You are on page 1of 22

ANÁLISE DA RESISTÊNCIA NÃO DRENADA

EM RESERVATÓRIOS DE REJEITOS DE
MINERAÇÃO DE BAUXITA ATRAVÉS DE
ENSAIOS CPTU e PALHETA

Autor: Robert Nagai Gonçalves da Cruz


Orientador: Prof. Dr. Lúcio Flávio de Souza Villar
Belo Horizonte – MG
Julho/2023
INTRODUÇÃO
Disposição do rejeito de bauxita via úmida;
Considerando que o tais materiais se encontram saturados, e podem ser submetidos a
carregamentos rápidos sob condições estáticas, ou até mesmo dinâmicas, uma das
propriedades geotécnicas avaliada é a resistência ao cisalhamento não drenada (Su);
Resistência ao cisalhamento não drenada (Undrained Shear Resistance – Su) pode ser definida
como a maior pressão aplicada rapidamente, que um solo com baixa permeabilidade pode
suportar, sem deformar excessivamente ou romper (PINTO, 2006);
Atualmente, há diversos métodos e ensaios (laboratório ou campo) para a obtenção da
resistência não drenada. Os ensaios de campo (palheta e CPTu) são os ensaios de principal foco
deste trabalho;
Analisar a variação de valores da resistência não drenada (Su) obtidos por meio da
interpretação de ensaios CPTu e de palheta executados em 2 reservatórios de rejeitos de
mineração de bauxita em solo brasileiro.
ENSAIO DE PALHETA
(Vane Shear Test) Criado pelo sueco John Olsson em 1919;
Tradicionalmente empregado na determinação da resistência ao
cisalhamento não drenada (Su) de depósitos de argilas moles
(SCHNAID e ODEBRECHT, 2012);
O ensaio consiste na inserção de uma palheta cruciforme, em uma
profundidade pré-definida, na qual é aplicado uma rotação
constante de 6º por minuto, sendo medido o torque (T) necessário
para cisalhar o solo por rotação em condições não drenadas em
função da rotação durante o ensaio;
Curva torque vs rotação;
Fonte: Schnaid e Odebrecht (2012).
Su = 0,86 . T / 𝜋 . 𝐷³
Onde:
Su - Resistência ao cisalhamento não drenada (kPa);
T - Torque máximo medido (KNm);
D - Diâmetro da palheta (m).

Fonte: Baroni (2010) apud Schnaid e Odebrecht (2012).


ENSAIO CPTU
Originou-se na Holanda em 1930 e no Brasil o piezocone é usado
desde 1950 (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012);
O ensaio de piezocone consiste na cravação contínua, a uma
velocidade constante na ordem de 20 mm/s ± 5 mm/s, de um
elemento cilíndrico com ponta cônica (60° de ápice);
Grandezas mensuradas: Resistência de ponta (qc); Atrito lateral
(fs); Excesso de poropressão no interior do maciço na base do
cone (u2);
A partir destas grandezas, é possível estimar outros parâmetros:
qt - Resistência de ponta medida no cone corrigida; Bq - Fonte: CAMPANELLA & ROBERTSON
(1988) apud ALBUQUERQUE FILHO
parâmetro de poropressão; Qt – Resistência de ponta (2004).

normalizada; entre outras.


Su = (qt−σv0) / (Nkt)
Su – Resistência ao cisalhamento não drenada (kPa);
qt - Resistência de ponta corrigida medida no cone (kPa);
σv0 - Tensão vertical total (kPa);
Nkt - Fator de capacidade de carga baseado na resistência de
ponta de cone.
FATOR Nkt
O fator de capacidade de carga baseado na resistência de ponta medida no cone (Nkt) pode
ser estimado através da comparação do valor de Su obtido em ensaios de palheta ou ensaios
de laboratório (SCHNAID e ODEBRECHT, 2012).
Nkt = (qt - σv0) / Su (obtido por ensaios de palheta ou laboratório)
Robertson (2012) apresenta um equacionamento para obtenção da variável Nkt a partir do
ensaio de piezocone. Esta proposição inclui a consideração a razão de atrito (Fr).

Nkt = 10,5 + 7 log(Fr)


Onde:
Fr – Razão de atrito.
Mayne e Peuchen (2018), com base no estudo de 62 argilas, propuseram a seguinte equação
para estimativa do fator Nkt:
Nkt = 10,5 − 4,6 ln (Bq + 0,1), sendo Bq > −0,1
Onde
Bq - Parâmetro de poropressão.
MATERIAIS E MÉTODOS
Interpretação de ensaios CPTu e palheta realizados em dois reservatórios ("Reservatório 1" e
"Reservatório 2") de rejeito de bauxita em solo brasileiro;
Classificação dos materiais conforme índice IC (Índice de Classificação de Comportamento),
Robertson (1998);
Com base na interpretação dos ensaios de palheta, definir valores da resistência ao
cisalhamento não drenada (Su);
Para a obtenção de Su com o ensaio CPTu, o fator de capacidade de carga (Nkt) será estimado
aplicando três metodologias:
Nkt1 - De acordo com a proposta feita por Robertson (2012);
Nkt2 - Calibrado utilizando os resultados de ensaios de palheta (Schanid e Odebrecht, 2012);
Nkt3 - Mayne e Peuchen (2018);
Comparar de forma direta e avaliar a diferença entre os valores de Su obtidos através dos dois
ensaios.
CARACTERIZAÇÃ DO REJEITO
Foram realizados ensaios de laboratório em
amostras indeformadas (tipo Shelby)
coletadas no rejeito em profundidades
variando entre 4,0 m e 11,0 m;
E termos médios, as amostras coletadas são
predominantemente argilo siltosas, com
massa específica dos grãos da ordem de
2,92 g/cm3, massa específica natural de 1,63
g/cm3, elevado teor de umidade
Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
gravimétrico (valor médio de 71%) e
índice de plasticidade (IP) de 20%.
Rejeito fino, argiloso e plástico.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE PALHETA
Resultado dos ensaios de palheta no reservatório 1 Resultado dos ensaios de palheta no reservatório 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Curva torque vs rotação

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Su = 0,86 . T / 𝜋 . 𝐷³
Onde:
Su - Resistência não drenada (KPa);
T - Torque máximo medido (KNm);
D - Diâmetro da palheta (m).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS DE PALHETA
Resultados dos ensaios de palheta executados no Resultados dos ensaios de palheta executados no
reservatório 1 reservatório 2

É possível observar uma tendência de aumento da resistência ao cisalhamento não drenada com a
profundidade.
ESTIMATIVA DO FATOR Nkt - RESERVATÓRIO 1
Fator de cone estimado conforme proposição de Robertson Fator de cone estimado conforme proposição de Mayne e
(2012) - Nkt1 Peuchen (2018) - Nkt3

Fonte: Elaborado pelo autor (2023). Fonte: Elaborado pelo autor (2023).
Fator de cone estimado calibrado com ensaio de
palheta - Nkt2

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


ESTIMATIVA DO FATOR Nkt - RESERVATÓRIO 2
Fator de cone estimado conforme proposição de Robertson Fator de cone estimado conforme proposição de Mayne e
(2012) - Nkt1 Peuchen (2018) - Nkt3

Fonte: Elaborado pelo autor (2023). Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fator de cone estimado calibrado com ensaio de palheta - Nkt2

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU e PALHETA
Reservatório 1
Resultado dos ensaios palheta VT-A em comparativo
com o CPTU-A

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Variação (%) = [(Su CPTU / Su palheta) – 1 ] *100

Su = (qt−σv0) / (Nkt)
Su – Resistência ao cisalhamento não drenada;
qt - Resistência de ponta medida no cone corrigida (kPa);
σv0 - Tensão vertical total (kPa).

Ic = [(3,47 – log Qt ) 2 + (1,22 + log Fr) 2 ] ^ (0,5)


Ic - Índice de Classificação de Comportamento;
Qt - Resistência de ponta normalizada;
Fr – Razão de atrito.

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU e PALHETA
Resultado dos ensaios palheta VT-B em comparativo com o
CPTU-B

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU e PALHETA
Resultado dos ensaios palheta VT-C em comparativo com o
CPTU-C

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU e PALHETA
Resultado dos ensaios palheta VT-D em comparativo com o
CPTU-D

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU e PALHETA
Reservatório 2
Resultado dos ensaios palheta VT-E em comparativo com o
CPTU-E

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU e PALHETA
Resultado dos ensaios palheta VT-F em comparativo com o
CPTU-F

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


INTERPRETAÇÃO DOS ENSAIOS CPTU

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).


ANÁLISE DOS RESULTADOS
Variação dos fatores de capacidade de carga para Variação dos fatores de capacidade de carga para
o reservatório 1 o reservatório 2

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Fonte: Elaborado pelo autor (2023).

Nkt1 - Fator de cone estimado conforme proposição de Robetson (2012);


Nkt2 - Fator de cone estimado calibrado com ensaio de palheta;
Nkt3 - Fator de cone estimado conforme proposição de Mayne e Peuchen (2018).
CONCLUSÃO
Para o Reservatório 1, o fator Nkt1 conforme proposto por Robertson (2012) apresentou um
ajuste melhor, apresentando uma variação média global de aproximadamente 0% em relação
ao ensaio de palheta;
Já para o Reservatório 2, o fator Nkt2 (calibrado com o ensaio de palheta, conforme proposto
por Schnaid e Odebrecht (2012), apresentou um melhor ajuste, com uma variação média global
de -3% em comparação com o ensaio de palheta;
Logo, é válido destacar que não há um método único que se ajuste melhor nas interpretações;
O equacionamentos propostos por Robertson e Mayne e Peuchen apresentaram, em termos
médios globais, relativamente um bom ajuste para o perfil de Su obtidos com o ensaio CPTu;
É importante levar em consideração a variação do perfil estratigráfico do depósito e do
material em questão, bem como a condição de drenagem da realização dos ensaios;
Além disso, é recomendado complementar os resultados dos ensaios de campo com outros
ensaios de laboratório, e considerar a expertise de profissionais especializados na área.
Obrigado
pela atenção!

You might also like