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ISSN 1808-995X 2.a5 de novembro de 2009 | | Wi | Universidade de Brasilia 718081199500 Campus Darcy Ribeiro Prédio da FINATEC ANAIS do _ III CONGRESSO BRASILEIRO de FILOSOFIA da RELIGIAO 9? OUITISVUA OSSAYONOD Iti OP SIVNY Promocao: Delran, toe : riba mer Te’ ; ma UnB ee. 2 CAIXA Tila ISSN 1808-995%. lll Congresso Brasileiro de Filosofia da Religiao oa EE ar romero gs ats ANPOF Brasilia-DF, novembro de 2009 CComissio organizadora: Agnaldo Cuoco Portugal eSeott Renda Paine CComissio avaliadora dos trabalhos: Dr. Scott Randal Paine (Un), Dr. Marcelo Barrera (UFES) & De Paulo Afonso Aratjo (UFIP) Projet grafic, capa, lustragbes e editoracBo: Epocca Ectoria Pie-impressfo,impress8o e acabamento: Qualidade Gréfica ¢ Editora Braslia-DF noverbro de 2009 291.41 C7498 Congresso Brasileiro de Filosofia da Religido (3.: 2009 : Brasilia) ‘Anaie do ill Cangresso Basiero de Filosofia da Religito / realizado pelo Programa de Pos-Graduacao em Filosofia da Universidade de Brasilia © Associagdo Nacional de Pés-graduagao om Filosofia. Brasilia : Universidade de Bras, 2009, ISN 1808-995-% 1. Filosofia da Religiso EDITORIAL Quatro anos depois de sediar 0 primeiro congresso, a UnB recebe novamente pesquisadores de todo o pals e convidados estrangeiros para o Ill Congresso Brasileiro de Filosofia da Religido, entre 2 ¢5 de novembro de 2009, Trata-se do maior evento na drea de Filosofia da Religiéo do pais, promovido pelo Grupo de Trabalho (GT) em Filosofia da Religiao da ANPOF (Associagao Nacional de Pés-graduacao em Filosofia) e pelo Programa de Pés-graduagao em Filosofia da Universidade de Brasilia, © GT de Filosofia da Religigo da ANPOF foi um dos que mais receberam inscrig6es de resumos no ultimo encontro da entidade, realizado em Canela- RS, em outubro de 2008, o que mostra o considerdvel interesse pela érea que hd em nosso pals. De fato, esse parece ser um fenémeno mundial, pois importantes fildsofos contemporaneos, das mais diversas tendéncias, como Jurgen Habermas, Daniel Dennett e Jacques Derrida, por exemplo, interessaram-se ou tém se interessando pelo assunto, dada aimportancia que co tema voltou a ter neste inicio de século XXI. © Congresso reine pesquisadores voltados para a discussao estritamente filoséfica do fendmeno religioso e dos pressupostos conceituais das crencase atividades religiosas. Conforme se verd pela programacao, uma das caracteristicas principais desse evento 6 sua abordagem pluralista dentro da Filosofia, com abertura para os varios posicionamentos filosdficos eo didlogo ‘com os mais importantes perfodos da histéria do pensamento, de modo a possibilitar um melhor entendimento do fendmeno religioso em sua enorme complexidade. A presente publicagSo traz os resumos dos trabalhos selecionados para apresentacéo por uma comissao deespecialistas. Agradecemos & Universidade de Brasilia, & FAP-DF, & Caixa Econémica Federal € FINATEC pelo apoio material para a realizacao do evento e a todos os que trabalharam em sua divulgacdo e realizacao. Agnaldo Cuoco Portugal Presidente da Comisséo Organizadora Coordenador do GT de Filosofia da Religido da ANPOF Cone Baer dso ch Rasa 5 SUMARIO EDITORIAL 5 © Atelsmo de Michel Onfray: Apresentacio e Balango Critico da Obra Tratado de Ateologia-Aabraso Lincoln Costa-UnB 15 ‘A Racionalidade da Fé: onde o Religioso Encontra 0 Fildsofo -Agnalio ‘Cuoco Portuga- Uns 16 Nietzsche, Tolstéi, Dostoiévski e o Idiotismo de Jesus - Alan Davy Santos Sena-Unicomp 7 O Carder Classico do Método de Investigacéo do Problema Religioso em Maurice Blondel Alvaro endonga Pimentl-FAIE, Belo Horizonte 18 AFilosofia da Religiao em Blaise Pascal- Andrei Venturini Martins-PUC-SP 19 Consideracées Pitagéricas sobre Psyché © Metempsicose - Angelo Balbino Soares Petcira Un 20 ‘AGritica do Filésofo Tobias Barreto a Jean Marie Guyau: a Defesa do Sentimento Religioso -Anténio Vidal Nunes-UFES 2 A Controvérsia acerca do Neo-ateismo - Caros Alberto Aratjo de Sousa - PuCsP 22 Mistica e Religiosidade: para além do Sagradoe do Profano - ero Bezera-UFS 23 A Filosofia da Mitologia: Schelling e a Interpretacao Tautegérica do Mito-CistaneA,deAzevedo-URF 24 Judaismo como Método: a Filosofia Hebraica de Franz Rosenzweig - Maia Cristina Marante Guarnieri-PUCSP 25 AA Sentenca de Heidegger contréria & Morte de Deus - Daniels Toledo unr 26 © Argumento Modal enquanto Prova da Existéncia de Deus em Leibpniz- Danilo Vaz-Curado R. M, Costa -UFRGS 27 05 Didlogos sobre a Religiéo nos Parerga e Paralipomena de Arthur Schopenhaueer-DeyreRedyson-UFPB 28 AGracaea Liberdadena Noite Escura-Diego Kleutau-PUCSP 29 Transcendéncia_e Imanéncia: Possibilidades da Fenomenologia Transcendental no Horizonte do Fendmeno Religioso - Edebrande CCovaliori-UFES 30 I congress Bsa Rona da Rago SUMARIO O Método da Correlagao enquanto Método Hermenéutico - Eduardo (G10ss-UBIE Neurociéncia ¢ Religido. A Falécia das Pesquisas Neurolégicas da Experiéncia Religiosa Everaldo Cescon- Univ Catasdo Sul OAmor a Deus como Fundamento do Conhecimento nas Contiss6es de Agostinho - Fébio caputo Dalpra-URIF 0 Pensamento de William Desmond como Proposta para Erigit uma Nova Filosofia da Religido -FlavioRicardo de Araujo Ferreira-PUCMG Zaratustra e a Auto-superacéo do Elemento Moral-metafisico- religioso. Proposicao da Identificacdo do Elemento Pré-platonico na Critica de Nietzsche ao Niilismo Ocidental -Flvio augusto sonra Ribene PUCMinas Religi8o e Ciéncia na Filosofia do Renascimento - Frederica Peper Pires UF Palxo e Verdade - Apontamentos sobre o Problema das Migalhas Filosoficas de S. Kierkegaard - Gabriel Ferreirada Siva-PUC-SP Cfistianismo, Judafsmo e Helenismo: Circularidades Historiogréticas- Gabriele Comeli-UnB AFéFiloséfica de Karl Jaspers-GersonBrea_ Und Michel Foucault e o Lugar da Representagéo na Episteme Classica, ‘Séculos XVII e XVIII - Helder de Souza Siva Pinto -FAJE, Belo Horizonte Metafisica ¢ Religido. A Sabedoria integral na Visio Tomista de Yves Floucat-HubertJean Francois Cormier Und A Sacralidade da Arte na Estética de Luigi Pareyson - tabella Guedes reuri-URIF A Perspectiva de Nietzsche sobre o Conceito Deus a partir da Obra Crepuisculo dos Idolos \sraetda Cunha Mettozo-FAE, Belo Honzonte Cristianismo e Esfera Publica - Joio Roberto Barros-IIUNISINOS Uso Politico da Religiéo © Uso Religioso da Politica: uma Andlise a Partir de duas Interpretacdes Exemplares (Marsilio e Maquiavel)- ose LuizAmes-UNIOESTE PR congresses Foss da atgso aa. te 31 32 33 34 35 36 37 38 39 a a2 43 44 45 SUMARIO A Relacdo entre a Razio e a Religiéo na Cultura Ocidental na Perspectiva de Emmanuel Levinas - losé Geraldo Estevam- PUCMG Elementos Schellinguianos no Novo Pensamento de Franz Rosenzwei José Lia Bueno (Ponti Univ. Cat. deValparaso, chile) Filosofia da Religio: com Kant além de Kant -JoséPedro chi UES ‘As Relagbes entre Estado e Religido em Hegel - illo Paulo Tavares Zabatiero EST-SaoLeopeldo Ultimo Deus e Ereignis: Dimensao Religiosa e Outro Inicio para o Pensamento em Heidegger -LauraMeirlles Begheli-UBF (© Mito de Prometeu e Pandora nas Enéadas de Plotino- Loraine olvera~ Una Etica e Religido em Emmanuel Levinas -Luciane Martins Ribeiro -FAJE, Belo Horizonte ‘A Nogao de a priori Religioso no Pensamento de Ernst Troeltsch - Luis HenvigueDreher URIF ‘ARelevancia Estética na Reflexdo Hermenéutico-religiosa de Vattimo Marcelo Martin Bareeira UFES Pico della Mirandola, Michelangelo e 0 Humanismo Cristéo na Renascenca - Marcelo Consentino-PUC-SP ‘A Onto-telogia e a Inteligibilidade de Deus em Emmanuel Levinas - Marcia Eine Fernandes Tomé. PUC-MG ‘A Religido e sua Gramatica: Apontamentos sobre o Saber Religioso em Wittgenstein - Marciano Adio Spice UFSC © Conceito de Mundanidade em Kierkegaard: uma Anélise do Discurso Almutabilidade de Deus -MarcioGimenesdeFaula UFS © Discurso sobre Deus como Diacronia - Mércio Anténio de Paiva - PUC- Minas ‘A Verwindung do Cristianismo, segundo a Hermenéutica Filoséfico- religiosa de Gianni Vattimo -MarconyBrandso Uliana UFES © Conceito de inefavel na Filosofia do Judafsmo de Abraham Joshua Heschel -Mariada Gloria Hazan -PUC-SP cones Bere se el Raia 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 7 58 59 60 61 SUMARIO Percepgao Mistica e Percepcao Sensorial: 0 Problema da Confiabilidade na Obra de William Payne Alston - Mauricio Mota Saboya Pinheio-USP © Problema da Lei e do Messianismo na Religiosidade Negativa de Franz Kafka - MauroRocha Baptista UEMG Uma Andlise da Defesa da Imortalidade da Alma a partir de seu Confront com a Proposta Materialista - Monalise M. Lauro UFJE Légos e Homologein em Herdclito: uma Aproximacao da Dimenséo Religiosa no Pensamento de Martin Heidegger - Pavia Renata de Campos salves UFIF ‘A Questo de Deus em Heidegger-PaloAfonsode Aratjo UE Percepgao de Deus e Justificagaio da Crenga Religiosa: Uma andlise da epistemologia da religiéo de William Alston - Paulo Estevio Tavares ‘Cavalcanti- UnB ‘ABusca de Deus nos Soliléquios de Santo Agostino - Paulo César Nodari “Univ. Caieas do Sul \Verdadle e Mistério do Ser-RenataAngeloPernisa UEJF hassidismo na visio de Martin Buber - Renato Somberg Pfeffer - FUMEC- MG, IBEMEC MG A Filosofia Salva? © Conhecimento de Deus no Cristianismo Ortodoxo - Roberto de Almeida Gallego-PUC-SP ‘A Visualizagao do Invisivel: Beleza e Mistica em Santo Agostinho - Roberto Pereira Miguel -PUC-SP Profecia e Teologia no Horizonte Politico: uma Inspiracéo em Espinosa - Rochelle CysneFrota Abreu UNICAMP Pirro e india, Similaridades entre o Pirronismo e 0 Jainismo - Rodrigo Pinto deBrito-PUC-RI Evidancias Em) Unico, Eterno, Onipresente, Invisivel e Inimaginavel Deus. Adorno eo Segundo Mandamento - Rone! Alberti de Rosa-PUC-RS as da Vida apés a Morte Rogério Passo Severo UFRGS Locke e Leibniz, sobre Fé e Razdo -SauloHenriqueSouza Siva UFS 10. cannes rent de Fs gta 67 69 70 n n 2B 78 76 7 78 SUMARIO ‘ADouta Ignorancia: uma Base Metodolégica para Interpretacéo dos ‘Simbolos Matematicos na Filosofia de Nicolau de Cusa - Reina Lyra pucs? [A Fungao Politica do Elemento Religioso no Contrato Social de Rousseau Vitalfrancisco Alves UFG (© Pragmatismo em Franz Rosenzweig: uma Contribuigao para a Epistemologia das Ciéncias da Religido Viviane Cristina CSndide PUC-SP A ReducSo da Palavra Divina ao Livro Sagrado: Hobbes Leitor da Biblia -Wegnerde Melo Eias UFU Socratismo € Cristianismo em Nietzsche - Wander Andrade Paula UNICAME INDICE DOS TRABALHOS INDICE DOS AUTORES ANOTAGOES PROGRAMACAO 79 81 82 83 86 92 98 106 RESUMOS OATEISMO DE MICHEL ONFRAY: APRESENTACAO E BALANCO CRITICO DA OBRATRATADO DE ATEOLOGIA. ‘Abrado Lincoln F. Costa (UnB) abraaofilosofia@gmail.com ‘O pensador francés Michel Onfray desenvolve uma proposta de estudo que se encontra em constante diélogo com a tradicao filoséfica, permitindo a base para o estabelecimento de novas reflexdes da relagao humana com 0 mundo. Para 0 autor, a presenca constante de preceitos metafisicos, impostos ndo apenas pelas religiées, mas por tradicées filoséficas do passado, sto responséveis pelo distanciamento das idéias de compreensao e afirmagao do homem com o plano imanente. Em efeito, essa aggo traz como problema epistemolégico a impossibilidade humana de enxerger a realidade da sua propria existéncia Para Onfray, a construgio teolégica das religiées monotefstas se assemetha fem muito a teoria das idéias de Platéo. O cristianismo, por exemplo, ao fabular a criatura perfeita - 0 anjo - demonstra o arquétipo da vida ideal, sem as impurezas do sexo ou das necessidades fisiologicas que constrangem aos, ‘mais santos, como Jesus. A contrariedade do modelo divino é o conceito de anjo caido, que contrai esse titulo pela negacao da vontade de Deus, tomando-se vitima do édio monotefsta. Assim, o anjo rebelde & analogicamente comparado aos ateus pela negacéo do reino da servidao diving ealmejo deuma condicéoauténoma. Oatelsmo do autor estaria compreendido como possivel concluséo, diante da afirmacao imanente eda base de sua critica religiao. Nao & possivel rejeitar a presenca iluséria da crenca em Deus e do além-mundo sem entender como pressuposto dessa aceitacio o problema da consciéncia da morte, Por fim, o balanco critico deverd submeter os argumentos da obra a uma anélise, com a intencao de averiguar a existéncia ou nao de fundamentos justificéveis acerca das idéias apresentadas. I cones Baste dese da Rago a8 ARACIONALIDADE DA FE: ONDE 0 RELIGIOSO ENCONTRAO FILOSOFO Prof. Dr. Agnaldo Cuoco Portugal (UnB) agnaldocp@unb.br 'Na segunda edigéo de Faith and Reason (Oxford, 2005), o terceiro de sua trilogia sobre o tefsmo, Richard Swinburne apresenta uma nova proposta de compreensio da racionalidade da f8, que incorpora os principais elementos de sua tipologia da edicéo de 1981 @ a amplia levando em conta o debate travado na epistemologia analitica da religido apés a virada exteralista de Alvin Plantingae da epistemologia reformada, Swinburne discorda do tratamento tipicamente externalista da avaliacdo das crencas em geral. No ivro acima citado, ele tece varias crticas & abordagem de Plantinga, optando por uma abordagem internalista da justificacao do conhecimento, mas que incorpora um elemento diacrénico nessa analise. Uma crenga sera to mais justificada quanto mais levar em conta a investigagao dos fatos ea reflexao sobre os critérios pelos quais as conclusdes sdoextraidas. Afé, segundo Swinburne, deve ser avaliada em sua racionalidade néo apenas no sau elemento epistémico, como crenca de que algo é deste ou daquele modo. Além desse elemento, que & também fundamental, hé tambem o componente pratico, de adesio e compromisso a uma determinada proposta de salvacdo e de existéncia coerente com esta. A investigagao se apresenta como uma ponte entre os dois componentes da f8, pois pode ser avaliada Kanto como algo que permite melhores credenciais epistémicas para a crenca quanto como uma atitude racionalmente esperdvel por parte de quem se compromete com uma proposta. Além das idéias acima, pretendo mostrar como essa abordagem pode ser conciliada inclusive com aidéla de Kierkegaard em Temor e Tremor de que f6¢ Paixdo, mas sem correro risco de irracionalismo do qual este autor éacusado. “16 ‘congrats de Flt de Ralaso NIETZSCHE, TOLSTOI, DOSTOIEVSKIE 0 “IDIOTISMO” DE JESUS ‘Allan Davy Santos Sena (Unicamp) allandavy@hotmail.com patho tem coms objeto moster quel a infuéncia exec por Tote Dostolski no ciagnéstico dado por Hiewsche nO Ant pars 9 tre i mo idiota. A leitura Netz ean cto de Tot fl fundamertal para a base fisotgia & po idiota a partir da interpretacao da maxima nao resistais ao mal como pedo tvangetho. Ademais, a despeito das discussbes sobre se Nietzsche apenas apenas indieto com 0 romance 0 ota, de Dostoigvsk, & possivel estabelecer uma andlise do principe Michkin, poconagern central da obra, como um caso clinico do tipo idiot: oie Pestura de sublime, enfermo e infantil. A leg a por Nice do iras edicoes dO Anticrsto, Ce ato de aver revtavemete mal rena quendo ae erna Cn contaainfluénia dos romancistasussos,Ouso que Nietzsche fas tern iota em 0 Aniersto, nao possi acepceo agressiva,pejoratva ae uotora e snr remete a0 sentido orignal da palvra vinda do evo Gdiétes, a saber, homem-privado, aquele que no pertence to ambiente diblico io paltico, um individuo totalmente alheio 20s negécios do arti Gr, sendo asim, o caréterandrquico do crstianismo de Tosti, qu cae cntcce a igeja ¢ tad, que ndo presta serigo miltar no Tomperece 20s tribunais, ¢, por outro lado, 0 infantilism do Principe Icn, que nosabe asta comos grates, sue nao conheceasocedede ‘nem tem um lugar nela, a sua condi maida ae beers erent fe sublime paz e tranqilidade, . sentido precio queo temo porslem O Aart, I conrese tase te otf ago ‘© CARATER “CLASSICO” DO METODO DE INVESTIGACAO DO PROBLEMA. RELIGIOSO, SEGUNDO MAURICE BLONDEL Prof. Dr. Alvaro Mendonga Pimentel (FAJE- MG) alvaropimentel@faculdadejesuita.edu.br Maurice Blondel (1861-1949) desenvolveu via original para o estudo filoséfico do problema religioso. 0 objetivo de nossa comunicacso sera ‘examinar seu método de investigacao e recolher o que seu esforco guarda de Normative ou cléssico para o Ambito da filosofia da religio, Estudaremos a sua célebre Carta sobre as exigéncias do pensamento contemporaneo em matéria de apologética e sobre 0 método da filosofia no estudo do problema ‘eligioso, escrito impropriamente alcunhado de Carta sobre a apologética. Na realidade, afastando-se de toda pretensio apologética que desejasse subordinar a razéo a f6, ou de toda estratégia que pretendesse meramente mostrar @ harmonia da revelacdo, em sua materialidade dogmatica e ritual, coma natureza humana, ou, enfim, das tentativas de reducéo antropolégica da fé, Blondel debruca-se sobre 0 conflito propriamente formal que a revelacdo cristé mantém com a raz4o auténoma moderna. Com efeito, a revelacéo, em sua pretensio absoluta, é dom gratuito, que, no entanto, torma-se indispensavel para toda consciéncia que a apreende. Ora, como uma tal pretensao poderia conciliar-se com as prerrogativas da razéo auténoma? caminho escalhido por Blondel consiste em mostrar que a humanidade funda liveemente na histéria as condigdes necessérias & sua propria Fealizacio, mas que essas condigées séo insuficientes. Elas so condicées afirmadas como verdade (defesa do sentido contra o nillismo), ¢ a um s6 tempo relativizadas como vaidade (justificagéo da transcendéncia do espirito humano). A razéio auténoma ¢ conduzida a reconhecer a presenca de um implicito que constitui todas as suas buscas. Ela pretenderia unir-se a ele ou realizé-to, mas ndo o pode. Desenha-se, assim, 0 espaco para o que & Propriamente sobrenatural, o dom que venha cumular a existéncia humana e, neste sentido, o que Ihe € absolutamente necessério e absolutamente impossivel. A razio moderna é encaminhada a reconhecer-se como aberta a seu Outro incondicionado, sem o que toda idéia de transcendéncia perderia consisténcia valor. Nossa comunicago estudara em detalhes 0 método apresentado nessa Carta sobre as exigéncias do pensamento contemporaneo, que bem merece ser considerada um texto classico da filosofia da religiao, mas cuja licao ainda no foi totalmente assimilada na investigacao filoséfica do fendmeno religioso, 18 Congreso fase de Fost lo [AFILOSOFIA DARELIGIAO EM BLAISE PASCAL ‘Andrei Venturini Martins (PUC-SP) dreivm@ig.com.br ou dreivm@hotmail.com pascal salienta que uma religiao que polariza o delsmo torna-se rsivel, a0 passo que uma religido eu polarize a fé, faz desta uma simples superstigéo. Desta maneira, salienta Pascal, [...] O procedimento de Deus, que dispde todas as coisas com brandura, consiste em colocar a teligiso no espirito pelas razdes eno coracao pela graca [..] (Pascal. Pensamentos. Frag, Laf. 172; Bru 185). Portanto, pretendo mostrar que a fé a razao sao poténcias essenciais para compreender 0 modo pelo qual Deus se revela ao homem e, que a filosofia, reconhecimento seus limites, poderé lancar luz ao dado revelad nesta relacéo ténue entre fé e razo que entendo o conceito de filosofia da religido: 2 excesso (sic) / excluir a razdo, nao admitir senao a razéo. (Pascal. Pensamentos. Frag. Laf. 183; Bru. 253). cone Bala de Flt so CONSIDERAGOES PITAGORICAS SOBRE PSYCHE E METEMPSICOSE ‘Angelo Balbino Soares Pereira (UnB) angelobalbino@bol.com.br Nossa comunica 40 tem por consideracao 0 que Pitagoras e os pitagéricos contribuiram para 0 debate da descoberta e construgéo do conceito concepsao de imortalidade da Psych e a possibilidade da Metempsicose, bem como o interesse filoséfico que esta questo pode proporcionar. Muito provavelmente a probabilidade de ter sido Pitagoras 0 primeiro dos filésofos a falar da imortalidade da Psych como algo individual, 6 mais passiva de veracidade, os fisicos, 0s filésofos da natureza, apresentavam a Psych no sentido geral afirmando ser imortal a alma-agua, a alma-ar ou a alma-fogo. Porfirio de Tiro atribui a Pit&goras o métito de ter sido o primeiro a falar de alma imortal : 0 centro do pitagorismo é a imortalidade da Psychk. Para Pitagoras, o que sobrevivea aniquilagdodos ma_overdadeiramente vivo. A existéncia do homem na terra é apenas uma temporalidade. A elaboracao do conceito pitagérico de Psyché e de Metempsicose segue uma sequéncia de estudos que inicia com um resgate da tradicao mitico-poética e passa pela busca das fontes da Filosofia de Pitégoras, seguida da leitura atenciosa das fontes antigas ¢ tardias classicas para o estudo da Psyché e da Metempsicose, Sendo Pitagoras um filésofo que praticou a investigacdo critica-filos6fica, como meio de aquisicio de conhecimento, nosso esforco leva em consideracéo a possibilidade de Metempsicose é um tema que permite um contetido filoséfico proprio, tanto em sentido ético, apontando a questo do comportamento e o bem viver, como em sentido epistemolégico apresentando a questéo da transmisséo do conhecimento. Devemos ter atenc3o dentro do debate da Metempsicose, ndo somente 0 conceito de Psych@, mas inclusive a compreensao sobre as condioes que levam a tradicao {iloséfica posterior a elaborar este debate. Nosso intuito é entender em que medida se pode usar os textos antigos para justificar uma Metempsicose Pitagorica com ramificacao ético-epistemolégica. Palavras-chave: itagoras-Psych -Metempsicose -20- congeno salar ests ca taso ACRITICA DO FILOSOFO TOBIAS BARRETOS AJEAN-MARIE GUYAU: 'ADEFESADO SENTIMENTO RELIGIOSO prof. Dr. Antonio Vidal Nunes (UFES) avidaln@uol.com.br Jobias Barreto (1839-1889), filésofo brasileiro da Escola de Recife, tera como um dos temas importantes de sua refiexdo a religiao. Criticou tanto com os rensadores catdlicos, defensores do pensamento escoladstico, como aqueles vinculados & tradicéo francesa de pensar, que apoiados na contribuicdo do tecletismo estabelecerdo interpretacdes diversas sobre 0 significado e a natureza da religido na experiéncia humana. Focalizaremos em nossa exposicdo a critica que Tobias Barreto dirigiré em 1888, ao filbsofo francés Jean-Marie Guyau (1854-1888), especificamente ao seu livro L Irréligion de Lavenit, publicado na Franca em 1887. No mesmo trabalho o autor postularé Uma sociabilidade humana inata na anterioridade do sentimento religioso. Em outras palavras. A experiéncia religiosa com suas representacbes se constituiria a partir de um sentimento universal de sociabilidade presente no homem. Advogars o fim da religido eas possibilidades de novas maneiras de vivenciar a sociabilidade com 0 surgimento de uma nova humanidade, decorrente da evolucéo da sociedade e da cultura. Tobias Barreto recusara tals idéias e defendera as vivéncias religiosas como algo inerente ao homem, assim como, a perenidade da experiéncia do sagrado. Desqualificando o pensamento de Guyau, como parte da decadéncia francesa em termos de filosofia, afirma que o sentimento religioso & invencivel: homem é um ser essencialmente religioso. canes Baek de ls a Raligdo ‘AS CONTROVERSIAS ACERCA DO NEO-ATEISMO Carlos Alberto Araujo de Sousa (PUC-SP) car_sousa2003@hotmail.com Nosso objetivo nessa comunicagao é apresentar as possiveis fontes do neo- ateismo, presente em autores como: Dawkins, Dennett, Comte-Sponville ¢ Sam Harris. Esse movimento de combate Religido, defendido pro alguns intelectuais hoje, parte da premissa jé presente no cerne do pensamento moderno: a emancipacao do sujeito e o progresso racional mediante a critica éficaz tradigao teolégica, porém a mesma solucéo moderna é proposta pelo movimento neo-ateu, sem levar em conta a critica presente a essa racionalidade no desenvolvimento da Filosofia da Ciéncia e nos autores frankturtianos A critica @ racionalidade moderna, presente em Adorno, nos mostrou que essa se tornou, com o passar do tempo, 0 oposto a se propés, gerando 0 proprio desaparecimento do sujeito que iria emancipar. Nossa argumentacao pretende apontar que a dissolucSo da religiso e a troca das formas de teismos por atefsmo, néo toca nem de longe a problematica da condigéo humana contingente, © mal e suas manifestacdes sociais historicas no s4o frutos da consciéncia religiosa (argumentos presente no ‘neo-ateismo), mas, talvez de sua auséncia eficaz ou da auséncia de sentido inerente ao ser caético humano. ak M congese aslo deo de igo MISTICA E RELIGIOSIDADE: PARA ALEM DO “SAGRADO” E DO *PROFANO”. prot. Dr. Cicero Cunha Bezerra (UFS) cicerobezerra@hotmail.com jetivo deste artigo € sustentar que, pese os intimeros e consistentes Bos, narvados por Elade em sua, obra la sacré et Le profane que apontam para uma separacéo, na experiéncia religiosa, entre os émbitos do rado e do profano, é possivel, no entanto, defender uma experiéncia, no Bes aqui especificamente autenticamente cist, fora de tode categoria dicotorizante, bem como, de toda reducio do tipo pantelsta ou césmica, Com sso quero dizer que o que funda a experiencia reigiosa, no cas0 particular darstica meieval, uma vivéncia do sagrado que transcend, de maneira radical, a caractetizagao sustentada por Eliade em sua obra sagrado eo profano Palavras-chave: Mistica- Eliade - Eckhart - Deus - Sagrado i conaresa sre de ood lio AFILOSOFIADAMITOLOGIA: ‘SCHELLING E A INTERPRETACAO TAUTEGORICA DO MITO Profa. Dra. Cristiane A. de Azevedo (UFIE Universidade Estacio de $8) cris.a.azevedo@gmail.com Durante o século XIX, a perspectiva dominante a respeito da compreenséo das narrativas miticas gregas condenava-as por sua itracionalidade ¢ imoralidade, Os autores da chamada Ciéncia da Mitologia esforcavam-se por interpretar aquilo que era entendido como metiforas presentes has narrativas. Contudo, 0 século XIX é testemunha também de um decisive aprofundamento nesse campo de pesquisa. Friedrich W. Schelling (1775- 1854) inaugura uma nova forma de pensar o mito e sua relacSo com 2 sociedad que 0 produziu. O presente trabalho tem como objetivo tratar, 2 partir de Introducgo & Filosofia da Mitologia, da perspectiva tautegérica Proposta por Schelling. Nesse sentido, pretendemos explictar como, na visso do filésofo, a Filosofia da Mitologia relaciona-se coma Filosofia da Religiao. 24. I Congo tro Fc do aio JuDAISMO COMO METODO: ‘AFILOSOFIA HEBRAICA DE FRANZ ROSENZWEIG profa, Dra. Maria Cristina Mariante Guarnieri PUC/SP) crisguamieri@uol.com.br Essa comunicacéo pretende refletir sobre a filosofia da religigo que encontramos no pensador judeu Franz Rosenzweig (1866-1929), que apesar de afirmar seu judaismo como seu método, nao pretende com isso validar a religido, pois ela ndo Ihe serve de pressuposto ao pensamento, Para Rosenaweig é 2 experiéncia pessoal que funda o pensamento e esta experiéncia é expressa, no seu caso, na linguagem do judaismo. Para o pensador, grande parte da filosofia se constréi a partir da negacéo da anguistia da morte, pols o ser quer viver, quer permanecer, quer tomar-se. A tentacdo, entao, da filosofia seria a necessidade de integrar a morte em um sistema especulativo. Porém, essa tentacéo é vencida pela prépria experiéncia concreta que inviebiliza a racionalizagdo da morte em um sistema de pensamento. A opcéo do autor serd, entao, por uma filosofia que leve em conta a existéncia que é vivid por um ser humano, pois s6 assim temos a possibilidade desse humano nao ser abstraido pela racionalidade. Ao deixar claro sua prioridade as questées existenciais, Rosenzweig sabe que elas pedem uma renovacao total do pensamento. E écom esse espirito, sem negar sua condigo humana e judaica, que ele desenvolve o que ele denominou de Novo pensamento, onde a existéncia torna-se o ponto de partida para o pensar, que é determinado pela consciéncia da finitude edo tempo. Esse novo pensamento propée a Revelacéo como categoria principal e € fundado a partir de uma critica a filosofia tradicional. Em Rosenzweig, encontramos uma religido articulada em uma tradigio filos6fica de pensamento que se fundamenta na experiéncia religiosa e constréi um conhecimento com aparelho critico capaz de participar ativamente do embate de idéias. W cogrseSaso deovfa de igi 25 ‘ASENTENGA DE HEIDEGGER CONTRARIA A MORTE DE DEUS Daniel S. Toledo (UFJE) dasilvatoledo@yahoo.com. br Em um apontamento de 1959 a partir da célebre afirmacao de Nietzsche acerca da refutacao do Deus moral, Heidegger afirma o seguinte: 0 Deus pensado enquanto valor, seja ele o mais elevado, ndo é um Deus. Logo, Deus nao esta morto, pois sua deidade vive. Ela, inclusive, esta mais proxima do pensar do que da fé. Com isto queremos indicar por meio desta comunicacao ndo somente a subsisténcia da deidade no pensamento de Heidegger. Antes, porém, pretende-se mostrar a possibilidade de que na propria tradigio judaico-crista, para aquém do Deus da metafisica, seja visumbrada uma outra modalidade da esséncia do divino que se coaduna ‘com jogo da verdade em Heidegger: entre velamento erevelamento. 236 congrats tie de load lie (0 ARGUMENTO MODAL ENQUANTO PROVA DA EXISTENCIA DE DEUS EM LEIBNIZ Danilo Vaz-Curado R.M. Costa(UFRGS) danilocostaadv@hotmail.com 0s estudos de filosofia da religiéo tem se intensificado numa relacao estritamente proporcional ao processo de secularizacdo porque passam as sociedades ocidentais. Este agudizamento nas pesquisas vem provocando ‘uma intensa revalorizagao de temas muito caros a tradicao filoséfica anterior, dentre os quais; as provas acerca da existéncia de Deus. Uma crescente cortente da filosofia da religido, aproxima-se do método e da filosofia analitica, penso notadamente em Alvin Plantinga, e se pauta precisamentena apresentacao de um argumento modal como prova da existéncia de Deus. Nosso trabalho objetiva indagar no seio do pensamento metafisico tradicional, diga-se: Leibniz, a busca da constituicgo da estratégia argumentativa e do potencial critico de sua prova da existéncia de Deus mediante 0 argumento modal como modus operandi alternativa original as leituras contemporaneas. Sabe-se que 0 filésofo de Hannover constituiu diversas estratégias argumentativas de demonstracéo da existéncia de Deus, dentre as quais, a prova ontolégica, a cosmolégica, a baseada nas verdades eternas, 2 da harmonia pré-estabelecida e a do argumento modal. Nosso trabalho estrutura na apresentacao do argumento modal em Leibniz, onde apresentaremos as teses de sua formulacso, a diferenca axial face a0 argumento ontolégico e o potencial de originalidade e resposta 3s demandas do presente acerca do problema da existéncia de Deus. Palavras-Chave: Modalidade- Provas- Deus - Leibniz contest rae de ze de eto OS DIALOGOS SOBRE A RELIGIAO NOS PARERGA E Pt ARTHUR SCHOPENHAUER ce Prof. Dr. Deyve Redyson (UFPB) dredyson@gmail.com Opensamento filoséfico de Arthur Schopenhauer (1788-1860) ¢ralizado peta i) 7 Mipse come Vontade € como Representacdo. onde exalta os ; liberdade que se demonstram no pessi flossfco,entedendo © mundo como ums represeriagio dae onto qeeanase de que este é0 pior dos mundos possvels. O tema da religiso.é um Js aspectos que, na filosofia de Schopenhauer, em especial nos Parerga & Paralipomena, refietem necessariamente o pessimismo metaffsice os revolta contra a moral cristi e suas vicissitudes. Analisamos aqui dot Pequenos textos dos Parerga e Paralipomena , 0 Dislogo., Capitulo 15. 5 Mende representa-se uma Volksmetaphysik e Sobre o Cristanismo ‘ambém no Capitulo 15 §177, um relato para se verificar onde realmente reside 0s conceitos de liberdade e vontade. Schopenhauer quer com estes equenos textos avaliar a verdade do cristianismo e desvendar os mistérios inerentes a toda concepcio de f€ que a humai nidade ivre- Arbittio ea propria vontade de viver, re Palavras-Chave: Pessimismo Vontade Liberdade Religiso congress oid alga /AGRAGAE ALIBERDADE NANOITE ESCURA Diego Klautau (PUC-SP/FE) dklautau@gmail.com © pecado, a liberdade e a graca s4o conceitos discutidos por Agostinho em seus livros A graca de Cristo e 0 pecado original e A liberdade e a Graca. A possibilidade ce convergéncia entre homem ¢ Deus esta posta na acSo da Graca através da liberdade do homem. O valor da liberdade, que é anterior a0 pecado original, e conseqdentemente uma reminiscéncia da condicao humana pté-queda, é que possibilita que a Graca atue no préprio homem, que é plasmado por Deus nas boas obras, estabelecendo a redencao trazida por Cristo. Apesar disso, os momentos em que a percepcéo da Graca se torna distante do homem, se instala 0 que So Joo da Cruz chama de Noite Escura. A vivéncia dessa cegueira da Graca em chave mistica, a consciéncia da condigao do pecado original no préprio homem, e o reconhecimento de sua condicao de criaturalidade, s40 0s passos necessérios no caminho da mistica de S40 Joao da Cruz, nos dois momentos da Noite Escura da alma, a noite dos sentidos ea noite do espirito. Se para Agostinho a cegueira da Graca acentua a realidade do pecado original, cria 0 orgulho da auto-suficiéncia, provocando a revolta, para Sao Joao da Cruz a mistica da Noite Escura, sejado sentido, ou do espirito promove um despedacamento sensitivo-afetivo, com as tr8s provacées e sinais (falta do gosto de Deus, a meméria de Deus e a incapacidade meditativa), e intelectual-espiritual, com 0s quatro padecimentos que se instalam nessa noite escura (Estar contra Deus, fraqueza moral-espiritual, solidao nas afeigoes e a miséria no mundo). Porém esse despedacamento se torna um lugar de encontro da alma do mistico com Deus. Assim, a Noite Escura também se converte em Graca, transformando a cegueira de Deus numa possibilidade de plasmara alma e Deus. 1 conte Brae de Festa da Rlaso 29 TRANSCENDENCIA E IMANENCIA: POSSIBILIDADES DA FENOMENOLOGIA TRANSCENDENTAL NO HORIZONTE DO FENOMENO RELIGIOSO. Prof. Dr. Edebrande Cavalieri (UFES) edebrande@uol.com.br Iniciando em A idéia da fenomenologia, pretende-se investigar um caminho fecundo para a filosofia superando a idéia moderna que concebia a consciéncia como um recipiente fechado em si mesmo; com isso, o campo da investigacao filoséfica restringia-se apenas a0 que é realmente imanente & consciéncia; a fenomenologia transcendental abre a reflexdo para o chamado enigma da transcendéncia. Em Idéias Husserl apresenta 0 conceito de transcendéncia circunscrito a exigéncia de uma mediitacao fenomenologica fundamental . Aidéia de transcendéncia no se separa da percepgio, pois nao hd um objeto que nao seja objeto para uma consciéncia (intencionalidade). Nao se trata de uma proposicéo abstrata. Apresenta-se como contetido atual e proprio da percepcao. Em A idéia da fenomenologia ele se refere a este conceito como um enigma, pois no ato de ver o fenémeno puro, o abjeto nao est4 fora do conhecimento, fora da consciéncia €, a0 mesmo tempo, esté dado no sentido da absoluta autoapresentagio de algo puramente intuido (1986, p. 69). Isso nos leva a compreender os tipos de transcendéncia descritos em Idéias (homem, mundo e Deus) como uma ordem teleolégica expressa e presente no mundo empirico, no desenvolvimento dos organismos, da cultura e da humanidade como um todo. No contexto da filosofia da religido e a partir da obra Die Krisis, aidéia de Deus (transcendéncia) se apresenta como justificacéo ltima a partir da tendéncia ao aperfeicoamento e & realizagao de fins morais presentes na teleologia como uma espécie de forma originaria (Ur-Form) e intuida pela subjetividade transcendental. Com isso, se conclui que a experiéncia de transcendéncia é um componente essencial das acdes humanas, entre elas a experiéncia religiosa. E nosso objetivo metodolégico fazer retroceder a reflexdo fenomenolégica para o campo da experiéncia vivida (Erlebnis) que se funda na nao discursividade do mundo da vida (Lebenswelt). Desta forma, espera-se ampliar o horizonte da experiéncia religiosa Palavras-chave: transcendéncia, imanéncia, teleologia, subjetividade transcendental. 30 congress do igo (OMETODO DA CORRELACAO ENQUANTO METODO HERMENEUTICO Prof. Dr. Eduardo Gross (UFJF) eduardo.gross@ufjf-edu.br Paul Tillich apresenta 0 método de seu pensamento como método de cortelacao . No detalhamento do significado desta nomenclatura, diz que a apresentacao sistematica de seu pensamento se processa correlacionando filosofia e teologia, mensagem e situagio, incondicional e condicionado. ‘Além disso, propde este método enquanto terceira via que supere (assumindo dialeticamente) tanto o da teologia natural quanto o da filosofia da religido . Tratando da relacao entre filosofia e teologia, por exemplo, a correlacdo se estabelece ndo simplesmente como se a partir da filosofia se dessem os pardmetros a partir dos quais uma mensagem revelada proporia resolugdes compreensiveis. A correla¢ao ¢ apresentada como um processo circular, em que. forma filoséfica ce compreensao da realidade jé é predeterminada pela viséo teolégica que configura a interpretagdo dos simbolos religiosos reconhecidos como pertinentes para a relacao com esta compreenséo. Igualmente, a interpretacao dos simbolos religiosos nao se d4 A parte da compreensio filoséfica em que tal interpretagao se exerce, Este processo circular, aqui sintetizado no que se refere & relacdo entre filosofia e teologia, também se manifesta na dindmica por ele proposta entre mensagem e situacao, incondicional e condicionado e entre as tradices de reflexdo conhecidas como teologia natural e filosofia da religiéo. O objetivo da presente exposicdo & mostrar 0 método proposto por Tllich como hermenéutico. Embora no seja a caracterizacao que ele proprio tenha privilegiado para seu método, ele apresenta pistas para tanto. Primeiro, a0 afirmar o carater circular do mesmo, evocando com isso 0 tema do circulo hermenéutico . Além disso, na forma como apresenta o método. Por fim, pela afirmacao de sua universalidade, tanto na exposicio do seu préprio sistema quanto na da tradigao queo antecede. Inconel de Flt de Rlaso 3 NEUROCIENCIAERELIGIAO: AFALACIA DAS PESQUISAS NEUROLOGICAS DA EXPERIENCIA RELIGIOSA Prof. Dr. Everaldo Cescon (Universidade de Caxias do Sul) ‘everaldocescon@hotmail.com Desde 0 caso Galileu, ciéncia € religiéo se opuseram ©, muitas vezes, confrontaram por causa das direcées dos seus olhares: uma em direcao ao mundo e a outra em diregéo a0 outro mundo. Atualmente, porém, os neurocientistas defendem que se pode estudar de um ponto de vista objetivo as experiéncias religiosas por meio de metodologias de neuro-imagem e de visualizacao in vivo da atividade cerebral, tais como a eletroencefalogratia (EEG), @ magnetoencefalografia (MEG), a tomografia por emissao de Positrées (PET), a tomografia computadorizada por emisséo de um s6 fotao (SPECT) ea ressonéncia magnética funcional (fMRI). A presente Comunicacao pretende analisar se & possivel descrever a experiéncia religiosa em termos eurol6gicos. Procura-se indicar como a experiéncia religiosa é tratada, continuamente construida e reconstruida por meio da implementacao de diversos dispositivos experimentais e tedricos. O corpo de referéncla vers constituido por uma série de estudos recentes que procuraram descrever as bases neurais de experiéncias muito diferentes entre si. Estes estudos arecem assumir que os instrumentos de visualizacao sé podem dar conta da forma da experiéncia, por isso defende-se a necessaria referéncia & experiéncia fenomenoligica em primeira pessoa para se ter uma descrigdo substancial e aceder, assim, ao seu conteddo. O experimentador pode ter acesso aos efeitos (cerebrais, eletrofisiolégicos, comportamentais). da ‘experiéncia, mas nada pode dizer deles se nao confrontar esta experincia com o self-report dos sujeitos. O experimentador apenas pode realizar um mapeamento formal dos efeitos. Uma das controvérsias refletidas é justamente esta: no armbito neurocientifico tende-se sempre mais a pesquisar © imediato, o intuitivo, 0 direto, considerando tudo quanto é mediado de algum modo degradado, porque, para ser descrito, requer filtros adaptag6es, normatizacées, ou seja, continuas traducdes. : 22 conreo fa de Floste de Rtgs ts (© AMOR A DEUS COMO FUNDAMENTO DO CONHECIMENTO NAS CONFISSOES DE AGOSTINHO Fabio Caputo Dalpra (UFJF) fabiod23@gmail.com Em seus contornos mais gerais, 0 constructo filoséfico-teolégico de Agostinho se apresenta como uma sintese entre o cristianismo ea filosofia neoplaténica, Por decorréncia, a relevancia que estes conferiam ao tema do amor prefigura a centralidade que o mesmo viria a assumir no pensamento agostiniano. Assim, ao legar sobre este uma marca indelével, otema do amor constituiria-se, ademais, como um dos elementos responsaveis pela sustentacao ¢ enlacamento dos varios a mbitos do conhecimento pelos quais incursionara sua reflexio, integrando-os num quadro teérico e conceitual coerente. A partir de tais questées, a presente comunicagéo tem por objetivo abordara relacao entre 05 conceitos de amor e conhecimento na obra as Confisses de ‘Agostinho. Considerando que a concepcao agostiniana de racionalidade nao se encontra perpassada apenas pela inteligéncia e pela meméria, mas também, e sobretudo, pelo amor, buscamos investigar 0 modo como 0 conhecimento encontra no amor o termo de sua consolidacdo enquanto episteme. Somente desse modo toma-se possivel ao conhecimento constituir-se em sua plenitude, ou seja, como saber seguro acerca das realidades terrenas e etemas; saber que através de um movimento ascensional a Deus, nele encontra o principio de unidade capaz de superar as insidias impostas pelo ceticismo. Portanto, se a remissao da razao a verdade - movimento sobre o qual a gnoseologia agostiniana se fundamenta - se encontra inelutavelmente relacionada & potencialidade racional inerente a0 ser humano, somente através do amor encontra sua plena atualizaco. Este ¢ 0 legado profundo do itinerério filos6fico de Agostinho, sobretudo nas Confissées: 0 amor a Deus é 0 principio fundamental sem 0 qual nenhum conhecimento seguro torna-se possivel. 0 PENSAMENTO DE WILLIAM DESMOND COMO. PROP( UMA NOVA FILOSOFIA DA RELIGIAO, oe Flavio Ricardo de Araujo Ferteira (PUC-MG) logosbh@terra.com.br A presente comunicago dé-nos a o i 3S @ oportunidade impar de introduzir ¢ presenta 0 pensamento do fldsofaitandésredicado na Belgica, Willan Desmond e mostrar que tipo de contribuigdo seu pensamento pede dar 3 Florofa do Religo, Apesar de ser relatvemente desconhecid no Eras vem se destacando no cenério filosofic send n 0 europeu © norte. Americano como um dos pensadores mals crativos da nova constlacSo que nutre o debate da filosofia contempordnea, Nesie sentido, queremos atl frazer & tona a vor filosofica desse fiésofo. Como pano de. funde, itcutiremos a questo da itimidade entre a Filosofia ea Religigo a parti de crtca de Desmond & nocéo da autotranscendéncia hegliana. Acreltamos na proficldade do tema, num momento em que o saber contempordneo, ou rivilegia a ciéncia empirica como via pel d , mo via pela qual se obtém uma verdade lena definiiva de todas as coisas, ou dé filosofia a palavra final sobre 0 Senhecmento do realidad (como pretendeu, por exempio, Hegel) ou rede mesma realidade a meros jogos de linguagem (come Wittgenstein). A filosofia desmondi poate cate ana apresenta-se, entéo, como uma exci de quao camino, recusando qualquer forma de cientiimo, lcionismo da realidade a interlocucdes lingUisticas, © a istcas. O aminho prepesto por Desmond dé-se a partido qu ele chama de sentido Ietarolégico do ser, onde a filosofia reconhece a exsténcia de: una idade com a qual pode dialogar. Assim endo, nosso dia nosso didlogo se dar um dos outros da filosofia (a. alter ar do qual 2 lade religiosa) a partir de perfeitamente possivel erigir uma. filosofia mp eat reclames do mundo hodierno. Becta a ' Congreso Basen dose da Rego ‘ZARATUSTRA E A AUTO-SUPERACAO DO ELEMENTO MORAL-METAFISICO- RELIGIOSO. PROPOSICAO DA IDENTIFICACAO DO ELEMENTO PRé- PLATONICO NA CRITICA DE NIETZSCHE AO NIILISMO OCIDENTAL. prof. Dr Flavio Augusto Senra Ribeiro (PUC-MG/PPCIR/UFJF/CNPq) flaviosenra@pueminas.br om financiamento do Edital 03/2008, do CNPq, tem sido levada a cabo uma pesquisa intitulada Nillismo e religido. A relacgo nillismo-ateismo e seus desdobramentos éticos Estudo a partir da filosofia da religiéo de Nietzsche ros escritos entre 1880 e 1888 . Parte ntegrante dessa pesquisa ¢ obra Also sprach Zarathustra. Nessa obra, encontram-se dois grandes temas da filosofia de Nietasche, a saber, Der Ubermensch e Die ewige Wiederkehr des Gleichen . Heideggerianamente, por um lado, revela-se a humanidade superada e, por outro, apresenta-se a mais elevada forma de afirmacéo . Em Ecce Homo, o filésofo comenta a concepeao de sua obra central ¢ os temas fundamentals nela contidos (KSA, VI, 335-349). No Prélogo da obra (KSA, VI, 259-261), afirma, nao fala nenhum profeta, nenhum fundador de religiéo, nenhum fandtico; ali nao se prega nem se exige fé, Ainda em Ecce Homo (KSA, VI, 367), Nietzsche precisa 0 que significa em sua boca 0 nome Zaratustra, a saber, a auto-superagéo da moral pela veracidade, a auto- superacéo do moralista em seu contrario . Zaratustra é a auto-superacao do seu homénimo sacerdote-profeta persa e seu ensinamento. Esse Ultimo, foi © primeiro a ver na luta entre o bem eo mal a verdadeira roda motriz na engrenagem das coisas . A comunicagao apresentaré, em primeiro lugar, os principios morais e metafisicos contidos nos ensinamentos do primeiro Zaratustra, o persa, em seu Zend Avesta, destacando a matriz cultural segundo a qual o dualism metafisico e a moralizagdo da concepgio de mundo foram introduzidos no horizonte do pensamento que influenciou 0 ocidente através da filosofia eda religiéo. No segundo momento, destacaré a interpretacao critica do filésofo alemao a partir nas nocdes fundamentals, j& citadas, contidas na obra Assim falou Zaratustra. A titulo de consideracoes finais, ainda que preliminares, o texto identificaré, genealogicamente, 0 fundamento pré-platénico do niilismo ocidental. ismo- moral-metafisica-religiso Palavras-chave: Nietzsche-Zaratustra - ni Apoio: CNPq ncongezasenle de ose da Rao 3 RELIGIAO E CIENCIA NA FILOSOFIA DO RENASCIMENTO Prof. Dr. Frederico Pieper Pires (UFJF) fredericopieper@yahoo.com.br © perfoco do Renascimento € lembrado por suas grandes producées artisticas, com seus grandes mestres e nobres obras. As reformas protestants também aparecem como elemento importante do periodo. No entanto, especialmente no Brasil, pouco se diz sobre o pensamento filoséfico desenvolvido neste perfode. Com excecéo de alguns autores (Erasmo de Roterda @ Michel de Montaigne), grande maioria dos pensadores do renascimento permanece nas trevas. Em parte, 0 esquecimento destes autores se deve & profunda influéncia de elementos religiosos que soam estranhos aos nossos ouvidos. Parece, & primeira vista, contraditério que Justamente no momento em que se inicia a revolucéo cientifica, os filésofos da €poca demonstrem preocupagéo com a astrologia, magia e outros elementos religiosos de matiz plat6nica. Isso leva muitos a promoverem uma Passagem direta entre os fildsofos medievais e Descartes, indicando este como 0 fundador da modernidade. No entanto, Descartes nao parte somente do uso puro de sua razdo. Ele se insere numa tradi¢éo, a partir da qual constréi_ problemas filos6ficos bem como aponta solusées, 0 que tora fundamental o pensamento renascentista. A partir desta perspectiva, esta comunicacao analisa a apropriacao de elementos religiosos da antiguidade Por parte de fildsofos renascentistas, buscando compreender como eles contribuiram para a constituicéo da nocéo de sujeito e objeto presente na revolugao cientifica. Em termos mais precisos, pergunta-se pela possibilidade de se encontrar pontos germinais da nova concepeéo de ser humano e de ‘natureza delineados na ciéncia moderna nos elementos religiosos pulsantes em filésofos renascentistas. A partir da andlise do pensamento de Pico della Mirandola e Cornelius Agrippa, pode-se concluir que no renascimento as articulagdes da religiao com a ciéncia moderna nao se dao por oposicéo, mas hé cumplicidade entre estes ambitos aparentemente contradit6rios. 26 congas Blo de oad igo PAIXAO E VERDADE - APONTAMENTOS SOBRE O PROBLEMA DAS MIGALHAS FILOSOFICAS DE S. KIERKEGAARD Gabriel Ferreira da Silva (PUC-SP) gabriel@gabrielferreira.com.br Podemos dizer que 0 problema fundamental dos Philosophiske smile (igalhas Floséficas) de S. Kierkegaard ¢ composto de dois momentos estretamente relacionados. Em primero lugr a questéo da transcondénc Ultima da verdade do Cristianismo - ou do experimento construido por J. limacus -, que nao pode ser reduzida a uma possibilidade especulativa imanente a0 homem; caso contrério trataria-se daquilo que o autor denomina socratico e no haveria, de fato, novidade epistemolégica ou mesmo ontol6gica no advento do Cristo ou Mestre . ; Contudo, se 0 homem nao esté em posse da verdade por um principio de imanéncia, se ela é recebida de um outro, urge a segunda questo que 6a de saber como deve ser o homem para que possa apropriar-se ou aproximar-se da verdade, ou ainda, afastar-se do estado de nao-verdade a que o autor denomina pecado . De maneira mais exata, trata-se de como ate 0 suit particular para que posa ravartlagéo profunda com tal verdad: propésito de si mesmo, J. Cimacus resume assim o problema: Eu ten A ‘ouvido que o Cristianismo é a condigéo para alguém alcangar este bem (a felicidade etema), e eu, agora, pergunto, como posso me relacionar com este ensinamento (VIl,7). Desse modo, este trabalho visa desenvolver os dois momentos do problema, bem como alguns de seus desdobramentos, a fim de apontar caracteristicas dda resposta kierkegaatdiana de como deve ser a subjetividade para que possa nela recebera verdade do Cristianismo. congestion do ait ” CRISTIANISMO, JUDAISMO E HELENISMO: CIRCULARIDADES HISTORIOGRAFICAS Prof. Dr. Gabriele Cornelli (UnB) cornelli@unb.br Apresente comunicagio ser propée inserir a questo na perspectiva tedricae historiogrsfica do sincretismo, enquanto elemento essencial para a compreenséo do religioso no mundo do Mediterraneo antigo. O estudo comparativo de trés protagonistas deste lugar geo-religioso, o helenismo, © judaismo e o cristianismo, revela uma relago entre eles como a de um sistema aberto, que estabelece compromissos e admite, até certo ponto, trocas no nivel simbélico-religioso. 38 conrad lest a aga Heer AFEFILOSOFICA DE KARLJASPERS Prof. Dr. Gerson Brea (UnB) brea@unb.br Fé filoséfica dois elementos, duas dimensdes, dois pdlos de uma ininterrupta tenséo, fundidos em um conceito que tende a ser rejeitado tanto pelos apologistas de confissées religiosas como por aqueles que créem na idéia de que filosofia é algo essencialmente, puramente, absolutamente ateistico. Uma mistura de mau gosto? Provocacéo? Perverso? Ou néo estariamos, simplesmente, mais uma vez diante de uma versio contempordnea das velhas elucubracées que procuram coneiliat f€ e razao? Seja como for, verdade 6 que Karl Jaspers teima em usar essa formula: nao ha ‘existir auténtico, nem mesmo genuino filosofar sem esse momento de fé (Glaube)! Nao € dificil perceber o papel importante desse conceito no pensamento de Jaspers basta dar uma olhada em sua Psicologia das Visbes de Mundo (1919), ou em sua Filosofia (1932). Todavia, ndo resta divida que, principalmente depois de 1945, essa tematica comeca a ser mais enfatizada. Der philosophische Glaube seré 0 tema de suas prelecdes como professor visitante, na Basiléia, em 1947; tornaré um assunto importante de sua Légica Filoséfica, Da Verdade (1947); viraré uma questao central em suas obras A fé filos6fica diante da revelacao (1962) e Nicolaus Cusanus (1964). Por que, enfim, 1@ filoséfica ? Estaria ela relacionada com as_situagdes- limite ? “Todavia, como pode Jaspers ainda falar de f depois de insistir tanto em nos convencer dos limites impostos pela ciéncia; em nos mostrar a absurdidade das tentativas de explicagdo e redeng’o do mundo; nos persuadir da incapacidade de acreditar numa revelacéo rel promessas de salvacao? Seria a {é filoséfica, entao, uma espécie de suicidio filos6fico (Camus), ou seja, uma safda para aquele que um belo dia torna-se consciente de seu fracasso, da auséncia de garantia de tudo que est’ no mundo ; enfim, uma saida que promete muito, mas que no fim nega a propria condigao humana? congealed Ro MICHEL FOUCAULT E O LUGAR DA REPRESENTACAO NA EPISTEME CLASSICA, SECULOS XVII E XVIII Helder de Souza Silva Pinto (JAJE-MG/ISTA-MG) heldermarista@hotmail.com Michel Foucault apresenta no capitulo Ill da obra As palavras e as coisas a fungo da representacdo. Ele reconhece que as mudancas no modo de olhar e dizeras coisas acontecem na cultura enas ciéncias em todas as dreas do saber. Nesse trabalho seguimos sua apresentagdo da episteme na Renascenca, que concebia 0s signos como algo depositado no mundo por Deus. Para nosso saber cabia a tarefa de desvendar os segredos, de interpretar o que jé estava aliescrito. O conhecimento era uma tarefa de debrugar-se sobre os signos ali encontrar a fala original. A partir do século XVII, seguindo © pensamento de Descartes, nao foi mais possivel que o conhecimento adotasse a reduplicacao ‘como forma e fundamento da verdade. © mundo ocidental se debateu para saber sea vida era apenas movimento ou sea natureza era bastante ordenada para provar Deus . (FOUCAULT, Michel. As Palavras e as Coisas. 5. ed. S40 Paulo: Martins Fontes, 1990. p.90). € intencao desse trabalho, mostrar a ruptura ocorrida na episterne moderna, que estabeleceu as condigées para pensar a morte de Deus e que fundamentou a opgao de Michel Foucault no tratamento do tema da representacdo dos signos na idade cléssica. 0 I conga rae de soa da Rao METAFISICAE RELIGIAO. ASABEDORIA INTEGRAL NA VISAO TOMIISTA DE YVES FLOUCAT Prof. Dr. Hubert Jean-Francois Cormier (UnB) hubertjean2008@yahoo.com.br A filosofia levada aos extremos das exigéncias da metafisica, néo encontraria, inevitavelmente, com a contemplagéo do ser auto-subsistente, causa primeira e criadora de tudo aquilo que existe? A filosofia considerando a realidade no grau de radicalidade que a compreenda como habens esse nao levaria a conclusao da sacralidade deste mesmo real? O exercicio da filosofia em sua dimenséo sapiencial nao se acordaria ao anseio religioso da alma humana? A intencionalidade filoséfica e a intencionalidade religiosa nao coincidiriam j& que ambas cumpririam as exigéncias naturalmente sapienciais, doespirito humano? A busca pela sabedoria deveria, portanto, mudar-se na perspectiva do apelo da destinacéo humana. Chegariamos, assim, & convicgio de que a realidade do espirito que conduz o filésofo a se interrogar a propésito da destinagao do homem seria a mesma do religioso jé que os dois compreendem o homem ‘como um ser espiritual. De fato, segundo Aristételes tudo na vida humana deveria estar ordenado a contemplacao, enteléquia de nossa inteligéncia, fulguracao de nossa felicidade. O apetite espiritual evidenciado na religido e ra filosofia sendo inclinagdo, nao elicita, mas ontol6gica, exprimiria a natureza profunda do espirito humano. Como diria Tomas de Aquino: encontra-se na natureza de nossa intaligéncia um apetite natural de ver a Deus, ipso esse subsistens. A sabedoria filos6fica e a aspiracdo religiosa coincidiriam em seu desejo de beatitude perfeita. A capacidade de nossa inteligéncia e o desejo ilimitados do set, nada mais seriam do que a inclinacéo consubstancial de nossa inteligéncia e de nosso desejo, de chegarem a plenitude metafisica e & unigo amorosa com oer divino. WW congo ae lost de Rio ASACRALIDADE DA ARTE NAESTETICA DE LUIGI PAREYSON Isabella Guedes Arcuri (UFIF) e-mail: isarcuri@gmail.com Esta comunicacgo pretende apresentar a nogo de sacralidade da arte na estética do filésofo italiano Luigi Pareyson (1918-1991). Esta concep¢éo nao coincide com a compreenséo comum de arte sacra como producéo artistica qualificada destinada ao culto. Sua definicdo de arte sacra, com efeito, destoa da compreensao usual porque nao esté diretamente relacionada a imagens consideradas sagradas ou a temas explicitamente religiosos destinados a0 culto. A sacralidade nao aparece necessariamente como temética explictada na matéria. O sagrado se insere na arte a partir de questées diltimas, presente na vida do homem como busca existencial, € no meramente através da intengdo de uma representagio especificamente religiosa. Para este autor a sacralidade na arte é de ordem bem mais complexa, e o entendimento desta singular concepgéo situa-se no interior de sua ampla reflexdo estética que propomos brevemente apresentar. oa Congres de oi ds lio [A PERSPECTIVA DE NIETZSCHE SOBRE 0 CONCEITO DEUS A PARTIR DA BRA CREPUSCULO DOS {DOLOS Israel da Cunha Mattozo (FAJE-MG) israelmattozo@oi.com. br Entendemos quea filosofia, durante mais de dois mil anos, se debrugou sobre a problematizacdo de Deus. A formulacdo do conceito Deus conduziu investigagoes filoséficas cujos resultados ofereceram subsidios para a construgo da vida dos seres humanos. Para 0 fil6sofo alemao Friedrich Nietzsche, os valores morais da cultura ocidental e a metafisica correlata a0 Deus cristéo s4o consequéncias do processo de decadéncia. Contudo, ao mesmo tempo em que Nietzsche critica essa cultura, definindo-a como nillista, defende uma necessaria tresvaloracao de todos os valores. O modelo religioso dessa nova tdbua de valores tem no Deus Dionisio ena cultura tragica importantes referéncias. Pretendemos apresentar nesta comunicacao a interpretacio e 0 significado atribuidos por Nietzsche a0 Deus Dioniso, problematizando a aparente contradicéo com o crucificado, simbolo da moral e metafisica atreladas 20 modelo tradicional socratico-platénico e cristo. Neste sentido, a partir da obra Crepiisculo dos idolos, apresentaremos a critica realizada pelo autor a moral apontada como antinatural, 8 metafisica dualista e a racionalidade socratica, diagnosticadas como responsaveis pela construgio do conceito, Deuse, consequentemente, deuma cultura decadente,nilista, Palavras-chave: Filosofia da Religio - metafisica- nillismo - Deus. CRISTIANISMO E ESFERA PUBLICA Joao Roberto Barros Il (UNISINOS) joaorbarrosll@googlemail.com 0 objetivo com este texto ¢ discorrer sobre o papel que pode ser conferido a0 discurso religioso na esfera publica. E notéria a influéncia que o cristianismo tem uma influéncia preponderante na formagéo desse mundo secular que vivemos hoje. 1ss0 pode ser percebido na formatacao de muitos Estados, como também em leis e prineipios por eles adotados. Em que pese essa influéncia que pode ser defendida legitimamente, a nocdo comum de que vivemos em uma era secular ndo permite a muitos reconhecer o papel que o Cristianismo historicamente exerceu sobre nossa civilizacao_ocidental. Contudo, ha também argumentos de que ndo estamos mais em uma era secular, na qual o religioso deve ser ficar restrito puramente & esfera privada, mas sim em uma era pés-secular, na qual o discurso religioso deve ser reconhecido na esfera publica como legitimo. Ao final e ao cabo, a pergunta fundamental que serd o norte desse texto é: hé lugar para o discurso religioso na esfera piiblica da democracia liberal do Ocidente? aa cong Seer oss do Rago {USO POLITICO DA RELIGIAO E USO RELIGIOSO DA POLITICA: UMA ANALISE ‘A PARTIR DE DUAS INTERPRETACOES EXEMPLARES (MARSi MAQUIAVEL) Prof. Dr.José Luiz Ames (UNIOESTE) profuni2000@yahoo.com. br Podemos descrever 0 uso politico da religido como processo de legitimacao da autoridade politica para a obtencéo do apoio a determinada forma de governo através da utilizagdo da forca moral da religido ea influéncia politica da hierarquia religiosa. Por outro lado, o uso religioso da politica pode ser caracterizado como o emprego por parte da hierarquia eclesidstica do apoio da autoridade politica e de estruturas estatais para perseguir seus proprios interesses ou para ampliar a esfera de influéncia de determinada igrejafreligiao. Em um e outro caso esté em questo a conservacdo de determinado status quo e sido processos que costumam ocorrer simultaneamente. O papel que Marsilio e Maquiavel outorgam & religiao é claramente de uso politico em favor da estabilizacéo da ordem social. Para 0 primeiro, a razao de ser da funcao sacerdotal é contribuir para manter a paz e aordem na comunidade, cuja tarefa nao implica jurisdicéo terrena endo deve emancipar-se do controle politico. Para 0 segundo, a fungao da religido é de cardter normativo: ela ensina a reconhecer e a respeitar as regras politicas a partir do mandamento religioso as quais podem assumir tanto 0 aspecto coercivo exterior da autoridade politica quanto o caréter persuasivo interior da educagio morale civica. Esta formulacéo teérica faz frente a uma pratica corrente de uso religioso da politica em vista da consolidago do poder da Igreja. Este quadro nos leva a duas interrogacées principai como este conifito entre religiao politica repercute nos dias atuais?; a Unica possibilidade da religido é a de ser instrumentum regni (de governantes ou clérigos) ou pode converter-se também num instramentum libertatis? cng rar Fos deel 45 A RELACAO ENTRE A RAZAO E A RELIGIAO NA CULTURA O1 ICIDENT/ PERSPECTIVA DE EMMANUEL LEVINAS fe José Geraldo Estevam (PUC-MG) jigaestevam@yahoo.com.br A razio tal qual foi concebida desde 0 surgimento da filosofia na Grécia ‘Antiga, primou por um conhecimento capaz de sintetizar tudo num conceito. Nesse sentido, todas as outras formas de pensar, foram consideradas secundarias ou até mesmo excluidas de forma violenta na Cultura Ocidental.. © caso da religiéo, por exemplo, que acabou por assumir o discurso dogmético da ontologia, tendo como conseqiiéncia a conceituacdo, inclusive de Deus. Esse artigo tem como objetivo apresentar a critica de Lévinas a esta forma como a razéo adquiriu primazia no Ocidente, relegando 0 outro a0 esquecimento, A proposta levinasiana é a de que a ética ea regio estejam associadas, sendo a ética a nocao original de religiéo. Por sso, a religido deve pautar sua ago pela relaco de responsabilidade para com outro, jé que Deus se manifesta no préximo, na nudez do rosto do outro. : PALAVRAS CHAVE: Razio - religido -ética -responsabilidade-outro. I cenge Slade na ali ELEMENTOS SCHELLINGUIANOS NO ‘NOVO PENSAMENTO! DE FRANZ ROSENZWEIG José Luiz Bueno (Pontificia Universidad Catélica de Valparaiso Chile) jluizb@yahoo.com.br Franz Rosenzweig foi um importante pensador alemao do inicio do século xx {que deixou para trés seu hegelianismo origindrio e enfrentou a derrocada do idealismo, dedicando a fase madura de seu pensamento ao desenvolvimento ‘deum sistema de filosofia que considerasse a singularidade humana em toda sua plenitude existencial. Exatamente pelo fato de ser esta singularidade o elemento fora do sistema de totalidade do idealismo, inapreensivel por este sistema, & que Rosenzweig Ihe atribui peso filos6fico, encontrando no aspecto existencial seu fator mais relevante. A partir da experiéncia factica da existéncia da irredutibilidade um ao outro dos conceitos cléssicos de Mundo, de Homem e de Deus, isto é nao se rendendo aos sistemas cosmolégicos, teologicos e antropolégicos até entéio. preponderantes, Rosenzweig encontra, pela via da experiéncia da existéncia, exatamente a forma de colocar em didlogo estes trés elementos primordiais da realidade, Deus Homem Mundo, j8 nao mais em termos de suas esséncias, mas de suas mdtuas relacbes, como elementos facticamente existentes Esta estruturagéo do pensamento rosenzweiguiano, que Ihe permitiv desenvolver um sistema no qual o didlogo filosofia-teologia era natural € presente 0 tempo todo, tem uma de suas importantes raizes no pensamento maduro de WJ. Schelling, como refereo proprio Rosenzweig. Pretendemos identificar no pensamento de Rosenzweig algumas destas raizes schellinguianas, especialmente no texto O Novo Pensamento , o qual reflete 2 presenca destas na sua obra principal, A Estrela da Redencéo . Os elementos schellingianos presentes na obra de Rosenzweig que nos interessam colocar em destaque, pela sua importéncia para este, s40: 0 elemento existencial, no assimilado pelo sisterna idealista, eas categorias de filosofia negativa e filosofia positiva empregadas pelo iiltimo Schelling tem telagao aos sistemas filoséficos. Procuraremos, assim, identificar a presenca e a importancia destes dois elementos na estrutura do Novo Pensamento de Franz Rosenzweig, cangra Blo de oat de ago a

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