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Cap. 7+ 0 Direito no Quadro do Universo EM simples, podemos dizer que juizo /égico consiste no ato de se atribuir ou de se negar alguma coisa a um ser. Compreende, obrigatoriamente, trés elementos: sujeito, de quem se afirma ou se nega; predicado, 0 que se afirma ou se nega; copula, afirmagao ou negativa. Na frase 0 Direito é dindmico, temos: Direito sujeito; dindmico ~ predicado; é~cépula. O objeto é sempre o sujeito de um juizo légico. E 0 ser a quem se atribui ou se nega alguma coisa. 27.2. O Quadro das Ontologias. 0 jusfilésofo argentino, Carlos Cossio, ela- borou um quadro sobre as diversas ordens de objetos que, além de esclarecedor, € uitil por seu aspecto didatico. ONTOLOGIAS REGIONAIS ies Ato | bjetos | I caréter | 2° caréter | 3caréter | Métodos | gacciciogico | Inreais: nfo | N&oestio | Newtrosao | Racional- Be Ideais tem na <: Intelecgao ; s valor dedutivo existéncia | experiéncia | I ; 1 Reais: : f A Estiona | Neutrosao | Empirico- . aes oe experiéncia | valor Seals, aie, | existéncia | Va | Culturais ‘aes pal cu | Emplticn | Compreenstio rai | i I cxistencia | °*P°FE7i® |pegativamente| “ait? Reais: | Naoestio | —Valiosos, Metafisicos tém na positiva ou és " existéncia | experiéneia |megativamente | 28, OBJETOS NATURAIS 28.1. Conceito. Objeto natural € todo elemento que integra o reino da natu- reza e se subordina ao principio da causalidade. A sua existéncia independe da vontade humana. Gragas a ele o homem mantém a sua vida, cria o seu instru- mental de trabalho e produz. A planta, 0s rios, os peixes, os minerais sio alguns dos objetos que a natureza coloca & mercé do homem, O seu estudo se faz pelas ciéncias naturais: Fisica, Quimica, Biologia, Astronomia, entre outras. Os objetos naturais dividem-se em duas espécies: fisicos e psiquicos. Estes sao tratados pela Psicologia e se referem, por exemplo, 4 emogao, ao desejo, a sensagio ete. 2 Carlos Cossio, apud Aftalion, Olano e Vilanova, Introduccidn al Derecho, 9# ed., Cooperadora de Derecho y Ciéncias Sociales, Buenos Aires, 1972, p. 15. Terceira Parte ANOCAO DO DIREITO Capitulo 7 Q DIREITO NO QUADRO DO UNIVERSO Sumario: 25. Indagacdo Fundamental. 26. Algumas Notas do Direito. 27. A Teoria dos Objetos. 28. Objetos Naturais. 29. Objetos Ideais. 30. Os Valores. 31. Objetos Metofisicos. 32. Objetos Culturais. 33. 0 Mundo do Direito. 34. Conclusdes. 25. INDAGACAO FUNDAMENTAL A compreensado do que seja Direito, a sua conceituagao, exige que enfrente- mos, primeiramente, a questo de saber em que setor do universo das coisas, em que faixa ontolégica, ele se localiza. Sem uma tomada de consciéncia do problema e da fixagdio de um ponto de vista a respeito, nao se pode chegar a uma definigao do Direito, que explicite os seus elementos essenciais. Esta opiniao € confirmada por Miguel Reale, quando assinala: “A medida que situamos o Direito na esfera da rea- lidade que Ihe é propria, determinando a estrutura do objeto que lhe corresponde, volvemos a nds mesmos, indagando como aquela realidade se representa em nosso espirito como conceito.”! Igual critério € adotado por Recaséns Siches. objeto Direito é apenas um, no inumerdvel mundo dos objetos. Uma grande parte deste é fornecida pela natureza, enquanto outra decorre do homem, do ser in- lcligente, da atuagio deste sobre a realidade natural, de sua criatividade ¢ imagina- 540. Assim, 0 universo dos objetos nos oferece um panorama sumamente variado: aryore, livro, cores, amor, regra de conduta social ete. Se, em aparéncia, 0 quadro geral dos objetos sugere que esse “todo” é um Conjunto desorganizado, uma observagao profunda, pelas vias da ciéncia e da fi- losofia, ha de revelar uma surpreendente harmonia: a ordem natural das coisas. ae humana, ao desenvolver processos criativos, corresponde a uma tenta- le ajustamento, de engajamento A essa ordem natural das coisas, Progresso Filosofia do Direito, ed. cit, vol, |l, p: 270. ee Os efeitos juridicos que os chamados “golpes de Estado” causam sao menores que os promovidos pelas revolugdes, isto pelo fato de objetivarem apenas a queda de um governo € a consequente ascensdo do grupo que se tornou vitorioso pelo emprego da forga. Normalmente os movimentos desse tipo ndo se fazem acom- panhar de maiores alterages no Direito Positivo, sendo comum, inclusive, a permanéncia da constituigao vigente. BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL Ordem do Sumério: 19 ~ Mouchet e Becu, Introduccién al Derecho; Fléscolo da Nobrega, Introdugdio ao Direito; Machado Netto e Zahidé Netto, O Direito e a Vida Social 20 ~ Icilio Vanni, Ligdes de Filosofia do Direito; 21 — Ieilio Vanni, op. cit.; Montesquieu, Do Espirito das Leis; Marcel Mauss, Sociologia Antropologia; Fldscolo da Nobrega, op. cit.; 22 ~ Mouchet e Becu, op. cit.; I. Vanni, op. cit.; F. da Nobrega, op. cit.; 23 ~ Luis Recaséns Siches, “Forgas Sociais que atuam sobre a Legislagdo”, O Direito e a Vida Social; 24 ~ Machado Netto, Sociologia Juridica; Lino Rodrigues-Arias Bustamante, Ciencia y Filosofia del Derecho. | ae Cap. 6 Fatores do Direto econdmica, Apés situar 0 Direito como instrumento de determinada concep¢ao politica, Novoa Monreal, em seu exacerbado positivismo, enfatiza a importancia desse fator na esfera juridica: “... 0 Direito se limita a proporcionar a técnica for- mal, jé que 0 contetido de fundo é dado pelas concepgdes ideoldgicas que imperam no grupo dominante...”. Para 0 autor chileno, seguidor neste ponto da orientagdo de Hans Kelsen, 0 contetido das regras juridicas nao pertence ao Direito, pois este pode agasalhar qualquer esquema ideoldgico possivel."! 22.6. Educagato. O progresso de uma sociedade pressupde 0 seu desenvolvimento no campo moral, técnico ¢ cientifico, E através da educagao que se pode dotar 0 corpo social de um status ético e intelectual, capaz. de promover a superagao de seus princ’ pais problemas. Para assegurar 0 conhecimento, a cultura, a pesqui: Estado utiliza- se de numerosas leis que organizam a educagéio em todos os seus niveis.!? 23. FORCAS ATUANTES NA LEGISLACAO Os fatores juridicos, por seu proprio significado, podem levar o legislador a claborar novas leis, espontaneamente, ou podem ser impostos mediante apoio ou instrumento de certas forgas atuantes na sociedade, como a politica, a opiniao pu- blica, os grupos organizados e as chamadas medidas de hostilidade. 23.1. Politica. Cada segmento politico deve corresponder a um idedrio de va- lores sociais, ligado @ organizagdo da sociedade em seu amplo sentido. Em fungao de sua linha doutrinaria, cada partido politico deve movimentar-se, a fim de que Suas teses se realizem concretamente, Georges Ripert reclama a atengao dos juris- las para a ago desse fator: “Os tratados de Direito Civil nenhuma alusao fazem 4 esta influéncia do Poder Politico sobre a confecgdo ¢ a transformagao das leis, Acusam, com frequéncia, a inabilidade do legislador, mas nunca ousam dizer 0 inleresse politico que ditou 0 projeto ou deformou a lei,”"’ 23,2, Opiniaio Pablica, A opinido piblica se manifesta, eventualmente, em ‘elago as leis, Tal ocorre, notadamente, quando a atengdo do povo é despertada Por algum caso particular, da sua simpatia, ¢ que nao encontra amparo na ordem Juridica vigente, como anota Luis Recaséns Siches. Dé-se ent&o 0 sobressalto da “vinido publica, Esta, através das mais variadas formas (artigos de jornais, radio ¢ "Derecho, Poltca y Demoeracia (Un Punto de Vista de lzqulerda), Editorial Temis Libreria, 1, "000s, 1983, p, 12, Ts! 4 presenca da educagio no Direito Positivo, que ja $¢ fala na existéncia de um Direito clonal, denominago esta, inclusive, de uma obra publicada em nosso pals por Rena- 10 Alberto Teodoro di Rio, em 1982, sob os auspicios da Universidade de Taubaté. A esta, 1 ftulrarse outras obras Der, op, cit, P. 160, i re Pr = Cap.6- Fatores do dieito [EER 21.2. Fator Demografico. A maior ou menor concentracdo humana por quilé- metro quadrado, em um territorio, é fator importante a vida de um pais. O equilibrio entre 0 espago vital ¢ 0 numero de habitantes é 0 ponto ideal, pois favorece, de um lado, a seguranga do territério e, de outro, a solugdo dos problemas de habi- tacdo ¢ alimentagao. Para obter esse nivel, os Estados utilizam-se da legislacao. Os paises de baixo indice demografico tém interesse em incentivar a natalidade e em atrair 0 estrangeiro com mao de obra qualificada. Para tal fim, as leis devem set favordveis aos imigrantes e facilitar o seu processo de naturalizagao. J4 os pai- ses que possuem grande densidade demogréfica adotam politica de desestimulo a imigrag4o, favorecem a emigragao, incentivam o controle da natalidade e alguns chegam a liberar a pratica do aborto. 21.3. Fatores Antropolégicos. Estes fatores decorrem do proprio homem. Referem-se ao grau de desenvolvimento dos membros da sociedade, de acordo com a sua constituigao fisiolégica e mental. Abrangem também o carater étnico, pelas aptiddes, tendéncias, caracteristicas peculiares a cada raga, que influenciam o fenémeno social. 22. FATORES CULTURAIS DO DIREITO Entre os fatores culturais, também chamados historicos — aqueles produzidos pelo homem — destacam-se, como principais: Econémico, Invengdes, Moral, Reli- gio, Educaco e Ideologia. 22.1. Fator Econémico. Este fator refere-se as riquezas e pode ser avaliado pecuniariamente. E de capital importancia na formacdo ¢ evolucdo do Direito. Na arvore juridica, hd ramos que possuem grande contetido econdmico, como aconte- ce com 0 Direito do Trabalho, o Empresarial, o Tributario, o Civil, especialmente quanto aos direitos reais, obrigacionais e sucessérios. Ha correntes de pensamento Que sustentam a tese de que o Direito subordina-se inteiramente a esse fator, de- fendendo, assim, a teoria do monismo econdmico. Para 0 materialismo histérico, 4 economia compée a infraestrutura da vida social e determina a superestrutura, composta pelo Direito, Moral, Politica, Religiaio, entre outros. Ainfluéncia do fator econémico no Direito, como ja se afirmou, é uma realida- 4e, porém, nao é menos real a influéncia do Direito sobre os processos econdmi- 0s. Karl Marx e Engels foram os principais sistematizadores da teoria, que hoje & defendida notadamente por Achille Loria e Berolzheimer. Este Ultimo chegou a afirmar que a Economia est para 0 Direito assim como 0 gro est para a casca, © uma relag’io de contetido ¢ forma, Declarou que “o Direito, sem a Economia, ¢ mr “azio ¢ a Economia, sem 0 Direito, ¢ sem forma”. rend 7 ‘Apuid Mario Franzen de Lima, Da Interpretocdo Juridica, 2+ ed., Forense, Rio de Janeiro, 1955, B54, ae pie Pas

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