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Ensaios sobre Economia Politica Moderna: EM DIREGAO A UM PARADIGMA MICRODINAMICO: 'A ABORDAGEM NEO-SCHUMPETERIANA™ ‘Mério Luiz Possas”* LiNTRODUGAO Cestudo dos processos de mudanga tecnolégica revelou-se durante muito tem- po um os terrenos em que a andlise econémica, em suas vortentes dominantes, er frenta obstéculos praticamente intransponiveis. Dentre as varias raz6es que podem set invocadas para este esto, destacam-se duas que tém particular interesse neste ensaio. "A primeira razBo prende-se ao cardter estético da teoria econémica dominante, |, relativa a situagées a capitalista om face das alternativas tecnoligicas predeterminadas ‘Joan Robinson, dada “por Deus @ pelos engenheiros”. As abordagens ques mudanga téorica, pensanco-o mesmo como motor da din rémica ja, so marginals em relagdo Aqueleeixo te6rico.negeménico. fstas desiacam-se claramente as de Marx e Schumpeter, no por acaso as princ\- pais referencias tebricas para a recente retomada, no &mbilo da rellexao ertica em economia, da preccupagéo com a mudanga e o progresso tecnicos. ‘Em segundo lugar, merece registro 0 cardteralé certo pontointerisciptinar que se exige de uma andiise do processo de mudana tecnoiégca, néo apenas quanto seus eles, ue certamento desbordam para 6 social, 0 institucional e o cute, ras om fungdo de seus determinantes, cujos aspectas especticos & ciéncia e & og ia tecnol6gicas 0s tornam irtedulveis & pura racionalidade ec2- ‘tanto, de um objeto partcularmente avesso co iatamento preten- ente que a andlise econémica tem por hébito dispenser, em suas vertentes ortodoxas, aos temas que ihe caem nas malhas. O estudo da natureza, dos dotorinantes @ dos efeitos da mudanga técnica requer no simplesmente uma teovia econémica prépria, mas um corpo analtico e terico que, respetando suas im "eae afigod pane d um babalho desnvotio juno ao NPCTIIGIUNIGAM com apo do CNPa. + Oe insta de Eearamia és UNICAMP. 158 Mério Luiz Possas ‘Em Diregio a um Parecigma Mucroonantey ‘edade, este enfoque pode ser basicamente ces origindria da Universidade do je autodenominam sua abor- sl de caracterizar como corrente homo- se origmaria da Universidade de Sussex (UK)/SPRU (mas néo eponas), fem CO- ea, a sO, Peez KPa, Set €G, OB ote ots, a9 re cxriorertes questbes ~ desde 0s impacios macrodinémicos das inovagbes,& tears ¢ taxonomia setoial da geragdo e dilusio do inovacbes tecnolégleas, seme re goagdo schumpetetiana, Os dois tens a segui atria, respecvamerto, 69 fon eS, Winter, EUA) @ 0 do SPRU da Sussex (UK, sob 3 ‘eine eniética, dessas Gu2s verionos principals do enfoque aqui ciscuido, O tam oman) ~, voltamse & andlise dos processos de geragdo e difisBo~ fal fara uma avaliagao crfica de ambas, apontando as perspeclvas atis. Sete Sonn = tase betagbes inter role cumpre oo culsas, mas de tesontan, © grande beeo de abordagem contempor ‘como ra simples do tipo for este o caso, apenas como a = aeabam por revela-selnhas de me eee Se Misi en oe es longs hon haut do tempo, @ nao como um ‘A suposi¢io de que procedimentos heursticos © de ge do lames “busca” a flotndo-se em ér jovernam o compor- ra que o resultado do processo de “busca” e decisbes da empresa, re lamento das ompresas na trace de decdes nao pice simone oa poe Teatees co mercado © va concoreres © demende = venhe a sancona, ov anda fais rogras simples desencadear reagées corretivas suficientemente ageis e adequadas para assegurat 2 prépria mudanga das rotinas de omento olas so uma fung’o das earacte ciorista” em que se insere ‘assim como o aletam no momanto seguinte, Elas 5 raz0" (produc, pregos, ‘erentes a0 investimento, inda, para o conjunto do mercado, mediant ‘ages coneorrentes e da demanda. No novo contexto ana- és do qual o merca~ Quanto as de “longo pr ’ bem como as trajeldrias que as fimas ‘608 de maior ou menor grav em “fe \itria, em seu conjunto, seguirao "*. odendo envolver estor Pesquisa @ desenvolvimenio (P&D) de novos er Produtos ou processos produtivos, O ah __ Peloo especifeamenteinovador, da mudanga das roinas existonts © rovr des de um lado, © 0 processo de “seleg80" efetvado pelo mercado ~ valdendo ou nao 7 S, caracteriza 0 que os autores denominam o Processo de busca (search), uma inovagae ~, ct ugar a um movimento que nfo pode ser reduako a um asia: ‘20 dinamica enive o proceso decis6rioe as estratégias emprosarias, 162 Mério Luiz Possas em distintas versdes, ores canve-dasarey sian i ae een en Oe, simplificagdes (produtos eos © precos iguai ‘om dos autores recuse 3s cidade ostjam ou scm ura cement tec nee i "8880S de geracao € dituszo de inovagées, vistos res, chan nna btcaeveucionist, avavés dos processos de husca CSeesRO de morn, wv pole Sa ggeanse ptm ele s yfeSS0 tecnoldgico ~ respectivamente, no jargao especie = : da demanda se dé, tia tecnolégica pelo mercado, 0 fativas das empresas, Je formas evcorte ra ste ms de ora nao meres mera ates dna ore fm suas estalégia co PAD e de langrernabsrgao co Yo ros, respeto do component tno das voices ¢ 8 poder nana os investmontosrocesséras. De cove 2 8 busca de ove oats jléra natura igo, real lan pe eet, tnt quarto sina atts eo pesnso co Sete reas ov asso € caracterizer o proc Produgao. Nest io caratersias tunamortas do proceso dbus ste Heeler gn om neo das gee Ge atrouonusinario porate pra rostsso ceca ae ere ons lecnogcos eos econtmecs =, ee a cls 9 8 vases om PAD do un lima pola de um rosea de decistesrobvat canes nio-detomfiseas eo eveu ras simples convencionais (ls of tum) que con- za Teecic 2m Parecigme Micrecnmcs nos A yrace be SeSSEES DEETE B SEESSETEE £ TADS RE REN PED pose assen se" cefnca como uve “estates ce Desc, Rowe fistce, heuristic, condisionada ao mesmo tempo por tatores econimioas — 9 Fee ho esperado das inovagées — e tecnicos ~ as oportunidades oferecidas por determi ‘nada linha de desenvolvimento tecnolisico, ao lado da capacitagao ¢ das reas espe- tices de competéncia da empresa. Da mesma forma, os resultados destas agves, Sendo estrilamente imprevisive's, padem sor descritos estocasticamente, abrangen- {0 tanto uma invengao ou inavagao esp inhanga tocnol6aica", ‘vor conhecimentos om areas corrolatas, impedindo assim que os efei- ‘déia de uma tal “vizinhanga'" tecnol6gica exprime a cimens&o cumulativa do conhecl ‘mento tecnico, pela qual as inovagdes aluals tendem a ser semelhantes, mas superio- res (Segundo atiibutos tcnico-econémicos) &s precedentes: bem como ao fato Ge técnica que assume, no proceso de busca, um papel estratégico decisive, Consis~ tena tired ou diregBes em que-0 avango tecnolégico mostra-se mais provavel, @ ccom isso potencidlmente mais promissor, sob condigdes muito variadas de deman- fe om grande parte determinadas endogenamente ~ através da prépria “heu- fo proceso de busca: trata-so do que os autores denominam trajotéria nat jelhante aos “imperatives tecnalégicos” de Rosenberg, que guiam a evolugao tecnologias — 0 aparecimento de pontos de estrangulamento em processos ‘conexos, fathas ovidentes em produlos, metas evidentes de aperfeigoamento, etc Sob certas_condigdes.ce uniformidade tecnolégica as trajetérias podem agrupar ‘no que os autores definem como regimes tecnoldgicos, de carater mais abrangen © incluindo basicamente aspectos cogniivos que se traduzem em procedimentos usuais nas estratégias de P&D "*. ‘Embora espectlicas a uma dada tecnologia, as trajetrias naturais podem com- pariihar caracteristicas em determinado periodo, bem como apresentar semelhancas ‘ou complomentardades. S80 exemplos canhecidos de elementos comuns entre traje~ tdrlas, ce importancia marcante desde o século passado, a busca de mecanizagao ‘crescente € do aproveitamento de economias de escala latentes; tém servido com a atividade inovadora, nao raro de modo mais 15 que norteiam 0 avango tecnoldgico baseia-se no ‘se apéia num corpo de conhecimento e de pratica subjacente aos tEcnicos, engenheitos e cientistas envalvidos no processo. Sem ex cuir o papel fundamental e erescente da cidncia no progresso técrico, ¢ néo obstan- te as especilicidades do conhecimento necessétio & atividade inventiva, tratarse de mais arte (hablidade) e intuigao que ciéncia Co ritmo do processo gerador de Inova 2s aqui descrito, crescentemente i fo nas empresas cepitaisias e em boa ‘ado nos departamentos de P&D, nem de longe podem ser associados 40 continua e progressiva. Nao 86 03 resullados, como se vit, $80 im- podendo allernar sucessos e fracassos com a mesma estrutura da al- vidade, como a prépria trajet6ria tecnolégica, 120 importante 20 condicionar a busca de inovagées, lende a apresentarretornas decrescentes a part de certo ponto, des- 164 Mario Luiz Possas Erevendo um movimento de esgotamento progressivo treqiientemente paralolo ao do “ciclo do produto", ou produtos, a ela associada. Em suma, descontinuidade © mutien- ga.mais do que evolugdo firme, so 0s tragos mais nfides do processo de busca de inavagtes. a © processo de solepdo das inovagses completa o anterior a0 cumprir 0 papel e valdar ou néo uma inovagio realizada, através de sua implementacao pratiea © evenival dtus80 no mercado e/ou entre empresas concorrentes. Uma primeira observagao goral necesséria neste enfoque ¢ a recusa do.uma Gistingdo bem marcada entre invengso_e inovagao, Porque as incertezas nao se dissipam a nivel i em diferentes graus, uso de uma inovacio pode seguir habitualmente dois mecanismos: subs ‘iulgé0, pela(s) empresa(s), do produto ou processo antigo pelo novo, aumentando Progressivamente sua ‘ou a imitagao por outras empresas (no caso no em que a irv engdo é patenteada) **. Sem chegar a dasenvolver os aspects gerais ou te6ricos da cilusdo, os autores focaizam a alengdo sobre o que Genominam o “am. Diente de selego” que envoive uma inavagdo, que Central, mas nao exclusivo. Sdo trés os elementos relevant lucratvidade considerado adequado & inovacko pelas em; {as proteréncias dos consumidores e dos dispositves re Processos de investimento @ imitacéo. A combinagdo desis 2.curs0.¢.0 nme do processo de difusdo. Nao 6 necessato e ticularidad 3s determinantes da diluséo ciferem conforme se trate de Processo. No primeiro caso a rentabildade e rapide de ilusdo da inovacdo dependeréo fortemente da reacio dos consumidares a0 produto, © que no ocorre no segundo caso. Este, ademais, depende om menor grav do PD das empresas ~ ao inverso das inovacées de produto - que do empenho dos forne- edores de equipamentos em expandit seu mercado dilundindo seu uso. Em sogun. do lugar, a éniase 1a na vinculagao entre a ago inovadora e o sobralu- ‘aves da diluséo deve ser qui cas a dilusdo depends sompre da expansao tanto do inovador como dos imita- 0 mercado, mesmo sendo o principal cus da selegéo, no Papel por cots angulos: de um ado, ha outros “ambien- ‘como agéncias pabicas © mecanismos mercados; de a selecao depend gei ‘862s (ou nfo) do investir das empresas, para as quais os sinais proveniontes d Sultados verifcados ex post nos mercados séo apenas um dos aspectos consi os no cdiculo das empresas om sua estratégia comy ‘rativd ade séo fortemente condicionadas pola "tal natural em andamento, em Em Diragio 2 um Paradigma Microdindrico 165 ida que de moda ndo deterministico, pelo contexto estrutural— expres- ional que a cerca, tornan- inda que analticamento distin. | aguivel, do processo de busca anteriormente desi 8. Comentirios (que simulem a mudanga da sondo basicamente que jonado de “estratégias” cia rag de tevasbos sa 9 Go PAD, wl co expeaneo ro rivl ce goss da enprese com essa iano, © io a cuceso ou 980)dopon Sas coigbs coer conpave,Apesor tom mals do uta verde, orecobsaeseia and dyumascofendas ee tater sos ue pot conpromete! ce ptenalseticn, pation ane teistes oiaauve sigitcade dus npdoses eras ruven doe Siivaaco's pel ‘amen cana Srondade ee los us rocian tenetonsi ou opuaconlziva, come evar us apevaose a dos ton rosoospusmun ua eta da cortbuiae evokes Em te on sev mors. qur tao soa technris operas conn oe ‘eaclaodchinacacumpans da ustias centage fleseiseghusales tratégia sob 0 comando do proeot 68 9 Fi operated um com de sernios Siene de moigao ene sentra sta phat tron (as nfo apenas) quate carsleratens ecole compres cmotesora,copecu™ent nt ts ovarbe,abaveo do eotlascompetves Senses Em oes vneoschonpetetna a todo up adoqusa& peyote ome colo al ust, derdopr evo techn congo ter cpvtrdenants nar enendoe ores pevaag Cataracts cnenaao®: cotasamatte roe al an ee shares ua Satter onstger macs su orlomati povostapooprwseso ovate Tana eee Garcia ndocentia uebeious nosnpane tea ee lrg ebsonas ds pesnuca’ arobnoamaa steeds quo ere ace tls tpnat exaarets bees horas ta tices, cero evn qi em Troma svngua na consvgteie wa masoges, © qos eemierSosaca@ ix 166 Mério Luiz Possas lamente a necessidade de contrar 0 of 0 decisiva. Para tanto, parece indispenséve! aprotundar 20 menos duas linhas do reflexo ‘complementares. De_um lado, a abordagem evolucionista carece de maior suporte tedrico no que se relere as estruturas de mercado. Vale dizer, a éniase excl quanto & questi |, nos aspectos tecnolégicos, ao lado da ia — re ‘hecide ~ das teorias comportamentais da firma, com sua preccupagao voltada 20 ‘ealsmo na descrigo do processo decisério e conseqiente abstragao dos condicio- nantes do mercado, levaram & omissao de doterminagies ¢: nacvredutiveis tecnologia e, por consegt ural das decisées ratégicas cas omprosas, ‘modelos evolucionistas G0 lebrico no preenchimento dese espar !@ estruturas do mercado olgopolisticas, noladamente Bain, Syios-Labi- para complementar 0 enfoque com elementos ndo-tecnoiégicos, © até Corto ponto estéticos, que estes autores desenvolveram com 0 objetivo de fixar 05° ‘eterminantes estruturais dos padrdes competiivos que caracterizem o comportamen= to das emprosas frente a decisbes estratégicas. Eslarlamos, assim, mais préximos ‘deUm-marco tebrico altemativo, no somente para abordar a mudanga tec mas a prépria microdindmica — a dinar ‘mais amplo ~, sem a qual a primeira, por mais crucial, ngo chega a se tornar plena~ mente intoigivol. uro lado, a abordagem evolucionista, apesar de sua én teenolégicas, ainda néo fornace elementos suficientes, no plano {dar uma andlise do proprio cardter estrutural da "irajtéria e, Porta, de sua inluéncia sobre as decisGes ompresariais estratégicas — o que, de testo, também se retlete em seus modelos. Tampouco esse é um problema insol id que 0 tema vem sendo desenvolvido pelos mesmos e oultos autores, de forma nl ou complementar. O prosseguimento nesta inha tam podide revelar eres Centemente as dimensdes endégonas da ‘sensu, néo obstante cortos aspé SPALiSisee, partalamere G. Bovina Shots wore e keen ce ees andizeconparve slo ca lust ce novagiee, one estos fase sas gue vaso tm sopont IV.A ABORDAGEM DE “PARADIGMAS E TRAJETORIAS TECNOLOGI. CAS" DE G, DOS! © tiulo acima envolve uma simpificagao, 20 parecer reduzir a cortente de eco- omistas da mudanga tecnoligica da SPRU/Sussex a um nome, © a contibuigso \Goste apenas aos conceitos que mais se dlundiram e ganharam aceitagao. No entan- | Em Directo a um Paragigma Microdintmico 167 to, como veremos, a concep de paradigmas jas tecnolbgicas, embora ladamente insulciente, surge na obra de seu autor integrada a uma visdo teérica ‘culada em tomo da nogao de "concor schumpeteriana’, sem contudo deixar inder 0 enfoque "evalucionista'. Por outro lado, dada a preacupagéo es- tedrica do presente texto, os demais autores, por mais relevantes em termos da pesquisa neste campo, serio quando muito referidos de passagem, por no tetem uma proposta tebrica téo significativa. Excegio p: ‘a0 desenvolvimento econémico cari a 0 estudo abrangente do processo {a rellexéo implica um recorte - 0 das inovagées com grande potencial de ‘macroecondrica, a que Schumpeter denaminava major innovations, @ uma énlase — ‘sobre 0s eleitos macroecondmicos e s6cio-insttucionais do processo inavatl bos distanciando-a dos propésitos deste texto. Por esse motivo a breve Seguinle omitiré a importante contribuicdo destes autores & corrente em questo. 1. Inovagées Tecnotégicas: Paracigmas, Trajet6rias © uma Dindmica Industrial Endégena A proposia teGrica de G. Dosi parte iguaimente da nogo de “concorréncia ‘Schumpeteriana’ e de seus desdobramentos para a andlise da translormagao € da dindmica industrial, contrada nos padres da mudanga tecnolégica. Cabe de: tena fodutvas como, rencia a preocupagao expiicita do autor -onhecido, da andlise ndo-naoclassica das rnoladamenta a de Sylos-Labini ~, , quanto a esse aspecto, anélise, com base na visdo mais gor cia schumpeteriana, permitindo expticar a propria consituigo das estruturas d ccado em seus aspectos técnico-produtives, em regra tomados como dads, © objetivo teérico mais ambicioso 6, em outras palavras, a construgdo de um ‘marco teérico dinémico para 0 esludo da economia industrial, que como tal deverd eslar apoiado essencialmente ~ ainda que nao exclusivamente ~ na atividade inova- dora e seus olcitos econdmicos mais diretos a nivel da indi ¢ dos mercados, justriais pelo progres ‘abordagem oferece um caminho mais um paradigma micredindmico — ou, 908 da virualmente inexistente na teoria ec 168 Métio Luiz Possas Acmitindovso que o progresso técnica 6 o elemento indor por exceincia da priabiiéade orovada dos frutos do progresso técnico mediante sou relorne econémi- 0 **, Tais elementos — evidentemente thicos de um enfoque schumpeteriano — res- ondem pela criagdo, sustentagao @ eventual ampliagao de vantagons competiivas (que reproduzom, no seio da estrutura produtiva, as assimetias técnico-econdmicas {io cruciais, naquele mesmo enfogue, pela geragao de impulsos dinamicos na estrulu- ra econdmica J& no que mais especticamente & dimenséo tecnoigica das ihovs do paragigma cientlica de Thamas Kuhn para_o amt teenol6gico, cunhando a expressao paradigmas tecrolégicos para representar 08 pro gramas de, pesquisa tecnolég) {genos como nos entoques hhaveria no paradigma tecnol 8 tecnolégicos tendem a focalizar dotorminadas solugSes en: Porque © paradigma 6 “cogo" a estas. Obser do que pode parecer, uma vez que © campo de possi define 0 paracigma tecnolbgico, espacialmente nas fence a associar-se a algum paracigma pesquisa responsével polo surgimento de inovagées Da mesma forma que se desenvolve um modo de faz. igma cientlico, que caracteriza algo como uma “evolus ar — da ciéncia, o progresso técnico inerente a de lementos tecnolégicos e eco- émicos cujas dimensbes definem, a cada passo, 0 trade-off relevante para ser Zado pela pesquisa tecnolégica e conseqientemente a drecdo a ser tomada palo "pro- ‘O conceito de trejetria tecnotbgica poco ser muito ti para ca sar os aspectos endégenos do progresso técnico, como processo simultanear fecnolégico © econdmico. Assim, cabo notar que uma das caracter o progtesso ao longo de uma ol6gica & sua natures maior proximidade da “trontera tecnolégica” — detinida como 0 __datrajetéria quanto as dimensGes tecnoldgicas e econémicas -, assim como a com- lementaridade e integrago de diferentes formas de conhecimento, hablidade e expe- - Em Diregdo a um Paradigma Microdinamico 169 séecia 0 longo de aja, ampla a probebiede do avangos evbsoqdenas da unidade em questo — uma firma ou mesmo um pats ~ na direcdo da fe outro lado, uma trajetéria tecnolégica tem ainda, em diferentes graus, um certo cludenta frente a trajt6rias 20, de outios paradi de do: condico« ‘uma mudanga mais radical ~ a do pr gma ~, mas sempre inrente &s pers- pectivas futuras da tecnologia, surge ‘2 énfase a questo jf apontada por Nelson e Winter, da incerteza que preside as decisOes envolvendo a escolha e 0 In vestimento em mudaneas tecnoléaicas, alé porque a comparabilidade “solugdes” numa trajet6ria ou entre cistintas trajetéias ‘G80 tecnol6gica apont smentalmente para a diversidade ~ mantendo assim a tradigao schumpeteriana — das firmas e unidades produtivas como um aspecto cen- tral do ambionte compelive, e conseqtentemente de sua dndmica, Esse diversida- rentes aspecios, todos relevantes, que convém ex ‘meira manifestagao, de cardtor essencialmente técnico, consiste nas nolégicas enire as firmas de uma indistia, Trata-se de diterengas entre firmas que dizom respoito & capacidade tecnoégica para 208 distinios graus de suces so na adagio @ desenvolvimento de inovagbes de produtos e de processos; e as‘es- trulures de custo. Apesar das dbvias implcagdes destes falores no desempenho eco- nbmico, ols t6m naturaza essencialmente tecnoégica e ddo,conta precisamente Ga ‘apolada em elementos intrafimma, em a, homogénea 20 ni- rsidade de origem téo- , entendida como dife- 3, mas que corres- rengas no necessariamente hierarquizévels, como no caso ant pondem a especiicidades da acumulagao de conhecimentos tecnolégicas, a0 uso de insumos @ @ linha de produtos das fit Finalmente, 0 terceiro aspecto consis- decisto quanto a precos, investimento ~ especialmente em PAD, ern quantidade & a diversida- idade deste aspecto relere-se a ciscrepancia homogeneidade de comportamento (maximi- om relagao a vi zador) frente a fungées-objeivo da mesma natureza, ainda que sujetas a diferentes todoxa, que goradoras de assimetias fade intersetorial associa- nde importancia para uma mais adequada dos resultados empiricos da iteratura de inovagdes & luz de uma proposta tedrica alternativa neste campo. £ 0 que se vera em seguida. ~~ tes de fornecedor 170 Mério Luiz Possas 2. Concorréncia © Padrées Setoriais de Inovacao e Diluséo ‘As andlises tradcionais do processo de attusdo de inovarées nBo costumam ar maior importncia 20s fatores acim indicados, noladamente quay clos endégenos, cumuatives (leacback) e assiméticos. Ao contro, Ascutido aqui enfatiza, como 0 evoluconsta, os processes de seleydo, {aque iguelmente grande aos mecanismos de aprendtzado, como componantes back 05 da cfuséo de inovacdes. Suas implicagSes 620 di iquanto.os primeiros ms compettvas tecnoldgicas das frmasiico. et, em dletentes graus, o potencal inovatvo eimiai- jagtio pelo mercado,até as do apenas os resultados WvaGao ou escolha tecnols- 8 rentabilcade prospect- ida em relaco & trajetéia valmente decisivos, e, co- bay push para expicar a incdéncia predomiante do “mercado” eu ot “lecroinee "a geragao e atuséo de inovacses * Osmecanismos de aprensizado, por sua ver, des. Primero ~ 0 mais estudado na leratura =~ {uo economicamento mais importante meio de ispéndios signiicalvos, mas por representar (em geral o principal mecariong Cumulative de aprendizado, através da acumulagio “idta” de conhocimenioe cus re, sliventa o processo de busca de inovagses oaperlelgoamento de prodtes ¢ Hasse, S28, Segundo, os processes inormais de acumulagdo de conhecimeno tchologes }sfirmas, que néo envelvem destinacéo espectica de recursos eum i cxganizacional doiide, mas podem ser de extrema importancla no desenu de novos produlos © processos que jd tonham sido incorporadoss os exampoe ip 0s deste mecanismo sio a8 processos de leaning by doing e leaming by usin, hee eciamente imporianies em selores do aividades teenclogicamonte mals cone gine: mais compioxo, notte Terecito,0 desen- vi malades” intra interingustiais, que inclu dfusao de informa $0, meblidade de mdo-de-obra especilzada ecrescimento de servigos especialzeins, Oiterentes combinagées setorais das caractoriscas tecnoibg tipicamente de tbs modalida- timento em P&D, que eonsti- izado, nao apenas por envol os setorais desenvoivices, entre out borer uma taxonomia de processos de geracao e dilusdo de inovagdes os! prope lgumas consideragses em dreglo a uma lipologia de relagces owt Pacis de inovacso @ dfusdo e estrutura de mercado, dando lugar conseaiienterron: { podrbes de dindmica industial Da rolerida taxonomia destacam-se quatro tipos mais importantes de sotores: [08 “dominados por omecedores" (supplier dominated), cujas inovagbes sao Deck \ Em Direcdo @ um Paragigma Micradinémico 171 plexes a Ivicago de predues comploros, a Oscal de ris tpos, empresas de gan prt ates gases om PAD e Fogle itegragtoverical Sto exempts as ndlstas de matte de anspote, bons devo: a foe enero, ) as Tomecedres e5- jos ovagbos, goramente 6 proculs, co- onlvem cana. no das fas (om gerl neue. ras) com os usuaros@ domino expecta de tzéndoga de proj constupas Jo cauipaments. Sao oxenpoe jdades co engotaa mocdnea ea ries) 08 "ntnsivo em tend actonce base, ete vinelao a um pata Tocrotgco i 2 por eso aprosona elevades opouidades Vostienias em P&D, grande porte das omprosas (xceto em fecialzados) divs predominate por sleto, Pica qumicas, Os padtées de inovacéo e cifusdo associados a esses casos © as caracte- risticas tecnolégicas podem ser resumidos como segue, O pimeiro caso tende a ‘aprosentar baixa apropriabildade e oportunidade (exégena) de inovacae. A dilusdo déese-predominantem: por selegao, e ¢ afetada principal= “dominadas pelos fomecedores", © os (© aumento da adogao de novas tecnolo- Gias leva & sua crescente rentabifdade, quer pelo deslacamento ao longo das or economias de escala, ou ain- ide @ oportunidad tecnol6gica, em que as possibidades cientiicamen- te determinadas séo economicamente exploradas a partir de investimenos macigos ® direcionados em PD, através dos quais opera o mecanismo de aprendizedo ip 0. Correspondentemente, 0 prémio “schumpeteriano” pela fderanga bem-sucedida na inovaco pode ser alto e dar lugar a vanlagens rapidamente cumulativas. O caso intermeciério das inddstras “intensivas em escala” combina em diferentes graus ele rmentos dos dois extremos acima: se 0 aprencizado pelo uso de equipamentos e pro- cossos pode ser imporiante, como no primeifo caso, apresenta, ao contrario deste, (P&D) quanto informais. A cituso de inovacdes 6 portanto baseada tanto em selegao ‘ome em aprendizado *, Além disso, pode haver casos ~ néo ‘cima ~ em que as vantagens cumul ee provenham com tanta rapidez que torn fe outras mais comuns, como a cumu~ (etoros erescentes dinémicos) e as economias do escala, mosttam os I~ 172 Mério Luiz Possas rites do mercado como mecanismo espontaneamente eficiente de selecio das inova- {Ges tecnolégicas @ de sua diluso, a0 mesmo tompo em quo sublinham a dificulda- {de em prever com um minimo de seguranga a evolugdo fulura de uma trajotéria tecno- lésica ~ ressaltando deste modo 0 extremo grau de incorteza nota presente. - Um prime aspecto relere-se 8 distibuigdo A média da capacidade tecnoidgica dos inovadores ou adotantes/imitadores poten- faxa de ditusao; esta, no entanto, pode xdo-se Supor que quanto menos centragao nas pareelas de mercado e elminando ou deixando em plot posigaorolal- va as finmas mals atrasadas tecnologicamente. Pelos mesmos motivos, & provavel ‘que a taxa de difuséo seja favorecida, para um mesmo nivel baixo de capacidade teo- jeas no inicio do processo tende a p uma dituso por imitagao mais faci e unfore, com o que 0 aprendizado, © processo de selecao pelo mercado e uma pos inovagdo alete e instablize a estrutura preexistente *. ‘Ja no que se relere a escolha ent variedade tecnolégica (como d de que torne dis especfica se tomo ‘so de selago pelo mercado mais eficiente ao premiar rapidamenta a melhor tecn ia, quanto maior a “agressividade” (e menor a averséo ao risco) das empresas ino- \adoras; nest caso a vaso om-sucedéa tome so de rail fos ama o- ‘As observagées anteriores apenas _ nda inciplentes, de elaboracao {Na diresdo de um novo “Gram em tomo de uma temdtica dec Em Diregao a um Paradigma Microdinamico 173 da, entro_as dimensées estrutural e estratéigica da dindmica industrial, quando exami- nada pela tica (schumpet pat= as inovagbes tecnolécicas. 20 que captem, pelo menos, a complexdade daquela interagdo dinérica, ainda que -ados facimente (sem novas mediagbes) a mode los macroeconémicos ‘Até por sor ‘ma dirego muito f xaros aspectos Incipiontos, embora avanc tais modelos. Basta, para con: ‘sou cardter: a) evolucionista te discernir uma légica interna, ainda que nao determinista & lrreversivel, no sentido de que circunstancias passadas geram es! recem opcdes e mecanismos de selecdo;, 18 uma “ordem” na evolugéo do sistem na (Inovagéi, ditusdo, dace propriamente econbmica da firma (inves limento, pregos, expansio, dversiicacdo, financiamento, concorréncia por parcelas {de mercado) ¢ 0s aspectos instilucionais pertinentes ao proceso decisério e &s ex= pectativas °°. 3. Comentirios As limitagdes do enfoque de G. Dosi e outro tantes que as antes apontadas & concep¢do " tanto pela despreacupagao com analogias biol6gh ‘6 mais uma referéncia heuristica que uma camise- ‘mente porque se propée, entre outros objet ‘Que foram apontadas no enfoque “evolucionist Primeiramente, ele assume, como se vi estrutura da. ‘Gao radical, como no que toca & andlise do processo de formagao de pregos a0 lon- {90 do tempo, quando em presenga de curvas de aprencizado, e de economias dind- idade a “iongo prazo") *. sugerir caminhos bem ntrado nas inovac5es, 20 ofinidos de integrago do novo enfoque mierodindmico, anterior, essencialmente estético, que as tomava como um dado, sublinhando desta forma a possibilidade de uma integracao pela via de complementaridade entre ambos, ainda que sob a égido indispensdvel do enfoque dintmico (mais geral) **. 174 Mério Luiz Possas Em segundo lugar, as nogdes ~ a serem_evidentomente aprofundadas, te6ti- camente — de paracigmas @ trajl6rias tecnoldgicas preenchem de modo = completo a necessidade de estabelecer os daterminantes endégenos, & estruts- do apenas do cari ‘exogenoidade da ci nfrentamento a formulagao ca relevente — isto € que supere as hipdteses a modelos convencionais de crescimento e ciclo econémico ~ nao pode saquer ser es- bogada. Neste sentido, a propasta mais ao alcance do estargo que vem sendo despen- ido 6 a construgdo de um paradigma microdinamico nos moldes jé descritos, que vird substi com enorme vantagem (incorporando-o) 0 proprio referencial basico <éa economia industrial, as teorias ndo-neocidssicas do oligopbio, ainda insufciente- mais ambiciosa com ate quentemente extrapola lagées dindmicas das docis ‘em muito as dimens60s sotoial tecnolégica, Em out ‘digma macroecondmico dindmico ainda esté por ser desenvolvido, embora fem esto algo mais avangado, e os pontos de interac potencial entre ambos S80 essenciais, uma vez que cada uma destas dimonsbes no chega a ser plenamente inteligivel sem que se examinem seus ellos sobre a outra, @ vice-versa *. Frente ao referencial teérico para a dintmica industrial aqui jé resumido, o pas ‘0 seguinte, como sa viu, é de doté-o de maior poder analfico, através da constru- {920 de modelos de simulacao. As Imitagbes que estes apresentam, e que néo sero discutidas aqui, referem-se mais & nocossidade de desenvolvé-los de forma a incor rar maior variedade de hipéteses estruturais (tecnolégicas o de padrbes de concor- cde modo a incorporar elementos de anélise macros 1e conceme aos determinantes ¢o investimento) ‘macrodinamica, até porque a diluséo de inova- ites de uma indistia ou mercado, dos agentes econdmicos e seus ef legragh ‘out lado, do que a algum 2 € adequada tanto no tratamento das va Fipbteses de simulagdo om lugar de fxados endogenamento ttstico, ou ainda estabelecidos os , 6 corretamento por algum critério apric- icamente — quanto no tratamento do tempo, que, 0, a0 nivel do processo decisdri, pela sua d- ‘mensbes essenciais de evatupdo, iireversibildade e auto-organizagao, Em se tratan- 60 e um modelo dindmico, a op¢do 6, corretamente, radical os pressupostos de equi- [vio sto excluidos a priori por incompatiolidade essencial com o enfoque dindmico ‘o sentido aqui defnido *. Pensé-io como um sisterna cuja estrutura se move a partir de decisBes toma- as em incerteza, sob condicionantes estruturas que geram padrées em lugar _ terminagSes univocas, @ portanto admitem ‘ica possibiidade de lazer uma teoria econdmica relevante que trate ao mest }6e estruturas e de sua dindmica. Supor que a incerteza gere "caos” é um precon- Em Diregao a um Paradigma Microdinamico 175 Coito “ecullbrista", pois néo passa de uma hipdtese arbitrria @ ndo-demonstrada. Num sistema anarquico, nao regulado conscientemente, ordem — @ portanto a possi- bilidade de constituir um objeto te6rico ~ nao se confunde com eat expoctativas izada @ padronizada ea tomada de decisées. Os ecos gam a conviceao de que a principal de ainda reunir uma quartidade de esforgo tebrico e de pesquisa insufciente, ape- ‘sar da qualidade dos adeptos, para 2 importancia ¢ complexidade do trabalho nele envolvido. Em sintese, 0 enfoque neo-schumpeteriano, em ambas as vertontes aqui tratar das, mas especialmente na dos posquisadores do SPRU/Sussex, pela sua maior -a e de pesquisa, oferece uma perspect rente com a problemética da mudan _guida procurar delimité-las pre '5a @ por isso mais bom-sucadida: partindo da temética especiica da geragéo e isso um'navo pi ver — de compatisilizagao ou & rica permanecendo em aberto para e' Notas 1. Nalson, A. Winter, 8. (1977). "In search of @usetl theory of innovation", Research Po- lic. Vol. 6, Nort Holland. tS. (1982), An Evolutionary Thoory of Economie Change. Cambrcge Prose, 2. Nelson, R. (otass), Harvard Univer indo essa coment, aca se estonde &maximizapdo no sé o huero, mas de qual- elo, com etl de recionaldade de fma Voja-se Nolson @ Winer (1982), op. pa, 3.5% 4. Ibe: @ Nelson © Winter (1977), 9p. cit, pp. 50 seg. 5. € surpreondnte a semelhanga com a iddia do Keynes de que a incartza no contexts ‘a8 docisos 0d wiga au comparamento convencional, dent soguir aopniéo mécia,basean~ o-se quando posskel nas acontecmontos recentos. A rain, tal coro a convenes, nfo eo apli= fa aos resultados, mas a0 precesS0 Jo scala do que azar (come west, om que Geo inovar, 106), 6 por isso no produz ncossariamoria comportanentos repetivos @ esves. 176 Mério Luiz Possas | Em Diregdo a um Paradigma Microdinmico w 6. tbidom p88, 7, Noleon @ Winor £8, Nelson Winer 59, A esse respalo veja-se especifcamente o modelo @ suas siulagtes em Dosi et ali (1986), lo. ot 40. Ver Desi (1804), sogfo 3.3, para uma interessanto proposta de “dinamizar, polo Snguio a inovagdoteenaloaica, modelo estutural de Sylos-Labin. 7. lbidom p58. 42, Rosenberg, N, (1982). Ineide tho Black Box ~ Technology and Econorrics, Cambridge Universi Pros, cap 7. inovagées nfo 625 um proble- 4, A hipdeso do que uma séro do equitrios sucessvos aos quls os agentes possam po- se. anlechconind 9 sue eso 2 a Go gun mada dnamiamerto ext Ip 81 is" um sato de 16 metocoldgea que nao estou clepcto a subecrover. Oc 27.0 paradigma sehumpetariana eetio 6 _vagoes quo produzem efoice macoocontmioos Sc odo 1, para male étahamerto,

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