You are on page 1of 12
a ‘AW pre —7 974 icodiagnéstico / Organizadores, Claudio Simon Hutz .. et al]. Porto Alegre : Artmed, 2016. 428 p.:25 em. ISBN 978-85-8271-311-2 1. Psicologia - Psicodiagndstico, I. Hutz, Claudio Simon, cDU 1599 ‘Catalogagio na publicagao: Poliana Sanchez de Araujo - CRB 10/2094 PSICOLOGICA Sonia Liane Reichert Rovinski Vivian de Medeiros Lago O: processos de avaliagéo psicolégica jcom muita frequéncia demandam, ao seu final, a produgdo de documentos, ‘que terdio por finalidade a devolugao dos resulta- dos encontrados. Esses documentos sintetizam dados importantes sobre a situagao e o problema que Ihes dew origem, além de auxiliar na tomada de decisao quanto ao tratamento ou encaminha- ‘mento necessérios. Em funcio da permanéncia que adquirem no tempo, podem manter sua influéncia sobre os casos por muitos anos além do periodo avaliativo, exigindo, em consequéncia, cuidados especiais em sua escrita, 0 processo psicodiagnéstico, foco de discus- sto nesta obra, apesar de relacionar-se com mais frequéncia a pratica clinica do psicélogo, pode também ser solicitado por outros profissionais € em contextos diferentes daquele que Ihe deu origem, Independentemente das denominagdes recebidas (p. ex., pericia psicolégica), a metodo- logia empregada pelo psicélogo pode ser a do psi- codiagndstico. Quando essas solicitages aconte- ‘em, geralmente partem de campos disciplinares distintos ao do psicoldgico, gerando a necessidade de a escrita ser facilmente compreendida tanto por clientes leigos como por aqueles vinculados a outras reas de conhecimento, como médicos, juizes e professores. Ao psicélogo cabe nao ape- nas oferecer resultados de testes, mas discutir seus dados de forma que fagam sentido a deman- da de seu cliente, auxiliando-o na compreensio € na solugio de seus problemas (Groth-Marnat, 2003; Lichtenberger, Mather, Kaufman, & Kauf- ELABORACAO DE DOCUMENTOS DECORRENTES DA AVALIACAO ‘man, 2004). Tavares (2012) lembra que, na maior parte das vezes, o cliente a que esta se referindo € aquele que solicitou o processo avaliativo, a quem deve ser dada a devolucéo dos resultados por meio de um documento escrito. O relatério ue nao for compreendido por quem o solicitou é um relatério sem valor. Diz o autor: “.. .Se quem requer a avaliagdo nao se sentir profissionalmen- te beneficiado nesse processo, dificilmente iré requerer outras avaliagées no futuro” (Tavares, 2012, p. 323). A escrita dos documentos esta fortemente influenciada pelo campo interdisciplinar em que se inserem, podendo apresentar variages em sua apresentagao em decorréncia das caracteristicas dos diferentes contextos de devolucao. No entan- to, independentemente do contexto avaliativo € da possivel interferéncia das caracteristicas indi- viduais de quem escreve, alguns aspectos comuns precisam ser respeitados para garantir a qualida- de dos documentos. Nesse sentido, enfatizamos © cuidado de a escrita manter 0 foco na pessoa avaliada e nos problemas que geraram a deman- da avaliativa (Karson & Nadkarni, 2013; Lichten- berger et al, 2004), Para os iniciantes, ¢ um desa- fio organizar a enormidade de dados que surgem com a aplicagao de testes, com a observacao de conduta ¢ com a historia colhida, resultando, muitas vezes, em descricoes fragmentadas em que © leitor acaba tendo a missio de buscar suas pré- prias inferéncias. De acordo com Groth-Marnat (2003), a perda da especificidade do documen- to gera dados vagos, estereotipados e genéricos, ‘que pouco contribuem para a compreensio da demanda. Sua sugestio é que os documentos pst coldgicos tenham sempre foco no caso estadado, com deserigéo dos comportamentos do avaliado ede come ele pode ser tratado dentro de seu prs- prio contexto e em relacéo a questo que deman- dou a avaliacao, usando uma linguagem compre ensivel Aguele que recebe a devolucao escrita. ‘Com o objetivo de auxiliar e orientar os psi- cOlogos nessa dificil tarefa de emitir documen: tos, 0 Conselho Federal de Psicologia (CFP), hé mais de uma década, passou a emitir resolugées ‘que pudessem tipificar a produgio documental dos profissionais da drea. A primeira normati- va veio com a Resolugio n° 30/2001 (CFP, 2001), revogada pela Resolucio n* 17/2002 (CEP, 2002), posteriormente substituida pela n° 07/2003 (CFP, 2003). As frequentes mudangas nas orientagdes refletem as dificuldades encontradas pelos pro- fissionais na definigio e caracterizagio dos dife- rentes tipos de documento, principalmente no sentido de atender aos diversos contextos em que 48 avaliagdes ocorrem. Em um estudo realizado por Shine (2008), confirma-se que, mesmo com os esforgas e com as atuais orientagdes do CFP, ainda é possivel encontrar um mimero signifi cativo de processos éticos relacionados ao traba- Iho do psicélogo envolvendo a produicao de docu- mentos, © que justifica a necessidade de maior discussio sobre o tema. Portanto, considerando o fato de a Resolucio n° 07/2003 (CEP, 2003), que institui 0 Manual de Elaboragao de Documen- tos Escritos produzidos pelo psicélogo decorren- tes de avaliagio psicol6gica, sera referencia mais, stvalizada disponivel para os profissionais da psi- cologia, propée-se, neste capitulo, apresenté-la de forma critica e pormenorizada, a fim de auxiliar estudantes e profissionais da dea na produgao de seus registros, Cabe observar, contudo, que o psi- célogo deve manter-se atento a futuras refornma- laces que por ventura o CFP possa emitir acer cada claborago de documentos psicol6gicos, as quais poderdo revogar e/ou alterar as orientagies vigentes. ‘A Resolugio n° 07/2003 (CFP, 2003) forne- ce diretrizes basicas sobre os tipos possiveis de documentos psicolégicos © suas finalidades & estruturas. Em seu artigo 3°, deixa explicito que toda e qualquer comunicacao por escrito decor- rente de avaliaglo psicolégica devers orientar-se pelas diretrizes ali dispostas, sob pena de incor- zerem falta ético-disciplinar. Portanto, é de stima importincia que estudantes e profissionais de psicoviacnosnico “173 psicologia que trabalham com avaliacao conhe- {gam essa resolugao € fiquem atentos &s orienta- Goes hela expostas, de forma a desempenhar © trabalho dentro das normativas éticas. RESOLUCAO CFP N° 07/2003 (© Manual de Elaboracio de Documentos Escri- tos produzidos pelo psicSlogo est organizado em cinco sees: a) principios norteadores da elabo- ragio documentak; b) modalidades de documen- toss c) conceito/finalidade/estrutara; d) valida- de dos documentos; e ¢) guarda dos documentos. Neste capitulo, seguiremos essa mesma organiza- 0, de forma a facilitar ao leitor o entendimen- to do que esta disposto na normativa e dos con- sequentes comentérios. Consideracoes especiais a respeito da produgio de documentos em contex- tos especificos, quando necessérias e pertinen- tes a questio discutida, serdo feitas no decorrer do texto. Principios norteadores da elaboracao documental Os principios da elabora¢ao documental incluem. técnicas da linguagem escrita e principios éticos, técnicos € cientificos da profissto, Em relacto as técnicas da linguagem escrita, & indispensé- vel que o psiedlogo consiga comunicar, de forma efetiva, os resultados de seu trabalho. Para tanto, Enecesséria uma redagdo bem estraturada, com frases gramaticalmente corretas € com. um enca- deamento ordenado ¢ légico de parégrafos. Fa- Ihas na organizacio da escrita geram nao apenas davidas quanto & compreensio dos resultados, mas também colocam em descrédito a propria ca pacidade técnica do relator. Portanto, 0 psicélogo deve investir no desenvolvimento de suas habilt dades para a escrita endo deve constranger-se em recorrer a uma pritica supervisionada ou buscar auxilio de um profissional expert na lingua por- tuguesa, se houver necessidade (Lago, no prelo). A Resolugio explicita que a communica- fo dos documentos deve apresentar qualida- des como clareza, concisio e harmonia, A clare: za se traduz, na estrutura frasal, pela sequencia out ordenamento adequado dos conteidos e pela explicitagio da natureza e da fungio de cada pat- te na construgao do todo, utilizando-se expres- sbes proprias da linguagem profissional. Essa redagio técnico-cientifica, como descrito por Brandimiller (1996), pode ser comparada aque- Ja utilizada na divulgagao de matérias cientificas 174 / vr, BaNDEIRA,TRENTINN & KRUG (ORGS.) ‘em jornais e revistas nao especializadas, em que € necessério manter-se a linguagem profissional sem perder a preciso da informagao para o lei- 0, a quem se destina. O autor amplia ainda mais © debate sobre os elementos que devem ser con- siderados na discussao a respeito da eficacia da comunicagao em documentos oficiais, elencan- do os seguintes aspectos da escrita: clareza e inte ligibilidade; preciso (ndo pode gerar ambigui- dade); objetividade (deve se ater a0 que precisa ser exposto); padrio culto de linguagem (corre- do gramatical ¢ vocabulério universal, descar- tando-se girias regionais); linguagem denotati- va (nunca usar metéforas); impessoalidade (niio redigir na primeira pessoa do singular); e forma- lidade e padronizagao (exigéncias quanto a estru- tura dos documentos que serdo apresentadas em outra segao deste capitulo). Ao discutir os cuidados na escrita de laudos oficiais, Cruz (2005) chama a atengao dos psicélo- g0s para o cuidado na apresentacao de seus argu- mentos. Para o autor, quatro problemas devem ser evitados. Primeiro, o psicologo nao pode emi tir juizo de valor, por exemplo, usando expresses do tipo “personalidade fraca” ou “bom temper: mento”. Segundo, deve evitar expresses dog- miticas, como “apesar de instével, acreditamos ‘em seu pleno restabelecimento”, Terceiro, deve ter cuidado com incorregdes tedricas e técnicas, como expresses do tipo: “falta maturidade” ou “nao dispoe de recursos intelectuais”. Por fim, deve evitar impropriedades na escrita ¢ no uso de termos, como expresses do tipo “seu desempe- tho na avaliagao foi muito razosvel”. Em relago & concisao e a harmonia, a Reso- lugio orienta para o cuidado no uso da linguagem adequada, da palavra exata e necesséria, de forma a se corlstruir uma “economia verbal” que reflita © equilibrio enire os extremos de uma reda¢io lacénica eo exagero de uma redacio prolixa. Para Groth-Marnat (2003), é dificil definir a extensio que um documento deve ter, pois isso pode variar em fungio de seus objetivos. Para explicara situa «40, 0 autor informa que laudos na érea clinica ou educacional geralmente oscilam entre $e? folhas, mas, quando produzidos na érea forense, podem duplicar em tamanho, considerando a necessi- dade de justificar 0s achados e de relacionar os dados psicol6gicos com a demanda judicial. Aclareza e a inteligibilidade dos documentos psicolégicos supdem, também, considerar a ampla gama de leitores a que sio dirigidos e os diferentes niveis educacionais de quem escreve ¢ de quem recebe a comunicasao. Conforme Groth- -Marnat e Davis (2014), a ética exige que os dados sejam apresentados de forma clara e compreensi- vel para qualquer tipo de leitor. Para esse fim, os autores sugerem que 0 psicélogo use sentencas curtas, minimize 0 nimero de palavras dificeis, reduza os acrOnimos e incremente os subtitulos. Na organizacao dos paragrafos, sugerem que ini- ciem com uma frase que introduza o tépico a ser tratado, para em seguida desenvolver 0 assunto ‘com mais informagoes especificas, seja por meio de uma descrico mais detalhada do tema que se esté abordando, seja com exemplos da observacio comportamental do sujeito verificados durante 0 rocesso avaliativo. No que se refere aos principios éticos e técni- cos, a Resolucao aponta a necessidade de o psicé- logo observar os principios € dispositivos do Cédigo de Etica Profissional do Psicélogo (CFP, 2005). A ética deve estar presente em todo e qual- quer trabalho desenvolvido pelos profissionais, ¢ na area de avaliagao psicolégica ndo poderia ser diferente, principalmente porque os resultados descritos nos documentos passam a ser de conhe- cimento de terceiros, cujo uso pode resultar em limitagées a0 exercicio dos direitos do avaliado. Essas limitagSes podem ser observadas com mais clareza em laudos forenses, mas também podem ocorrer em laudos realizados no contexto edu- cacional ou na drea organizacional, ao se definir capacidades e aptiddes. Nesse sentido, conside- rando 0 compromisso social da psicologia para com os sujeitos que avalia, o psicélogo deve ter cautela quanto a repercussio social de seu trabe- Iho avaliativo, evitando, conforme descrito na Resolugio, 0 “uso dos instrumentos, técnicas psi col6gicas e da experiéncia profissional da Psico- logia na sustentacao de modelos institucionais € ideoldgicos de perpetuacao da segregacao 20s diferentes modos de subjetivacao”. Portanto, 0 profissional deve estar atento aos seus deveres nas “relagdes com a pessoa atendida, a0 sigilo profissional, as relagdes com a justica e ao alcance das informaces”. Para a realizagao de uma pratica profissional ética, ¢ importante que se estabelega um contrato (seja verbal ou escrito) entre avaliador e avaliando logo no inicio do pro- cess0 de avaliacdo, independentemente do con- texto em que se insere, a fim de que sejam escla- recidos os objetivos e os papéis de cada um, bem ‘como 0s limites da confidencialidade, explicitan- do quem receberé 0 documento escrito com os resultados encontrados. ‘Na pritica, observa-se que uma das maio- xcs dificuldades apresentadas por aqueles que ini- iam oexercicio da profissio ¢ precisar o que deve € 0 que nao deve ser escrito no relatério final. De acordo com 0 Cédigo de Ftica Profissional dos Psicélogos (CEP, 2005, p. 8, grifo nosso), alinea g do Artigo 18, 6 dever do profissional * .. infor mar, a quem de direito, 0s resultados decorrentes da prestagdo de servigos psicolégicos, transmitin- do somente o que for necessario para a tomada de decisies que afetem 0 usurio ou beneficiério™ O psicélogo deve lembrar que nao pode informar mais do que énecessério para responder a deman- da que Ihe ¢ formulada, mas, também, néo pode informar menos do que o necessario, de forma a deixar suas conclusées sem justificativas (Packer & Grisso, 2011). A tomada de decisio quanto as informagoes que devem constar no relatério pre- cisa considerar as necessidades decorrentes da demanda que dew origem a avaliacdo, 0s conhe- cimentos técnicos dos receptores do documento, proposta da realizacdo da testagem., a utilida- de geral que a informagio trara para 0 entendi- mento do.caso e se essa informacio constitu’ uma caracteristica tinica que diferencia o sujeito ava- liado dos demais (Groth-Marnat, 2003). As orientagoes do Codigo de Erica, em seu artigo 1°, destacam a importancia de transmitir as informacSes necessérias sobreos servicos pres. tedos, mas ndo deixam claro se o fornecimento de documentos escritos é uma obrigatoriedade, Nessa discuss, Hutz (2009) salienta o princi ico do respeito, considerando o direito que os individaos tém de conhecer o5 resultados de suas avaliagdes € 0 uso que poder’ ser feito dos dados coletados. Entretanto, persiste entre muitos psi- cBlagos « diivida se essa devolugio, e a conse- uente obedigncia ao principio ético do respeito, cexigiria a elaboragao e a entrega de um documen- to escrito. Lago, Yates ¢ Bandeira (no prelo) observam ‘que 0 uso exclusivo da devolugao verbal nao eli mina os riscos inerentes a essa pritica, podendo resultar em outro tipo de prejuizo ao avaliado. Muitos pacientes que mio receberam a devolu- ‘0 por escrito nao sabem reportar com clareza (s resultados de avaliagdes psicoldgicas anterio- res, demonstrando falta de entendimento do que Ihes foi reportado, com consequente incapacida- de para informar dados que seriam importantes para a compreensio de sua situagao atual. As autoras consideram que, se a avaliacéo € um ins- trumental psicolégico, ela deveria funcionar psicoviaandsuco / 175 como 0 resultado de um exame, ou seja, produ- zir um registro escrito que tenha permanéncia no tempo e passa servir para comparaghes futt- ras, Portanto, podemos concluir que, embora néo exista a obrigatoriedade da devolucio escrita, essa € sempre recomendada, Na apresentagio dos princfpios técnicos, a Resolugio salienta dois aspectos que precisam ser respeitados: a) a avaliagao psicolégica deve consi- derar a natureza dindmica e nio cristalizada do seu objeto de estudo; € b) os documentos psico- logicos devem se basear exclusivamente'em ins- trumentais que se configurem como métodos ¢ técnicas psicologicas e que tenham condigées minimas de qualidade e de uso, devendo'ser ade- quados ao que se propéem a investigar. Aqui, € preciso distinguir o instrumental que se encon- tra reconhecido ¢ validado pelo CEP! e que, por- tanto, pode ser utilizado pelo psicélogo em suas avaliag6es, daquele instrumental que, além de ter esse reconhecimento, ¢ vélido para investigar a demanda especifica que se apresenta para avali ‘0, Nesta iltima circunstancia, a validade pres sa ser dada pelo profissional responsivel pela ava- Hac2o ao definir o instrumental mais pertinente pata a investigacio do caso. -SAo conduzir um proceso de avaliagao psi- colégica, o profissional deve sempre considerar 0 meio em que o avaliando esta inserido, sua hist6- ria de vida ¢ suas condigées sociais, econdmicas « politicas, integrando essas informagoes aquelas obtidas por meio das técnicas aplicadas. inter- pretacio isolada de um teste psicoldgico sem con- siderar todo 0 contexto envelvido, ou seja, sem apresentar um entendimento do resultado obtido 4 partir da andlise do caso, prejudica a validade da avaliagio. Tavares (2012) discute essa comple- xidade da avaliagéo psicoligica como um proces- so que resulta de uma demanda, da compreensio que o avaliador tem sobre tal demanda e dos obje- tivos que traca para desenvolver o processo. Ade- ‘mais, 0 autor aponta que néo se pode desconside- rar a influéncia do contexto de vida do individwo ¢ da qualidade da relagao entre avaliador ¢ ava- liando. Uma tltima informagao presente nos prin- cipios norteadores na elaboracio de documen- 405 que, as vezes, passa despercebida pelos pro- fissionais ¢ ¢ exigencia de rubricar todas as laudas do documento psicolégico (exceto a ultima, em 1 Dispontvel em: satepsl tp orb 176 / sure, sanoeiea, rRewmin & KRUG (ORGS.) ‘que constaré a assinatura do profissional com 0 seu respectivo CRP). Essa recomendacio aplica- se a todas as modalidades de documentos com ‘mais de uma pagina, A rubrica é essencial para dar validade ao documento, evitando, assim, que as informacoes possam ser adulteradas. A nume- ragao das paginas e a impressdo frente e verso também auxiliam no processo de autenticidade, embora nao sejam uma obrigatoriedade. Modalidades de documentos: conceito, finalidade e estrutura A Resolugao n° 7/2003 (CFP, 2003) define quatro modalidades de documentos psicol6gicos: a) de- claragao; b) atestado psicol6gico; ¢) relatorio ou laudo psicologico; ed) parecer psicolgico. A res- peito dessas quatro modalidades, a Resolucao (CEP, 2003, p. 5) explica que“... Declaracao e © Parecer psicoldgico nao sio documentos decor- rentes da avaliagao psicoldgica, embora muitas vezes aparecam desta forma’, justificando sua presenga no Manual para fins de esclarecimento e diferenciacéo. Concordamos com essa necessida- de de esclarecimento, principalmente em relacio ao parecer, que, em nossa realidade, tem se apre- sentado com usos controversos e muitas vezes confundidos com 0 laudo. As divergéncias po- ‘dem ter sua origem no conceito amplo e genérico do termo, definido como a “opiniao de um espe- cialista em resposta a uma consulta” (Houaiss & Villar, 2001), quando nao fica especificado como documento préprio ou como parte finalizadora de um documento maior, em que se fariaa sintese do posicionamento do relator. O parecer e os de- ‘mais documentos técnicos sero agora apresen- tados considerando as orientagoes da Resolugao quanto go seu conceito, & sua finalidade e & sua estrutura, mas acrescidos de uma visio critica do campo atual do conhecimento cientifico. Declaracdo A Declaragao & descrita como um documento cujo objetivo é informar a ocorréncia de fatos ou situagdes objetivas relacionadas 20 atendimento realizado pelo psicélogo. Esse tipo de documento tem o propésito de declarar, por exemplo: a) com- parecimentos do atendido efou do seu acompa- nnhante; b) acompanhamento psicolégico do aten- dido; e ©) informagées sobre as condigées do atendimento (tempo de acompanhamento, dias ou horérios). Ainda, esse tipo de documento nio traz qualquer informacio sobre a psique daquele que esta sob 03 cuidados do psicdlogo; portanto, hd a indicagio taxativa de que nao sejam registra- dos sintomas, situagdes ou estados psicol6gicos. A declaragio seria, por exemplo, o tipo de documento fornecido 20 avaliando ou ao seu acompanhante que necessite de um comprovante para justificar seu afastamento do local de traba- Iho. Outro motivo seria a solicitacao, por parte do paciente, de uma comprovagio do tempo em ‘que ele se encontra em psicoterapia. Assim, como se pode observar, a declaragao pode manter vin- culagio com a atividade de avaliagao psicolégi- ca, mas sem a fungao de informar os achados dela decorrentes. Sua estrutura é relativamente simples, vis- to que se trata de um documento objetivo. A ela aplica-se uma orientago comum as quatro ‘modalidades de documentos: que seja emitida em papel timbrado ou que apresente na subscrigao ‘um carimbo, com nome, sobrenome e mimero da inscrigéo do CRP do psicélogo. Em relagio ao seu contetido, deve expor o registro do nome e sobre- nome do solicitante, sua finalidade (para fins de que tipo de comprovagio) e o registro das infor- mages solicitadas em relacdo a0 atendimento. Ao final, deve-se informar 0 local ¢ a data de expedi¢ao, com a assinatura do psicélogo acima de sua identificagao ou do carimbo. Atestado atestado psicolégico é um documento que cer- tifica determinada situagao ou estado psicoldgico. £ bastante semelhante & declaracéo em termos de finalidade e estrutura, sendo seu diferencial o re- gistro de situagdes psicolbgicas - que nao deve ser feito na declaragao. O atestado visa: a) justificar faltas e/ou impedimentos; b) justificar aptidao ou no para atividades especificas; ¢ solicitar afasta- mento e/ou dispensa, 3s atestados sio considerados documentos ‘mais elementares ¢ mais simples em sua estrutura de apresentacdo, geralmente trazem as informa- oes transcritas de forma corrida, separadas ape- ‘has por pontuagao, sem pardgrafos, com 0 obje- tivo de evitar adulteragdes. Caso seja necesséria a utilizacdo de pardgrafos, os espacos devem ser preenchidos com tragos. As informacdes apresen- tadas devem se restringir & solicitago do reque- rente, contendo expressamente o fato constatado. © documento deve cumprir com as formalida- des j descritas em relagao a identificagao do psi- célogo emitente do documento, e também con- ter: registro do nome e sobrenome do cliente; finalidade do documento; registro da informagao pr ernen ereerenereee do sintoma, situagao ou condigdes psicolégicas {que justifiquem 0 atendimento, 0 afastamento ‘ou a falta; registro do local e data da expedicio 4o atestado; assinatura do psicdlogo acima de sua identificagao. Em relagéo a0 registro dos sintomes, da situs Go ou da condicio psicoligica, é facultado 20 psicélogo a indicacao do cédigo da Classificacao internacional de doengas (CID), ou se, fica a cri- {rio do profissional a necessidade ou nao de dis

You might also like