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Coordenasio Marian: SUMARIO As priticas corporais no campo da saide Alex Branco Fray Yara Mavia de Carvalho Foan Marcelo Gomes sada vida a partir da relagio entre coxpoe vida ica da vida ea saide Rui Machado Gomes Capitulo “Mapas corporais narra jetdrias de satide, res Denise Gastaldo Lilian Magalbies Christine Carrasco um método para documentar tra adoccimento e softimento Capitulo 4 Pistas do método da cartografia na pesquisa em satide: 0 problema do método e a aposta no comum ‘Eduardo Passos uw 23 52 83 101 Denise Gastaldo Lilian Magalbaes Christine Carrasco MAPAS CORPORAIS NARRADOS: UMMETODO PARA DOCUMENTAR ‘TRAJETORIAS DE SAUDE, RESILIENCIA, "‘ADOECIMENTO E SOFRIMENTO! desejo€0 desafio de estudar os determinantes sociais da fede trabalhadores e trabalhadoras latino-america~ ros que vivem no Canad sem documentasio evidenci que as ferramentas tradicionais da pesquisa qualitat ar atrevista ou o grupo focal, nfo seriam capazes de gerar si fnultaneamente dados sobre vivencins transnacionais, mi festagies psicossomiticas, condigoes de trabalho © questdes Tiade da informagio gerada, ¢ nao a quantidade de dados, aque permite formulae novo saber com poténcia para explicar 0 fendmeno que est sendo analisado, Partindo da perspectiva de que as pesquisas criticas ¢ pos- jorgteling as met cons mented workers through Body mapping: Toronto, avon mnigatonnelth.ca/undocumented-workes-ontaribody- ‘mapping>. 83 deci os explorar metodologias criativase visuais, utilizando le Gaunlett & Holzwarth (2006, p. 8, original em inglés) de que “[.. .] precisamos de investigades capazes de ter uma nogio completa de como as pessoas pensam sobre stias proprias vidas ¢ identidades, o que as influencia e quais as ferramentas que elas usam para pensar, porque essas coisas s0 de construgdo da mudanga social”. dar-nos conta da centralidade do corpo dos partici- ppantes e das suas jornadas migratérias para esse estudo, esco- Themos adaptar uma técnica anteriormente utilizada para vi~ rios fins — como na satide ocupacional ¢ na terapia artistica —, chamada de mapa corporal, e transformé-la integealmente ‘numa técnica de pesquisa, que nomeamos como mapa corporal narvado (body map storytelling). ‘As origens dos mapas corporais A expresso mapeamento corporal vem sendo usada no contexto de satide ocupacional e seguranca do trabalho hi apro- ximadamente cinquenta anos como um modo de pesquisa par- tspatva ede senibilzacto para identifica iscos ocup nis e doengas que se manifestam no local de trabalho ( & Brophy, 2004; Keith, Brophy, Kirby & Rosskam, Mais recentemente, 2 técnica reccbeu ou : ‘cages para a p: a, terapia artstica, ativismo polit ¢o,foralecimento de equipes eo trabalho biografco Solomon, ee ip. 1 biogrifico (Solomon, Na pritica clinica, a técnica tem sido usad: . sido usada para o mapea- mento da dor, de problemas musculoesquelétcos, monitora- mento de doensas crdnicas, entre outros. Na terapia, € uma ferramenta para ajudar os clientes a explorar aspectos particu lares de suas vidas (por exemplo, quais sio seus sistemas de apoio, a autoimagem, etc.), O mapeamento corporal terapéutico se originou na Africa do Sul como uma abordagem fundamentada pela expressio 1002) 84 auristica uilizada com mulheres que vivem com HIV/aids (De- vine, 2008; MacGregor, 2009; Weinand, 2006). Jane Solomon (2002) adaptou essa técnica ¢ desenvolveu um guia de facili- tagio para a terapia artistica, e nés adaptamos seu trabalho para a pesquisa. “Ao contririo da aplicagio de Solomon (2002), que visa a fornecer apoio psicossocial através de terapia de grupo, eria~ ‘mos uma téenica individual de mapeamento corporal para ex- plorare representar visualmente a intersecedo da satde, gene +0, migragio e fatores contextuais que influenciam a satide 0 bem-estar dos trabalhadores indocumentados. Acreditamos que a nossa abordagem baseada em potencialidades é congruente com essa metodologia visual que “permite as pessoas se comu- nicarem de forma significativa sobre suas identidades e expe~ riéncias [.. J através da confecgio criativa de coisas feitas por clas mesmas, em seguida, refletir sobre 0 que elas fizeram” (Gaunlett & Holawarth, 2006, p. 82, tradugio livre). Premissas ontoepistemolégicas ‘Ao situar-nos dentro do paradigma critico-social, em par ticular utilizando um marco teérico pés-colonial e de relagdes de genero, adotamos uma série de pressupostos ontoepiste- mologicos que fazem com que nossas concepgdes de ciéncia, de producao de conhecimento, de quem somos e de quem sto as € os participantes sejam distintas dos outros estudos quali- tativos. Nossa abordagem vé o discurso cientifico— em qual quer formato, seja a matemética, a estatistica, os estudos de caso, ou mesmo os estudos visuais — como formas literarias (ainda que distintas) de narrativas. Enquanto reiteramos a ideia de que a ciéncia seja uma abordagem para adquirir entendimento profundo sobre um fendmeno € que as pesquisas sequerem um problema clara mente definido ¢ precisio na descri¢io de seus métodos para serem criticadas e examinadas por seus possiveis usuarios, tam= Bs bém entendemos que a subjetividade d qui eo bietividade das(os) pesquisadoras(es) ferramenta essen nto para potencialmente mudar 0 mundo, fizen- do da ciéncia um exercicio politico. No caso especifico do nosso estudo, tinhamos interesse uma pesquisa para criar novas maneiras de pensar € bre o fendmeno comumente descrito como “traba- al”, para desafiar a verdade (senso comum) esta~ belecicla de que, ao eruzar uma fronteira ¢ trabalhar para sus- tentar-se, uma pessoa comete um ato ilegal, um crime ¢, Portanto, “€ justo” negar assisténcia de saiide a essa pessoa € ignorar a exploragio que ela sofre no ambiente de trabalho, como se a satide no fosse um dire rersal humano. Ao investigar este assunto demonizado no Canadi, raramente es- tudado e gue sinus os caraenses como stores invisies no pro cesso, pretendemos promover discursos emergentes que ofere- cemmdosalcmatvos de enecberefarsoie exe endeno aie ian social *eonomicamente num mundo deinten- Em principio, esta nto é uma pesquisa “aplicada’, “stl”, ‘em consonancia com a atual epidemta de wtilitarioma na area da satide no mundo anglo-saxao, em que tudo deve servir para rapid aplicagio. Pensamos mudanga social como uma catego- tia ampla, na qual possivelmente um estudo que mapeie ini- quidades tra da “ilegalidade” seja visto como lento e abstrato. Na verdade acreditamos, assim como Chamberlin (2004 t6rias ajuda a pensar diferentemente ¢ enc ‘muns para discutir 0 futuro. Do ponto de vista metodolégico, 0 trabalho de Cham- berlin (2004), que analisa 0 ato foesnee hist6rias — we ue pedimos aos participantes, ao criarem os mapas corporais narrados —, nos permitiu entender algumas premissas dessa 86 pritica, © autor (2004, p. 21, original em inglés) diz que: “Assim como aprendemos a les, precisamos aprender @ ouvir [outras tradigdes orais, ¢ essa aprendizagem nio ocorre natu ralmente”. Ao incorporar um elemento visual 20 projeto, bus~ ‘camos melhorar nossa capacidade de entendimento, criar uma cescuta por mais de um sentido, a0 mesmo tempo em que faci~ Titamos aos participantes gerar narrativas sobre experiéneias complexas descritas nas suas Kinguas nativas. Context do estudo ‘Um dos efeitos da intensificagio da globalizagao nas til- timas duas décadas foi a migragio de mo de obra barata, fle~ scivel e mével para paises de alta renda, um proceso denomi~ ido “novo sul” por alguns autores (Deeb-Sossa & Bickham, Esse fenémeno nfo foi acompanhado por mudangas is de regulagéo migratéria nos paises de acolhida, levando grandes grupos de trabalhadores 4 falta de staus legal, sem ter maneiras de regularizar sua situagio. O conhecimento das ex- periéncias desses trabalhadores explicita que a atengio a satide rio é um direito humano no Canad, mas sim um direito cexclusivo do cidadio documentado (Gustaldo 8& Magalhies, 2010; Magalhes, Carrasco & Gastaldo, 2010; Gastaldo, Car- asco & Magalhies, 2012). Metodologia do estudo © estudo intitulado “As consequéncias de sutide da imi- gragio econdmica para mulheres © homens: 0 caso dos(as) trabalhadores(as) latino-americanos(as) indocumentados(as) ‘em Ontirio (Canadé)” foi realizado entre 2009 © 2012 na ‘irea da Grande Toronto, Canadé (Gastaldo, Carrasco &: Maga~ haes, 2012). Os vinte e dois participantes que aceitaram o de~ safio de contar suas historias sio mulheres homens trabalhado- tres latino-americanos que viviam e trabalhavam em situagio 87 imegular por uma durago entre dezoito meses e dez anos. Bles tinham diversas ocupagGes, desde as tradicionais e majoritarias, como limpeza ¢ construgao civil, miltiplas fungées na indtis- tria de alimentos, até postos de gerente e contador. A geragio dos dados ocorreu em trés reuni6es por participante (média de horas cada), incluindo entrevistas semicstruturadas ¢ mapas corporais. No total foram feitas sessenta e duas entrevis- tas, completados vinte mapas corporais narrados. (Para uma des- crigio do projeto, ver ,) O método de mapas corporais narrados: através de estratégias artisticas narrar visual ¢ oralmente trajetérias de vida e trabalho ‘Os mapas corporais podem ser definidos como imagens do corpo humano em tamanho real criadas através de desenho, pintura ou outras técnicas bascadas nas artes grificas para re- presentar visualmente aspectos da vida das pessoas, de seus compos e do mundo em que vivem. © mapeamento corporal € uma forma de contar histérias, como os totens, que contém simbolos com significados distintos que s6 podem ser enten- didos em relagao & experiencia e & historia dos seus criadores. ‘As narrativas de mapas corporais s20 essencialmente um método de pesquisa para geragao de dados usados para contar uma histdria. Visualmente, as pecas refletem processos sociais, politicos e econdmicos, bem como as circunstincias de vida e as transformagies vividas pelos participantes. As narrativas atra- ‘vés dos mapas corporais tém o potencial para conectar tem- pos e espacos na vida das pessoas, enquanto em narrativas tradi~ cionais e lineares esses aspectos sto vistos como separados desconectados. O resultado final do processo & uma historia mapeada composta por trés elementos: um mapa do corpo em tamanho real, o testemunho (breve historia narrada na pri- ‘meia pessoa) ea legenda, descrevendo cada elemento do ma- 88 pa (ver galeria de mapas coxporais narrados, em inglés, ao final do livro eletrénico de divulgacao dos resultados do estudo: ).. Elementos norteadores/suleadores do método Premissas sobre a participasio na pesquisa como uma ativi- dade intelectual e politica e sobre a conteibuigio dos participantes para os projetos de pesquisa norteiam o uso de mapas corporais narrados, Como outras metodologias criativas ¢ visuais, esse formato oferece aos participantes um meio de comunicar ideias, cexperiéncias, significados e sentimentos, reconhecendo que ha uma necessidade de reflexividade para a produgio de dados de qualidade. Gaunlete & Holzwarth (2006, pp. 83-4, original em inglés) afirmam que uma metodologia criativa “oferece um desafio positivo para a ideia, dada como natural, que vocé po- de explorar o mundo social apenas com perguntas, através da gem”. O exescicio de criagio de um artefato durante al- gumas sessBes € um convite a pensar prolongadamente: “as pessoas pensam sobre as coisas de forma diferente quando fa- zem alguma coisa, usando as miios — o que as leva a um en- gajamento mais profundo e reflexivo” (Gaunlett & Hotawarth, 2006, p. $9). ‘Outro pressuposto que apoia as narrativas de mapas cor- porais é que os participantes sio vistos cm uma luz positiva, como pessoas que tém uma contribuigao a oferecer para as ‘gncias sociais ¢ da sadde. Isso é congruente com princi- oda metodologa baeada em potencialdades. Como peo doras, oferecemos aos participantes um meio para I ce penatnns etn ads cena le exemplo, através de perguntas que pedem simbolos ¢ mensa~ gens para comp: 0), sabendo que eles tém uma forma particular de conhecimento, bem como uma intencionalidade politica na participagio no estudo. No caso 89 s, 0 estudo thes permitia mostrar seu yessoa e falar a sociedade canadense identificados rca da satide, 08 mapas corporais nar- iplos det 1oss0 caso, género, migracio e condigdes de |. Ao estudara relagio entre satide e condiyoes de tra- percebemos que os mapas corporais narrados aumen- idade da descrigio dos participantes, fazem que 0 ico, emocional e social apareca em suas narrativas, avisualizagio dos problemas enfrentados, bem como suas fontes de superagao e resilincia, Trazer 0 corpo ara o centro desse espago de representagies ajuda os partici antes a discutirem suas experiéneias e percepgdes vividas cor poralmente, © no de uma forma simp! te temporal ow ernacional, os mapas corporais tém sido como uuma poderosa ferramenta para avaliar o estado tide subjetivo e para a promogao da autoavaliasio na casio de problemas de satide e seguranca no trabalho & Brophy, 2004; Keith et al., 2001; O'Neill, 19 Descobrimos que questées coneretas sobre as condigées de ‘trabalho e seu impaeto sobre o compo ajudaram os participantes as consequéncias do trabalho precario e das cireuns- da vida para a sua satide. idade de acon s posigdes de sujeitos em suas vas. Por exemplo, a0 mesmo tempo uma participante ia Se representar como uma pessoa honrada ¢ trabalha- ue comete uma infragio geave ao trabalhar 1a dedicada que ajuda os pais financeitamente ¢ ie que abandonou os filhos para imigrar, dando énfase a cada um desses elementos segundo as circur fdas, dir que os participantes descrevessem su paises, ou em diversos espacos, us slogans pessoais, ou o que 108 informagdes Resultados obtidos A seguir, vemos os aspectos mapeados que oferecem in formagio e: icadlos As experiénei pela equipe do projeto de pesq de praticar a técnica). Do canto superior esquerdo, anti-horério: postura corporal, sig pessoal, mensagem aos outros, s/ogan pessoal, jornada i tétia (que pode ser wrojeto de futu scanning) do corpo, fontes de re sobre a pele'e dentro do corpo, a pessoal e marcas on message, 5 Migration, journey > +r exemplos abaixo). Tal variagio nio interferiu no de geragio de dados, mas alguns mapas eorporais so rite mais atrativos que outros pelo tamanho dos dese- lo uso de cores, pela postura corporal, ete. Apenas na rradugio do saber a comunidade, em que os préprios mapas corporais narrados foram apresentados em uma exposi- ‘0, essa questo pode ser percebida. 92 Exemplos de limitado engajamento artistico 93 ZB iN Sp Desafios para a utilizagio do método es de ondem pritica, como em que local realizar de mapeamento © onde deixar secar ¢ guandar os mapas entre sessdes, representam um desafio para a realizagio Oespaso requerido também pode ser um fator sas do mo= ue auxilia ao longo de todo 0 processo, ea énfaxe em sgerar dados ou em proxiuzie mapas corpor tenham qua Tidades artisticas para a difusao dos res No nosso caso, do consumo capita- indo quase que exclusivamente corpos habe: rANCOS, representando pessoas que pertencem a urna inalmente, a anélise visual dos mapas corpo tratégia particular que deve ter con~ 1 com os demais elementos do cstudo, acrescentando um grau de complexidade ao process, Consideragées éticas ‘om a versio final do mapa corporal e quais usos. Além disso, & preciso considerar 0 ipante made de ideia e decida ficar com seu mapa corporal. Recomendamos plancjar a criagio de ow «lugdo dos mapas corporais, como nes mos foros d antes também devem co (ou nto) com essas formas de uso, Os mapas co safio quanto a cont ‘dades, paises) para pro- teger fidade dos participantes. Um deles queria utilizar seu proprio rosto, através de uma foto ampliada, o que nds niio permitimos, dado o risco de deportacio. E importante consi- derar, em fungio da metodologia, em que estudos os partici- pantes desejam que sua identidade seja conhecida, como em ‘uma pesquisa~acdo participativa, e quando a confidencialidade dos dados deve ser mantida. Elementos para a analise Historias mapeadas devem ser analisadas em sua inte~ gralidade, o que inclui o processo de crid-las (com transcrigio completa das sessées e notas de campo), 0 mapa corporal ¢ as narrativas que o acompanham (testemunho ¢ legenda). O ob- jetivo da anilise nao é avaliar psicologicamente os participan- tes por meio de sua arte, mas obter insights sobre certos a5 tos da sua logica, aspiragoes, desejos, eircunstineias materiais ¢ manciras de lidar com questoes especificas. Algumas representagoes visuais de doencas fisicas psicossomaticas foram muito tteis para descrever de forma ta as consequéncias para a satide do trabalho indocu- mentado, No entanto, como pesquisadoras, somos confronta- das com 0 desafio de como passar de uma anilise descritiva a interpretacio critica das historias mapeadas, A ctiagio de todos os t1és elementos que compem as historias mapeadas é em si mesmo o primeiro nivel de andli- Se, um exercicio interpretativo realizado em parceria com os Facilitador © participante discutem represen- is de idcias ¢ a criagio de slogans e, conjuntamen- te, interpretam 0 que esta sendo narrado visualmente (por -mplo, uma imagem de revista de uma bolsa cara pode sig- car apenas uma mala para viajas) ou através de palavras- -chave e fases curtas adicionadas ao mapa corporal. Depois de 0 mapa corporal estar pronto, um nivel adic avangado de anilise ¢ necessério, Existem virias possibilidades para realizar esta segunda fase. Por exemplo, os mapas corporais podem ser anatisados um a um, como estudos de easo ou uma estratégia comparativa pode ser empregada, Por exemplo, no caso desse estudo, pessoas que ansiavam conhecer outros pai- ses ¢ outras formas de viver. ‘Outro elemento de anilise a ter em mente € como os proprios pesquisadores pensim sobre mapas corporais narra dos. Eles podem ser considerados como uma “carteira de iden tidade”, como descrigdes fixas de quem sio as pessoas como da como um coletiva de pessoas com ex- al de tal earae- jcamente € im- individuos, ow periencias semelhantes. Apesar do uso pote terizaio na produgio do conhecimento, anal portante compreender que os mapas corporais narrados capturam um momento na vida das pessoas e oferecem um retrato de um determinado momento ¢ local. Os participantes sao convidados a filar sobre alguns temas de suas vidas — como, no nosso caso, serem trabalhadores em situagio irre~ gular, No entanto essas pessoas esto em continuo movimento, criando e pensando suas subjetividades e as consequéncias para a satide de seu trabalho, mesmo quando interagem com os pesquisadores. Fssa sensagao de movimento ea realidade tran sitéria apreendida por esse proce: c pelas imagens “definitivas” que os mapas corporais parecem retratar. Propondo um novo método Ao apresentar 0§ resultados de nosso estudo em um livro cletronico, em apresentagdes académicas e ao expor os mapas 97 em junho de 2012, inidade de discutir essa metodologia com pro- soas quee querem se restabelecer como seres saudiveis e voltar a trabalhar depois de um acidente. Também percebemos que ‘05 mapas corporais narrados poderiam ser usados para cap- turar movimento corporal se solicitarmos aos participantes, que selecionem virias posicies que seriam tragadas sobrepos- tas para retratar 0 corpo em atividade, o que pode ser de sete para pesisadores nat dens da Edvcato is balhador como desejos e comp suas histérias num ambiente onde eles sio costumeiramente invisiveis ov ina revela o potencial das téenicas criativas € visuais para pensar a producio de saber em satide para além das fronteiras da comunidade cientifica, ao mesmo tempo que era dados de qualidade. Agradecimentos As autoras agradecem aos organizadores da obra pelo de apresentar em lingua portuguesa o trabalho realizado ‘momento exclusivamente em inglés. Agradecem também participantes do estudo por sua generosidade ¢ coragens; aos centros comunitirios que apoiaram as diversas fases do estudo: (Centro para Personas de (Centro de Apoioe 98 , Community Jussara Lourengo, 1, St. Christopher House, Gerardo Betancourt, Aids Educator, Centre for Spanish Speaking Pe Celeste Joseph, HIV/Aids Couns: Centre for Spanish search) pelo financiamento do estudo. Referéncias ational health-care. Nursing Inguiry, vol. 17, n.” 3, pp. 185, 2010. GASTALDO, Ds CARRASCO,C.&MAGALHAES,L. Enuangled sweh of exploitation ned solidarity: Latin America ‘mented ssorkersin the Greater Toronto Area. 2012. Dispons p://v. miigtationheslth.ca/andocumented-workers- P.Creativeund visual methods pp. 82: ; KIRBY, P. & ROSSKAM, E. Barefeor gon work security, Malt: KEITH,M.M.& BROPHY, T-Paticipstory mapping of occupational hazards and disease among asbestos-exposed workers fr! foundry and insulation complex in Canada. Invernational fournat of Oxspational and Brrvirenmental Health, vol. 10, n22, pp. 144 53, 2004 99 MAGALHAES, L; CARRASCO, C. & GASTALDO, D. Undocu- phpoption=com._contentScew=aricledcid=A68elremid37>. 100 Eduardo Passos PISTAS DO METODO DA CARTOGRAFIA NA PESQUISA EM SAUDE: O PROBLEMA DO METODO EA APOSTA NO COMUM A\ g0 se passa entre as disciplinas, entre as éreas do saber, sntce os dominios do conhecimento ¢ das tecnologias. ‘Algo se passa nesse lugar limiay, fronteirigo, que no € meu rem seu, que nao cabe em nenhuma propriedade, que nao de nenhum regime identitario. A satide coletiva é um dessas formas de prod: imento € tecnologia que se faz de manera tran: niio s6 porque pressupée a part nas, mas, sobretudo, porque na sade coletiva don s do que € a medicina, a enfermagem, a psi ‘a, por exemplo — se mantém distintos e conhe- edueagio atengao e da gestio dos processos de producio de satide, da clinica ¢ da politica, dominios indissociaveis nas discussdes que vemos no campo de debate da saiide coletiva. Hi algo de comum entre a clinica e a politica. Como fazer pesquisa quando jeto de interesse tem tal hibridismo? Que diregi0 a satide? : linar da pesquisa intengao apresentar aqui regras ou proto- que nos 101

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