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Barry C. Field Martha K. Field Department of Resource Economics University Institutional Support and Advancement of Massachusetts-Amherst Greenfield Community College IN TRODUGCGAO A Economia do Meio Ambiente 6 Edigao Tradugao: Christiane de Brito Andrei Revisio técnica desta edigao: Ronaldo Seréa da Motta Doutor em Economia pela University College London Professor de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UER)) AMGH Editora Ltda. 2014 Digitalizado com CamScanner ‘Obra originalmente publicada sob titulo Environmental Economics: An Introduction, 6th Edition ISBN 007351148X / 9780073511481 Original edition copyright ©2013, The McGraw-Hill Global Education Holdings, LLC, New York, New York, 10020. All rights reserved. Portuguese language translation copyright ©2014, AMGH Editora Ltda., a Grupo A Educagio S.A. company. All rights reserved. Gorente editorial: Arysina Jacques Affonso Colaboraram nesta etigaa: ‘Coondenadora editorial: Denise Weber Nowaczyk e Viviane Nepomuceno Capa: Marcio Monticelli (arte sobre capa original) 1a final: Amanda Jansson Breitsameter e Lucas de Souza Cartaxo Vieira Editoraglo: Tecibooks Reservados todos os direitos de publicagio, em lingua portuguesa, & [AMGH EDITORA LTDA. uma parceria entre GRUPO A EDUCACAO S.A. McGRAW-HILL EDUCATION Av. Jeronimo de Ornelas, 670 ~ Santana 90040340 ~ Porto Alegre - RS Fone: (51) 3027-7000 Fax: (51) 3027-7070 E proibida a duplicagio ou reproducio deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (cletrénico, mecinico, gravagio, fotocépia, distribuigio na Web outros), sem permissio expressa da Editora, Unidade Sio Paulo ‘Av. Embaixador Macedo Soares, 10.735 - Pavilhao 5 ~ Cond. Espace Center Vila Anastacio ~05095-035 Sto Paulo - SP Fone: (11) 3665-1100 Fax: (11) 3667-1333, ‘SAC 0800 703-3444 - wwwgrupoa.com.br IMPRESSO NO BRASIL. PRINTED IN BRAZIL Digitalizado com CamScanner CAPITULO 1 0 que é economia ambiental? Economia é o estudo de como e por que os individuos e grupos de individuos to- mam decisées sobre o uso ¢ a distribuigdo de valiosos recursos humanos e nao hu- manos. Nao se trata somente do estudo da tomada de decis6es por empresas lu- crativas em uma economia capitalista, mas de algo muito mais amplo: a economia fornece um conjunto de ferramentas analiticas que podem ser usadas para estudar qualquer situagio em que a escassez de meios exija o balanceamento de objetivos concorrentes. Inclui, por exemplo, importantes questoes relacionadas ao comporta- mento de organizagées sem fins lucrativos, érgdos governamentais e consumidores. Economia ambiental ¢ a aplicacao dos principios da economia ao estudo da gestio dos recursos ambientais. A economia divide-se em microeconomia, que estuda o comportamento de individuos e de pequenos grupos, e macroeconomia, que estuda o desempenho econdmico das economias como um todo. A economia ambiental se vale de ambas, embora mais da microeconomia, e seu foco principal é saber como e por que as pessoas tomam decisdes que tém consequéncias para 0 ambiente natural. Além disso, trata também da forma como as instituicdes e poli- ticas econ6micas podem ser mudadas a fim de colocar esses impactos ambientais mais em equilibrio com os desejos humanos e as necessidades do ecossistema propriamente dito. Uma de nossas primeiras tarefas, portanto, é a assimilagao de algumas das ideias e ferramentas analiticas fundamentais da microeconomia. No entanto, fa- zer isso logo de inicio nos faria correr o risco de causar a impressdo de que as ferramentas sio mais importantes do que seus usos. As ferramentas de analise nao sao interessantes por si mesmas, mas pela compreensio que podem nos pro- piciar quanto ao motivo da degradagao do ambiente natural, as consequéncias dessa degradagio e o que pode ser feito de maneira eficiente para reduzi-la. Por esse motivo, 0 primeiro capitulo é dedicado ao esbogo, em termos compreensiveis para o senso comum, dos tipos de perguntas que os economistas ambientais fa- zem e dos tipos de respostas que eles procuram. Apés uma breve discussio sobre algumas questes gerais, veremos uma série de exemplos de alguns dos proble- mas abordados pela economia ambiental. IALISE ECONOMICA Estudar economia é estudar a maneira como uma economia e suas instituig6es sio estabelecidas ¢ como os individuos e grupos tomam decisdes sobre a transfor- Digitalizado com CamScanner CAPITULO1 _Oqueé economia ambiental? 3 macio e a gestio de recursos escassos a fim de aumentar a riqueza humana, em seu sentido mais amplo. A economia ambiental focaliza-se nos recursos naturais e ambientais de uma sociedade e examina 0 modo como as pessoas tomam deci- ses que podem levar & destruigao ou a melhorias no meio ambiente. Aeconomia ambiental é uma matéria analitica; queremos no somente des- crever 0 estado do meio ambiente e as mudancas nele ocorridas, mas também compreender por que essas condigdes existem e como podemos gerar melhorias, na qualidade ambiental. Isso significa que iremos introduzir um conjunto espe- cializado de conceitos e vocabulério e que precisaremos também usar meios espe- Gializados de expressar conexées entre fatores importantes envolvidos nas ques- tes de qualidade ambiental que exploraremos. Para tal, os economistas usam os chamados modelos analiticos. Um modelo é uma representagao simplificada da realidade, usado para isolar e focalizar os elementos mais importantes de uma situacao, desconsiderando outros. Os modelos que utilizaremos sao gréficos por natureza — e sero bastante simples. E importante distinguir entre economia positiva e economia normativa. Economia positiva é 0 estudo de algo como ele é; economia normativa é 0 es- tudo de algo como ele deveria ser. A economia positiva procura compreender como um sistema econémico realmente opera por meio da andlise de como as pessoas tomam decisdes em diferentes tipos de circunstancias. Um estudo que deseja mostrar como o mercado habitacional reage a mudancas nas taxas de juros um exercicio da economia positiva, assim como um estudo que analisa como as empresas de fornecimento de energia elétrica responderiam a um novo imposto sobre emissées de didxido de enxofte. No entanto, determinar qual tipo de re- gulagéo devemos adotar para determinado problema ambiental é um estudo de economia normativa, porque envolve mais do que apenas saber como as coisas funcionam; lida também com julgamentos de valor. Essa distingao sera usada re- petidas vezes em todo o livro. A abordagem econémica das questdes ambientais serd contrastada com 0 que pode ser chamado de abordagem moral. Segundo essa abordagem, a degra- dagao ambiental é o resultado de comportamentos humanos antiéticos ou imo- mais; 0 motivo pelo qual as pessoas poluem, por exemplo, é a falta de forga ética e moral para evitar o tipo de comportamento que causa a degradagao ambiental. Se isso é verdade, ento a maneira de fazer as pessoas pararem de poluir é tentar de alguma forma aumentar o nivel geral de moralidade ambiental na sociedade. Na verdade, o movimento ambiental jé levou uma grande quantidade de pessoas a considerar questdes de ética ambiental, explorando as dimensées morais dos impactos humanos sobre o ambiente natural. Essas questées morais obviamente so de importancia fundamental para qualquer sociedade civilizada, Certamente ‘um dos principais motivos desse foco da atengo social nas questdes ambientais é © senso de responsabilidade moral que leva as pessoas a transferirem suas preo- cupagdes também para a arena politica. No entanto, depender de um despertar moral como a principal abordagem de combate a poluigao ¢ algo que traz certas dificuldades praticas; as pessoas nao No site www-grupoa.com.br esté disponivel uma se¢do (em inglés) sobre como trabalhar com grificos. Digitalizado com CamScanner 4 Parte! _Introdugao tém um “botéo de moral” que pode simplesmente ser apertado, e os problemas ambientais so importantes demais para esperarem por um longo proceso de re- construgio moral. Além disso, nao é um senso de indignacao moral por si s6 que nos ajudara a tomar decisdes sobre todas as outras metas sociais que também pos- suem dimensdes éticas, como aquelas ligadas a habitagdo, satide, educagio, justica, etc. Em um mundo de objetivos concorrentes, temos que nos preocupar com ques- tes muito praticas: estamos mirando os objetivos ambientais corretos? Podemos realmente fazer cumprir certas politicas? Estamos conseguindo o impacto maximo com o dinheiro que temos? E assim por diante. © maior problema causado por basearmos nossa abordagem ao controle da poluigao estritamente no argumento ‘moral é a suposigao fundamental de que as pessoas poluem por serem de alguma forma moralmente subdesenvolvidas. Nao é 0 subdesenvolvimento moral que leva a destruigao ambiental, mas sim a maneira como foi estruturado o sistema econd- mico dentro do qual as pessoas tomam decisdes sobre como conduzir suas vidas. AIMPORTANCIA DOS INCENTIVOS As pessoas poluem porque essa é a maneira mais barata que elas tém para resol- ver um problema muito pratico: o descarte dos residuos gerados depois que os consumidores terminam de usar algo ou depois que as empresas terminam de produzir algo. As pessoas tomam essas decisOes sobre a producio, o consumo e © descarte dentro de determinado conjunto de instituigdes econémicas e sociais;? essas instituigdes estruturam 0s incentivos que levam as pessoas a tomar deci- sdes em uma diregdo e nao em outra. O que precisa ser estudado € como esse processo de incentivos funciona e, especialmente, como pode ser reestruturado de modo que as pessoas sejam levadas a tomar decisdes ea desenvolver estilos de vida que tenham implicagdes ambientais mais benignas. Uma declaracao simplista relacionada a incentivos afirma que a poluicdo é o resultado de um motivo de luero. De acordo com essa visio, em economias de empresas privadas, como as nagdes ocidentais industrializadas, as pessoas so recompensadas por maximizar os lucros, a diferenca entre o valor do que é pro- duzido e 0 valor do que é gasto no processo de produgio. Além disso, os lucros que os empresarios tentam maximizar sdo estritamente monetarios, e na busca desenfreada por esses lucros os empresérios nado se importam com os impactos ambientais de suas ages porque “nao vale a pena” fazé-lo. Assim, a tinica ma- neira de reduzir a poluigo do meio ambiente é enfraquecer 0 poder do motivo de lucro. Essa proposicdo ¢ substancialmente verdadeira, mas nela hé também certo grau de mal-entendido. Se os operadores das empresas privadas tomarem deci- ‘sdes sem levar em consideracao os custos ambientais, certamente ocorrerd um ex- cesso de poluicdo. No entanto, isso vale para qualquer um: empresas privadas, * Por “instituigdes” queremos dizer o conjunto fundamental de organizagdes publicas e privadas, leis e prticas que uma sociedade usa para estruturar a atividade econdmica, Os mercados, pot exemplo,si0 uma instituicio econdmica, assim como as corporagies, um érgao de dieito comer- cial as agincias pablica, entre outros. Digitalizado com CamScanner CAPITULO 1 Oqueéeconomia ambiental? 5 individuos e érgios puiblicos. Quando individuos derramam solvente de tinta pelo ralo da pia ou deixam seus carros totalmente sem manutencio, estio toman- do decisées sem atribuir 0 peso adequado as consequéncias ambientais de suas ages. Como 08 individuos nao mantém demonstrac6es de lucros e perdas, nio podem ser 0s lucros per se o que leva as pessoas a poluirem. O mesmo pode ser dito sobre os érgaos governamentais, que as vezes podem ser grandes poluidores, embora nao sejam motivados por lucros. O argumento mais persuasivo contra a visio de que é a busca por lucros que causa a poluicéo vem da andlise da historia da Europa Oriental e da antiga Unido Soviética. Com o colapso dos regimes comu- nistas, pudemos nos conscientizar da enorme destruicao ambiental que ocorreu em algumas dessas regides: ar e gua foram fortemente poluidos em muitas dreas, © que causa um grande impacto sobre a satide humana e os sistemas ecolégicos. ‘AChina atualmente esté enfrentando o mesmo problema: a énfase exagerada no desenvolvimento econémico (tanto por empresas piblicas quanto privadas) alia- da a uma consideracdo insuficiente das consequéncias ambientais desse processo. Esses exemplos mostram que nao a busca por lucro propriamente dita que causa poluigao, mas qualquer decisao sobre o uso de recursos e a produgao de residuos tomada sem o devido controle sobre suas consequéncias ambientais. Nas partes a seguir e em seus respectivos capitulos, enfatizaremos a impor- tancia dos incentivos para o funcionamento de um sistema econdmico. Qualquer sistema produz impactos ambientais destruidores se seus incentivos internos nao forem estruturados de modo a evité-los. Temos que analisar mais aprofundada- mente qualquer sistema econémico para compreender como seus sistemas de incentivos funcionam e como eles podem ser mudados para que tenhamos uma economia razoavelmente progressiva sem efeitos ambientais desastrosos. INCENTIVOS: UM EXEMPLO RESIDENCIAL Um incentivo é algo que atrai ou afasta as pessoas e, de alguma maneira, leva a modificagao de seu comportamento. Um incentivo econdmico é algo no mundo eco- némico que leva as pessoas a canalizarem seus esforcos na produgdo econémica eno consumo em certas direcdes. Geralmente pensamos nos incentivos econémi- cos como recompensas (payoffs) de riqueza material; as pessoas sio incentivadas a se comportar de uma maneira que Ihes propicie maior riqueza. Também ha incentivos nao materiais que levam as pessoas a modificar seu comportamento econémico; por exemplo, a autoestima, o desejo de preservar um meio ambiente visualmente belo ou 0 desejo de dar um bom exemplo aos outros. Para uma primeira andlise sobre a importancia de mudar os incentivos para conseguir melhorias na qualidade ambiental, considere a historia contada no ‘Quadro 1.1, que descreve novas maneiras de pagar pelo descarte de lixo, focando a experiéncia da cidade norte-americana Fort Worth, no Texas. Antes do progra- ‘ma, as pessoas da cidade pagavam uma taxa tinica anual pela coleta de lixo, pri- tica comum na maioria das comunidades dos Estados Unidos. O problema dessa pratica é que simplesmente nao hé incentivo para nenhuma familia individual limitar sua produgao de lixo, jé que ela pagaré a mesma taxa anual pela coleta independentemente de quanto lixo produzir. Esse talvez nao fosse um problema, Digitalizado com CamScanner Parte! _Introdugao ‘QUADRO1.1 Fort Worth (Texas) adota o programa PAYT* ‘Quando langou oficiaimente o programa PAYT, no dia 1° de juho de 2003, a cidade de Fort Worth ja ‘© conhecia bem. Depois de realizar um extenso programa piloto de sete anos, as autoridades jd sabiam de core salteado 08 principios fundamen- tals do PAYT. No entanto, mesmo esse nivel de familiaridade nao os prepararia para sucesso ‘que a cidade de 502.369 habitantes alcangaria a0 introduzir 0 programa em toda Fort Worth. Sob o sistema PAYT e o sisterna de recicla- {gem correspondente - implementados em margo de 2003 -, a taxa de reciclagem de Fort Worth deu ‘um salto de 6 para 20%, e hoje 70% das fami- lias reciclam, um aumento em relagao aos 38% anteriores. Os efeitos econdmicos so igualmente encorajadores. Com 0 PAYT, cerca de 92% dos residentes pagam menos pela coleta de lixo do que pagavam com o sistema anterior, e a cidade também esté economizando. O custo municipal do descarte de residuos sélidos caiu de quase US$ 32 mithdes, no antigo sistema, para apro- ximadamente USS 24 milhGes a US$ 25 milhées ‘com 0 PAYT, e a cidade ganhou USS 540.000 ‘com a venda de materaisreciclados no decorer de um ano. Com um primeiro ano promissor em sua bagagem, 0 programa continua a se expan- dir, Hoje ele alende a 163 mil familias, e uma nova rota 6 adicionada a cada seis semanas. “Em 1995, criamos um plano de gestio de residuos sdlidos”, disse Brian Boerner, diretor de gestdo ambiental da cidade. “Foi um proceso ppablico, com um comité de cidadaos e tudo, e ‘uma das coisas que analisamos foi a capacida- de dos aterros dessa érea e a possibilidade de ppassarmos a um sistema em que as familias pa- {gassem uma taxa de lixo proporcional ao volume

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