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pATICAS PEDAGOGICAS PARA CRIANCAS DE 3A 5 ANOS Digitalizado com CamScanner nga de seu nticleo familiar pag, = A ara de Educagao Infantil € um marco no seu desereh * ‘ : ly ue isso Ihe permitiré alargar g ‘Men, CUS to. Nao apenas porq e aprender a viver em grupo, Mas principal, trard em contato com novas situacdes, sera estim, te icionar afetivamente em relacao a dete lady e isso é condigao para uma importa ao da linguagem € do pensamento. Acompanbar esse p °Voly. ealimenta-lo é0 principal objetivo do planejamento do mal E 0 que pode esperar um professor com relacao ao me volvimento das criangas dos 3 aos 5 anos? Que experitncage” fundamentais para 2 crianga na sua jornada de aprendizagen, ‘omo uma instituicao educativa e o Ee, desenvolvimento? Cc vjem decidir sobre o que apresenta professor po que ap’ 1 a UM grupo d criangas? A partir dos 3 anos, na experiéncia social em uma institu { a0, educativa, € esperado que as criangas possam dar passos cada vez mais largos rumo a0 desenvolvimento emocional ea autonomia moral e intelectual. Nesse momento da vida, elas de- verao construir as nogoes de responsabilidade, os limites e 0 fun- cionamento das regras, © principio moral e os primeiros desafios da ética e valores como a solidariedade e 0 respeito a diferenca, Desenvolvem-se a partir dessa idade os sentimentos de compe- téncia e independéncia ~ que tantas vezes assusta 0s adultos avi dos por controlar as criangas -, 0s processos de identificacao que sao a base para a constituigao de novos grupos © circulos de ami- zade e companheirismo, as diferengas de género, 0s diferentes papéis sociais, os respectivos padroes sociais de comportamentt as narrativas, © pensamento ‘mais organizado e légico eo drama e seu lugar no mundo, na relagao com 0 outro. jo naoé passagem da cria Jacionamentos porque en! a pensar ea se Posi dos conhecimentos, reconhecer que 0 desenvolviment é vivido da mesma maneita Pot e que nao se trata de um proceso vunice fruto de interagoes de fatores org iais. A insercao social de cada rian ia oulem uma instituigaoe Digitalizado com CamScanner cativa influenciam fortemente muito diferentes umas d nar que todas as © seu desenyoly; pe ond desenvolvimento © as torna i Saath Por isso, nao 6 possivel afir- ea nam vencido igualmente todos os desafios que a primeira inféncia apresenta ; 86 porque jé fizeram Para planejar o trabalho com a ctianga de portante conhecer profundamente oO interesses, seu desenvolvimento, seu 3.45 anos, é im- 8rupo infantil, s, Brau de a solver problemas diversos e as caracteristicas etdria. Saber mais sobre a experiéncia cons\ fora da instituigao educativa e considerar que haveré diferencas importantes entre ae que ja frequentaram uma instituicado cad riormente e as que ingressam pela Primeira vez e experimentar a separacao dos pais e a ex, espagos tao diferentes do ambiente familia: ‘Tudo isso deve aber seus utonomia para re- Proprias da faixa truida na sua historia 86 entdo vao Ploragdo de tempos e Ir. Ser muito bem cuidado no momento inicial da crianga na vida escolar, no acolhimento dos adultos com as boas-vindas a nova fase da vida, Caracteristicas do planejamento para criancas de 3. a5 anos Até os 2 anos 0 professor assume um papel preponderante na organizacao das praticas educativas, oferecendo-se 0 tempo todo como modelo. A partir dos 3 anos, é esperado que as crian- Gas conquistem graus mais elevados de autonomia, que se sintam cada vez mais seguras para arriscar-se na exploracao do mundo e aprender a brincar e trabalhar com seus pares, superando con- flitos que, muitas vezes, a vida em grupo coloca. £ nesse momen- i6s, adultos, muitas vezes organizamos a vida em fungao tos. Por exemplo, cursar uma boa universidade até ob- iploma; comprar uma casa; casar-se e constituir familia. rever parentes, conhecer outras culturas, a maratona; rodar 0 mundo 159 Digitalizado com CamScanner em uma bicicleta ete. Nossos projetos podem perm, sempre em nossas vidas como sonhos. Mas, se Wisermee les se tornem realidade, precisamos organizar og si ia Projetos que nos ajudem a pensar em um caminho Pl tar tudo isso. O trabalho por projetos na instituigao de Educagig Int guarda alguma semethanga com esse modo de pensar, yl rentemente dos projetos de vida, os da instituigéo educatiy, Ait compartilhados por muita gente, pelas criangas que const uma turma e seu professor, aquele que esta sempre pr em do em ouvir, apresentar bons problemas, propor 6timos Necey em al ra Conauig, desatigg para fazer com que cada um avance em seu processo de aprend zagem e de desenvolvimento pessoal. 7 Além disso, os projetos na instituigao educativa €xistem para aprimorar as relagBes em grupo eo trabalho auténome, nn controlado pelo professor, contando com estratégias que as pro. prias criangas encontram e as sugestdes, propostas, diferent opinides acerca dos problemas que estao resolvendo. Os projins podem, portanto, contribuir para 0 alcance de uma importane expectativa de aprendizagem: “garantir experiéncias que am. pliem a confianga e a participagao das criancas nas atividades individuais e coletivas” (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educagao Infantil). a) A experiéncia coletiva de projetos ‘Trabalhar por projetos na instituicao educativa nao é uma a ja escreveram a respeito, procurando M projeto. Nosso interesse € discutir esse naneira pela qual o projeto pode fazer se” Ser visto como a projegio de um m determinado tempo. Uma projs\"® trabalho de pesquisa, de sistemati2” ‘aprenderam individualmente:" m grupo de criangas. Digitalizado com CamScanner Delia Lerner, investigadora de did, entende que Os projetos séo form, cular prop' guagem escrita, por exemplo, latica do ensino da lingua, ‘as de organizar o tempo, arti- Unicativos, de Pe » Apareca na escol situagdes sociais de uso real tos didaticos e com, modo que a lin a circunscrita por da lingua. Essa é = uma concepgao pensada originalmente para cri ® ctiar contextos ao ensino da lingua portuguesa e, nesse caso, so nomeados como ” af oe “projetos de pro- ducao-interpretagao”. Sao form if P . as altamente estruturadas e pla- nejadas de propor objetivos compartilhados de uso social da lin. gua escrita. A autora sugere objetivos compartilhados como, por exemplo, gravar 0 audio das criangas lendo poemas em voz alta, que podem ser incluidos em um Programa de radio da comuni- dade, 0 que possibilitaria importantes aprendizagens ligadas a Jeitura. Ou, ainda, escrever coletivamente uma carta a uma secao do jornal, posicionando-se sobre a leitura de algum artigo lido em grupo. Isso daria contexto para lidar com os problemas de se fazer claro por escrito, corrigindo a linguagem para que tudo seja compreendido com clareza pelo destinatario. A proposta de Lerner parece interessante para 0 trabalho com a linguagem na Educacao Infantil, se Pensarmos que ela é, de fato, uma pratica que s6 adquire sentido em seu uso social. Tais projetos poderiam trazer a vantagem de articular os objeti- vos que sao do interesse das criancas aos objetivos do professor, para promover avancos na aprendizagem e no desenvolvimento de um grupo de criangas. Desse modo, a intengao do professor se expressa mais no seu compromisso em promover avancos do que no passeio pelos temas. Por exemplo, em um projeto de estudo dos contos de fadas, a énfase nao estaria no tema das princesas ou dos principes, mas no ato de ler, apreciar, recontar e reescre- ver 0s contos tradicionais, praticas importantes de uso da lingua- gem escrita. Os projetos podem construir contextos para experiéncias de ‘explorar praticas sociais diversas, a fim de que crian- possam pesquisar e comunicar 0 que aprende- ‘or pode, junto com as criangas: 161 Digitalizado com CamScanner Selecionat poesias para produzir uma Coletanea j da das favoritas do grupo para presentear a “ ib; da escola. "ote Produzir uma gravagao de poesias recitadas pel e preparar um encarte com as letras para Hie acompanhar, podendo levar para casa para oy lui férias. Vit nas Aprender um repertério de musica popular brasil como brincadeiras cantadas, para gravar um an do pelo grupo, com ajuda dos pais, e produzir a ‘yro com as letras de algumas cangdes para quem co aprender a cantar, pocendo levar para casa, a Produzir uma colegao de livros de histérias Tecontad, pelas criangas para uma troca de livros entre assalal escola, para ampliar 0 repertrio da biblioteca Escrever historias sobre herdis de historias infantis ¢ desenhé-los. 6 Comunicar-se com criancas de outras partes do mundo para colecionar cartoes-postais. 7. Pesquisar e escrever uma cartilha com as regras de al- gumas das brincadeiras de rua para distribuir&s cian as da comunidade na semana das criancas. 8 Produzir cartées de Natal para montar uma banquinha na escola no més de dezembro. g. Preparar um livro instrucional do tipo “faga vocé mes mo” para ensinar criancas menores a confeccionar ak guns brinquedos para levar ao parque. 40. Fazer um livro de receitas (regionais, favoritas do grup ‘sucos e vitaminas, sobremesas de chocolate etc) paral: J e ajuda aos pais para preparar algt* ivinhas para dar no dia doc s interturmas. fo animal (ou outro assunto lig duzi ‘com ajuda dos pais adiantada do Ensino Fun Digitalizado com CamScanner mental, um documentario em video para apresentar no dia da mostra de cién 343. Montar um guia turistico para quem quiser passear na cidade ou bairro, ou para distribuir na rodovidtia na se- mana do aniversario da cidade (ou outra data que faca sentido para a turma). 14. Produzir um folder orientando os visitantes a conhecer coisas imperdiveis no zoolégico da cidade (ou outro lo- cal apreciado pela turma). Os folhetos podem ser distri- buidos na entrada do local em um dia combinado ias da escola Cada um desses propésitos compartilhados com as criancas pode criar contextos para diversas aprendizagens de uso e de reflexao sobre a lingua. Desenhar esses projetos, propondo ati- vidades desafiadoras e promotoras de avangos deve ser foco do planejamento do professor. b) Outras apropriagdes do trabalho por projetos Todos esses propésitos podem ser bem-articulados em pro- jetos didéticos de producao-interpretago, como propée Lerner (2002). Mas existem muitas outras possibilidades de trabalho com as criancas que nem sempre enfocam 0 trabalho com a lin- gua portuguesa e, no entanto, sao igualmente importantes para a experiéncia infantil. Nesses casos, é possivel pensar em formas de compartilhar objetivos e desenvolver planejamentos do tra- balho com as diferentes linguagens e campos do conhecimento, ando as orientacdes didéticas que sio mais adequadas, 0 com a natureza dos diferentes conhecimentos. Sio 0 de arte com producées da ra a comunidade toda. iversdrio para alguém da tur- transformar o jardim da 163 Digitalizado com CamScanner instituigao, colocando outras pl. pagos verdes do parque. Construir uma casinha para brincar no antas e de COrang, lo 0s, + ard Parque 5. Construir objetos para compor o faz de conta q 6. Organizar uma colegao de adesivos ou de ane tury a de agrado do grupo. 8 Obey Conhecer eselecionar filmes organizar uma m trad (ouem ot cinema na escola na semana das criancas data em que faca sentido esse evento), Para que a jornada do desenvolvimento humano 5 anos se realize em toda a sua potencialidade, é impor a instituigao de Educacéo Infantil se responsabilize rar algumas experiéncias. Considerando todos os Principiog referencias jf apontados no capitulo 2, listamos a segue a mas priticas norteadoras do trabalho pedagégico na Tua Infantil que podem ser muito enriquecidas pela experiéncig dos professores, nas diversas regides do Brasil. os 5 agg rtante que Pot assepy, 1. BRINCAR Em qualquer lugar do mundo, todas as criangas brincam de faz de conta, embora nao da mesma maneira. A expressividade dessa linguagem nao € resultado de um desenvolvimento natura, mas sim fruto do seu desenvolvimento sociocultural. Em outras Palavras, brincar é algo que se aprende socialmente, e o contato, coma cultura, por meio do professor e dos recursos que ela ape ear saz significativamente a qualidade da brincadeira ‘Mmaneiras possiveis de brincar em gi abrincadeira de faz de contae os} 1utores de sua época, Vygotsky 282) stica do jogo infantil naoe viver uma situagio imagiti™ [ ana, nao existe brincade® izer que, de certa forma, brine tes; ambas as vivencit® Digitalizado com CamScanner yolvem a imersao da crianga em uma Situagao imaginaria, uma experiencia rara em que ela propria assume para si eianine: das regras e escolhe segui-las intencionalmente. Isso diz respeito tanto as regras para anerrimmantar-se no tabuleiro, como as fan ge comportamento inferidas dos diferentes papéis sociais assu- idos na brincadeira: mamae, papai, ilho etc. A crianga imagina por exemplo, uma corrida em um tabuleiro de trilha,oua wae de cavaleiros em um tabuleiro de xadrez, tanto quanto se imagi- na como mae, ou pai ~ ea boneca, como filha. O que diferencia os jogos de regra do faz de conta é o fato de que as regras dos jogos sao estabelecidas na cultura e atra- vyessam geracdes sofrendo poucas modificagdes. Ja as regras cria- das para brincar de faz de conta sao produzidas no instante da princadeira pelas proprias criancas, e podem ser reconstruidas a todo momento, gerando mudangas significativas nos resultados dessa atividade. De um modo ou de outro, é a imaginagao que se impoe como predominante. Esse processo psicol6gico novo para acrianga provoca um salto em seu desenvolvimento mental, e é por isso que é vista como uma das principais atividades da Edu- cacao Infantil. O que acrianca pode aprender Um modo de aprender é imitar. No jogo, as criancas come- cam por imitar comportamentos que j4 observaram em seu en- 0, mas o fazem a sua maneira, de modo que cada crianga, ao nitar, coloca seu toque particular. Por sua vez, as criancas mantém diferentes relacoes com bjetos ao longo da vida, O pensamento simbdlico permite ca se relacionar com 0 mesmo objeto de outro modo: se, a ser usada para alimentar-se ou no prato, pode agora servir para ocalho que Ihe servia para explo- is tarde ser um microfone para etc. Um cabo de vassoura pode 5 nao estao nos objetos, por mais 165 Digitalizado com CamScanner ' realistas que sejam, mas sim - felagbes que as ctian } Jecem entre eles e na sua significacao. A partir dos 3 anos, a brincadeira da crianga nao ando bebé. Também nao 6 uma Gas, Stabe, € mais imitagao que se via qué imitags i] fruto da lembranga de uma cena que foi observada ou vi Ho | como acontecia até os 2 anos. A brincadeira agora 6 ym we mais elaborada porque a crianga atta como coautora, ayn a imaginagio para criar situagdes nos cendrios conhecidos 4 | ela, como casinha, consult6rio médico, Feira ete. Ao fazer iss representa 0 que observa e trabalha a compreensao do msl como as atitudes das pessoas, os modos como resolvem con, l como sentem e se expressam, ete. ‘A crianga também interage com outras criangas para inven. tar enredos que nao existem, senao na imaginacao: palécios e princesas, casamentos de reis, batalhas de herdis guerreitos, mg gicos e outros seres com poderes secretos. Toda essa trajetéria da criatividade no faz de conta é fruto de um processo de cons: | trucdo da propria brincadeira, oferecendo oportunidade para a ocorréncia de importantes aprendizagens sobre as regras dos jogos e suas estratégias, além de ocasides para enfrentar e ultr- passar situagoes conflituosas. Além da vivéncia imagindria, as criangas ainda tém muito a aprender do ponto de vista de seu desenvolvimento moral. Se guir uma regra por vontade propria, que ¢ o principio de qual- quer jogo, é um dos fundamentos do comportamento ético. E é na instituiggo de Educacao Infantil que as criangas enfrentario seus primeiros dilemas de valores e aprenderao a enfrentar 2s Indo, litos, Digitalizado com CamScanner de conta, construindo cendrios a Partir das pesquisas realizadas pelo grupo (astronautas, princesas e castelos, herGis, etc,). Para alimentar 0 trabalho com os jogos, o professor pode propor: . momentos no parque ou espago externo para conhecer e jogar diferentes familias de jogos: de bola, de correr, de pegar etc. Isso também pode ser feito em conjunto com outras turmas de criangas de modo que Ppossam trocar suas experiéncias e repertérios; * _cantos permanentes na sala com jogos diversos (quebra- -cabecas, construcées, tabuleiros, dominés, memoria, cartas etc.) que vao sendo acrescidos ao longo do ano, de modo que as criangas possam ampliar 0 repertério de jogos e ensinar umas as outras; © projetos de construcao de tabuleiros a partir de pesqui- sas de varios tipos de pecas, pedes, dados e regras. Nes- ses projetos as criangas podem também criar as situa- g6es imaginarias, os temas que dao unidade ao jogo; * projetos integrados aos conhecimentos matemiticos, criando contextos para as criangas lidarem com conhe- __ cimentos que envolvam a sequéncia numérica, entre ou- tros. no propor 0 tempo de brincar é vivido com intensidade pelas crian- m sobre 0 que viveram, elaboram ideias que surgi- nentam em casa com os pais € os irmaos, recolhem os enredos. O desenvolvimento de exige tempo das criangas, nao apenas brincando, mas também nos dias ante que a brincadeira tenha um crianga em uma instituigao de 167 Digitalizado com CamScanner Educagdo Infantil e dure 0 tempo necessario para 9 : de: mento de enredos e cendrios cada vez mais compleyos. WVolyi. s. Esrago: todos os espagos da instituicdo educativa apropriados pelas criangas em suas brincadeiras, de : jam flexiveis as suas intervenes, apropriagdes, Um to rigido ou ja acabado, completamente estruturado, como ¢ caso de muitas brinquedotecas ou ambientes construjdos &o méveis plisticos, acaba por limitar a atividade criadora da a ca, que 6 justamente o propésito mais importante do jogo, lan. Podem de ae 5. ®SPA¢O my, Marenrais: 0 brincar da nossa época ¢ diferente do brincar Fh ‘outros tempos. A brincadeira e os brinquedos carregam caracte. risticas da cultura da qual fazem parte e dizem muito Sobre as criangas que brincam com eles. E fundamental para o professor assumir 0 critério da diversidade e disponibilizar bonecas ne. | gras e indigenas para as criancas usarem nas brincadeiras de ca. sinha, além de diferentes tipos de panelas e cuias fabricadas em diferentes regides do pais. Do mesmo modo, incluir nos batis de ‘ fantasias roupas e acess6rios de outras culturas, além de pentes e presilhas para enfeitar todos os tipos de cabelo, das criangas brancas e negras, de meninos e meninas. Ao manipular cenérios e objetos de sua cultura e de outras, as criangas podem ter “expe riéncias que possibilitem vivéncias éticas e estéticas com outras criangas e grupos culturais, que alarguem seus padroes de re feréncia e de identidades no didlogo e conhecimento da divers dade’, tal c to nas Diretrizes Curriculares Nacionais de uso social em determinada cultura ® m objetos nao estruturados, em “a m ser usados criativamente P° fantasias, para organiza" 9s, 6 importante oferecer fia and s| de materiais, apresent ‘c ar o aprendizado Digitalizado com CamScanner gras pelas criangas. Os jogos podem, = depois, Servir para a producio de novos jogos pel Be ad a8 proprias criancas INTERAGOES: aprende-se a jogar, jogs ando. Por isso, a interaga . , 60, a inte das criangas nessas situacgdes é interagio condigao para . © jogo acontecer. Para os momentos no parque ¢ interessante Propiciar interagao com criangas de outras idades, favorecendo a troca de repertérios ; it ea aprendizagem das estraté; tf Bias com os mais experientes. Nos momentos de jogar em sala, professor pode oferecer jogos dife- rentes para cada subgrupo, de modo que as criangas possam pri- meiramente explorar as pecas para, entao, pensar sobre as regras. Desse modo, em uma proxima ocasiao é possivel que as préprias criangas ensinem os jogos umas as outras. Um dos principais critérios para a realizagao da brincadeira éa liberdade de escolha. A brincadeira retine uma sucessao de escolhas, de decisdes, de negociac6es. A crianca precisa decidir entrar no jogo e seguir por vontade propria as regras propostas. Se em outros jogos a presenca do professor é importante para facilitar 0 aprendizado das regras e os procedimentos para jogar, no faz de conta tal presenca é dispensavel. A brincadeira é do grupo, e o professor deve evitar conduzir as acdes das criancas subvertendo os objetivos da brincadeira em favor de qualquer outro contetido pedagégico. Isso nao significa, por outro lado, que 0 professor nao te- nha papel algum a desempenhar. Pelo contrario, ele pode ser um parceiro importante para alimentar as iniciativas das criangas e mpliar suas referéncias culturais. A crianca nao brinca em um erto, mas sim interagindo com situacdes e materiais que ela estimular e ampliar essa brincadeira s, experiéncias que sirvam de que 0 principal contetido do jogo er de conta. Temas, enredos e situa~ as, e o professor deve apenas ‘as representagGes das crian- conflituosas e as estratégias 169 Digitalizado com CamScanner que as criangas constroem para soluciona-las, Se dese no desenvolvimet ar os temas (raz! ar investiy 0 Prof nan fe jos pelas criancas e os estima lar tos, brinquedos e outros materiais q ; NS QUE Poss, a nto da linguagem do faz de cont, deve aproveit oferecendo objet compor ambientes, enredos e cendrios que serio montados ¢ fi montados pelas proprias criangas. les. O que obserour Durante os jogos, 0 professor pode observar: « — orepertério de jogos do grupo e suas preferéncias; + osprincipais enredos desenvolvidos no faz de conta eas simbolizagbes das criancas; * comoas criangas constroem estratégias para os jogos de tabuleiro e como trocam informagées entre elas; * comose apropriam e transformam materiais para o jogo; * como interagem na brincadeira com criangas da mesma idade e de idades diferentes; * situagdes conflituosas e o modo como as criangas proci- ram resolvé-las com ou sem ajuda do professor. O repertério de enredos possiveis de brincar amplia-se mu to com as pesquisas das criancas orientadas pelo professor. Isso. aparece no registro de uma professora de uma turma de 5 ans ‘de uma escola particular, apresentado a seguir. ig Digitalizado com CamScanner _ Eu fiquei emocionada, me dew wm na aise Jia. Uontade de chorar - O reconto que as criangas fizeram do fil g ideia de que quando ainda nao leem coe ere te, dispdem de recursos valiosissimos para im sates curiosidade que, quando muito forte, vira ne : one co falta de legenda nao comprometeu em nada er i to das situagdes, a0 contrario, exigiu delas uma at et da maior para significar as imagens, ake Agora, as criangas estao entretidas com a construga deuma espaconave para brincar. Chris ja fez um oon complexo Saturno 5, 0 foguete com os cinco estagios, sen- do o tiltimo a nave que pousou na Lua, cheio de ne de detalhe. Todos vao estuda-la para saber como devemos construir, mas j4 deram algumas ideias: = Vamos usar computadores para fazer 0 comando na Terra, telefones para comunicar de cima do brinquedfo' ld no parque ~ inventaram Caio e Chris. Pano preto para fazer 0 céu porque o.céu do espaco é sempre _preto—sugeriram Caio e outras criangas. Tem que amarrar uns barbantes nos estagios porque tem ando ele estiver saindo - propds Larissa. recortar umas janelas sendo a gente morre sem por uma escada para subir nele ~ sugert- evar pastilhas Garoto par. fazer de conta onauta, que é igual a uma pastilha — disse im Digitalizado com CamScanner E nao paravam mais de falar. Arthur ficou tag gado que trouxe uma roupa de apicultor e as luvas a 1 tadas do pai para serem parte da roupa do astronauta Ni rapidamente lembrou-se do capacete de moto eee vi lina sala do grupo 2 e 0 pegou emprestado. O astronauta fe perfeito! Agora eles querem desenhar a bandeira do Brasi para por no braco do viajante. sil —E 0 primeiro foguete brasileiro — brincou Chris, jé entrand no faz de conta. 4 Didirios da professora Silvana Augusto, grupo de criangas de 5 anos, 2. EXPERIENCIAS COM A LINGUAGEM VERBAL Sabemos por Vygotsky que 0 desenvolvimento do pense mento é determinado pela linguagem, ou seja, pelos instrumen- tos linguisticos construidos na experiéncia social. E por meio da linguagem que a crianga produz cultura, constr6i conhecimentos a nas trocas com outras criancas € adultos. Na medida em quea Educacao Infantil amplia a experiéncia linguistica das criancas, ela cria melhores condigdes para a ampliagao também de seu pensamento. Por isso, a Educagao Infantil deve prever um traba- Iho sistematico de exploracao da linguagem verbal, a fim de ‘ge sias de narrativas, de apreciagao € interagao com e escrita, e convivio com diferentes suportest srais e escritos” (Diretrizes Curriculares Neo” ). s possibilidades para ° trabalho om Digitalizado com CamScanner a) Brincar com parlendas, cantigas ¢ brincadeiras tradicionais Além da fungio comunicativa, a lingua oferece 3 criangas experiéncias nas quais brincar com as palavras € a fungio priori- taria. As palavras e seus diferentes modos de dizer algo sio fonte da curiosidade e da produgao de significado pelas criangas. Nao por acaso, € na Educagao Infantil que normalmente as criangas entram em contato com o vasto repertério da tradigao oral bra- sileira. O povo brasileiro é herdeiro de um enorme acervo popular composto por brincadeiras de rua, versinhos e miisicas que em- balam as brincadeiras (mando tiro, por exemplo), joguetes usa- dos para decidir quem comeca 0s jogos (I em cima do piano; uni duni té, entre outros), ladainhas para pular corda, diversos tipos de brincadeiras cantadas, quadrinhas, parlendas, trava-linguas. Um dos desafios de um trabalho a partir da poesia popular e das brincadeiras cantadas é permitir que a crianga brasil acesso a essa heranga. O que a ccrianca pode aprender A brincadeira com as palavras abarca diversos aspectos do trabalho cm a crianga. O primeiro é 0 aspecto cultural. As brin- tadas estao em todas as partes do mundo. No Brasil, te variado e ganhou um colorido diferente $ novas versdes. Corre cotia, por exemple, tem mas pode ter ainda mais*, Outra diferenga é o e, muitas vezes, as regras. Por exemplo, a a de pular as casas riscadas no chao, de 1 chegando ao “inferno” & conhecida no caracol, ou maré, Na rey Norte € Jo Centro-Oeste ¢ fruta-fruta-tora e no de amarelinha, pode também ‘ oO mesmo ocorre com as dangas oem 17/03/2012. 173 Digitalizado com CamScanner da festa junina, por exemplo, tao diferentes em cada estado, em algumas regides se danga forrd, em outras, catira. Em alguns eg tados a viola tem seu lugar garantido nas rodas de mtisica, danca ecantoria; em outros, S40 0 zabumba e a sanfona. Ter a oportunidade de se apropriar desse repertério Popu- lar que s6 se transmite de boca a boca, de geracao para Beracdo, 6 algo que se pode viver na Educacio Infantil. Um trabalho in tencional pode “garantir experiéncias que propiciem a interagig 0 conhecimento pelas criancas das manifestagGes e tradigies culturais brasileiras” (Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educacao Infantil). ‘As brincadeiras tradicionais também tém a vantagem de am- pliar as possibilidades de interacao, pois todas elas pressupdem © papel do outro complementando as acées das criangas com um gesto, uma fala, um movimento. Por isso sao tao bem-aceitas nos primeiros dias das criangas na unidade educacional, ocasiao em que elas precisam se misturar, conhecer os colegas novos e ter uma boa experiéncia de socializagao. Além disso, muitas das brincadeiras tradicionais, além das festas, autos e dangas popt- lares, permitem as criangas desenvolver personagens e enredose viver situages imagindrias, Outro aspecto diz respeito a expressividade infantil. Crian- ‘G5 pequenas gostam de brincar com as palavras e de repetit pt : porque Ihes soam engragadas. Re- stico, buscam no efeito sonore da uma inspiragdo para brincar, Wm proximo do pensamento tipico ttir de quadrinhas populares, Po lingua. Ao memorizar brincar, as erianges experiéncias de leitura. \s tradicionais cons” a que busca comp” questao a set apropriag® Digitalizado com CamScanner das bases de nosso sistema de e propria 'scrita e comecam a ler por conta O que propor Para criar contextos interessantes para o trabalho com o re- pertério de brincadeiras e folguedos da tradi¢ao oral brasileira, 0 professor pode propor: * momentos de aprender novas brincadeiras no parque todos os dias. A principio, ele pode ensinar as brinca- deiras ‘que conhece, compartilhando com 0 grupo 0 seu proprio repertério, parte de sua histéria de crianga. Com o passar do tempo e a crescente familiaridade das criangas com essa situacao, é possivel convidar Pais, ir- maos mais velhos e outros funciondrios da instituicao para ensinarem brincadeiras novas as criangas na hora de brincar no parque; * — contexto para que as criancas coletivamente possam es- crever (ou ditar os textos ao professor) e desenhar as brin- cadeiras novas que estao procurando aprender em casa; um projeto de pesquisa do repertério de um determina- do tipo de brincadeiras (de roda, de corda etc.) e de suas “variagdes, procurando o conhecimento popular na pré- comunidade, comparando as brincadeiras com as deiras tipicas de outros paises. Esse contexto per- que sejam trabalhadas ao mesmo tempo questoes a linguagem escrita a partir dos textos que serao pes- i pelas criangas, como também a ampliagao do cimento oral, cuja fonte principal é a memoria da comunidade, acessada por meio de entrevistas Pode envolver ainda a produgao de livros, escritas e ilustradas pelas proprias criangas, com reprodugdes orais do grupo. Tudo vulgado nas demais turmas da institui- 75 Digitalizado com CamScanner * pesquisa sobre as dangas e os enredos dos res para compor livros il ib ine Fi omnadl para a comunidade, produgao de bonecos ¢ antes, rary * SE OK teriais tipicos dessas manifestages culturais; trados, paing UUttOS ma, © criagao de cenarios © as dangas das tradicdes populares como bumte boi, cavalo-marinho, catiras etc, mey . organizagao de eventos culturais em que as ctiangas aderecos para brine a ar com as) letras brinquem com 0s adultos. Todas essas propostas podem contribuir para “garantir ex perigncias que possibilitem as criangas experiéncias (..) de apre ciagao e interacao com a linguagem oral e escrita, e convivio com diferentes suportes e géneros textuais orais e escritos” (Diretri- zes Curriculares Nacionais para a Educagao Infantil). Como propor Tempo: o tempo para brincar deve ser estabelecido com regulari- dade diéria por varios motivos: as criancas precisam brincar bas- tante para ampliar suas relag6es sociais; a brincadeira ¢ uma das atividades mais ricas e promotoras do desenvolvimento infantil; € preciso brincar muitas vezes para aprender as regras ¢ ganhar a habilidade necessdria para que 0 jogo progrida. Do pont de vista da rotina, 0 melhor momento é no inicio da manha ou final da tarde, hordrios em que o sol nao é muito forte, portanto, se a a “O tempo de duragio depent® a5 Digitalizado com CamScanner entorno podem ser interessantes para que as : mais proximas de outros adultos que também natn ae suas brincadeitas antigas, embora sempre novas a pierre Muitas das brincadeiras também podem transom se os internos da unidade educacional, constituindy ce aces on uma alternativa para os dias de chuva em que nao se ait car fora. Para a pesquisa sobre as brincadeiras, mae i ae podem ser organizados: a prépria sala com mesas e matenie diversos pré-selecionados pelo professor; a biblioteca, local onde as criangas podem aprender a pesquisar; a sala de criancas mais velhas, onde se pode pesquisar novas brincadeiras com as pré- prias crian¢as e — por que nao? ~ a prépria casa das criancas, Uma excursao a diferentes locais da comunidade para a coleta de in- formagies pode ser uma etapa divertida e bastante produtiva de um projeto de pesquisa. Marerrats: atualmente existem muitos CDs de parlendas e mii- sicas que podem ser adquiridos para 0 acervo da escola. Além dis- so, ha sites especializados que disponibilizam gratuitamente in- formac6es sobre as brincadeiras. Mas nada substitui 0 acervo da memiéria local, fonte de informacao permanente para as criangas. Nos projetos de pesquisa, é interessante refletir sobre a es- colha do suporte para os registros das criangas, a depender da intencionalidade educativa. Se 0 propésito do professor ¢ criar ontexto para a exploragao da expressao oral, o melhor su- 0s resultados da pesquisa sao os arquivos digitais, que m as vozes das criangas; se 0 professor intenciona - que as criangas tenham em mios os textos, base para iativas de leitura, o melhor método é a reproducao indi- as das muisicas, quadrinhas, etc; se a ideia é criar des para que as criangas pensem sobre a linguagem a alternativa é um caderno ou bloco de cartolinas, registrados os textos ditados pelas criangas e as wm Digitalizado com CamScanner INTERACOES: pesquisar o repertorio de tradic¢do ora tia celente contexto para que as criangas possam interagir wy legas de outras idades que j4 aprenderam muitas Brincades. Além disso, da significado ao sempre bem-vindo encontro criangas com os mais velhos, que carregam na memoria que as criangas esto Avidas por aprender: brincadeiras} O que observar Na observacao os professores podem estar atentos; * ao repertério do grupo, tanto do ponto de vista do tama. nho quanto da diversidade; * — a4maneira como as criangas interagem; + as preferéncias por determinadas brincadeiras; * asestratégias que elas usam para ensinar brincadeiras a outras criangas; * as diferentes apropriagGes pelas criancas das regras das brincadeiras; * A ocorréncia de novas variag6es, de invengoes, adapta- ges e outras mudangas que as criangas porventura se aventurem a fazer; * — aqualidade ea quantidade de materiais para cendriose je. os das dangas e brincadeiras populares eo = como a 08 utilizam, dando a eles noves criangas e ao respeito que d& h« que Ihes ensinam brincadeins Digitalizado com CamScanner SEQUENCIA DIDATICAy POESIA PARA CASA Tempo previsto: 3 meses Objetivos didaticos: * — @presentar mais um tipo de texto, ampliar o repertério do Brupo; Propiciar momentos de brincar co recitar, 4 poesia, para . m as palavras, Contetido: * apreciagao e recital de poesias, Orientacdes didaticas para o Projeto: garantir que todas as criangas tenham o0s livros de poesias completos e que realmente sejam usados. na instituigao de Educagdo Infantil, & importan- te que eles venham e voltem na mochila todos os dias; € importante copiar as poesias para todo mundo, mas nao esquecer de dar as referéncias: titulo, au- tor, livro de onde foi retirado; _ aroda de leitura de poesia deve ser didria, mesmo que as criangas fiquem pouco tempo. disponibilizando os livros po recitar quando quiser. preciso escrever um ajudem as criangas 1 Digitalizado com CamScanner Montar uma prateleira na sala com a livros de poesias da turma e organizar para leitura e brincadeira com as poesiag dogs 4. Organizar um rodizio para que as criancas sam levar livros para casa toda sexta-feira, 5. Tirar c6pias das poesias favoritas do BEUPO ee dir que as ilustrem, 4 medida que vao sendg sentadas, para compor uma coletanea. opre. 6 Ler e cantar poesias do Vinicius de Morais A Arca de Noé. Combinar com antecedéncia a visit, de um pai que possa tocar no violao (ou outro ihe trumento) uma dessas muisicas. 7 Conversar sobre poesia pesquisando as palavras que combinam, onde estao as rimas, etc. Brincar com as criangas pesquisando outras pala- vras que nao estao na poesia mas que rimam com algumas delas. 9. Gravar diferentes poesias para que possam conhe- cer diferentes ritmos e formas de recitar. Disponi- bilizar a gravacao para que se escute na institui- soe em casa. 9 grupo pequenos saraus para yr vez; a turma pode fazer inhos, biscoitos para recebet sravar poesias para 0 grup? Digitalizado com CamScanner « papel sulfite, de preferéncia i eres colorido (6 folhas para « —_canetas de feltro coloridas grossas, b) Conversar Muitas experiéncias sociais c mento da en entre elas, ee oad i a ‘a. Para compreender a conversa da crianga de 3 a 5 anos é importante reconhecer como ela se constituiu como falante em sua cultura. Os bebés nascem som capacidade para falar em qualquer lingua e atribuem sig- nificado de um modo préprio ao que se passa a seu redor. Por isso nao é preciso esperar até que eles crescam para conversar om eles: quando 0 adulto fala com o bebé, cria para ele oportu- nidades de aprender os usos da linguagem. Os bebés observam as expressdes € gestos dos adultos quando estao bravos ou feli- zes, oferecendo algo ou pedindo, perguntando ou respondendo, e procuram imité-las. Esse gesto do bebé € logo respondido pelo adulto, que cria nessa interacao os primeiros eventos de comuni- cacao. Essa comunicagao que ainda nao 6 estabelecida por meio de palavras exige do adulto o empenho de decodificar outros si- nais; balbucios, gestos, expressoes faciais, entonagao e modula- ao da voz. De todo modo, ainda que nao possamos reconhecer ‘uma s6 palavra do que ele diz, ja podemos aceité-lo como falante. ; heci da crianca como sujeito falante e merece- muito cedo nos lev a a defender a expressao fundamental na educagao de criangas, desde que assumiram um lugar na cultura 5 anos ja devem ter uma ex- 0 trabalho nessa faixa oO apenas Nas a avangar nai principalmente, na ela- 181 Digitalizado com CamScanner O que acrianga pode aprender Embora 0 desenvolvimento da linguagem oral e ¢, sio comunicativa seja uma preocupagdo da escola, a Pty, geral, nem sempre ha um trabalho sistemsticoe inn a pratica de conversar no cotidiano das instituigies de hy om Infantil. E comum encontrarmos salas em que o siléncg ra, Muitas vezes, a comunicagao dirigida a clas 6 estereo ‘mpg. infantilizada, o que acaba por afasta-las do contato com 4 mae na sua complexidade, tal como se apresenta na vida, No on quando as criangas estao inseridas em contextos reais de con sa, nota-se que elas respondem de um jeito muito diferente Quem nunca observou como as criangas ficam attentas aos adultos quando estes conversam entre si? E como reagem quan. do alguém conquista sua confianga e puxa uM assunto que Ihes permita falar? Conversar, em si, costuma ser muito interessanie para a crianca de 3 a 5 anos porque é nessa pratica social ue elas encontram oportunidade para a exploragao e a elaboragin do pensamento e da linguagem. Além do mais, é uma das ativi- dades mais importantes para favorecer a insergao da crianga en seu grupo social por meio das trocas de ideias, opinies, gostose experiéncias. E também na conversa que o professor se aproxima das criangas para conhecé-las melhor. Crianga precisa conversar com adultos de seu convivio na instituigao de Educagao Infantil, com outros adultos da comunt elas mesmas. A dificuldade que explica Mt, met r as criangas nessa situagao se do modo préprio de pensar 0 seu lugar, segundo set modo ; de compreender os fatos qe como os adultos: Além & ‘© mundo com a sue exper ar, Benedita e tantas fiat agao Infantil. E ° mur mesmo que 0 adult Digitalizado com CamScanner diversidade de olhares, surge a Pportunidad as cexperiéncia do outro: criangas Prendendo com mts aprendenclo COM as criangas, os adultos oe" para que Se possa adotar uma pers cestgativa das respostas das criancas ¢ precisa aceitar 0 fato d tudo 0 que as criangas dizem e fazem tem um £ Js E preciso recuperar a curiosidade frente jessjo decompartilhar uma forma prépria q js iangas como interlocutoras de fato, Assim, 0 Professor que scompanha a crianga no seu processo de aprendizagem e desen- yolvimento, além de olhar para a crianca, PI : ' recisa também ouvir oquecla tema dizer. Reconhecer no “delirio do seu verbo", como. giao poeta Manoel de Barros (1998), quando ela diz coisas que nis, adultos, nao compreendemos, ideias e pensamentos. Frequentemente a crianca faz associages com suas lem- brancas, imagens afetivas que carrega na memoria. Utiliza gestos para se comunicar, agregando a expresso corporal ao sentido que deseja dar a palavra. Usa recursos sonoros para dar a enten- der uma ideia (por exemplo, quando fala sobre o rabo da cascavel, sonoriza “tsi tsi tsi”, ou se refere a chuva no telhado pronuncian- do “plic plic plic”), Ela atribui vida e personifica 0 inanimado, como quando diz que “as nuvens choram’” ou que “o trovao esta bravo’. Todas essas formas de expresso podem ser entendidas Sincretismo é 0 nome atribuido por Wallon a um dos mo- cos do pensamento infantil. Trata-se de um modo de operar que "io diferencia claramente os elementos envolvidos. Uma crianca Pode perceber representar a realidade, exemplo, misturan- 40 a percep 0 sujeito, do objeto, rae, conhecimentos. I i tenso | pro de associa- til. Os assuntos nar ‘légica, muitas que liga um le de aprender 'Pectiva interessada e in- sentido para ao desconhecido, 0 € raciocinar e tomar © sincretismo que matiza suas do pensar Digitalizado com CamScanner formal, nem sempre estd relacionade apenas y 80 fale mento logico « gocialmente aceito em OULFAS MaNifestags GCOS a xa etdria, mas 6 cultura, como Nas tradigdes populares e na arte, A literatyy, em especial, a poesia, frequentemente usam de recursos ¢ ori 6 fabulagio, a contradigio, a tautologia a liso, que sie carl edo pensamento sinerético predominante na crianga dey ristica a5 anos. Além de compreender a nature reconhecer a conversa Come algo a ser apre a do pensamento infantil Lo profes dido na cultura, sim, de certa forma, a crianga r Flete | ao mesmo tempo em que recria, A sta moda, as tantas participa em seu meio, incluindo a instituigio or prec ja que ninguém nasce sabendo conversar, 4 Sar, Age stia cultura no modo coma convel conversas de que de Educagao Infantil, alimentando os assuntos com ideias origi. nais e explicagdes singulares sobre os eventos deste misterioso mundo. O que propor Na Educagao Infantil, a roda de conversa tem sido usada para muitas finalidades: fazer 0 levantamento dos alunos preset e pigtiad observar o tempo dia a dia; escolher © ajudante ee : geno ed no ed 08 aniversariantes; informar atividades previstas para o dia; orientar uma ou outra atividade especifica etc. Outras vezes, 6 na roda que 0 professor jetos, quase sem aS agGes sao importa tis; no entanto, Poe ‘tante para a criang’ ende-se a roda como principal objetivo Uma roda 6 vis num coletive® jos sujelto® vivenci@ nea enttfe Digitalizado com CamScanner sngas no parque, durante as refeigde: jeccortto, além do bate-papo inform, A conversa em grupo é uma étim 'S€ Nos demai ‘allem Brupo, a Ocasiao Pp 'S Momentos ara a crianga: + apresentar-se aos colegas e falar sobre 0 que tem ocorri doa ela; : + compartilhar noticias do jornal, lam em um dado meio Social co) discutir pontos de vista, dando dade de pensar sobre o assunt suas opinides; * dar destaque e trazer ao atendem seus interesses e informagdes que circu- MO 0 bairro, a escola, e AS criancas a Oportuni- ©, formular e expressar 8tupo todo os assuntos que curiosidades, a fim de alimen- omentas, indicat, sugerir programas de lazer que pos- sam ser habito das criancas, como brincar na rua, pas- sear no lago puiblico, visitar Parentes, ouvit televisdo com os pais; * tocar ideias a respeito dos estudos que sio empreendi- dos em grupo, dos Projetos sobre as histérias, a nature- 7a, as artes, etc.; instruir e trocar Sugestdes sobre os melhores procedi- entos para realizar atividades diversas — como produ- ermit efeito com o lipis de cor, pular corda Carregar areia ou construir castelos, balan- ir radio ou ver fundamental ao propor e partic € 6 importante que ao longo do 185 Digitalizado com CamScanner + socializar as vores das criangas favorecendo que todas possam falar e escutar; + dar visibilidade aos tantos modos de se comunicap lan ae ae * criar contextos para que as conversas sejam inte, tes e enriquecedoras para as criancas, portunidade para a construgao de significados; * evar assuntos sobre os quais se possa falar, ideias ara se pensar, perguntas para as quais as criangas nag tay respostas, mas tém toda a condicao de inventar, Ao alimentar as conversas infantis, 0 professor contibyj para que as criangas desenvolvam outras formas de pensar 9 mundo. Vejamos como isso acontece no relato de uma professors apresentado a seguir. ‘Um grupo de criancas em roda conversava sobre 0 € 0 museu. Esse era um assunto interessante para 0 que era museu. Ao longo da muito e trocaram ideias entre Digitalizado com CamScanner cRIANGA 3: Nao explica nada, museu s6 mostra 05 quadro: TANGA 5: Nao explica nada, tem obras INGA 1: E uma pintura muito famosa, CAg E sobre pessoas também. pROFESSORA: Que pessoas? CRIANGA #° Nao sei. PROFESSORA: O que tem que ter para ser pintura de museu? CRIANCA 3 Tem que pendurar na parede. CRIANCA 1: Eu ji fui no musew de cobra CRIANGA 6: Minha tia trabalha num museu de cobra, no Bu- tantii. CRIANGA 1: E Id que eu fui. CRIANGA 7: Passou na TV quando eles cagam e prendem a cobra. CRIANGA 8: Pela cabeca, né? CRIANGA 2: Mas eu jé falei cascavel... ela tem um rabo que fz assim, “tsi, tsi, tsi”... é CRIANCA 6: Eles poem um aparelho, eles tém um aparelho no fo, a professora mostra para as criangas um poster a, de Tarsila do Amaral) dro de pessoa famosa! : Esse quadro pode ser de museu? Pode, porque, é claro, no museu tudo é maluco. E aqueles (aponta para o painel dos traballos foi a gente que fez. por qué? été pode pintura de tintal da (aponta para o poster) teta pendurada, ele td. coma boca fechada. 187 Digitalizado com CamScanner CRIANCA q: E wm homem porque té careca, CRIANCA 8: Mulher também € careca. CRIANCA 3: E, mulher também é careca, CRIANCA 6: Quero falar. Ontem eu tava no parquinho oud meu pai e vi uma mulher careca ¢ era pequena, e era uma filha, CRIANCA 3: Viu como tem mulher careca? CRIANCA 8: Sabe que minha avé é careca? Ao final pudemos notar que todo mundo saiu da rodg modificado, sabendo coisas que antes nao sabia, Coisas g respeito do que possa ser um museu e também como é atitude de quem conversa em grupo. Dirios da professora Siloana August, grupo de criangas de 4 anos, Uma anélise desse relato mostra como é importante que © professor possa ampliar 0 universo discursivo do grupo de criangas trazendo para a roda diferentes falantes com suas nar rativas, seu imagindrio singular, seu vocabulario particular eseu sotaque proprio. As escolas de Educacao Infantil situadas em regides onde ha escolas indigenas ou quilombolas, por exemple podem favorecer o encontro entre as turmas de criangas ou po- dem convidar pessoas da comunidade que sio provenientes de outras regides ou tém ascendéncia estrangeira. Trazendo tantes ‘oda, o professor pode colorir ainda mas ea nossa lingua permite e “garantit jis, que alarguem seus padries no didlogo e conhecimento da die Nacionais para a Educosi Digitalizado com CamScanner Como propor como a conversa é uma atividade que exige grande fami- das criangas com seus pares e supde o desenvolvimento jade e de habito de comunicar-se em grupo, é impor 0% jaridade ge intimid at ye que sea vista como atividade permanente na rotina esco- fa Deve durar tempo necessitio para que se desenvolva um csunto polo STUPO- Vale a pena lembrar que toda hora pode ser arpa bos hora para conversar — logo no inicio do periodo para re- ber as criangas © organizar o dia; depois do parque, para trocar rigncias a respeito das brincadeiras vividas; no final do peri- oq avaliando mais um dia na instituicao de Educagao Infantil. reso significa que tal atividade pode constituir um momento ritu- alistico na rotina didria, mas também pode ocorrer em varios ou- tros momentos que Nao estavam previstos na programagao das atividades do dia. O professor deve ter sensibilidade para usar a rotina didria de modo flexivel, favorecendo as experiéncias das criangas. Esraco: é importante assegurar o conforto. Todas as criancas devem estar acomodadas de modo a poder sentar-se por algum tempo sem prejuizo de sua postura fisica. Além disso, elas de- vem sentar-se em roda, um circulo largo, de modo que todos ve jam observem as expresses e gestos dos colegas que falam, 0 que é também um elemento importante na comunicacao, porque dé as criancas novas pistas sobre o que esta sendo dito. E olhan- doo outro que cada um pode melhor regular o momento em que pode falar ou deve escutar. ora RIAIS: nem sempre as rodas de conversa necessitam de jais de apoio, embora livros, revistas ¢ jornais costumem como apoios oportunos para introduzir assuntos. Vale observar e confiar também nas criangas, pois muitas ve mesmas trazem fotografias, brinquedos ou objetos que 189 Digitalizado com CamScanner INTERAGOES: uM professor que confia no potencial dag jn oes das criangas nao precisa se preocupar sempre com a7 trole. Ao contrario, ele aposta na crescente capacidade dag cian. cas de se auto-organizar, incentiva e promove, por meio de sill intervengdes, as melhores condicdes para que todos possam ouvir e assumir os turnos de fala quando necessério, sequin fluxo proprio da conversa, sem impor regras externas como, pop exemplo: levantar a mao para falar, aguardar a vez no rodizio da roda, esperar a autorizagao do professor etc. O que observar O registro da roda de conversa, em geral transcrig6es das fa- as das criangas, 6 um 6timo instrumento para apoiar a investiga ao do professor sobre como as criangas pensam e se expressam e sobre como ele mesmo interage nessa situacao. Entre tantas coi- sas, 0 professor pode observar: © asua propria fala e intervencao, tendo o cuidado de nao conduzir excessivamente a conversa, dando pouco espa: 0 parao desenvolvimento da expressio das criangas; * a frequéncia e regularidade com que cada crianga se in- sere em uma conversa; * osdispositivos que ele utiliza para organizar a conversa © asestra ada crian mais falante ou mais te n ‘da roda; melhor representam para que poss ne essas conversas 4! de discurso ue Digitalizado com CamScanner ouvir recontar hristérias camento e a linguagem infantis bebem de uma fonte egal! as historias! E no repertério dos contos j4 conhecidos - crianga busca ar as historias sem e saudoso que se desfruta apenas nessa época da vida une recordamos anos mais tarde. De fato, nao é a toa: as esto ligadas as criangas ha muito tempo. O ato de ouvir gem si, carregado de antigos significados. contar historias as criancas existe nao apenas na Ohabito de mas também na tradicao de muitos povos. Mitos e lendas contados pelos mais velhos explicam os mistérios da natureza e dohomem, a origem do mundo, e cumprem um papel importan- tenaeducacao das geracdes mais novas. Os negros que chegaram ao Brasil na condicao de escravos trouxeram um repertério novo de historias que se misturaram ao nosso imaginério, usando ‘camo veiculo as negras que andavam de engenho em engenho cuidando dos meninos brancos da casa-grande. A transmissa0 das narrativas, historias de antepassados e novas elaboragées a partir do vivido estavam entre os cuidados que as criangas rece- iam. Tais hist6rias hoje também sao nossas, porque Nos foram ‘eriadas, porque esto registradas nos livros, como um patrimo- alimento para a construgio de suas narrati- pre aparecem ligadas a infancia como algo que esperam receber jas narrativas. Essa de geragdo em ge- aqui, além de da vez mais que crescem e se fez. no passado, a heranga d plica de boca em boca, e estrangeiros que vive procedéncias, pode estar ca instituigao de Educagao Infantil para e constituir 0 imaginario de nos- porsua cultura, a crian- ‘um colo simbslico. Quan- Digitalizado com CamScanner do organizamos uma roda, nos sentaMos COM AS CriaNgas oy ag ry uma ver" estamos ajudando-as a cong, tuiro sentido de ouvir histérias pelas palavras de um adulto afoy, vo, além do enriqueeimento de seu proprio repertorio, Ainda que se sinta triste, com medo ou saudade de casa, perdida no meig de estranhos, poderd encontrar um aconcheyo, Uma forga, ao ouyip uma historia bem contada, Aose identificar com o seu herdi ~prin. rainhas, cavaleiros destemidos, meninos valentes ninamos ao som do “ cipes, princesas s, ri, chora, tem medo e vence, sente raiva se enche de esperang ~acrianga vive aventy ce consegue lidar com e na busca de reco. nhecimento e aceitagio, certa de que ao final sair recompensada pela jornada, como sempre acontece nas histérias, ‘Além da cultura oral que recupera nas rodas de histéria, 0 professor também é responsdvel por inserir as criangas na cultu- ra letrada. As palavras lidas nao sio mais importantes do que as ditas oralmente, de memoria, Sio, apenas, diferentes e, certamen- te, insubstituiveis. Emilia Ferreiro (2006), uma estudiosa interessada em saber como as criangas pensam a linguagem escrita, diz que a leitura pode ser entendida como um grande palco, onde é preciso des- cobrir os atores e os autores. Segundo ela, as criangas veem a Jeitura como algo magico, mas o que confere essa magia nao sio somente os personagens ou qualquer acess6rio a que os conta dores de hist6rias possam recorrer, Para ela, parte dessa magia estd na descoberta da estabilidade da escrita e da capacidade de representagao. Ao ouvir sempre os mesmos textos, as criangas se intrigam e querem saber como as mesmas palaveas na nes0@ ordem F quelas mesmas marcas lem? Que segredos o magica que € re" Vitoriosa e sera Digitalizado com CamScanner

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