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“ Direito Constitucional 1. Den sitamentr ince dos eins snes (7,5 valores) 1. Conssiuisio materia A constituigio material pode definir-se em conteaposisio a constituigao formal, na ‘medida em que em sentido formal, fazem parte da constituiso todas ¢ voment ‘pormas que imiegram a constituisdo escrita, ou say 2 ei o8 leis formalmente ‘constinicionais; ¢ em sentido material, fazem parte da constituiso somente as ‘ormas que pela sua importincia memcem ser consideradas fandamentais, independentemente de estarem ou nao interidas na constituigio formal ou nas eis, formalmeme constitucionais. [Neste entendimento, pode nio haver coincidéncia entre constituigo formal ¢ te nos Estados possuidores de constituigdo material. Constituiso formal s6 ‘uma constituisio escrta, vertida numa lei ou conjunto de leis dotadas de especial forsa juridica. J& a constiuigio material existe em qualquer Estado, mesmo que ‘ado possua constituigfa formal. E v caso do Reino Unido, que no tem constituigio formal. E era 0 caso de outros paises, como Portugal, antes da a” dos sécs. XVIII e XIX. $6 assim se podem entender revoluszo constitucional afirmasées de autores como as que se seguem: Almeida GARRETT (1830): “antes da revolugio de 1820, Portugal tinha com feito sua constituigdo, nem hi Estado que 4 nio tenba’ Ferdinand LASSALLE (1862): “cada pais em, e reve sempre, em todos os momentos da sus historia, uma Constitaizo real ¢ verdadeirs. O que é caracteristico dos tempos modemos ~ ha que reter bem este aspeto, endo ja ~ ndo slo as Constituipdes reais e esquect-lo, pois tem muita import cfecivas, inas as Constituisies escritas, as folhas de papel"; Rogério Soanes (1986): “qualyuer comunidade politica supde wma ondenasio fundamental que 4 constieui e Ihe di sentido ~possui uma constituigio"s 80 Paulo OreKo (2010): hinden consincional portuguesa é anterior 3 ‘Revolaso Libera de 1820, pois desde que Portygaléum Estado que existe ‘uma normariilade regulndora do poder politic € das eases ene formal contena algumas normas que ‘ado satisfazem os requisitos da materialidade constitucional, por nio possuirem suficiente relevdncia (por exemplo, na Suisa a constituisio chegow a fer uma norma intciras que devam ser consideradas como materialmente constitucionais, dada a sua importincia e felevdncia para a ordem fundamental da « proibir o absinto). Inversamente, pode haver normas om I tividade, apesar de nio estarem inseridas na constituig3o formal, Tal & 0 caso, por exemplo, da Declaragio dos Direitos do Homem ¢ do Cidadao de 1789, em Fran Caso sintomitico ¢ o da nossa Carta Const ional de 1826, que estipulava ela ‘mesma que s6 tinham valor constitucional as normas respeitantes & organizagio {dos poderes ¢ aos direitos izdividuais, podeado as restantes ser livemente ‘modificadas por lei ordinria, sendo, portant, “Aesconstitucionalizadas” pela propria Carta (*autodesconstitucionalizagio"), No fundo, o que esse preceito queria dizer € que as demais normas ndo cram materialmente constitucionais, mas {que também no cram juridicamente const tucionais, apesar de fazerem parte da constituis2o formal, sendo tratadas como normas infraconstitucionais, nomeadamente quanto a sta revisio. 2. Poder constituinte Eo poder de fazer a constitigio, que emit a constituisio e que assim “constiui® (0 reconstiti) uridicamente o Estado € 0s poder originér piblicos. Bum poder . ré-constitucional ¢ em principiniimitan. © poder constituinte lemocriticn €exereido diretamente peli). ir. de referendo) ou pelos seus nes ( smbleia constituinte); » podce constituiate autocritico & : 3! ‘ercido diretumente pelos Giulares do poder politico (monarcas, juntas ‘evoluciondrias, ete:).O poder consiuiate¢ normalmente assumido em sitwases ‘de rutura da ordem constitucional (evolugdes, golpes de Estado), que pem fim & ‘ordem constitucional preexstemte, E easencial a dstinst0 entre poder consttuine¢ poderes constituides, visto que aquele ¢ um poder orginsto, enquanto os segundos slo poderesdevivados, criados Pela consttuigd0 © subordinados constituigso, O priprio poder de revisio ‘constitucional ¢ um poder derivado, e alo uma renovasio do poder constisuinte, ‘Sendo prevsto © regulado no proprio texio constitcional 3. Duragio ¢ limitagio dos mandatos piblicos ‘A durasio limitasto dos mandatos public é um coroitio do prinespio ‘republicano (art da CRP). O principio republicano imp a proibigho de cargos vitalicios ea renovagie temporal do mandato de todos 0 cargos poicos (art. 118 CRP). Além da temporariedade dos cargos publios, o principio republicano inclui ‘também a idcia da limtasdo do mimero de mandatos sucssivos, a comesar pelo Presidente da Repiblica, cujo mandato s6 pode ser renovado wma vex (at.” 23 CRP), sem excluir outros ttulares de Oegdos executives (art.” 18, n°2 CRP). No cntanto, a CRP ndo prevé cxplicitamente a limitagZo de outros mandatos piblicos, incluindo mandatos leislativos (deputados). Resta saber se o principio republicano ‘em si mesmo ndo constiui base suiciente para o seu estabelecimento por via de tei 4. Lei onginica A categoria das leis ongnicas foi introduzida na Constiuigio com a revisio de 1989, icionais). $6 existem Sio leis ordindrias de regione especial (logo, ndo sio leis cons fem matérias de competéncia exclusiva da Assembleia da Repablica © esto vinculadas a0 principio da tipicidade, isto é, s6 0 so aquelas que a Constiuigao © seu universo por considera como tais (166.", n.° 2). A Consttuigto delimi édio de dois critérios: matéria © procedimento. As matérias sujeitas a Organica sto em geral de imporcineta politico-instivucional especialmente relevante (66.7, 0." 2). leis ongdnicas pode ser pedida nao 5 pelo Presidente da Repiblica mas também pelo Primeito-Ministo ou um quinto dos deputados em feividade de fungies 278.4). ‘Além disso, sendo leis rforgadas (art. 12"-3) as leis ongnicastém de ser respeitadas or outras teis, sob pena de “ilegalidade relorsada”, cujo regime de fiscalizasio indicia s¢ aproxima do regime da fiscasizagio da constitucionalidade, sendo também competéncia do Tribunal Constitucional (CRP. arts. 280-282). 5. Constituigio de Cédie (1812). ‘Sem contar com o Estatuto de Baiona de 1808, proclamada sob o dominio ‘apolednico, Constituisio de Gadi € a primeira constituigto de Espanha, ‘laborada ¢ proclamada cm 1812, pelas Cortes Consttuintes convocadas para o ‘feito dectarada nula em 1814 pelo poder monirquico restaurado, foi restabelecida, ‘novamente, em 1820. Pos fim a0 absolutismo mondrquico € absiv caminho aos Principios do Estado liberal) soberania da nagto; (i dircitosfundamentas, (i) sistema representativo; (7) principio da separasio de poderes; (1) principio da ‘egalidade, segundo o qual o governo 6 poderia atuar com base no respeito pela tei. No seu segundo periodo de vigéncia, coincide com 0 primeito constitucion, liberal portugues (1820-1823). Na realidade, a Constituiglo de Cidis fonte de inspiragdo da Constituigao portuguesa de 1822; Constiintes de Lisboa (1821-1822) ado s lini) « “copia” 6 texto "onal de Cis, sendo certo que, em determinadas mat ‘sua originalidade. Como diferencas substanciais entre os dois textos no entanto, as Cortes 2 0 procedimento legislative parlamentar de elaborasio ¢ aprovasio das leis organicas cidades importantes, 90 procedionesee: zagdo preventiva da Reaeeneeaeewwewmwnw wenn ee - 3 constitucionais destacamos: (i)0 catilogo dos direitos fundamentais ~ enquanto na Consttuigdo de 1822 ve reservou um capitulo proprio para os direitos fundamentais, colocado a cabega do texto constitucional, na Constiuisio de Cadi os direitos fandamentais surgem dispersos pelo texto constivucional; ii) 0 sistema eleitoral _revisto para as cortes ordindrias subsequentes ~ a Constituigo portuguesa optou Por eleigdes diretas, enquamto que na Constituisio espanhola estava previsto um sistema de cleides indiretas, em quatro graus: compromissirios, eleitores de Paréquia, elitores de comarca, deputados (sistema que tinha sido adotado em Portugal aa cleisio das Cortes de 1820); (ii) Constituigao portuguesa estabeleceu lum recenscamento cleitoral oficioso, que falta na Constituigso espanhola. De uma forma mais pontual, notam-re diferengas textuais ao nivel (iv) do conceito de soberania; (r) da consagrasio da independéncia dos tts poderes do Estado; (vi) da ‘atribuisio da cotitularidade do poder executive a0 rei c aos secretirios de Estado e ‘ministros; (vi) do tratamento mais restritivo da pessoa do rei e das preerogativas Constitucionais que the slo atribuidac- (vii) do poder de veto legislativo do Rei. 6. Moco de ceasura. ‘A mosio de censura & um instrumento de controlo politico do Parlamento em relasio a0 Govemno, caracteristico dos sistemas de governo parlamentaristas, em que 0 segundo é responsivel perante 0 primeira. A mosio de censura a0 Governo consiste numa proposta levada a votagio pela oposigdo ao Parlamento, que vi Feprovar 4 execusio do programa do Governo ou a gestio de assuntos de relevante interesse nacional (art” 194 CRP). A iniciativa esta reservada a um quarto dos deputados em efetividade de fungdes ou a qualquer grupo parlamentar (art." 194 ‘mogdo de censura basta uma maioria simples, ou seja, CRP). Para se aprovar 4 aprovasio por maioria ubsoluta (mimero de mis votos a favor do que contra votos superior a metade dos deputados em efetividade de fungdes, 16 ou mais) & condigdo para demissdo automética do Governo (art. 19, n." Lal. CRP), ‘obrigando a uma nova solusdo governativa mo quadro parlamentar existente ou a

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