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Universidade Federal do Para Centro de Geociéncias Curso de Pés-Graduagio em Geologia e Geoquimica FUNDAMENTOS HIDROGEOLOGICOS PARA A GESTAO INTEGRADA DOS RECURSOS HIDRICOS DA REGIAO DE BELEM/ANANINDEUA - PARA, BRASIL TESE APRESENTADA POR MILTON ANTONIO DA SILVA MATTA Como requisito parcial & obtengao do Grau de Doutor em Ciéncias na Area de GEOLOGIA. Data de Aprovacdo: 20 / 12 / 2002 Comité de Tese: a BR t “ Au INHA REBOUCAS —(Orientador) —_ NAPOLEAO DE LIMA Belém Dia 19 de outubro de 1966, faleceu um grande homem, cuja presenga e exemplos acompanharam minha existéncia e cujos predicados nortearam minha vida. Dedico 4 sua mem6ria, meu pai, essa Tese. Dia 7 de maio de 1993, nasceu uma pequena criatura que transformou completamente minha vida! A vocé, Julia, minha filha, dedico também essa Tese. AGRADECIMENTOS Um conjunto de pessoas e instituigées tornaram possivel a realizacao desta Tese ou ajudaram em sua realizacao. A todos eles gostariamos de expressar nossos sinceros agradecimentos. A Universidade Federal do Para, através do Departamento de Geologia e do Curso de Pés - Graduagao em Geologia e Geoquimica, por terem possibilitado o desenvolvimento desse trabalho. Ao Governo do Estado do Para através do FUNTEC / SECTAM / FADESP, por terem financiado todas as atividades da Tese. Ao Professor Dr. Aldo da Cunha Reboucas pela orientagao da Tese e pelo incentiva e motivagao inicial no campo da Hidrogeologia ‘Ao Prof. Dr. Francisco de Assis Matos de Abreu (UFPA) e ao Prof. Dr ltabaraci Nazareno Cavalcante (UFC) pela co-orientacao do estudo. A minha familia, principalmente minha filha Julia, pela paciéncia nos momentos de auséncia para as varias atividades que a Tese exigiu. ‘Ao gedlogo, mestrando e amigo Francisco Ribeiro da Costa, pela ajuda na confeccao do material cartogréfico e pelos debates técnicos. Aos estudantes de graduacéo e orientandos Fabiola Magalhdées de Almeida, Erika Regina Franga Dias e Andrei Batista de Figueiredo, um reconhecimento especial, pela ajuda nas atividades da Tese e pela valiosa amizade, As empresas que trabalham com Hidrogeologia no Para, em particular a GEOSER e a CPRM/Belém. na pessoa do gedlogo Josafa Ribeiro de Oliveira por facilitarem nosso acesso as informagées e relatérios que foram muito titeis a esta Tese A todos aqueles que direta ou indiretamente tenham contribuido para a realizacdo dessa Tese Sem a agua nos nao estariamos vivos. Porque sem ela nao tomariamos banho, sem ela nao poderiamos matar nossa sede, sem ela nao teriamos usinas de energia elétrica. Por isso nés deveriamos ter mais cuidados. Nao poluir 0s rios; quando tomar banho, gastar s6 0 necessario; ensinar as pessoas como tratar a agua Deveriamos ser como a Agua potavel: transparente, limpida, sem mentiras e complicagoes. Deveriamos matar a sede das pessoas com amor, caridade e fraternidade. Deveriamos banhar as pessoas com carinho, afeto e respeito. Deveriamos correr para lé e para cé, sem nos bater, como a 4gua que corre nas corredeiras, que cai de uma cachoeira. Pai, vocé é minha agua! Jalia Matta 9 anos e aluna da 3a Série SUMARIO Pagina DEDICATORIA i AGRADECIMENTOS = ii EPIGRAFE iv LISTA DE ILUSTRACOES xi LISTA DE ABREVIATURAS xvi RESUMO 01 ABSTRACT 03 APRESENTAGAO o.oo cccecoensininennnnennnnnntnnininnnnnnninnanannsenes OS 41-INTRODUGAO. . o7 1.1-RECURSOS HIDRICOS ~ CENARIO MUNDIAL 08 1.2- RECURSOS HIDRICOS NO BRASIL .....-.cceeco sevcsneneesene 12 2- A PROPOSTA DE ESTUDO 14 2.1- LOCALIZACAO E ACESSO DA AREA . 14 DISOBIETIVGS issccscnscsccnsccnis : 16 2.3- JUSTIFICATIVA E RELEVANCIA.......csccsstcesensennenee . 17 2.4- METODOLOGIAS . sectssteeninenannesnen 19 3- CARACTERISTICAS GERAIS DO MEIO FISICO ............ seve 22 3.1-CLIMA ....... 22 3.1.1- Balango Hidrico e Classificagao Climatica ccc 24 3.2- PRECIPITACAO ...... co senses 29 3.3- REDE DE DRENAGEM - cece 33 3.3.1- Hidrologia da 4rea do Utinga — 184 3.3.2- Caracteristicas da rede de drenagem . a7 3.4- GEOMORFOLOGIA “1 3.5- PEDOLOGIA 43 3.6- GEOLOGIA ............. ee 45 3.6.1- Unidades Lito-estratigraficas 3.6.1.1- Grupo Barreiras 3.6.1.2- Pés-Barreiras 3.6.1.3- Sedimentos Holocénicos- 3.7- ASPECTOS SOCIO-ECONOMICOS 3.7.1- Generalidades 3.7.2- Ocupacao Urbana - Formas de Habitagéo 3. 3.7.4.1- Pesquisa Sécio-Ambiental |- A Bacia do Tucunduba 3.8- O ABASTECIMENTO DE AGUA DE BELEM E ANANINDEUA. 3.8.1- Captacao superficial 3.8.2- Captagao Subterranea 3 3.8.4- Zona de Expansdo 3.8.5- Consumidores 4- AS AGUAS SUBTERRANEAS . 4.1- BANCO DE DADOS HIDROGEOLOGICOS .. 4. 4. Coleta de Dados Inventario Hidrogeolégico 4.2- CLASSIFICAGAO DOS SISTEMAS HIDROGEOLOGICOS 4.2.1- Sistemas Hidrogeolégicos 4.2.1.1 AIUVIOES o.oo cccceeseesee 4.2.1.2- Pés-Barreiras 4.2.1.3- Barreiras 4.2.1.4- Pirabas Superior 4.2.1.5- Pirabas Inferior ... 4.2.2- Ocorréncia dos Sistemas ‘Aailiferos -3- Zona Central de Abastecimento .. 4.2.3- Geometria dos Sistemas Aqiiiferos 4.2.3.1- Consideragdes Gerais 46 46 49 49 49 52 55 BBB 69 70 70 7” 4.2.3.2- Discussdo dos Aspectos Geométricos dos Aquiferos 4.2.4- Parametros Hidrodinamicos dos Sistemas Aqiiferos 4.2.4.1- Regiao de Belém 4.2.4.1.1- Andlise das Profundidades 4.2.4.1.2- Andlise das Vazbes 4.2.4.1.3- Andlise dos Niveis Estéticos e Dinamicos 4.2.4.1.4- Andlise dos Rebaixamentos 4.2.4.1.5- Andlise da Capacidade Especifica 4.2.4.2- Regio de Ananindeua 4.2.4.2.1- Anélise das Profundidades 4.2.4.2.2. Andlise das Vazdes sien 4.2.4.2.3- Andlise dos Niveis Estaticos e Dinamicos 4.2.4.2.4- Andlise dos Rebaixamentos 4.2.4.2.5- Andlise da Capacidade Especifica . 4.2.4.3- Consideragées sobre os Parametros Hidrodinamicos dos Sistemas Aquiferos 4,2.- Fluxos Hidricos Subterraneos ..... 4.2.5.1- Trabalhos Anteriores ... 4.2.5.2. Estudos Realizados 4.2.5.2.1- Metodologia ... 4.2.5.2.2- Resultados Obtidos e Interpretacées. 4.3- QUALIDADE DAS AGUAS SUBTERRANEAS 4.3.1- Aspectos Metodolégicos 4.3.2- Apresentagao dos Resultados 4.3.2.1- Dados Fisico-Quimicos ... 4,3.2.2- Dados Bacteriol6gicos .... . 4.3.3- Interpretagao dos Resultados Obtidos ........... 4.3.3.1- Andlises Fisico-quimicas 4.3.3.1.1- Interpretacao dos Parémetros 4.3.3.1.2- Classificagao das Aguas 4.3.3.1.3- Consideragées sobre a Qualidade Fisico-Quimica das Aguas vil 85 88 89 89 30 11 91 a1 93 93 93 95 95 97 98 38 100 103 104 107 107 . 110 115 115 118 148 150 4.3.3.2- Aspectos Bacteriolégicos 4,3.4-Consideragées Sobre o Sistema Aqiiifero Pirabas. 4.4- USO DAS AGUAS 5- FONTES POTENCIAIS DE POLUICAO 5.1- AGUAS SUPERFICIAIS POLUIDAS 5.2- OCUPAGAO URBANA E ESGOTAMENTO SANITARIO 5.3- POSTOS DE SERVICO 5.4- CEMITERIOS 5. 5- CONSTRUGAO DE POCOS 6- VULNERABILIDADE NATURAL E RISCO DOS SISTEMAS AQUIFEROS A POLUICAO. 6.1- GENERALIDADES 6.2. VULNERABILIADE DOS SISTEMAS AQUIFEROS A POLUICAO 6.3 - FATORES DE RISCO DE CONTAMINACAO DAS AGUAS SUBTERRANEAS 7- AS OBRAS DE CAPTAGAO ........ 7.1- POGOS ESCAVADOS - AMAZONAS 7.2- POGOS TUBULARES ... 8-- RESERVAS HIDRICAS SUBTERRANEAS 8.1- NOMENCLATURAS 8.2- CALCULO DAS RESERVAS 8.2.1- Reservas Renovaveis (R;) 8.2.2- Reservas Permanentes 8.2.3- Reservas Totais 8.2.4- Reservas Explotaveis 8.2.5- Disponibilidades Hidricas 8.2.5.1- Disponibilidade Efetiva viii 151 152 154 187 157 160 164 165 166 169 170 172 174 ..178 178 .. 180 185 2185 187 - 187 wee 191 194 195 196 196 9- LEGISLACAO DOS RECURSOS HiDRICOS 9.1- LEGISLAGAO AMBIENTAL 9.1.1- Legislacao Federal 9.1.2- Legislagao Estadual 9.1.3- Legislagéo Municipal ....... 9.2- LEGISLAGAO DAS AGUAS SUBTERRANEAS 9.2.1- Legislacao Federal 9.2.2- Legislacao Estadual 9.2.3- Legislagao Municipal 9.3 - ANALISE DA LEGISLACAO SOBRE RECURSOS HIDRICOS 10- FUNDAMENTOS PARA A GESTAO INTEGRADA DOS RECURSOS HiDRICOS 10.1- CONSIDERAGOES GERAIS 10.2- CONCEITUAGAO, 10.3- GERENCIAMENTO INTEGRADO DOS RECURSOS HiDRICOS 10.3.1- Componentes do Sistema Nacional de Recursos Hidricos 10.3.2- Principais Instrumentos de Gestao 10.3.2.1- Os Planos de Recursos Hidricos ........... . 10.3.2.2- 0 Enquadramento dos Corpos Hidric0S .......... 10.3.2.3- A Outorga 10.3.2.4- A Cobranca 10.3.2.5- Sistema de Informagdes 10.3.3- A Gestdo Integrada dos Recursos Hidricos de Belém Ananindeua 11- PROPOSIGOES TECNICO-SOCIO-POLITICAS PARA A GESTAO INTEGRADA DOS RECURSOS HIDRICOS 11.1- EDUCAGAO HIDROAMBIENTAL 11.2- FORMACAO DE COMITES DE BACIA 198 198 199 201 202 203 203 205 210 213 216 216 218 215 . 220 225 225 229 232 234 237 .. 239 245 245 . 248 11.3- PROMOCAO DE FORUNS DE DEBATES, 11.4- MONITORAMENTO DOS RECURSOS HIDRICOS 11.5- AGUA MINERAL 11.6- PROTECAO HIDROAMBIENTAL 11.7- PROJETOS INSTITUCIONAIS DE COMBATE A POBREZA 11.8- FORMAS DE ABASTECIMENTO. 11.9- FISCALIZACAO SOBRE O USO DOS RECURSOS HiDRICOS 11.10- DESENVOLVIMENTO DE UM PLANO DE SANEAMENTO BASICO 11.11- PLANEJAMENTO EM RELACAO AOS RECURSOS HIDRICOS 11.12- REUTILIZAGAO DA AGUA 11.13- CAMPANHA DE ECONOMIA OBRIGATORIA DE AGUA 11.14- PROGRAMA DE PROTECAO COSTEIRA 11.15- MUNICIPALIZACAO DO ABASTECIMENTO DE AGUA NO ESTADO 11.16- PROGRAMAS DE CAPACITACAO E RECICLAGEM PROFISSIONAL... 11.17- PARCERIAS NA GESTAO DOS RECURSOS HIDRICOS 12- CONCLUSOES E RECOMENDAGEES ..........0-..0000 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ANEXOS ANEXO | - ASPECTOS GEOMETRICOS DAS CAMADAS AQUIFERAS DA REGIAO DE BELEM E ANANINDEUA. ANEXO 2- ACERVO FOTOGRAFICO DE ACOMPANHAMENTO NA. PERFURACAO DO POGO CAMPUS UFPA.... 248 249 249 251 251 252 252 254 256 257 259 260 261 262 263 265 271 276 277 . 283 LISTA DE ILUSTRAGOES LISTA DE FIGURAS 1.1 — Distribuicdo das aguas na Terra. Fonte dos dados numéricos: Shiklomanoy, (1998). 2.1 — Mapa de Localizacdo da Area de Estudo. 3.1 ~ Balango Hidrico para a Regio de Belém (1961-1997) 3.2 — Representago grafica das linhas P, DEF e EXC para a regiéo de Belém (1961-1997) 3.3 A Regido de Belém no Contexto da Classificagao Climatica Regional 3.4 - Distribuigdo da Precipitacdo Média Mensal da Regio de Belém Periodo entre 1931 e 1960. Fonte: Moraes, 1999. 3.5 — Distribuigdo da Precipitagao Média Mensal da Regio de Belém Periodo entre 1961 e 1990. Fonte: Moraes, 1999... 3.6 — Area do Utinga com os lagos Bolonha e Agua Preta, a adutora para o rio Guamd e 0 Aterro sanitario do Aura. Regido a leste da cidade de Belém 3.7 — Mapa da Rede de Drenagem da Regido de Belém e Ananindeua. Modificado de PARA (1995). 3.8 - Mapa das Bacias Urbanas da regio de Belém e Ananindeua. Modificado de PARA (1995). 3.9 - Mapa Geomorfolégico da Area Belém e Ananindeua. Baseado em PARA (1995)... 3.10 — Distribuigdo dos solos na Regido de Belém e Ananindeua Baseado em PARA (1995). 3.11 —Mapa Geoldgico da Regio de Belém e Ananindeua. Modificado de PARA (1995)... 3.12 — Divisdo Municipal da Regiéo Metropolitana de Belém Fonte: PEMAS, 2001 3.13 - Evolugdo da ocupagao Urbana da Regido de Belém e Ananindeua, no periodo de 1961 a 1980. Modificado de PARA (1995). 21 23 23 26 28 28 31 35 36 40 43 AT 50 3.14 — Cobertura vegetal e ocupagao urbana da Regiao Metropolitana de Belém. ‘Ano: 1998. Linha branca delimita os municipios. FONTE: PEMAS, 2001 51 3.15 — Pogo, banheiro e residéncia em uma area de invaséo (aglomerado subnormal) na area de Belém. FONTE: PEMAS, 2001 54 3.16 — Area da baixada nas proximidades do centro de Belém, com acesso interno por estivas e ocupacdo densa do espago. FONTE: PEMAS, 2001 56 3.17 —Palafitas na Baixada do Guajaré no municipio de Belém Fonte: PEMAS, 2001 s7 3.18 — Distribuigao das faixas etarias da Populagdo da Bacia do Tucunduba (CANETE, 1998)..000.00ccccccccsssssseesenesesenes . 59 3.19 — Situagdo econémica e categorias ocupacionais da Populagdo dabacia do Tucunduba. (CANETE, 1998)......cccnssnsnnenue 59 3.20 — Doengas mais freqientes na populacao da bacia do Tucunduba 62 3.21 - Servigos mais desejados pela populagéo da bacia do Tucunduba. 62 3.22 — Principais usos das aguas do igarapé do Tucunduba 83 3.23 — Origem da agua que abastece a populagao da bacia do Tucunduba 63 4.4 — Mapa Hidrogeolégico da Area de Belém e Ananindeua ..... 4.2 - Distribuigdo das profundidades dos pogos tubulares da Regido de Belém .........86 4.3 — Distribuigdes das vaz6es dos pogos tubulares profundos da Regido de Belém...... 4.4 - Variagao dos valores do Nivel Estatico dos pogos tubulares profundos da Regido de Belém. - 88 4.5 - Variago dos valores do Nivel Dinémico dos pogos tubulares profundos da Regio de Belém . 88 4.6 - Variaco dos valores de rebaixamento dos pogos tubulares profundos da Regidio de Bel6M.....eccrcncnsteensenennes cieerentencesOO 47 — Variagao dos valores de Capacidade Especifica dos pogos tubulares profundos da Regido de Bel&m.......cc:see 89 4.8 — Distribuigdo das profundidades dos pogos tubulares da Regido de Ananindeua............ 90 49 — Distribuigao das vazGes dos pogos tubulares profundos da Regido de Ananindeua 4.10 - Variagao dos valores do Nivel Estatico dos poses tubulares profundos da Regidio de Ananindeua. 4.11 — Variagao dos velores do Nivel Dinamico dos pogos tubulares profundos da Regido de Ananindeua 4.12 — Variagao dos valores de Rebaixamento dos pogos tubulares profundos da Regio de Ananindeua, 4.13 — Variagao de Capacidade Especifica dos pogos tubulares profundos da Regido de Ananindeua... 4.14— Mapa de Potenciais Hidrdulicos da Regiéo de Ananindeua 4.15— Comportamento da Superficie Potenciométrica da Regido de Ananindeua. . - 4.16 — Variag&o do pH na Bacia do Tucunduba.... 4.17 — Variagéo do pH na Area do Paracuri. 4.18 — Distribuigo Areal do pH na Bacia do Tucunduba, 4.19 — Distribuigao Areal do pH na Regiéo do Paracuri... 4.20 — Variagao da Turbidez na Bacia do Tucunduba, 4.24 — Variagao da Turbidez na Area do Paracuri 4.22 — Distribuigdo Areal da Turbidez na Bacia do Tucunduba ... 4.23 — Distribuigao Areal da Turbidez na Regido do Paracuri 4.24 — Variago da Dureza na Bacia do Tucunduba. 4.25 —Variagao da Dureza na Area do Paracuri.... 4.26 — Distribuigao Areal da Dureza na Bacia do Tucunduba. 4.27 — Distribuigdo Areal da Dureza na Regio do Paracuri. 4.28 — Variagdo da Condutividade na Bacia do Tucunduba. 4.29 — Variacéo da Condutividade na Area do Paracuri 4.30 - Distribuigéo da Dureza na Bacia do Tucunduba........... 4.31 — Distribuigo Areal da Dureza na Regido do Paracuri 4.32 — Variagdo do Cloreto na Bacia do Tucunduba. 4,33 — Variag&o do Cloreto na Area do Paracuri.. sii 90 1 92 92 93, 97 98 112 113 114 115 117 117 118 AID 122 123 124 125 ws 7 128 129 130 134 4.34 — Distribuigao Areal do Cloreto na Bacia do Tucunduba. si 132 4.35 — Distribuigdo Areal do Cloreto na Regio do Paracuri......... 133 4.36 — Variagao do Nitrato na Bacia do Tucunduba. 134 4.37 — Variag4o do Nitrato na Area do Paracufi ............00.... . 135 4.38 — Distribuigdo Areal do Nitrato na Bacia do Tucunduba sees BT 4.39 — Distribuigao Areal do Nitrato na Regiao do Paracuri. 138 4.40 — Variagdo do Ferro Total na Bacia do Tucunduba.....cneees 140 4.41 —Variagdo do Ferro Total na Area do Paracuri. 140 4.42 — Variagdo des STD na Bacia do Tucunduba...........- : 144 4.43 — Variagao dos STD na Area do Paracuri 141 4.44 — Classificagdo iénica das Aguas subterraneas na Regido de Belém @ Ananindeua 143 5.1- Localizagdo da area DE Implantagao da Alga Rodovidria do Estado do Para. 2 206 5.2- Atividades antrépicas no rio Guamé a sul da cidade de Belém, inclusive com postos de combustiveis..... so Bh 5.3- Atividades poluidoras sobre o rio Guamé a sul de Belém... 155 5.4- Lixo do Aura, caracterizado por um amontoamento de lixo a céu aberto sem qualquer preocupacao sanitaria. (1997).... 187 5.5 — Aterro Sanitario do Aura, com as plantas de bioremediagdo. (2001) 157 7.4 — Pogo escavado (Amazonas) na regio de Ananindeua objeto de medidas do nivel d'&QUa.... oso cscsmsnsst 12 7.2 - Pogo escavado (Amazonas) na regido de Belém e sua alta vulnerabilidade frente aos processos de contaminagdo/poluigéo..........173 7.3 — Pogo tubular raso com ligago para a caixa d'agua abastecendo residéncia na Regido de Belém. 175 7.4 — Pogo tubular com ligagdo para a caixa d’gua abastecendo escola publica na Regido de Belém. sseseetencanawatce 176 7.5- Equipamento de perfuragao de pogos profundos na regido de Belém (Aeroporto de Val de Caes). se TT 7.6- Tanques de lama associados a perfuragao de pocos profundos em Belém 8.1-Variagao nos niveis de agua do pogo 01 8.2-Variagdo nos niveis de agua.do pogo 02 8.3-Variagdo nos niveis de agua do pogo 03 8.4-Variagdo nos niveis de agua do pogo 04 10.1 - Componentes do Sistema Nacional de Recursos Hidricos.... LISTA DE TABELAS 3.1 — Balango Hidrico segundo Thornthwaite, regio de Belém — periodo 1961 a 1997... vo . 3.2 - Estacdo Belém — Série Climatolégica — 1931 - 1960. 3.3 - Estagdo Belém — Série Climatolégica — 1961 - 1990. 3.4 — Populagdo da Regio Metropolitana de Belém. por situago de domicilio, 2000 sswiagseatonmeaes 3.5 — Para e Regio Metropolitana de Belém - Produto Intemo Bruto, 1996. 3.6 - Condigdes do terreno das moradias da populago da bacia do Tucunduba, segundo CANETE (1998) 3.7 - Situag&o dos aspectos de infraestrutura dos habitantes da bacia do Tucunduba, FONTE: CANETE (1998) ... 4.1- Andlises Fisico-quimicas para Agua subterranea da Bacia do Tucunduba 4.2 Anélise Fisico-quimicas e Bacteriolégicas para Agua Subterranea da Bacia do Tucunduba 4.3 — Andlises Fisico-quimicas para Agua Subterranea da Regido do Paracuri. 4.4 — Andlises Fisico-quimicas e Bacteriolégicas para Agua Subterranea da Area do Paracuri....csccsesesssetessseeneneeens 4.5- Critérios de qualidade de Agua para Industrias..... 178 183 184 184 185 215 co 27 AB 49 ABEMA ABNT ABRH ANA ANEEL APA APHA AWWA CENSA CEPAS/USP. ce CNPq/PIPES CNRH CODEM COHAB-PA CONAMA COSANPA CPGG cPMF CPRM CREA-PA DABEL, DABEN DAENT DAGUA LISTA DE ABREVIATURAS - SIGLAS Associagao Brasileira de Entidades do Meio Ambiente Associagao Brasileira de Normas Técnicas Associacao Brasileira de Recursos Hidricos Agéncia Nacional da Agua Agéncia Nacional de Energia Elétrica Area de Protecao Ambiental American Public Health Association American Water Works Association Consultoria-Engenharia Sociedade Anénima Centro de Pesquisas de Agua Subterranea de Sao Paulo Centro de Geociéncias Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico/Pragrama institucional de Bolsas de Iniciago Cientifica Conselho Nacional de Recursos Hidricos Companhia de Desenvolvimento e Administragao da Area Metropolitana de Belém Companhia de Habitagdo do Estado do Para Conselho Nacional de Meio Ambiente Companhia de Saneamento do Para Curso de Pés-Graduacdo em Geologia e Geoquimica Contribuigéo Proviséria sobre Movimentagées Financeiras Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Para Distrito Administrative Belém Distrito Administrativo Bengui Distrito Administrativo Entroncamento Distrito Administrativo Guama DAICO DAMOS DAOUT DASAC. DGL DNPM EIA-RIMA EMBRAPA ETA FCAP FEMA FGTS FUNTEC GERCO GIBF HS IBGE IDESP INMET INPE IPEA oms ONG PHRMBA PIB PMB PNOPG PNSB PPP RMB Distrito Administrativo Icoaraci Distrito Administrativo Mosqueiro Distrito Administrativo Outeiro Distrito Administrativo Sacramenta Departamento de Geologia Departamento Nacional da Producdo Mineral Estudo de Impacto Ambiental e Relatorio de Impacto Ambiental Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecudria Estacdo de Tratamento de Agua Faculdade de Ciéncias Agrarias do Para Fundo Estadual do Meio Ambiente Fundo de Garantia por Tempo de Servigo Fundo Estadual de Ciéncia e Tecnologia Gerenciamento Costeiro Gestao Integrada das Bacias Fluviais Hemisfério Sul Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica Instituto de Desenvolvimento Econémico-Social do Para Instituto Nacional de Meteorologia Instituto Nacional de pesquisas Instituto de Pesquisa Econémica Aplicada Organizagao Mundial da Satide Organizagao nao Governamental Projeto de Estudos Hidrogeolégicos da Regido Metropolitana de Belém e Adjacéncias Produto interno Bruto Prefeitura Municipal de Belém Projeto Norte de Pés-Graduagdo Pesquisa Nacional de Saneamento Basico Perimetros de Protego de Pogos Regio Metropolitana de Belém SAAEB SECTAM SEICOM SESAN SIG SINGREH SISEMA SNIRH SPRING SUDAM TCU UFPA WEF ZEPA Servigo Auténomo de Agua e Esgoto de Belém Secretaria Executiva de Ciéncia, Tecnologia e Meio Ambiente Secretaria de Estado de Industria Comercio e Mineracéo Secretaria Municipal de Saneamento Sistema de Informagées geograficas Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hidricos Sistema Estadual do Meio Ambiente Sistema Nacional de Informages sobre Recursos Hidricos Sistema de Processamento de Informagées Georeferenciadas Superintendéncia de Desenvolvimento da Amazénia Tribunal de Contas da Uniao Universidade Federal do Para Water Environment Federation Zona Especial de Protecdo Ambiental RESUMO A esséncia do presente estudo € a apresentacdo de uma sintese sobre a hidrogeologia da regio dos municipios de Belém e Ananindeua, envolvendo um conjunto de dades georeferenciados sobre pogos tubulares, dados hidrogeoquimicos & bacteriolégicos e pardmetros hidrogeolégicos basicos, objetivando determinar as potencialidades ¢ as caracteristicas dos recursos hidricos subterréneos da area. Isso possibilitou que fossem estabelecidos os fundamentos hidrogeologicos basicos para um modelo de uso e protegao das aguas subterraneas, que atuem na gestdo integrada dos recursos hidricos da regio, de forma sustentavel, contribuindo de forma significativa para o planejamento urbano municipal e estadual. A metodologia e as atividades desenvolvidas permitiram um conjunto de resultados significativos que incluem a caracterizaco do meio fisico, através do clima geomorfolagia, pedologia, geologia, socioeconomia e rede de drenagem; a caracterizagéo dos sistemas hidrogeolégicos, através da identificagdo de 5 (cinco) conjuntos aquiferos principais; 0 estabelecimento dos aspectos geométricos desses sistemas aquiferos; a analise dos seus principais parametros hidrogeolégicos; o estabelecimento das diregdes e sentidos dos fluxos subterraneos do aquifero livre; a caracterizacao das qualidades fisico-quimicas e bacteriolégicas das aguas produzidas pelos sistemas aquiferos; a classificagao dessas 4guas e seus principais usos na érea Outros resultados incluem um estudo sobre as obras de captagao das Aguas subterréneas na érea de estudo; 0 calculo das reservas e disponibilidades hidricas subterraneas; o estabelecimento das principais fontes de poluicdo das aguas subterraneas na area; uma analise da vulnerabilidade natural e risco dos sistemas agiliferos 4 poluigéo, com 0 estabelecimento de 4 (quatro) classes de vulnerabilidade para os aquiferos estudados; uma discussao sobre os principais aspectos de legislagao sobre 0s recursos hidricos @ nivel municipal, estadual e federal; uma andlise dos preceitos fundamentais para a gestdo integrada dos recursos hidricos de Belém e Ananindeua, baseados na legislagao vigente e alicergados pelas caracteristicas da érea Fundamentos Hidrogeoldgicos para Gestio Integrada dos Recurnos Hidricos da Regiso de BelényAnanindewa - Pars, em questo: ¢ a formulacdo de um conjunto de 17 (dezessete) proposiges técnico- sécio-politicas para a gestéo integrada _dos recursos hidricos Os principais produtos do estudo incluem 0 balango hidrico e a classificago climatica da regio; um banco de dados georefenciados e inseridos em um Sistema de Informacao Geogrdfica (SIG), com base no programa SPRING 3.5.1; um conjunto de mapas tematicos, incluindo o mapa geolégico, 0 geomorfoldgico, o hidrogeolégico, de rede de drenagem, de bacias urbanas, de solos, de ocupacéo urbana, de distribuigao areal de cada parametro fisico-quimico analisado em duas 4reas escolhidas para investiga¢do; e um conjunto de tabelas e graficos que mostram as caracterizagées fisico-quimicas e bacteriolégicas das aguas estudadas Ao final, foi estabelecido um conjunto de proposigbes técnico-sécio- politicas para a gestdo integradas dos recursos hidricos da regido estudada, que incluem desde propostas de educagdo hidroambiental, projetos institucionais de combate a pobreza, fiscalizac&o sobre os recursos hidricos, campanha de economia obrigatéria de agua, parcerias na gestao dos recursos hidricos, entre outras. As principais concluses do estudo permitem demonstrar que os principais objetivos foram alcancados e que se conseguiu dar uma contribuicdo significativa para a hidrogeologia da regido de Belém e Ananindeua e para o estabelecimento de futuros projetos de gestao integrada dos recursos hidricos da regio. Milton Matta - CPGG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Regio de Belemy Ananindewa ~ Pars Bras, ABSTRACT The main goal of this study is to present the result of an investigation carried out in the region of Belém and Ananindeua. State of Para ~ Brazil, The study comprised mainly hydrogeological aspects, together with hydrochemical, geological and socioeconomic data, in order to make it possible to determine the conditions to the wise use of groundwater. This work will also contribute to the municipal and state planners with a set of technical, legal and socioeconomic, data to be used toward the water resource management in the studied area. ‘The activities and the methods applied permitted to achieved significant results which include the characterization of the physical environment, with geomorphology, soil and climate aspects, superficial water characteristics, hydrogeological systems properties , geometrical aspects of the main aquifer units characteristics of the groundwater flow, hydrageochemical and bacteriological qualities of the groundwater , the estimation of the groundwater reserves and an insight on its vulnerability, All those technical aspects were analyzed together with the legislation framework, from the federal to the municipal scales. in order to make it possible to define the fundamental aspects to the groundwater use and protection planning and its role in the general water management practices in the studied area The main products include a data base, inserted in a Geographic Information System (GIS), based in the SPRING 3.5.1 program, a set of thematic maps (geological, geomorphologic, hydrogeological, soils, etc.), and a set of tables and graphics showing the physical, chemical and bacteriological aspects of groundwater quality, Milton Matta - CPGG - CG - UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a GestioIntegrada dos Recursos Hidricos da Regito de BelenvAnanindews ~Pars, Brasil, Technical. social and political propositions were made. including hidroambiental education, institutional projects against poverty , increase of the law enforcement to protect the water resources, water save actions by the government. and joint projects toward water management The main conclusions of the study permit to demonstrate that the main goals have been achieved, with a significant contributions to the Hydrogeology of the Belém and Ananindeua area and to the future projects involved water resources management Milton Matta ~ CPGG-CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestdo Integrada dos Recursos Hidricos da Reso de BelenyAnanindeua~ Pari, § Bras APRESENTACAO Este texto representa uma exigéncia parcial do Programa de Doutorado do Curso de Pés-Graduacéo em Geologia © Geoquimica (CPGG). na area de Hidrogeologia da Universidade Federal do Paré (UFPA). Depois de uma breve introdugdo, na qual a problematica dos recursos hidricos é discutida no contexto mundial, nacional e local, apresenta-se a proposta de trabalho, com a area de investiga¢ao, os objetivos, a metadologia, além da relevancia e justificativa do estudo Em seguida 6 mostrado 0 estado da arte sobre os recursos hidricos da regiao de estudada, dando énfase 4 parte subterranea, Dentro da viséo moderna da gestao integrada dos recursos hidricos, a Agua nao deve estar desassociada do ciclo hidrolégico. Na discussao do estado da arte das “Aguas de Belém’, elas foram separadas em Aguas pluviais, superficiais e subterraneas, contemplando as trés grandes fontes desse recurso na terra No processo de gestdo da agua, as formas de abastecimento hidrico ‘ocupam um papel de destaque. Nesse sentido julgou-se oportuno uma descrigao dos processos atuais de captagao e distribuicao de agua potavel na regio trabalhada, no. sentido de servir de base para as discussées e propostas dos mecanismos de gestao. As caracteristicas gerais do meio fisico da regio estudada serviram de sustentaculo para todo o desenvolvimento das atividades deste estudo. Apresentam-se os elementos basicos que influenciam os recursos hidricos subterraneos: cima, geomorfologia, pedologia e geologia. Associou-se aos elementos do meio fisico, as caracteristicas sécio- ‘econémicas da area estudada e a evolugao da sua ocupacdo urbana. Esses elementos Milton Matta - CPGG-CG- UFPA rada dos Recursos Hidricos da Regiso de BelémyAnanindews Pars, Brasil Fundamentos Hidrogeoligices pata a Geatio Int permitiram uma visdo global e integrada do problema e a determinacao dos principais elementos da matriz de investigacdo do estudo Um arquivo de dados hidrogeolégicos foi construido e se constituiu a base sobre a qual todo 0 estudo foi montado. Analisou-se. a partir dai, as qualidades fisico- quimicas e bacteriolégicas das Aguas subterréneas, as reservas hidricas subterraneas, a vulnerabilidade e risco dos sistemas aquiferos frente & poluig&o, e a legislaco dos recursos hidricos a nivel federal, estadual e municipal. Com isso foram estabelecidos os preceitos basicos para 0 uso e protegdo dos recursos hidricos subterraneos da regiao estudade 0 que possibilitou a formulagéo de propostas técnico-sécio-politicas para a gest&o integrada dos recursos hidricos da area estudada Milton Matta - CPG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Regise de Belény Ananindeua - Pars, Brasil, 1. INTRODUGAO A problematica da agua vem, cada vez mais, deixando de ocupar somente 08 principais féruns técnico-cientificos, para se tomar uma grande preocupagao social Atualmente se discute a agua, sua qualidade, seus custos, suas interagdes com 0 homem nas diversas comunidades, suas formas de abastecimento e, principalmente os perigos de exaustéo de seus mananciais em fung&o das necessidades atuais e futuras frente as contaminagées aceleradas causadas pela sociedade moderna, O estado do Pard, em geral e a regiéo metropolitana de Belém, em particular, se enquadram no grupo das éreas com sérios problemas de abastecimento de agua, apesar de estarem localizados na regiéo de maior descarga de gua doce do planeta e receberem uma quantidade de chuva anual acima de 2500 mm. Quando se fala em qualidade de vida, o saneamento basico em geral e a disponibilidade de agua potavel assumem uma fundamental importancia. Dentro desse contexto, 0 crescimento da grande Belém e a expansao de sua demografia vem, cada vez mais, exigindo uma demanda de abastecimento de agua, para a qual o poder pubblico néo vem conseguindo dar resposta satisfatoria. Dentro do contexto dos recursos hidricos utilizéveis para o consumo humano, as aguas subterraneas passaram a representar, no mundo inteiro, uma alternativa bastante importante para 0 abastecimento publico. Sabe-se que as aguas subterraneas so mais baratas, abundantes e mais livres de contaminagées e perdas por evaporagdes do que as aguas superficiais e representam uma fonte de abastecimento localizada mais perto das demandas, além de permitirem investimentos parcelados, que podem crescer com as necessidades de suprimento hidrico. Milton Matta ~ CPGG - CG - UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para 2 Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Regio de BelénVAnanindews Pars, S Na area de Belém ¢ Ananindeua es aguas subterraneas vém sendo explotadas por diversas empresas do setor puiblico e privado, sem qualquer critério sistematico e com pouca obediéncia aos tramites legais. Essa utilizagéo vem sendo movida pelo aspecto financeiro, exclusivamente. A maioria das empresas do setor nao esté regulamentada nos orgaos competentes, nao possui técnicos especializados em hidrogeologia ou sequer gedlogos em seus quadros, nem tem suas obras de captacdo fiscalizadas por quem de direito. © principal objetivo desse estudo é 0 de estabelecer os fundamentos hidrogeolégicos basicos para o uso e protegao dos recursos hidricos subterraneos da regio de Belém e Ananindeua/PA. Pretende-se com ele, contribuir de forma significativa para o planejamento urbano municipal estadual e para o estabelecimento do modelo de explotagao das aguas subterréneas da regiéo que atue na diregdo da gestdo dos recursos hidricos de forma sustentavel. 1.1- RECURSOS HiDRICOS - CENARIO MUNDIAL A agua tem tido, historicamente, assim como a religiao ¢ a ideologia, 0 poder de mover mithdes de pessoas. Desde o inicio das civilizages, variados grupos humanos tem se deslocado em busca de agua, deixado as regides em que ela é escassa, ou aquelas em que ela é exageradamente abundante Na realidade, desenvolver uma cultura de utilizacao de cada gota de agua disponivel e os mecanismos tecnolégicos necessdrios para tal, so muito mais importantes do que ostentar abundancia. Seria desnecessario enumerar as diversas utilizagdes da agua para nossa sobrevivéncia enquanto seres humanos e para nossas necessidades didrias. Na realidade, ela é fundamental para todas as formas de vida de nosso planeta. E 0 planeta Terra 6 © Unico corpo do universo onde se conhece a agua em seus trés Milton Matta = CPGG = CG- UFPA Fundamentos Hidropeologicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidicos da Regio de BelémyAnanindewa -Para, 9) estados fisicos fundamentais: gasoso (vapor), sdlido e liquido, equivalendo a um volume estimado em torno de 1.4 bilhdes de km*, O artigo 25 da Declaragao Universal dos Direitos Humanos prevé: “Toda pessoa tem direito a um nivel de vida suficiente para Ihe assegurar e a sua familia a satide e © bem estar’. Sem 0 acesso a Agua limpa, a satide e o bem estar, nao so estardo em perigo, como se tornarao inviaveis, Em todos os féruns cientificos do mundo inteiro fala-se sobre a crise global da agua. Comenta-se sobre a possibilidade da Ill Grande Guerra estar vinculada as disputas pela garantia das demandas de agua potavel. O exemplo mais forte desses conflitos 6 0 vivenciado por Israelenses e Palestinos, cujos mananciais disponiveis dependem de complicados acordos entre diversas nagées. As relagdes da dgua com a economia diferem de pais para pais, dependendo das condigées climaticas naturais, da disponibilidade, acessibilidade e qualidade dos recursos hidricos, além das condig¢Ges de desenvolvimento econémico e social de cada nacdo. Segundo Rebougas (1994), a disponibilidade anual mais baixa de Agua no Brasil, no semi-drido nordestino, envolvendo estados como Ceara, Rio Grande do Norte, Paraiba e Pernambuco é, em média, duas vezes superior 4 disponibilidade per capita da Alemanha (1.100 m*) e similar a de varios outros paises da Europa. Apesar disso, 0 consumo per capita nesses paises vem sendo trés vezes maior que nos estados brasileiros. A Figura 1.1 mostra a distribuiggo das aguas no planeta. Pode-se perceber que, a maior parte da agua do planeta é salgada (97,5%), ndo servindo, portanto, para o consumo humano na sua forma natural, sem utilizagéo dos onerosos processos de dessalinizacao. Os restantes 2,5% estao divididos em 1,72% referentes &s aguas das calotas polares e geleiras, que também se encontram distantes dos Milton Matta -CPGG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos pura a GestioIntegrada dos Recursos Hidricos da Regio le BelényAnanin Brasil centros de maior consumo. Sobram 0.78% disponiveis como agua doce para consumo humano. Dessa ultima parte, cerca de 96.1% equivale as aguas subterraneas, 1.01% esto nos lagos € rios e, os restantes 2,89% estéo em outros reservatérios. A distribuig&o das aguas na terra ndo pode ser vista simplesmente como a relacdo numérica mostrada na Figura 1.1. Ela serve somente para se definir as dimensées fisicas dos recursos hidricos. Deve-se lembrar, porém, que a disponibilidade de agua deve ser correlacionada com a velocidade que uma determinada fonte de agua se renova através dos processos do ciclo hidrolégico. Os tempos de transito das aguas em cada estagio do ciclo hidrolégico variam bastante. Nos rios esse tempo médio é de cerca de 18-20 dias, enquanto na atmosfera a agua é substituida a cada 12 dias. As Aguas subterréneas profundas precisam de varias centenas de anos, ou mais, para se renovar (Rebougas, 1994) Na realidade, analisando-se todos os numeros que tem saido na literatura especializada sobre os volumes de agua disponiveis em todos os paises, ¢ as planilhas de demandas e suas projegdes, ndo devera faltar agua no mundo. O que é& preocupante, néo 6 a quantidade de agua disponivel para a humanidade, mas o crescimento desordenado do consumo de agua na maioria dos paises, associado ao grande desperdicio nos usos domésticos € agricolas e a degradagéo dos grandes mananciais em niveis jamais imaginados, que poderao fazer com que falte agua nas torneiras de muitos usuarios As aguas subterraneas assumem um papel importantissimo nos processos de gestdo integrada dos recursos hidricos, por todas as vantagens que elas demonstram em relagao aos reservatérios superficiais. Porém, nem sempre essas Aguas esto disponiveis. Muitas vezes, esto to distantes e/ou profundas, que suas relacdes custo/beneficio podem inviabiliza-las como fonte de abastecimento. crGG-CG-UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestdo Integrada dos Recursos Hidricos da Regito de BelémyAnanindeua -Pari, 1] ‘Beal, ~ Agua do Planeta 100% © Agua Subterranea y 96.1% Figura 1.1 — Distribuigdo das 4guas na Terra. Fonte dos dados numéricos: Shiklomanov (1998) Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestso Integrada dos Recursos Hidricos da Regio de BelémAnanindeua- Pari, 12 Brasil, Fica claro, portanto, que muito mais significante do que as quantidades de agua disponiveis para consumo humano, so as formas de gestéo desses recursos na grande maioria das localidades. Esse é o objetivo principal do presente estudo 1.2- RECURSOS HIDRICOS NO BRASIL Brasil, entre os paises do mundo de dimensées continentais, possui uma ampla diversificagao climatica, onde predomina o clima tropical imido. Em mais de 90% de seu territério, recebe abundantes chuvas. com indices pluviométricos entre 1.000 € 3.000 mm/ano. Isso acarretou na existéncia da maior descarga de agua doce do planeta, distribuida numa rede hidrografica perene das mais extensas e densas (Rebougas, 1999) O Brasil apresenta uma produgdo hidrica de cerca de 177.900 m?/s que. somada a parte referente @ Amaz6nia internacional, representa cerca de 53% da produgdo de agua doce do continente Sul Americano e 12% do total mundial. (Rebougas, 1999). Essa abundancia de agua serviu para desenvolver a chamada cultura do desperdicio da agua e justificou a falta de investimentos no setor de recursos hidricos por parte dos poderes constituidos. Além disso, o Brasil vive uma situacdo singular em termos de distribuigao de recursos hidricos, que é bem conhecida da classe cientifica € da populagao em geral. Em termos de recursos superficiais, tem-se uma produgdo hidrica de cerca de 78% do total nacional, na regiéo Amazénica, que detém uma densidade populacional de 2 a 5 hab/km?. Na bacia do rio So Francisco, por outro lado, com uma densidade populacional entre 5 e 25 hab/km? tem-se uma produgao hidrica de cerca de 1,7% do total nacional, enquanto na bacia do Parana, com uma média de 53 hab/km?, tem-se cerca de 6% do total nacional (Rebougas, 1999) Milton Matta = CPGG-CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestao Integrada dos Recuryos Hidricos da Regiso de Belén Anu Brasil, A regido Norte se destaca no cenario nacional, como uma bacia que ocupa uma érea de cerca de 57% da superficie do Brasil e por onde passa a maior descarga de agua doce do planeta, Em contraste, as populacdes da maioria das cidades da regio sofrem com problema de agua potavel, em abundancia e qualidade desejaveis. Isso esta relacionado, como no restante do pais, @ um crescimento exagerado das demandas em geral e de forma localizada, a uma degradagao dos mananciais em niveis nunca imaginados ¢, mais importante, 2 uma falta de politica publica que busque uso cada vez mais eficiente e menor degradacdo da qualidade das aguas. A situacéo dos recursos hidricos de Belém nao foge a esse padrao. O crescimento desordenado da regido metropolitana em geral, e da cidade em particular. vem ocasionando uma aceleragdo dos processos de degradagéo dos recursos ambientais, principalmente as aguas. E as politicas desenvolvidas pelos poderes publicos constituidos nao tem contemplado a utilizagao eficiente da agua A expansao demografica da cidade e arredores, com 0 aporte de uma populagéo associada as chamadas areas de ocupagao ilegal (invasdes), tém contribuido para um crescimento da demanda de agua potavel, para a qual o atual sistema de abastecimento nao esta preparado. A conseqléncia é a constante falta de agua durante alguns periodos do dia, agravada para as populagées dos chamados conjuntos habitacionais da periferia de Belém. E 0 contraste da falta d’agua na regiéo com a maior descarga de agua doce da Terra Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestao Integrada dos Recursos Hidricos da Regito de BelémyAnanindewa =Para, [4 Brasil 2- A PROPOSTA DE ESTUDO Aesséncia do presente estudo ¢ a apresentacdo de uma sintese sobre a hidrogeologia da regio dos municipios de Belém e Ananindeua. envolvendo um conjunto de dados georeferenciados sobre pogos tubulares, dados hidrageoquimicos. parametros hidrogeolégicos fundamentais (T,K,S), etc., no sentido de determinar as potencialidades dos recursos hidricos da area e estabelecer os fundamentos técnicos necessérios para um madelo de uso ¢ protecao 2.1- LOCALIZAGAO E ACESSO DA AREA A area deste estudo ¢ parte da Regiéo Metropolitana de Belém (RMB) inclui os municipios de Belém e Ananindeua (Fig. 2.1). Nessa regio se acumulou um acervo muito grande de dados hidrogeolégicos, incluindo relatérios de perfuracées de pogos tubulares profundos, construidos com as mais diversas finalidades. A regiéo de Belém e Ananindeua esta localizada entre os paralelos 1° 13" e 1° 30’ S e os meridianos 48° 18’ 35” e 48° 30’ 30” W, a uma altitude média de 15 metros em relac&o ao nivel do mar, na confluéncia do Rio Guama com as Baias de Marajé e Guajara O municipio de Belém limita-se ao norte com o rio Para, 20 sul com o rio Guamé, a leste com 0 municipio de Ananindeua, a ceste com a baia do Guajaré. O municipio de Ananindeua tem como limites: a oeste e ao sul 0 municipio de Belém; e a leste os municipios de Marituba e Santa Barbara. O principal acesso rodoviario a drea é feito através da BR-316 Milton Matta - CPG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeolbgicos para a Gestio inegrada dos Recursos Hidricos da Regio de Belém/Ananindewa=Pari, 15 iL * Ar Noo Guay 6 ae vevevanve "waw FS LIMITE MUNICIPAL /\/ AVENIDAS E ESTRADAS. 7) ORENAGEM HM LAGOS E LAGoaS DIVISAO MUNICIPAL ‘ANANINDEUA BELEM Figura 2.1- Mapa de Localizagao da Area de Estudo. Fundamentos Hidrogcolégicos pata a Gestto lntegrads dos Recursor Hidricos da Reglto de Belém/Ananindeus -Pars, 16 Brasil E nesses dois municipios que se concentra a maior parte da populagao da RMB. Belém conta com aproximadamente 1 200 000 habitantes, distribuidos numa area de cerca de 209,3 km? e Ananindeua, até 1996, contava com cerca de 389.713 habitantes, numa drea de cerca de 183,9 Km? (IBGE, 2001) 2.2- OBJETIVOS © principal objetivo do presente estudo € 0 estabelecimento dos fundamentos basicos para 0 uso e protego dos recursos hidricos subterraneos da regio de Belém e Ananindeua e a associagao desses fundamentos no sentido de embasar propostas de gestéo integrada dos recursos hidricos locais. Foram analisadas as potencialidades hidrogeolégicas, as reservas de aguas subterraneas, as qualidades dessas aguas e estabelecidos os modelos de explotacao dos recursos hidricos dos municipios envolvidos, incluindo uma avaliagao dos critérios técnicos para seu uso e protegdo Como objetivos especificos podem ser citados 1. Mostrar a distribuicao espacial dos corpos aquiferos e suas protegdes naturais (zonas de confinamento - corpos argilosos); 2. Caracterizar @ qualidade fisico-quimica e bacteriolégica das aguas subterréneas da &rea de estudo, em grandes tragos, mostrando as variagdes espaciais dessa qualidade e suas relagdes com as variagées litolégicas e antrépicas; 3. Estabelecer propostas técnico-sécio-politicas, associando informagdes de permeabilidades, profundidades, vazées, posicionamentos espaciais das unidades aquiferas, etc. com viabilidades econdmicas locais, no sentido de possibilitar o poder publico © privade a tomar decisées relativas a utilizaco racional dos recursos hidricos subterraneos da regio estudad: 4. Produzir um quadro de informagées técnicas sobre as aguas subterraneas da érea de Belém e Ananindeua, que possam subsidiar a elaboracdo de legislago sobre o uso e protegdo dos recursos hidricos subterraneos da regiao “Milton Matta = CPGG-CG-UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestao Integrada dos Recursos Hidricos da Regiso de BelényAnanindeua Pari, 17 Brasil 2.3- JUSTIFICATIVA E RELEVANCIA ‘A ocupagdo racional do meio fisico é um dos temas mais relevantes da atualidade. Neste contexto, a insergdo das Aguas subterraneas no gerenciamento integrado dos recursos naturais e, principalmente, dos recursos hidricos, assume um papel fundamental ‘A regio dos municipios de Belém e Ananindeua é um dos principais exemplos amazénicos de crescimento urbano desordenado, onde a ocupacéo se verificou sem qualquer controle institucional e sem preocupagéo com a qualidade de vida da populag&o e com o respeito pelos recursos naturais. As pesquisas que tem sido desenvolvidas no ambito da cidade de Belém na drea da hidrogeologia tem se constituido de tentativas isoladas, geralmente vinculadas Trabalhos de Conclusao de Curso ou Dissertagées de Mestrado, que nao tem contemplado a visdo multidisciplinar nem a integragéo com outros ramos cientificos, principalmente da area sécio-econémica A regiéo de Belém e Ananindeua se caracteriza perfeitamente como importante palco para pesquisas integradas de cunho multidisciplinar. Diversas instituig6es de pesquisa regionais e érgéos do poder puiblico estadual e municipal (FCAP, SUDAM, EMBRAPA, DNPM, CPRM, IDESP, COSANPA, entre outras) vém acumulando ao longo dos anos um acervo considerdvel de informagées sobre pocos para captago de aguas subterrdneas, além de outras informagées sobre o meio fisico que auxiliaram o presente estudo. Este trabalho 6 uma conseqiiéncia de uma série de agdes que vem sendo desenvolvidas pelo autor, onde se incluem: (i) Curso de Especializagdo em Hidrogeologia Aplicada; (ii) orientagdo de Trabalhos de Conclusdo de Curso e Bolsas de Iniciagéo Cientifica na area de Hidrogeologia; e (iii) elaboragao e coordenagao dos projetos de pesquisa "Aguas de Belém, Geotecnia e Ocupag&o do meio Fisico” ; Milton Matta = CPGG-CG-UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestso Integrada dos Recursos Hidricos da Regido de Belém/Ananindeua—Pari, 18 Brasil. “Recursos Hidricos Subterraneos de Belém: bem mineral estratégico para o desenvolvimento econémico do Pard e para melhoria da qualidade de vida da populag&o” e " Fundamentos Hidrogeolégicos para a Gest&o dos Recursos Hidricos Subterraneos da Regiéo de Belém, Ananindeua e Barcarena — Pard, Brasil.” , financiados pelo Governo do Estado do Para, através do Programa FUNTEC/SECTAM/FADESP. Essas agdes tém mostrado contexts académico/cientificos multidisciplinares, caracterizados pela jungao da geologia com a hidrologia subterranea, geofisica, geoquimica, planejamento urbano e geologia ambiental. Nelas, se misturam abordagens cientificas puras e contextos aplicados, com énfase para os ultimos Este estudo também se enquadrou na filosofia que norteou as atividades desenvolvidas pelo Departamento de Geologia (DGL), do Centro de Geociéncias (CG) da Universidade Federal do Para (UFPA), pelo grupo de pesquisa de Hidrogeologia e Geologia Ambiental, dentro de uma programag&o de metas estabelecidas para o periodo de 1997-2000, descritas no Projeto Norte de Pés-Graduagaio (PNOPG), Dentro dessa filosofia, o DGL propés agées nas areas de Hidrogeologia, Geotecnia, Sensoriamento Remoto e Geologia Ambiental, entre outras. Os enfoques académico-cientificos perseguidos pelo DGL dentro do PNOPG, consistiram em projetos académico-cientificos direcionados as necessidades sociais regionais. Esse programa de metas esta sendo reorientado dentro de uma outra proposta chamada de RECURSOS HIDRICOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTAVEL NA AMAZONIA, que esté sendo discutido no ambito da UFPA ¢ agentes financiadores. Milton Matta - CPGG-CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestdo Integrada dos Recursos Hidricos da Reglio de Belém Ananindeus ~ Brasil, 2.4- METODOLOGIAS Este estudo partiu de uma ampla andlise bibliografica que incluiu, em uma primeira etapa, dados sobre geologia, geografia, geomorfologia, geofisica, topogratia produto de sensores remotos, etc., 0 que possibilitou a definicdo das caracteristicas gerais da geologia superficial da regiéo de estudo e uma idéia bastante clara do processo de sua ocupacao urbana e de suas caracteristicas sécio-econémicas As varias informagées coletadas foram analisadas quanto 4 importancia confiabilidade para 0 estudo proposto, no sentido da busca da viabilidade do trabalho e na preciso técnica dos produtos finais Os dados levantados foram plotados em uma base cartografica georeferenciada que foi confeccionada, partindo-se do material disponivel. Esta base ajudou sobremaneira na programagéo dos trabalhos de campo, no sentido da visualizagao da distribuigo espacial das informagées obtidas e das necessidades dos levantamentos outros que se fizerem necessérios. Para a confecgao da base cartografica utilizou-se o programa AUTOCAD 2000, que possibilitou a digitalizagdo de todas as informagées cartograficas que foram, em seguida exportadas para 0 programa SPRING 3.5.1 (Sistema de Processamento de Informagées Georeferenciadas) disponibilizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Esse programa se caracterizou como o mais adequado as caracteristicas dos dados tratados, além de ser de tecnologia nacional e de licenga livre (‘Freeware’) Em seguida passou-se para a montagem do Sistema de Informacdes Geograficas (SIG), com 0 processamento e preparacdo da cartografia tematica digital utilizando © préprio SPRING como o Software de construgao do SIG. Isso possibilitou a montagem de todos os elementos cartograficos necess4rios ao estudo a partir do SIG e Milton Matta -CPGG = CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Regiso de BelényAnanindeua Pari, 20) ‘Brasil © inter-relacionamento das bases com todas as outras informagées estudadas (pocos tubulares, fontes de poluigao, ocupagao urbana, etc.) Os trabalhos de campo tiveram por finalidade a obtencdo de todos os dados necessérios para a determinacao das principais caracteristicas hidrodinamicas das unidades aquiferas reconhecidas e envolveram Acompanhamento da construco dos pogos profundos construides no émbito da rea de interesse: Realizacéo de Testes de Aquifero nos pogos onde nao existiam essas informagées; + Perfilagens geofisicas em pogos selecionados e de interesse aos objetivos desse estudo: Todas essas informagdes tematicas obtidas foram sistematizadas no SIG. estudo dos fluxos subterraneos foi feito através da conjungdo de dois elementos basicos. O primeiro foi a propria cartografia georeferenciada das informacées dos pogos tubulares selecionados, que permitiu a obtencdo de linhas equipotenciais e consequentemente, das direcées e sentido dos fluxos subterraneos gerais para a regio. Para tanto, diversos pogos tiveram seus niveis estéticos medidos. Essas profundidades foram contrapostas aos dados topogréficos para o estabelecimento das linhas equipotenciais. © segundo foi a utilizagéo do programa Surfer for Windows para 0 mapeamento das linhas equipotenciais e interpretagéo dos sentidos dos fluxos subterraneos. As duas técnicas (cartegréfica e computacional) tiveram seus resultados comparados, no sentido do estabelecimento da dinamica dos fluxos subterraneos para a area de estudo. Milton Matta - CPGG - CG - UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Regie de Belény Ananindeua = Para, Brasil. O estudo da geometria das unidades aquiferas partiu da andlise integrada das informacées dos pogos tubulares selecionados, buscando-se, principalmente, profundidades © expressées laterais dos corpos aquiferos suas protegdes naturais (pacotes argilosos) - © estudo da qualidade fisico-quimica e bacteriolégica das aguas subterraneas da drea de trabalho foi realizado através da coleta de 40 (quarenta) amostras de agua distribuidas em dois setores principais da area: bacia do Tucunduba @ bacia do Paracuri e adjacéncias. O plano de amostragem obedeceu aos dispositivos da Portaria N° 1469 de 29/12/2000 do Ministério da Saude e a coleta obedeceu a procedimentos padrées normatizados pelo Laboratorio de Hidroquimica do Centro de Geociéncias da Universidade Federal do Para, responsavel pelas andlises. As metodologias analiticas para os parametros fisicos, quimicos bacteriolégicos e 0 tratamento dos resultados obtidos, seguiram os padrées técnicos especificados nas normas nacionais que disciplinam a matéria e os preceitos estabelecidos pelo Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater de autoria da American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF) Para 0 tratamento dos dados foi utilizado o programa Qualigraf (Mobus. 2002), no sentido da construgao do diagrama de Piper As interpretagdes ¢ as conclusGes obtidas com esse estudo foram enumeradas neste texto submetido como parte das exigéncias da tese de doutorado, Milton Matta - CPGG = CG UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestao Integrada dos Recursos Hidricos da Regite de Belém Ananindeu Pari, 22 Bess, 3- CARACTERISTICAS GERAIS DO MEIO FISICO As caracteristicas fisicas gerais da area de estudo constituem os condicionantes geo-ambientais de relevancia para embasar todo o estudo que se seguiré. Ser&o apresentados nesse item os principais elementos do meio fisico da regio de Belém e Ananindeua. 3.1- CLIMA © municipio de Belém, situa-se as margens do rio Guama no nordeste do Estado do Para. possui altitudes variando desde niveis baixo do nivel médio do mar (regides de baixadas) até os 20m em alguns poucos locais. Apresenta dois aspectos S) @ proximidade com o importantes do ponto de vista climatico: baixa latitude (10 26" litoral, Segundo Cabral, 1995 apud Oliveira & Souza (1997), por sua posigao geografica, Belém, pela classificagéo de Koppen. pertence a categoria climatica “equatorial imido” do tipo Af. As caracteristicas principais do clima sao: altas temperaturas (sempre acima de 180° C), ventos de baixa velocidade intercaladas com frequentes momentos de calmaria, altos indices de umidade relativa do ar e precipitagéo abundante com totais oscilando entre 2. 800 e 3.150 mm anuais. A umidade relativa da cidade de Belém reflete uma grande influéncia do fator térmico, com a variagao média interanual oscilando entre 81,8 a 91%, com uma média anual de 86%. Por essa razdo a regiéo se apresenta bastante Umida, o que causa grande desconforto ambiental. Belém 6 submetida a um total de brilho solar de cerca de 35% a 60%, onde a insolag&o apresenta grande relagao com o elemento hidrico. Milton Matta ~ CPGG - CG - UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestdo Integrads dos Recursos Hidricos da Regi2o de Belém Ananindeus «Park, 23 Brasil A nebulosidade ¢ bastante elevada, com variagao média interanual de 6,6 6.8 décimos (Oliveira & Souza, 1997) Outro aspecto importante na determinagao das condigées climaticas locais € 2 velocidade e direcao do vento. Segundo dados do Servico de Meteorologia do Ministério da Agricultura (normais climatolégicas de 1931/1980) as maiores frequéncias anuais dos ventos em Belém sdo de Nordeste (29%), Norte (10%) @ Leste (9%). A frequéncias das demais diregdes so insignificantes. A velocidade média fica entre 2.6 22,9 mis ea calmaria 6 de 45% nos 12 meses Em decorréncia da baixa latitude, os raios solares percorrem um plano praticamente vertical durante todo 0 ano, resultando numa carga térmica elevada. Neste contexto a temperatura é 0 elemento do clima que mais se altera com a ocupagao urbana e mostra intima relag&o com as caracteristicas da superficie Estudos realizados por Oliveira & Souza (1997) mostraram que as caracteristicas climaticas de Belém, no periodo de 1896 a 1995, apresentaram a temperatura do ar com valores médios anuais de 25,80C e as médias de temperature maxima e minima alcangaram valores de 31,50 °C e de 22 °C, respectivamente. Estudos realizados sobre o clima da cidade de Belém e seus arredores demonstram que os elementos do clima urbano (temperatura do ar, umidade relativa do ar, vento, precipitago pluviométrica e brilho solar) sofrem modificagdes que estéo relacionadas com o crescimento desordenado da cidade e a prépria influéncia da forma urbana sobre eles. Oliveira et al. (1995), através de comparagées de duas areas com e sem urbanizagdo, constataram que no ambiente sem arborizagéo a temperatura é mais elevada que no ambiente arborizado, em fungéo da superficie exposta receber aquecimento direto através da radiag4o solar, enquanto que na superficie urbanizada ocorre uma certa atenua¢do considerdvel de radiacao solar. Milton Matta = CPG -CG- UFPA undamentos Hidrogeologicos para a Gestda Integrada dos Recursos Hideicos da Regiso de BelemyAnanindeua -Para, 24 : Brasil As relagdes entre as alteragées climaticas com os processos de irbanizacao so bem conhecidas. Essas alteragSes so efeitos que tem como causa rapido e desordenado crescimento populacional dos grandes centros urbanos, tendo como atrativos a busca de trabalho, satide, educacdo, e outros servigos. Com isso, as Areas ocupadas tém as suas coberturas naturais modificadas por diversos tipos de construgdes prediais e solos pavimentados, cuja consequéncia imediata 6 um aumento da temperatura causada por alteragSes no balango radiativo, na circulagdo do ar e na taxa de evaporagao, gerando assim um clima urbano especifico (Costa & Martins, 1996) ‘A necessidade imperiosa de uma relac&o harmoniosa entre homem e meio ambiente 6 fundamental para uma ocupacao do meio fisico de forma ordenada para o planejamento urbano e para a qualidade de vida da populacéo envolvida. 3.1.1- Balango Hidrico e Classificagao Climatica No sentido de entender o papel representado pelo clima na matriz dos recursos hidricos da regiéo estudada, calculou-se o balanco hidrico de Belém consequientemente, sua classificagao climatica, com base nos dados apresentados por Moraes (1999). © calculo do balango hidrico para a regio de Belém foi realizado, fundamentado na aplicagao do principio de conservacdo da massa de agua, para um dado local ou area. Utilizou-se o balango hidrico proposto por Thornthwaite & Mather (1955) onde, além da obtengo da classificagao climética, pode-se ter o comportamento da entrada e saida da 4gua no solo Thorthwaite & Mather (1955) utilizaram a precipitagdo, a temperatura © 2 evaporagao potencial como elementos basicos da classificago do clima, @ usaram, ima de armazenamento de agua no também, a capacidade de campo (capacidade m: solo) para 0 caleulo do balango Milton Matta - CPGG - CG - UFPA Fundamentos Hidrogeoloicos para a Gestao Integrada dos Recursos Hidricos da Regito de Beleny Ananindewa. eeoloei A Tabela 3.1 mostra 0 balango hidrico do periodo de 1961 a 1997, Brasil calculado para a cidade de Belém-PA Esse balanco considera a reserva hidrica (RH) no solo de 125 mm e utilizou os dados médios da estagdo de Belém, no periodo de 1961 a 1997 (INMET, 1998). Utilizou os pardmetros climaticos e, na sua determinagao, os valores médios mensais da temperatura (T°C) e da pluviometria (P), foram medidas na estacéo meteorolégica. A evapotranspiraco potencial (EP), foi obtida através do produto da (TAB) tabela da evapotranspiracdo potencial mensal no corrigida, e (COR), tabela que relaciona a latitude e o hemisfério em questao. Tabela 3.1- Balango Hidrico segundo Thornthwaite, regiao de Belém — periodo (1961 a 1997). Balago Hidrico segundo Thornthwaite Fonte: INMET Local:Belem Retencdo Hidrica °125 mm Latitude: 01° 27'S Longitude: 48° 28" W Periodo: 1961 a 1997 Meses | 1 ETP P P-ETP NEG ARN ALT ETR DEF EXC JAN [256 119 370 251 0 125 O 113 0 251 Fev |255 117 419 302 0 125 0 417 0 302 MAR | 256 119 442 323 0 125 0 119 0 323 ABR | 258 122 376 252 0 125 0 122 ° 252 MAL | 266 125 303 178 0 125 0 125 0 178 JUN | 266 125 145 20 O 125 0 125 0 20 JUL | 259 123° 146 (23 0 125 0 123 0 23 AGO | 261 127 130 3 0 125 0 127 0 3 set |262 129 131 2 0 125 0 129 ° 2 OUT | 265 134 116 18 9-18 108-17 133 1 0 NOV |265 135 119 -16 34 9% -14 133 2 0 bez |262 130 219 89 0 125 31 130 oO 58 ANUAT 7505 | 2014 | 1409 1502] 3 | 1412 Milton Matta -CPGG - CG UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestio Inlegrada dos Recursos Hidricos da Regis de BelémAnanindeua—Pard, 26 olor + Coluna 1 - Meses do Ano. * Coluna 2 - Temperatura Média do Periodo (T°C) + Coluna 3 - Evapotranspiracdo Potencial: Maxima perda de agua na forma de vapor para atmosfera através de uma superficie de agua (ETP) + Coluna 4 - Precipitacao Pluviais em mm (P); + Coluna 5 - Saldo entre Precipitagdo e Evapotranspiracao, podendo ser negative ou positive (P-ETP); + Coluna6 - Armazenamento da agua disponivel (ARN) * Coluna 7 - Alteracdo dos valores da coluna 8 (ALT), + Coluna 8 - Evapotranspiragao Real: Maxima perda de agua na forma de vapor, para a atmosfera, que ocorre com uma vegetagao em crescimento (ETR). + Coluna 9 - Deficiéncia da agua: no solo em mm (DEF) + Coluna 10 - Excedente de agua no solo em mm (EXC) Para que se evite erros no resultado final dos valores, so necessarias algumas aferigSes no caiculo, englobando os seguintes parametros INDICE DE ARIDEZ INDICE DE PLUVIOSIDEDE + DEFICIENCIA ANUAL DE UMIDADE = => DEF = 3 mm . EVAPOTRANSPIRACAO REAL ANUAL 502 mm + EXCESSO DE AGUA 1412 mm + INDICE DE UMIDADE 3,8 CLASSIFICAGAO CLIMATICA UMIDO — TIPO: Bs PEQ. DEFIC. DO TIPO: r MEGATERMICO TIPO: A° SUB-TIPO CLIMATICO: a PERCENTAGEM DE EVAPOT. EM VERAO E: 24.3 A diferenga entre a Precipitagao e a Evapotranspiracao Potencial (P-ETP), mostra valor “positivo’, isso demonstra que 0 valor da Evapotranspiragao Potencial se aproxima daquele da Evaporacdo Real, significando que a quantidade de agua que realmente volta para a atmosfera sob forma de vapor (ETR) é igual ou aproximado a quantidade de agua que sai da atmosfera também sobre forma de vapor. Milton Matta - CPGG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos pars a Gestao Integrada dos Recutsos Mideicos da Regio de BelényAnanindeus~Pari, 27 ‘Brasil Balanco Hidrico sequndo Thornthwaite da Reaiao de Belém, Periodo GB excevente | RETIRADA BB cerosicao Figura 3.1 — Balango Hidrico para a Regido de Belém (1961-1997) Representacdo Grifica da P, DEF. e EXC. Da Regio de Belém -Pa, (1961-1997) = rear Figura 3.2- Representagdo grfica das linhas P, DEF, e EXC para a regio de Belém (1961-1997) Milton Matta =¢ Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Regiao de BelénvAnanindewa -Pard, 28 Brasil Durante o periodo de janeiro a setembro, a deficiéncia (DEF) de agua no solo é zero. tendo uma minima contribuigo durante os tltimos meses do ano (outubro a dezembro). O excedente (EXC), ao contrario da deficiéncia (DEF), apresenta valores superiores de janeiro a maio, quando ocorrem as maiores precipitagées na regido, diminuindo depois até o més de setembro. Os meses de outubro e novembro apresentam excedéncia zero, e a partir de dezembro volta a crescer a quantidade de Agua no solo. A Figura 3.1 apresenta a representagdo grafica do balango hidrico caloulado para Belém. Relaciona Pluviosidade, Evapotranspirac4o Potencial ¢ Evapotranspiragao Real, visualizando-se as areas onde estéo ocorrendo Excedente, Retirada e Deficiéncia No periodo de janeiro ao final de junho, o solo apresenta um excedente de gua. De julho a novembro ocorre uma deficiéncia hidrica. A partir de novembro haverd uma reposi¢do, e dai até dezembro um excedente, retornando novamente o ciclo, A Figura 3.2 apresenta o comportamento das linhas de P, DEF e EXC. para o mesmo periodo do balango hidrico calculado. Pode-se verificar que, durante o periodo de janeiro a junho, 0 comportamento da linha de excedéncia é semelhante a da precipitagéo € isso devido ao grande volume de agua durante esse periodo. A deficiéncia, por sua vez, permanece sempre zero. De junho a novembro o comportamento da linha de EXC e DEF é semelhante, percebendo-se apenas uma pequena variagdo durante junho a agosto, quando o volume de agua diminui. A partir de novembro até dezembro P e EXC valtam a apresentar o mesmo comportamento. Milton Matta = CPGG-CG-UFPA Fundamenton Hidrogeologicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Repiao de Belény Ananindeus = Pars CLASSIFICAGAO CLIMATICA A classificagao climatica de uma dada regiao ¢ 0 resultado das diferentes combinagées dos processos atmosféricos. ocasionando uma gama de variacées de tipos climaticos. Através do balango hidrico foi encontrada a classificagao climatica para a area de Belém. segundo 0 sub-tipo B4r'A’a. significando que o clima é do tipo umido (B4), pequena ou nenhuma deficiéncia de H20 (r), indice de deficiéncia térmica do tipo megatérmico (°A), sub-tipo climatico “a e a percentagem de evaporacdo de veréo é& menor que 48%. Essa percentagem para a regido de Belém também pode ser chamada de percentagem de evaporagao da época menos chuvasa ou mais seca A Figura 3.3 mostra a posigéo de Belém dentro da classificacao climatica a nivel mais regional segundo dados do INMET 3.2- PRECIPITACAO A precipitacéo nas regides equatoriais ¢ um dos elementos meteorolégicos que melhor define o clima. Na regio de Belém e adjacéncias, a precipitacao apresenta valores médios anuais de 2 761,6 mm e 2 892,7 mm (Tabelas 3.2 e 3.3), representativa de 60 anos, segundo as séries climatolégicas dos periodos de 1931-1960, e 1961-1990, respectivamente (INMET, 1998). As Figuras 3.4 e 3.5 mostram 0 comportamento da precipitacao, caracterizando um periodo chuvoso (dezembro a maio) e um periodo seco, ou menos chuvoso (junho a novembro). 0 més de maior precipitagéo é 0 més de marco e o de menor precipitacao € novembro, seguido de outubro, com pequena variacao entre os dois. Milton Matta -CPGG - CG UFPA Fundamentos Hidrogeoldgicos para a Gestio Integrada dos Recursos Hidricos da Reglto de BelémyAnanindewa Pars, 30 ‘Brasil, PONTE: INEMET/Belém Figura 3.3- A Regido de Belém no Contexto da Classificagao Climatica Regional ‘Tabela 3.2 ~ Estaciio Belém - Série Climatolégica ~ 1931 — 1960 MESES | TEMPERATUR | TEMPERATURA | TEMPERATURA |PRECIP.| MAX. | PRES.ATW. | Umid, |INSOLMED| NEB AMEDIA CC) | MAXIMA ‘inna precem | MED Rel MED MEDIA(*C) | MEDIACC) | (mm) | 24Hs (mm) | NVLDA do Artsy] Hs eEC. | DEC ESTAHPA) JAN 256 310 1008,5 7866 | 77 FEV 25,8 30,4 12,3 | 8,3 MAR] 25.4 30,0 102,2 | 86 ‘ABR 28,7 30,8 1318 | 82 MAL 26,0 314 1958 | 7.4 JUN 26,0 314 2395 | 6,1 JUL. 258 37 268,1 | 56 AGO | 26,0 32,0 267,3 | 5.2 SET 26,0 349 235,2 | 56 ‘OUT 26,2 32,0 27 | 58 NOV 265 32,2 2207 | 60 26,3 31,8 213,2 TANUAL Climatolégica ( 1931 - 1960) Estagao: Belém. LAT. 01 27 S e LONG,48,25 WALT. 40,9,M, Fundamentos Hidrogeol6gicos para a Gestto lntegrada dos Recursos Hidricos da Regie de BelényAnanindeua Pars, 3] Bea Tabela 3.3- Estagao Belém - Série Climatolégica — 1961 - 1990 MESES [ TEMPERATURA |TEMPERAT| TEMPERATURA PREC. | _ MAX | PRES. ATM. [Umid. ReL| INSOL.MED| NEB. MED MEDIA RA Minn PRECEM | — MéD ——— Te] mepecy | Mepec) | mm) | 24s mm) NVLDA | doar) | HseDEC. | DéEc. | ESTAHPA) 308 221 | 966.5] 1160 | 10036 | 660 | 1955 | 7.3 30,5 22,2 | 417,5| 117.4 | 1009,7 | 91,0 | 930 | 8, 30,4 22,4 | 436,2| 1369 | 1009,8 | 91,0 | 1037 | 80 30,8 24,8 | 360,0| 1128 | 1003.8 | 91,0 | 1218 | 7,8 31,3 22,6 | 3040] 1035 | 1010,3 | 83,0 | 1869 | 7.4 37 22,4 | 140,2| 95,4 | 1011,2 | 860 | 2254 | 60 37 27 | 482.1 1140 | 1011,6 | 85,0 | 2528 | 5,5 324 27 | 4311) 90,4 | 101944 255.8 | 53 324 247 | 140.8) 67.4 | 1010,7 2283 | 58 32,2 26 | 116,1| 65.4 | 1009,9 2283 | 59 32,3 29 | 111,8| 68,4 | 1009,2 203,3 | 66 319 220 | 216,4| 1214 | 1009,3 179,0 (ANAS | Fonte : Servigo de Meteorologia do Ministério da Agricultura. Normal Climatolégica (1961 - 1990) Estagaio: Belém. LAT. 01 27 S e LONG. 48 25 W. ALT. 10,9 M Analisando-se 0 total de 60 anos, a média anual da precipitacdo em Belém fica em torno de 2.745 mmfano, sendo que a época mais chuvosa recebe 331,4 mmimés e a estagdo seca 126,2 mm/més . O més que apresenta maior precipitacdo 6 o més de margo com 422,5 mmimés, seguido de abril com 361,9 mmimés. O de menor precipitagdo @ 0 més de novembro com 90,4 mmimés, seguido de outubro com 99,9 mmimés. Moraes (1999) mostrou que, durante os ultimos dez anos vem ocorrendo uma invers&o dentro do periodo seco, com o més de novembro ultrapassando o més de ‘outubro em termos de quantidade de chuva. O més de outubro vem sendo o mais seco, com 106,17 mmimés, seguindo do més de novembro com 107,36mm/més, CPGG-CG-UFPA Fundamentos Hidrogeolégicos para a Gestio Integrads dos Bea sursos Hidricos da Regie de BelémyAnanindews Pari, 32 Precipitago Média Mensalmm) - Perfodo 1931 a 1960 JAN FEV MAR ABR MA JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ Mesos Figura 3.4 — Distribuigao da Precipitagdo Média Mensal da Regifio de Belém. Periodo entre 1931 1960. FONTE: MORAES (1999). Figura 3.5 — Distribuigdo da Precipitagéo Média Mensal da Regido de Belém. Periodo entre 1961 e 1990. FONTE: MORAES (1999). Nechet (1984) mostrou que na variabilidade diurna da precipitago para um periodo de 28 anos (1963 - 1990), a maior percentagem de ocorréncia do evento se Mitton Matta ~ CPGG~CG-UFPA undamentos Hidrogeoligicos para a GestdoIntegrads dos Recursos Hidricos da Regido de BelémyAnanindewa ~ Para a a tarde e/ou inicio da noite, sendo que em junho e julho os picos ocorrem no inicio da noite entre 19:00 e 21:00 horas. Moraes (1999), num-estudo de 68 anos (1931 a 1998), mostrou o quanto a precipitagao oscila em torno de sua média, caracterizando uma amplitude anual de 1,655.5 mm/ano e mensal de 324,92 mm/més, tendo o desvio padrao de 15.43% e varianca anual de 238,08mm/més 3.3- REDE DE DRENAGEM A regido de Belém e Ananindeua localiza-se em uma tipica regido estuarina, correspondendo ao estuario Guajarino, parte integrante de um outro maior, 0 Golfao Marajoara, situado na foz do Amazonas. © estudrio Guajarino caracteriza-se por ser um ambiente fluvial com influéncias marinhas e forma-se na confluéncia dos rios Para, Acaré e Guama. Tem como elementos hidricos principais 0 rio Mojii e os igarapés do Tucunduba e Aura A Baia do Guajara ¢ formada na confluéncia dos rios Acard e Guama e esta localizada em frente a parte noroeste da cidade de Belém, prolongando-se até a lina do Mosqueiro, onde se encontra com a Baia do Marajé, no rio Para A margem esquerda da Baia do Guajaré é composta por um conjunto de ilhas e canais. sobressaindo-se as ilhas das Ongas. Jararacd, Mirim, Paqueté Agu e Jutuba, Ao longo da margem direita encontra-se a cidade de Belém e mais ao norte, separadas pelos furos do Maguari e das Marinhas, as ilhas de Caratateua (Outeiro) e do Mosaueiro. respectivamente. Com relagao aos canais que entrecortam essas ilhas, sobressaem-se com importancia para a navegagao regional, o canal da Carnapijé, um prolongamento do rio ‘Milton Matta ~ CPGG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestdo Integrada dos Recursos Hidricos da Regiso de BelenyAnanindews -P'ars, 3 Brasil, Acara em diregdo ao rio Para. 0 canal de Cutijuba. posicionado nas imediagdes da ilha de mesmo nome, servindo de ligagdo entre a Bafa do Guajaré e 0 Rio Para (Pinheiro. 1987). O rio Guama, situado ao sul de Belém, apresenta grande interesse ndo so no aspecto geografice-hidrolégico, mas também no que diz respeito ao abastecimento de agua de Belém, como serd visto em seguida. 3.3.1 - Hidrologia da area do Utinga A area fisiografica do Utinga engloba os mananciais dos lagos Bolonha e Agua Preta (Fig. 3.6). O Utinga esta situado a leste da cidade, com uma area total de 8,989,500 m2 (CENSA/COSANPA, 1983) Os dois grandes reservatérios de agua de que a cidade dispée, lagos Bolonha e Agua Preta, so formados pelas barragens de algumas nascentes e igarapés’ dessa regio, reforgados por uma adutora que Ihes fornece agua do Rio Guamé, Em virtude das condigdes topograficas do sitio urbano, a agua é conduzida para a cidade através do bombeamento, para ser concentrada na estacdo de tratamento de Sao Bras de onde é depois distribuida para a rede domiciliar (Penteado 1968) LAGO BOLONHA O Iago Bolonha, com 2,1 x10®° m? de dgua acumulada é um dos mananciais que vem contribuindo ao longo do tempo, como fonte de agua para o abastecimento de Belém. Apresenta uma forma alongada, sendo margeada na maior parte de seu percurso por uma vegetacdo caracteristica da regiao amazénica, com arvores de grande e médio porte, que contribuem para uma significativa protegao de suas aguas (CENSA/COSANPA, 1983) Milton Matta -CPGG -CG- UFPA Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestao Integrada dos Recursos Hidricos da Regito de Belém/Ananindewa = Pari, ‘Bras, 35 fer) 4 gettin v Peete a eeu NTE 1000 1000 2000 m om os lagos Bolonha e Agua Preta, a adutora para o rio Guamé ¢ 0 Aterro sanitdrio do Aura. Regido a leste da cidade de Belém. Milton Matta = CPGG-CG-UFPA Fundamentos Hidrogeolagicos para a Gestio Integrada dos Recutsos Hidricos da Regito de Belény Ananindeus = Par Brasil, O lago Bolonha tem uma area total de 1.790.000 m?, encontrando-se, em sua maior parte, (1.664.130 m*), nas terras do Utinga, pertencentes & Companhia de Saneamento do Estado do Paré (COSANPA); os restantes 133.870 m*, em areas pertencentes a terceiros. Sua bacia hidrogréfica encontra-se na Regiéo Metropolitana de Belém, no corredor entre a BR-316 € 0 limite da bacia hidrografica do lago Agua Preta Possui duas nascentes. A primeira delas esté localizada nos fundos da Granja Santa Lucia, do Ministério da Agricultura e se encontra nas terras do Utinga, de propriedade da COSANPA. A segunda nascente encontra-se fora de suas propriedades. suas margens esto totalmente ocupadas, existindo lancamento direto ou indireto de detritos no manancial (CENSA/COSANPA, 1983) LAGO AGUA PRETA O Iago Agua Preta, inicialmente com 6 x10° m’ de égua acumulada, foi ampliado de modo a permitir uma reservagéo de 1 055 000m*, com as obras na barragem do lago em 1973, € 0 principal lago que serve como fonte de abastecimento de agua para Belém (CENSA/COSANPA, 1983.) E formado pelas bacias hidrolégicas dos igarapés Catu e Agua Preta, do qual recebe o nome. E margeado quase totalmente por uma vegetacdo exuberante caracteristica da regiao, que contribui significativamente para sua preservacdo natural (CENSA/COSANPA, 1983) © Iago Agua Preta, com uma area total de 7 199 500m* encontra-se em sua maior parte (6.331.850 m’), nas terras do Utinga, pertencentes a COSANPA, e em terras da EMBRAPA; os restantes 867,650 m’, em dreas pertencentes a terceiros. Sua bacia hidrografica também se encontra na Regido Metropolitana de Belém , entre a bacia do Bolonha, Br-316, “Aguas Lindas’ e EMBRAPA (CENSA/COSANPA, 1983) Milton Matta ~ CPGG -CG- UFPA do Integrada dos Recursos Hidricos da Regido de BelémyAnanindeva Tara, ¥ Fundamentos Hidrogeoldgicos para aC Possui trés nascentes. A primeira esta localizada nos fundos do Conjunto Tropical, indtistrias, clubes recreativos e iméveis de ocupacdo residencial, A segunda apresenta-se fora dos limites do Utinga. A terceira encontra-se em terras de terceiros também fora dos limites do Utinga. Apresenta uma larga faixa de vegetacdo em suas margens que funciona como protecao. ‘A area do Utinga passa por um estado de degradacao, em decorréncia da urbanizaco crescente e desordenada que se verifica nos municipios de Belém e Ananindeua, mais precisamente no estreito corredor ao longo da 8R-316, levando ao surgimento de bairros, conjuntos residenciais e multiplicagao de favelas. Nesses locais encontram-se as principais nascentes das bacias hidrograficas dos lagos Bolonha e Agua Preta; algumas dessas nascentes jA se encontram fora de areas fisico- territoriais pertencentes 4 COSANPA, e portanto, sujeitas 4 degradagéo as suas proximidades As caracteristicas topograficas da area fisiografica do Utinga evidenciadas pela existéncia de baixas cotas altimétricas, com terrenos facilmente alagaveis, torna os dois mananciais ainda mais vulneraveis 4 aco poluidora oriunda da lixiviagéo de terrenos mais altos, do facil transporte dos efluentes industriais e domésticos, além da contribuigdo poluidora provinda do lixdo do Aura Esse quadro demonstra os impactos atualmente existentes na qualidade das dguas que abastecem Belém e a necessidade de modificagao do sistema atual ou mesmo da implantago de formas alternativas de abastecimento, a exemplo das aguas subterraneas. 3.3.2- Caracteristicas da rede de drenagem A rede de drenagem de uma dada regio, tratada de forma sistematica e uniforme, pode fornecer informagdes de relevancia para a gestao dos recursos hidricos da area em aprego. Milton Mata - CPGG - CG UFPA sindamentos Hidrogeologicos pare Gestao Integrada dos Recursos Hidricos da Regito de BelénVAnanindewa Tara, 38 lors wk Brasil Na parte da RMB que se encontra dentro da area de estudo, observa-se ima drenagem (Fig, 3.7) com densidade alta. sinuosidade mista, angulosidade média assimetria forte. apresentando como formas anémalas: cotovelo e arco. O relevo de Belém nao difere muito daquele caracteristico para a regiéo Amaz6nica, com a presenga de igapés, varzeas ¢ terra firme. A area urbana é cortada por uma extensa rede hidrogréfica da qual fazem parte inumeros cursos d’agua, que sofrem influéncia das marés tanto do rio Guama. quanto da baia do Guajara, 0 que causa 0 surgimento das areas alagadas (baixadas), intensificada pela precipitagao. Por estarem sujeitos a influéncia das marés, os cursos d’agua tornam-se barragens hidricas nos momentos de elevados niveis de marés, 0 que causa a paralisagao co sistema de escoamento, principalmente quando coincide com as intensas chuvas, causando inundagdes até mesmo nas areas de cotas superiores as das marés. A rede hidrografica da RMB pode ser separada em dois grupos de bacias: as que sofrem influéncia do rio Guamé e as de influéncia da baia do Guajara A maioria das bacias hidrograficas da RMB apresenta problemas de drenagem, mostrando cheias periédicas, danosas a populacdo, atribuidas a trés caracteristicas fisicas que so: cota altimétrica, fator de forma e coeficiente de compacidade. (Matta, 2000). As principais bacias urbanas individualizadas na area de Belém @ Ananindeua podem ser vistas na Fig. 3.8, Milton Matta = CPGG = CG- UFPA Fundamentos Hidrogeoligicos para a Gestto Integrada dos Recursos Hidcicos da Regito de BelémyAnanindeua Pari, 39) Brasil ELEMENTOS LINEARES LIMITE MUNICIPAL /N/ AVENIDAS E ESTRADAS, \Y/ DRENAGEM MMM LAGOS E LAGOAS Figura 3.7 — Mapa da Rede de Drenagem da Regido de Belém e Ananindeua. Milton Matta - CPGG-CG- UFPA 40 JémyAnsnindeus Pars, Fundamentos Hidrogeoligicos pars a Gestdo Integrada dos Recursos Hidricos da Regio: Brasil Abd oun fe ye Figura 3.8 - Mapa das Bacias Urbanas da regio de Belém e Ananindeua. a -CPGG -CG- UFPA Mi Fundamentos Hidrogeologicos para a Gestdo Inegrada dos Recursos Hidricos da Regiao de BelénVAnanindoua Para, 4] Brasil 3.4- GEOMORFOLOGIA Belém localiza-se na regiéo morfolégica dos “baixos platés amazénicos e planicies litoraneas’. Tem seu-sitio constituido por plataforma de cumiada que corresponde ao nivel local mais elevado do planalto terciario. Os niveis destas plataformas situam-se entre 15 a 30 metros e so terrenos escalonados cujas amplitudes variam entre 4 ¢ 15 metros. Existem baixadas inundaveis, formadas por areas situadas abaixo da cota de 4 metros (Corréa, 1989, apud PARA, 1995) As superficies integradas pelos terragos escalonados e pelas plataformas de cumiada, a partir de um vértice localizado junto @ confiuéncia do rio Guama com a baia de Guajara, abrem-se em leque para Nordeste ¢ Norte, formando 3 eixos divisores de aguas que deséguam no rio Maguari ao Norte, na baia de Guajara a Oeste, no rio Guama ao Sul (Corréa, op cit) As unidades de relevo descritas a seguir foram definidas através de estudos geolégico-geomorfolégicos, efetuados pela Compania de Desenvolvimento da Area Metroplitana de Belém - CODEM (1975) e constam de quatro unidades: terrenos sedimentares do Quaternario-Pleistoceno; terrenos sedimentares do Quaternario- Holoceno: zonas rebaixadas e terracos fluviais inundaveis, e planicies fluvio-marinhas + Terrenos Sedimentares do Quaternario-Pleistoceno: é a unidade de maior expressdo na area dos municipios de Belém e Ananindeua, ocupando cerca de 60% da area de estudo, correspondendo a pediplanos aplainados, observando-se localmente ondulagdes suaves de topos arredondados. S&o feigdes que se sustentam por niveis de concregées ferruginosas, que podem pertencer a base de sedimentos Pés-Barreiras. Na cidade de Belém a unidade corresponde as maiores cotas topograficas dos bairros do Marco, Pedreira e Terra Firme; Mitton Matta - CPGG CG - UFFA

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