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[a] Ciclo vital da familia brasileira 0 CONCEITO DE CICLO VITAL Ciclo vital familiar envolve as varias eta- pas definidas sob alguns critérios pelas quais as familias passam, da sua constitui- do em uma geracdo até a morte dos indi- viduos que a iniciaram (Cerveny, 1997). Esses critérios podem ser a idade (de pais ou filhos), o tempo de unio ea entrada e saida de membros, considerando-se que familias séo constitu{das sob diferentes configuragées. Assim, hé 0 casal tradicio- nal heterosexual, 0 casal homosexual, 0 casal reconstituido, todos eles passando por etapas com desafios e tarefas especificos no ciclo de vida familiar. E certo que existe diversos angulos sob os quais definimos a instituigao familia, eallente escolhida — 0 ciclo vital — permite simultaneamente uma visao panoramica e focal, porquanto nao é um conceito rigi- do; ao contrério, permite sobreposigdes reconstituicdes. Esta é uma forma de olhar que tem sido titil nao s6 na orientacdo pré- tica - por exemplo, nas diferentes modali- dades de terapia familiar -, mas também na interpretagao tedrica de dados de pes- quisas e no subs{dio de politicas puiblicas. UM POUCO DE HISTORIA No infcio da década de 1990, uma das au- toras deste capitulo apresentou no I En- Geneide Maria de Oliveira Cerveny Cristiana Mercadante Esper Berthoud contro de Psicandlise das Configuracdes Vinculares e no II Encontro Luso-Brasilei- ro de Satide Mental um trabalho no qual mostrava quatro fases do ciclo de vida fa- miliar, cada um com suas caracteristicas especificas. Alguns casais propuseram-se a contar suas vivéncias. Era o inicio de uma longa jornada de pesquisas sobre o ciclo vital em nossa realidade Em 1995, a autora ministrava no Pro- grama de Estudos Pés-Graduados em Psi- cologia da PUCSP uma disciplina na area de Familia sobre o Ciclo Vital Familiar. En- tre os autores estudados estavam Monica McGoldrick e Betty Carter, cuja obra “As mudangas no ciclo da vida: uma estrutura para a terapia familiar” abordava o ciclo vital familiar da classe média americana, no fi- nal do século XX e propunha seis estdgios: o langamento do jovem adulto solteiro; © novo casal; tornar-se pais; o sistema familiar na adolescéncia; Iangando os filhos e seguindo em frente; a familia no estégio tardio da vida. Qnaerye A fase em que a familia ficava nova- mente reduzida ao casal era denominada “ninho vazio”. No curso da disciplina, questionava- se a existéncia do chamado ninho vazio, e um grupo de alunos decidiu ira campo para entrevistar pessoas nessa fase. Um dos cam- de aquisigio engloba ie ve entada do 3 aguisigio da parenta- sd ds objevoscomurs. H 10 anos, a ptineapesqusarealizada, a conguis {ade seguanca, raduida na aqussao da {as prpri, em laos desaide cem pou- fa praestuo ds flhos, era 0 que os asa esa fase mals desjovam. Na se- sana pesquisa, hd seis anos, a qualidade devia era o sno mais comm. Rede de relages, complementago de estudos com meno prosina, empre- fos com benefice que incuam fara também eam deseosprventes, 0s quais fo de derasordent:emoionals,eco- nv, e assim por dante, Nio se quer ues fases do cil vital a $e preocupe com iso, j8 que tos ia mas compete oraimerode quskées seston ae. a segund ase denominase familia sdolecent, nome dao devo sofa de ‘amseids falas haver ua tendé Side desler, Opis alent rit adlescnca, eto na faiea dos folesceu ficar com a carga illo. Nas duas pesquisas, enc’, ta o envelhecimento, Esta é a g ert Ha sh americano. Isso poder mudar daqu ume fou duas geragbes, pois as familias exio cada vez menores; além disso, a chanada “década perdida na economia brasein™ teve como reflexo grandes ‘econdmicas para a classe média, {jf se faz distante, e os adultos jovensestio tendo maior facilidade para obter indepen déncia econdmica e, por conseguint, it dependéncia familiar ‘Afase tiltima, ampliada pelalongert dade, inicia-se quando o casal volt fat sozinho. A qualidade e as caracersios dessa fase sfo quase uma consequénca ‘como foram vividas as anteriores. Se 0< sal tiver a chance de manter um bom P rao de vida, ter cuidados, lazer, eno tros, esta serd uma fase de cole. ft ‘outro lado, a viuver t ver sia 0 ee no mais esperado e difiil da fase AHISTORIA CONTINUA CCerveny e um grupo de alunos verificar através de uma pesd dir ed tre outros. (Os dados da pesquisa indicavam que as fafa ain ‘mesmas quanto ® com predominio da ‘casamento como forte ligho familar, do marido como pro- vedor da familia e da mulher sendo res- | ponsével pelastarefas doméstica. AS dif fengas surgiam quanto ao alto nivel de izagdo e profssionalizagdo da mu- ier e& sua efetiva participacio no merea- do de trabalho e no orgamento familiar, ‘acarretando mudancas adaptativas do ho- ‘mem que acompanha as transformagdes do | papel da mulher. ‘As caractersticas que parecem ter se mantido mais estiveis quanto a dindmica | familiar sio amor e dinheiro como ideal; cestudo e profissionalizagio dos filhos como | meta familiar; figura materna com a fun- dirego da casa; filhos com maior partic ares, grande va propulsor das Manual pia tar | 27 ‘Metodologia da Teoria Fundamentad Dados (Grounded Theory Metodol claboraglo em profundidade teéricos que explicassem 0s vivenciados pela familia em cada {ases do ciclo, com suas categoria esubcate- ¢gorias, chegando a um retrato detalhado dela (Cerveny ¢ Berthoud, 2002). ‘Apartirde 2004, surgiu no Grupo Fa- ‘mila e Comunidade da ANPEPP (Associa- ‘qdo Nacional de Pesquisa e P6s-Graduagio ‘em Psicologia) a proposta de um levanta- ‘mento do eilo vital familiar no Brasil, ago- ra com o questionério de 1997 ampliado e rmodificado, em 14 capitais brasileira. A pesquisa, ainda em andamento, €coorde: do investigadas| do 200 da Capital, 200 do ABCD e 200 do ticamentea metade da maneira: 25,19 na Fase de Aquisicio, 4 Valo 808 via gheaber Poss! 2 ot 28 | wzcore scent, 36,540 8 Fase , publicado). Independentemente de géne- Foe faixa etéria, a maioria dos pesquisados (gio e promocio da saide integral foint, io es- viduo, que assola os profissionsis, ‘consideradas muito mais ela cara ue como perdas de um troca de afet ideal’ formagio pes ‘constatarem defeits e problemas nas re- lagbes entre familiares, nfo trocariam de familia e, ainda, pretendiam constituir/jé i haviam constituido famfias préprias, ba- + seando-se nas suas experiéncias nas fami- familia como locus ‘de promogso de sade formadora do celéncia. Tem de tee, ao mesmo tempo, protege 30s set E conceituada de forma flexivel, J uene Deste 1994, com criagéo do programa deSside dani o nino da Sade ssa continuar cumprindo seus péis de formar, cuidare proteger as no- ‘geragdes, dando-Ihes base de moral fe 1996, emos analisadoosigni- ficado da familia para os brasileros em ind- ‘eras pesquisasrealizadas no NUFAC (Ni- Cleo de Famafia e Comunidade PUCSP) e famflia paulista ro NPF (Micleo de Pesquisa da Familia - neira em mostrar o quanto a familia, inde- gio de seus membros ” wm UNTTAU), os quais tabalham em esteita pendentemente da fase do ciclo vital que sta implantagio, ini- ainda i ‘5 , ;pouco ampara ‘tm demonstrado seus mecanismos e politcas i 0, ram pubeados os resul- ide caps uaa realize {Ba oapenso em profndidade aia em fala em casa, fase do ciclo ciada ante Te ied ‘mult expressivo 0 ndimero Lene! elas universidades, as ounces tae ais 10 ans de esrudos, Tl ono de que a fami. se de uma forma bastante frais feet ane a ge cy aa ea sa ‘em casa) e em relagio & homoses ne? de. Em contrapartida, apa a gravidez fora do casamento cenquanto 0 easameno eo dinheiro sao importantes apenas para ‘um tergo dos pesquisados. COMO COMPREENDEMOS A FAMILIA CONTEMPORANEA (Os meios de comunicaglo, o gover? ¢# igreja voltaram sua atencSo para fan nessa tltima década. Programas eT." Portagens e pesquisase te aparecendo na midia trazendo 3 wih tais mudangas, Muitos pesquisadors ti trabalhando para mostrar 0 Beth necessidades e os desejos dt do cio Sr. Ua plodiso éo dado a seguir, com uma recente pesquisa do IBGE: Somente meade doshomensrealzam (Quem sio esses homens e essas mu- theres? Seu comportamento &0 mesmoem ‘pesquisa hd 10 anos que, no inicio da vida Conjugal, ou sea, na Fase de Aquisig, 05 hhomens ajudam as mulheres nas tarefas ddomésticas. Nas fases Adolescente e Ma-

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