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x= Cap.4 + Socadade « Dveito dade, havendo, inclusive, a possibilidade da adogho das duas concomitantemente. Fst Ultima hipdtese se configuraria quando, dividido o trabalho global em partes, cada uma destas feasse confiada «um grupo que estudaria em conjunto, A estrutura da sociedade, na teoria de Léon Duguit, estaria no pleno desenvol vinento das formas de solidariedade social, O Direito se revelaria como o agente capaz de garantir 4 solidariedade social, seu fundamento, ¢ a lei seria legitina enquanto promovesse tal tipo de interagio social, 12.3, A Agito do Direlito, O Dircito esté em fungiio da vida social, A sua fina- lidade ¢ favorecer 0 amplo relacionamento entre as pessoas € o% grupos sociais, que Cuma das bases do progresso da sociedade, Ao separar o Iicito do ilfeito, segundo valores de convivéncia que a propria sociedade elege, o ordenamento juridico torna possiveis 08 nexos de coaperagdo e disciplina a competicdo, estabelecendo as limi- tagdes necessdrias ao equilibrio ¢ A justiga nay relagbes, Em relagio ao conflito, a ago do Direito se opera em duplo sentido. De um lado, preventivamente, ao evitar desinteligéncias quanto aos direitos que cada parte julga ser portadora, Isto se faz mediante a exata definigao do Direito, que deve ter na clareza, simplicidade e concisto de suas regras, algumas de suas qua- lidades, De outro lado, diante do conflito conereto, o Direito apresenta solugao de acordo com a natureza do caso, seja para definir o titular do direito, determinar 4 restaurago da situagdo anterior ou aplicar penalidades de diferentes tipos. O silogismo da sociabilidade expressa 08 clos que vinculam o homem, a sociedade © 0 Direito: Ubi homo, thi soctetas; ubi socletas, thi jus; ergo, ubi homo, ibi jus (onde o homem, af a sociedade; onde a sociedade, ai 0 Direito; logo, onde o ho- mem, al o Direito), Cendrio de lutas, alegrias ¢ sofrimentos do homem, a sociedade no é simples aplomeragio de pessoas, Ela se faz por um amplo relacionamento humano, que wera a amizade, a colaboragéio, 0 amor, mas que promove, igualmente, a discordia, 4 intolerincia, as desavengas. Vivendo em ambiente comum, possuindo idénticos instintos € necessidades, é natural o aparecimento de conflitos sociais, que vio ‘eclamar solugdes, Os litigios surgidos eriam para o homem as necessidades de Seguranga e de justiga. Mais um desafio the é langado: a adaptagao das condutas humanas ao bem comum, Como as necessidades coletivas tendem a satisfazer- le aceita 0 desafio ¢ langa-se ao estudo de formulas & meios, capazes de Preveni- ‘em OF problemas, de preservarem os homens, de estabelecerem paz ¢ harmonia 10 melo social, O Direito se manifesta, assim, como um corolério inafastivel da *ciedade, Lista foi definida por Massimo Bianca como “ogni aggregato umano he +1 somopone a regole gluridiche comuni, eloe ad un medesimo ordinamento “uridico”” W caracteristica fundamental da soviedade é, assim, a submissio de um * © thassimo Bianca, Diritto Civile, 24 64, Milano, Gluftré Editore, 2002, vol. 1, p. 5. ee. . = Cap. 4 Sociedadee dieito (EEN moderno dispde de um poder proprio, a formulagaio do Direito ~ 0 Poder Legisla- tivo, Aeste compete a dificil ¢ importante fungéio de estabelecer 0 Direito. Semelhante ao trabatho de um sismégrafo, que acusa as vibragbes havidas no solo, 0 leaploete deve estar sensivel as mudangas sociais, registrando-as nas leis e nos cédigos. Atento aos reclamos e imperativos do povo, o legislador deve captar a von- tade coletiva e transporta-la para os cédigos. Assim formulado, 0 Direito nao é produto exclusivo da experiéncia, nem conquista absoluta da razao. O povo nao é seu unico autor e o legislador nao extrai exclusivamente de sua razdo os modelos de conduta. O concurso dos dois fatores é indispensavel 4 concregdo do Direito. Este pensamento é confirmado por Edgar Bodenheimer, quando afir- ma que “seria unilateral a afirmagao de que s6 a razdo ou sé a experiéncia como tal nos deveriam guiar na administragao da justia”. No presente, 0 Direito nao representa somente instrumento de disciplinamen- to social. A sua missdo nao é, como no passado, apenas garantir a seguranca do homem, a sua vida, liberdade e patriménio. A sua meta é mais ampla; consiste em promover o bem comum, que implica justiga, seguranga, bem-estar ¢ progresso. O Direito, na atualidade, é um fator decisivo para o avango social. Além de garantir o homem, favorece o desenvolvimento da ciéncia, da tecnologia, da produgao das ri- quezas, a preservagao da natureza, 0 progresso das comunicag6es, a elevagao do ni- vel cultural do povo, promovendo ainda a formagao de uma consciéncia nacional. O legislador deste inicio de milénio nao pode ser mero espectador do pano- rama social, Se os fatos caminham normalmente a frente do Direito, conforme 0s interesses a serem preservados, © legislador deverd antecipar-se aos fatos. Ele deve fazer das leis uma c6pia dos costumes sociais, com os devidos acertos e com- plementagdes. O volksgeist deve informar as leis, mas 0 Direito contemporaneo nao € simples repetidor de formulas sugeridas pela vida social. Se de um lado o Direito recebe grande influxo dos fatos sociais, provoca, igualmente, importantes modificagdes na sociedade. Quando da elaboragio da lei, o legislador havera de considerar os fatores histrico, natural e cientifico © a sua conduta sera a de adotar, entre 0$ varios modelos possiveis de lei, 0 que mals se harmonize com os trés fato- tes. Na visdo de Demolombe “A suprema missao do legislador € precisamente a de Conciliar 0 respeito devido liberdade individual dos cidaddos com a boa ordem e harmonia moral da sociedade”."” farl Warren, na presidéncia da Su ‘Mportancia do Direito para o progres demonstrado que onde a lei prevalece, & prema Corte Norte-Americana, salientou a so e seguranga dos povos: “A historia tem liberdade individual do Homem tem sido rn Filosofia e Metodologia Juridicas, Forense, Rio, 1966, {dar Bodenheimer, Ciéncia do Direlto, 0176 "2 Cours de Code Napoléon, Paris, C ‘osse, Marchal et Billard, s/d., vol. 1, p. 3. Capitulo 5 INSTRUMENTOS DE CONTROLE SOCIAL Sumario: 14. Consideracdes Prévias. 15. Normas Eticas e Normas Técnicas. 16. Direito e ReligiGo. 17. Direito e Moral. 18. O Direito e as Regras de Trato Social. 14. CONSIDERAGOES PREVIAS O Direito nao € 0 unico instrumento responsdvel pela harmonia da vida social A Moral, Religido e Regras de Trato Social sao outros processos normativos que condicionam a vivéncia do homem na sociedade. De todos, porém, 0 Direito € 0 que possui maior pretensdo de efetividade, pois nao se limita a descrever os modelos de conduta social, simplesmente sugerindo ou aconselhando. A coagao — forga a servigo do Direito — é um de seus elementos € inexistente nos setores da Moral, Regras de Trato Social e Religido. Para que a sociedade oferega um ambiente in- centivador ao relacionamento entre os homens € fundamental a participagao e co- laboragao desses diversos instrumentos de controle social. Se os contatos sociais se fizessem exclusivamente sob a pressdo dos mandamentos juridicos, a socialidade nao se desenvolveria naturalmente, mas sob a influéncia dos valores de existén- por sua vez, atingiriam limites de menos expressdo. A cia, Os negdcios humanos, Jor em si mesma, pois teria um significado convivéncia nao existiria como um val restrito de meio. O mundo primitivo nao distinguiu as diversas espécies de ordenamentos so- ciais. O Direito absorvia questdes afetas ao plano da consciéncia, propria da Moral e da Religiao, e assuntos nao pertinentes 4 disciplina e equilibrio da sociedade, identificados hoje por usos sociais. Na expresso de Spencer, as diferentes espé- cies de normas éticas se achavam em um estado de homogeneidade indefinida e incoerente. Todos esses processos de organizagao social vinham reunidos em um sé embrido. A partir da Antiguidade classica, segundo José Mendes, comegou-se a cogitar das diferenciagdes. O mesmo autor chama a atengao para o fato de que, ainda no presente, os individuos das classes menos favorecidas olham as normas reitoras da sociedade como um todo confuso, homogéneo e indefinido. Para eles “os territérios ainda esto pro indiviso. 1 Ensaios de Filosofia do Direito, Duprat & Cia,, S40 Paulo, 1903, vol. |, p. 21.

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