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3 Critérios objetivos para a valoragao das externalidades ambientais negativas da atividade mineraria 3.1 Os principios da informagio e da participagao como orientadores para a valoracao econémica ambiental Pretende-se examinar a possibilidade de que uma norma venha pre- ver antecipadamente os valores econ6micos dos bens naturais, funcionan. do como meio para a fixagao da “base de célculo” para a valoragio das ex- ternalidades ambientais negativas causadas pela mineragio ao macrobem ambiental, diminuindo, assim, o grau de discricionariedade da fragilizada Administragao Pablica e aumentando a seguranca juridica e ambiental em torno dos empreendimentos mineritios. A valoragio econdmica ambiental interessa a toda a sociedade, eis que serve, dentre outras finalidades, para o estabelecimento de garantias ao efe- tivo cumprimento de medidas restauradoras € compensatérias aos impactos e danos ao macrobem ambiental, que é um bem de uso comum de todos. No que se refere a atividade mineraria, a populasdo é diretamente atingida pelos impactos ambientais no solo, na Agua e no ar, para citar al- guns, ¢ indiretamente, quanto as alteragées sociais ¢ econdmicas da regio, durante ¢ apés 0 encerramento da atividade extrativa. B preciso que as “pessoas tenham a informagio necessiria sobre os beneficios da diversida de bioldgica e dos riscos e custos da sua perda’?” 368 MOTA, |, Ai BURSZTYN, M; CANDIDO JUNIOR, | Ai ORTTZ, R.A. A valoragio da biodiversdade: concetos econcepsdes metodologicas. In: Peter H. May. (Org). Economia do ‘Meo Ambient: eoriae pita. 2, Rio de Janeso:lseie, 200, p 265-288, p. 268 wv Lyssandro Norton Siqueira Assim, qualquer pretensio de edigio de norma que possa dispor so- bre valores de bens naturais passa pela necessidade de se informar a socie- dade, franqueando a sua participacdo na formagao desses valores. Os principios da participagao ¢ da informagao esto entre os princi pios de Direito Ambiental que vém sendo gradualmente incorporados no universo doutrinario e jurisprudencial do direito, principio da participasio, ao incentivar meios de participagio direta do povo em macro decisées (plebiscito,referendo e iniciativa legislativa popu- lat) € micro decisoes (decisoes administrativas, judiciais coletivas e sociais), colabora para a efetivacio da democracia, al como prevista no art. 1 da Cons- tituisao Federal de 1988. Em matéria de meio ambiente, 0 principio tem fun- damento no art. 225, caput, da Constituigao™, sendo decorréncia necesséria do direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado ¢ do regime jurfdico do macrobem ambiental como bem de uso comum do povo. Com a constitucionalizasao da temética ambiental, tornou-se possi- vel ampliar os canais administrativos e judiciais de participacao pablica, como instrumenio de efetivagao dos direitos e obrigagGes constitucionais: E cortetoe justo dizer que, no Diseito moderno,o leislador que ari bui o beneficio (qualidade ambiental) ou a missio (proteger 0 meio ambiente, como dever de todos) também distribui,expliita ou im- plictamente, os meios c, entre cles, of instrumentos processuais ¢ scios administrativos de participacio no esforco de implementagio. Logo, épossivel extrar da norma reconhecedora da (utela ambiental, como valor estencial da sociedade, um potencial poder processual de participar do processo decisério administrativo ow ingressar em juizo em favor proprio ou de outros co-beneficarios.” Anecessidade de participacdo na tematica ambiental decorre da clas- sificagao do macrobem ambiental como bem de uso comum do povo. Em razao da titularidade difusa do macrobem ambiental, ha, por consequén- cia, ointeresse de todos quanto & mitigagao de impactos ambientais. Como 570. Art 225, Todos tim dneito a0 meio ambiente eologicamente egulibrado, bem de uso comm ‘do pova cesencial Asada qualidade de vida, impondo-e ao Poder Publica eA coetvidade 0 ever de defendt-oe preserv-lo para as presentesefuturasgeragdes S71 BENTAMIM A. Hj CANOTILHO, .G, LETTE, J.-M, (Org), Dieta constituconal ambiental byasleito Sto Paulo: Saraiva, 2008, p78 ci Qual o valor do meio ambiente? bem de todos (bem de uso comum do povo), 0 macrobem ambiental é con- siderado indisponivel, o que significa dizer que sua conservacio € nao s6 tum direito, como também um énus da coletividade, pois que o macrobem ambiental deve estar ao alcance das presentes ¢ das futuras geracSes.” ‘Ao analisar 0 processo de evolucao da participacio comunitéria na ges- ‘tao ambiental, Fdis Milaré destaca que, somente na década de 1980, com a retomada das liberdades democriticas, & que se comegou a abrir espago para as comunidades expressarem suas reivindicagdes em favor da defesa do meio ambiente, especialmente as populagées afetadas por empreendimentos: De fato, a comunidade, através de instituigées, movimentos popu- lares ¢ organizacées intermedisrias, envolve-se cada vez mais com a problemética ambiental, Isto decorre da tomada de consciéncia da situagio, do amadurecimento politico das instituigdes ¢ das pes soas, assim como da estimulante solidariedade com a Terza, “nossa casa’. Nenhum processo politico-administrativo pode ser desen: cadeado sem a participacio comunitiria se quiser obter legitimi dade ¢ eficicia, Aliés, os governos devem encarnar as aspiragies da sociedade, quer explicitas, quer implicitas, e para tanto slo eles constituidos. Nao é outra a base de sustentagao dos regimes demo- ceriticos, A consciéncia do meio ambiente como bem comum pro- porciona novos rumos na participacéo da comunidade para definir seus objetivos, implementar sas aces e alcangar seus resultados, bd (© planejamento ¢ o gerenciamento do meio ambiente sio, assim, compartilhados entre Poder Pablico e sociedade, j& que © meio am: biente, como fonte de recursos parao desenvolvimento dahumanida de, é, por suposto, uma das expresses maximas do "bem comum’.?? No Brasil, para assegurar o direito a0 meio ambiente, nosso cons- tituinte impés ao Poder Puiblico uma série de obrigagées, que estio ex- pressas no pardgrafo primeiro do art. 225, destacando-se a de realizar licenciamento ambiental, a de exigir o estudo prévio de impacto ambiental Coimbra 572 ARAGAO, M.A. . 0 principio do polidor pagndor:pedes angular da polities «do ambient, Boletie da Faculdade de Dieta ~ Universidade de Coimbra, Coa Editor 1997, p20. ST MILARE, E Direto do ambiente: a gestdo ambiental em foc: doutrina, juisprudenca, _slosdro. 7.08 te: tual, exeform, Sho Paulo: Edltors Revlets dos Tribunals, 2012, p. 224/20, 173 Lyssandro Norton Siqueira de definir, em todas as unidades da Federacao, espacos territoriais espe- cialmente protegidos. Para o desempenho destas atribuicdes, a Constitui- Gao, em seu art, 23, conferiu competéncia comum aos entes federados, ou seja, Unido, Estados, DF e Municipios devem exercer as competéncias exe- cutdrias (administrativas) para a protegao do meio ambiente de modo coo: perado, nos termos do que estabeleceu a Lei Complementar n, 140/201. [Na tentativa de encontrar a melhor frmula para o exercicio desta com- ppeténcia comum, houve, ao longo dos anos, uma grande evolugao no Direito Ambiental, a ponto de consolidarmos um modelo peculiar de organizacio ad: ministrativa: o Sistema Nacional de Meio Ambiente ~ SISNAMA que, criado pela Lein, 6938/81, prima pela participagao da sociedade na gestao ambiental, especialmente pelo conjunto de drgios colegiados em sua estrutura Os érgios colegiados mostram-se como instrumento efetivo de par- ticipagdo dos cidadaos em uma sociedade de massa. Temos outras formas de participacdo direta da sociedade na gestao ambiental, tais como a au: digncia piblica em processos de licenciamento e as consultas publicas para criagao de unidades de conservacio, previstas na Lei n, 9.985/00, a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservacao - SNUC. Entretanto, quan. do nao é possivel a coleta das opinides individuais de todos, transfere-se a sociedade, em algumas hipéteses, o poder decissrio acerca das questoes ambientais, por via de seus representantes Finalmente, a partir do momento em que uma sociedade exceda 10 mil pessoas, é impossivel produzir, executar e administrar de- cisdes recorrendo-se a reunides em que todos os cidadios estejam sentados uns diante dos outros e em que cada um diga o que pensa, Grandes populagées nio podem funcionar sem lideres que tomem as decisées, executivos que implementem o decidido ¢ burocratas que administrem as decisdes ¢ as leis, Infelizmente para todos os meus leitores que sio anarquistas e sonham viver sem nenhum go: verno de Estado, essas razdes fazem com que seu sonho seja itre alista: vocés terio de encontrar algum bando ou tribo minisculos dispostosa aceité-los, onde ninguém seja um estranho para 0 outro ce onde reis, presidentes e burocratas sejam desnecessérios.™ S74 DIAMOND. J. 0 mundo até ontem:o que podemos aprender com as socedades tradicionas? sdugdo Maria Licia de Oliveira. 1. ed, Rio de Janeiro: Record, 204, p. 25 4 Qual o valor do meio ambiente? Como exemplo, veja-se a composicio do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA”, érgio consultivo ¢ deliberativo do Sistema Na- cional do Meio Ambiente ~ SISNAMA®*, Trata-se de um drgio colegiado representativo de cinco setores, a saber: drgios federais, estaduais e muni- cipais, setor empresarial e sociedade civil. JA 0 Conselho Nacional de Recursos Hidricos ~ CNRH™, instancia mais alta na hierarquia do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recur- sos Hidricos, & um colegiado que desenvolve regras de mediagao entre os diversos usuarios da 4gua, sendo ainda um dos responsiveis pela gestéo dos recursos hidricos no Pais. E composto por representantes dos Ministérios € Secretarias da Presidéncia da Repiblica com atuagio no gerenciamento ou no uso de recursos hidricos, representantes indicados pelos Conselhos Estaduais de Recursos Hidricos, representantes dos usuarios dos recursos Ihidricos e representantes das organizacies civis de recursos hidricos.."" Outro importante érgio colegiado, a Camara Federal de Compen. sagao Ambiental - CFCA?, tem por objetivo orientar 0 cumprimento da legislagio referente & compensagao ambiental oriunda do licenciamento 37S Tnstuide pela Lei 6936/4, que dispoe sobre a Poltica Nacional do Melo Ambiente, regulamentada pelo Decrto 99 274/50. 376 “Além do poder de iniiativa de lei peeeaga de epresentantes da comunidade, indicados livremente plas associagdes evi nos conselhose 6rgios de defea do meio ambiente enseja atuagdo eleva na eragio do Dirt tutelar ambiental. o que ocore, por exemplo, com uvidader do CONAMA, drglo colegiado de isbito nacional que tem coma competéncs, ‘entre ostar, etabelecernormas, eriéior «padres relativor ao controle « 4 manutengio da _gealidade do meio ambiente com vista 20 so racional dor re Dieta do ambiente-agesto ambiental em foco:doutina juisprodéncia, goss. 7. ed. 1 al. reform, Sto Pavlo: Editors Revita dos Tribunais, 2002 . 228/230) S77 Insituide pela Len 9438, de 8 de janeio de 1987 878 © ENRITé compost por reprecenantes de MinetroeeSecretarasZepecae da Presdéncia da Reptblca,Conselhos Estadual de Recursos Hidvcos, ules de securos idvcos (ergants indlstia, concessiondvis © aulorizadas de gerecio de energia hideltsicn; peseadores © scéros da gua para lazer e turismo; prestadoras de servico pablo de abasecimento de Agua ‘ esgotamento sanitirio: ehidrvidrias)e por representantes de organlzaydes cvs de ecursos ‘ideas Const, consrcos eassocagoes ntermunicipss de bas hideogfca: organizagbes téenica de ensno pezgue, com ntereee na ien de recursos Bkricos « onpunizaes 0 rnamentas). Hoje, st 7 coneelheioecom mandato de tt anos. O mmero de representantes nto pode exceder tet mais um do total de memes. do Meio Am 379 Orgio colegiado criado no Ambito do Minister MMA ®Al6, de 3 de novembre de 200 le, por meio da Porta Lyssandro Norton Siqueira ambiental federal, sendo composta por membros dos setores piiblico e pri- vado, da academia e da sociedade civil. ‘A Comissio Nacional da Biodiversidade - CONABIO™, por seu turno, € composta por representantes de drgéos governamentais ¢ organizagbes da sociedade civil e tem um relevante papel na discussio implementacao das politicas sobre a biodiversidade. Compete & comissio promover a implemen: tagao dos compromissos assumidos pelo Brasil junto & Convengao de Diversi- dade Biol6gica, bem como identificar ¢ propor reas e ages prioritérias para Pesquisa, conservacio e uso sustentvel dos componentes da biodiversidade. EN, érgio de cardter deliberativo e normativo, é integrado por representantes de 19 ér- gios e entidades da Administragao Publica Federal" com direito a voto. © Conselho de Gestio do Patriménio Genético ~ Verifica-se que, pela ampla possibilidade participagio, os conselhos de meio ambiente sao importantes foros de reflexdo e deliberacao sobre as, questoes ambientais que tanto alligem a sociedade Hi Estados em que a sociedade civil participa até mesmo das decisdes administrativas no licenciamento ambiental, por meio dos Conselhos in: tegrantes da propria estrutura administrativa. E 0 caso, por exemplo, do BHO BRASIL, Decreto 4703, de 21 de maio de 2003, 881. Cuado pela Lei 1312872015 que estabelece: ‘An. 6% Fics crindo no Ambito do Ministerio do Meio Ambiente 0 Conssiho de Gestho do Pateimdnio Genética ~ CGen,drgio colegiado de cariter dliberativ, normative, consulve e recur, responsivel por egordenar a elaboragio a implementasio de poliiss pars a gero ‘do aceszo a0 patrimidnio gendico¢ ao conhecimento tradicional aetocndo eda repartigso de Deneficos, formado por representacdo de Gghos e entidades da adminsstracho public federal «que dem comapeténcia sobre as diversas age de que trata esla Lei com partcpagio mixima ”” As criticas, entretanto, nao se justificam. No caso em comento, 0 acordo foi celebrado no curso de uma agéo civil publica proposta em de- a7 Acordo firmado as Agio Civil Pablicn n 0069754-61.2015.4.01.3400, em thmite ma 12° Vara da Seco Judicvia de Minas Gerais. Homologado pela Desembargadora Masia do Carmo Cardoso, Coordenadora-Geral do Sistera de Coneliagio da sia Federal da Primneira Regio, no dis 05/06/2016. 588 CLAUSULA 182: A hupuewnegreenpeseeorg/brel/pl/Noticas/Repudiocontrs-acordo-de Mariana/FUNDAGAO deverd cutest agber referents & consolidagio de 2 (Gs) Unidades tadual do Rio Doce eo Refgio de Vida Siveste de 5349 Disponivel_ em _, Acesto em L.mai 2016, 390 Disponivel em _ seesto em 12. msio 2016, 179 Lyssandro Norton Siqueira zembro de 2015, ou seja, todos os pedidos formulados sio piblicos desde a distribuigdo da agao, Além disso, as medidas liminares requeridas foram deferidas no mesmo més de dezembro, com ampla divulgagéo midiatica. Desde entio, os autores foram procurados pelas trés empresas rés e pas- saram a negociar uma composicdo amigivel que garantisse a plena com: pensagao, restauragdo ¢ reparagio ambientais. Até a uktimagio do acordo, varias foram as reuniGes, com participagées dos integrantes do Minist Pablico Federal e dos estados Minas Gerais e Espirito Santo, No ambito de uma acio civil pablica, néo ha espaco para a realizacio de uma ampla consulta popular, até mesmo porque a discussao esta adstr ta aos pedidos formulados O sistema de tutela coletiva vigente, para evitar que qualquer atingido seja prejudicado, permite o ajuizamento, seja de outras agdes civis pili cas, por quaisquer dos legitimados, seja de outras ages populares, com pedidos complementares aqueles formulados e negociados, Além disso, a composicdo, em sua cléusula terceira, parégrafo segun- do, preservou todas as medidas tomadas na Ago Civil Publica n, 0043356- 50.2015.8.13.0400, ajuizada pelo Ministério Publico do Estado de Minas Gerais ¢ distribuida originalmente 4 2* Vara Civel de Mariana/MG, em que sio contemplados os danos causados populacéo mais diretamente atingida pelo desastre ambiental. Acrescente-se que nada impede que os demais legitimados, cidadaos, associagdes, Municipios ¢ Ministério Publico, ajuizem novas ages popu- lares ¢ ages civis piblicas pleiteando pedidos nao contemplados no acordo celebrado, Como jé afirmado, o proprio Ministério Publico Federal, que, por um de seus membros, tece eriticas a0 acordo na referida nota, propos nova acao civil publica com pedidos da ordem de R$155 bilhées de reais. A importincia da participagao dos cidadaos no processo de tomada de decisées lem crescido. O principio 10 da Declaragao do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, de 1992, dispoe que a melhor maneira de tratar as questoes ambientais é assegurar a participacao ¢ a informagao, no nivel apropriado, de todos os cidadaos interessados: No nivel nacional, cada individuo terd acesso adequado as informa- ‘goes relativas a0 meio ambiente de que disponham as autoridades 180 Qual o valor do meio ambiente? plblicas, inclusive informagSes acerca de materiais ¢ atividades pe- rigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de parti- cipar dos processos decisérios, Os Estados irio facilitar e estimular conscientizagao ¢ a participagéo popular, colocando as informa- bes & disposigio de todos. Ser proporcionado o acesso efetivo a -mecanismos judiciais ¢ administrativas, inclusive no que se refere A compensagio e reparacio de danos.”*" A Convengio de Aarhus, assinada na Dinamarca em 25 de junho de 1998, sob a égide da Comissao Econdmica das Nagoes Unidas para a Euro- pa” (United Nations Economic Commission for Europe - UNECE) ¢ um exemplo desse crescimento™, sendo um dos mais importantes instrumen. ‘os do Direito Internacional do Ambiente. Referida Convengio foi baseada na ideia de que o desenvolvimento sustentivel apenas pode ser verdadeira- mente alcangado através do envolvimento de todas as partes interessadas, portanto, com a necesséria participacao dos cidadaos.”* Apesar nio ter sido ratificada pelo Brasil’, embora haja a possibi lidade de aplicagao dessa convengao a paises nao europeus, a Convencio isi 392 AUBtomnov-seParteda Convengio de Aashus através da Decisio do Conselnon°2005/370/CE, ca que a UE deve cumpri as obrigacies dec CConvencio, no imbilo do exerccio dos seus poder leglatives,adminiszaivos jueats ‘itando jeita x0 mecenismo de revisio de Cumprimento, (LANCEIRO, RI. O direto de mA tilogia de Aarhus 05 , C. Ay ANTUNES, T. direitos & informagao, a partipasdo ea justiga ambiental. GON (oord) Lisboa: Entiat de Ciéneas fridio.Poliies, 2015, 38), 593 0 dirt de acess &infrmagio em matila de ambien, ceconhecdo pela Convene de Aathes, {i vertde no Direto dx UE e no Dito nacional, consituinde, hoje em di, wma paste eental dos direitos procedimencis ambientais. A transposico da Diretiva de Actso a Informacées “Ambiental e das obrigacdes da Convenct de Aashs no que diz espa aeateapect, pela LATA pode sr aponiada come um exemplo de sucess leilaive,(LANCEIRO,R.T opt. $8160, 384 LANCEIRO,R.T, op. it, p20 8s ;pants do CONGRESSO INTERNACIONAL © NOVONO DIREITO AMBIENTAL EL PRIEUR, reliacho da Procuradoria Regional da Repblca da 3 Regitoe da Escola Superior do Ministerio Piblico da Uniio, com o apoio da Astociagio Nacional dos da Repibliea- ANPR, da Escola Superior do Miniséro Publico do Estado de Sio space SIA, do Instisuto de Estados de Digeito¢ Culadania~ IEDC c ds Bditors ‘rum, convencidos da urgénci da adogio de medidas veltadas aque o Brasil ea sigaticio Acesso em: 23.mar 2016. 4411 COSTANZA, Re. al he value of world’s ecositem services ad natural capital. Nata, V. 397,» 258-260. 1997, p.258, 412. ARAGAO, M.A S.A naturezanio tem peso. ma devia: o deverdevalorare pagar oservigar ‘dor ecotsetemas, n Estudos em homenagem 0 Profertr DoutorTorge Miranda. Vl. TY, Colmbra: Coimbra Eaitora S.A, 2012, p. 192 Qual o valor do meio ambiente? ‘A prévia quantificagao dos impactos e danos ao macrobem ambien- tal, por meio da valoragéo economia dos bens naturais, apés ampla parti- cipagdo da sociedade, devidamente informada, permite que se atinja um valor préximo a realidade. 3.2 O desafio da valoracao das externalidades ambientais negativas decorrentes da atividade minerdria [Naohé cuivida de que a falta de estrutura administrativa adequada inviabi- liza uma apurada verificagao dos estudos ambientais que subsidiam a concesséo daslicengas ambientais,além de prejudicarafiscalizacéo do exato cumprimento dos atos administrativos autorizativos de atividades impactantes A reconstrucio da Administracdo Publica Ambiental é essencial para ‘um ambiente de seguranga quanto 4 avaliagéo dos impactos ambientais, pois “nao se podem otimizar as possibilidades de uso da natureza quando no se sabem quais os limites que realmente nao podem ser ultrapassados sem que se causem efeitos irreversiveis para o meio ambiente”? Em razio da magnitude dos impactos causados pela minerasio, tais fra- gilidades administrativas ficam ainda mais ressaltadas neste tipo de empreen- dimento, especialmente quando se confronta com o quadro desolador das reas mineradas e nao recuperadas apés o esgotamento dos recursos minerais. Os impactos da atividade mineréria atingem os mais diversos bens naturais, gerando desequilibrio em varios ecossistemas, a exemplo das se- guintes situagoes: Praticamente, toda atividade de minera¢io implica supressio de ve~ getacao ou impedimento de sua regeneragao. Em muitas situagdes, © solo superficial de maior fertilidade ¢ também removido, ¢ 05 s0- los remanescentes ficam expostos aos processos erosivos que podem acarretar em astoreamento dos corpos d’gua do entorno. A qua lidade das guas dos rios e reservatérios da mesma bacia, a jusan te do empreendimento, pode ser prejudicada em razéo da turbider provocada pelos sedimentos finos em suspensio, assim como pela poluigio causada por substncias lixiviadas e carreadas ou contidas ie (ANI. Direitoamlental conSmic. 3 ed, Sdo Paul: Saraiva, 2008, p89 Lyssandro Norton Siqueira nos elluentes das dreas de mineragio,tais como éleos, graxa, melas pesados. Estes ttimos podem também atingir as éguas subterri- reas. O regime hidroldgico dos cursos d'gua e dos aquiferos pode ser alterado quando se faz uso desses recursos na lavra (desmonte hidréulico) no beneficiamento, além de causar 0 rebaixamento do lengolfredtico, O rebaixamento de calla e rios com a lavra de seus leitos pode provocar a instabilidade de suas margens, causando a su pressio das matas ciiares, além de possbiitar 0 descalcamento de Pontes com eventuais rupturas. Com frequéncia, a mineracio pro voca a poluicio do ar por particulados suspensos pela atividade de lavra, benefciamento e transporte, ou por gases emitidos da queima de combustivel. Outros impactos ao meio ambiente estio associados aruidos, sobrepressio acistica e vibracies no solo associados& ope- ragio de equipamentos ¢explosdes." Esses impactos aos bens naturais acarrelam repercussées graves, também, no meio antrépico. Para Mariana Hortelani Carneseca Longo, a maior interferéncia da atividade mineréria ocorre nos servigos diretamer terelacionados ao bem-estar da populacdo envolvida.* De fato, a ativida- de mineréria causa no apenas 0 impacto negativo ao meio ambiente, mas também impactos a satide, decorrentes de poluicao sonora, atmosférica, da gua e do solo, além da desfiguragao da paisagem pela escavagio. Como bem destaca 0 relatério final do Grupo de Trabalho de Valo- ‘40 do Dano Ambiental elaborado pelo Ministério Publico do Estado de Sao Paulo (Ato PGJ 45/2012), “mesmo que a paisagem da area minerada seja restituida, restard o dano intercorrente, que consiste na perda de re- {4 MECH, A; SANCHES, D. 1, Impector ambientais da minerasdo no Hxtado de So Paulo, Estudos Avangador, Sto Palo, v.24, 1,68, 2010, p 209/20. Dsponive em: Acesso em 20 mar. 2016 4416 MECH, A; SANCHES, D. 1, impactor ambientis da minerasdo no Ertado de Sdo Paulo, Estudos Avaneados, Sio Paulo, 24, n. 68,2010, p. 208/210. Dsponivel em: citp dx dat. ‘org/10.1580/S0102-40142010000100016 Aceigo ex 19 mar. 2016 194 Qual o valor do meio ambiente? cursos, fungées e servicos ecossistémicos, em detrimento da disposicéo do bem difuso da coletividade".” A debilidade administrativa ambiental frustra possiveis solugdes para © problema do abandono das areas mineradas, pela auséncia de fiscaliza- G40 a0 longo da vida uitil do empreendimento, postergando a implementa- G40 das medidas de recuperasao ambiental para um momento préximo da exaustio da exploragio mineréria: Tais situages podem ter origem na deficiéncia do plano de recupe racio ou de fiscalizacio sistemstica para a verificacio do cumpri mento dos cronogramas estabelecidos nos projetos. A postergacio de implementagio de medidas de recuperacio para a fase final de lavra, préxima a sua exaustio, implica aumento significativo de custos justamente numa fase de redugio de receita, estimulando 0 abandono ot o cumprimento parcial das obrigagses, A exigéncia de garantias, por exemplo, seria um instrumento efica para evitar a costumeira auséncia de recuperacio de areas degradadas pela mineragao, mas seria necessatia uma prévia valoragio ambiental para que os valores das garantias estivessem a altura dos planos de recuperagao. Ora, se falta & administragdo, pela sua desestruturasio, competéncia técnica neces- siria para a avaliacao das externalidades ambientais negativas, havera igual ‘ou maior dificuldade quanto & valoragao ambiental, bem mais complexa. comum se afirmar que os bens naturais séo téo importantes ¢ im- prescindiveis para o homem que seria impossivel hes atribuir um valor econémico, mas é certo que ao exercer 0 controle de atividades poluentes, protegendo mais ou menos determinados bens naturais de acordo com os efeitos que os impactos negativos causem ao bem-estar do homem, ja se faz uma valoracdo da natureza [a7 MPSP- CAO Usbanismo cMcio Ambiente -Relatria inal do Grupo de Trablo de Valoragta do Dano Ambiental ~ Ato PG) 45/2012 - 27/08/2012 + 1409/2014, p. 98. Disponivl em Acsto en: 7 mar2016, 6 196

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