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RELAHES DE GEMERD E RSCUTAS CLIMICAS JOSE STOMA ona Editor(a) | Gilmaro Nogueira Revisio | Patricia Azevedo Goncalves Diagramagao | Daniel Reboucas Mustragao | Jenifer Prince Conselho Editorial Prat Dr. Carlos Henrique Lucas Lima nversidade Federal do Oeste da Bahia — UFOB Prot Oy. Djalma Tharler Unwersidade Federal da Bahia ~ UFBA Profs. Ora, Fran Demétrio Unwersidade Federal do Recéncavo da Bahia ~ UFRB ro Dr Helder Thiago Mai Universidade Federal Fluminense - UFF Prot Dr. Hilan Bensusan Universidade de Brasfa- UNB Profa. ra. Jaqueline Gomes de Jesus Instituto Federal Rio de Janeiro ~ IF Profa. Dra, Joana Azevedo Lima Devry Brasil - Faculdade Ruy Barbosa Prof, Dr Joao Manuel de Oliveira CCIS-IUL, Instituto Universitério de Lisboa rota, Dra, Jussara Carneiro Costa Universidade Estadual da Paraiba ~ UEPB. Prof. Dr. Leandro Coling Universidade Federal da Bahia — UFBA Profa. Dra. Luma Nogueira de Andrade Universidade da Integracao Internacional da Lusconia Atro-Brasieira ~ UNILAB Prof. Dr Guilherme Siva de Almeida Universidade do Estado do Rio de Janeiro — UER Prof. Dr. Marcio Caetano Universidade Federal do Rio Grande - FURG Profa, Dra. Maria de Fatima Lima Santos Universidade Federal do Ro de Janeiro - UFRJ Dr. Pablo Pérez Navarro (Universidade de Coimbra - CES) Portugal e Universidade Federal de Minas Gerais -UFMGrasy Prot. Dr. Sergio Luiz Baptista da Siva Faculdade de Educagao Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ CIP BRASIL — CATALOGAGAO NA PUBLICACAO sev7r Stona. José, — Relacées de Género e Escutas Clinicas/José Stona (Organizador). 1° edig&0/Salvador - BA. Editora Devires, 2021. 260p.; 16x23 cm ISBN 978-65-86481-26-6 1. Psicologia 2. Diversidade 3. Satide mental |. Titulo cop 159.9 CDU 308. Qualquer parte dessa obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte. Direitos para essa edi¢do cedidos a Editora Devires. dit EVIRES A 'V Ruy Barbosa, 239, sala 104, Centro - Simées Filho - BA www.editoradevires.com.br GENERO E RAGA: MARCAS PERSISTENTES DE UM FAZER-SABER DENEGADO José Damico icanalista avanga alémdo qua, I etn nt, spenhum P' lexos e resisténcias jn sorios COMP! te seus prop! jgmund Fre ‘analitica)- to ° rag, As perspectives futures das Py psic mindoo lugarde falaem que estou inseridg, ss ate - Ho, ad professor universitario, doutor (pei, awe erossenval, OSB eagia de visibilizar as diferentes . “Ute, die a es . + " média. eeorite diet da minha implicago como a SiS E ee 7 tempo que estabelece limites do que Consign ge? ao mes ey nseguinte, éum dispositivo politico de hones ima no¢ao de ci€ncia neutra bra dg Mea, ido como o tipico negroem ascensdo escrito por N i -se negro (1983), ou seja, seguj i 22 no seu livro Tornar- 7 TOS padrg, ‘Santos Souze" dnideologia CO branqueamento no Brasil. Recebj chamadg: deadentrin® * inka vide até aqui, para me comportar de Modo congay” jun vet dscretarent paraalisaro cabelo* ou usa-lo curto, Para curt pare meas advindas mais do mainstream cult em detrimento de Outrag baa ulares™. Tals regulaoes envolviam uma infinid jade de dispositivos de emeeasem todos os aspectos da vida social e psiquica. Durante o Process, de escolarizacdo, a historia da escravizagao era contada do Ponto de vista dog colonizadores como sendo a tinica possivel. S6 ingressei no mestrado quan. do apresentei uma proposta para estudar uma patologia (anorexia Nervosa) que atingia, sobretudo, mulheres brancas e de classe média. No mundo do trabalho, o limite era mais sentido, mas nao mais explicito. Entretanto, toda vez que eu me sobressaia, surgiam adversdrios que eu n&o tinha percebido, Eupossoserd 2 Refrosme a minha posigéo de homem negro e aos privlégios decorrentes. Ha limites no que consgo enuncir porno ter outro ugar de falae riscos em razao de que meu processo de socializaco reprodiz Valores machistas nas minhas andliss. ia Gonzalez afirma; “No Brasil, ser negra e mulher significa ser objeto de uma tripadiscriminacso(.), Enquanto seus familiares homens (marido, filhos, irmaos, paietc) ‘io objeto do perseguigdo, repress evoléncia policiais, a mulher negra presta servicos domésticos un- toas familias de classe média e alta brasileiras” (GONZALEZ, 1982, p. 99). mute 32 l2g do eto, oecusolnguisico de usar nome e sobrenome para ressaltar a autora is 2 er ee aang € acitveredurro sucesso da andlise a uma posig&o de conforto indivdua, sar Ge Servico dos ben - bens privados, bens da familia, bens da casa, outros bens mt ant . nossolictam, bens da profissio da cidade?” (LACAN, Seminério Vil, 1959-1960, p- 363, 2002. tinha uma posicao crite Th So , - ads, que era comercial ee wa aut o movimento da Black Music e Rithim and Blues era de gente aie Nao tis bi | Heist nesespaosdesotabie oe ue 2 Wventude negra se eunia também para produat 94 cl ade deveria estar circunscrita endo Poderia ng cP te, seria posicionado como pedante, m; i de alma branca era o que estava sub-epeiane 0. U (ing ppranco era vivido por mim como um “forasteirg de dente ns enceriaa tal mundo. AP&tar do envolvimento, permaneceris ja oe within. EM outros mores: Me aproximava das manifesterr> i outs tas terreiras de umbanda, carnaval e movimento negro’, £ come game PP ig um certo temor de me enegrecer, de perder as conguistas, os ye 5 ser chamado de batuqueiro ou ser . a one a ser GENTE® falava mais alto, Patologizado, Ena hora ene utra experiéncia comum para parte da ne, 0 de solidao. Mesmo na escola Publica (se © bairro é mais central, meu caso), Nos cursos de linguas estrangeiras, na Universidadee nd omer sicanalitico sempre estive s6, como o tinico Negro. A mobilidade so. curso fini em termos de classe e acesso a bense capitais culturais se dei cal que ia concessdo, mas como consequéncia da minha adaptabilidade a he pranco. Escapando do lugar destinado aos negros, A Capacidade mresenvolVi com alto custo subjetivo de me enquadrar Nos cédigos so- roduzia seus efeitos: quanto mais eu estudava e entendia os cOdigos de e ortamento, 0S jOgOS de poder, mais eu ficava inseguro e mais Precisava coyometer 20 embranquecimento para sustentar os desejos que deveriam disponiveis por direito. Epreciso dizer que meus mais de vinte anos como analisando foram 0 contrério do que era de se esperar, em termos de libertagao e de encontro comaverdade da diregdo da cura na clinica freudo-lacaniana. Uma espécie decamisa de forca prescritiva e adaptativa, talvez pela ansia de generalizagao dateoria para culpabilizar a vitima naquilo que reafirma uma suposta posicao degozo em ser vitima predileta (CAON e D’AGORD, 2019), 0 tema do racismo, quando aparecia, era de algum modo relativizado*’e quase patologizado. Ser muito ca gtitude em ascensao é ens estal *Elato que, durante toda a adolescéncia, estive interessado em saber o maximo que podia sobre a luta dos negros nos Estados Unidos, as liderancas de Malcon X e os Panteras Negras. Sabia de cor a letra da nisica Hurricane, de Bob Dylan. *Branqueamento, nao importa em que nivel, é 0 que a consciéncia cobra da gente, pré mal aceitara pre- senga da gente, Se a gente parte pra alguma crioulice, ela arma logo um esquema pré gente ‘se comportar Como gente” (GONZALEZ, 1984, p, 225). * José eis Filho interroga sobre a presenga da temética racial na andlise de pacientes ne ‘analisantes ndo se perguntam? Nao querem saber? Ou os analistas nao se perguntam e, Slarem calam seus analisantes?” (REIS FILHO, 2005, pp. 20-21). 5 "Seré que ‘a0 néo se per- 95 oe tais opressdes Se tornaram insy ir minha negritude, Podendo, sing N, objetivos, € ter ern horizonte de vida eg onto ios, meus elas teorias sofisticadas com que fi rag, s at ote da negritude, e, portanto, dean ra, porica. nao é comum na escrita acaga,,. Lees ese eabilidades ndo combinam = 3h eurocéntrica. No ambito da Psicandligg deixa seu lugar seguro de intérprete . my serum possivel objeto. A escrita Autobioges Sy, ma das reinvindicagoes dos estudos feministas, de pa Sy ul al pretendo dialogar a0 longo das Paginas que J a partir do honroso convite para fazer parte dest, tralmente duas categorias que foram, no inning . 4jise durante muito tempo € que muito vapar, caminho estriado pelas discusses de Brupos rnizados. Essa abertura/rasura nao se a resistencias. Ao mesmo tempo» indica que vivemos ee ningué que se perceba minimamente 20 lado de uma ann jade mals justa go fe dereceber os selos de racistas, machistas, homo! fobicos e transfabicos, sé, citar algumas categorias centrais e que bones em disputa nas arenes Politigs esociais com o avanco de posigées fascistas na sociedade brasileira, cura afro-dias iva que Anarrativa a ragiidade ocidental, canalitica- ExP° ea autoria da autoria teor'<* arriscado ainda, J8 cissitudes 4 psiq rimeira peso? é denegritude com oq Alias, pretendo, letdnea, articular cen gligenciadas pela psican mente comecam a ter seu historicamente, foram subalte ue para a Género e feminismo negro: uma sintese contextual Atensio entrea psicandlise e 0 feminismo nao é novidade. Vem desdea formulacées iniciais de Freud e percorrem todo o século passado, ganhandy novo impulso nestas primeiras décadas do século XXI. Esse didlogo, na maior parte das vezes, foi tenso e marcado por posicdes antag6nicas, tanto peas riticas a contetidos tidos como misdginos de varias das teses psicanaltcs sobre a sexualidade feminina quanto pela posi¢o defensiva de muitos teéries da psicandlise, que apontavam que Freud e Lacan jd faziam aberturas parates questdes e que o problema era de quem os lia. _ Apsicandlise foi construida nos estudos, nas praticas clinicase nas rele ae como uy Pensamento outro sobre o psiquismo. Buscou su ‘oncep¢a0 iluminista de sujeito universal, consciente, proprietériol#t 96 VW _—-- retant© sem questionar 0 fato de esse Sujeito unj (ine af ues e homem. pane? onjunto de querelas marca o didlogo entre cra a aren HOT, Josine Miiller, Melanie Klein, Hane pal st 2), ainda 25 primeiras décadas do século asad, Deutsch Marie gonP™™”” alo a partir das experiéncias clinicas, para eau Contestaram a pate psicologias diferentes oriundas de influéncias al homens e mu- teres tel procurando dar uma positividade 4 feminilidade, ulturais também aistint® irda década de 1960, historiadoras, filésofa . apart! tas discutiram género. Luce Iriagaray, c stogas feminis : Hel ciloees ve Rubine, Susan Bordo e Judith Butler sio alemmasquet Joan uscaram scott, logica com que psicdlogos estadunidenses, como Joh ler, pensaram a categoria género como forma de ae e uralizar a feminilidade. Mais recentemente, os ae contemporaneos de Judith Butler e Paul Preciado vam pants ee. rangos normativos que teimam em se fazer presente no campo Escant Be Joan scott, em seu classico texto Género: uma categoria itil de din pist6rica, refere-se ao género para enfatizar “O cardter fundamentalmente social das distingdes baseadas no sexo (SCOTT, 1995, p. 72), 0 quendo sient. nsiderar a materialidade biolégica dos COrpos ou assumir que mE fica desc See existem diferengas sexuais fisicas marcadas nos corpos, Asteorias de género trouxeram, desde muito tempo, embaracos e incé- modos para 0 arcabougo teérico da psicanilise. Se o sexo é tao historicizavel quanto o género (BUTLER, 2003), isto é, responde as posicées ideoldgicas ede poder, como, ento, repensar o masculino e o feminino, que, paraa psicandlise, sho calcados no biolégico? As teorias de género reformularam o exitnciads que 0 sujeito pode se tornar, sendo (também) mulher”? versal ser europey , Campos. Variag Psicanalistas eso- pert stoll acao e nat “torna-se mulher” (KEHL, 1998, p. 5). Nessa mesma linha, Thamy Ayouch apresenta um diagnéstico: Se os freudianos procuram encontrar “verdadeiros transexuais”, para per- mitir 0 acesso protocolizado aos cuidados, a abordagem lacaniana, mais categérica, brande liturgicamente o diagnéstico de psicose. Na linhagem do mestre, as abordagens de muitos/as lacanianos/as sao nada mais do que variagdes sobre o mesmo tema: um analista reduzo “transexualismo” a uma identificacao psicética simbiética da crianga com a sua mae por forcluso do Nome do Pai” um outro coloca-o na fronteira entre psicose e perversdo, um terceiro 0 considera como paradigma da patologia de jidentidade sexual propria a toda organizaciio psicética, e muitos/as sd0 0s/as que exilam os 7 a remennEci jeitos trans no ‘fora do waa a sua reusa em fe . simbslc® cayoucH, 2019; P: . si . gnero deixa nitido, ainda, 9 vn a recalcar € Se Opor, de modo nee, subalternizadas em nome da civiliza is = a racionalidade ocidental baseadas ng bio na, eurocentr! jais. OCOrre que, pelo menos entre as estur diosas wt ‘ nas normas hee brancas, © debate com 0 campo pscanaten ? psicanalistas rvetamente silenciado - ainda que 0s resultados es : : Nao fora comple s de renovar parte de seu arcabouco ae : eet tro lugar de escuta e de pensar a SeXuali conan panham (normas, regras, intra eas produgoes < leis, proteses, etc.). No entanto, no qu cio s6 foi quebrado pel sao de peso na psicanal Aabordagem ps oda modernidade " sexuagoes st ca, crista € di ossibilitar um OU' discursivas que @ acom ese refere a articulagdo entre racismo e BEnero, ogi as intelectuais negras, € quase sem nenhuma Teperay, lise. O percurso dos movimentos feministas nos aud acompreender tal auséncia/sitenciamento carie uma repeti¢ao no Stiog psicanilise, principalmente da praticada no Brasil. Com rarissimas excedes, esas manifestacdes eram lideradas por mul. res brancas da classe média, as quais néo pautavam as especificidades das mulheres negras, como as lutas contra o racismo e por melhores condigig, de trabalho. Assim, nao tinham uma abordagem interseccional e racial, nig pautando, dessa forma, as discriminagées pelas quais as mulheres negras pas. sam, tanto de género quanto de raga. Além disso, dentro do movimento neg, liderado por homens, néo havia interesse em atuar nas lutas contra o sexism, Raca, género, classe social e orientacdo sexual reconfiguram-se mutu- mente, formando um mosaico que s6 pode ser entendido em sua multidimer sionalidade. De acordo com o ponto de vista feminista, a experiéncia dese: mulher se dé de forma social e historicamente determinadas. Consideroess formulaco particularmente importante nao apenas pelo que ela nos ajuda a entender de diferentes feminismos, mas pelo que ela permite pensar em termos dos movimentos negro e de mulheres negras no Brasil. Estes seriam fruto da necessidade de dar expresso a diferentes formas da experiénciase ser negro (vivida através do género) e de ser mulher (vivida através da rag — tornam supérfluas discussées a respeito de qual seria a prioridaded }ovimento de mulheres negras na luta contra o sexismo ou contra o racist” 98 as duas dimens6es ndo podem Ser separadas, jue acd politicas, uma ndo existe sem oma Ponto de vista g final da década de 1980, feministag he . fa os direcionados as posigdes Sociais das FS Norte., (undo icas. A libertacao social, sexual e politica mule vida es nal de mulheres pretas na sociedade racist e la Enfase Naandlise oC a5 no escopo do movimento, através do eras Feivindica. 8 cord ‘Angela Davis, Patricia Hill Collins, Audre to de grandes 126tcas © resgaste de ativismos como o de Sojourner Truths Barbara Smith, oper insta Negro formulado naquela época. Um dos objeto Pensa. nto inismo Negro foca na reformulacao das estruturas etivos principais do G0 ide opressdes impostas as mulheres negras, que, pcm da abo ie as piramides socials no sistema racista-patriarcal, oa, a eel carneiro (2005) enfatiza que a consciéncia de que a identidade e desdobra naturalmente em solidariedade racial intra nen de juriu 2S mulheres negras a enfrentar, no interior do préprio movinentie minista, 2S contradig6es e as desigualdades que 0 racismo ea discriminac3o racial produzem entre as mulheres, Particularmente entre Negras e brancas noBrasil. mesmo se pode dizer em relacdo a solidariedade de género intra- grupo racial que conduziu as mulheres negras a exigirem que a dimensio de genero se instituisse como elemento estruturante das desigualdades raciais naagenda dos movimentos negros brasileiros, Apsicanalise e os feminismos foram movimentos que se articularam a par- tirdos finais do século XIX e por todo século XX. Ambos os campos nao foram estranhos desde sempre, mesmo que suas relacdes tenham sido marcadas por desencontros, polémicas, oposigées. Essas relagdes, que so ambivalentes, continuam se fazendo na atualidade. 0s didlogos da psicanalise com os estudos de gnero produziram fendas e, consequentemente, avangos, tanto para a psicandlise quanto para os fe- minismos, No entanto, a psicanélise nao produziu uma reflexdo critica sobre aestrutura patriarcal da sociedade e da familia. Suas perguntas eram outras esuas concepcées se elaboraram dentro dessas estruturas do pensamento ocidental patriarcal, em que a categoria “homem” equivale a humanidade, englobando a categoria mulher subsumida neste sujeito universal homem (ndo mais o sujeito racional, mas 0 sujeito do inconsciente). (ZO artir dO ‘@Mericanas legras e ati. nero nao S Tiaomeaes olicionista afro-americana e ativista dos direitos da' mulher (1797-2883). i. f 0s ermoscolonialid texto, eu mantenho as 5 studos femini. movimentos @ & stas ¢ resd0 norte global - Estados Unigge MSM tempo acham o maior barato a fala dita breil 14 Dretugues” ( is, que a vocé em cé, 0 esté em té e por al afora, N30: sacam (GONZALEZ, 1969, “formas de su bjetividade (colonialidade de género), Apria ética do desejo. Nesses te ea propria etica do ce mos onuaisi® an oral. A angtistia desse descompassg Nos ore + dese? moderns. Para onde sdo projetadas as agressé ii como Seres x a " es, a human as para nao levarem a desagregacio sociai? Emte, ue tem de ser reptir e exista UMA agregacao social na Europa, para ce aa, fanonia par M0 essa energia nao reprimida, esses incestos nao interdie ee uma cul es para as colénias. Ena col6nia que a Europa transfere a ee proje 7 dade ea violéncia. Essa transferéncia Permite que a Europatee 2 jal » civilizago, como humanidade, e, Portanto, consegue BHT! ja come «5 de selvagem. “A bestializacdo do negro é Produzir no 4 em outro (MBEMBE, 2018, p. 34). Bemea umbilical do ibera peacordo com Frantz Fanon (2008) e Anibal Quijano (2010), ocsloniatismo fungdes precipuas: aja econdmica, por meio da acumulacao Primitiva tem ital (a partir das formulag6es do marxismo), Para enriquecer a Europa, doc como consequéncia, 0 empobrecimento da Africa, das Américas e da ae uma transferéncia das contradicées para fora da Europa, funcdo sub- be queéesta de projetar tu do que ela no quer: enxergar em si,avioléncia, a agressividade; ec) adominacao étnico-racial, o patriarcado eo controle das Einteressante perceber que a intelectualidade branca europeia sé passaa se preocupar com O racismo a partir de Hitlere Mussolini, ou seja, da tentativa deum colonialismo na prépria Europa. Mas é preciso lembrar que, depois da Segunda Guerra, existiu um processo de reparacao nao sé econémica como simbélica, no sentido de reconhecer que o povo judeu foi vitima do holocaus- to perpetrado pelo nazifascismo, muito diferente do que aconteceu como processo de escravizaco e genocidio de negros e dos povos originarios que, durante quase cinco séculos nas col6nias, foram mortos e torturados, ou no genocidio arménio no inicio do século XX. Atese de Freud, do bindmio civilizagao-rentincia pulsional, como nica forma de constituigao do laco social, diria respeito a uma forma universal de cultura, ou seria a defesa de uma determinada concepcdo de cultura marcada Pelo projeto iluminista-humanista do dominio da natureza pela razéo e que Segue sendo uma questo no minimo polémica. Se Freud e Lacan rompem com o império da razo, Pat ee Géncia que nos governaria, positivando a castra¢ao/rentincia em no i “cerca de 1,5 mil 4 hoje, esse crime n3o foi ass Ef hao de arménios foram mortos entre 1910 e 1920, e, até hojs 'd0 pelos turcos, 107 v q a ficado recalcado? Para uma Sér; ivilizatdrio, 0 so civilizal aa x P races danegritude ue teri aw ww Setig rasil, a cena primaria de fundagao sey " Peay ue fica nos POT" sli ‘ Sileirg gros/as. OF ropria psicandlise praticada 8 do inconsciente dap NO Bra i Bo, ry ja menos que uma dimensao estrutural da 7 Maly Jo éna 8 quen uagem/cultura fora do contexto francs, no casy bra et ; nizacao, & : de séculos de onl Formos pensar em trauma € em recalque, nor « 1h para as varias matrizes culturais que nos Constituem, Th, é preciso olhar para 2 tuque etc., € © quanto a experiang Ma capoeira, o samba, 0j0nB0: © ata poeta "tiga rocéntrica ecastrada de si, porque, ao pensar, 0 humano se restringes aaa Qual a experiéncia cultural brasileira expressada pela bran suite culturas brasileras, principalmente quando precisa defender uma cena silidade, fale do carnaval, de nossa musica e da capoeira’, e, a0 mesmo tempo, faz barulho e grita nos seus tropegos, enganos, lepers atos falhos e modos de violéncia. sexualidade e raca, inclusive para a psicandlise praticada em nosso ais, Num 6timo e recente texto (AMBRA, 2019), o autor, um psicanalista branco e que propriedade varias das contribuicées de Lélia Gonzalez, o fazendo, inclusive, de modo muito respeitoso as contribuigées inovadoras da autora. No entanto, oautor escorrega, tropega. Afinal de contas, mesmo que o inconsciente ni tenha cor, ele é atravessado pela branquitude e sexismo, como extraio des pores da branquitude brag,” a psicandlise lacaniana que 0 Sujeito se conc, como pensar ling! também, de uma utilizacao Sesigual get réncias culturais: empobrecedora psiquicamente até para os brancos. O que resta é ym, ,<¢ bastante comum que até mesmo a branquitude, ao se referir as Perini, ‘Acolonialidade age silenciosamente, como 0 inconsciente Psicanalit Vivemos um momento de incrivel visibilidade para as questées de gen tem se debrucado nessas tematicas marginais ou subalternas, Tesgata con como no caso relatado no episddio do pés-prefacio de Jurandir Freire Costa, seguintes recortes: — * No dia 3 de julhi eden asa an cosa eels, promovid por rcs Gna or fazer um determinado filmes-nae sees P 2" depois de dizer os sobrenomes “europeus" east eutenho sanguettanés ens no adianta fazer um filme da senzala, no seria nosso melhor luger(-! ee Fos tenes de Picante core eum filme da sua stra.) @loniais recorr reram a ide sacttos num mo sees reram tal brasil mento em 108 remos Djamila Ribeiro na qualidade 4.; pas autoria a reflexéo de maior egosoneee tugar de fala (RIBEIRO, 2017), a fil6sofa constr6 eis eStio, ques ideia de que aS distintas modalidades de Fesistincia g, Mento a partir da ‘oderiam ser reunidas sob a nogdo de lugar de fala, le mu| por ess? ideia embasadas (AMBRA, 2019, P86, ee 20m ‘ferentemente, portanto, da concepc3o con a Orverdadelr2 reflexdo sobre o racismo (e ol inte see Phase) eve partir e se amparar tanto em seu lugar de faly quan terteme origem de suas autoras e autores, sublinhando sua Potent 8 (Cor de) Gonzalez abre seu texto colocando 8UaS cartas epistemo| i 'aSe limites, éapartirda europeia psicanilise que ela ira sedebrucarsotre., do racismo na América (Ibid., p. 94, grifos meus), "0 problema ria justo acusé-la (a Lélia) de acreditaringenua, ferram ea do senhor podem desmantelara casa cain caso. Ao contrario do que Ribeiro dja entender, o ima truido pelos limites que uma teoria europeia impGea anilisese micas interseccionais, que precisariam de um novo standpoint para serem a f- sados e criticados. Observa-se, antes, o contrario: sio as contraigies inquietudes presentes nas figuras da mulata, da doméstica e da ne preta que conduziram aquela mulher negra a psic icandlise enquanto suporte epistemolgico (Ibid., p. 95 grifos meus). Apergunta que ndo quer calar 6 0 que move o autor a colocar duas mu- heres e intelectuais negras para “brigar”. Uma viva, eno auge de sua poténcia intelectual e ativismo politico; e a outra morta, esquecida e negada por muitos anos na psicandlise brasileira e que, portanto, nao pode falar mais, para além do que seus textos ja disseram. A quest3o mesmo que merece ser colocada no mbito da discussdo que esse texto focaliza é a de perceber recorréncias, regularidades (para a antropologia) ou repeticGes sintomaticas para a psica- nalise. Ou seja, quais as raz6es que a propria razSo desconhece para obedecer auma determinada ldgica enunciativa. Adiscussdo empreendida sobre a nocdo de Lugar de Fala, proposta por Djamila Ribeiro (2017), se vale de outros paradigmas que nao a psicanélise. Para além de uma discusséio académica stricto sensu e inécua, ela foi popularizada, esté na boca do Povo, porque é autoexplicativa, porque permitiu separar as Posicdes no discurso hegeménico, e qualquer militante de movimentos sociais sabe diferenciar quem esta falando e desde qual lugar. 1 Hauma caracteristica no feminismo negro fundamental de ser destacada. Tata-se do dispositive de traduc&o de teorias, enquanto uma metéfora para 109 ideias esta profundamenta ; amento das idet® " ‘ oMente im, esi tbaliza°80: Apolitica epistemolégica do fem? 4 nocao de lugar de fala, em Djamila Ribeiro ont xe go trafico de teorias e praticas feministas, atrave Mg ati liticas e disciplinares- Eo transito de “L..] insights go. a fronteiras geoPol! de mulheres de cor edo feminismo POS-Colonial gM nismos de latinas « andlises de teorias, praticas, culturas @» "ae $3! Politica éricas para a5 Nos: ale vice-versa” (ALVARES, 2009, p- 743): ad uitude perceber psiquicamente cq, dificil para a branquitude| icandli 7 es past elas esta dirigidas para a psicanilise, em fy, i ead sido narcisica. Frantz Fanon, por Exempla See . uma dada Pp través da psicandlise para afirmar que a i, respondia nae a! hg Monte feito parte da sua tarefa com Freud ao substituir a eut nética pela perspectiva ‘ontogenética. “Ao ane filogeniae da ontoger, hg a sociogenia.(...) digamos que 0 que preten emnos aqui é estabelecer yp sécio-diagndstico”. (FANON, 2008, p- 28). Fanon, psiquiatra © Pensador preg. padocom as dimensdes sociais do sofrimento psiquico, comemora as rupty representadas por Freud, mas advoga a necessidade de iralém da dimensip psicoafetiva para compreender os individuos e os seus conflitos existenciais ‘em seu contexto histdrico e social concreto. Lélia Gonzalez (1988), a0 fazer uso de nogées da psicanilise, em Parcerig com Betty Milan e M. D. Magno, de modo muito rigoroso e bastante i nico, tinha como objetivo atravessa-lae descentra-la, ou seja, descolonizé-la, Lélig coloca para conversar com a psicandlise a cultura, para dizer que, mesmo de terminados aspectos tao intimos e privados, como a educacao dos filhos - que desde os tempos idos da escraviza¢ao seriam tao brancos e tao burgueses-, sao atravessados pela negritude, pela cultura negra. Psicangi tese fi Lélia Gonzalez elaborou de modo muito preciso que era impossivel com- ater 0 racismo se as pessoas brancas nao reconhecessem nossa condicéo colonial. Sabemos que se trata de um trabalho muito complexo, uma vez que 2 identificacZo com a suposta origem europeia agregaria valor simbélico, além de constituir parte do processo de apagar a latinidade e de fundamentar uma Giferenciaco com base na outridade em relacdo aqueles a serem marcades Comin “os outros’, “os bérbaros” ou, no vocabulério contemporaneo, “os band de Tem-se uma dinamica de invers6es da qual depende a opressdo coloniat Pare efirrrar-se no poder, os colonizadores precisam dominar nao apenas Corps, Was sobretudo o imaginario de cada povo dominado, atribuindo va” ‘ambalicaswo eureeey bs d wales ay europeu branco, naturalizado como quem tem o direito de ou no inaga0; e destituindo de valor simbé min E . ico to wp? i 3 gubalternidade. Assim se constitui um ra que ogee cuperioridade do colonizadorea alienacdo pomec fama, 40 08 i Coloni : ft alia Gonzalez: nizado. Mag svi" , a medida em que nds negros estamo: fone ols asst FS estamos na lata de j Prailera, pois assim o determina a légica da donna a soci indagaga° via psicandlise. E justamente a partir da abe Caberia uma por Miller, ou seja: por que o negro éisso que alégicg odonte (e consegue muitas vezes, nds o sabemos) domesticar? E rinsio tena sumimos aqui € 0 do ato de falar com todas as impli ? Eorisco que as. orque temos sido falados, infantilizados (infans, aquele fala propria, éacrianga que se fala na terceira pesso; sports tem adultos), que neste trabalho assumimos nossa Prépria fata, = da pelos vai falar, enuma boa (GONZALEZ, 1984, p, 225), - OU sea, o lig oartigo de pedro Ambra acaba ao tomar 0 didlogo de Lélia coma Psicand. como uma alianca de alguém que chegou ao esclarecimento (adomiano}, a parece precisar reafi irmar ° lugar tedrico do saber nascido no . oronee, além de uma posigao hierarquica narcisica tipica da branqui ° 7 segundo Grada Kilomba, “Quando académicas/os brancas/os afirmam ter um eigcurs0 neutro e objetivo, nao estao reconhecendo 0 fato de que elas e eles também escrevem de um lugar especifico que, naturalmente nao é objetivo ouuniversal, mas dominante. E um lugar de poder” (KILOMBA, 2019, p. 58). Lélia Gonzales (1988) precisava da psicanilise para dizer da relag3o co- [onial sexista e racista da sociedade brasileira, pois, para a autora, as anali- sessociolégicas nao tinham chegado naquele momento. Descolonizar nao é abandonar a produgao de conhecimento produzido no ambito da Europa, mas olercom outras lentes, inclusive se utilizando de outros recursos narratives. Lélia se apoia em Freud e Lacan, como também em Frantz Fanon e outras tantas referéncias. Infelizmente, o autor nao percebe que a genialidade de Lélia esta justamente em rasgar a psicanilise por dentro, mostrando como oracismo no Brasil se movimenta, e nisso os diferentes campos de saberes inclusive a psicanalise) convidam a negritude para participar, desde que nao falem. A expresso “o lixo vai falar e numa boa” é a andloga a dar um basta, ane ‘eda final deste artigo, mais um episio é exemplar do modo de inecmnn mnval"Diany ones piseriadera Lilia Schwarez teceu estes § aac paneaned rp eae ada goede Seated 0 amar ee Te pe eis pompa" e “britho”. Ver, por "¢-uma-analise-afrorreferenciada-do-novo-album-visual-de-beyonce/- m fa no ventilador. O que significa nao u debaixo do tapete, ou colocada no dest [quer lixo que ndo queiram que colocara merd jeira seja escondida pal ra ; dos ocidentals dao a qui recho que segue? Ter, No os Seja Vig bons mo‘ Vejamos no t! ndlise passa aser uma ferramenta importante, lugar do negro do Brasil justamente porque g iin lade ocultada nas exclus6es, apagamentos ¢ dont valorizagao dos lugares das descontinuidades, da fa sua concretude e ato. Neste caso, assumir a fala ngo ésinénimo, tomar avoz0U ocupar lugares de poder que historicamente sig por brancos. (AMBRA, 2019, p.98, grifos meus). ouseja,apsical mento sobre o que pensaaverd porintermédio da Apenas ye OcUpadoy Ambra argumenta na diregao de recentrara psicandlise, nasua Matrizey, ropeia, inclusive posicionando a psicandlise comoa lata de lixo, ou seja, aquely que pode servir de invélucro do lixo. Mesmo admitindo que as experiénciasde Lélia, como ativista, militante, mulher e negra fazem toda a diferenga Na sua elaboragao, seria, do meu ponto de vista, muito mais produtivo para O autor e para a branquitude que ele representa que admitisse um néo saber, uma surpresa com as elaboragées de Lélia. Nés, intelectuais negros/as, continuamos tendo de engolir as bibliograas de intelectuais brancos e brancas que s6 permitem a negritude como objetode pesquisa ou como objeto de sofrimento psiquico, mas ndo como protagonist narrando a sua propria existéncia. O referido artigo reproduz a légica- un homem branco determinando o certo ou 0 errado, a hierarquia entre duas formulacées de duas autoras negras. H4 algo que impede que a branquitude, mesmo mais de 30 anos depois, leia o texto de Lélia no que ele tem de mas poderoso, ou seja, a critica ao racismo (branquitude) e ao sexismo a partirda propria psicandlise, que se negou a pensar sobre isso. Contudo, para Fanon, essa superioridade coloca o branco diante deum curioso paradoxo: O branco est convencido de que o negro é um animal; se nao for oco™ Primento do pénis, é a poténcia sexual que o impressiona. Ele (0 bran tem necessidade de se defender deste “diferente”, isto é, de caracteriza" © Outro. 0 Outro serd o su ji desejes porte de suas preocupagées e de seus (FANON, 2008, p. 147), precio Esse feti 2 Beusmaas as de poder Pode assombrar o branco colonialista/racist® en # ser reclonalmente mals profundos, pois essas representagdes Nd0 Po “contestadas por assentarem-se em uma supremac? 12 uturada. A racializacao oriunda desse processo aj msde compensagao & liberagao Psiquicas que permite cria recat olicamente asua agressividade e, ao mesmo ae ponsabilidade pelos privilégios vividos, ou . andlise 6 um questionamento constante sobre ‘ento do discurso, parece fundamental que passe a integrara criti uma vez que essa critica, quando Girigida a psicanalise, corsise, untar se € possivel problematizar a enunciacao sem terem contaa lidade do saber em nivel clinico, tedrico € epistemolégico. Ou, sendo .s incisivo, ate que ponto a teoria psicanalitica nao Carregaria em si rio europeu? mente est oe *M 20 branco tempo, isentar-seda aenunciacsoeg jeresam™ ders? o colonial, er a colonia inda ma imagine! importante na meméria, na lembranca ou no esquecim: é tanto a verdade, mas 0 jogo de simbolose a stscrabgnweaeee as mentiras, as dificuldades de articulacdo, os pequenos aos falhos¢ (0s lapsos, em suma, a resistencia &admissio, Enquanto compexos de representacao poderosos, a meméria, a lembranca e o esquecimento so, estritamente falando, atos sintomsticos. Essesatoss6 tim sentido em relacdo a um segredo, quendo chega realmente sé-lo,mas que nos recusamos a admitir. E nesse aspecto que derivam de uma operacio psiquica e de uma critica do tempo, (MBEMBE, 2018, p. 186). No entanto, se a psicandlise, por defini¢do, posiciona-se como 0 avesso darazio, e visa, na sua escuta, a desconstruir 0 imaginario da razo, em que medida ela faz esse trabalho de arqueologia dos seus préprios conceitos e nio perpetua certos aspectos implicitos do pensamento da razéo? (AYOUCH, 2019, p. 194). Uma negra para chamar de sua®> Descolonizar os conhecimentos é imbricar-se em uma luta contra oepis- temicidio e, assim, contra o racismo. E um trabalho arduo econtinuo. Euma esponsabilidade de todes que querem se somar em uma (uta antirracista. &m 2020, a colonialidade brasileira e branca continua [de]negando ain- telectualidade de pretas e pretos. E ndo é porque nao existam. Nas is deNeusa Santos Souza, | : sua (..) saber-se negra é viver a experiéncia de ter sido es identidade, confundida em suas perspectivas, submett 9. i compelida a expectativas alienadas. Mas € também, & i | » Por exemplo, tem ocupado um espago amploefrequenteramisade 13 va er-se a resgatar sua histéria e recy; serena be ae experiénciaéamatéria prima, éer® - ncialida' hata serummero exercicio académico, exi, gid te nsdo social, num anseio apaixonado de = ue, articula com experiéncias vividag, Por cue te negras, transmutar-se-4 num saber que - racionale ae te Cae como indispensdvel para negros e brancos, num piace enbertaglo. (SOUZA, 1983, P. 18). na pote! forma o que Po um requisito da ascet conhecimento- Eelaq referéncias bibliograficas, na psicanalise, contin biblioteca da Casa-Grande. Com raras excegbes, nao vemos ma sendo a instituigdes psicanaliticas. Nos consultérios e nas instity; ‘os quadros, 0 livros @ os bibelés formam uma decoracgo tg, Auniversidade e as epretos nas psicanaliticas, os camente europela. Nos tiltimos anos, uma série de mudangas telativas aessa (in)visibitidaye dos negros surgiu, seja por interesses mercadolégicos, sejal Pela luta Polit, seja como efeitos de politicas puiblicas como as acdes afirmativas, Entre, primeiras, é significativo 0 aumento da presenga de negros em Propaganda: decorrente do aumento de negros consumidores no mercado, como também a presenca em revistas, jornais, cadernos e seg6es especializados. Talvez py isso a chamada onda negra nao seja apenas uma onda e venha para fica, Mas, nesse caso, a territorialidade local, os insiders (pretas e pretos) avisan que nio é para ir chegando e surfar essa onda sem ir nas 4guas profundasda alma da branquitude, naquilo que insiste em desumanizar o outro e em nio reconhecer que ha uma neurose fundante marcada pela colonialidade e pelo pacto civilizatério da branquitude. Mesmo quando autores negros vém sendo amplamente citados, comoo filésofo e pensador camaronés Achille Mbembe e seu conceito de Necropo- litica (2019), é preciso desconfiar tanto das intengdes quanto do uso. Achille Mbembe, apesar de dialogar com autores europeus, 0 faz de modo a subvet toda a filosofia europeia. Ele olha desde a Africa para pensar de modo original acolonialidade, Nesse sentido, a “descolonizagdo como um processo politico © sempre uma luta para nos definir internamente, e que vai além do atode resenca 2 dominag&o, estamos sempre no processo de recordar 0 passadt (HOOKS zpIs ae novas formas de imaginar e construir 0 futu? Lélia Gonzales também vey Para chamar de sua”, provav Seu arcabouco tedrico e sua: ' caindo nas gracas da psicanalise, “umaneg? elmente porque dialogou coma psicandliseee S ferramentas conceituais, e esse fato a torna™ 14 Vy entanto, a autora o fez para denuncia, i: 1 Oe her negra e, a0 mesmo tempo, reviaroquacn” o las2° oo quese expressa como efeito do discurso do je ja, 00 mediante a imposigao do que fica afirmado a Numa dada aes da meméria. “A memoria, a gente considera come a numa oats” esse lugar de inscri¢des que restituem uma histéria mn O saber que anne ar da emergéncia da verdade, dessa verdade quese a No foi es. ae - (GONZALEZ, 1984, P. 226). rutura como fi aul Gilroy descreve cinco mecanismos distintos de defesa do e; ais 0 sujeito branco Passa para que possa se tornar Consciente i pe- los uitude e de si proprio como perpetrador/a do racismo; Negaci na 1h, reconhecimento e reparacao (GILROY apud KILOMBA, sae oe 0s)as psicanalistas brancos/as, no Brasil, Parecem ainda estar pulando apa, tendo muito trabalho de elaboragao pela frente, Um modo de comecar seria uma discu: ssdio profunda sobre as agdes afirmativas (para Brupos eindividuos subalternizados) nas institui¢6es psicanaliticas. A convivéncia coma diferen- @ funciona como um potente motor de mudanga, bem como o exercicio de escrita ea andlise pessoal sobre a propria branquitude, O privilégio construido epistemoldgico, cultural e socialmente em tornode raa, classe e género da autoridade de fala a uns e nega a Outros (fala, aqui,no sentido de pensarmos e reivindicarmos nossos direitos, em todos os aspectos, tefletindo-se, assim, acerca da justiga e da liberdade). Segundo Ana Mussati-Braga (2015): Ao encontrarmos estudos de psicanalistas negras que tinham sedebrucado sobre a questo da negritude, numa interface entre psicologia social, psi- candlise e sociologia, fomos nos deparando com um outro-mesmo tipo de apagamento dessas autoras: fosse ele em relaco ao nome ou ahistéria de cada uma delas, ou ainda a obra eaté mesmo a cor de suas peles.Comisso, podemos dizer que esse sil€ncio da psicanilise brasileira sobreo negrotem consistido num duplo silenciamento e apagamento sobre os negros ene gras, seja como autores, seja como tematica relevante (BRAGA, 2015,P- 13). Diante de todo esse contexto, percebe-se a necessidade de representativt dadeda mulher negra na sociedade para encarar essas feridas, para curélas. Hspessoas Negras e nossos aliados nessa luta devem estar comprometées ee alizar os esforcos de intervir citicamente no mundo, incorporando 2.2 . “no seu processo de anélise, & propria branquitude,afim de que Poss 15 igdo sobre o raci jo e assum Um ae fala como t imma co 3 desaliena%eo" snizar seu wear de fala) CIMA em “Ay um jo ¢ ‘ " ¢ nao i erguit quais a5 aves Paraa PSicangy” concluif sssmarcas de um Saber, GUe Se tentoy ag sil, relative vie temos UM efeito de denunciacgo Por bar, sn © Opti psicanalise, OU Seja, Um mod eons de brasileira & agentacd0 recalcada que insiste em no reco repre ied: 4 ‘ ‘ : resent? eu cia perceptiva © afetiva da wists Softida eno etre naovalidar ao ise que se desmente nado éo evento, mas o i te. Nei, cotidianamen (GEBRIM, 2018). it » i lade. 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