You are on page 1of 22
14 O livro surgiu a partir de nossa experiéneia como Professores em cursos de Letras. No contato com os alt. 10s, sentiamos a necessidade de reagir As concepgdes i. que, muitas vezes sem o devido debate, se cristalivam A Bric Sanbs ¢ nos livros ¢ em nds mesmos. Fomos, entio, redigindo : Low Veen ae ° fextos curtos, que atuavam sobre cada ponto cbscurode. Silene Pers9a ale Olveror fectaclo. Sdo textos que se querem, acimia de tudo, provo- ; cativos, dando margem para a produ de novos textos, __Concebemos este livro como um conjunto de exer- cicios especulatives: modulacées de uma refiexio euja Capitulo ieitos ficcionais finalidade ¢ estimular outros desdobramentos da igo de x, sem temor de seus equivocos ou de suas po- : tencialidades. Este livro é um convite. Um convite para t novos convites ao pensamento. 1. Vozes do texio A linguagem verbal possui duas instancias basicas. Quando falo ou escrevo, estou desempenbando a agdo de falar ou de escrever e, além disso, gerando 0 produ- to de tal ago ~ que & aquilo que se fala ou se escreve, ‘Ao ato produtor de linguagem verbal, & ago de produ- zir enunciados, damos o nome de enunciagdo. Ja 0 pro- F duto, o resultado da emunciagfo, chamamos de enun- ciado. Essas duas instincias sio insepariveis. Nao possivel pensar na existéncia de um enunciado que nao tenha sido gerado por uma enunciagio (seria como ou- vir uma cangdo que nio foi cantada, ou como ler um foi escrito). Do mesmo modo, niio ha co- uma enunciagdo que nfo se faga através de enunciados (seria como imaginar uma voz que, a0 cantar, nao produzisse uma cangao, ou um escritor que, 0 escrever, nao produzisse um texto), Quando realizamos a distingdo entre enunciagio e ‘enunciado, dizer e dito, expresstio e expresso, tornamos gantes, bos beck Bande « OLIVEIAA Gleam Pasdn de. Screito enpe ¢ espace prccecanss ino dogo" Tears dh (uaa Pal: Matha Fontes, 2004 Ys peuser«poievre capita 11 e+ reps @ Gopetounus soyinur op ovafns 0 9 wigquiey iorDo1y SeSejounua ep ojtofns ap woTe ‘oyunuog) eanerier, end soid ens tuo opeunsits ‘opeyuasardar sosorede 2pod stod “tofiewosted 19s-apod wigquiey sopezteu 0 Se “(oqui td 8P spaene myde> sowsno) 1opeiseu op 20a a aPor0d poysip 2 ON ‘SeIS09 sv atu, SEPEINOIOA oes stioBetIOSIad Sep sazoa s¥y -sazoA 2p 0} “MoturoNquut oparyord um ‘eur sory sou ‘ypy opeLIEL © ‘239 ‘apepisonmis ap ‘ape; iSuOyUT ap ‘arqury 2g NOUS senna ‘sef9 anita “ney Zopod ap 10s de ‘tome op 204 v2 opu sopesseu op zon y ‘(01-gnaiosa &P ogbe v aymurs ‘auaou sopertetto anb ‘tigros 4 [3049) 01m 0 onaiososyuotaeanayo wianb 9 ovtt‘onved openreu O ‘soinp ain 9p ‘opungas ou ‘opp. un 3g :08 i 3p anb "mse 4estad38-apo4 “sissy ap opetR od ope “eu osioatun op araengeq 9 wpqure ajo ‘peuoroayy 0; =rofns um 9 ‘opniuoa ‘oqunuog zon ens ap saawiye omp 9 SATEHEY EP 9810] Ov op 9 anb opi "oxai Op top” ~u 0 ‘omtanuag_ 9 no assap 1s.) Teed, 9P 20191 0 {883800 se yp mtde> WOM e na, 99899 rand) geto0 ® optenrepise wong, se9s09 se SuL-ep myde),, anb eunye wane) zoe p oyfafns 0 9 wonb sey unuD O1 SEprrajas sage — oujodso o-ered : 1 - i ‘ "af, No entanto, que é di QUE AS VozeS don; i las cess Soam através de uma outta Noe tae nal ‘ Um dos prineipais t i onjunto. Essa voz, : Fa questio dos ponto: "pla, €8 voz do autor. AerSRedoramas mi. jc toque discute as “visdes” da narrative? Acclassificagao fi proposta por esse ensal ta jf havia sido sugerida por 2. Oolhar de narrative Percy Lubbock’ e distingue trés Pontos de vista possi- {. Veis: visio por detris, visdo com, e visio de fora. A es. “8a classificagao pode ser associada uma outra, dfundi. da por Gérard Genette, que define o narrador segundo sua relagio com a diegese, ou seja, com a hi ar urador heterodiegetico, autodiegético e homodie- » Tem-se, assim, os tr8s tipos basicos de visto ¢ seus narradores correspondentes: 4) Visio por detrés ~ Visio relacionada ao narrador Sobre as personagens. A onis- fosse um demiurgo, pois define e controlatodas as agées, Esse tipo de narrador ¢ encontrado no romance eldssicy Neuticularmente, na narrativa realista do século XIX. , ~ Nessa viso, em geral o narrador 6 heterodiegético, ou nee felala uma histéria & qual éestranho, uma ver que ‘io integra nem integrou, como personagera, o univens diegético em questdo, Predominantemente, exprime ce da Lrceita pessoa e possui uma considerdvel autorida. deem relagao 4 histéria que conta. No exemplo abaixo, extrafdo das primeiras piginas do romance Crime e castigo, de Dostoievski,& possivel observar o modo como o narrador descreve nie apenas chamar de“ da narratiy ela Teoria da Lier tv® MUStHo largamente discutida YOO Gyo id yon ats Pada: @ Literatura ao longo do séoulo XX, {ARG ey And Fa eld a Sede tg ‘GRIT cer eet. Mie ert A expita Fonte g eC FH AY C8460 om gg, SOUR Pn e209 apy asco Sraao BIEL ap od ass0N we BeNOSIod rope vosaud # vj onb wo ‘wossed extaumd wis sere SPANELIBU Sep Bonstra}DeI OBSIA ~ wi99 oEstA, a ei -se ‘9s-opueustaye ‘epetounysip vanoodsrad eum ap anred v ‘straBeuosiad sep seoys}zaroureo @ Sapmyne se as-is -aiosap ‘(ei tg "woLysBO}eUTaUT BAREAAeU e epEroosse awvouinutioa g ‘suadeostad se onb soto s9qes aBaxy onib sopexzea ojad epelnoraa opsi, — e10f ap opsta (0 PABUSUHTE as opt on i uo ep optmiBes 0 e19.98809 ‘obey 8 Sojtauresttad snas $0 ‘Soza4 1 58 ‘onb zo00quodar: ows unBy tua Ondpd roe ee ‘ut 3 atumys09 oF opascopaqo-‘saKiop 60 anya ied tonbjenb eaxvantunr 204 ez rs Pg azonb wos tpg) 2 Bylo e tos Baxiunuteo ant eszaveut 2 9p ‘opna op onuounca imo minu "sostdard steus sowses wed “a omen esl gbersond 9p a}9eds0 bum mouteansegen nk, Outi ap ‘oxsiew 4 ‘ore osormy win oto oSoasod 8 obzig 0 910 aur-opuessed ‘emBassoxd ws ap sagssandxa s9 aymourBAou BIAqOA, "UpROL sarByjo ou-opuvato ‘eye 96503 08 oUOD ‘our v 220 18 our-eanssette 0 Sopap so ‘Ouro ‘ous-easutoy ‘oonod umn o5-vaerounjstp “estoo vane merida weg “osteo op opdendsar vain tio oysox o aut-optrefayeg “tout Ou ety 9 “Sop omy o Bacay ‘waar e Sjmnur‘sodap os-zaeysoong,~ ‘opurewnrxatde 9s-t0y sayaueg “ooteg oUsout on re8ny sot -paytoy,joandoorodunr ossaxford wo ‘exp v exp nowaut» mp e]augatatton ep wronbueyy y epnitassard envedinre ep ‘oqwaumpury 0 2s-niujap “opure® 09 na ‘sgs v somreayorg ‘aonb wa jeworodaaxa ogseonde ap sojwowout saysa amex -np ‘Wiaq sto ‘osita Ou reterpe our ered so-vaRyonaide “ostwosep ap sozeywattiegn Bor sojeAaayu says “erougpnad ‘9p wprpotu eum eo $2051] Sep B7es BU atTEATASUOD -soyoneg wo8euosiod v uoo endjqure ove = : isla}ed so sopoy a ‘ BR 3880 9 odo Segre ee SEIN a “eE9}sTy BP enu20 uraBeuosred omoo serougHadxe seudosd sens se Tye Jar“efas no ‘oonaBarpomne 9 1opeszeW o “Inby sUeIH 'sadesuas 2 sojrouresttad snag “ 2 8 ‘ouLNdsa ap opnys- maquer sew soymnutoysey weBeuosIod v syn ry a alge etemuha ou como Personagem solidaria, , Com a personage pri ; No conto “Notas de Mi aie No gon fanfiedo Ran; , Sérgio Sant Anna, onarrador um jonatise eee 3a agit como testemunha, contud © acesso a verdade da personager 5m, mas fo cheia de lacunas e conttadigdes: SMV Bu ate me tide at Contraditérias e fragmentarias ¢ : mais ficcionais do que 0 esboco X que o esb. romance (que talvez eu venha a esorever). Come bp ou fala, mesmo de fatos ‘eerie ee oe vaste jabranger toda a complexidade de um homem, 1. SMTA, Seg, er eed Seng Ip Hl pce vet dann. J ta 8 cxpitato 1 ‘eiftica A texonomia acima & efetuada por Tzvetan wav em fexto que discute as “visdes” do narradot. i940, Todorov desloca a questo da “ voz”, subatituindo a idéia de unidade de lagdo dos modos e graus de intervengdo do narradot texto? {Umma das formas mais freqiientes dessa intervengo re quando o narrador se enc texto. Em muitos casos, ele no é uma persona- ‘Gomum, mas desempenha o papel de escritor. De quer modo, sendo uma das figuras centrais de toda iva (a outra figura é o narratirio), o narrador po- arecer estrategicamente representado como prota- ie cle mesmo narra ~ou pode simplesmente aparecer mo testemunha discreta, alguém que olha a cena ¢ con- vel para o sujeito dominar a comple: 0s campos do saber, do poder ou di verso de signos sem verdade e sem origem, estariamos indo, entio, A morte do narrador? Se pensamos em {.TowoRY, Tim Etre ee Jad Po Po, Fe Pst Brea ae ‘i 175, capitulo 1+9 tbe 1 2pdos -oudord 0 9 opt royne 0 anb op er9pr e wanwornsnf ou -00 ta} oUIsLyeIB01g Op BsndaI Y “LOIN Op aUOWL, wp oyaiap ou aaidy nas 0} opnyaigos rarz090 rea “o}X0) Op eIWOTIOWE BU TEIpoISE v aS-vssE4 “Zzp OFKD} Nas ayuotearyayo anb o seu ‘2ozyp sinb 1oyne oanb o eodun, OBN ‘StIAn[ed to wzzaI9U09 9¢ JwNb ofad opoat o ‘fenjxa, oSedso ou waisos vyUeS aquoUsyeas GeduaIT wss9 OUFOD seta ‘Jom op ogsuatur & 9 Ogu essazayun anb o anb seswad 1 a5-288eq ‘Salo b SoroTIarxa Sopep s0 tti09 an op ‘soma, ur soysadse snas ‘so7xa) Sop eutioy-e too sreur WeAwdno -oaxd 98 ‘worpa auoU 0 outos ‘anb ‘asifeUe op sorpeof soqtiausoa sv wloa “XX 0[N99s op sepEa9p searawd sep siyidd'é seonpo semp rays” nossed owstpenH019 O -rome oped ‘epeziqvapr opis ex1oy anb wjanbe g exiaueau esse 9 ‘ta] ap ya.ioo eMaueur eum zy anb ‘unsse ‘sowodnssaig “eye -01q ens wragduros anb sagsemoyut sea wSuasax wns soit Pon ‘SO}TOW SalOILI9S9 ap 0829 ON “kIGO Ep SOqLUTTA opSdaoas ap Burtog v sTuLJap ap apeprfiqasuddsat & ‘feioy nv ojoupysur vam ‘soumguye anb urejaaou onb seyun. qiszp sinb ‘eyzesap sou anb orxa) tum souray opuenb ‘urna “eprpemytp aiueyseg 7 epmne opSdaou0s wssy 10 3 e znpardar 07x9} opo} anb ap ‘epta 8 apt ¥ agdnesoxd owstye12019 noua. wonb ap *; epta zjad sepeuorarodaid seysodsar se woo oyxay op 5305 arn apr woFensiny op Sopeugw a saiay — sepnin <= 19704 Se stpo1 enb we soquauteznig a sondoous aparoy z PfRs eysodsax v zonyey ‘opmquoy “ws Sounjosqe 1oqes 0 9 afoRu00 o war 1 emnyto> «94 -0004 108 Spod ‘6 anb opdeoijiudis @ 2 twa_eutBed tum ep1es 0}x9} Q “Sopyuss ap sopvop mH ap 6 tiles jaded hag ‘assoptoque wteq onb opbe ‘oFxa ow ‘eGioxtta vprapod 10y191 (“3 ition op opepranialans: vp opsaford wrout euuin ouroD BGO 8 Tested a ap OOStE (af Op BAISS9axe OBSEZUOTEA B ‘OruEIUI ON -soponstyos 2 soxojdutoo syeuu eanata] ap sopous opursains ‘owtayeS0P: coniexto de recepeo, Todo texto pressupde 0 gesto de sctita co de leitura, O sentido néo est em um tinico lu- «gar nfo esta intengo autoral, nos dados imanentes "Ga linguagem, item no olhar puramente subjetivo do k “sor. O3 sentidos esto sempre em circulagio, em transi os trés espacos. A significagao é um processo, no qual .ntram em constante didlogo gestos de concepgao, rea~ zagiio e reconfiguracao. Uma outta perspectiva 4 propria pessoa do autor o interessanie é consider s rar que “onstitui, também, ws deers Escapei ao agregado, escapei a minha mie néo indo ‘a0 quarto dela, mas ndo escapei a mim mesmo. Corri ao 5: meu quarto, ¢ entrei atrds de mim, Bu falava-me, ex per- -.+ Seguia-me, eu atirava-me A cama, erolava comigo, e cho ‘rava, ¢ abafava os solugos com a ponta do lengol. Jurei nao ir ver Capitu aquela tarde, nem nunca mais, ¢ fazer- jd ordenado, diante dela, me pediria perdio, ‘mas eu, fiio e sereno, nfo teria mais que desprezo, muito desprezo; voltava-Ihe as costas, Chamava-Ihe perversa. ‘Duas vezes dei por mim mordendo os dentes, como se a tivesse entre eles.” fias, fotos em revis- Um texto que é . Pode ser insti- sobretudo na *gias de mar- transforma =,"No trecho acima, parte do capitulo “O desespero”, do romance Dom Casmurro, ida 3 texto, lator 0 dor~sujeito da enunciagio ~€ Bentinho. Esse narrador, a : O pensamento mais di ; mers - culado a bm ertosoeeeum texto que 80 esteavin, 'e produsdo e também a 2 q um, HSB tote De ol to oe ey sl Veep ; 1a pc pe mphuneRY MAREN SH saroyfa] Soxyno onb zesuod as e saa] apod ‘opsezuemnoy =~ -red opureqqued ‘onb vssa 9 winSly and {e0ayuoo aytanmeay -ayo ajo aub wigndye ‘ens wBrure eum y Leowyfoodsa wrades -sed wssou ‘ounuisog moc ep JOpRITEU 0 aBip 95 wien ¥ o.cOlns op Opnus na ‘eptranb ‘oss; edey OBN ‘ouisiqe: uum sowrestaq anb 290A ob ‘sessaad se of-pys9y 1onb ‘Ofer ap esjea 2 ured WIo]UO op BUTWEALD Up JesUROSEp ap uN o ulod omy] 3159 nage a wBrure eUtUE 9 anb “en Y,, 20119] 220A eect i “soumsat SoU ap seagexrey{ “sofasap Sossot ap stoagynur sags ‘quv20u) 9s aonb sereasptu ‘sepefouazayip SeyOOUy OBS SOIT -ns ste], “(OHOpepIsA ap 9 OSTRJ op Soyf2dU09 so BIEL anib ommury op ogstiadsns op seut “apepisyes ap ourug ett ogsorg anb optierqura!) sroworaoyf" ‘ops onb uns seu ‘sospnf ops — sejay sessoU wo 9 s03U91 -estiad sossou wre, soweL9 onb somuseur sgu ap suoSetL se otuseU! no — svijesBorqayne sep 2 SOLyIp sop s -ns so onb ‘oytrequa on ‘tozIp apuayaid 98 OBN TOP -01091] soTuAv OUdosd nos opurgrys ‘erTpNUOD ORM: _aeysode OBA $01N94 SONTAG +9 99 OUI ‘nafs un dvjuasorde fangssod 10s opueypaoe ‘ovSeimt 18 Jo) 3eBoU HTEyUDy Sopa} $0}709 onb 9 LOUOIOHEP V tata, Win OpUnpr ‘noyso OBN g[euoTD91j oyfofs win opuima|suoD noIse OF {outsout wut ap reaford ofesap onb suosteurt se O10} -ajas opt “198 epuajaid na anb oysouoy steut 10d “wigesa toutoo aiaureuussaoat weras opt sn “PepIoHdnp & woo xeFOF as ap sap RH 98-2359 opFofas XT o8 18 ap se}ey oy 22 Onfalns 0 anb es FTP oyoan Gg — “ovsetoossip essa zmpord otusoms ven “wataFar epOH nb omvjo wxzap ope ono, um ow09 , UM U9 Bigopsop oe Sd ak an wigqury vey ‘eanenseU ep aynaae aie ee FopeIne 9 opmosiod oynnuog o 9 anf me He f “, in Eure 9 “eureo @ wiandpe wine 9 > asiod anb ou 279M 09 anb ‘no, opundos win fopuresnen OuUDUAg 9 onb i wauid wn ey «eure 3,0 Pa ‘UES OUE-eABE no “our cine ean ZIP 88 Oputendy wwoSeudsied ep op UMNO amu wag apaaeee ee PP sed By si89]9 ata inssarg ‘sopzop UEISIP apuers veal PH nb Staats 2 qupaog *,sna, ap ‘od se seperojd ” a PU 0254 Bp sope; stop sou woojoa 9s eStariam, €xclufdos do Comentario de Bentinho? g, através desse 3 ecu ; Somers2 Com seus etoreg) oT Machado de is A mesma tendéncia de confundir aut to: Este texto, por exemplo, que voeé esti tendo ago- este momento, Nao sei quem voo8 é, mas eu escrevo fa vocé. Quando digo vocé, porém, estou falando de Pode ser obsery, for e nan Lato. O terme ae Aue diz respeito a leitor e haa i imagem, de um interlocutor que tento atingir com jeit 2Aario foi c i a: Voce é meu leitor, al lta Jeito para que, ‘unhado para des juilo que escrevo. Voc é meu leitor, alguém simulta Curso, Serpe "22, aquele a quem se di ‘iéamente concreto e abstrato, que ao mesmo ‘tempo cor- sponde e foge a0 meu desejo de didlogo. De maneira Ne que escrevenn, q 108 um bind a alguém, Pressupondo a e Mesmo que posen Ey Semnelhante, quando vocé Ié ev, voc8 nfo sabe quem fa- fae 8 cria, a partir do texto, uma imagem daquele que ‘Teve, uma imagem desse ev, B possivel perceber, por , através de elementos da prépria linguagem es- jlhida aqui, que este livro nao foi escrito para pessoas Nendo gostam de literatura, ou para pessoas que espe- Mensa ses, eran ee ‘uma abordagem teérica mais técnica, O natrativio Ieitor. te texto é alguém interessado em se iniciar no exer- Vocé compreen, 70 especulativo das questées literérias este 0 voce do o leit Som quem. doso~ . a, foi explicitar 0 leitor pressuposto eitor Construido, or Meu texto— explicitar vocé, No caso de textos fiecio- © natratério. De BAIS, tal mecanismo de pressuposicfo pode ser ampla- © autor real de ‘thente utilizado. E possivel brincar com 0 leitor ficcio- aparece transfi 431, simolando a presena do leitor,simulando o prdprio favos, ou seja Doder de interferéncia que o leitor tem sobre 0 texto. No come 6 na tho de Dom Casmurro, sabemos que a nalizagaig " € uma ficgao, uma estratégia utilizada para marcar Tizasio do ima “mudanga de rumo” na narrativa. Ao se criar um. Ne leitorinsatiseito, que ameaca fecharo livre, incorpora-se lum olhar critico aos movimentos do narrador. Ao afin. m0 escritor saby de ‘abe, exatam, le seus "0S. Por outro lad, seme quem em mente 0 fats de teu Wettor~o narratévig = €oleitor S€ escreye tendo-s We havers um leitor. Bessa idea a ‘We podemos detectarem ualquer ar sua vontade de agradar, o narrador deixa claro o tanto imagina estar perturbando 0 leitor. O pacto de Confianga com o interlocutor no. esconde o quanto é im- Portante, na obra machadiana, a intengo de deslocar as 20-capiuda » capitate 124 ets tos ped “vorun eArxoyor apepyuapr eum e Op 2 essed oueumy 198 0 “‘votugoodonue OBstA v tod oy” austtgierec ‘Tedury earmufoo apepaa owoo 198 0 wotg -tyenb onb eraugrosaoo wsso gf euetsauma MUHXyUN @ EME ojtogs op snred e opmyangos 9 ‘ommouatoseuay 0 110) “apopiuouny ens v ‘aqtaunyexa “9 anb — opsypudd Sout wun ap weysop SOLAN S128 S0 SOPOY, (sndCf -uerad sren8 ops strowroy s0) ayreztfesiaazum vasjoodars ped) epeznemnonred eanoadsiad eum ap seuade oga opig™ —--o0u00 elas 198 epe9 onb Oo 2ey apeprTEuMYy ap BISpiK “Y ‘soumuiny sa198 OW1OD $9198 Sop Te[ey & as-essed -aydso opsttoup TaapSour eum 298 ov as-Inquay “RO: 12 opeBare wysnnetumy oyuourelsdard opi ossad ap og6ou wp RIowgrasuod e as-wOtyIsta ‘guOHaz2O OID OpUsd9]Z1I0F as TRA Bossad ap. -ap 9 sowfaup ynssod anb urgnde :s17od up oppepio wit -09 198 0 as-aqpot109 “eunyqno ESSON “eUNNe|-09878 w ‘ui ax1000 wossad ap eo1prtnf exapr ep oynatmn ins O) ssad on @ ee no 195 #f anb joded wn ap opsezrpenyvas e‘st0d ‘9 ‘2ouig}iod 9 an v odns® ou opstmny vaun edno0 28 6 pou ouisout op awiow win as-vdnag‘JoayayscUnt Fomiytes «ee EAs sapepo!oos sayy mmol onb 2 y008 opdnusuoo vatng vossed span nb mange stay wii emdyeanenses pee is ap ovSafoud ap ‘sazojea 3p ops xen ~uloo syeur opi Osssoozd umn Ey “oor cere: Sane spuodsaxi09 opw ‘aloy ‘nossad rod Soitap on » O ‘Teayitea 9 eueumy eossad ap opsou ap con ‘reessay ojueyodean 3 wostodop onbdoonenn oe Plow onton putz atoiode musporoeben Sol eaz cpu on sourentoouo ab sai08 soe ojueey nO stout ‘ajuaourAno9 souaw no stot le Sou aped opSo1 ap unBeuosied ea vung vont SPIE woMDLFL OWE aeatge eee ee ¥ toewostad op no zopeareu ap vjay a5 purr otsad ep soigpi-9 9p oxsepowtooe v2 oustiopeato “SOLO sonnet = Hopearast ! Peuors91 eurzoy — 100 © sezn,ewargoxd op ‘opouigout o NB 3e6Te0r ap “Wag 9p ogssituqns syuarede y -3f won weur Bum 9 oyun b ap Seanejoadys mamentos divi- hos ¢ de exercer plenamente sua autonomia — autonomia Gue, através do saber cientifico, coloca o proprio homem. na condugao do seu destino. Nos dias atuais, vivemos ainda sob o impétio do indi- vidualismo. Porém, a crenga no poder infinito do homem Jando existe, Desde a virada do século XIX para 0 XX, © ser humano vei assistindo ao lento processo de fiagi- icam em praticas sociais concretas ~ vieram desesta- izar o império do individuo. A ago do homem se v8 Condicionada por fatores socioeconémicos, como aponta © Marxismo; o homem esta submetido a seu i ‘€, como sugere a Psicaniilise; subjugado a linguagem, como indica a Lingiistica; subordinado as determina. ‘Ges culturais, como ressalta a Antropologia. A idéia de Que 0 homem poderia atingir um saber pleno sobre o uni verso e sobre si mesmo é substituida pela impressio de que a Verdade ¢ sempre uma forma proviséria de inter- Pretacdo. O homem uno, indivisivel, senhor de sua iden- Uidade, ¢ substituido pelo homem miiltplo, fragmentado, que no sabe exatamente quem é. A idéia de pessoa depende, portanto, nario soci tia dife~ ente de pessoa, é de se esperar que tal diversidade se expresse nos textos que as sociedades produzem. Em fun- S#o disso, encontramos, nos textos literdtios de cada épo- cae cultura, variagdes nos modos. de conceber e de arti- cular os sujeitos ficcionais, Para distintas concepdes de 24 capita 1 é encontramos distintas idéias a respeito do que 30, for, uma personagem, um narrador. Se penso ous ‘Quem é que pensa ou sente. ‘Sou somente o lugar ‘Onde se sente ou pensa. “Tenho mais almas que urna. HA mais cus do que eu mesmo. Existo todavia Indiferente a todos. Fago-os calar: eu falo. Os impulsos cruzados nto ou nao sinto Disputam em quem sou. Ignoro-os.Nada ditam A quem me sei: cu 'screvo.' : aaa os Esse poema de Ricardo Reis — beeronime de tied ‘fando Pessoa —expressa a complexidade emo ene AUS: flexao sobre o sujeito. Trata-se de uma po! ee em questo a pretensa unidade do sujeito. ae ento dessa unidade acaba por desembocarn2 co me » ei ficional do ew, consciéncia que pressupée o SED como construgio imaginaria, como fog. Eu eu ae edor de pose, lugar de processamento de s* Somente o lugar / onde se sente ou pensa. 2p 1. PSA ead, api Ride oo: Har cxpltale 1625 ds opis 844 aan ou op 7. eps ie pen eum Fa SDNY #1 ing aap seg ea PUNO ONL I OY TL ‘py190 “ojdauaxo sod “enssod onb o8]e wa souresued ‘tas tum souremfet opueng) eo wss0u Fopunt o viou9r aya oW109 uray anb onaiufsaqooas wn aodnssord ‘saras 0 aqua ap oport oss0u 0 09 sroateaoo seonstzy peat ap unfuoo win agdnssaxd waBeuosiod ¢ 98 unt bP upvioosse fins oy “wo8etiosiad ap ogmiujap euidgrd _p at199 out yyso oxopesad O {98 euoID914 O88 opod out Supseaaot 9 opt ‘nfas offs anb wed soobedepur sojuind -98 sv eyrosns stod “[zxopered 9 ‘oytreita ott “orta0u09 To, Soyf op Jas um owtoe ueBeuostod muryop as-apoa a “sogSeioo sopMUT OU] NE, a ~ = ssoduné 3p orary euunye ow09 NO joonod sas ap ogsouy vyood sya a0s 30d 3 ius assop setogy se oxgos op} HURT -euianxa ofojoroxe thn 9p sane ‘ouyUTseun nas 2 OF ooy-oad one[d wn uno “eIsTxa syuoUEANFO OND + ee ropmdes «oy SuyPow 9 earayor osuoo wun “opmyaiqos “a ‘oRsoly wun ead 2d 20 28-em0) vossog “soxoeqnUuIs ap riompond re “mnbeu vin ‘ogsejron wo susSeuosiod sod sab oyuad 9 euwossad opda1y y “oysoz um e atotiar sod sanbyenb yy oe “arsnquna ‘wpqurey oy opbe|muns eoun25-tonat (otsout-9j2—wossag op Fed) enuTowo etsdord w eanoodstad vss gog "111080 ep ooyad 01 1018-on.9fns op oBS:puoD ~ ,eL20I8, ep 9 yuan OUFOSUOD F OWNS EStTEAE woBessedeaqn v vzije “MEH No sesnye}29-se10peL op atigs exam oneal Bossed optetieg) eiougzn ep osopmes 2 oad, -Sou 19$ un “ode ap oreary) eying ‘optop onary 289 wm (Siay opseary) o010959 OOISSe}O0au tm ‘(ona ouaqry) oottoong ansow win 9 ars “fear aquaur 194 urnnuaM 9 san tamyuat9 Seat so vossag opueiag you 1s 0p ovSypu09 & euaoua an ‘cone fy SEIOSPUL 9p ORSeLI5 ~remuor “91941 9 OpenUaO;Ne a ooonjUN OalAs OF n ~2}o ered vossog opueway sod opeuosta asia, 62+ 1 opndo9 aeaord Joy ‘opeprxa|dutoo ap nev 10reuet wn mentesaide sua8euostad se anb wio 9 ‘vo1Zojoorsd sieu a Posy Susu as-eu10} ope v onb we ‘erouguodun eonod ®P Sopaius 10d ‘saynejoquituu sagde ap sopeaysar ‘sean ~Pwonbse oyinen suieuosiad 10d sopeorod ‘sopeardun09 Sopsua so niransqns anb ovseuntoysuen euin “TAX o1no98 op sured wv ‘eanoy anb 9 ‘wsoad we seanenied SULICY Sep o]UaUUTAyoATESap OU “e}e}SUOD as anb — nUas wazes—sva/Bo] sex]no v ORSefar WO Had v svlougaoyut ounsaut yenb v opund 88 “eotyroadso vor} eum ‘exidoud viougre09 wun aAfor ~nasep anb o seu ‘jear 0 woo oproared opunu win v1 onb ajanby oyuaurerressooau 9 ogu [rUNSsO1a4 OFX) LI 04 “xa} LUM 9p vueYTIUNTSsOraA v UTUUO}p onb 9— wduDIaIID © 9 BSuBYTatUaS ¥ ‘o}LoUTEqUENsD 1O}OA 0 9 OOUEIOOYL "0201 10}9A 0 ~ sazo}aA slop sasse annua O1QHINba ©) i 29S-o8t op senojwoy seu eysuen anb Jas tin wuld HUBIO seiSoyenso seaow seu is “Ruut as renb ou ossaoo.d win ap opeyusar o 9 wroSeuos wostad sep ovdnsuo9 v seu: sed eee © ted y -soqwopusaidins a seystaoudun sergpt ‘los op srew ~o1DUaAtIOD Selapr sessoU sp ‘ueIOOSse os amb a OMtate [Our OU BuO} B tA apod woSeuosrad y ‘v-opuezneutayqord “S-opaeursoyap ‘ousdoouoo wssou segSenea 11znpontt op 70d tI 325 ap pensn Ogsdaoudo essou sod epepfouroptout ~PeIdwioo 9 opt wePeuosiad Y ‘seSuareyIp sep OW SOtit ~Bnouod 9 seSuetyjouigs sep omar op sowes ‘uraBeuostod Pain ep jeuorsoyy saqpIv9 ou SouTEsuad opwrenb ‘w910q “(@1dutoxo 10d ‘1e]2y ap no aesuad ap SpeproRdvo ¥ — sourssayuiod onb sores Sozno ap seats} ~a10bIeo Bla B SoUNMGINE 9s OJaoxo “fos WN 9 BSaUt EU anb zeqoe soureumysoa ou) opdonzn ap apupiqissod ePeUTULLa}ap 2 (198 wn operapIsuod 19s ersapod ozsuEd -X0 BuUOD UA SPS WIN) DIOWPISWOD L199 “(19s tH OLKIOD 7 PPLOLISS¥[O PIAS aUOWUTTOLJIP O"SE[a}SUOD wu) apopruN Pee ee eae 0089 © stu ‘onrafns ov owrapxa ossaarun um 9p vanatgo ovbt0s9p v stew opu eUisop ousyvay waned e ono “198 OD Owrstyeox, ap o1oadsa eum ay SOP [¥10) ovddaoied ® Blougtasuos ap oxny Suofleuosiad sens ap sofasap 9 sa ~tad sop wuoupenuos 9 "RUOIOOIp eno wen erlenuog anb oytomesuad ass “sagdipemuog a s09 ~onbe ~ svonafsa suafieuosied sep ¢ S0Sen 10d sopeoret ‘semen aset S88 onb ~ seueyd suaSeuosiad se onsui “Sep vsomey ep oyrouniins op ona ai 10 SaLIO oupredns sod Ip anb opseoiy1s opdeunojsuen a noite que a gente perdeu 0 bote em Algeciras o vvigia indo por ali sereno com a Jantemia dele e oh aquela -menda torcente profunda oh ¢ o mar omar carmesim as vezes como fogo e os poentes gloriosos cas figueiras nos jardins da Alameda sim e as ruazinbias esq sas rosas ¢ azuis © amarelas € 0s rosais ¢ 0s jasmins e ge- se cactos ¢ Gibraltar cu mocinha onde eu era uma cabeleira como as garotas andaluzas costumavam ou de- vo usar uma vermelha sim e como ele me beijou contraa :muralha niotirisca e eu pensei tio bem pedir de novo simn ce entdo ele me pediu quereria eu sim dizer sim minha flor da montanhia e priineiro eu pus os meus biagos em torno dele sim eeu puxei ele pra baixo pra mim para ele poder sentir meus peitos todos perfume sim o coragao dele batia como loucoe sim eu disse sim eu quero Sins." ‘A obra monumental desses ¢ outros escritores de- monstrow o fiacasso da tentativa de usar a literatura co- mo reprodugo do espago do ser, exatamente por deixar nitido que o serniio é uma substéncia, algo que possa ser apreendido na sua totalidade, Constata-sé, na literatura’atual, que a idéia de pro: _fundidade das personagens perdeu a primazia. Sobretudo ‘porque se reconhéce que toda personagemn esta subordi- nada 4 voz. do narrador, ¢ uma miragem projetada pelo olhar daquele que narra. A liferatura contemporanea ten- de a explorat 0 fato’de que a personagem literdria um produto puramente verbal, uit’ser de papel a quem 0 narrador pode brincar de conceder autonomia, Nesse 1, mn in esos, oer Ga aso, 1p 8, 30+ capitulo J No prdlogo do livro Confissdes de Ralfo, de Sérgio Sant’ Anna, é possivel observar a consciéncia que Ral- , ¢ narrador-protagonista, possui de sua condigio fic- insatisfeito com a minha hist entiio ¢ também insatisfeito como mei rovivelewedi xno futuro, resolvi transformar-me em outro homem; tor~ _ name personagem. Alguém que, embora nfo desprezan- =! -do as sortes ¢ azares do acaso, escolhesse e se incorpo- "Tasse.a um destino imagindrio, para ent documents . Imagens do narrador 'G. O notrador do tradigdo oral Em seu famoso ensaio sobre o narrador, o filésofo ‘Walter Benjamin, além de preocupar-se em refletir sobre % a narrativa enquanto fonte de experigneia transmitida oralmente, de geragao a geragGo, analisa os indicios que culminam naguilo que chama de “morte da narrativa”™ Quiais Setiarit as Causas desse Obito? Uma hipétese ETA San. Cisse ly hal gh, Rd a: as A We aj yop nk Spa re Se Bry, Stns Crd eerste HP capita 1 +31 ‘nied o apuo axed pa 9] sogsip 80 sep giosap wionb 9 ‘epuesouaa opbypan wun g -sarqeo stias tuo yexof unde ‘ouisouro 9 onb ieuoo e-nyano no saine v-noy oujaA oxar] op ome 0 F‘OMJoA ops OA] ‘uinu I] 8 onbrod 9 ‘oquoo v ag {se\sap sestoo 1eyUIAUL YO 198 opod ogy, :unyy ou wep aurogU ‘qeasig{ ap s0Muas “sador] oF01C| 9p ‘BtroySIY v To-son-zeyUO9 9 “uuyUH ap 9d oB sont wiaq ‘Te ‘ov ibe soa-reyuasse ‘spucyeg op serfadon wo wen sepa od souspe wi urom ‘sexmuq to sopaio opt nb S0 50, / soueynoxoyy oxpuexoyy.~ ap ‘.21quo-op-gd eureG,, 0}t100 ou 11090 OULOD ‘s1eIO seanjezieu sep ojepout ou opendsu: apeprrejduraxe ap ‘Toqpre9 0 euasarde XTX O]nogs op emNyEIO}!] BP UB ~o1d vp vor89] ejad opemfar ogu epmte‘o, urn wiod o7e|u09 0 retadnoar op ofesap O 7 Jaqpared joayssod 9 ‘je10 ovbipeyy op vArUTIEU v 2190: ouvjUIUE Lite EHO Op aseq BN ‘oBSeoTUNUIOD ap [eUEsar Je BULIOT LUI soLidord saja wWraTyNSUOD SoRsaIIE Op OLN ‘un wa woosazoy anb sorejar sassa anb zeas9sqo arumyiods: 01 9 ‘onyuapas 2operjeqes) ofa opryjovor‘owSIpU EP ‘opessed op opunyio soqes ov as-eyunf — sajueystp se129) two epeysinbuoo ~ squvfera op erouguradxa v ‘selioy se} @ Salva} Sop OUNL ON “seAHELIEU UIE WIgQUAE) ‘SUID: “Wo sens wo ‘ond ‘steAatpaut sogsarze Sop Ov OpelOosse | 498 opod sajuefera sop 9 sasauodures sop roqes O ‘SeANROLIUBIS STeU SaqLOT sens op BUM Oli 09 opsipen # wo} anb vanenieu wlepea ap a1agdso Balt Wea ‘seargny sagdez8 sv ered oprtusuen v a soyzar op BU: Fonnytoo e 8, 990" pen sp os OH 10} wo vrougtiadxo v wziueSr0 “e139} ens ap ses BOUL twas ‘anb ‘ougmtopas squodurea 0 9 odn, opunos ,OPEpETTARM @ BIO}TEU ap O10YO “OT, -gid urowoy um ‘vrouguiodxa epeuen 9 apuras ap wawoy, an 9 vI9ssiPC vp LoxEY O “SaHTEALGET SNas SOnEIOSe OW opwaptaa no opuersesseut ‘eI9AL opjnsap 9 opeanbes ‘opejsinbuos 12} ap stodap ‘enyd g ousoyar ou vyuodut9 ‘9g anb io Sous Zap So oyiTeINp SepIALA SBMyUAAE BIEIAU SOS -stjg_ ‘oretio gy oBaiS op egdoda ep we8enosiad ‘sossti7, We O[apow! Nas eNUODUA ‘re}UO9 arb o O}NUT WO} OSST sod a vfeta anb ajanbe ‘topenseu ap ody owsumd Q sopeplnoey se sepoy ap vardg sreur v ultue fitag sod epeseprsuod “elt -uiour ep ansed v ‘efos no ‘ouguadxe ep nied ® wet -reu soqury “squodtuvo o 9 aytrefeta o :res3eu ap aye ep 9 Je10 ropenwu op seorwore saySemuosarcas sp eNO! ogwoye ojosoyyy o “eaneszet ep o1:0ur ep 3e1eN OY copdiyiqun steur zo epeo eyuasarde 9s anb opunut ‘un ap 9 epi etn op apeprxaydiuiod @ eydvo eanessen eng “30}-gqo0a1 sonb owisour watt ‘soujasuoo sep v ogdord as ogt 9[2 :[e1908 odnud nos op ¥ no wloughiadyxe ens v FETE] -21 oanalqo ourod toy ou 9 “attautepEjost 2xdz080 B19 -rewior o ‘tejdunaxe 9 BLIEATTAN oysuaTUp B eyTussox SEIU 2 Seugysit{ ap jeuasre wa vrougiradxe e1idoad wns Um0y -sueny onb “orenmurefuoq Jopernéx op o1sgnu09 Oy supurosaid pop opuepod ‘u10 oNSIpeN e WOS SoTmOUJA 1909199" “89 Ovt 9 aotEUHOL Op SeOT|sHIayoRIED Sep BLU) “OPEIGA|ED stew! ompoid 09 soueutos o jenb wp ‘wsuardu apmerd ep ojtoundms ov spuautperouossa ejnouia as sub v 9 ayuessal Juro-vos que, se me negais esta certissima hist6ria, sois dez vezes mais descridos do que S. Tomé antes de ser grande santo. Endo sei sc eu estarei de dnimo de per- b. Onatradoreditor A figura do narrador-editor, muito utilizada pela literatura romantica, liga-se a uma determinada fungao narrativa: a que se refere & problematizagdo da produ- gio ficcional ¢ de seu correlato, ‘Um dos papéis do editor € ser o responsavel pela organizagao de um certo conjunto de textos. Normal- mente, 0 editor expée as raziies da publicag&o desse ma- terial em um prologo, que funciona, entdo, como instru- mento de persuasto, a medida que preteide estabelecer com o leitor um jogo de verossimilhanga. Muitas vezes o editor deciara reproduzir escrupulosamente um manus- crito encontrado em algum recanto perdido ou recebido em confianga. Também é comum o editor recolher um relato oral, salvando-o, dessa forma, do esquecimento, O escritor portugués Camilo Casté16 Branco é um mestre esses artificios. Nas suas Memérias de Guilher- ‘do Amaral, por exemplo, 0 editor € 0 responsavel pe- la publicagao de um manuscrito que The chega as miios aps a niorte, termediago do editor que o leitor tem acesso ao texto. Descrevendo e organizando o material fortiecido por Er- nesto Pinheiro, que o recebera do Baro de Amares, que 1S HEA Aeneas ative Ls re ic 5 34+ capitulo 7 daquele que o escrevera, B através da in- 1 por sua vez o encontrara _, Por veto enconrara ent os pertncss do faecido a hist6ria intermitente de seu préprio romance O livro, constituido pelas memsrias propriamente ditas e por diversos documentos, softe a interferéncia do K narrador-editor, na forma de comentérios freqiientes, ‘Tem-se assim produzida, por uma voz independente do enredo, uma reflexdo que pode constituir uma outra his- “storia, alternativa a de Guilherme do Amaral: aquela que se interroga sobre a escrta e sobre o lugar do sueito na cesorita. Bssa interrogagio se da através de determinados sujeitos que aparecem na natrativa mas no pertencem qual uma historia existe ¢ mela atuam personagens que, pertencendo ao réinarice? nfo pertencem ao texto das memirias referidas pelo Assim sendo, é possivel dizer que o préprio texto : ‘a uma forma de consciéncia sobre o que é a nar- + Tativa, jogando coms fronteiras entre enredo e romance, propondo contigilidades inesperadas entre ambos, m ‘trando que, se qualquer texto comporta “excedénci: ne a sua propria historia, hd textos para os organizagio dessas encii » bém, matéria romanesca. aon = r Atehte-se para 0 Capitulo intioditétio de Meniérias’ 7 Gu rerme do Amaral, formado por dois fragmentos ia ° Primeiro, escrito por Guilherme do Amaral, . sm lo —uma carta andnima—que se sabe, depois, de Virginia. A seqiiéncia entre ambos os fiagmentos écr 7 a Belo narrador-editor, que usa o nome de Cami oC ICO, € que escreys : Miro associando os doistexton, SOME A Fangio de regéncia ¢ de intermediagBo que com- Resse caso, que 0 editor sel determinados trechos: i in escro, ini hum efteuo de grinalds: VE Storeease guts, que vn po le mais vago devaneio, e-clareza que este pen no sentido deste livro, Outras, , poderiam prejudicar a fugacidade ero de escritura requer.® Nao obstant te esse tipo de n: encontrado na ficpo romantica, hy Desdeinptone se utilizam de procedim aarrador modaliza 9. um s6 ato. Ha, sobretud i aati HA sbe do, A necessidade de problemati- Gibney tar: Tal problematizagao desvenda a band fazer literério como jogo, e expde a atitude 7 eae # que 0 narrador assume em relagio a si proprio ¢ © Onariador pesquisadordeletive Haum tipo de narrativa — caes malditos. de Arquelan, Tei escorts de Isaias Possouti— que apre- ase esac 9 Gla. enki nw sb Rak Pee, 612) 36 capi 1 FE yenta o narrador como um detetive que recolhe pistas a jim de desvendar mistérios. Semelhante a um profeta de ‘ollios voltados para o passado, cle busca decifrar as mo- ivagbes de determinado acontecimento. 'A figura do detetive aparece normalmente associa- da a razdo — uma razdo que se pretende indubitavel € 2 todo-poderosa. Contudo, apesar de estar freqiientemen- jgado & idéia de raciocinio ci ‘apenas um frio her6i racional. Ble tem uma paixo —a ‘Nessas narrativas, a figura do detetive confunde-se * coma do pesquisador. Pera ambos, a leitura de pistas € n método de decifrago. O enigma é um estimulo a0 sxercicio da angiicia e da inteligéncia. Esse narrador, 20 xesmé tempo pesquisador e detetive, transforma-se, en- fio, em um leitor infatigavel. Para o detetive, o crime uma charada que € imprescindivel decifrar. Da decifra- fio resulta a alegria da descoberta de uma pretensa ver dade, o alivio em saber como as coisas “realmente” acon- teceram. Significativamente, essa verdade nunca é posta 1)” em causa: ela é um valor absoluto. O pesquisador, mais do que um mero detector da “verdade”, é também joga- dor, inventor de uma série de possibilidades que podem vir'a ser verdadeiras. De modo coincidente, detetive ¢ ‘pesquisador buscam, a cada passo, confirmar sua teoria, ‘Em Aqueles cées malditos de Arquelaw, a trama gi- ra em torno de cinco pesquisadores do Instituto Gal sediado em Mildo, que casualmente encontram, em uma villa abandonada, o fragmento de um velho manuscrito de Virgflio. O manuscrito é somente a ponta de um ice- berg, 0 pretexto que faz surgir 0 onigma. Hé um crime gue foi cometido em um pasado remoto. Esse pasado "amastioosapjatnunstos ‘pum owios opuevoroung 3 dime ojdnp win opunies o8v onb uonsed iF younoos fe sproor ze 3 APEC A — ebuax oa ansad ay ab OFyN!| OSINO = ian i np 5 omay umn arduzas 9 anb ~ 3011817 <3 me peor omouoen ar os soga Ee RB © wusosarae opEtaa] Josip WN B OSIMOSIP NOS coms opnt) opp od OATS REL op ajudssaout opSer0qz{99% UP os oo nod a um ‘9p ropeso/S sajdurs umn 2 opt aor ameaur ov anainsa 2 arab ajmbb2 9 xsid0 °, eed -eyntoso eyo BLUM BN TeUIO} ap OBSUTY unt saxo — onfay yf oB[e ap SOT So apuadxe o IU oe Eas eae 6 qenb eu 7}207d.08 Sop TeAs!pOUr OBSIP; & ‘acumen ‘eqstdoo © -essidoa-topeused op emBLy Sakon ur 20[0svoupiodni6s euaEsa V 9 opny, ‘sapepiaA oonod parenten eudoud v ‘soodeyy a anzeP O90 svoj op ogg Twa asa wp oso oes © wean an Sonn 2p men eae Se “ost oz epempioa ‘agate p's ag Pe ~ona ep ody gn son "EER HERE Ea wR opundas s0peSiysati op eIny e eIaUTP sete “ago emyesayy #u ‘on ay¥92309 9}0} wULN PY “eH “ony omit os ony eg oveH SH ‘so10y11050 9p B1GO ier stomey ast “ ‘ou ‘ogs OBt SO i ese muornjos wanes ab soaNep FS. 1 0 01109 5 Pomndes «ge mans we “asus page a 2 29 lg: eet ceel@NUODUB Op 208 © 12) owen sjnenodta og 9 oga wo remooxd, — cruel “89d JOUTMAA oP eAEUTIYE v opnUds zey Ogu ‘Salo Beg “e-opuvzzmeiuo ‘opumur op wopiosap e seyuode 9 eiowex ~oudr ep seAay sv reNouad op gy anb aqmerper fos wn out 709 MIoUpIO & wraga anb ‘,so1grs, op adinby -aduibo wa OUTEGEN op eLOHA & BziTeUIs anb “edueYe Esso v seoeIa soaquOe BUSTS Op oESNIos Vy “ure}uoLUD|KiMIOD 98 an ‘soloqns so anus epeproydaino vian By “emono} ep e119) “SM Wo epure no ‘o8aI o28=} op BLIO}smY Ha vias “ean nbie vp virosiy tue vfas ‘seystjeioadss ovs sttaBeuos eajuodstp ojrauntsaquco op sourex so sopo} ap ‘OpuT as-e6up] ‘opSedrysoaur v OUrIa) UIOg B TEAS] Op OAT) “2140 0 woD ‘osneBnsaauT ossaaoxd 0 viepesilasap anb owoulBexy asso q “yeAaypaum ozreseo oUjen ot SOTe op oqUFE tim wo opequooua ‘oMpATA Eaod op ojwomsey tun 9 ajuanboy2 srear sid & ‘mrossag op eaterreU ap, “oe 91 0p oBt0] oF seproousoy opuas ops anb seysid se nas 9 euidtus 0 ieyroap exed ommmes © “eHIQ}afen ‘BU129 BUM JozeJer 9s-vasnq “oeSnysuOseI Essa renaya ‘Bred “SO]-PUICUMT! Jonyssod wits wsozTAMLIO ORSEANSOALIE BP Spaviie “SoIDsqO SOMtod ap way 9 wIOYSIH wag “eI ~OISIET Up soumoey se xayouaad :oyto1|dxo ‘ognta ‘s-eui0) Topelitu op oja/ord Q *Syuooutation OBSxeA tum sun-nSHOD sero] 9¥e sessiodiy opuewrua a 9 aanajap-ropesmb IH ®D Somou9pTD sagsian yyag i “eSaquo-ziq ub win assog 28 ouoo opjmapstiozar opus Wea 9 opedoy 31 opts vier anb v saguod sop oSepod v odupad aftzaura de maquina de emaranhar imagens, o texto-pastiche se aptesenta enquanto engrenagem que urde uma trama de textos ¢ de leituras. B como se 0 copista se apoderasse da meméria alheia e, em uma espécie de reveréncia ritual, a suplementasse, preservando-a e, paradoxalmente, tor. nando-a outra. Um bom exemplo de texto-pasti morte de Ricardo Reis, narrativa de José Saramago. O natrador ~ voraz leitor e copista — propée um Ricardo Reis algo diferente da méscara heteronimica ctiada por Fernando Pessoa: 7 € O ano da Mestre, so plicidas todas as horas que ns perde- mos, Se no perd8-las, qual numa jarra, nés pomos flores, € seguindo conclufa, Da vida iremos trangifilos, tendo nemo remorso de ter vivido, Nao é assim, de enfiada, que estdo escritos, cada linha leva seu verso obediente, mas desta maneira, continuos, eles e nbs, sem outra pausa que a da respiragao ¢ do canto, é que os lemos, ea folha mai recente de todas tem a data de treze de novembro de mi Rovecentos ¢ trinta e cinco, passou més e meio sobre té-la escrito, ainda folha de pouco tempo, e di Ocorre, aqui, um processo de mio dupla que, porum lado, desconstréi a tradigéo— porque o Reis de Saramago uma voz em diferenga, que nfo repete o Reis de Pessoa, Por outro lado, reforga a tradigfo — porque o copista re~ Verencia a filiagdo literéria ao reler Fernando Pessoa. O jogo encenado pelo copista deixa entrever uma rede de histérias, infinitamente ramificada —um labirinto de leituras, de leitores, de ficgées. Onarrador distraio lei- 2) SAMC In Do do med cea eS Pens e185 2, tor, faz. duplicagdes de obras alheias e potent omo- vimento delitur/escrita, gerando nova letras e eser- tas, Os textos se cruzam, se interpenetram, em um jog. 08. ee fie entrelagamento do par escrever/ler, ou sia a leituratoma-se uma forma de esrita¢ vice-versa, copista realiza um passeio pela meméria cultural ercdmbio de textos, aponta para a leitura terminavel. E no jogo de Tefelesiesreverresereies acoplado ao jogo de esquecer/lembrar, que a escr narrador-copista se faz. cx oa ee le eee ee

You might also like