19
passou a exigir mínimo de 180 contribuições também para os rurícolas
(de ambos os sexos). Quem tem direito ao redutor de 5 anos na idade?
Quem passou os últimos 15 anos como trabalhador rural (art. 48 §§ 2º e
3º da LBPS).

Carências diferenciadas? Sim. Os segurados especiais são isentos do


cumprimento de carência, devendo comprovar exercício de atividade
rural no período anterior à DER (art. 39 I e art. 143 da Lei 8.213/91). Qual
é a diferença entre artigo 143 e o artigo 39 I da Lei 8.213/91? O artigo
143 (empregados, antigo autônomo, segurado especial) é uma norma de
transição – vale durante 15 anos após a Lei 8.213/91, só necessitando
comprovar a atividade (sem necessidade de contribuições). O artigo 39 I
(segurado especial): só é necessário comprovar a atividade (não é
norma de transição).

A Lei 11.718/08: estende o prazo de 15 anos do artigo 143 para até


31/12/2010 e escalona necessidade de contribuições até 2020 (art. 3º).
No entanto, vale destacar que a jurisprudência do STJ equipara a figura
do boia-fria à do segurado especial (RE 1.762.211). RMI da APID Rural:
salário mínimo para os que não têm contribuições (dispensados de
carência). Regra do urbano para os que contribuíram.

Resumindo

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Para (rural e urbana) homens: 65 anos mais 180 contribuições
(carência) / mulheres: 60 anos mais 180 contribuições (carência). Não
há redução de 5 anos no requisito da idade (art. 48 § 2º da LBPS).

A questão para a APID híbrida é: Se não passou 15 anos no meio rural,


mas, somado ao período urbano, completa 180 meses? Em alguns
casos, o período rural é aproveitado como carência, mas se aposenta
como urbano (sem redutor de idade).

Quando o período rural é aproveitado como parte da carência? Tema


1007 do STJ (julgado em 09/2019): o tempo de serviço rural, ainda que
remoto e descontínuo, pode ser computado para fins da carência
necessária à obtenção da aposentadoria híbrida por idade, mesmo que
não tenha sido efetivado o recolhimento das contribuições.

Aposentadoria Especial
(APESP)
É uma espécie de aposentadoria por tempo de contribuição, com
redução de tempo necessário à inativação, concedida em função das
condições especiais nas quais a atividade é desenvolvida, com risco à
saúde ou integridade física do segurado. Em razão de ser uma
aposentadoria muito precoce, sofreu grande modificação pela Reforma
da Previdência de 2019.

Fundamentos (antes da EC 103/19) expand_more

Art. 57 da Lei 8.213/91 – A aposentadoria especial será devida,


uma vez cumprida a carência exigida nesta lei (180
contribuições), ao segurado que tiver trabalhado durante 15
(quinze), 20 (vinte) ou 25 (vinte e cinco) anos sujeito a condições
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.

Após a EC 103/19 (Reforma da Previdência), foi retirada a


menção que havia à integridade física. Assim, a redação ficou:
“Cujas atividades sejam exercidas com efetiva exposição a
agentes químicos, físicos e biológicos prejudiciais à saúde, ou
associação desses agentes, vedada a caracterização por
categoria profissional ou ocupação” (art. 201 § 1º II).

Finalidade expand_more

Compensar o risco social decorrente do maior desgaste a que


são submetidos os trabalhadores, de forma habitual, no exercício
de atividades sujeitas à exposição de agentes nocivos. Vale

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dizer: a questão da periculosidade é um problema pouco estável
na jurisprudência.

Mas atenção:

O tempo de 15, 20 ou 25 anos não varia para homens ou mulheres:


a questão é a afetação da saúde e necessidade de afastamento
antes que os prejuízos se manifestem. Nesse ponto, não haveria
diferença apta a justificar distinções entre homens e mulheres.
Quanto ao enquadramento por atividade profissional: a tônica da
Lei 9.032/95 foi acabar com a ideia de atividade nociva em si. A
aposentadoria especial (APESP), a partir da nova Lei, seria apenas
para atividades com exposição a agentes nocivos.
RMI (art. 57 § 1º LBPS): 100% do salário de benefício (sem fator
previdenciário).
Regra de ouro para análise da legislação aplicável à aposentadoria
especial: o princípio norteador para avaliação da especialidade
(direito intertemporal) é o Tempus Regit Actum (“O tempo rege o
ato”), que determina, para avaliação da especialidade, a aplicação
de cada lei conforme o período em que estava vigente (e não só a
lei vigente no tempo da aposentadoria para avaliar todo o período).

Exemplo
a) Trabalho exercido até 04/1995: artigo 31 da Lei nº 3.807/60 – Lei
Orgânica da Previdência Social (LOPS) – admite a contagem do tempo
especial caso a atividade profissional exercida pelo segurado fosse
considerada penosa, insalubre, nociva ou perigosa. As atividades foram
elencadas pelos Dec. 53.831/64 e 83.080/79 (até hoje, ambos regulam
concomitantemente os períodos anteriores à Lei 9.032/95).
Jurisprudência coloca o rol como não taxativo, mas deve haver boa
analogia para enquadramento (para mais informações, veja texto
indicado sobre o assunto no Explore +).

b) Trabalho exercido após 04/1995: a Lei 9.032/95 confere nova


redação ao artigo 57 da Lei 8.213/91, retirando a expressão “conforme
atividade profissional”, deixando apenas “trabalhador sujeito a
condições especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade física”.
Inclui ainda no § 3º do artigo a necessidade de “trabalho permanente,
não ocasional nem intermitente, em condições especiais”. O § 4º retira a
parte de “categoria profissional”. O artigo 58 retira “relação de atividades
profissionais” (que havia na redação original) e reforça o novo
paradigma.

Mudanças com a EC 103/19 (art. 19)


Introdução de idade mínima (deixando espaço para que lei posterior
altere as idades definidas provisoriamente): a) 55 anos de idade nas
APESP de 15 anos de contribuição; b) 58 anos de idade nas APESP de
20 anos de contribuição; c) 60 anos de idade nas APESP de 25 anos de
contribuição.

Regra de transição
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De acordo com o Sistema de Pontos [art. 21]:

66 pontos e 15 anos de efetiva exposição.


76 pontos e 20 anos de efetiva exposição.
86 pontos e 25 anos de efetiva exposição.

Se não completar 15, 20 ou 25 anos de efetiva exposição, deverá se


sujeitar às regras de transição da aposentadoria por tempo de
contribuição (ATC), pois a EC 103/19 introduziu regra de impossibilidade
de conversão de tempo especial em comum. Até 12/11/2019
(promulgação da EC 103/19 em 13/11), a conversão do tempo especial
em comum era admitida pelo art. 57 § 5º LBPS.

A partir de 13/11/2019, o art. 25 § 2º da EC 103/19 veda essa


conversão. Depois da EC 103, ou completa-se todo o tempo exigido em
condições especiais, ou só se tem direito à conversão dos períodos até
12/11/2019, ou seja, se, no total (antes e depois), o segurado não
completar 15, 20 ou 25 anos de período especial, todo o período após
13/11/2019 acaba só contado como comum, mesmo que sujeito a
condições especiais, visto que não poderá mais ser convertido. Ou seja,
a regra passa a ser no regime do tudo ou nada para APESP.

arrow_forward Renda Mensal Inicial – RMI


(coeficiente x Salário de Benefício
[SB])
Antes da EC 103/19: Coeficiente = 100%; SB =
média dos 80% maiores SC no PBC; Sem fator
previdenciário. Depois da EC 103/19 (art. 26):
Coeficiente (art. 26 § 5º) = 60% + 2% por ano além
de 15a (H ou M); SB = média de 100% dos SC do
PBC; Não há fator previdenciário. No que concerne
ao enquadramento de períodos especiais, a
Legislação e a Jurisprudência são extremamente
vastas, de modo que veremos os aspectos
essenciais que tocam a matéria e indicaremos
elementos para aprofundar o conhecimento no
Explore +.

arrow_forward Formulários e laudos


O formulário entregue ao trabalhador ao final do
vínculo comprovará a exposição aos agentes
nocivos – atualmente, o PPP é o formulário a que
se refere o artigo 58 § 1º da LBPS (já teve os
nomes SB40, DSS 8030 e DIRBEN 8030). Elaborado
geralmente pelo RH da empresa, com base em
laudo técnico de condições ambientais do trabalho
(LTCAT) expedido por médico do trabalho ou
engenheiro de segurança do trabalho.

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arrow_forward Equipamento de Proteção


Individual (EPI): STF – ARE
664.335 (12/2014)
Se o EPI for realmente capaz de neutralizar a
nocividade, não haverá respaldo constitucional à
aposentadoria especial. A exceção é o ruído, pois a
potência do som causa danos ao organismo que
vão além daqueles relacionados à perda das
funções auditivas. A eficácia do EPI não impede o
reconhecimento de atividade especial exercida
antes de 03/12/1998, data de início da vigência da
MP 1.729/98, convertida na Lei n. 9.732/98
(Súmula 87 da TNU - Turma Nacional de
Uniformização).

arrow_forward Ruído – limites


Até 05/03/1997 – acima de 80dB; de 06/03/1997 a
18/11/2003 – acima de 90dB; depois de
18/11/2003 – acima de 85dB.

arrow_forward A metodologia de aferição (Tema


174 TNU julgado em 04/2019)
A partir de 19/11/2003, é obrigatória a utilização
das metodologias contidas na NHO-01 da
FUNDACENTRO ou na NR-15. Em caso de omissão
ou dúvida quanto à indicação da metodologia
empregada, deve ser apresentado o respectivo
laudo técnico (LTCAT).

Exposição habitual e permanente

“Considera-se tempo de trabalho permanente aquele que é exercido de


forma não ocasional nem intermitente, no qual a exposição do
empregado, do trabalhador avulso ou do cooperado ao agente nocivo
seja indissociável da produção do bem ou da prestação do serviço” (art.
68 do Dec. 3048/99). De acordo com a jurisprudência do STJ, a partir da
vigência da Lei n. 9.032/95, faz-se necessária a demonstração de que a
atividade tenha se dado sob a exposição a fatores insalubres de forma
habitual e permanente.

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Eletricidade expand_more

Parâmetro: tensões superiores a 250V. Não há previsão legal e


regulamentar para enquadramento desde o Dec. 2.172/97.
Todavia, o STJ (Tema 534 dos Recursos Repetitivos) e a TNU
(Tema 210) estende a possibilidade de enquadramento em razão
da periculosidade como elemento a configurar aposentadoria
especial.

Agentes biológicos expand_more

A lista dos decretos 2.172/97 e 3.048/99 retratam situações


extremas de exposição para fins de enquadramento, mas a
jurisprudência tem entendido que diversas outras hipóteses
também configuram especialização de período.

Arma de fogo expand_more

Não há previsão legal ou regulamentar específica, mas, tal como


no caso da eletricidade, o STJ e a TNU estendem a possibilidade
de enquadramento em razão da periculosidade como elemento a
configurar aposentadoria especial.

Agentes químicos expand_more

Os agentes químicos são considerados em conformidade com o


anexo II do Decreto 3.048/99. O anexo XI da NR15 do MTE traz
os agentes químicos cuja insalubridade é caracterizada por
limite de tolerância (avaliação qualitativa e quantitativa
necessária para detectar eventual especialidade do período
trabalhado).

Aposentadoria, vínculo de
emprego e retorno ao
trabalho
Para cada espécie de aposentadoria, há um tratamento em relação ao
vínculo de emprego e a possibilidade de retorno ao trabalho:

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Aposentadoria por invalidez expand_more

Suspensão do contrato de trabalho (art. 475 CLT) – se retorna ao


trabalho, cancela a aposentadoria.

Aposentadoria por idade e tempo de contribuição expand_more

Não extingue o contrato de trabalho (o trabalhador não é


obrigado a romper o vínculo de emprego).

Aposentadoria especial expand_more

Proibição de continuar em atividade sujeita a agentes nocivos


(art. 57 § 6º da Lei 8.213/91) – a Lei 9.732/98 estabeleceu o
cancelamento da aposentadoria, tal como ocorre com o
aposentado por invalidez. Tema 709 da Repercussão Geral do
STF firmou a constitucionalidade dessas disposições. O art. 69,
parágrafo único, do Dec. 3.048/99, estabelece a notificação para
a cessação.

Vale dizer que há duas relações jurídicas diferentes que geram


obrigações distintas:

Empregador/Empregado
INSS/Segurado
Se a empresa extinguir o contrato de trabalho pela aposentadoria, o
reflexo é o seguinte: pagamento pelo empregador de todas as verbas
rescisórias, inclusive a multa de 40% do FGTS e aviso prévio. O
aposentado que retorna à atividade não terá direito a novos benefícios
previdenciários, exceto salário-família e reabilitação profissional (Artigo
18, § 2º, da Lei nº 8.213/1991). O Dec. 3.048 (art. 103) prevê o direito ao
salário-maternidade para a segurada já aposentada.

O Princípio da Solidariedade ampara essa regra legal? (relação


contribuição x benefício prejudicial ao segurado). O STF afirma que sim,
de acordo com os RE (Recurso Extraordinário) 381.367, 661.256 e
827.833. Nesses julgados, o STF afirmou como constitucional a
previsão legal de irreversibilidade da aposentadoria (art. 18 § 2º da Lei
8.213/91) e afastou as teses que defendiam a desaposentação e
reaposentação.

Desaposentação
Direito de se aposentar novamente, levando em conta o período trabalhado
depois da aposentadoria, somando esse tempo ao que já havia sido
considerado na aposentadoria original.

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Reaposentação
Direito de, sem considerar as remunerações e o tempo que foram levados
em conta na primeira aposentadoria, garantir uma nova aposentadoria (via
de regra, APID) com base apenas em contribuições feitas após o
deferimento da primeira ATC/APESP.

Espécies de aposentadoria, tempo de


serviço e contribuição
Antes de responder mais objetivamente a essa pergunta, vale a pena
verificar a mudança de paradigma iniciada na EC 20/98: T. Serviço x T.
Contribuição. Falamos em “iniciada” porque a Lei 8.213/91 (LBPS)
continuou usando a expressão tempo de serviço e, como não há
definição legal do que deve ser considerado como tempo de
contribuição, consideram-se ainda aplicáveis (em muitos casos) os
conceitos de tempo de serviço para este fim.

O artigo 4º da Emenda Constitucional nº 20/1998 determinou que,


“observado o disposto no artigo 40, § 10 da CRFB [vedação à contagem
de tempo de contribuição fictício], o tempo de serviço considerado pela
legislação vigente para efeito de aposentadoria, cumprido até que a lei
discipline a matéria, será contado como tempo de contribuição”.

O artigo 55 da Lei 8.213 retrata a ideia de tempo de serviço – regra do


caput: atividades de qualquer das categorias de segurados de que trata
o artigo 11 desta Lei [segurados obrigatórios], mesmo que anterior à
perda da qualidade de segurado (vale a observação de que tempo de
serviço não se perde – o que se perde é qualidade de segurado e
carência cumprida). Além disso, também é considerado como tempo de
serviço (art. 60 do Decreto 3.048/99):

Período intercalado em que esteve em gozo de auxílio-doença ou


aposentadoria por invalidez.
Tempo de serviço militar ou de serviço civil alternativo.
Período de gozo de licença-maternidade.
Período de contribuição como segurado facultativo.
Período de licença remunerada, desde que tenha havido
contribuição.
RPPS mediante contagem recíproca.
Mandato eletivo quando não contado para outro regime.
Vitimado por atos de exceção que tenham sido compelidos ao
afastamento de atividade remunerada no período de 18/09/46 a
05/10/88.
Período como aluno-aprendiz referente ao período de aprendizado
profissional em escola técnica, desde que comprovada a
remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento público e
o vínculo empregatício.

A comprovação de tempo de serviço exige início de prova material (art.


55 § 3º da Lei 8.213/91) – prova exclusivamente testemunhal apenas é
aceita em caso fortuito ou de força maior. Essa posição é reforçada pela

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Súmula 149 e Tema 297 STJ. Sobre a comprovação documental, temos
uma lista no artigo 62 § 2º do Dec. 3.048/99 (não exaustiva - § 4º diz
que é exemplificativa) dos documentos geralmente aceitos. Sobre as
contribuições do CI (contribuinte individual) que presta serviço a
empresas, a partir de 04/2003 (Lei 10.666/03), basta declaração na
GFIP (Guia de Recolhimento do FGTS e de Informações à Previdência
Social) por parte da empresa, independentemente de efetivo
recolhimento (cuja atribuição é da empresa).

Já a Retroação de DICA (Data de início de contribuição) é uma


sistemática de indenização ao INSS quando comprovada a efetiva
atuação do CI (segurado obrigatório) em data anterior às contribuições
constantes do CNIS (Cadastro Nacional de Informações Sociais).
Previsão no artigo 45 da Lei 8.212/91 e, depois na Lei Complementar
(LC) 128/08, através do art. 45-A da Lei 8.212/91, além do artigo 96,
inciso IV, da Lei 8.213/91 para o mecanismo de indenização a favor do
INSS.

Até aqui, vimos os principais benefícios programados, aqueles que, de


alguma forma, podem ser planejados e obtidos por meio do transcurso
do tempo e do adimplemento dos critérios de concessão. Agora,
entraremos no rol dos denominados benefícios por incapacidade (que
se enquadram na modalidade de benefícios não programados).

Benefícios por incapacidade


Os benefícios por incapacidade são: auxílio-doença (AD), aposentadoria
por invalidez (APIN) e auxílio-acidente (AA). Trataremos desses
benefícios de modo conjunto, pois todos têm em comum a ocorrência
de algum infortúnio, seja pela ocorrência de um acidente, seja pelo
desenvolvimento de alguma patologia. Para que um benefício
previdenciário seja deferido, tal infortúnio deve gerar algum grau de
incapacidade, que deve se impor ao segurado enquanto ele preserva
vínculo com a Previdência Social. Vamos a algumas distinções entre
essas modalidades de benefício:

No auxílio-doença (AD), a incapacidade deve ser parcial ou temporária


por mais de 15 dias.

A aposentadoria por invalidez (APIN) exige incapacidade total e


permanente.

No acréscimo de 25% sobre APIN, o segurado deve necessitar de ajuda


permanente de terceiros.

O auxílio-acidente é devido quando sucede uma redução da capacidade


após a consolidação das lesões.

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Beneficiários são todos os segurados (até o facultativo de baixa renda,


não obstante a necessidade de maiores restrições nesse caso). Pré-
existência da patologia (não confere direitos)/ agravamento da
patologia (confere direito a benefício por incapacidade)/ filiação
oportunista (zona cinzenta). Se a incapacidade não for total, cabe
reabilitação, e o segurado não deve ser aposentado. Dependendo do
grau de instrução e idade, pode ocorrer a concessão de APIN pela
inviabilidade de reabilitação.

A filiação oportunista representa uma zona cinzenta pelo fato de,


algumas vezes, confundir-se com eventual agravamento da patologia,
que confere direito ao benefício por incapacidade (BI). A filiação
oportunista é aquela em que a pessoa, mesmo não sendo incapaz no
momento da filiação ao sistema, sabe que, necessariamente, irá se
tornar incapaz em um horizonte de tempo breve e previsível. A carência
corresponde a 12 contribuições (12 meses). As exceções são:

Sofrer acidente de qualquer natureza ou causa.


Sofrer acidente de trabalho, seja em razão de doença profissional,
seja do trabalho.
Ser acometido por alguma das doenças especificadas no art. 151
da Lei 8.213/91, bem como na Portaria Interministerial 2.998, de
23.8.2001. (Mas tem de ser acometido depois do ingresso no
sistema – não pode ser incapacidade decorrente de agravamento).
Segurados especiais – isentos do cumprimento de carência,
devendo comprovar exercício de atividade rural nos 12 meses
anteriores à data de entrada do requerimento (DER).

Sobre a Data do Início do Benefício (DIB):

Na APIN: dia da cessação do AD.


No auxílio-acidente (AA): dia da cessação do AD.
No auxílio-doença (AD), para Empregados: 16º dia após o
afastamento. Demais segurados (inclusive empregado
doméstico): data do afastamento (se a incapacidade for superior a
15 dias) ou na DER (se requerimento for posterior a 30 dias do
afastamento).

A renda mensal inicial sofreu severa modificação com a EC 103/19, em


especial para a aposentadoria por invalidez. Então, temos na APIN:

Antes da EC 103/19: 100% do salário de benefício – SB (em todos


os casos).
Depois da EC 103/19 (art. 26 § 2º c/c § 3º II): 100 % do SB no caso
de acidente do trabalho, doença profissional ou doença do
trabalho //ou// 60% + 2% por ano de contribuição além dos 20
anos (H) ou 15 anos (M), nas demais APIN (acidente de qualquer
natureza ou doença não ocupacional).

Para incapacidade posterior a 13/11/2019 (Reforma da Previdência), a


APIN fica menor que o AD quando se tem menos de 35 anos de

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contribuição.

No AD: 91% do SB e no AA: 50% do SB (antes da Lei 9.528/97 era 30%,


40% ou 60% a depender se a incapacidade parcial fosse leve, média ou
grave). Data da cessação do benefício (DCB):

No AA: morte ou concessão da aposentadoria.


Na APIN: morte ou cessação da incapacidade.
No AD: Art. 60 § 8º da LBPS: “Sempre que possível, o ato de
concessão ou de reativação de auxílio-doença, judicial ou
administrativo, deverá fixar o prazo estimado para a duração do
benefício”.

Auxílio-doença
Não há AD quando afastamento é inferior a 15 dias. Para o empregado, a
empresa paga o salário integral nos 15 primeiros dias de afastamento
(considera-se o contrato de trabalho interrompido). Durante o recebimento
do auxílio-doença, o contrato é considerado suspenso, ficando o
empregado licenciado.

Atenção!
Alta programada (art. 78 § 1º do Dec. 3.048/99): “O INSS poderá
estabelecer, mediante avaliação médico-pericial, o prazo que entender
suficiente para a recuperação da capacidade para o trabalho do
segurado, dispensada nessa hipótese a realização de nova perícia”. Esse
comando é mitigado pelo § 2º: “Caso o prazo concedido para a
recuperação se revele insuficiente, o segurado poderá solicitar a
realização de nova perícia médica”. Na jurisprudência, criou-se muita
resistência em aplicar isoladamente o § 1º (como chegou a proceder o
INSS administrativamente em diversos casos no passado,
impossibilitando o segurado que continuasse se sentindo incapaz de
marcar nova perícia). Depois, a Lei 13.457/17 veio respaldar a aplicação
conjunta dos §§ 1º e 2º do Decreto 3.048/99 (a aplicação conjunta dos
dispositivos permite a fixação de um prazo, com possibilidade de pedido
de prorrogação pelo segurado). Para aprofundamento sobre esse tema,
pode-se verificar o julgamento do Tema 164 pela TNU.

O Requerimento de prorrogação deve ocorrer nos últimos 15 dias


do AD. Regra de escape (art. 60 § 9º da LBPS com redação da Lei
13.457/17): na ausência de fixação do prazo, o benefício cessará
após o prazo de 120 dias, contado da data de concessão ou de
reativação do AD, exceto se o segurado requerer a sua
prorrogação.
Tema 232 TNU (julgado em 12/2019: “O auxílio-doença é
inacumulável com o seguro-desemprego, mesmo na hipótese de
reconhecimento retroativo da incapacidade em momento posterior
ao gozo do benefício da Lei 7.998/90, hipótese na qual as parcelas
do seguro-desemprego devem ser abatidas do valor devido a título
de auxílio-doença”.
Dever de Cooperação na Recuperação (Art. 101 da Lei 8.213/91): o
segurado em gozo de AD, APIN e o pensionista inválido estão
obrigados, sob pena de suspensão do benefício a: 1) submeter-se
a exame médico a cargo da Previdência Social; 2) processo de
reabilitação profissional prescrito e custeado pelo INSS (nas
situações de incapacidade parcial); 3) tratamento dispensado

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gratuitamente, exceto o cirúrgico e a transfusão de sangue, que
são facultativos.
Se quem tem AD ou APIN voltar à atividade, cessa
automaticamente o auxílio (art. 60 § 6º) e a APIN (art. 46 da Lei
8.213/91) – Tal aferição é possível de se fazer através de
informações prestadas pelas empresas ao INSS (em especial, pelo
sistema CNIS).
Na APIN, se nova perícia concluir pela recuperação, o benefício é
cancelado nos seguintes moldes (art. 47 da Lei 8.213/91): 1) Se a
recuperação é total e recebeu (AD + APIN) por menos de 5 anos:
de imediato, em se tratando de segurado empregado e se a
empresa receber na mesma função que executava, ou, para os
demais segurados, depois de tantos meses quantos anos tiverem
durado o (AD + APIN); 2) Se a recuperação é parcial ou recebia (AD
+ APIN) por mais de 5 anos: recebe 6 meses de forma integral,
depois recebe 50% de 6 meses a 1 ano e, por fim, 25% de 1 ano a
18 meses, cessando por completo depois dos 18 meses.

Acidente do trabalho
Tendo em vista que, além do valor diferenciado numa eventual APIN,
algumas consequências advêm em favor do trabalhador quando ocorre
um acidente do trabalho, é interessante buscar seu conceito legal: é o
que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa ou de
empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho do segurado
especial, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause
a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da
capacidade para o trabalho (art. 19 da LBPS). A caracterização do
acidente do trabalho é feita através da conjunção de quatro elementos:

Exterioridade: o acidente é causado por ação contundente de um


agente externo (não é congênito, não se trata de enfermidade
preexistente, ou suas consequências). Obs.: apesar da existência
de um agente externo, é passível de provocação pela própria
vítima.
Violação à integridade física.
Evento súbito: fato causador abrupto durante curto lapso temporal
(não decorre do desenvolvimento progressivo de patologia).
Relação com a atividade laboral: ocorre em razão do exercício da
atividade laborativa.

Trabalhador
Foi incluído o empregado doméstico pela LC 150/15. Há quem defenda a
inconstitucionalidade da exclusão do contribuinte individual (tratamento
não isonômico com os demais segurados).

Atividade laborativa
Não necessariamente no ambiente de trabalho. Ocorrências fora do local e
horário de trabalho que caracterizam acidente do trabalho (art. 21, inciso IV,
da LBPS):

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Na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa ou, ainda, para evitar prejuízo ou proporcionar proveito ao
empregador.
Em viagem a serviço da empresa.
Nos percursos da residência para o trabalho, e vice-versa.

Veremos a seguir as consequências para o trabalhador.

Estabilidade

O segurado que sofreu acidente do trabalho tem garantia de


estabilidade no emprego por 12 meses após a cessação do auxílio-
doença acidentário, independentemente de percepção de auxílio-
acidente (art. 118 da LBPS).

No caso de acidente do trabalho, o empregador tem de continuar a


depositar a contribuição para o FGTS na conta vinculada do empregado
(art. 15 § 5º da Lei 8.036/90).

Doenças profissionais e do trabalho

Doenças ocupacionais são as deflagradas em virtude da atividade


laborativa desempenhada, resultado de constante exposição a agentes
físicos, químicos e biológicos, ou mesmo do uso inadequado dos
recursos disponíveis ao trabalhador (uso indevido de equipamentos de
informática). As doenças ocupacionais dividem-se em (art. 20 da LBPS):

Doenças profissionais: Decorrentes de situações comuns aos


integrantes de determinada categoria de trabalhadores, ou
exercício de trabalho peculiar a determinada atividade.
Doença do trabalho: Adquirida ou desencadeada em função de
condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se
relaciona diretamente. Competência: os benefícios derivados de
acidente do trabalho possuem a peculiaridade de serem julgados
na Justiça Estadual (art. 109, I, da CRFB).

Doenças ocupacionais
Diferenciação em relação ao acidente do trabalho: não decorrem de evento
súbito nem dependem de evento violento. As doenças ocupacionais
derivam das contingências do trabalho desempenhado ao longo do tempo,
que estabelecem o nexo causal entre a atividade laborativa e a doença.

O caput do art. 20 da LBPS equipara as doenças ocupacionais a acidente


do trabalho nos seus efeitos. Com isso, são geradas as mesmas
consequências de Direito (ex.: estabilidade de 12 meses, depósito do FGTS,
valor maior de APIN).

Doença do trabalho
Não são consideradas como doença do trabalho (art. 20 § 1º da LBPS):

Doença degenerativa;
Inerente a grupo etário;

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Que não produza incapacidade laborativa;
Doença endêmica adquirida por segurado habitante de região em que
ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.

Auxílio-acidente (AA)

Sobre este benefício, é necessário fazer algumas considerações:

arrow_forward Decorre de acidente, seja acidente do trabalho,


equiparado a acidente do trabalho (doença
ocupacional) ou acidente de qualquer natureza. Ou
seja, não se defere auxílio-acidente em razão de
doença que não seja ocupacional.

arrow_forward Tem caráter indenizatório (não substitui a renda


mensal do segurado), é recebido quando resultam
sequelas após a consolidação das lesões que
impliquem redução da capacidade para a atividade
habitual (art. 86 da LBPS). Portanto, é recebido em
conjunto com a remuneração do trabalho que o
segurado vier a executar (em razão do seu resíduo
laborativo).

arrow_forward O AA pode ter valor inferior ao SM, pois não é


substitutivo do salário (não viola o art. 201 § 2º da
CRFB).

arrow_forward Hipóteses de concessão (art. 104 do Dec.


3.048/99): I - redução da capacidade para o
trabalho que habitualmente exercia; II – seja exigido
maior esforço para o desempenho da mesma
atividade que exercia à época do acidente; III -
impossibilidade de desempenho da atividade que
exercia à época do acidente, porém permite o
desempenho de outra, após processo de
reabilitação profissional.

Mas atenção: Não se pode acumular o AA com aposentadoria (art. 86 §


2º da LBPS) – mas seu valor entra no cômputo dos SC (não era essa a
sistemática antes da Lei 9.528/97). Na passagem do AD para o AA, a

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incapacidade que era total passa a ser parcial, ao mesmo tempo em que
deixa de ser temporária e passa a ser permanente.

video_library
As prestações da Previdência
Social
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre as prestações da
Previdência Social

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

As aposentadorias são um dos principais benefícios previstos no


Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Sobre elas, é possível
afirmar corretamente que:

O requisito etário (atingimento de certa idade) não


se aplica à aposentadoria por tempo de
A contribuição, independentemente da data em que o
segurado complete as contribuições necessárias
para o gozo do benefício.

A perda da qualidade de segurado não influencia na


B concessão de aposentadoria por tempo de
contribuição e aposentadoria por idade.

O fator previdenciário deixa de existir depois da


Reforma da Previdência para os novos segurados
(que entrarem no RGPS depois da EC 103/19) e de
C
acordo com as regras de transição (para os que já
estavam vinculados ao RGPS quando foi publicada
a EC 103/19).

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O segurado especial, o contribuinte individual e o


segurado facultativo têm direito à aposentadoria por
D
tempo de contribuição, caso contribuam com
alíquota de 11%.

Após a EC 103/19 a idade mínima para as mulheres


E se aposentarem passou para 65 (sessenta e cinco)
anos de idade.

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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Questão 2

Em relação aos benefícios não programados, assinale a alternativa


correta.

O valor do auxílio-doença pago pelo INSS às


A diversas categorias de segurado não engloba os
primeiros 15 (quinze) dias de afastamento.

Os benefícios por incapacidade, como auxílio-


doença, auxílio-acidente e aposentadoria por
B
invalidez, não exigem que a incapacidade ocorra
depois da vinculação ao RGPS.

Não é possível a concessão de benefício por


incapacidade para o segurado facultativo que
C
exerça apenas atividades domésticas no âmbito de
sua própria residência.

Quem sofre acidente de qualquer natureza, ainda


que não seja caracterizado como acidente de
D
trabalho, não é dispensado do cumprimento da
carência.

A caracterização do acidente de trabalho é feita


através de quatro elementos: exterioridade, violação
E
à integridade física, relação com a atividade laboral
e evento súbito.

Parabéns! A alternativa E está correta.

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%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
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2 - Processo administrativo, judicial e


previdenciário
Ao final deste módulo, você será capaz de descrever os processos
administrativo, judicial e previdenciário.

Prova
Antes de entrarmos nas características fundamentais dos processos
administrativo e judicial que instrumentalizam o Direito Previdenciário, é
interessante ter em mente o quanto esse ramo do Direito depende de
boa produção de prova.

As questões de Direito, apesar dos inúmeros debates doutrinários e


precedentes jurisprudenciais existentes, não exigem maiores
demonstrações, seja no processo administrativo, seja no processo
judicial. A princípio, o juiz ou analista administrativo tem o dever de
saber do que se trata e, de fato, conhece a legislação e as teses
defendidas, pois Previdência Social é matéria que atinge todo mundo e
acaba que, pela repetição de demandas no dia a dia de quem opera na
área, tem-se conhecimento do que geralmente é defendido pelas partes.

Já as questões de fato, relativas à vida pessoal de quem está


demandando, exigem maior cuidado e necessidade de demonstração,
pois o juiz ou o analista administrativo não as conhece. Nesse ponto,
entra a importância da prova! É principalmente através da prova que se
faz o convencimento do juiz ou do analista. Quanto à valoração da
prova, existem três grandes sistemas passíveis de serem utilizados pelo
órgão julgador:

Livre convencimento motivado (regra).

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Íntima convicção (não tolerado no Direito Previdenciário).

Prova tarifada (há resquícios no Direito Previdenciário).

Apesar de ser preponderante o uso do livre convencimento motivado, é


notório que, especialmente no Direito Previdenciário, determinados fatos
da vida laborativa sejam provados preponderantemente, em certa época,
através de certos documentos. O resultado é que, mesmo diante da
possibilidade do livre convencimento motivado, o julgador possua um
rol de “provas preferidas”, conforme o ponto que se deseja provar. É um
ramo no qual, frequentemente, confere-se à prova documental ou
pericial maior credibilidade do que à prova testemunhal ou depoimento
pessoal. Ex.: a prova pericial é uma regra (quase que absoluta) em
casos que envolvam benefícios por incapacidade; PPP e Laudo Técnico
são os documentos geralmente aceitos como prova para contagem
majorada na exposição a gentes nocivos; fotos da moradia ajudam
muito no julgamento de BPC-LOAS.

Livre convencimento motivado


Quando o julgador expõe quais fundamentos que, no caso concreto,
convenceram-no e levaram-no à conclusão exposta no dispositivo do
julgamento.

Sobre prova tarifada


A LBPS, no art. 55 § 3º, exige início de prova material para comprovação
de tempo de serviço. Mais adiante, no artigo 106, há um elenco de
provas materiais para a comprovação da atividade rural (esse rol é
ampliado pelos art. 47 e 54 da IN 77/15). Desde 2019, a MP 871/19
(convertida na Lei 13.876/19) introduz § 5º no artigo 16 da LBPS,
fazendo com que a união estável e a dependência econômica também
passem a exigir início de prova material contemporânea aos fatos (não
admite prova exclusivamente testemunhal, exceto na ocorrência de
motivo de força maior e/ou caso fortuito). Não basta que seja prova oral
reduzida a termo (apenas formalmente documental), como no caso de
declarações escritas de pessoas próximas. Feitas estas considerações
iniciais sobre a necessidade probatória, vamos ao processo!

Processo administrativo
previdenciário
De acordo com a IN 77/15 (art. 658):

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Considera-se processo
administrativo previdenciário o
conjunto de atos administrativos
praticados nos Canais de
Atendimento da Previdência Social,
iniciado em razão de requerimento
formulado pelo interessado, de
ofício pela Administração ou por
terceiro legitimado, e concluído com
a decisão definitiva no âmbito
administrativo.

IN 77/15 (art. 658)

Fases do PAP: inicial, instrução, decisão, recursos, julgamento dos


recursos.

Princípios que regem o PAP


Estão previstos nos artigos 5º e 37 da CRFB e art. 2º da Lei 9.784/99 os
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
eficiência, do contraditório e ampla defesa, duração razoável do
processo, isonomia, do devido processo legal, segurança jurídica, do
interesse público, finalidade, motivação, razoabilidade e
proporcionalidade. Os preceitos do PAP constantes do art. 659 da
IN77/15 dão contornos mais concretos a estes princípios. Vamos a eles:

Princípio da motivação expand_more

É direito do cidadão conhecer as razões pelas quais seu


requerimento foi indeferido ou parcialmente deferido, o que é
necessário para o exercício do contraditório (oportunidade de
contraditar o ato administrativo) e ampla defesa. Liga-se ao
preceito do art. 659, X, da IN77:

Fundamentação das decisões, indicando os documentos e


os elementos que levaram à concessão ou ao
indeferimento do benefício ou serviço.

Presunção de boa-fé expand_more

Dos atos praticados pelos interessados (art. 659, I, IN77).

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Princípio da publicidade expand_more

Que contempla os preceitos da identificação do servidor


responsável por cada ato e a data em que cada ato foi praticado
(art. 659, XI, IN77).

Princípio da ampla defesa e contraditório expand_more

Que contempla o preceito de garantia à comunicação, à


apresentação de alegações finais, à produção de provas e à
interposição de recursos (art. 659, XIV, IN77).

Princípio da primazia da verdade material expand_more

Que define que o julgador deve buscar a verdade, ainda que


tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos
aos autos pelos interessados. Utilizando-se de sua experiência
na matéria, o julgador pode determinar certas provas úteis a
desvendar situações que, dentro de um juízo de probabilidade,
costumam ocorrer em situações similares ao caso concreto em
análise. Legitima, por exemplo, a pesquisa externa, a justificação
administrativa e qualquer outra solicitação de documentos ou
informações feitas a órgãos ou empresas. Mas isso não retira do
segurado a obrigação de trazer elementos indicativos aos autos,
bem como informações e documentos quando solicitado (Obs.:
Não basta o “quero me aposentar”). Este princípio complementa-
se com a ideia de cooperação (art. 5º do NCPC).

Princípio da oficialidade expand_more

Que impõe à Administração o dever de dar prosseguimento ao


processo, impulsionando-o de ofício, sem prejuízo da atuação
dos interessados (art. 659, XVI, IN77).

Princípio do interesse público expand_more

Que contempla a regra hermenêutica de interpretação da norma


administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do
fim público (art. 659, XVII, IN77), que, no caso da Previdência
Social, é conceder o benefício a quem tem direito e negar aos
que ainda não completaram os requisitos necessários.

Além desses, há ainda os princípios específicos do PAP:

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arrow_forward Obrigatoriedade da concessão do


benefício mais vantajoso
Os servidores do INSS devem verificar as provas
produzidas nos autos e, no momento do
julgamento, mesmo que o segurado ou dependente
requeira espécie de benefício diverso ou sejam
possíveis duas ou mais interpretações sobre o
caso, se constatado o direito ao benefício diverso
do requerido e/ou mais vantajoso economicamente,
deve-se informar tal fato ao interessado. No caso
de anuência do segurado, deve-se proceder a
concessão.

arrow_forward Direito de esclarecimento


O servidor do INSS deve prestar ao segurado, em
todas as fases, os esclarecimentos necessários
para o exercício dos seus direitos, tais como
documentação indispensável, prazos para a prática
de atos, abrangência e limite dos recursos (art. 659,
VII, IN77) com formas e vocabulário simples,
evitando-se o uso de siglas ou palavras de uso
interno da Administração que dificultem o
entendimento pelo interessado (art. 659, XII, IN77).

arrow_forward Presunção de veracidade dos


dados constantes nos sistemas
corporativos da Previdência (ART.
29-A e §§ da LBPS)
Por um lado, caberá ao INSS comprovar que a
informação inserida no sistema não é verdadeira
para que possa desconsiderá-la. Por outro lado,
cria-se resistência (necessidade de prova robusta)
para considerar períodos e remunerações que não
estejam nos sistemas (onde cidadão pode verificar
com regularidade os dados constantes do CNIS e
solicitar, a qualquer tempo, a inclusão, exclusão ou
retificação de informações).

arrow_forward Gratuidade

P ibi ã d b d d i
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Proibição de cobrança de despesas processuais,
ressalvadas as previstas em lei (art. 659, XV, IN77).

arrow_forward Informalismo procedimental


(aplicado em favor do segurado e
seus dependentes)
Determina que erros formais não devem prejudicar
o requerente, desde que seja possível aproveitar
seu ato e fazê-lo atingir sua finalidade. Com base
neste princípio, pode-se até mesmo alterar um
pedido depois de realizada a instrução e gozar de
direitos que só seriam alcançados no curso do
processo.

Artigo 690 da IN 77/15 – Reafirmação da DER (Data da Entrada do


Requerimento): “Se durante a análise do requerimento for verificado que
na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento
do direito, mas que os implementou em momento posterior, deverá o
servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação
da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por
escrito”. A reafirmação da DER em processo judicial foi admitida pelo
STJ em 10/2019, com o julgamento do Tema 995: É possível a
reafirmação da DER para o momento em que implementados os
requisitos para a concessão do benefício, mesmo que isso se dê no
interstício entre o ajuizamento da ação e a entrega da prestação
jurisdicional nas instâncias ordinárias.

Há também o direito de desistência previsto no artigo 181-B do Dec.


3.048/99. Apesar de serem irreversíveis e irrenunciáveis, o segurado
pode desistir da sua aposentadoria (ex.: acreditava que o benefício viria
num valor mais alto e veio mais baixo, preferindo continuar trabalhando
e pedir em outro momento). Essa desistência deve ser logo após a
concessão e antes da ocorrência de um dos seguintes atos: I -
recebimento do primeiro pagamento do benefício; ou II - saque do
respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou do
Programa de Integração Social (PIS).

Reconhecimento automático de
direitos
Além dos princípios do PAP, há algo que esbarra no material e no
processual (ao mesmo tempo) e que é um objetivo perseguido pelo
INSS: o reconhecimento automático de direitos. É um dos objetivos
estratégicos do INSS. A diretriz que o precede é manter um cadastro
fidedigno da vida laboral e profissiografia do cidadão com vistas a
facilitar a obtenção de prestações previdenciárias e serviços, como a
reabilitação profissional e o serviço social. O desafio é lidar com

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situações ocorridas há cinco décadas. Ex.: GFIP foi criada em 1999, e a
obrigatoriedade em meio magnético para todas as empresas, só em
2004.

Ciência dos atos


As formas de ciência dos atos processuais são as seguintes:

Ciência nos autos, preferencialmente.


Via postal com AR, telegrama ou outro meio que assegure ciência
ao interessado. Presumem-se válidas as comunicações dirigidas
ao endereço declinado nos autos, ainda que sejam recebidas por
terceiros.
Outro meio que assegure ciência, desde que registrado no
processo.

Ciência
Comparecimento supre a falta de comunicação e dá início à contagem de
prazos. Para os processos de suspensão de benefício por indício de erro ou
irregularidade, a ciência inicial será preferencialmente pela rede bancária.

Contagem de prazos
Sobre a contagem de prazos, veja as etapas:

Início: data da cientificação.


Contagem: em dias corridos, excluindo o dia inicial e incluindo o
dia final.
Prorrogação: nos casos de dia sem expediente, primeiro dia útil
subsequente.

No PAP, o não atendimento da comunicação não implica o


reconhecimento da verdade dos fatos de modo desfavorável à
pretensão formulada pelo interessado. Porém, pode prejudicar a
instrução, com aumento das chances de insucesso. O art. 678 § 7º da
IN 77 determina que, esgotado o prazo para cumprimento de exigências,
o INSS deve analisar os dados presentes nos sistemas e proferir a
decisão.

Fase inicial ou postulatória


Em regra, dá-se por requerimento da parte (exceção: início de ofício pelo
INSS). Elemento essencial: definição do objeto (concessão, revisão,
atualização cadastral, prestação de serviços) + documentos (que
provam o direito). A formalização do processo se dá com:

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Requerimento assinado;
Procuração, se for o caso;
Comprovante de agendamento, quando cabível;
Cópia do documento de identificação do requirente e
representante legal;
Documentação comprobatória relacionada ao pedido, caso haja.

Mas atenção a estas informações:

Solução no caso de recusa ao protocolo por parte do servidor:


contatar a Ouvidoria.
Documentação incompleta causa expedição de carta de exigência,
na fase instrutória, com prazo de 30 dias para o cumprimento.
No PAP, o requerimento geralmente é padrão, mas é possível
melhorar seu conteúdo através de anexo construído pelo
segurado.
Requerimento pode ser formulado pelos canais: A) Portal do INSS
na Internet; B) Central de Atendimento 135; C) Agência de
Atendimento da Previdência Social - APS (1.500 pontos de
atendimento no Brasil).
Qualquer que seja o canal utilizado, fixa-se a Data da Entrada do
Requerimento – DER.

Fase instrutória
Nos âmbitos administrativo e judicial, o mais importante é a boa
produção das provas. No Direito Previdenciário, a maior parte das
provas são pré-constituídas. As provas que instruem o processo
administrativo são praticamente as mesmas utilizadas na via judicial.
Todavia, uma das principais diferenças do âmbito administrativo para o
judicial é a liberdade na apreciação das provas.

A valoração de provas no PAP é muito atrelada ao que determina a IN


77/15, que apresenta listas de provas geralmente aceitas para cada
situação (a tarifação de provas diminui no âmbito judicial). A carta de
exigências é o expediente comum para o servidor do INSS requerer
complementação de documentação, isso quando já não comunica de
pronto no atendimento inicial. Prazo para cumprimento das exigências:
30 dias, prorrogável por mais 30 mediante justificativa do interessado.

Espécies de provas
Sobre as espécies de provas, elas podem ser:

Documental.
Oral: justificação administrativa (JA) para testemunhas; entrevista
rural para verificar a situação dos segurados no campo.
Registros em cadastros públicos.

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Pesquisa externa: feita pelo servidor do INSS, previamente
designado para atuar nas empresas, nos órgãos públicos ou em
relação aos contribuintes em geral e beneficiários, com o objetivo
de verificar a veracidade de documentos, conferir dados
constantes nos sistemas, dentre outros.
Prova pericial: destinada a avaliar a capacidade laborativa do
segurado e a invalidez ou deficiência para fins de prorrogação da
qualidade de dependente após os 21 anos de idade, bem como a
deficiência/impedimentos para fins de percepção de benefício
assistencial (BPC-LOAS).

Cadastro Nacional de Informações


Sociais (CNIS)
Os dados constantes no CNIS relativos a vínculos, remunerações e
contribuições valem como prova de filiação à Previdência Social, relação
de emprego, tempo de serviço ou de contribuição e salário-de-
contribuição, salvo comprovação de erro ou fraude. A comprovação dos
dados divergentes, extemporâneos ou não constantes no CNIS caberá
ao requerente. O que alimenta o CNIS?

GFIP, que entrou em funcionamento em 1999, e obrigatoriedade


em meio magnético para todas as empresas em 2004.
RAIS, que começou em 1974.
CAGED, que foi instituído em 1965.
Recolhimentos em bancos e lotéricas.

Fase decisória
Na fase decisória, o servidor responsável analisa as provas e o
requerimento e emite uma decisão administrativa. A decisão, em
qualquer hipótese, deverá conter despacho sucinto com objeto do
requerimento administrativo, fundamentação com análise das provas
constantes nos autos e conclusão, deferindo ou indeferindo o pedido
formulado.

Reconhecido o direito ao benefício, como regra geral,


os efeitos financeiros retroagem à data de entrada do
agendamento (Central 135 ou internet) ou do
requerimento – DER.

Fase recursal
Em primeira análise, corresponde a uma fase aberta ao administrado
que não concordar com a decisão administrativa. Porém, o INSS
também poderá recorrer (não contra si próprio, mas pode recorrer das

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decisões proferidas pelas JR – Juntas de Recursos, já que o Tribunal
Administrativo não compõe a estrutura organizacional do INSS, mas,
sim, do Ministério a que é associado). O CRSS (Conselho de Recursos
do Seguro Social) é composto de 29 JR e 4 Câmaras de Julgamento
(CaJ), com as mesmas competências.

Fase aberta
É possível voltar à produção de provas na fase recursal (mais uma
manifestação da busca pela verdade material e informalismo
procedimental.

JR – Juntas de Recursos
As JR têm jurisdição (administrativa) no estado ou região onde são
localizadas, e as CaJ têm jurisdição em todo o território nacional.

CRSS
O CRSS é um tribunal administrativo, e suas decisões têm força de coisa
julgada para o INSS, mas não para o particular (que pode ingressar com
uma ação no Judiciário).

Recurso ordinário para a JR


O prazo para recurso é de 30 dias a partir da intimação da decisão de
indeferimento. Prazo para Contrarrazões (do INSS): 30 dias do protocolo
do recurso. O INSS tem o poder de revisar a decisão com base nos
argumentos trazidos em recurso ordinário. Se acolher, o processo se
encerra. Se não acolher, faz despacho expondo as razões do não
acolhimento (contrarrazões). Se não houver o despacho de
contrarrazões, considera-se a manutenção da decisão de indeferimento
pelos seus próprios fundamentos.

Atenção!
A intempestividade não impede a revisão de ofício pelo INSS quando a
decisão administrativa estiver incorreta. Ocorrido o julgamento pela JR,
o processo retorna ao INSS para que proceda a comunicação ao
interessado.

Recurso especial para a CaJ


O prazo para recurso é de 30 dias. Podem recorrer tanto a parte quanto
o INSS. Também é possível a conversão em diligência. É vedado ao
INSS escusar-se de cumprir as diligências solicitadas pelo CRSS, bem
como deixar de dar cumprimento às decisões definitivas daquele
colegiado, reduzir ou ampliar o seu alcance ou executá-las de modo que
contrarie ou prejudique seu evidente sentido.

A propositura, pelo interessado, de ação judicial que tenha por objeto


idêntico pedido sobre o qual versa o processo administrativo importa

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renúncia ao direito de recorrer na esfera administrativa e desistência do
recurso interposto.

Processo judicial
Tem início com a petição inicial, que deve vir acompanhada de
documentos essenciais: identidade, CPF, procuração e comprovante de
residência. Conforme o caso, haverá termos necessários à
comprovação da regularidade da representação (termo de curatela, por
exemplo). Além desses documentos, deverá ser juntada renúncia ao
excedente a 60 salários-mínimos quando se opta por ajuizamento nos
juizados especiais federais (JEF). Destaques úteis na petição inicial
conforme a pretensão:

AD/APIN expand_more

Esclarecer a doença/especialidade médica (múltiplas patologias,


mas, em regra, geram perícia com médico do trabalho ou clínico
geral), se pretende concessão/reestabelecimento, Número do
Benefício no INSS (NB) e Data do Início do Benefício (DIB). Se for
indeferido administrativamente por perda da qualidade de
segurado, precisará comprovar o vínculo com o RGPS no início
da incapacidade, ainda que tenha perdido posteriormente.

APID expand_more

Comprovar o tempo de carência alcançado, elencar os vínculos


não computados pelo INSS, NB e DIB. Usar uma planilha de
contagem de carência ajuda. Os casos mais comuns de
indeferimento de APID derivam de:

a. INSS desconsiderar vínculos da CTPS que não estão no CNIS.


b. Não computar AD como carência.
c. Recolhimento em atraso não computado como carência.

Na situação b, devemos observar se o AD está intercalado com


período contributivo para que possa ser considerado. Na
situação c, devemos verificar se foi perdida a qualidade de
segurado no momento do recolhimento em atraso.

APESP expand_more

Fazer uma lista de vínculos especiais, agente nocivo /


enquadramento por profissão e se foi considerado ou não pelo

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INSS, elencar os outros vínculos comuns, NB, DIB e usar uma
planilha de contagem de tempo de contribuição ajuda.

Pensão expand_more

Informações necessárias: dados do segurado falecido, idade da


parte autora e tempo de convivência, data do óbito e DER.
Esclarecer se o de cujus recebia benefício ou contribuía para o
RGPS (comprovação da qualidade de segurado) e trazer lista de
provas que comprovem a união estável (ou dependência
econômica). Quanto à lista de provas, pode-se consultar as
listadas no artigo 22 § 3º do Dec. 3048/99 e artigo 135 da IN
77/15. Caso o segurado tenha morrido sem qualidade de
segurado, averiguar se ele teria algum direito a benefício do
RGPS no momento do falecimento (AD, APIN, ATC ou APID). O
direito a qualquer benefício impede a perda da qualidade de
segurado.

Ações revisionais fáticas expand_more

Vínculos não considerados pelo INSS, remunerações divergentes


na carta de concessão, NB, DIB (há decadência de 10 anos para
as revisionais).

Revisionais por tese ou reajustes remuneratórios expand_more

Destaque para qual é a tese, NB e DIB (há decadência de dez


anos para as revisionais, mas não para as de reajustes
remuneratórios).

Revelia (ausência de resposta do réu – no caso, o INSS): A partir do art.


20 (parte final) da Lei nº 9.099/95, extrai-se que a decretação da revelia
somente implica presunção de veracidade dos fatos alegados na inicial
se o contrário não resultar da convicção do juiz.

Decadência (art. 103 da LBPS): Prazo de 10 anos para revisão do ato de


concessão, indeferimento, revisão ou cessação por parte do INSS. Para
consultar julgados importantes sobre decadência, veja o Explore +.

Competência: A competência dos JEF é de natureza absoluta (art. 3º §


3º da Lei 10.259/01), e a maioria das ações previdenciárias tramita nos
JEF. Exceções:

Causas com valor acima de 60 SM (Varas Previdenciárias).


Causas que envolvam acidente do trabalho (AD derivado de
acidente do trabalho; APIN derivada de acidente do trabalho;
pensão por morte derivada de acidente do trabalho; revisões de
benefícios por acidente do trabalho).

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Causas que envolvam competência delegada: opção do segurado
pela Justiça Estadual caso more em comarca que não seja sede
de Vara/JEF da Justiça Federal. O exercício da competência
delegada é restrito às comarcas estaduais localizadas a mais de
70 quilômetros da sede da vara federal cuja circunscrição abrange
o município-sede da comarca.

Nos casos de acidente de trabalho, a competência recursal é do Tribunal


de Justiça (estadual) e, nos casos de competência delegada, a
competência recursal é do Tribunal Regional Federal.

Conflitos de competência

JEF versus JEF – decidido pela Turma Recursal

JEF versus Vara Federal – decidido pelo TRF

Vara Estadual versus Vara Federal – decidido pelo TRF

Vara Estadual versus JEF – há jurisprudência com julgamento no STJ e


em TRF.

A necessidade de requerimento administrativo prévio ao processo


judicial foi julgada pelo STF, em sede de repercussão geral, que o
ajuizamento de ação cujo objeto seja a concessão de benefício
previdenciário depende de prévio indeferimento administrativo. A
exigência de prévio requerimento, contudo, não se confunde com o
exaurimento das vias administrativas, ou seja, não é necessário o
recurso administrativo em relação ao indeferimento. O STF fixou que a
prévia exigência de requerimento administrativo não deve prevalecer
nos seguintes casos:

Excesso de prazo legal para análise do requerimento (demora


superior a 45 dias).
Entendimento da Administração notório e reiteradamente contrário
à postulação do segurado (teses não aceitas pelo INSS).
Pretensão de revisão, restabelecimento ou manutenção de
benefício anteriormente concedido (salvo, neste último caso, se
depender da análise de matéria de fato ainda não levada ao
conhecimento da Administração).

Apreciação da prova na via judicial


As espécies de provas admitidas (já estudadas no âmbito do PAP) são
as mesmas que instruirão as ações judiciais. A diferença do direito

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probatório nas vias administrativa e judicial reside na menor tarifação e
limitações imposta ao juiz, ao contrário do servidor administrativo, que
deve necessariamente observar o Decreto 3.048/99 e a IN 77/2015.

Na via judicial, a jurisprudência acaba só admitindo a tarifação imposta


pela Lei. Nos demais casos, vigora a ampla liberdade para apreciação
do acervo probatório.

No âmbito previdenciário, o principal exemplo de tarifação imposta pela


lei é a exigência de início de prova material para comprovação de
vínculo (art. 55 § 3º da Lei 8.213/91). Depois da MPV 871/19
(convertida na Lei 13.846/19), passou-se a exigir início de prova material
também para dependência econômica.

Dica
1) Priorizar as provas pré-constituídas. Nem sempre é fácil conseguir
documentação em prazos judiciais exíguos. Ex.: PPP ou prova
contemporânea de vínculo.

2) Impugnação de laudos médicos periciais. Via de regra, são acolhidas


em impugnação apenas contradições internas do laudo ou questão
muito evidente (internação atual/ laudo pela capacidade). Lembrar que
já houve dois peritos (1 administrativo e 1 judicial) apontando na mesma
direção, bem como a função executada pelo médico-assistente da parte
(que eventualmente opina pela incapacidade) não é a mesma do perito.

3) Impugnar o perito ou especialidade tem mais eficácia no momento da


nomeação, e não depois de apresentado o laudo desfavorável.

4) A jurisprudência é forte no sentido de que só é necessária


especialização do perito em casos médicos muito complexos. Via de
regra, médicos do trabalho ou clínicos gerais são nomeados para as
perícias quando se alega muitas patologias ou comorbidades. Deste
modo, se há diversas patologias, mas algumas nitidamente não geram
incapacidade, é mais indicado pedir perícia na área realmente crítica.
Psiquiatria e oftalmologia são os casos que se costumam ser mais
restritivos com a especialidade.

5) A lei 13.876/19 entrou em vigor em 09/2019, limitando o pagamento


(pelo Poder Executivo) de apenas uma perícia por processo (art. 1º §
3°). Exceção: determinação de instâncias superiores (§4º).

Só cabe recurso (inominado/ordinário) de sentença definitiva (art. 5º da


Lei 10.259/01). Consequências:

1. Não cabe recurso de sentença que extingue o processo sem


julgamento do mérito. Obs.: tem-se admitido recurso
inominado/ordinário quando a sentença terminativa gera negativa
de jurisdição, pois acarretaria violação constitucional
(inafastabilidade da jurisdição - art. 5º XXXV da CRFB).
2. Não cabe recurso de decisão interlocutória, exceto quanto ao
deferimento de medidas cautelares (art. 4º da Lei 10.259/01).
Obs.: em face de decisão interlocutória (inclusive em fase
executiva), admite-se a impetração de mandado de segurança
perante as turmas recursais (súmula 376 do STJ e enunciado 88
do FONAJEF).

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Decisões de turma recursal desafiam Pedido de Uniformização de
Interpretação de Lei Federal (PEDILEF):

No prazo de 10 dias
Dirigido à Turma Regional de Uniformização quando se tratar de
divergência entre turmas da mesma região judiciária.

No prazo de 15 dias
Dirigido à Turma Nacional de Uniformização dos JEF – TNU quando se
tratar de divergência entre turmas de regiões diferentes (Art. 14 da Lei
n.º 10.259/01 c/c art. 13 Res. 345/15 CJF).

Além de PEDILEF, cabe também recurso extraordinário para o STF em


face das decisões das turmas recursais no prazo de 15 dias (art. 15 da
Lei 10.259/01 e súmula 640 do STF). Quando a orientação acolhida pela
TNU contrariar súmula ou jurisprudência dominante STJ, a parte
interessada poderá usar do Incidente de Uniformização de
Jurisprudência – IUJ (PUIL) para provocar a manifestação do STJ, que
dirimirá a controvérsia (art. 14 § 4º da Lei 10.259/01).

Fase executiva
As execuções previdenciárias se concretizam, na maioria dos casos, em
duas obrigações, sendo uma de fazer, consistente na implantação ou
revisão do benefício previdenciário, e outra de pagar quantia certa, que
são as parcelas atrasadas.

As implantações ou revisões são feitas através das Centrais de Análise


de Benefícios – Demandas Judiciais (CEAB-DJ), antigas AADJ ou EADJ.
Os cálculos dos atrasados são apresentados pelo Setor de Contadoria
da Procuradoria Especializada do INSS – a chamada Execução Invertida
(não é o autor, e sim o réu – INSS – que apresenta o cálculo dos
atrasados).

Alguns juízos fazem os cálculos mais simples na secretaria da Vara/


Juizado. O pagamento é feito via Requisição de Pequeno Valor (RPV) na
Caixa Econômica Federal ou no Banco de Brasil no prazo de até 60 dias
a partir da transmissão do juízo, ou segue a dinâmica dos precatórios
(art. 100 da CRFB), se o valor a pagar superar 60 salários mínimos e não
houver renúncia do excedente.

video_library
Processos administrativo e
judicial previdenciário
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre o processos
administrativo, judicial e previdenciário

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Assinale a alternativa que descreve corretamente um dos aspectos


dos sistemas de prova e sua relação com o Direito Previdenciário.

Prevalece o sistema do livre convencimento


motivado, em que o julgador considera as provas
A
determinadas pela lei e as usa livremente na
fundamentação de sua decisão.

Tendo em vista que, no Direito Previdenciário, certos


fatos da vida laborativa são provados
B preponderantemente, em certa época, através de
certos documentos, o sistema probatório que
prevalece é o da prova tarifada.

Apesar de o sistema do livre convencimento


motivado prevalecer no Direito Previdenciário, há,
C
conforme o benefício pretendido, maior
credibilidade de certas espécies de prova.

O sistema da íntima convicção, apesar de não ser


regra no Direito Previdenciário, pode,
D ocasionalmente, nortear o julgamento sobre
existência de união estável em requerimentos de
pensão por morte.

O sistema da prova tarifada prevalece no Direito


E Previdenciário, tendo em vista o valor probatório de
algumas provas essenciais ao Direito Previdenciário.

Parabéns! A alternativa C está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EOp%C3%A7%C3%A3o%20A%20est%C3%A1%20errada%2C%20pois%20a%20determina%C3%A7%

Questão 2

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22/11/2023, 19:28 Regime Geral de Previdência Social
Assinale a alternativa que apresenta uma afirmativa correta sobre
os princípios que regem o Processo Administrativo Previdenciário
(PAP):

O princípio da motivação tem estreita ligação com o


A
princípio do impulso.

Caso exista a possibilidade de conceder mais de um


benefício, o INSS deixará a cargo do beneficiário
B optar pelo melhor benefício para si, a fim de
proteger o princípio do menor ônus financeiro para o
INSS.

O princípio da verdade material não se aplica no


C PAP, prevalecendo, por assim, o princípio da verdade
formal.

O PAP observa o princípio do impulso, cabendo ao


requerente (interessado) impulsionar o processo e
D
promover as diligências para provar seu direito
perante o INSS.

O princípio da oficialidade impõe à Administração o


dever de dar prosseguimento ao processo,
E
impulsionando-o de ofício, sem prejuízo da atuação
dos interessados.

Parabéns! A alternativa E está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EO%20art.%20659%2C%20XVI%2C%20IN77%2C%20encampa%20o%20princ%C3%ADpio%20da%
%20impuls%C3%A3o%2C%20de%20of%C3%ADcio%2C%20do%20processo%20administrativo%2C%20sem%20

3 - Crimes previdenciários
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Reconhecer os principais crimes previdenciários.

Primeiras palavras
Inicialmente, alguns crimes previdenciários estavam previstos no artigo
95 da Lei de Custeio da Previdência Social (LCPS – Lei 8.212/91), mas, a
partir do ano 2000, com o advento da Lei 9.983/00, houve uma migração
desses tipos penais para o Código Penal. Vale dizer que não houve
revogação, anistia, ou o que se denomina no Direito Penal como abolitio
criminis, ou seja, não houve perdão ou retirada desses crimes do
ordenamento jurídico, mas apenas uma alteração do diploma legislativo
que os prevê.

Apropriação indébita
previdenciária
O empregador possui entre as suas obrigações acessórias tributárias
reter o valor de contribuição dos segurados a seu serviço e recolher aos
cofres da Previdência. A retenção feita em cima do salário pago ao
empregado coloca nas mãos do empregador um valor que a ele não
pertence: é um valor do seu empregado que deve ser destinado à
Previdência Social, ou seja, o empregador, por uma questão de
otimização da lógica fiscalizatória, fica de posse desse valor de
terceiros (seus empregados e contribuintes individuais que lhe prestam
serviço) até a data designada para o recolhimento das contribuições,
sendo que a legislação prevê o crime de apropriação indébita
previdenciária caso tais valores não sejam repassados à Previdência
Social no tempo oportuno.

Previsão legal: artigo 168-A do CP / pena prevista: reclusão de 2 (dois) a


5 (cinco) anos e multa. O caput do art. 168-A prevê que constitui crime
“deixar de repassar à previdência social as contribuições recolhidas dos
contribuintes, no prazo e forma legal ou convencional”, sendo que o § 1º
estende a previsão para as seguintes condutas:

Deixar de recolher, no prazo legal, contribuição ou outra


importância destinada à previdência social que tenha sido
descontada de pagamento efetuado a segurados, a terceiros ou
arrecadada do público.
Deixar de pagar benefício devido a segurado, quando as
respectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados à
empresa pela Previdência Social.

Há, ainda, dentre os incisos do §1º, uma previsão relacionada a valores


derivados de venda de produtos e serviços, que se aplicam a casos
especiais, em que algumas empresas, em razão de sua operação, estão

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sujeitas à substituição tributária (ficar responsável por tributos devidos
por terceiros) em cima de contribuições substitutivas (que não incidem
sobre valores de remuneração, mas em razão de venda de produtos).
Nesses casos, também há a caraterização de apropriação indébita
previdenciária caso não haja o repasse: “Deixar de recolher
contribuições devidas à previdência social que tenham integrado
despesas contábeis ou custos relativos à venda de produtos ou à
prestação de serviços”.

Quando a empresa deixa de recolher as contribuições


devidas por ela própria, não está caracterizada a
apropriação indébita previdenciária. Há necessidade de
que o valor tenha sido retido de um terceiro para a
configuração dessa espécie de delito.

Quem pratica o crime? O responsável legal pelo recolhimento, ainda que


tenha delegado essa tarefa a terceiro que venha a agir em seu nome.
Trata-se de crime próprio. Veja os exemplos abaixo:

Elemento subjetivo expand_more

Apenas punível na modalidade dolosa (não há previsão de


apropriação indébita previdenciária culposa). Para a
configuração do crime, não se exige dolo específico, como se
beneficiar pessoalmente dos valores não repassados. Trata-se
de dolo genérico, com caráter omissivo, que se perfectibiliza pelo
não repasse do valor retido no tempo devido.

Excludentes expand_more

É aceita, por parte da jurisprudência, a inexigibilidade de conduta


diversa (excludente de culpabilidade) ou estado de necessidade
(excludente da ilicitude), quando comprovada dificuldade
financeira. Geralmente, tais excludentes são admitidos apenas
em hipóteses excepcionais em que a apropriação indébita
previdenciária não se protraia longamente no tempo. Vale dizer
que esses entendimentos não são expressamente previstos em
lei – o que está expressamente previsto em lei é a possibilidade
de extinção de punibilidade e o perdão judicial, que veremos na
sequência.

Extinção de punibilidade (no CP) expand_more

Ocorre se o agente, antes do início da ação fiscal (caracterização


da autodenúncia espontânea), declara, confessa e efetua o
pagamento das contribuições.

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Perdão judicial (no CP) expand_more

O juiz pode deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa


se o agente for primário e de bons antecedentes e tenha
promovido, após o início da ação fiscal e antes de oferecida a
denúncia, o pagamento da contribuição social previdenciária,
inclusive acessórios (multa e juros). Há também a possibilidade
de perdão (desde que o agente seja primário e de bons
antecedentes) quando o valor das contribuições, inclusive
acessórios, seja igual ou inferior ao estabelecido como mínimo
para o ajuizamento de execuções fiscais.

Apesar de a lei colocar como uma faculdade do juiz, o


entendimento que prevalece é que se trata de um direito
subjetivo do réu, de modo que o juiz é obrigado a conceder o
perdão caso estejam presentes as condições.

Ação penal expand_more

É pública incondicionada (promoção pelo Ministério Público


Federal, independentemente de provocação, apesar de
regularmente se dar através de notícia por parte do ente
fiscalizador) com competência para julgamento da Justiça
Federal (ente atingido – INSS – atrai a competência da Justiça
Federal).

Sonegação fiscal
previdenciária
Com a migração dos tipos penais da LCPS para o CP, a sonegação fiscal
previdenciária passou a ser prevista no capítulo dos crimes praticados
por particular contra a administração em geral. O que se visa coibir com
essa previsão na lei penal são as condutas direcionadas a ocultar fatos
geradores de contribuições previdenciárias, procurando impedir, através
do peso de uma condenação criminal, que o contribuinte acarrete uma
supressão, redução ou omissão de informações relativas às
contribuições que está obrigado a recolher.

Caracteriza-se a sonegação fiscal previdenciária quando alguém


suprime ou reduz contribuição social previdenciária, mediante:

looks_one Omissão na folha de pagamento da empresa ou em


documento de informações previsto pela legislação
previdenciária (por exemplo: na Guia do FGTS e
Informações à Previdência – GFIP) segurados

( d ái t b lh d l
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(empregado, empresário, trabalhador avulso ou
trabalhador autônomo ou a este equiparado) que
lhe prestem serviços.

looks_two Falta de lançamento dos títulos próprios da


contabilidade, as quantias descontadas dos
segurados ou as devidas pelo empregador ou pelo
tomador de serviços.

looks_3 Omissão total ou parcialmente, receitas ou lucros


auferidos, remunerações pagas ou creditadas e
demais fatos geradores de contribuições sociais
previdenciárias.

Percebe-se a extensão do tipo penal quando nele se insere “[...] demais


fatos geradores de contribuições sociais previdenciárias”, ou seja,
depois de uma série de exemplos mais específicos, o tipo, ao final, abre-
se para configurar, como sonegação fiscal previdenciária, toda omissão
(seja total, seja parcial) de qualquer fato gerador de contribuição
previdenciária.

Atenção!
É importante que se diga que a ausência de pagamento do tributo
(obrigação principal sob o ponto de vista tributário) não configura
sonegação. O crime de sonegação dá-se em razão da omissão, redução
ou supressão dos fatos geradores aos olhos do Fisco (obrigação
acessória sob o ponto de vista tributário). Uma vez expostos ao Fisco,
os recolhimentos devidos poderão ser cobrados regularmente do
contribuinte; por outro lado, a ocultação dos fatos geradores acarreta
necessidade de movimento da máquina fiscalizatória para descortiná-
los. A configuração penal da sonegação fiscal previdenciária visa
justamente coibir essa ocultação, que retarda ou impede o
funcionamento regular da máquina de cobrança tributária.

Apesar de a sonegação fiscal pretender coibir precipuamente a má


declaração (obrigação acessória tributária – que se revela uma
obrigação de fazer), acaba sendo uma consequência natural fiscal que,
uma vez descoberta, também acarreta lançamento fiscal para
pagamento (uma obrigação principal tributária – a obrigação de pagar),
com multas mais pesadas integrando o processo administrativo fiscal.
Em suma, o mesmo fato (sonegação) pode gerar consequências penais
e administrativas (fiscais).

Previsão legal: artigo 337-A do CP /pena prevista: reclusão, de 2 (dois) a


5 (cinco) anos, e multa. Quem pratica o crime? O responsável legal pela
declaração (contribuinte da Previdência Social), ainda que tenha

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delegado essa tarefa a terceiro que venha a agir em seu nome. Trata-se
de crime próprio.

Elemento subjetivo expand_more

Apenas punível na modalidade dolosa – o agente deve ter


consciência e vontade de praticar a supressão, redução ou
omissão. Não há previsão de sonegação fiscal previdenciária
culposa.

Extinção da punibilidade (no CP) expand_more

Ocorre se o agente, antes do início da ação fiscal (caracterização


da autodenúncia espontânea), declara e confessa, prestando as
informações devidas. Não é necessário que efetue o pagamento
das contribuições para que se extinga a punibilidade, pois, como
visto, a previsão de persecução penal se debruça sobre a
obrigação acessória tributária.

Perdão judicial (no CP) expand_more

O juiz pode deixar de aplicar a pena ou aplicar somente a multa


se o agente for primário e de bons antecedentes e o valor das
contribuições, inclusive acessórios, for igual ou inferior ao
estabelecido como mínimo para o ajuizamento de execuções
fiscais. Apesar de a lei colocar como uma faculdade do juiz, o
entendimento que prevalece é que se trata de um direito
subjetivo do réu, de modo que o juiz é obrigado a conceder o
perdão caso estejam presentes as condições.

Ação penal expand_more

É pública incondicionada (promoção pelo Ministério Público


Federal) com o entendimento prevalente (apesar de
controvertido) no sentido de que só pode ser iniciada depois de
encerrado o procedimento administrativo que concluiu pelo
reconhecimento definitivo da obrigação tributária (crime de
resultado que exigiria o lançamento definitivo como condição de
procedibilidade). A competência para julgamento é da Justiça
Federal (ente atingido – INSS – atrai a competência da Justiça
Federal).

Extinção da punibilidade pelo

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pagamento
As previsões no Código Penal para a extinção da punibilidade e perdão
judicial (que vimos acima) foram ampliadas pelas Leis 10.684/03
(PAES) e 11.941/09 (REFIS da Crise). Essas leis supervenientes
permitem a extinção da punibilidade através do recolhimento das
contribuições e acessórios a qualquer tempo (mesmo depois de iniciada
a ação penal). No entanto, apesar de não haver necessidade de se
cumprir nenhum outro requisito, para essa modalidade de extinção da
punibilidade, tem de haver o pagamento integral do tributo.

A Lei 12.382/11 admite que, no caso de parcelamento antes do


oferecimento da denúncia, haverá a suspensão da pretensão punitiva e
do prazo prescricional até que se conclua o pagamento de todas as
parcelas. Se rescindir o parcelamento, pode ser oferecida a denúncia. Se
concluir o pagamento, extingue-se a punibilidade.

Até aqui, vimos delitos que atentam contra o sistema arrecadatório da


Previdência Social. Agora, nosso próximo passo é explorar o principal
tipo penal que visa coibir a prática de atos fraudulentos no sistema de
concessão de benefícios.

Estelionato previdenciário
A ideia central do tipo penal de estelionato (art. 171 CP) é prevenir e
punir ações que atentem contra a confiança e boa-fé das pessoas para
obtenção de vantagem (via de regra, econômica). Mais especificamente,
esse tipo de estelionato prevê penas para quem, dolosamente, pretende
enganar alguém, utilizando-se de algum meio fraudulento, para obter,
para si ou para terceiro, vantagem ilícita. A previsão legal apresenta
como núcleos: “Obter vantagem ilícita” e “induzir ou manter” alguém em
erro, utilizando-se como meios o “artifício”, o “ardil”, ou “qualquer outro
meio fraudulento”.

E quando o INSS é o ente enganado? Aplica-se a causa


de aumento de pena prevista no §3º: aumento de 1/3
na pena “se o crime é cometido em detrimento de
entidade de direito público”. A súmula 24 do STJ (de
1991) menciona explicitamente a aplicação do art. 171
§ 3º quando a vítima é entidade autárquica da
Previdência Social. Até hoje, é pacificada essa
interpretação.

Na prática, quais os meios mais comuns utilizados para induzir o INSS a


erro? Documentos falsos, especialmente os que visam comprovação de
tempo de serviço, ou relação de dependência entre pessoas (sobretudo
comprovação de união estável), ou, ainda, declarações falsas de
inexistência de união estável e coabitação, quando o benefício
pretendido é o BPC-LOAS (pois a renda de um(a) companheiro(a) pode
impedir a percepção do benefício assistencial).

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Como muitas vezes são utilizados documentos falsos para a prática do
estelionato, é comum que se depare com o concurso de crimes: artigo
171 (estelionato) e artigo 304 (uso de documento falso), ou, então,
artigo 171 (estelionato) e artigo 299 (falsidade ideológica). Todavia, a
jurisprudência entende, na linha da súmula 14 do STJ, que, “quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por
este absorvido”. Deste modo, é comum, nos casos de estelionato
previdenciário, mesmo que haja uso de documento falso (art. 304) ou
documento verdadeiro com conteúdo falso (art. 299), que se aplique
apenas a pena do artigo 171 § 3º do CP.

Não obstante as críticas da doutrina no que concerne à topologia, foram


incluídos, pela Lei 9.983/00, certos crimes específicos (que seriam
espécie de “falsidade ideológica”) como §§ 3º e 4º do artigo 297 (que
trata de “falsidade material”). De toda maneira, há enquadramento
específico para condutas de quem insere (ou faz inserir):

Pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório na


folha de pagamento ou em documento de informações (ex.: GFIP)
que seja destinado a fazer prova perante a previdência social.
Declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita na
Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social,
bem como em documento contábil ou em qualquer outro
documento relacionado às obrigações da empresa perante a
previdência social.

O § 4o prevê a mesma punição para quem omite, nestes documentos, o


nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência do
contrato de trabalho ou de prestação de serviços. Elemento subjetivo:
Apenas punível na modalidade dolosa – o agente deve ter consciência e
vontade de obter a vantagem ilícita para si ou para outrem. Não há
previsão de estelionato previdenciário culposo.

É um delito que pode ser praticado pelo próprio beneficiário (quem


receberá o benefício indevido), por terceiro (externo à administração
pública), agindo em favor do beneficiário, ou por funcionário público,
que, sabendo da irregularidade, concede o benefício mediante fraude. A
depender da situação (de conluio entre agentes), poderão ser
configurados, além do próprio estelionato previdenciário, os crimes de
corrupção ativa (art. 333 CP), corrupção passiva (art. 317 CP), ou, ainda,
formação de quadrilha (art. 288 CP). Atualmente, é majoritária a
jurisprudência no sentido de que a análise deve levar em conta o ponto
de vista do agente:

1. Para o beneficiário que, em interesse próprio, mantém o INSS em


erro ao longo do tempo, percebendo o benefício indevido, o delito
teria natureza de crime permanente;
2. Para o agente que pratica um ato fraudulento, levando um terceiro
a receber indevidamente, sem se locupletar ao longo do tempo
com o benefício indevido, o delito teria natureza de crime
instantâneo de efeitos permanentes.

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Uma questão jurídica relevante, sob o ponto de vista da prescrição, é
saber se o estelionato previdenciário é um crime permanente (enquanto
o INSS for mantido em erro, pagando um benefício que não deveria,
estaria ocorrendo o crime), ou se é um crime instantâneo de efeitos
permanentes (ocorreu o crime apenas no momento da indução do INSS
a erro, sendo o pagamento do benefício fraudulento ao longo do tempo
apenas um efeito do crime já ocorrido). A depender de quando se
descubra a fraude, poderia haver prescrição ou não da pretensão
punitiva, conforme a visão adotada.

Inserção de dados falsos em sistema


de informações
Com a crescente informatização, no ano 2000, a Lei 9.983 alterou o CP,
para incluir um tipo específico destinado a coibir e punir quem insere
dados falsos nos sistemas de informação da Administração Pública.
Não se trata de crime especificamente previdenciário, mas, sem dúvida,
pode ocorrer com o fim de obter vantagem indevida perante a
Previdência Social.

Previsão legal: Art. 313-A do CP / Pena prevista:


reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.

Trata-se de um crime próprio (só pode ser cometido por funcionário


público) e exige dolo específico: “O fim de obter vantagem indevida para
si ou para outrem ou para causar dano”. Tem como núcleos “inserir” ou
“facilitar a inserção” de dados falsos, ou ainda “alterar” ou “excluir”
indevidamente dados corretos. Obs.: se há invasão do sistema ou banco
de dados por terceiro, que não funcionário público, o enquadramento é
outro, pois o crime do artigo 313-A do CP, por expressa determinação
legal, só se aplica ao funcionário público.

Elemento subjetivo: Apenas punível na modalidade dolosa – o agente


deve ter consciência e vontade de inserir ou facilitar a inserção de dados
falsos, ou alterar ou excluir dados verdadeiros. Não há previsão de
modalidade culposa.

Outro crime que também pode vir a atentar contra a previdência social é
o previsto no artigo 313-B do CP, que prevê a modificação ou alteração
do sistema de informações ou programa de informática sem
autorização ou solicitação de autoridade competente, com pena de 3
meses a 2 anos. Tal como o delito do artigo 313-A, só pode ser
cometido por funcionário público e na modalidade dolosa.

Vistos os principais crimes previdenciários, que podem atentar tanto


contra os mecanismos de arrecadação quanto contra o sistema de
concessão de benefícios, passamos à nossa atividade.

video_library
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Crimes previdenciários
Neste vídeo, falaremos sobre crimes previdenciários

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Falta pouco para atingir seus objetivos.

Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1

Tício, responsável legal pela empresa TTT, de 2015 a 2019,


contratou Mévio como funcionário de sua empresa, ajustando-se o
pagamento mensal de um salário mínimo como remuneração.
Durante todo o período de trabalho, houve desconto de 8% sobre o
salário de Mévio, tendo a ele sido afirmado que se tratava de
contribuições previdenciárias devidas pelo empregado à
Previdência Social. Ocorre que Tìcio nunca recolheu tais
contribuições aos cofres públicos. Diante dessa narrativa, devemos
reconhecer que Tício estaria incurso nas penas de que tipo penal?

A Estelionato previdenciário.

B Apropriação indébita previdenciária.

C Sonegação fiscal previdenciária.

Inserção de fados falsos em sistema de


D
informações.

E Prevaricação.

Parabéns! A alternativa B está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EOs%20valores%20retidos%20do%20empregado%20a%20t%C3%ADtulo%20de%20contribui%C3%
A%20do%20CP%20(Apropria%C3%A7%C3%A3o%20ind%C3%A9bita%20previdenci%C3%A1ria).%3C%2Fp%3E%

Questão 2

Sobre a sonegação fiscal, marque a alternativa correta:

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Caracteriza-se crime de sonegação fiscal o


lançamento errôneo, ainda que de boa-fé, dos títulos
A próprios da contabilidade, as quantias descontadas
dos segurados ou devidas pelo empregador ou
tomador de serviço.

Caracteriza-se crime de sonegação fiscal apenas a


omissão total de receitas e lucros auferidos,
B
remunerações pagas ou creditadas e demais fatos
geradores de contribuições sociais previdenciárias.

Caracteriza-se crime de sonegação fiscal deixar de


recolher, aos cofres da Previdência, quantias
C expressivas que tenham sido regularmente
declaradas ao Fisco e comprovadamente devidas à
Previdência Social.

A pena prevista para a sonegação fiscal é de


D
reclusão, de 03 (três) a 06 (seis) anos, e multa.

O responsável legal pela declaração (contribuinte da


Previdência Social) é quem pratica o crime, ainda
E
que tenha delegado essa tarefa a terceiro que venha
a agir em seu nome.

Parabéns! A alternativa E está correta.


%0A%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%20%3Cp%20class%3D'c-
paragraph'%3EPor%20se%20tratar%20de%20crime%20pr%C3%B3prio%2C%20quem%20responder%C3%A1%20

Considerações finais
Neste tema, oferecemos uma apresentação dos principais benefícios
administrados pelo INSS, sejam programáveis, como as aposentadorias,
sejam não programáveis, como é o caso dos benefícios por
incapacidade. Além disso, tratamos dos aspectos processuais
relevantes para a concessão e revisão de benefícios nos campos
administrativo e judicial, já que o segurado, inevitavelmente, terá de
formalizar um processo quando precisar de um benefício previdenciário
e for requerê-lo.

Por fim, reunir noções a respeito dos principais crimes previdenciários


nos ajuda a compreender o sistema como um todo, por diferentes óticas
de proteção. Com estas informações, aumentamos nossos recursos

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pessoais para lidar com os desafios do campo previdenciário,
conhecendo os direitos e deveres perante a Previdência Social e, como
resultado, aprimoramos o planejamento de uma vida futura.

headset
Podcast
Neste podcast, ouça um resumo dos principais tópicos abordados no
conteúdo.

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Para conhecer as modalidades específicas de aposentadoria para a
categoria dos professores e para as pessoas com deficiência, bem
como os benefícios de pensão por morte, salário-família e salário-
maternidade, procure e leia o texto Modalidades específicas de
aposentadoria, de Marcos Góes.

Para conhecer a jurisprudência associada e aprofundar aspectos


relacionados às aposentadorias, leia o texto Jurisprudência e
aprofundamento em aposentadorias, também de Marcos Góes.

Referências
CASTRO, C. A. P.; LAZZARI, J. B. Manual de Direito Previdenciário. 21.
ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

ABREU, S. M. Direito Previdenciário. Rio de Janeiro: SESES, 2016.

OLIVEIRA, R. M. Prática Previdenciária. Rio de Janeiro: SESES, 2016.

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