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A Evolucdo do Assunto de Ciéncia e Tecnologia na ESG GILDA MARIA TEIXEIRA UFLACKER* Em 1953, 0 General Juarez Tavora fez as primeiras mengdes a C & T, em sua palestra que foi transcrita no pri- meiro nimero da Revista da ESG. Referia-se ole & influéncia, no Poder Nacional, dos fatores Politicos, econd- micos, psicossociais, militares ¢ cienti- fico-tecnolégicos, que, doutrinariamen- te, cram, assim, colocados em igualda- de de posigao, Esta equivaléncia fatorial, alias, nun- ca deixou de existir, se considerarmos que, mais tarde, C & T foi também considerada como um fator de todas as expressdes. Durante um bom periodo, as divisdes de estudo da ESG ocuparam-se dos fa- tores politicos, econdmicos, psicossociais ¢ militares. Em um determinado ano, 0 manual basico trouxe nova terminologia para designar 0 Poder Nacional resultante dos fatores militares: era a expresso mititar do Poder Nacional. O vocibulo “expressiio” foi conside- rado muito feliz ©, no manual basico seguinte, aparecem a “expressiio politi- ca do poder nacional, a expresso eco- Revista da Escola Superior de Guerra némica do Poder Nacional ¢ a expres- sto psicassocial do P.N.” © yocdbulo “expressiio” adquiriu uma forga tal, que eclipsou os fatores que a doutrina havia estudado até entio, E, quando se criou a divisiéo de as- suntos cientificos ¢ tecnolégicos, nao foi para estudar os fatores de C & T, mas para averiguar-se C & T seria uma expressio do Poder Nacional, Essa divis4o nado chegou a funcio- nar e foi extinta, Em 1982, foi desig- nado o entdo estagiario L.F.S. Can- diota, representante do CNPq, para arganizar a divisio de estudos de Ci- éncia e Tecnologia. C & Tapareceu, pela primeira vez, em um manual da ESG, em volume separado sob 0 nome de Elementos Te- éricos, corporificada em um capitulo sob 0 titulo “Elementos Teéricos de C & T”. O bindmio C & T foi tratado como fator do Poder Nacional, No ma- nual seguinte, C & T aparecia, ja, na parte doutrindria, também como fator. _ Estabeleceu-se, entio, uma dicotomia entre fatores que se haviam transforma- do em expressao do Peder Nacional cos 145 fatores cientificos ¢ tecnoldgicos que permaneciam como fatores, Tem havido, sempre, de parte dos estagiarios, uma estranheza quanto a essa diferenga c, freqiientemente, preo- cupam-se em demonstrar que C & T também é uma expressiio do Poder Na- cional, Em 1987, o chefe da divisdio de C & ‘T, pronunciou uma palestra, no intuito de provar que C & T também cra uma expressio, abordando o tema pela inconteste importéncia de C & T para o Poder Nacional no mundo atual, sem. entrar cm consideragdes doutrindrias. Areagiodo auditério apresentou dois argumentos prineipais contra a tese do conferencista: 1) € & T 6 importante, mas, como expressao, é um erro doutrinario, 2) C &T sé 6 importante nos paises em que ela esta avangada Houve, entretanto, opinides no senti- do de se abolir 0 conceito de expressiio, inexistente em doutrinas de escolas congéneres de paises e que se adotasse, assim, 0 critério de Morgenthau, que reconhece, apenas, fatores do P.N., sem usar o conceito de expresso, restabele- cendo igualdade entre fatores. Os trabalhos de grupo, de anilise da conjuntura, vém apresentando uma dife- renciagio de tratamento entre os fatores que se constituem em expresses ¢ ofator C&T, que, as vezes, nem é examinado, apretexto de que C & T nfio ¢ expressiio. 146 Ao escrevermos a LS-364/89 procu- ramos provar a inconsisténcia da dife- renga do tratamento doutrindrio entre fatores de expressiio ¢ fatores nao per tencentes a expressdes, Afirmamos, entio, que todo fator tem poder de modificar um fundamento; ex- pressa, portanto, poder, pela doutrina da ESG. Afirmamos, também, que 0 fato de C & T ser considerada mais em paises mais avangados ¢, sé nele, ser uma expressiio, nfio procede, visto que a doutrina trata do dever ser e nao do ser, Parece-nos que a evidéncia da im- portincia da C.& T’é crescente e poucas dividas existiriam, entre os estagiari- 08, se C & T fosse considerada expres- sfio; ou que nenhum fator fosse chama- do expresstio Ha que ser considerada, também, a inconveniéncia de C & T ser considera- da como um simples fator, quando, na realidade, este bindémio representa um conjunto de fatores, analogamente a outros conjuntos. O trecho histérico doutrindrio acima foi elaborado em 1989. Fora esbogada, em 1988, uma estrutura de Expressio Cientifico-Tecnolégica, com fundamen- tos, (ainda, Homem, Territério ¢ Institui- gio), Fatores (Capacitagao, Biodi- versidade, Diversidade de ambientes e Solos, Desempenho de instituigdes de pes- quisa, de classe, de fomento, de servigos auxiliares) ¢ de Indicadores para cada fator mencionado, Este estudo constituiu um “paper” distribuido na ESG. Na mesma época foi claborada, a pedido de outra divisfio, uma listagem de argumentos a favor de considerar-se C & T como “Expressiio”, Porém, persistiam algumas dividas, em alguns setores da Escola, sobre a conveniéncia dessa deciséo. A DACTEC, entretanto, cénscia da sua responsabilidade de esclarecer bem 0 tema, continuou elaborando cstudos doutrinarios, ora mostrando a influén- cia de C & T nas expressdes do Poder Nacional, ora chamando a tengdo sobre a impropriedade doutrindria e didatica doestudo de um fator em especial, para lelamente a outros fatores estruturados em expressao; ¢ 0 relacionamento entre “Expressdo” do Poder Nacional ¢ seus fatores, argumentando contra 4 adogao da Expresso de Ciéncia e Tecnologia As Revistas da ESG (n°s 9, 15 ¢ 17) mostravam o poder deinfluénciadaC & T na sociedade; a “pesquisa Doutrind- ria da DACTEC” de 1991, evidenciava a equivaléncia entre todos os fatores doutrinarios ¢ até a possibilidade de anular 0 conceito de “expressaio”, para evitar a dicotomia existente, entre fato- res © expressiio. A Revista da ESG (n° 20) mostrava como as atividades didaticas da ESG vém aumentando a importincia de mé- todos cientificos na decisdo e no Plane- Jamento. Em 1992, 0 n® 23 do mesmo periddico, aludia a classica confusio. entre fator e expresso ¢ sugeria altera- ges para situar melhor C & T na Dou- trina. Nas gestdes dos ultimos coman- dantes da ESG, a estruturagio doutri- naria da Expressao Ciéncia ¢ Tecnolo- Revista da Escola Superior de Guerra gia comegou a ter maior probabilidade de adogiio , devido, no sé a evidéncia conjuntural (inclusive na sociedade bra- sileira), da importéncia de C & T, como devido, também, ao amadurecimento doutrinario do tema. O atual Comandante da ESG, Ten. Brig, Sérgio Xavier Ferolla, sensivel a importancia do assunto, decidiu, de for- ma muito oportuna, pela inclusfio da quinta expresso do Poder Nacional, a C&T,na doutrina da ESG; a Revista da Escola (n° 24) jd define sua estrutura, Ocorre, esta providéncia, no momento ‘em que, entre os fundamentos do Poder Nacional, encontra-se 0 “espago”, ensojando a devida amplidao do concei~ to de pesquisas cientificas ¢ tecnolégi- cas, nfo sé sobre os bens concretos como sobre o Homem (Psicologia Cien- tifica) e sobre a Sociedade (Sociolo- gia). O fundamento “cultura”, do Poder Nacional encontra, em Cigncia ¢ Teo- nologia, outra grande justificativa para sua adogaio, ja que Ciéncia é “o saber 0 aumento do saber” e Tecnologia é 0 “saber fazer”. Ao fundamento “recursos Humanos” cabe o exercicio do poder de pesquisar, descobrir, desenvolver, inovar (até.a 1° comercializagio) - atividades caracte- risticas dessa expressio. Embora nao seja impossivel aos ci- entistas © tecnélogos explorarem co- mercialmente ou socialmente, as desco- bertase as inovagdes, ao fazerem, esta rio ingressando em atividades caracte- risticas das outras expresses - ecané- mica, psicossocial, militar ¢ politica, pois 0 uso ¢ a exploragiio das inova- 147 ges, por mais sofisticadas que sejam, do ponto de vista tecnolégico, nao cons- tituem atividades cientifico tecnolégi- cas; estas cingem-se ao ambito do au- mento do saber, sobre a natureza, sobre processose sobre produtos a serem apre- sentados a sociedade, como opgfio para suas necessidades ou conveniéncias. Esperamos, enfim, assistir, em 1994, a uma palestra doutrindria “A Expres- sto Ciéncia e Tecnologia, do Poder Na- cional.” Achamos que a Doutrina da ESG, ganhou, assim, uma batalha contra a dicotomia entre um fator, estudado es- pecialmentc ¢ quatro expressdes do * Adjunto - DAE 148, Poder. E a DACTEC ganhow uma guer- ra, em que foram tentadas varias estra- tégias consecutivas: a proposi¢ao dire- ta da quinta expressiio, por motiyos doutrindrios, ¢ por motivos conjunturais; a demonstragao da impropriedade da dicotomia acima, e até a proposigéo da anulagio das expressdes, no sentido de harmonizar a doutrina. Se, nés, na ESG, interessados no tema, proporcionamos uma vitéria da Doutrina em seu equilibrio harménico e Iogico, esperamos, agora, que ela retri- bua, proporcionando maior conscienti- zagio da importancia desse setor, para o bem do Brasil.

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