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. Para conc o lear re Fra. De certo moo gene can vee fesse melhor, termo porto de enn dizer cent rentros de me refer sn let omércio escavits © tina‘, its, Benguela ee. © tee na 26. Minha eau SMES enicopeian ae Historiografia do Quilombo' ncpalmente history ‘Paso justicrn de tal moe Fosse a exiguidade Poca a oxigem geome © Bras TeeePOSOS comers dag Po rvs vindos damente eae humente que os portugueses teafeavam os tee as a Togs RO ete. Ou sea, Legioce argos (KE 0S a Todas as denomi historiogratia de europe eatriz Nascimento: O que eu estava quetendo me re ferir fol do aijamento que foi dado 20 negro dent do Brasil, a0 negro e ao indio, Entio, nés temos uma cultura muito fore, realmente, uma cultura negra halo forte e uma cultura negra que aghatinou A caltura negra, que consegui se amalgamar com a cul ainda, € realmente a cultura brasileira, uma cultura muito fare, sabe? E que ficou a0 nivel de uma subcultura, quer dizer, ano uma coise oficial, como uma cultura oficial, ela ficou 86 tin de subcultura, porque uma outra cultura dominou ela ne five. Entio, quer dizer, € 0 mais fraco dominando 0 mais fico de hom fens entre a Gee trabalho trata-se da wanseigh da conferénen Hitoriograe Quiero proterida pela hstoradora Marla Beatie Nascimento na iene do Negro na USP, organizada pelo profesor Eduardo de Givin Olvera, em 1977, na Universidade de S30 Paulo. A Quin Bzdo Negro na USP comegou no dia 22 de mao e se estendeu até © Ahi de junto, sob o patoinio do Deparamento de Artes e Cléncias Hmanas da Secretaria de Cultura, Ciencias e Tecnologia do Esteda 14S Pao Bnentocrginal dastografao loalizado no Arquivo Nacinel do e Jancio. Fando Maria Beatriz Nascimento. Gigo: 2D. Cana Poza: 1. Documenc: 4 12s Batre Nascimento, QuilamboaeIntlctual ussbdade ns dis da desu fore, no caso, quer diver, a cultura, quem domina mesmo twodo Brasil é a cultura negra ea cultura indi, e nfo a cla branea; mas se insste em impor como cultura, inlusive o pug prio temo clr, como sendo uma cols nobe, sabe? E eal ado favem nada, que podem até morrer e desaparecet, mas ell homens no € uma coise que a gente possa deixar oe mil que & gente p () scatriz Nascimento: Eu acho de extrema importincia pela, basicamente Piblico: Mas vem eé, nfo tem uma descaracterizaggy Por exemplo, o Black Rio, o Black Sio Paulo? blo: 0 que é 0 quilombo para voce? Beatriz Nascimento: O quilombo & uma condisdo soi fundamentalmente uma eondigio socal, quer dizer, ele nfo sp cesgota no militarismo, na guerra que foi Telta em relagdo aque aque ele reagiu, mas a estrututa do quilombo, o que realmen singularza quilombo, € que ele um agrupamento de negrog, {que 0 negro empreende, que acelta 0 indio dentro dessa est tua e que nio foi aceito nunca dentro da sociedade brasileia, como ainda nio ¢ acelto até agora, esa... sabe? A acetagio da cultura negra, da cultura india, como uma coisa brasileira, real mente, como uma coisa dominante, no & aceita, Pablo: 0 quilombo perdura para voce? Beatriz Nascimento: Para mim perdure, eu acho que bio: Como & que ocorre esa aglutinagio? Beatriz Nascimento: F, no momento que © negro se agrega,e justamente quando ele veio para o Brasil e se desa sregou, quer dizer, todo 0 motor do colonialism fer a desagre {ago dele como omem, como cultura, como sociedade, no ‘momento em que ele se aglutina ele sempre estd repetindo, vamos dizer assim, a esséneia disso a esténcia do que tera sido © quilombe, sabe? Porque os quilombos sf0 virios, milhares no Brasil e em todas as partes do mundo, com caracteristicas pro Prias, Entio, a ordem oficial, a repressio, é que chamou isso de 4uilombo, que é um nome negro e que significa unio. Ent, nno momento em que o negro se unifica, se agreg, ele est sem Pre formando um quilombo, esth etemamente fotmando um {uilombo, 0 nome em afticano é unigo. Agora, 0 portugues diz ‘que € cineo negros fugidos juntos ou vinte mil, quer dizer, vooe iio pode entender, né? Cinco homens juntos ott vinte mil bo ‘mens juntos. Cinco homens juntos podem ser cinco fugitvos 126 qe cil eles ue Eduardo pros oe gem So org reaimene a gente precisa fazer ua sre de re Pou obs de eva, a respeto de todos 0 estos que fo sed alguns estados ue foram feos a espeito do ne Nomen xl ee mee scan oi fiom que eu vim tomar conhecimento do meu papel como fap ego de un oie oo a rae ae Semre voy aljra gente. Um dos problemas fundamentais qu ev ec urante mia epoca de escola priméria, de esoa secur fine depois da Universidade fot a total dvsto clr, dv Se aS mereses que eu era cbrignda ater, eu viv, e acho esata pret, vamos dentro de una socedade dal, onde {P'Sungbes mas importantes nfo eram, no eram no, no Sooo comespondem a nossa realidade, quer lar, ns nunca freemos parte da Historia do Basil, das colss que acontecem fe bra das cls mais importantes. Nis éramos Sempre os arora eal, cnemos sete com van conn, para a dana, para 0 fatebol, para et a Te mas iso ndo me impossbltou de ver, através da enrl ths Hin do ods ia pare mack de dente mulls vere, ort do preto dento do Brasil. Du Pine mesmo os quo séculs da esraidso, ns vamos Yer fugio do nero baselro come homer parpante de ua Steeda, emiora egando is vers, ele mesmo asa orgem facial E quando cheguel 8 Universidade, a coisa que mais me SGocava cao eterno endo, quando se efria 9 Rego, sobre S earavo, como se durante todo 0 tempo da Hisria do Bras tas sb tvéssemos exitido dentro da hago como mo de obra scar, como mio de obra para fzenda, para a mineracio Emm fangio da mina propia edad, come uma negra dos tuo Xe conven com negros do skeulo XX, a nha hist fan ena melo cada, com um corte que eu do sabia onde Poderin estar. sso eu sen mito eedo, anda na escola prim 127 ee ria, e fo em cima dos teatosescolares, didéticos, sobre 0 Qui lombo de Palmares, onde eu mais seni essa divisio, de que ape sar de nés partilparmos da Histria do Brasil, nds nfo éramoy ‘computados dentro da Histéria do Brasil. O meu choque bash ‘camente foi simples, eu estou falando numa linguagem bem imples, foo seguinte: lendo o Quilombo de Palmares, 2 gente vé toda a atuacio dos negros principalmente de Zumbl, €, de repente, embaixo na ilustracio, eu via Domingos Jorge Vito, isso foi um cos grandes dramas da minha vida sempre ver isa Na Aboligéo da Eseravatura, também, a gente via André Rebou 28, José do Patrocinio e outros negros tabalhando, lutando, clusive a partir da. Aboligio, nfo sendo ela somente jurdica, 2s, também, uma Abolicéo que trouxe um novo perfodo eco mio para 0 negro, quer dizer, a possibildade da reforme aarirla, que era iso que André Rebougas queria, e, no entanto, era a princesa Isabel e Anténio Prado quem tina feito a nossa libertagio. Entio, a partir desse drama, que é o drama de todo preto que tenta, que consegue pariipar do estudo, ter insta 40 dentro do Brasil; ev me ineressel basiamente para essa situagio da Histéra do Brasil, vendo que el, do jito como nos trata, ela nos faz cada vez mais ser entendidos como vencidos, Eu quero dizer 0 seguinte: o preto, diante da Histéria do Bras, Se sente 0 etemo escravo, o etermamente vencido, incapaz de reagirdiante da situagéo que foi colocada aqui no Brasil. Mas isso 6 uma deformagio total que a hstoriografia procuratreze € que jé nfo corresponde mais & stuagio de classe baixa que 0 negro brasileiro geralmente esti, de falta de instruct, de faa de condigées econémicas, mas que esté basicamente estrutura do dentro de um arcabouo ideoldgico de grandes implicagSes ‘Auravés dessearcabougo ideolégieo, da constatagio desse arc bougo ideoldgico, que eu resolv estudar o quilombo e ver que dentro de toda a Histéria do Brasll, dentro de todo o perfodo colonial, 0 negeo consegulu viver dentro de comunidades que ram aquelas que o opressor tinha determinado para ele, Entio, © uilombo para a gente, para o negro, tem wma importincia fundamental, porque enquanto eseravidio, 0 negro como escra vo, ele hstoricamente termina de existt no final do século ps sado, 1888, se projeta todo um tipo de vida do negro que nio 28 SS Ea aaucin da fzenda, mas que ja exnia e que peesia & Rotsk, Elo, « mini queso fol w equine: © qulombo Menno séculos XV, XVI, XVI © XIX, ede repente 0 cor Bono como un rile de negroes grate perp smo foc una hstra tho fre dentro de quatro scuos, ela pode fer de epente,desaprecdo do mapa. E eu cheque! & cone {G5 de que iso era um exo mato grande, quando comecst« fier pesquisa no Arquivo Nacional, com ose Honétio Rod paz, eucomerel a vet, nos cores da poten ¢ na cores nc da polca com o Ministo da Jastga,milares aires Sten no Rio de Janeiro sto ess de fveas ov ex faveas vd, a minha questo fla seguine: seri que o qilombo, co fo ead sendoentenido pela hstriogaa, ou sj, como movimento poco de rebelifo e insrekso, ele nfo ihe fambem uma outa face que fol wansporada, que teve in fontimidade seabando « Aboligi? Ee teno quase cetera de fee so reaimente ¢ o que aconece com 0 gulombo. © au Ipmbo no, como a historograia tem tenando trai, im plesmente um redo de negrosfugos,simplesmente © Rigo Independencia, quer dizer « Independencia de homens que {esi sol para si Eno, findamentalmente, 0 gulombo € tin organza social de negro, que fl s6 os negos que em preenderam eta organizagie socal ¢ que foi prasia durante foo operiodo da eseravizago,E mais importante ainda, sendo tse urn organizagan soil ea se projetou no séulo XX como tent, meu esto Jo qulombe se prende a esa perspective de orgeizaco social do slombo, una orgaieago socal que Sauna economia propria, que tinh rlagSes propria e que colt, mas também de resinéncia real do negro. Astaro fala, princpalmente‘ histriograia mais moderns sore 0 Cll, ela quesiona muito ® fato do auilombo ser uma 129 —_$_—$_—£_—£_——S tia. Edison Carmel mesmo fala gue houve és momentos ng a do bro pala bos barncSa: qe Sola Inala oma oder, que €o caso dos mas, a Tuta de Manoel Balaloe a lug do quilombo, como sendo negativa. Eu discordo, fundamental mente, dso na medida em que 0 quilombo for compreentidg auilombo hoje para conscinia do negro est, justamente, ne $2 busca de autonome, autonomia cultural, autonomla de vida € nfo somente a sutonomia da esravidao dos séculos pasadon ima autonomia como homens que pretendem manter a seq cru tule ta eat al Seo gull, coma ® hisoriografia tata, foi um movimento poco que no logray éxito poltco totalmente, ele nfo pode ser entendido 36 dessa mancirs porque o logro da tomada do poder do qullombo, nq meu entender, porque o quilombo nao se preocupava especi camente com a tomada do poder, mas sim com a organizacio fem sie manutengio da sua estritura original. Outra coist que a historiografia trata muito mal do quilombo € quando associa essa organizacdo socal... agora eu me perdi um pouco, dea um tomar tum pouco de agua ~ele associa essa organizacto so- ‘ial puta e simplesmence a guerra, a insurrelgio e eu acho gue Jf fale isso, isso deixa para nossa eoncepgio, para nossa cons cléneia atual, uma posigdo de nés negros como se fossemos os evernos vencidos dentro da sociedade brasileira, Realmente, nis fomos vencidos por toda uma estrutura de dominacio que © petdura até hoje, mas trazendo & Iz atualmente o quilombo ‘como organizagio autnoma, onde ela se mantinha indepen: dente da guerra, independente da luta, quer dizer, a gente 6 conhece o quilombo através da documentagio ofl, justamen a documentagio da repressio, quet dizer, 0 registro da histéria branca é que nos diz o que é 0 quilombo; entdo, ta zendo a perspectiva do qullombo vencido, nds Fcamos sendo os fugidos vencidos ou os escravos vencidos e iso em termos de psicologia social para o grupo do negro atual € muito pernicio 0, Entio, findamentalmente o que eu quero procurer no met trabalho é trazer& luz essa capacidade do negro de empreender 130 {pa organizagio social, de empreender uma vida propria dees, fom cultura propria, com relagSes prOprias, e mostrar que hoje fm dia talver eles ainda tenham esse tipo de organizagio pr a, de relagdes propras, e um dos grandes trabalhos que ele Jim que fazer seja realmente de se conscientizar dessa sua pos {Go diante do mundo e tentar botar para fora essa organizacio fhe ainda persiate a0 nivel das relagées entre si e dos grupos fesr0s, Entzo, o qullombo, eu quero res vals uma fez, € hoje em dia muito mais um instrumento ideoligico para a jis do negro do que um instrumento, como foi no passado, de febelido, & um instrumento de autoafirmacio, um instrumento te compreensio de que voeé, de que o homem negro, & um ho: fem capaz como qualquer homem, que ele formou quilombos So somente por causa dos castigos corporal Fle fugiu, ele ma fou, ele matou senhores, ele se suicidou, as mulheres aborta fom, houve varias formas de luta, mas a orgenizacio qullombo, foe tem uma Taiz africana no sentido que significa, no sentido fue significa unio, unigo daqueles que so iguals,entdo, 0 qui hbmbo ainda existe hoje e ¢ ele quem vai nos dar toda a possibildade de repensarmos o nosso papel dentro da Histéria te Brasil, como homens capazes de ser livres e que realmente Intaram pela sua iberdade de todos os melos possives através tas rebelies, através da alforia e através da luta politica, no fal do séeulo passado, pela Aboligio. © quilombo; hoje, no Rio de Janeiro, a gente faz. um tabalho com a Escola de’ Samba Quilombo, um trabalho justamente tentando conscientizar, Imentlizar 08 grupos negfos do Rio de que qualquer agrupa mnenfo que a gente fasa, qualquer telagio que a gente tenha tnire si, cada vez a gente estérepetindo a forma de resisténc fultual e racial e a possibilidade de criarmos, realmente, uma Sociedade paralela, mas atuante também dentro dessa socie dade global que tanto no oprimiu. Entio, nesse momento, todo trabalho que toda a. vamos dizer assim, a utlizaglo do term fuilombo passa a ter uma conotagdo basicamente ideol6gica, Basieamente doutrindria, no sentido de agregacfo, no sentido te comunidade, sentido de luta como se reconhecendo homens, emo se reconhecendo pessoas que realmente devem lutar por melhores condigdes de vida, porque merecem essas melhores 131 condlgtes de vida na medida em que fazem parte desea sou dade. 0 quilombo, como fol chamatto,anteriorments, come I colocado,anteriorment, a hstorlografia © na documentagay ¢ também ta como o Conselho Utramarino colocou de taeg negrosreunides. Entao, hoje em dia, a gente ld no Rios gema iscue, fla muito iso, cinco negro, 0 Conselho Ultamrige sos, mas © Quilombo de Palmares teve vine mil homens ne £05, eno cinco homens fgidose 20 mil homens fugidoe a zoria, Nese sentido, a gente entende que ullombo ¢ uma cos ‘ao negra, to propria nose, do compreensiel para Rls due's hhomem branco, 6 dominador, ndo conseguiu entender’ (.) de atuante, uma realdade viva, de vida realmente o sentigo cultural e bistro que fo 0 quilombo durante todo © periods dda Historia do Brasil e que ainda hoje perdura na Historia do Brasil. Era somente isso que eu tinha que falar Pablico: Sobre a organizagao soca. Beatriz Nascimento: Nio, a organizagio social do qui lombo € uma coisa que 6 com o desenrolar da pesquisa a gente vai poder estabeleer, porque uma coisa que a histotiograia pe: cou basicamente fol justamente o fato, como eu disse anttir mente, dela colocar como qullombo cinco homens ou vinte mil homens, quer dizer, eolocar quilombo camo tudo o que fo al tinamento de negro, tudo 0 que foi orgenizagdo de negro, et dizer, tudo 0 que fo separado do processo de eseravismo, En tio, nesse sentido, a gente nlo pode pensar em Palmares, por ‘exemplo, da mesma maneira que a gente pode pensar num out tro quilombo, vamos dizer, no Pian! ou outro quilombo em Mi nas Gerais. Agente no pode pensar em Palmares que é 0 mal conhecido, isso ai & uma das grandes dticuldades,estabelecer, ‘Que tipo de organizasio socal, quer dizer, que tipo de esrutura socal, em termos assim de caiegoria mesmo, o quilombo pode er sido, porque, por exemplo, nds temos varias documentagbes sobre qullombos que tém catacteristicas especificas de grupo 132 pe frigioso, de terreiros de candomblé, por exemplo. Nés termes {utos qullombos, por exemplo, que nunca foram assim, nlo ti feram o sentido de repressio, entiram realmente a repressio, {utros que se mantiveram por largo tempo como é o quilombo fe Guandiie do Catumbi, e quilombos que simplesmente desa pareceram no proprio processo deles. Entéo, a grande dificulda fe mesmo ¢ estabelecer num periodo de longa durapo na bis: tira e vrias regldes do Brasil o mesmo tipo de... estabelecer fume estrutura 56 para todos esses quilombos que existiram em peas no Bra blo: A histéria do quilombo. Beatriz Nascimento: Bom, a histéria do quilombo é a se une: a partir de 1559 comega a haver as primeiras novelas de {uilombos no Brasil. O primeiro grande quilombo a ser formar foi o Quilombo de Palmares e depois da derrora do Quilombo de Palmares, no final do século XVI, em 1965, comeca a pro ferar no Nordeste vrios quilombos que parecem ser # contin dade do Quilombo de Palmares, ele vai para onorte, quer dizer, imigra para o norte ou para o sul na medida da repress. En tio, se forma, continuamente, quilombos em todo o culo XVIII que parecem ser, até a Bahia praticamente, continuidade da trganizagéo quilombola de Palmares. Do mesmo jeito, em Mi tas Gerais ha esse processo, No quilombo de Minas Gerais, éo século XVII, hi esse processo de continuidade, quer dizer, ele feprimem um nicieo aqui, mas surge outro nicleo e isso vai antinuando, Por isso a mportancia do quilombo como histéia fo negro, como estudo, uma pesquisa sria da histria do ne- fo, €.. porque ele tem essa vida continua dentro da Hisér do Basi. Por exemplo, no Rio de Janeiro nés temos 0 quilombo a Gambéa, que é o primeiro que se forma e depois ele vai sem pre migrando, & uma tajetrla sempre para a zona sul, para Catumbi, para Santa Tereza, e vai seguindo até chegar no Le bron, cada vez mais se internando para a perfera de onde era a cidade do Rio de Janeiro, que tinha sede em Sdo Crist6vio. En to, nds temos quilombos assim, como 0 de Palmares, de Guan 4, como o quilombo do Piolho, que sio quilombos muito gran des, com uma estrutura econémica rural muito fore, ¢6es, comércio com vizinhanca,relagbes mesmo diretas com fs 133, Beatris Nascimento, Quilombolae ncectual EE ee —o zenderos, nio s6 com a vizinhanga, mas com fazendeitos,e ng mostra justamente que 0 quilombo forma uma comunidad oy uma civllzago, vamos dizer assim, denteo da Histéria do Bra sil, paralela & istéria que se desenrola dentro do processo dg escraviddo. Por isso & que a minha preocupagio € que ele nig pode se terminar com a Aboligéo, nso pode terminar simples ente pelo fato de que a Aboligi libertow a mo de obra escra a, porque ele sempre fol independente do processo da escrav 4430, no o quilombo especficamente de Palmares, ou especif camente como 0 de Guandii, mas o quilombo como movimento geral de longa durago em todo o Bras PAiblico: Voce colacou no inicio que no Rio de Janeiro, cespecificamente, onde existiram quilombos hoje existem favelan, hi alguma conotacio entre o quilombo e a favela? Hd uma pas sagem direta desse quilombo para uma favela? Beatriz Nascimento: No nivel geogrfico ha, por exem Plo, eu tive que fazer uma pesquisa no morro do Catumbi e en contrei uma famfia que tinha cem anor, eles tinham primos fins, que tinham cem pessoas, a grande maiorla adulta 8, em wl a idade de trintae cinco e einquenta anos e que todos, v6, pai, bisav6, é moravam all, percebe? Quer dizer apesar de ter havido grande repressio nessequilombo, quet dizer, a gente recorda que atéo inal do século passado ainda existiam rema nescentes alver desses qullombos no lager. Pablico: Durante coda a histéra colonial brasileira, one a0 [.~] agente sabe que até o século passado a populagio ne a, a populagio do Brasil era, basicamente, negra. Hoje acho ‘que continua ainda sendo grande parte de negros e mestgos correto? Quando voot coloca que o negro se organizava marg nalmente no qullombo, vocé coloca hoje come proposta que 0 negro deve se organizar marginalmente, novamente, dentro dessa sociedade braslelra acho que voc® est dizendo que one ro nso faz parte do pova brasileiro, Beatiz Nascimento: Eu nio disse iso, nfo, de jelto ne nhum. 0 que eu quis dizer foi o seguinte: porque ha uma ten déncia dentro da sociedade brasileira a esquecer que nao exis tem grupos esperifcos dentro da sociedade, Entto, nesse sent! do, pel fato do negro hoje em dia dentro do Brasil ter os me 134 dias do destrvisio For clos jrdos que as populagbes dts branes do Bras tot fca que ele € um bral no sentido da cra dominan SP tas qu eu estou dizendo, iso no eno, 0 sentido & gullmbo que eu dou éjuntament so, ¢ jutamente de que ae Sree pte de urn grup ela, dem grupo hstrico strentemente da historia dos brancos, que realmente tm ua Pisco que hoje exe no Bras como vot lembrou, a grande tradade de popula no seco passado era de NegOs © igo, ent, logicamente se existe una populaco de bran. torr Brae so que realmente pr ire, o Ido adele passed, eno, nis teros uma hitriabsis fire negra eum eltura asiamente negra. F €justamente etme que nfo 6 eset, que nfo fol esr, e que ¢ his Gin nto cothecid, entende? Agora, que desta manele, nés fics nos sentimos fora do Bras, néx nos senimos como tu Sado dens do st te etendende? No pel nose ‘Eee aul dent, que fomos nds eos grupos opimidos, me fess braneos, qu estavam agi ha longo tempo, que desen ho somes realmente computados,consderaos brasileros no Testo teament ealtra, Voe sabe prfetamente que ese ‘Eni de cultura no Brasil a nobresae quando hoje a cet tr inelecalidade fala em termos de clr, els espeifeam Sxltura negra ou a extura I de bax, qer dlr, vio Kem Bano e ism tl cute, quando agente sabe realmente que io nfo € real, a cultura negra foi ade maior peso e que se tmalgamou com a cultura indigena sem conto, eo ico com ito que cx nesses dans euturas € jstamente 0 conto the easte com a cultura dominant, enende? Que se vé 20 pars poder se reconcer Pablo: A idcloyi racial da classe dominance quase tamonte como nego, A gente sabe que nese segmento existe tierenga, conret? Exists 0 preconceto do bran pobre Sobre eats Nace: Hi, sno exe able: © banca msn clade deo do Bast? Pp Beare Naxdmento: Un dos grandes problemas de con da quer connie, Ease um pecbe se cas Doble: fun probipe de ese Beats Nasr: Eun protien de clae nfo, ex Populi basa. agor: nos nero actemcs tip a ado Bras, ¢ saree po lo porque ara hs ao ip term sane drama, no €0gande drama rede de bal pn poder espnder sun ted, ele io et en do soiree Qulombo de Palmares een cue clo bo de Palmares se fse verse no Bras seta qua des como fen parte negra, panes de ser, de est UDI Agrn uns cola mu fa oc set ue a Beasts Naximent:Nio, eu nfo tenho ropa de no tna cols fandenta que 9 psado da gene A pee 136 ——— in aati pgs» gente nfo eno as els, pe fa, lembrar para os negos de que els tem um pasado deo Emenaeo no ata mais do qullenboeque fat de concave Pir: Eo problema idoligco que voc falou em re lg aos quilombos? Deana Naseimento: Como fl? neceso para ue = pete oe at Gualqur tp de Or tag olin sent Nascimento: Mas ete quilomio hoje nfo pode arent 137 Piiblico: Uma forma de fortaleclmento do negro. Beatriz Nascimento: Fortalecimento psiquico, porque um dos grandes problemas do negro é justamente isso, 0 incons Ciente, quer dizer, 0 que voeé nio pode trazer do inconsciente para tua mente, para fora, estabelecer uma comunicagdo entre (6s seus iguals,trazer esta comunieaglo para fora da sociedade brasileira, para sociedade maior, para sociedade que domina, entendeu? A falta de uma linguagem que a gente possa bot para fora € a0 mesmo tempo que procurar ter 0s ganhos sociais flentro dessa Sociedade, a vem o problema econémico, 20 mes, 0 tempo em busca dos bens soiais de uma manelra ou de ow ra, mas antes desses bens socials, gente lutar por esses bens sociis, € preciso que haja uma uta dentro da gente mesmo para concliagéo, para afirmagio de todo esse processo nosso de fe entender realmente como pestoas, como homens. E isso a duilombo pode ser um dado disso, na. medida que ele foi una oisa muito forte, um agrupemento muito forte, uma histéra muito forte que 0 negro eriou independente, sozinho, indepen dente do homem branco. Pablo: Como é que desaparece o quilombo enquanto cestrutura econdmica e politica? Vooé fala que o marco da esra vidio simplesmente no pode ser iso. Beatriz Nascimento: No pode, © estudo do quilombo, quer dizer, basicamente 0 que @ gente tem, eu nfo vou cri Agora agul, tudo o que a gente tem, em torno do quilombo em ermos de histéra e documentacio se refere, basicamente, co mo eu disse no inicio, & dindmica da repressio, somente. Endo, cipal 2 gente 56 tem esritoaqullo alguns documents, rvulas ras, Unham muitos produits, fede detent acaba com as elages entre or frends e of uns, exe neg todo ts nents? Em, oa o documento debra de exist, voce va ter que fazer uma rele: ioe tentarprocatar por outros. e€ iss inclsive que eu Go. por outros métodes, por exempl, én antopolgia, att 138 fntender como é que essa hstéra continua, como & que esses homens se portaram a parir desse cote histérico que nio fo fam esses homens que fizeram, mas sim todo um process jur ico do pais, nem econémico, juridico somente Piibico: Minha pergunta € basicamente espectca, inclu sive bastante regional. Eu queria ter uma idela mais ou menos fas estruturas socials dos negrose indios que se uniram em feminados quilombos, mais ou menos famosos; realmente tesa marea de cafuzos ainda se vem em algumas regides do Bra Beatriz Nascimento; Se ainda se v6? Piiblco: Eu queria ver mais ott menos arelagdo dos e fuzos, se eles tveram muitos confitos ou no. Beatriz Nascimento: Aparentemente, a rlacio entre 470. indio no foi confitante, a ndo set, isso foi uma amiga mi nha que estuda, que é do Museu Nacional, ue levantou esse problema, a nlo ser dentro de uma relagio entre o fndio e o crave, por uma questi da cultura india de ndo aceitar 0 ven Sido, de ndo acetaro escravo, mas no a relagio de confit ra tial, de um grupo tentar dominar o outro porque € diferente so, inclusive, 26 existe mesmo dentro da relagdo aqui no Oc dente, entre brancos e outros povos de cor diferente, Inclusive tstentendo que a dominagio do homem através de sua difere Ga isica € uma coisa justamente que comeca a partir do século AV, um negéclo empreendido realmente pela cvlizagio ibria, {ue faz essa distingao ao nivel da dominagio realmente, domi ta um homem porque ele ¢ diferente, porque nao ha basica mente confit entre indios e negros, tanto nio hi que 0 qui Tomi é sempre inaugurado por negros e voc® enconta 0 indio lidentro, com inclusive posies de mando, de chefe e esse ne f6cio todo, Piblico: Agora tha uma outrarelaglo, uma relagio em termes politicos da maior forca, vamos dizer, pelo menos num ado momento, esses ciclos de revolta na Bahia, inlusive os Ialés, haugés, ete, e os quilombos Beatriz Nascimento: Qual a relacio? blico: Ea relagio de forga que mais chacoalhou as es 139

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