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‘TESES, ESTUDOS E PARECERES DE PROCESSO CIV. de {Jost Iexvcto Bornunto pe Mesqurts Volume J Direito de agao Parte € terceiros Processo ¢ politica, lume 2 Jatisdigao e competéncia ‘Sentenca e coisa julgada Recursos e processos de competéncia origindria dos Tribunais Outros estudos Dados lteracionae de Catslogario ma Publicacto (CIP) ‘Clnara Bealelra do Livro, SP, Bras) Mesquit, José Ignacio Boelho de Teses, estos epareceres de process civil, volume 2 jurisigdoe compencia. sentenga fa recursos e process de compeléncia riginsia dos tibuna ‘ox Ignacio Botlho de Mesquita,aresentasto José Rogério Cruze Tucci, Walter Rodrigues, Paulo Henrigue dos Santos Lucon. ~ Sao Paulo : Editora Revis Tribune, 2005, Biblogrfia ISBN’ #5-203-2793-1 |. Processocivil 2 Proceso civl~Brasl Tuc, José Roptio Cruze Rodrigues, Walter Piva Il. Lucon, Paulo Henrique dos Sato. IV. Tita, 05.6905 couu79 Indices para catlogo sstematio: 1. Process civil: Dito civil 79 JOSE IGNACIO BOTELHO DE MESQUITA TESES, ESTUDOS E PARECERES DE PROCESSO CIVIL Volume 2 JURISDIGAO E COMPETENCIA SENTENGA E COISA JULGADA RECURSOS E PROCESSOS DE COMPETENCIA ORIGINARIA DOS TRIBUNAIS Apresentagao Jost Rocério Cruze Ti Water Piva Rope Pauto Henrique Dos SaNTos LucoN EDITORA rae REVISTA DOS TRIBUNAIS. 1s E. PARECERES DF. PROCESSO CIVIL 242 VESES. BST \dmeno radicado no desprezo da administra pelas decisdes do Poder Judiciario, diariamente comprova- raiz — para o que esto Mi e no pela rama. fo pretende-se, em s 12 DA AGAO RESCISORIA’ Introdugo: natureza, ‘Da natureza da agio re lasifcagto da ate 1 11 Da natureza da ado vecisiria Aagao resciséria inclui-se entre 05 mei judiciais. Esses meios de impugnagao se divid« recursos ¢ ages de impugnacao. Cada uma d ver, compreende diversas espécies. Expécies de recurso s plo, a apelagao ¢ 0 agravo de instrumento. Espécies de ages ago séo, também, exemplificativamente, os embargos de terceiro ¢ 0s embargos do executado, notadamente, quanto a estes tltimos, previsto no art. 741, I, do CPG, isto é, quando a execugao se 0 devedor alegar falta ou nulidade da citagao no processo de - Seo mandado de seguran- jentreasacdesdeimpug- ico da ceficdcia de um ato judicial. Qual a diferenca entre recurso e ago de impugnagac? "Da opto racsina, “in” Revista do Advogado, Sao Paulo, n. 27, p. 48. 244 PROCESO CIVIL ralmente assinala entre essas cate- cursos do continuidade a uma rela- janto que as ages de impugn: sao processual. Este crtério, po- bas a eategorias € go porque seria recurso. Na verdade, o dar lagio processual é uma conseqiéncia, mas nao a.causa, re 0s recursos ¢ as ages de impugnagao. Oquefazeom ‘o de que, nestas, o desfazimento do ato impugnado consti- yal da prestagao jurisdicional exigida pela parte no 1anto que, nos recursos, o desfazimento do ato cor sccugao daquele objeto principal. Jincula & relagao processual em que outro bem esti sendo a impugnagio mediante ago exige a cons- la a distingao sobre esta base, cabe perguntar qual a vantagem que ela ofereceria em relacao que € comumente proposta Ao € 0s recursos 6 se dis- criam uma relagao proces- 1am a relagdo existente, nao se apresenta a respeito do direito em que se fundam. As DA AGAO RES 245 decisio, no se extrai o reconhecimento da existéncia de um direito da parte contra 0 Estado nascido do erro ou dos vicios que maculem a de- cisdo impugnada. Aocontrario, na medida em que adiferenga scestak na autonomia do interesse na desconstitui interesse na desconstituicdo dos atos juridicos em geral, tanto os de di- reito privado como os de direito piblico, comega a levantar-se ovéuque encobre a existéncia de uma relagao entre a parte ¢ o Estado (represen- tado pelo juiz, como érgao da jurisdicao), da qual se origina o ato im- pugnado, deixando entrever a existéncia de um interesse reconhecido por lei em que o ato judicial seja prestado em conformidade com deter- minadas regras de forma e de fundo, para cuja protegao a lei impae a sango de rescindibilidade - um verdadeiro direito, em sua, da parte tra o Estado, a um determinado modo ¢ conteiido da prestacao ju- risdicional, direito esse ao qual correspondem as agoes de impugnagao que o asseguram: o dirt de agao auténome, mas “concreto” Arevelagao desse direito constitui vantagem que esta longe de po- der ser desprezada, porque importa a revelagao de um vinculo imposto ao Estado que ¢ imprescindivel a segurai -governados e que se traduz.no dever do das condigdes de fato e de direito, dar sentenga de do e nao de contetido qualquer, a vontade ou segundo mento de quem esteja naquela hora exercendo as fungoes de. por parte de quem s6 vé no processo um veiculo para o poder do Estado, nem tampouco o grau de conforto que lhes propiciam teorias como ade Liebman, segundo as quais nao tém os governados, direito que o de the demandar a prestagao de uma conteiido qualquer. Vencida porém esta resisténcia, varios problemas se esclarecem. O primeiro detes diz respeito ao dit ue a agao rescisoria se funda e que, como visto, ¢ direito a uma determinada prestagao juris- dicional de mérito, violado pelo Estado rregou a prestag2o ‘onal devida, mas outra qualquer, com ofensa as normas de di- reito material ou de direito processual a que devia obedecer. O funda- DOS F PARECER’ S DE PROCESSO CIVIL as agdes de impugnagao em geral € na ago resciséria em particular, o Poder Judiciario nao decide sobre um ato ou relagao juridica das partes, em relacdo aos quais seja um “tertius” colo- cado acima de ambas, mas, sim, sobre 0 cumprimento ou descumpri- ‘mento do proprio dever, originado de uma relagao da qual ele mesmo é parte. O processo civil se revela, assim, ndo como instrumento posto a disposigio do Estado para o exercicio do seu poder, mas como instru- mento a disposicao das partes para exigir do Estado o cumprimento de seu dever. E preciso no confundir nunca 0 processo civil com o penal. 1.2, Do objeto da agao rescssria Objeto da acao rescisoria & a desconstituigdo de um ato judicial, sas no de qualquer ato judicial: 86 da sentenga de mérito. Hii, porém, excecdesa essa regra: nem tudo o que o CPC conside- ra como julgamento de mérito é susceptivel de rescisao ¢, de outro lado, \emn sempre se tem exigido que o objeto da resciséria seja uma sentenga tes transigirem ou em que o autor renunciar o direito sobre que se funda a agao. Nesses casos, porém, no cabe ago resciséria, ‘Quandlo as partes transigem, o processo nao termina por uma sen- tenga que julgue a ago. As partes se poem de acordo c o juiz simples- mente homologa a transaco que, nos expressos termos do art. 486 do vel” como os atos juridicos em geral, nos termos da lei lo, quando o autorrenunciaaodireito sobre queaacao ndo ela fundada no direito renunciado, é pode sobreviver & extingao desse diteito, Sobreviveria, ape n de autnoma, 0 Codigo a considerasse “abstrata”, Re~ conhecendo,porém, quea acaose funda no direito,oCédigoatem como noma, sem diivida, mas “concreta”. Dai a conseqtiéncia de que, DA AGAO RESCISORIA 247 renunciado o direito sobre que ela se funda, o direito de agao se extin- gue, nao havendo nada mais para ser decidido pelo juiz. Como oqu rescinde s6 pode ser o ato decisério,¢ facil de entender que também neste caso nao cabe a agao rescisoria, Ao lado disto, pode-se afirmar que, gracas a jurisprudéncia do Supremo Tribunal Federal, nem sempre & exigivel, para que se ackmita ‘uma ago rescis6ria, que 0 ato impugnado seja uma sentenga ce mérito. Com efeito, embora sem razaoameuver, tem oSTF admitide agao rescis6ria da decisao do relator que indefere o processamento de agravo interposto contraadenegagdode recurso extraordinario |v. RTJ 70/ 73/866, 75/29, 92/922 e RT 593/240). Para entender comoo toria do probl seer a his hegou a isto, € preciso cor ma. Ela comega na vigéncia do CPC de 1939 que admitia a rescisio das sentengas, mas nao exigia, como o atual, que se tratasse de sentengas de mérito. Naquela época, admitia-se o cabimento de agao rescis6ria contra acérdao do STF que negasse provimento ao agravo interposto contra decisio denegatoria do recurso extraordindrio, desde que 0 acérdao rescindendo houvesse apreciadio a questo federal controvertida. O fato de o acérdao rescindendo haver decidido apenas uma questao de cabi- mento do recurso extraordinario nao constituia empecilho, & luz do Codigo entdo vigente, ao cabimento da resciséria. Sobrevindo modificagao no Regimento Interno do STF, pela qual se atribuiu ao Relator o poder de indeferir 0 processamento do agravo, entendeu o STE, cocrentemente, que esta decisio também poderia ser atacada por via da agao rescis6ria, porque o relator, a ‘Turma. E tudo diante do Codigo de Processo Ci tendo masa competéncia para Jjulgé-la. Essajurisprudéncia, paralela a primeira, acabouse cristalizando nna Sumula 249, cujo enunciado é o seguinte: “E competente o STF para aagio resci traordins ido do recurso ex- ria quando, embora nao tenha con! io, ou havendo negado o provimento do agravo, tiver apre- ciado a questao federal controvertida” orientagao nao tem como se sustentar. Dispde o art. que compete ao STF processar e julgar ori ias de seus julgados. Limitada a acao rescisoria, pelo CI ncas de mérito, cia para rescindir sentencas n acérdios seus, ou decisdes de seus Ministros, que no se- caso dos acérdaos de suas Turmas, ou 1 0 recurso extraordinrio ou que ne- (oa agravo contra decisio denegatéria do processam de recursos extraordinarios. Poder-se belecero processo ria (CFart. 119, § éncia regi- le permitir a criacao de ages novas, nao pre~ na lei processual, como o proprio Regimento Interno do STF nao seu art. 259, remete expressam o da acao rescisoria processual a sno fazer coisa julgada. 6 apenas uma meia verdade. E certo que as medidas cautelares tém eficacia proviséria, limitada ao tempo do proce: ipal, podendo ser a qualquer momento revogadas se dlesaparecido o perigo admitido pelo juiz; como € certo também que as sentencas de jurisdigdo voluntaria, quando referentes a ™*” Rlere-se & GF/1969.V.CF/1998, at, 1021, M2 Retore-co & OF/1968. a | | | | DAAGAO RIA 249 relagbes estado de fato. Dai nao se segue, porém, que dentro dos seus limites, essas sen asnose tornem tio imutaveis quanto quaisquer outras de que nao caiba ais recurso algum. E nao se vé motivo para que em matéria de jurisdi- ‘cao voluntaria ou cautelar fique o juiz dispensado do dever de nao pres~ nuativas, podem ser modificadas se sobrevier alteragao no ou corrupcao, ou com base em prova falsa, com danosao direito da parte ‘no menores, ou menossignificativos, que os resultantesde uma ‘ga dada em processo de conhecimento ¢ de jurisdicao contenciosa, preciso ter presente, além disto, que o transito em julgado pode decorrer de mero acidente, como a perda do prazo para recorrer ou o si cengano na contagem desse prazo, a que qualquer advogado se acha ex posto, caso em que a decisio nao tera passado por crivo nenhum. [rata-se na verdade de problema que tem que ser resolv por critérios aprioristicos, mas com base no interesse de agir para a aco rescis6ria, que variara de caso para caso. E evidente que nao se admitiré a ago resciséria se 0 interessado dispoe fazer reverter a eficacia da sentenga, mas é evident nos para mim, que havendo a necessidade da acao rescisoria nao se possa considerd-la descabida s6 porque a decisio é de jurisdigao cautelar ‘ou voluntaria Pordltimo, sendo objeto da rescisaoa sentenga demeérito com tran- sito em julgado, torna-se importante determinar 0 momento em que 0 transitoem julgado ocorre. Esta questaoassume particularrelevo nocaso da agao rescis6ria, pois 0 prazo para propé-la se conta do transito em Julgado. A questao parece simples, mas nao Atendido 0 conceito do art. 467 do CPC, dar-se-ia o transito em Jjulgado no momento em que a sentenca jé nado estivesse mais sujeita a recurso ordinario ou extraordindrio. Com base nesta definigao enten- dem Pontes de Miranda e José Carlos Barbosa Moreira que a decisao denegatéria do conhecimento do recurso extraordindtio contém uma declaragao de que a sentenca ndo estava sujeita a esse recurso e, como toda declaratoria, retroagiria a data da publicacao da decisao recorri- da, apartir da qual, entao, deveria ser contado o prazo de dois anos para 250 TESS, jo, ou 0 agravo contra a decisio denegator mn que, a ser adotada a ligo daqueles eminentes nteressado diante de um dilema crucial: fosse decidido o recurso, nao poderia propor agao resci- havia recurso pendente, que poderia ser conhecido pelo STF e, depois de denegado o recurso, também nao a poderia propor por Jse hav séria porg esgotado o prazo para ajuizi-la, © que me parece é que os efeitos da declaragao de descabimento do recurso, embora retroativos, nao tém 0 condao de desconstituir re- troativamente allidspendéncia. A litispendéncia é um fato € 05 fatos nao se desconstituem por sentenga. O fato, no caso, consiste no estar em cursoa soante a definigao do art. 301, § 3.°, do CPC, nao importa se -nte ou improcedente a ago, nem se cabivel ou incabivel o re- curso pendente, que da continuagao ao proceso e, pois, mantém em cur- swaagio. Estando a aco ainda em curso, ha litispendéncia ¢ nao pode haver concomitantemente a coisa julgada. Segue dai que oefeitoretroa- tivo da decistio de nao cabimento do recurso nao ilide o fato da litispen- na pendéncia do recurso extraordinario ou do agravo portanto, s6 comega a correr a partir do mo- \Ga no esteja mais sujeita a recurso algun Diversaéasituagao quando o recurso nao é conhecido por ter sido pestivamente, O decurso do prazo para o recurso éfato, ieclara intempestivo o recurso, declara que o fato do de- tes da data em que o recurso foi manifestado \do retroativa essa declaragai ico que, ai sim, o prazose conte o declarado. A partir daquela data nao havia mais aga pois o seu curso fora smpido pe posigao do recurso nao restabelece a seq curso do prazo ocorre' da emeu término do prazoea int \cia temporal. 1.3 Daclassficagao da acto rscséria A doutrina tem classificado a rescis6ria como uma ago constituti- ‘va negativa, porque visa a desconstituigao da sentenga transitada em DA AGAO RESCISORIA 251 de sentenga para ser declarada e nao convalesce com o decurso do pra- zo para demandar o seu reconhecimento, podendo até sustentar-se que ‘a.agio de nulidade nao prescreve nunca. As causas de rescindibilidade, a0 contrario, s6 podem ser alegadas como fundamento da ago para rescindir a sentenga e o direito de propé-la s6 pode ser exercido dentro do prazo de dois anos contacos do transito em julgado, Passado este pra- zo, a sentenca se torna inexpugnivel A desconstituigao da sentenga acarreta trés conseqiéncias: (a) des faz ato que pds fim ao processo em que a sentenga foi proferida, o que pode tornar necessario, conforme o caso, que nova sentenga seja pro~ nunciada em seu lugar; (b) desfaz 0s efeitos condenatér ou meramente declaratérios produzidos desfaz 0s efeitos processuais do fato do transito em julgado, ou seja, imutabilidade e a indiscutibilidade da sentenga rescindida. Dessas trés conseqiiéncias a mais importante é a segunda, que do- ‘mina todo o panorama do interesse na propositura da acio resciséria, S6 ha interesse em rescindir uma sentenca, quando haja necessidade de impedir que os scus efeitos continuem a produzir-se. Se a sentenga por algum motivo for ineficaz, sera uma sentenga indcua, que nada altera no mundo do direito ¢ nao havera, por isto, necessidade alguma de res- cindi-la. Para opor-se aos atos de execugio ou de cumprimento dessa sentenga, bastard ao interessado alegar sua ineficacia, o que podera ser feito a qualquer tempo, perante qualquer juizo ou grau de jurisdigao. Note-se que isto nao implica mudar ou discutir a sent nplica tao- somente 0 reconhecimento de que a sentenga, com o contetido que te- nha, bom ou mal, certo ou errado, nao produz efeitos. Hi dois casos em que o Codigo considera ineficaza sentenca: (a) 0 da falta ou nulidade da citac’o do réu, quando 0 processo correu a sua revelia (art. 741,D};€ (b)ode falta (ou nulidade) da citagao do litisconsor- te necessirio (art. 47) A hipétese de ineficécia se equipara a da inexisténcia da sentenga, ‘Admitidos os tés planos a que aluce Pontes de Miranda, o da da validade ¢ 0 da eficacia dos atos juridicos, € facil de ver que s6 pode ser eficaz.a sentenga que preencha os requisites necesséirios & sua exis- téncia. Reputa-se ato inexistente, por exemplo, a sentenga proferica em. processo promovido por advogado a que o autor nao tenha outorgadeo mandato judicial (CPC, art. 37, paragrafo tinico}. 2. Condigées de admissibilidade da ago resciséria: a legiti- magio de terceiros Neste capitulo, para nao me estender muito, ficarei apenas numa questo que me parece importante pelo aleance que tem em relag20 a0 tivos da coisa julgada. Sem desprezas,naturalmente, jo que acabamos de ver, quanto ao interesse processtal efeitos possam ser desfeitos por outra via. A questiio que desejo enfocar diz respeito a legitimagao do terceiro intre elas, pois a primeira diz que a sen- tenga nao prjudica ia terceiros ea segunda confere legitimi- dade ao tereeiro prejudicado, para propor a ago resciséria. Para resolver essa aparente contradigdo temos que fazer distingaio: (a nada altera, tudo conservs ao pretendida pelo au ursos que se possam interpor contra ela, Ete do trnsito igio de duas qualidades ao conteado da ragao no direito nao pode, ao mesmo tempo, exist Jo existir para as demais, Portanto,os efeitos da s ‘oterceiro possa intervir como ass agao resciséria Extrai-se dai que a regra do art. 472.do CPC nao se refere aos efei- tos mas, sim, ao contetido das sentencas. © que nao prejudica ter €aimutabilidade ea indiscutibilidade do juizo contido na sentenga, que so efeitos do transito em julgado, estes sim restritos as partes perante as uaisa sentenga foi dada. Podem os terceiros discutir ajustica da senten- ga. 86 nao podem opor-se a produgio dos seus eft ujosefeitos nao obstem a produgao dos efeitos da sentencaanterior entre as partes perante as quais esta sentenca foi dada, Assim, exemplificando: regresso que Ihe mova o fiador, alegando que a multa nao era devida (dai a importancia do chamamento ao proceso). O terceiro que propée agao rescisé nna defesa de direito all age em nome proprio mas to processual 3 sgrau de jurisdigao. A competéncia para a resciséria é es Constituigao Federal epeloregimentointerno dostribi & competéncia do Supremo Tribunal Federal, c apesar do enunciado da Stimula 249, ela é hoje restrita a rescisio dos acérdaos da Corte que tenham julgado o mérito da acio. Quanto ao depésito prévio exigido pelo art. 488, Il, do CPC, assina- lo, apenas a titulo de curiosidade, uma decisao do Segundo Tribunal de 254 SES, ESTUDOS E PARECERES DE PROCESSO CIVIL Akada Civil de S, Paulo (no Agravo Regimental 65.709) que autorizou 0 réu a levantar a importancia depositada, mas sem a corregao monetiria que se Ihe acrescentara no curso do processo, porque, segundo a letra do Cidigo, o direito do réu seria restrito ao levantamento do depésito inicial- mente feito, Concorde com que as normas de natureza penal devam ser restritivamente interpretadas, mas no caso a restrigao era indevida, posto 1a correco monetiria ndo amplia o valor depositado, apenas o traduz face do valor da moeda na época do levantamento. 4, Condigées de procedéncia da agio resciséria Conforme decorre da exposigao que fiz de inicio, entendo que ha ‘um dircito das partes contra o Estado, que tem por objeto a entrega de jrestagaio jurisdicional de conteiido determinado. Este direito pres- supe a cexisténcia de um processo para exercé-lo e, consequentemente, pressupde a existéncia do dircito a esse processo. ‘Temos assim dois direitos fundamentais: (a) 0 direito a uma sen- tenga dada por um juiz imparcial, previamente designado pela lei, ¢ mediante processo regular; eb) 0 direito a uma sentenga justa, pois 0s jjuizes nao estao postos para, indiferentemente, condenar ou absolver, ‘mas s6 para condenar 0s culpados e absolver os inocentes. Denomino estes direitos de, respectivamente, direito & administracao da justiga e direito de agio. Sob este prisma, as causasde rescisio das sent julgado pod outro de Nos casos do art. 485, La IV, temos hipéteses de violagio do direito ‘uma sentenga dada por juizimparcial e competente, mediante proces- so regular, Nos casos dos incisos VI a IX do mesmo artigo, temos hipéte- ses de violagao do direito a uma sentenga justa. E, no caso do inciso V, teremos ofensa a um ou outro desses direitos, conforme a norma legal da seja de direito processual ou de direito material, Dentre esses casos, o que tem ensejado n 5, VIIL, em virtude da disposigao do art. 486. \cas transitadasem, ser agrupadas conforme se refiram a violacao de um ou dois direitos. ores duividas 0 do art. Dispac o primeiro que asentenga de mérito poderé ser rescindida quando “houver fundamento para invalidar confissio, desisténcia ou DA. AGAO RESCISORIA 255 transago em que se bascou a sentenga”. E, dispoe o segundo que “os atos judiciais, que nao dependem de sentenga, ou em que esta for mera- mente homologatoria, podem ser rescindidos, como os atos juridicos em _geral, nos termos da lei civil” A questo que se propoe é a seguinte: havendo fundamento para invalidar a transacao homologada por sentenca, deveria ser proposta a ago do art. 485, VIII, para rescindir a sentenga, ou a acao de anulago da transagio prevista pela lei civil Diante dessa diivida, parece-me que a interpretagao do art. 485, VILL, deve orientar-se pelo que ocorre no caso da confissto. Orientan- do-nos por este caso, veremos que a procedéncia da ago rescisoria é subordinada a condigao de que haja fundamento para invalidar 0 ato (confissao) sobre o qual tenha se baseado a sentenca de mérito; vale di- lo fundamento da sentenga de mérito. A nnsago homologada por sentenca nao é 0 fundamento da homologa- ‘do; 60 seu objeto. Segue-se dai que, havendo fundamento para invali- dar uma transa¢ao homologada por sentenga nao se aplica 0 art. 485, VII, mas sim o art, 486 do CPC. Aplicar-se-a o art. 485, VIIL, se a sentenca decidir 0 mérito com to numa transacao sujeita a invalidacao, Assim, indo: uma sentenga julga improcedentes os embargos d devedor, que se fundaram na nulidade da transagao celebrada entre este co credor, havendo o juiz julgado valida a transagao, Ter-se~4, no caso, sentenga de mérito baseada em transagao susceptivel de ser invalidada, Essa sentenga pode ser objeto de ago resc O mesmo raciocinio se aplica Poder-se-ia cogitar da hipétese de haver causa para rescindir 0 ato homologatério (como ocorreria, por exemplo, se a transagao houvesse sido homologada por juiz absolutamente incompetente) sem que hou- vesse motivo para invalidar o ato homologado, a transac’ quese poderia qualificar comocaso de laboratério, pois interesse pritico mas em sede doutrindria tem que ser enfrentada. Desde logo, é situagao que nao se acha prevista nem no art. 485, ‘VIII, nem no art. 486. Poder-se-ia invocar o art. 269, II, para sustentar MS Retore-se a0CC/1916, 256 VESES, ESTUDOS E PARECERES DE PROCESS ‘aafirmagao de que 0 ato homologatério poria fim ao processo com jul- ‘de mérito e, em consequéncia, que estaria exposto a resciso por incompeténcia absoluta do juiz, com fundamento no art. 485, II. ao do processo com julgamento de mérito” nao é 0 mesmo qui ga de mérit ‘a que obedecem essas designagdes nao é 0 10. O primeiro se prende ao que resulta do mérito da causa apos a cextingo do processo, O segundo se atém ao objeto do ato judicial. A segunda objecaocon que a rescisoria, como qualquer ago, pres supde o interesse processual, sto é, a necessidade da rescisao para obstar n prejuizo juridico para a parte. Ora, nao havendo motivo para validar a transacao, nao se vislumbra prejulzo juridico para a parte como! :ncia exclusiva da incompeténcia do juiz, Daindosercaso de agio rescisoria. 5. Medida cautelar em ago resciséria Dispondo o art. 489 do CPC que a agao rescisoria nao suspende a cexecugao da sentenga rescindenda, ¢ licito indagar se esta norma obsta- ria'a concessio de medida cautelar que tivesse por fim suspender a execu- io da sentenca rescindenda durante 0 curso da ago para rescin me que no, porque o citado artigo dispde apenas sobre ‘opositura da acao resciséria que, exatamente por nao 10 poderia, disposigao em contrario, sus- disposigio de natureza declaratéria, do que normativa, No silén~ atendidaa natureza deste meio de impugnacao, ter-sc-ia que a nao suspende mesmo a execugio da senten- a rescindenda. Assim, para elucidar a questi do cabimento daquela medida ‘cautelar é indiferente a existéncia da norma do art. 489. “Trata-se de questao que deve ser resolvida com base nas normas que discipl ‘néo se encontra nenhu- ma que, presentes as condicdes da ago cautelar, exclua “a priori” a possibilidade de se conceder, cautelarmente, a suspensio da execugo da sentenga rescindenda, DA AGAO RESCISORIA 257 Naturalmente, o “periculum in mor: queser aferidosem relacio a agao resciséria e nao em relagao criada pela sentenga rescindenda se a execugao da : a que julgue proce- é mais do que evidente, a meu ver, que a suspensto lar nao podera ser negada pel sistema do Cédigo de Processo Civil a afirmagao de que a lei confere direito a rescistio da sentenga mas nao o garante contra os riscos a que fica exposto di 6. Conclusio ‘Témaiossenhoresoexame de algumasdas questéessuscitadas pela agao rescisoria, a que dei preferéncia em atengao as cxigéncias mais evidentes da pratica dessas agbes, cujo éxito depende, antesdemaisnada, de um manejo seguro dos elementos tedricos,

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