You are on page 1of 46
Para além dos qualdades propriamente \ramatgicas, as peeas que compen esta olegS0 slo registros de um mado de Invengo~— compartibado,cooperatvada — que cares porinea.Envetanto, ta importa quanto © método & a taco particu, | te valosa de cena auténoma, desta mencira de ear que fez to espanca! uma as mals. inauietas ompanhias do teato bras neste iio fe soulo, Herdie das praticas colabort ¥as que gerharam fBlago em meados dos ‘anos 1990, o grupo soube assim esta melhor infuéneia da épeca @ um proeto atstio pri, cues coordenadins loa | @ e pansamento podem ser intvidas @ Parr dostes textos, Esciba da arqutetura textual que se enue com os. materia Batooras, Grace Pass assina as vaisies finals estas oramatugas. 0 primero lance 6 © pega Por Elbe (2005), que define algumas caractristicas que demarcam 0 trabalho do. grupo ainda hoje, como a atengdo 20 univeso des relagdies Interpes- Serie, amorosas, de amizade, em siuacies ‘ue, entotarta, apontam sempre para ‘gum chamado na depo do ihamente do ‘uta. € o que acantece em Amores suas (2006) quase un conte nonsense em que a vide ovens. de-uma ‘ania interctada ara si mesma 6 supreendida pols novide 4 de algo surea, como se Tehecor laneseo pudessom dlalogarsilencosamen te, no cent da mesma fists, 1 00 Nfedo (2008) & 1 um primeir desacamentadestes lugares 9 licussao prvada em dreedo vide $0¢il mals ampla fantasia “muticutra eM que representantes de vras haves do ‘mundo se rene em cumvengéa. para ‘cute questbes flosficas ou banais que fornacidos pelos seus AMORES SURDOS RACE PASS (ebogs AMORES SURDOS Mire voja por SracePassd AMORES SURDOS ‘SOBRE 0 ESPETACULO Coise pouca pox Mirco Roe Peérolas a0s poucos por Sus ‘A resposta & 0 tempo po [BIOGRATIAS. Grace Pass6 espanca! 8 2 76 80 84 35 Mire @ veja Por Grace Pass hos eeseam com una fcudade. Mev pal ere neem, inh mae, orestin, eu os imi, ngs. Sim, nha familia é uma fami x Aateit a gr Tero ie ins ue ran Fea pose ve ise custo cr, mina fan falva at, com ie consti dtd. Ela sem fae uas histérias, muitas, de todos os as le & sempre tive 0 desejo de vé-K ris Ai, inventaram a metétora. Aprondi no coléglo. Es las ram as metres, nome og om formulas da quimica. Entao eu nhas com outros nomes, outy omnes as fungbes do discurs ect de valorizar uma histria intima que se coletviza no en- . seria te embrado : ‘contro do espancal com 0 pico, dev ‘embasamento de Aquele que a sim, de Brecht (i. que ; ‘familia disse sim ao Grande Bicho),terfalado da est tura trégica em que se baseia o texto, do conceito de personagem e outras coisas mais. Mas essa lua, ssa vida botam 2 gente comovido como 0 diabo. & ‘sahe, esse blé-blé-bld todo esconderia algo muito sim. bles: vida e seus passinios delicados, pocot6-pocsts, fia apés dia. E 66 isso. Iss0 6 pouco e é muito. Isso ‘quase tudo. Reconheca. £ voce, que deitaré seus olhos nas préximas paginas, sela um pacto comigo: eu abro a casa, mas que voot limpe seus pés antes de entrar & mire os quadros, 08 discos escolhidos em cada etapa da vida com muito citéria, 08 copes, talneres & lougas, © hanheito com os perfumes, escove de dents © mar de creme; que mire com muito respeito 1 sera irresponsével se no dissesse isso: este texto rasceu como uma ode & minha familia. Ao que vivemos ¢ construfmos juntos. Os rascunhos, comecei a escre- vé-lns com meus poucos 17 anos, enquanto ~ imagina hoje — doveria estar me indagando sobre como o amor é complexo, No comego, na imaginava que interpreta tia a Mae, quando tive que improviser @ ordem de nfo matar 0 Grande Bicho, minna cabega estava na minha histéria, quando meu pel morreu repentinamente e de repent, foi preciso um grto matemalmente crv pare tcordar algumas pessoas do que era precisn rontinuar Tenha uma boa leitura, imo de paging text fo elaborado no process de ciagdo do espetéculo. do grupo espance! em mai de 2009, em Beto Horonte A pega esreou no dia 24 de margo de 2008 no Aura Bento Munhor da Rocha Neto ~ Gusto, em Cuitba,Parand 0 RITA CLEMENTE Dramaturgia: GRACE PASSO ‘ores: ASSIS BENEVENUTO UJoacvin), GRACE PASSO (Me, GUSTAVO BONES (Pequeno}, MAKCELO CASTRO (Samu) MARIANA MAIOLINE (Gris) Na primelra montagem: PAULO AZEVEDO (Pequeno) SAMIRR ‘viva (Grail) Consultorie remetirglea: ADELA NIGOLETE Assstene de Diego: MARIANA MIDLINE ‘Cenagrafa: BRUNA CHRISTOFARO tuminagdo- CRISTIANO RRALIO e EDIMAR PINTO Figurine: PADLO MANDAL “ha Sonora: DANEL NENOONCA Diegdo Vora: BABAYA Preparagio Vocal: MARIANA BRANT € CAMILA JORGE Preparagdo Corpora: OUDUDE HERRMANN e ZABEL STEWART Coroografi Professor de Sapatead: EURICO JUSTINO Terieo Operador de Le: EDIMAR PTO JORQUIM SILA RCIA LOUZEIRO ¢IREN! BARCELOS Prous ALINE VILA Real: GRUPO ESPANCA! Uma casa de familia com duas passagens. Uma porte de entrada onde vé-se quem chega e quem sal. E outra que leva para 0s fundos da casa, Percebe-se quo.a Grea onde acontecem as cenas é apenas uma parte d3 residéncia. Hé uma outra drea onde, presume-se, esté o restante da casa. AME: GENT, 0 PAL HOS: JOAQUIM, SAMUEL, JOMOR, GRAZIELE € PEQUEXO CO CAGULA DA FAMILIA “esto todos dormindo, Estéo todas deltados ormindo Profundamente |, “..estamos na mesma situagao” ‘A fami 1é uma carta, remetide pele familia vizinna. & arta passa de mao em mBo e todas sentem diiculde es no entendimento de suas palavras. ‘Saudacdes. Devido a vossas reclomagées, vimos através desta os- tlorecer os motivos das discussoes em tom alto em nosso recinto, Sabels que se entre nds gritamos nBo é hare que possamos nos escutar melhor, € sim pelo amor”. Proferimos assim a repartir um slléncio grévido da rotina, Sabeis 0 quanto o dia a dia encerra os nos- sos sentidos, desenha nossas almas no habito ¢ por tanto, o quanto a vida cd nessas quatro paredes nao é doce, branda ou suave. Aproveltamos o ensejo nara d. Ger que se por vezes cotacams nossas misices em tom jito & por acreditar que melhor que escuter nossas Ie mmuriosas dlscusstes, 6 ouvir a delicadeza das cangbes. Ws sabeis. Sabels porque sols também, assim como rs, desse linhagem ancestral no ritual da canvivence. Estamos na mesma situapao! sabes, pols sois como nds. Sois também esse poro de Tico sana, fégrima do mesmo sal, cuspe do mesmo veneno, mesa da mesma arvore. E tendes cléncia, por tonto, qua ado se passa Imune dessas quatro paredes que nes circundam. Findamos agul, certos de vossas compreensoes. till a |, *..que ndo importa esses outros que esto aplaudindo e sim a nossa ligagao” Joaquim esta sonémbuto e fala com a patel Joaquim: Boa noite. Obrigado por terem vindo, Des ‘culpem comegar assim, cartando 0 sonho de vooés, ‘as pare que tanto suspense? Todas as histérias do ‘mundo jé foram contadas, Essa 6 s6 mais uma histé fig de uma familia comum, que toma café, em que lum briga com o outro, em que um adoece, entim om nossos problemas cotidanas, No comego, este telefone vai tocar, porque meu irméo, que mora lon- Ae, esté com muitas saudades de nds. Depois nés vamos fear aqui, convivendo com nassas hbites Particulares; até que no final o telefone vai tocar no: vamente, nds vamos atender e receber a noticia de ‘que meu irméo se suicidou. A nossa historia ¢ essa, Yooés sio grandes, eu sou grande, ninguém aqui & Poqueno... todo mundo aqui sabe onde estd. Todos ssabem que amanha eu vou repetir as mesmas coises que ev estou falando agora, Todos sabem que ama hd eu vou entrar nesse lugar e dizer Boa noite. Obrigado por terem vindo, mas todas as historias do mundo jé foram contadas... Essa é 36 meis uma histérie ue wna familia, assim como a de voc8s, No comego, 0 telefone vai tover, porque meu inmio esté com muitas saudades de nds, depois nés faremos algumas colsinnas comuns do dia a dia de alo telefone vai tocar no: vamos atender ¢ eceber @ noticia de (dou. A noeee hietiria & essa uma fama, até que no tn vamente, 16S que meu mao se suici 15 do munda [6 foram conta E isso: todas as histéria ae 2. ea sober: em gona ae ndo 0 espace da plateia), elgumas tocar af (apontan In pessoas vo penser “Nossa, que fata de educagao ainda cans vida inter. ofl, averd also. Mina fava ab 2s po tes desse lugar, para que vous pssam cota ss vidas, continuarregando suas plantas, contin 4 seus animals de estimagSo, corre os olhos pele plata, Joaquim: Meus avés disseram que viriam hoje aqui Tenho certeza que ao final, durante os aplausos, cles vo se levantar,fxar o olhar em mim, olnar para mi ‘nhas roupas para ver se estou bem, fazendo questo de mostrar que estéo aqui, presentes, que fazem parte de mim, que néo importam esses outros que esto aplaudindo e sim 2 “nasa ligagdo", que me uerem bem apesar de qualquer coisa, apesar ue ‘Qualquer porta que nao tenham aberto pata mim, Nés vamos colocar uma misica pare que vocés Salam daqui com uma sensagdo agiadével. Nés aqui temas @ hébito de colocar una misica para suportar 2 retina, preencher 0 siléncio com eompeténciae ajue ar a expressar nossos sontimentes. Com misica tudo € mats fécil He, Samuel e Pequeno observam Joaquim, 0 fiho mais 1 que sempre acorda de manha pensando se fez ou disse algo errado peta noite. Joaquim no é um homem ‘medroso, 86 esté um pouco apético, um pouco sem uma na vide: Joaquim e sua vida de aguas parsdas. Sempre ajuda Mae a retirar as ougas de mesa, mas pen 8 aue seu pai poderia fazer ssa também, que seu pai é m homem ausente. E, também, sempre quando briga Com a Mae, espia a0 lado para ver se ele estd por af ara defence. Joaquim: E assim, Todas as histérias da mundo jé foram contadas. Nao hi mais nade para inve rie. ilusio esté menos ino Pequeno: Joaquim. Mae e Samuel: Chil Samuel: (sussura) Fala baito Pequeno: ? Mae: (susura) Ele t8 orminco. Pequeno: 0 que? ‘Samuel: 0 Joaquim é sonémbulo! Pequeno; Aonde? Mie: 0 seu inmdo & o-ndim-bu-lo. Ele fz 2s coisas enquanto dorme. Pequeno: Que coisas? vo aa ooh. bebe ie lava as mos... escova 0S erguntamos TVs. mexe nas g2 dentes.. espande se Pequeno: Dormindo? Mae: Sim. Eno pode acordéo Pequeno: Por qué? Samuel: Porque fee ma Porque fae mal pre ele, Pequeno. Pequeno: Assusta Mie: Assust, Tem au elefaer anh clon ergo, te bon Jozquim val até a plata Mae: Porque quando se esté sondmbulo, a pesso and se est td sondmbulo, a pess au coisas sem. onsténca, Sem pensar Pequeno: ? Joaquim poe a mao aguitn poe a mao no pinto, Mae nao vé Samuel: £ que a tende? O que a alma dela pede, ela faz. ‘edesen Poquono De onde? Mi: ats sna ad. Sam epi Certo ou se nao é certo. E sé ace ta leaves coe sem esponsainge Pequana coun) 0 aus oar Mae: £, 0 que ele deseja, Pequeno: Entao ele all té dormindo? ae: é pequeno ri do que Joaquim faz. € uma crianga. Mae e Samuel: (chamam a atengao) Peaueno! Mae aproxima-se de Joaquim. & preciso cuider dos s0- némbulos. Mie: Joaquim, vamos volt para a cama, meu filha? Vamos? Pequeno: Que bonito é ser “sonantulo” ‘Samuel: Voce ache bonito? Pequena: Que bonito é ser*sondntulo"! Mae: Chhhn! Fala baixinhol Grotiele entra, percebeu 2 movimentagso diferente na casa. Usa um headphone. Adolescente, deve estar ‘eompanhando sey corpo se despregar da inféncia, ‘quanto aproveita para fugircom a misica, como quem foge como circo, Grazile esté na fase em que Imagina «a vida como um clipe de misica, Grazlole: (para @ famila) © que té acontecendo hein? Todos: Chinn! Samuel: Fala baixo! Pequeno: (para aim) Ele té dormindo! Graziele: (com 0 headphone na0 se ouve disito) “Choranda’? Pequeno: 0 Joaquim é ‘sonéntulo Graziele: Aonde? Pequeno: (erangas repetem 0 que ouvem com pro briedatte) 0 seu iemao 6 so-nan-tu-lo. Ele fa as coi sas enquanta dorme Graziele: Que coisa? Joaquim sussurra algo no owvide de mée, Samuel: (batbucia) Gazi, ole té sondmbulo de nove Pequeno: (protetor Té tudo bem af, mie? te escute Joaquim. Pequeno: 0 que ele téfalando? ‘Mae: (amorasamente baixinho) Nada, no. Pequeno: (refere-se & platela) € aqullo tudo que ele wen ts, oi 3 ine Sng nam... todo mu ‘O tletone da casa toca. Samuel core para atondéo. ‘ Samuel: AC. para Semuel) Se forem eles, dz qe eu mae: (brave conjugar umnas pala ‘quero "nes! ‘samuel: (fc de escuter) Ald! : ele pia nde: (para Grazie, sobre Joaquim) cama Samuel: Al6! Graziele obedece yuoce de apager a luz Mie: (para Graziele) © 3 antas de fechar a port. il) “NN6s estamos bem!” Samuel: (ainda ao telofone) Ald... Quem? Mae tome o telefone de Samuel Mae: io! silencio, Mice: (gra) anior? Eu sate £u 10 te ouvindo baix, fala mais Samuel: E Junior? Mae: Vocé 14 me ouvindo? Ta me escutande? ‘Samuel: € ele? Mae: Junior Pequono: € cle, Mie: (igvdo dito) Ea 10 t ound abo, fla Graziete: (chegancio) Quem 6? ‘Mie: Recebemos, recehemos sim! Eta eoebeu, nota ole do ow (sobre Graziele) (Que horas sao Grazile: (para alguém) € 0 Jinior? ‘Mae: Néo! T6 dizenda: que ho-ras so af? Pequeno: (pare Seanuel) Lé nao 6. mesma hora que aqui ndo? ‘Sanwel: Néo... 6 6 outra hora Pequeno: (pare Samuel) Como assimn? Samuel: € por causa da distincla. Como ele té muito cistante, a hore é diferente. Mae: Como? © qué? Aqui? Aqui té calor. Eles t20 prevendo chuva, mas ainda td calor. Fio demais? Nossal (para os outros) Diz que Ié to, fo. Graziele: Fala que eu recebia headhonel Samuel: (pare Pequeno) Eles esto sempre seis ho- ras a mals que a gente aqu ‘Mae: An? Como? Nao... repete! azote: (para Me) Fala que eu recebl o headehone! Samuel: (para Pequeno) Entendeu? Pequeno nao entendeu. Samuel: Ele estdo sempre sels horas # mals que nds, Pequono:E por isso que eles s80 mais desenvolvidas? Meo eto 0 ut? Poul ara tout) 14 ‘querendo saber se aqui té na época de pequi, ‘ ‘Samuel: Té sim! ite: 1 dps sesso de comer (para lr) masa tego a Passau sua vontade, meu filho. 7 Samuel: (ra Me) Ele quer Samuel (zara Mée) Ee quer ue made pu? Eu Grazie: (para: Sze (par Samuel) Samuel, le sabe que eure Me: .t6 et dano doa noma, aks sae? Tagore manca booed pel to tare quo hegue adeno. mas aco ue no chega? _— Samuel: Se chegou seu headphone, chega 0 3 chegou Sev headghone, c headphone, chega 0 pegul Me (pr o8 ote ve) 0 get, or fv le out (otto) Repent Seo Paqven ‘esta usando sapatos? No, ainda nao, n i 10 mesma ji 1s ps deseaigos. Samuel? ‘to.. ainda esté eurtindo se seu pai? festd se aprontando para sar. Ta aqui sta bem, sim! Fazendo suas caminhadas todos 05 tas. Acho que si... vou chamar ele para voce. (Para Pequerc) V6 i dentro chamar seu pal val passa o telefone pare Samuel Samuel: (20 teletome) Sénir! Nao, 6 Samual -jura? te respeitando af? Nao debe que eles Mas eles esto ‘30 dela eles te esnobarem por te maltratem, hein, causa disso. Graziele: (para si) Nun! Essa misica & muito bee. ‘samuel: (nd0 antende o que 0 mao diz} Como? ‘Graziote: (cantando a masica que ouve) “Onde.” ‘samuel: Graziele: ‘Na0..” ‘Samuel: (num reflexo) Nao... Que cae, sil Cro au sim. No, nada... é seu sotaque... nior fd est per tienda o sentido das palavras do seu pals) SO-TA-QUE, jeito de falar. Grastole: “Ele 44 nervoso, ele té inquieto. {az suas caminiadas to- uel: Pai? Té bem, sim primeira Sar Voc! sabe que hoje € meu dos 08 dias. ia? &! Obrigado! E... voo8 sabe, eu acho que voce Ime entendo, ng... tudo muito novo ‘Mae: Nao fica reclamando da sue vida pro seu irmo, Samuel, ofa. jd estd na sua hora dei. Anda, val Toma o telefone para si Pequeno cai no chéo, tem uma crise asmatien Mae: (ao telefone)Jinior, nds estamos bem! Nés es- tamos bem! Nés estamos bem A ligacto cai Graziole: (para Mée) Cai? Mie: Ele liga de novo, Ve Pequeno no chao. Mae: 0 que fol? Ele té chiando? Ah, meu Deus, Pe- ueno! Me deixa ver... vem, PB. respira dirlto pra eu ver, Voce quer 4gua? (para os fifo) Vao logo bus- cara bombinha no quarto dele. Eies obedecem. Mie: 0 que voc® td sentindo, Pequeno? Ete cia Mae: Senta aqui Ele cia. ra de respirar, meu filho, 1880 0 meu ‘Mae: Respira... 180 val passar., € culpa deste tempo. Respir ‘mot, puxa o at com calma, com cama... i850. NBO prende e solta devagar... isso. Ele chia. Mie: Nao se preocupa, 2u tO aqui. Respir! silencio. ‘mae: Eu t6 aqui vi. le respira um pouco melhor. Mie: Aposto que no tomou o remédio hoje, meu aio. silencio. Mie: Coloce cua cobeca aqui Esté quent? Me dee te esquentar...assim. Esté respirando melhor? Est se sentindo mais alviado? Pequene respire mais alniade, Pequeno: Mae: Joaquim entra cam um pé de sapato calzado, Pequeno: (baixinho) Mie, ele té acordado? Mae: (cuidadosa) Joaquim! Joaquim: (bem diferente de quando sondmbuio) O que foi? Mae: Est Joaquim: Aiguém viu meu sapato? Mae: (para dentro da casa) linia igou Joaquim: Semana que vem eu falo com ele Vi Joaquim sa. Pequeno: (pare Mae) Por que quanda Joaquim esté dormindo 8 sennora trate ele com carinho? ‘Mae: Eu tenho que colocar voc8 na natagao. Pequeno; Eu no quero natagao, Mac: Mas faz bem aos brénquies, para vood melhorar £5505 seus pulmoes doentes. Vocé ndo pode orescer com essa doenca. Nés aqui em casa cuidamas de vocé, mas Ié fora, ndo.. fora ninguém val sait rendo oarair pegar seu respirador, pra te acudit, no. 6 fore ninguém vai te ajuda. (pequena chantagem) nina dos escandalosos daqui de cima tambér on ye ela seja sua colega. faz nataco, pode ser au Pequeno: €? Ela também anda descalea Mae acta grace. Pequeno: Mie Mao: Fala. lo Pequena: Sabe neau! no rage? Mae: Claro Pequeno: & que equeno; Nada n20. mmuele Graziele retornam. quedo de montar que Pequene se Es yntrel o respiradar, mas eu trOU- mais gosta) Nao enco stolinho dele cu nao vou repeti! Hoje & See ie ties fazende hora, por UE seu primeira die voc 18 nao val logo? “expresserse’, com dee me cil te do “ot, assim, faci, Para ele, que nasc portarse dient ‘oom o eux de um férceps, fod para ele, no & ses de gravider © ‘alr do ventre Samuel: Eu jd estou indo, Mae cuida de Pequeno, ‘ 30)" homem Samuel: comin repetindo#caneae) “0 homer ale a prea ems Pane / QU parado pensa er 0/ Mes nose es pisar no mundo/ Ser outo, no fund Nan sai des: Graziele: canta a misioa que owe) “Wother. Mie: 0} Graziele: Hel Samuel: Eu queria comverser com a senhara ago. Mie: Fale raziete: “Di. ‘Samuel: Nas acho que agora nao dé, né.. & melhor eu ir porque t4 fcando tarde, Joaqui (ce dentro da casa) Mae, o café) Mae: (percebe que Samvel estd cam med) Voce & forte. Voos € forte, Samuel Eta the dé um Graziele: “Ela d4 um beljoe vai embora Samue! fica inert. Eum membra de fama sem talento para fidar com as situagdes da vide, Tem diculdades de a ae si — IV) "Nao estas me ouvindo’ Ouse msn cas Pen xn 2do de montar. Brinca de tocar 2 bu. Atéque asia pra Pagar se boron passnda passrdn/ kita nos emuran Pequeno: Foi voc que desligou? Gratiele: *..passando, passendo..” Pequeno: Foi vocé que desligou’ Grazie: * Grate: “8 nem perce o animal giants entie | Pequeno: (baitucia) Psu! Foi voc® que desligou? Graziele: 0 qué? Pequeno: A misica! Graziele: Escuta, ndo té na hora da sua bombinha? Ele destaz o piano, Grazlele: Sonhou com aiguma coisa hoje, PE? cutra colsa) Sonhel que ev Pequeno: (construindo foi lé @ me colocou pare teva molhado @ aia mae secar num esearredor de seca prato. ‘graviele: E vor’ coube? Pequeno: Gube. Por qué? Graziele: Nao fala que eu te conte, mas a mae falou que vai te botar na aula de nataco. equena: Ev néo quero natagao. Graziele: Mas fax bem aos brBnquios, pra voce me thorar sua respiragao, N6s aqui em casa cuidamos de vvoo8, mas Ué fora ninguém val sair corendo pra bus: tar teu respirador e te acucir igual daldo, no, vid. Voo8 é que val ter que se vier! | Pequone: Ev sel. Oa o tem! razele: Iso 6 um trem? to 6 uma tentative, is0 sim, Pequeno: O que é “temtrativa"? ‘erazile: (sobre o que ouve) Ai, & essa! Nun, esperar ‘a misica que a gente quer é igual esperar trem. Ele constr6i outro brinquedo, Graziele:E isso, 0 que 6? Pequeno: & eu, Graziele: Vocs? ( ? (pega uma pega do bri Hse Sear a ee ee) Pequeno: € meu puiméo, Graziele: Como assim, seu pulma al ‘seu pulmao? Desse tamanhi Pequeno: E que meu pulmé -queno: E que meu pulmo & muito pequeno, Graziele: £2 Poqueno: Néo queno: No é o pulmdo que faz @ gente respirar? Graziele: 0s pulmdes, Poquno: to, en pulmo 6 muito pequeno. —_enel Grazile: Que ia Grave: ue lia que esso Vet esis tas i! Anda, f2z0 plano de navo que tava bonito, Pequeno: Mas ¢ masica acabou! Graziele: Mas pode fazer que ele vai volta. Pequeno: Como vot sabe? im. Esse 6 0 n03s0 hébito, N80 Graziole: Porque si ral camegar e 0% ‘anda, fet logo! Seno 2 masica ¥ piano rao val estar feito! Pequeno: Entéo té um piano de novo, apressada ‘monte. Espala as tetas por tode a extensBo do Palco. 1 ‘Afamilio entra. Ee consid Graziele: Mas desse tamanhdo? Pequeno: £ piano de cauda. ‘surgem Joaquim, Somuel e Mae. mae: (epare na solenidade de Peqveno) © que €? O {que foi? Ani So teclas de planot ouve-se uma musica. Peaueno toca seu piano. Joaquim: (para Samuer) NBo esté na Sus hore? ara Mae) A senhora Samuel: Sim, eu estou indo. {9 tquer que eu traga os peauis? Mae: Quero sim, Samuel! Vooe pode trazer? Samuel: Posso. Benga, mae, Mae: Devs te abencoe, meu fiho ‘Samuel: Tenau, Joaquim. Joaquim: Tehau, Samuel Samuel: hau, Graz Gratite: An, s emu, 6 quo voo8 val na ue, Pedi apraveita pa comprar os peau, nao? ‘Samuel: Tehau, Pe Joaquim: (preocupaci) Vai, Samuel, nBo faz noral Samue) sai para seu primetro dia Mae: 0 sindico m © singico me ligou pra aviser que agora eles Fesolveram autorizar a cr ei iagao de cachorro nas apar- snags: 0 sinc? barulho dos vizinhas? i. mou do Mae: claro, eu ni ero, eu ndo tent medo, nao ét Reclamel e ele dissa que jé mandou cinco cartas pa Ledinpson 10 cartas pare o aparta Pequono:£ amo a vizinh. Joaquim: Eto ase F8 quem auiser pode oriar dentro do seu apartamento? N pats apartamento? Nés bem que podiamos feria Nés bem que podiamos equena: Eu no posse. ae: 0 Pequeno néo respira dieito, tem problema. Com pelo de cachorra por perto entéo. Joaquim: Ressira af pra eu ver, Pequend. (Pequeno mi respira) Respra af. 6 te csse 0 que voce tern ‘que fazer pra melhorar isso: tapa o nari assim, conta do um até cinco, af destapa e soa o ar, Depois volta conta de um até ses... val do, aumentar do de pouguinho em pouauinho, agin Ge Graziele: Diz que agora eles autorizaram cachorro nos apartamentos, Joaquim: Se voo8 fizer isso, com 0 tempo, Pequeno ood vai aumentar sua capacidade de respiragao. 30 no. Seu pro Mae: (para Pequeno) Néo énade blema 6 uma questao de remédio © de vos se cut der, viu, N8o se preacupa com isso NBO, isso passe, 6 questo de tempo. Graziele: N&o sei por que a gente no tem um ¢2 chorrinho, Pequeno: Eu no posso! azote: Me, évercade que evi me chamar Andresse? Papal felou que eu lame chamarAneteasa, porsue a9 ‘o nome de uma enfermelra que voots conheciam, ums coisa assim Ouve-se uma discussio dos vizinhos. Joaquim: 6! Tao owvinda? Mae: No adianta reclamar,té vendo? Joaquim: Que raio de dia esses vizinos v8o parar de briger, pelo amor de Deus? 0 que adianta? Esses af 80 todos foriados na tacuitage, mes falam ato, ‘sem educagao nenhumal Graziele: 0 que 67 Eles jé tio brigeando? ‘Joaquim: Daqui a pouco eles v2o colocar aquele exage ‘ode misica. S6 pre gente no owira elscusslo delas! Gratiele: Sabe por que ndo dé pra entender nada da: ‘quelé carta deles? £ porque diz que eles sao muito eruditos. Diz que séo uma familia de académicos, S80 todos formados na faculdade, na caso tem es tante de livro até na co-zi-nha e todos eles falam em segunda pessoal ‘Mae: Da réxima vez que eles vierem com cartinhas, les v20 var. Eles esto achando que isso resolve al uma coisa, Olha que hortor! Meu Deus, ele vai matar a mulher! Pequeno: Hole de manha a menina parecia muito nervosa e gritou assim: "Nao estés me ouvindo? Nao estés me ouvindo? Por que ninguém me escuta ne recinto?* Joaquim: Pequeno, isso a sujeira de qué, em vooe Male, a senhora chegou a reclamer com Grazie! sindioo, nao? Mie; (vere Pequend) No, nfo € néo, vooe acabou de yocar de blussl Graziele: unegou, mae? Joaquhm: Vemos, Pequeno, trocar sua roUpa mae: (para Pequeno) Estou dlzendo que nBo & para trocar, voce acabou defer isso. Craziele: Mae pac ther nBo, Pequeno, sua roupa no Mae: Nao & std sul. Graziele: Mae. Joaquim: (rénico) Tudo bem, @ roupa dele no est sul Mie; pare Peguero) Tem gente au 2 fl alt € nao faz nade. Por que quando a roupa dele est Ui voc# mesmo nBa troca? de e Joequim discutem, aos bers. em 0 que ouver) “N80 Pequeno: (as criangas renetem o que ower) lestés me owindo? Nao estés me ouvindo? rninguém me escuta nesse recinto?” Samuel toca a campainha oa case, Pequeno: Graz, a portal Grazie: (atrina 4 porta) Samuel? Samuel: Esqueci Pequeno: Esqueveu 0 que? ‘Samuel: Esqueci mau lenco, Nade acontece, Mae: Endo vel buscar? Ele entra para pegar seu ie na pata pagrus lng, Eotvemeons rpare-se ‘Samuel: Benga, mae? ‘Mae: Deus te abengoe, Samuel ‘Samuel: Tehau, Graz, tchau, Joaquim, tehau, Pequeno, Pequene: Tcheu Samuel parte, ) “Do mesmo jelto que 0 pé nas frestas do cho, que nao se retira” Pequena: Grazie ‘Grazie: Poquen Greziell Grazet: 0 ave foi? Pequeno: Sabe naquele “quando” eu quebrei meu brago? Gtaziele: Acho que lembro, sim. Por qué? Pequeno:€... Nada néo Gratiele: (para Pequeno) Por que voce tem essa ma ria? Essa mania de perguntar e depois dizer: ‘Noda 0." Pequeno: Desculpe, Grazlole: (para a platela) Me deu vontade de conver- sar com voozs. Yarnos conversar? Pequeno: Ai, mev Deus! Graztele: (para a plateia) Meu nome é Graziele © eu tp sondmbula. €isso mesmo, eu td sonémbula. One: {écio é 0 seguinte: em alguma hora alguém vai tocar ‘9 comaainna dessa casa. Eu vou atender¢ vai sero entregador de pizza que ertou de apartamento, O telofone toe, Graziele: cle vai olnar pra mim, val se apaixonar & nto vai propor pra gente fugir. A gente val prefeit no casar, mas a gente vai ser tli O telefone toca Pequono: Gazi, 0 telefane! Grazlole: (atendenco} Nl Jnior? Pequeno: De novo? Graziele: (a0 telefone) Que bom falar com voce! Tudo... reeebi © headphone, ndo tio ele do ow. obrigada viu, 0 som dele 6 étimo, aqui a gente ne acha desse para comprar ndol E7 € é verdade que af neva? Neve? Cai bioco de gelo do céu? Deve ser bo- ito, né.. , como? Ai, Janlor, que saudade, me diz se voce td bem! ..0 qué? Se seu quarto esté do mes ‘mo jeito? Sim! Esta... suas coisas esto do mesmo jeito. Por que esté com essa vor? Como? Voltar? Vooé néo pode fazer isso, Jdniar, por que “voltar"? (0 qué? Voo8 té sentindo fio? Al! | Pequeno: 0 que ale té dizendo? Gratiot: orquato ou non naa bao a Peat, no) El td esraho.. ele ts dzendo que due 080" (escua) que 8 nosse fama est por ene sas cents, do mesmo eto que pé nas fests do oe gue nBo sect, (escuta)Té pedindo pra t fal Spyoveitar enquanto pade andar descalgo, como quem plsa na areia, ‘As ligacto cai Grziele volta a escutar seu headphone. 0 tempo passa. E com ele os dias comuns. | Graziole: “0 tempo val pasando, passando, passa do, passando..” VI) “Paaaait Josquim esté com os sapates de Pequeno nas méos. Pequeno: Joaquim! Joaquim: Poquena: Yocéesté acordado? Joaquim: Como assim, Pequeno? Pequono: Porque voce faz as coisas dormindo, no faz? Vocé & “sonantulo’, ndo €? Vai até a cozinha, bebe agua... ds vezes v8 TV, Joaquim: “Sonémbulo%, sedi Pequon: Joaquim: €. Mae te contou? Pequeno: Sim Joaquim: £ claro que ela te contou, NEo deveria, ‘Aposto que vai fcar com medo de mim. Pequeno: No, eu ndo estou com medo néo, Joaquim: Vem! Vamos calgar seus sapatos. Pequeno: Mas eu gosto de andar Joaquim: Mas uma hora voc8 vai ter ‘como usar 1880, Pea Pequend: Por que ou Joaquim: Pe tem que aprender. Ele calga os sapatos em Pequen Pequeno: Joaquim! Joaquim: Oi Pequeno: Nada no. Quando vor converso com voce. Joaquim: € sobre seus Goulos? Pequeno: Néo. Joaquim: Sobre o que, ento? Pequeno: Nada no. Joaquim: Eu sei o que é ue esse 6 0 nosso habito, oF descalgo! que aprender tena que aprender? Vor iver dormindo, eu Poqueno: 0 que €? Joaquim: Esté apa jaquim: Estd apaixonado pele vizinna Pequeno: Qual? Joaquit Da femiia erudite que gita. A mais nova Pequeno: Eu? Joaquim: Vocd fala muito dela, O teletone toca, Pequeno: telefone toca Joaquim: Viu como eu reparei, Ee atende 0 teore. Pequena v8 "a roupa de Joaquim, Comega a chiar, 7 en ‘Segui falar com voc. 0 a Bon, sin. na or au at om se vr? ea A ligagéo cai. Pequeno cai no ch8o, a oe Bo, numa crise de asma, Joaquim: 0 que fl, Pequeno? Onde esté sua b ‘aha? tae: 0 que foi? (pare Joaquim) 0 que vock fez c tie? Aposto que obrigou o merino a calcar 08 sap@ tos. Voo8 acha que pade falar de qualquer jeita com ele. Homem pouco! € por isso que esta assim! Joaquim: Cala esse bocat Vocé nem viu o que acon: tee. Mae: Ai, meu Deus, Pequeno, voc® t chiando Gratiele; Onde osté sua bombinha? Joaquim: Eu sel onde esta Mie: Va logo pegaro respirador do menino. Joaquim obedece. Graziele: Respia, Pel Mae: Aposto que néo esté tomando os remédios ne hora certa Graziole: Respire, Pe! Voce também tem que ajucar! Respiral, ‘Semmue! toce a compainha, Joaquim rtnima de dentro da casa, Sua roupa esté com manchas de fame. Joaquim: N2o enconte Graziele: Eu acho que sei onde est. Graziote vai buscar Pequeno: Eu no estou conseguindo respirar! Joaquim: Respira, Pequeno! Respira Seré que ns devemos ligar pro médica? Pequenc: (sem conseguir falar) Eu no quero médico! Mie: Cals a bacal Joaquim: Nao 4 cor Janam: Mio té eonsapuco resprar © sind Nea Grazile retoma, com sua roupa com varias marcas de ‘ ypa com vari 3s Graziole: Nac esta le) Mae: Como 10? Gratiele: Nao esté ld, estou dizendo. Mae: Nao 6 posstvel! Mae vai buscar, eraziele: Ame fica brava comigo, mas eu rao tena culpa, val Joaquim: (para Pequend) Voce néo lembra onde pode estar a ombinha, nao embra? ‘araziele; Calma Pé, sso passa logo, é $6 ter paclén cial Joaquim: Doss jit isso nBo vai passer (20 raplve no, Graziele: Para, Joaquim! Joaauim: (pare Pequend) Respire, Pequene, respira samuel toca a campainna, Mae retore completamente suja de fama, mae: Eu no consegui entrar. Lété muito Dagunea ol Est tudo sujo! Todos assustados. Joaquim ameaga entrar dentro da 98a. Mae: NAO! Néo vd al Graviele: 0 que € i880? Ife: Eu no se. Ha zigo estranho Joaquim: Eu quero vero que ét A.campainna toca. Graziele: Eu vou Pequeno: Nao val Mae: Voce no fa ‘nada, sendo piora sou chiado, Pequeno: Nao v4, Gravinle, ndo Joaquim: Nao ouviu nossa mle, Pequeno, vocé ndo std bem, oral Graziele: Deve ser o vazamento da torneia! decide entrar, Mae: Mas de onde vam tanta sujet, Joaquim? A campainha, Joaquim: ull Eu acho melhor a gente trer 0 Pequena da Mae: Meu Deus! A campainha, Pequena: (numa reagao re PRECISA ME TIRAR DAQUII Mae: Calma, Pequeno, calma! Pequeno: Me dei. Mae: Calma, Pequene, cama! pequeno: Tem um hipop6tama dentro dessa casa Samuel: Gentel Abre a porta pre mim! Joaquim: Vooe quer figua, Peauene? Graziele: Val, Josquim, pegar dua Pequeno: Antes, eu colocave ele na minha piscninh. Uma familia coberta de lama Pequeno: Mas at ele cresceu @ eu acabei colocando ele no quarto do Jinior Mae: No quarto do Sinior? Graziele: Pequeno. GGraciele: 6 quanto tempo issn? Pequeno: Joaquim: (nervoso) Ela perguntou ha quanto tempo! Graziele: Cala, Joaquim’ Pequeno: Nao sei, hé muito tempo. Avcampainha Mae: Como assim * muito tempo"? Joaquim: Quanto tempo, Pequeno? Pequeno: Joaquim: Quanto tempo, Pequenc? Pequent: Sabe sue brago, lembra? ae Joaquim: Mas isso tern muito tempo. Graziole: Mas por que nao diss 2 Por que nao disse antes? Por que no disse pra mim, Pequeno? Pequeno: Eu tent ei contar...eu tentel Pequeno: 01 um domi o0\6glco. Eu vi foi na igo que eu resol ir até um ', que os hipopétamas tam ppulmées enormes, ¢ af pensei que... que podia aprender a respltar com eles, Af eu pensel que, ta vez, se conseguisse pegar um hipopétamo pequeno pra mim, eu ia aprender com ele 2 respirr dil. Ele tem pulmées encrmes! Grazielo: Pulmbes? Pequeno: No comego, ele et6 fioou muito doente, af fu vi no programa cue 0s hipopétamos gostam de pntanos e éguas paradas, eu fguel preocupado, ache que ele no ia se adaptar ao nosso habitat, que tle ia morte, mas depois ele se adaptou ruito bem ficendo Ié no quarto do Jcnio. Joaquim: Muito bem? Pequeno: Sin! ‘Afemitia no acre. Pequeno: € verdadel Ele até assiste televisao com gente todos 05 ds. Joaquim: "No se fea imune dessas quatro peredes ‘que nos circundam. Mie: Eu vou até Pequeno: Nao, no vail Ele pod: tar nervasal Pequeno: Ele nunca fer tanta begun. Grariele: Um hipopétamo| ‘roure, ele era um filhate! i Acampainha, Gratiele: Qual é 0 peso dele? Pequeno: 0 peso? Joaquim: E, 0 PESO, ORA! Pequeno: Eu nfo seil Eu soi que & muito Mae: Coma ngo sabe? Joaquim: so deve psa trl tamanho! Hm behe esse Mae: Isso nao pot s verdade, Joaquim: & contro nfo ests vendo ess sullra? ‘seu irmao? ese Joaquim: Eu ndo vi, E também nosso pai nao vu. Graziele no viu. A senhora nda viu Graziele entre em casa, parece aproximarse do bicho. Tod, aftes, a espiam com os olhes. Mae: Que ventre, cue ventre Graziele: € uma estrutura to complexa 8 mud. we 6 180 complexo eestétio. Todos: Grazile: Ele muito nervaso Ele um bicho perigoso, Joaquim: Pal Mae: Pelo amor de Deus, seu pai ndo pade saber de uma eoisa dessas. Pail Joaquit Grazlele: Eu também acho que papal nBo pode saber, Joaquim: Mas ele precisa sabe Mae: le vai ter um ataque, Joaquim! A campainha, Graziele: Um ataguel Joaquim: PAAAAAAAAARAI| Pequeno cai no chao e tem um at Seema ‘aque oe Mae: Pe ven, me ho! Graziole: Pequeno! Joaquim: Pequeno! Pequena: Ele engotu o papal Joaquim: 0 aue disse? Pequeno: Ele engoli opal! Graziele: Quem? Pequeno: 0 hipopetamo! Joaquim: CHEGA, PEQUENO! CHEGAI CHEGA Mae: H quanto tempo isso aconteceu? PPequeno: Logo quando Wiliam chegou Grazie: vita? Quem é Witt? Pequeno: vhisopstamo Mae: Was hé quanto tempo, preci amente? Pequeno: Mais ou menos cinco anos. Signoto, Mae bate em Pequero. Samuel: (tocando a campainha) Paasaaaall Joaguim val rir a porta Mae: Nao abre agora, Joaquim, eu preciso de um mi cnganizar, Samuel, s6 um pouco, nos ir essa porta pra voce entrar. Nés vamos nto pra vamos abi abrir essa portal Joaquim: Eu tenho uma eima Graziee: (que no sabia disso} Voc® tem via arma? Joaquim; ts temos que matar esse bicho, Peqveno cai em prants. Joaquim: E voo® pare com isso, ILUAM! EU AMO WILLIAM! EU Pequeno: EU AMO \ ‘AMO WILLIAM! Grariala: Pate se perigaso. Ele 6 um bicho petigoso, voe® pace no conseguir, ele pode querer engolr voce também. Pequeno esti em prantos. Joaquim: Alguém precisa maté-lo e isso tem ai fe foe isso tom que se Mae: NRO. Grazie: Ele vai destruir esse préi! Samuel: PAAAIL Graziele:Estam: também na mesma s iagdo! Joaquim: SE NAO MATARMOS, ELE VAI ENG Joaquim se 8, ELE VAI ENGOLIR MAIS | Graziele: NOSSO FAl ERA UM HOMEM HONESTO! Joaquim: EU MATO! Joaquim corre para maté-i, ni ‘ue, tevez, nos tltimos anos de sua ¥ a, ela e sua fam lia vinham agindo apenas po fi 1as porque em pouco tempo sent iam fame; viveram porgue sim. $6 isso. | Mae: (cigna, surpreendentemente forte) NINGI be: rente forte) NINGU Mae: NINGUEM VAI MATA-LO. ESSA il EANOSSA RE UIDADE. TEM COISAS QUE NAO SE MATA! TEM CO! ‘SAS QUE FORAM FEITAS PARA SE VIVER COM ELAS. ESSA E NOSSA REALIDADE. NAO SE ARRANCA A CO- LUNA POR CAUSA DA DOR NAS COSTAS. 0 GRANDE BICHO VAI CONTINUAR AQUI, NESSA CASA, DENTRO DE NOS. DENTRO DE NOS. NINGUEM VAI MATA-LO. TEM COISAS QUE FORAM FETTAS PARA SE VIVER COM ELAS. TEM COISAS QUE FORAM FEITAS PARA SE V! YER COM ELAS. TEM COISAS QUE FORAM FEITAS PARA SE VIVER COM ELAS, TEM COISAS QUE FORAM FEITAS PARA SE VIVER COM ELAS! Vil) “..¢ isso é muito importante” A familia € 0 que esié nos canto, nas nosses fssuras, GoM 0 D6 que acumula na esquina do chéo, 180 diel ae retirar. Ela esté entye 08 dedos, as atlas, entre ag ema, n0 canto do olho, debate de lingua, entre os dentes. Eum pires, Porque é para o pies, naa > Epa © Pires que a xcara sempre retoma, em repouso, 0 telefone toca. Pequeno se volta para a platea, Pequeno: Vocés, por favor, jé podem ligar seus celu lates. Alguém pode estar chamando por vooés, «isso & muito importante O telefone ga casa toca, Oteletane toca Otelefane toca SOBRE 0 ESPETACULO Coisa pouca Marcio Abreu Drameturg ecvetoy,cator a Companhia rasiet de Teato. Caro leitor, Esorevo estes poucas linhas ~ ainda nao sel se serdo realmente poucas — para cumprir um chamado que ha ‘nos bate & minha porta & s6 agora tenho a chance de atender. igo chance querendo der sorte, ventura, Quando o discurso es personagens da familia de Amo ‘es surdos estavam em vias de niascer, reoebi em minha asa um esbogo anunciando sua chegada, Digo esboga querendo dzer potencialidade vive, embriao, unto com © embrio, um convte para me agregar, como encena- dor, a essa familia Naquele momento eu me ccupava intensamente de outta familie, a de Apenes o fim do mundo, de Jean-Luc Lagare, ‘com meus parceiros da Companhia Brasileira do Teatro. Nao pude ecetar 0 comite. Hoje, mais ou menos cinco ‘anos depots, recebo novamante em minha casa, agora nfo mais um esbogo mas ume obra, orérica, singular, plena de sua prépria histéria, construida num percurso de ama~ durecimenta de um grupo de teatro que afma doce e ener sicamente sua impr 0 no mundo, ‘Sei, caro letor, que est texto @ coisa pouce — tutameia, como dia Gulmatdes Rosa ~, © & provével que poucos entre voces leiam estas linhas, e, naturalmente, no é meu intuto deti-ios demasiadamente neste Introito. No entanto, cabem-me ainda Guas ou trés palavias sobre & Mae e os filhos, Josquim, Pequeno, Samuel, Grazile ‘nior,¢ ainda sobre 0 Pai, 0s vizinhas e William. Cabem- ‘me ainda duas ou trés palavras sobre como serlevado de um &6 goipe 20 universa fccional dessa familia, manten ‘do todo 0 tempo a consciéncia da realidad Provocar a entrada consciente na fiogdo é uma das qua lidades de Amores surdos, uma camposigao drematirgt ca de estrutura clara mas complexa, & que delka espe {0s vezios a serem preenchidos na cena e na relagao tom 0 outro, com o piiblica, no momenta presente do teat, Imediatamente aceltamos o pacto de que é fala ‘que nos é enderegada pelo ator, que nos diz que "todas as historias [é forem contadas’, € a verdade 0 mundo paralelo de um sondmbulo, 0 filha Joaquim. Convive reste e em outros mecanismos do texto 0 jogo de real dades miltiplas que fortalece 0 caréter fiecional, & pandindo nossa realidade de espectadares ativos numa platela de teatro, ‘Outro aspecto ativador do nosso imaginério como letores ou esnectadores é a convivéncia de personagens presen tiicados no corpo dos atores e de outros presentificados re discurso. Jinior,o fh distante que telefona com seu- ddades para casa e que se matard no final ~ jé sabemos isso desde inicio ra fala dos outros, nas gies da MBe © dos inmBos quando felam com ele e no terrive! toque do telefone ao final da pega, prentnlo oa {ragédia anunciade e que, por isso mesmo, tom 2 por ia de nos afetar, nao pela surpresa, mas pela beleza ¢ fovea da linguagem, pactuada a taco momento conosco Os viginhos eruditos e prosaleas, Samuel, que ndo con ‘segue sair de casa, Grazila, que se retugia nos fones de owvido, o cistante e solitériaJUnior, 0 sonémbulo Joaquim, a Mae — expresso de todas as mées ‘mundo — Pai que no vemos mas de quem sentimos a presenca constante, Pequeno, que sofre de asma ¢ esvonde o pivd surealista, tégico e meladramético da historia isso mesmo, essas trés caracteristicas impro vaveis sao aqui comungades em poténci teatral Unica singular), E8ses personagens, humanas em suas fregi lidades, relatvizam sentimentas e pontes de nos fazem recordar nossa imensa possibilidade de ‘amor, com tudo 0 que vem junta: “Tem coisas que fo ram feltas para se viver com elas, vista € Sel que comego a me demorar, caro leitor, ogo ev que gostaria de ter conseguido dlzer em poucas palamas algo sabre uma obra de arte. Sel também que esta é uma tarefa diel. Arte na se diz, fala por si Amores surdos é um texto que fala ele mesmo, por si. As pala vras se falam, sua estrutura se significa, Eo mai ansao de sentido e de sensiblidade, Uma historinna qualquer, como todas que {8 foram contadas, de uma familia como todas as familias. Tutameia, coisa pouca. Digo pouca querendo dizer muita. Digo pequeno querer: do Uzer grande, Amores suraas que nos escutamas, pa “Pérolas aos pouc Gustavo Bones ‘tare integrante do grupo espa ‘Amores surdos nasceu cortendo,partoprematuro, Gre vider de riseo, © corpo matemo quase no aguentou aneas trgeis, coo despreparado. A bolsaestoutou ¢ 6 fruto sinda nao estava pronto. Fol entaa obrigada 2 \ir30 mundo, Nasceu nume épeca em que os pais n 6C8 em QUE oS pas, ain {4a mult jvens e sem ceriezas na vida, cheios de pro. Dlemas no trabalho, ne relacionamento, com autras Prioridades, outras projetos, outtos desejos com 0 ‘mundo, os pais nao tinkam muito tempo para Olhavam pare o recém-nascido e pensavam: 5 tle vai sobreviver? Seré que conseguiremos manté-o? Seré que um ole meu fio vai me d le me dar orguto? Me dar alegrias? Sera que meu fiho? Seré? Seré que ev devia mesma investr numa fennia? Sera 4 que metho? Set que dovemoscartiua Jumtos? anos S8 debate ns dose cds darren / — primeiro banho, as mamadeiras, o peito,o lite, gua dar os bringuedos, e ainda varrera casa, passar pano, tirar pé, aprenderam tudo ss0 sapateando. Jovens e inexperientes pals, tanta divida, ta Foram tantas incertezas desses pal to amor surdo entre eles que um belo dia o que era es. onido se apresentou. Entdo todas se wram cobertos de lama. A familia estétice caberta de lama, Nessa épo: ¢a, eu andava sondmbulo: um pé no sanho e outro na ealidade, Era eu quem dia, no auge do problema: EU TENHO UMA ARMA! E queria matar logo esse bicho, e- solver logo @ historia, liguidar de uma vez por todas 0 orablema, SE NAO MATARMOS, ELE VAI ENGOLIR MAIS UM DE NOS! Joaquim afabado, ansioso. Como eu, pret re nfo ver mais. volsa que o angustia, Preiere trar aqui: io das vistas, chega de tanto aporrinhamento, tanta ver dade, ante lame em mim. EU MATO! Nesse instante, no instante tensa em que o problema escondice se esca cara, 0 espancal berrou bem alto no meu ouvido. Forte 08 prantos, sapato em punho, a plenos pulmdes: TEM COISAS QUE FORAM FEITAS PRA SE VIVER COM ELAS! ESSA E A NOSSA REALIDADEL NAO SE ARRANCA & CO. LUNA POR CAUSA DA DOR NAS COSTAS! Charando, a istados com o grto do espa da a ti, nds ouvimos juntos. ume més Mais calms, decidimos conviver com nhecer a loma, assumir de uma vez por todas a respon: sebiidade pelos fihoa. Virarsoa pais de familia, E por conta dos adeuses da vide, eu passei a andar des algo, € dificllafiouxar 0s pés quancio eles estilo acos: tumados com 0 aperto dos sapatos. € agora preciso me espir 2 cada noite, Despir do personagem. Porg Pequeno sou eu, o que fu: um ana curiasa © um si cio observador. Quando crianga, brincava com serieda- de, queria cresoer logo para ter autonomia, decir po conta prépria se posso criar un bicho ou nao. Quando me chama Pequeno, procuro olhar a cena, observa aguelas pessoas e o que elas dizem naquele mamente, E dlzer ac palavras como se eu, meu corpo atue, esti vesse falando. Es6. Procuro também, por respeito e ad rmiragao, evocar as pals que Pequeno jd teve. E, assim, ido 8 coreogratia @ cada noite. Aprendo a me ca br, @crescer, Aprendo que tem gente me olhanda, Can: ta de 1 até 6 e aprenda a respirar. Aorendo a construit teens, castelos, eu mesmo com meus pulméezinhas, Fago um piano enorme, de cauda, ea musica toca soz nina. Estou aprendendo natagBo porque faz bem a rénquios. € a cada noite, ougo a musica pola primeira vere descubro, surpreso, o que ela me diz. Ouga & mi sie, familia, Quga, Joaquim, Ougam todos. Vamos ouvir spirando, dessa vez cam calma: 0 TEMPO SE APURA, }OENCA TRAZ A DOR E A CURA, a A resposta 6 0 tempo Marcelo Castro « integrante do grupo aspance! ‘Comedy is tragedy plus time, 01 Bumeti) ‘At me deparar com esta frase de Carol Burnett, nunca hhavia entendid a reagao das pessoas ciante de Amores surdos. Como esta pepa, que me comove mais que “Pour Else” de Beethoven, pode fazer as plates garg. Iharem? Se comédia & tragédia e ritmo, Amores surdos 6 uma misies. Amores surdos é uma tegécio feta de som e silencio, & & 3 a Grace Passé Grace Passé 6 ditetora, dramaturga e aviz. Estudou no Centro de Formagdo Artista da Fundagao Clovis Sel- gato, em Belo Horizonte, Foi cronista do jomel 0 fer po (MG) e atuou em companhias teatrais de Belo Hor zonte, como @ Armatrux e 2 Cla. Clara. Em 2004, juntou ao grupo espancal e eseceveu as papas teat Morcha para Zenturo, Amores surdos, Congresso Inter nacional do Medo e Por Elise, tendo sido a diretora cos dols titimos textos. Escreveu e dirigiu A érvore do es ‘quecimento, projeto do Festival de Arte Negra de Belo Horizonte. Em 2009, integrou o elenco de France du Brésl, espetéculo dirigléo por Eva Dournbia, em Marse tha, Franga. Dirigiu einda Os bere-intencionados, do ‘grupo Lume (SP) e Os encestrais, texto de sua autora, com @ Grupo Teatro Invertido (MG). Dentre os prémios que recebeu, esto: Prémio Shell SP roféu APCA (melhor autor, 2005); Prémio SESC/SA TED (melhor espetéculo ¢ melhor texto, em 2005 € 2006); Prémio Usiminas Sinparc (melhor texto e melhor atriz, 2006). Também fol indicada a0 Prémio Shell SP melhor autor, 2009), Prémio Qualidade Brasil (melhor texto e melhor atria, 2008), Prémio SESC/SATED ¢ Pre mio Usiminas Sinpare (melhor atr, 2004), entre ou: tras indicagbes. espancal Sediado em Belo Horizonte (MG), espancal fo fundado fem 2004 ¢ desde entio concebe projetas que mover dinamicamente sua nguagem e expandem a relacao do coletivo como teatro, Cam os espetculos Por Ese, Amo- res surdos (digido por Rta Clemente), Congresso inter ‘nacional do Medo, Marcha para Zenturo (conoebido em paroera com 0 Grupo AK de Tear) Liquide tt (ais {0 @ escito por Daniel Veronese), 0 grupo oriou um reper {rio em patoeria com diversas artistas convidados. Den: tre 05 préinios e incicagbes jé recebidos estdo 0 Premio Shell SP, Prémio SESC/SATED MG, Prémio Usiminas Sinpare MG, Prémio Qualdade Brasil ¢ Toféu APCA. Em 2010, o grupo inaugurouo Teatro Espencal ~sua sede no enzo de Bela Harizonte — espago que além de abrigar as atividades da compantia, se abriu para prjetas artsticos te diversas linguagens. Copyright © Ednora de Livos Cobogs Copia © Grace Passo Editoras: ISABEL DIEGUES BARBARA DUVIVIER Coordenegdo de Produgde: MELINA Big, Produ Estria: VANESSA GOUVEI, Revs hat: EDUARDO CARNEIRO Projeto Grin, Diagramacéo ¢ Capa: 45 )UBAS Fotos: GuTO MUNZ Foto p. 67 {aban}. JO%0 MARCOS ROS Nesta eo espa 0A Orfeo nea Prtuuesa de 1990, ue emaoy env ne seat en ooo, (bogs Todos os dirsios reseracos 8 Editora de Livros Cobogé Ltda, us Jarcim Botanic, 635/406 Rio de Janeiro ~ Rd - 22470050 \wan.cotogo com. CIP-BRASIL CATALOGAGHO.NA.FONTE SINDIGATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ 31g Psst, Grace, 1980 Amores surdos / Grace Passt. lo de Janek = Cabogs 2012 (Espaneal :2) Ison 978-85-60085.97.3 1. Teatro brie Tula. I. Série, 277, cop: 869.92 cou: 821.134381)2 1 impresséo Este lio fl composta em Frank Goth Impresso pela Pol Etre Gréfiea sobre ‘ape len bold para a Edtora Cobogs. ‘de todo mode tangenciam nada menos que 2 rofendo sobre a propria exstncia. As fexperimentagdes. que j8 pontuavam este ‘texto encontam mais deccidamente 0 plano cénico em Marcha pare Zenuro (2010), monteda em pareaia com 0 Grupa xO de teatro. Guat amigos estan prestes comemorar o ano novo em um tempo Inert, que € presente, passado € quem sabe futuro, em um mesmo impossvel ‘movimento, A pega & das mas desconcer- tantes, pela ambigéo do piano aristico € ‘ela actvel eapacidade de fazer eoincisr ‘quests existencils niga Nistérica, 0 ‘que rondo um espetacvio de notavel gna, Do ponta de vata da forma hé pla menos ‘das recorréniss que mabizam of temas apresentados nestas dramatugias. A ‘primera é car infuneio beens, no no aspacto de uma concepgao poitiea ou engalads, mas no gosto pelo jog aberto da cena, pela exptagao dos mecanismos ‘com que a linguayem se artic, A segunda talea mais saferte ¢ 0 apelo 2 tie Imaginagdo podtica, que para 0 espancal no @ apenas ume mares partciar de expresséo, € também une estetéga posstel para langarperguntas eo mundo auavés de uma sempre delberada ‘wansiracio co eal. Os modos como este wonstiguagao ce dé eas quesibes cue ela levanta 80 o canto vvo das quato peses ests cole, que venta est nova mas 4 incispensével nSgine do teato brasiero contampordneo. wa

You might also like