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SENTENCA PENAL 1) “Sentenga, lato sensu, é 0 ato do juiz que resolve a lide, aplicando a lei ao caso concreto” (Vicente Greco Filho). Em relacdo a instancia prolatora, designamos de: a) SENTENCA, 0 ato jurisdicional prolatado pelo juiz monocrético; b) ACORDAO, 0 ato jurisdicional prolatado pelo érgdo colegiado “ad quem”. 2) _ Nateoria do proceso, so designadas de: a) DEFINITIVAS, quando julgam o mérito; b) TERMINATIVAS, quando terminam o processo sem julgamento de mérito; Obs: Essa terminologia, embora melhor, nao é a adotada pelo CPP de 1941. 3) Na sistematica do CPP, os atos do juiz possuem as seguintes terminologias: a) Despachos de Mero Expediente (art. 800, III, do CPP); b) Decisdes Interlocutérias Simples (art. 800, II, do CPP); c) Decisées Interlocutérias Mistas (art. 800, |, do CPP); d) Decisées Definitivas ou sentengas (art. 800, |, do CPP). > Despachos de mero expediente sio atos que impulsionam o processo com carga deciséria minima. Ex: designacio de audiéncias. > Decisdes interlocutérias simples sio decisées que resolvem questées processuais sem extinguir o processo. Ex: recebimento da dentincia; decreto de prisdo preventiva. > Decisdes interlocutérias mistas sao: * Decisées que encerram o processo sem julgamento do mérito. Exemplos: a) decisdo que acolhe a preliminar de litispendéncia e ou de coisa julgada; b) deciséo que rejeita a denuincia ou queixa; c) sentenga de improntincia * Decisdes que pée termo a uma etapa do procedimento. Ex: sentenca de pronincia. 4) — Requisitos Formais Intrinsecos (eu chamo de estruturais) da Sentenca (art. 381, CPP e 489, CPC): * Relatério (é 0 resumo das ocorréncias processuais) * Fundamentacdo, (motivos de fato e de direito que formaram a convicgao do juiz) * Dispositivo (aplicagio da lei ao caso concreto, absolvendo ou condenando o réu) * Fixacdo (art. 59, CP) e Dosimetri penal condenatéria da pena (art. 68, CP) na sentenca MOTIVACAO. Motivar a sentenga é declarar os motivos pessoais que levaram o magistrado a se convencer da culpabilidade ou da inocéncia do acusado. € juizo subjetivo eminentemente probatério, ligada 8 anélise do fato e que justifica o dispositive da sentenga (o “condeno” ou “absolvo”). A motivacao, portanto, esté ligada & causa de pedir (o fato ou lide). & a parte euristica da fundamentagéo. FUNDAMENTACAO. Fundamentar é demonstrar a concatenacao juridica adequada para a solucdo do caso. Se a motivagao responde a causa de pedir, a fundamentacaio responde ao pedido. Qual é a melhor solugo juridica para o caso? Por que enquadrar 0 caso nesta e nao naquela tipicidade? Qual o fundamento juridico da condenagao ou absolvicio? Qual é a pena aplicavel situagdo concreta? Como se fixa e como se realiza a dosimetria da pena no caso concreto? Todas essas questées precisam ser fundamentadas, néo motivadas. E a parte algoritmica da fundamentagao. A fundamentacao esta presente no art. 93, IX, da CF/88 e engloba a motivacao. © Pacote Anticrime incorporou ao CPP, no § 22 do seu art. 315, idéntica redac&io ao art. 489, § 12, do CPC, sobre critérios de fundamentacao da sentenga judicial: § 22 Nao se considera fundamentada qualquer deciséo judicial, seja ela interlocutéria, sentenga ou acérdao, que: | limitar-se a indicago, a reprodugo ou parafrase (conferir um novo sentido) de ato normativo, sem explicar sua relagdo com a causa ou a questo decidida; Il - empregar conceitos juridicos indeterminados, sem explicar 0 motivo concreto de sua incidéncia no caso; Ill invocar motives que se prestariam a justificar qualquer outra deciséo; IV - no enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusao adotada pelo julgador; \V - limitar-se a invocar precedente ou enunciado de stimula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar_que 0 caso sob julgamento se ajusta aqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de stimula, jurisprudéncia ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar_a existéncia de distin¢so no caso em julgamento (distinguish) ou a superacao do entendimento (overruling). 5) Requisitos Formais Extrinsecos (art. 381, CPP): data, assinatura e rubricas que a autenticam. 6) A falta ou deficiéncia de qualquer requisito gera nulidade: Art. 564, CPP. A nulidade ocorrera nos seguintes casos: IV-por omisséo de formalidade que constitua elemento essencial do ato. SENTENCA CONDENATORIA 1) Natureza do provimento jurisdicional na sentenca penal condenatéria: a condenagao é provimento complexo, com carga declaratéria, constitutiva e mandamental. Declara o acusado culpado pelo crime praticado, desconstitui seu estado de inocéncia o constituindo no estado de culpabilidade e mandando executar uma pena criminal. 2) Cumulacao de provimentos condenatérios de naturezas diversa * Condenacio criminal = imposicao de pena criminal * Condenacio civel: Art. 387. O juiz, ao proferir sentenga condenatéria: IV - fixaré valor minimo para reparacdo dos danos causados pela infragao, considerando os prejuizos sofridos pelo ofendido; Art. 91. Sao efeitos da condenagao: |= tornar certa a obrigacao de indenizar o dano causado pelo crime; * Condenacdo administrativa: Lei 9.605/1998: Art. 21. As penas aplicdveis isolada, cumulativa ou alternativamente as pessoas juridicas, de acordo com o disposto no art. 32, sdo: |- multa; Il restritivas de dir Ill- prestagao de servigos 8 comunidade. Art, 22. As penas restritivas de dir: os da pessoa jurri suspensdo parcial ou total de atividades; interdico temporaria de estabelecimento, obra ou atividade; Ill - proibigéo de contratar com o Poder Publico, bem como dele obter subsidios, subvengées ou doagées. Art, 23. A prestagio de servicos @ comunidade pela pessoa juridica consistiré em: custeio de programas e de projetos ambientais; II- execucdo de obras de recuperacao de dreas degradadas; lil - manutengdo de espacos piiblicos; IV- contribuigdes a entidades ambientais ou culturais publicas. Art. 24. A pessoa juridicaconstituda_ ou _utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facilitar ou ocultar a pratica de crime definido nesta Lei ter decretada sua liquidacdo forgada, seu patriménio sera considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitencidrio Nacional. 3) Conformidade da sentenga condenatéria com a inicial (definigdo do objeto ou mérito do processo): * Fato e pedido * Lide em Carnelutti: lide 0 conflito de interesses qualificado por uma pretensdo resistida * Lide em Liebman: lide é 0 conflito de interesses qualificado pelos pedidos correspondentes © Emendatio Libel Art. 383. O juiz, sem modificar a descricio do fato contida na dentincia ou queixa, poderé atribuir-Ihe definicio juridica diversa, ainda que, em consequéncia, tenha de aplicar pena mais grave. © Mutatio Libelli; Art. 384. Encerrada a instruco probatéria, se entender cabivel nova definigao juridica do fato, em consequéncia de prova existente nos autos de elemento ou circunstancia da infracao penal nao contida na acusago, 0 Ministério Publico deverd aditar a dentincia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado © proceso em crime de aio publica, reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. © Stimula 453, STF: Nao se aplicam a segunda instancia o art. 384 e pardgrafo unico do Cédigo de Processo Penal, que possibilitam dar nova definicéo juridica ao fato delituoso, em virtude de circunsténcia elementar ndo contida, explicita ou implicitamente, na dentincia ou queixa, TESES DE DEFESA E SENTENCA ABSOLUTORIA Art. 386. O juiz absolveré o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconhega |- estar provada a inexisténcia do fato; Il no haver prova da existéncia do fato; Ill - no constituir 0 fato infracao penal; IV estar provado que o réu nao concorreu para a infracao penal; V-—nao existir prova de ter 0 réu concorrido para a infracao penal; VI = existirem circunstancias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 § 1° do art. 28, todos do Cédigo Penal), ou mesmo se houver fundada divida sobre sua existéncia; VII ~ nao existir prova suficiente para a condenagao. Pardgrafo nico. Na sentenga absolutéria, o juiz: mandaré, se for 0 caso, pér o réu em liberdade; I= ordenard a cessago das medidas cautelares e provisoriamente aplicadas; Ill aplicard medida de seguranca, se cabivel.

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