Ensaios Sobre o Sofrimento Humano (Alice Holzhey-Kunz)

You might also like

You are on page 1of 322
Ey VES ye-1)) 1d 0 SOFRIMENTO HUMANO pote ud Ula Cte Celi ice) de sie lembranc¢a.emocional iM i PVE o} =o) oy nt ca gar de) 4 Alice Holzhey-Kunz nasceu em 1943, em Zurique, Suica. Em 1971, Formou-se fem Histéria e em Filosofia na mesma cidade, e concluiu sua formag3o em 1976 como psicoterapeuta no Instituto Daseinsanalitico para Psicoterapia e Psicossomatica, fundado por Medard Boss. Em 1983, afastourse do Instituto de Boss, juntandose a Sociedade para Antropologia Hermenéutica_e Daseinsandlise, 2 qual preside atua mente e onde coordena os "Seminérios Daseinsanaliticos de Zurique”. Sua obra est sendo cada vez mais conhecida no Brasil, pois dois de seus livros foram recentemente traduzidos para 8 lingua portuguesa e publicados pela editora Via Verita, a saber, Verdade emocional: © contetido filoséfico das experiéncias ‘emocionais e Daseinsanélise: o olhar fi- loséfico-existencial sobre 0 sofrimento psiquico e sua terapia, O presente volu me ~ Ensaios sobre o sofrimento huma- no: a existéncla entre esquecimento de si e lembranga emocional - é fruto de ‘um trabalho conjunto que reéine textos redigidos por Alice Holzhey-Kunz por cocasi6es diversas: congressos, cursos © seminérios, por exemplo. Com a curado- rig de Marco Casanova, foram reunidos ENSAIOS SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO: A existéncia entre esquecimento de si e lembranca emocional ENSAIOS SOBRE O SOFRIMENTO HUMANO: A existéncia entre esquecimento de si ¢ lembranca emocional Alice Holzhey-Kunz I edigso Rio de Janeiro, 2023 Copyright@ Vie Verite Todos os direitos reservados eprotegidos pelaLei rr. 9610de 12.2,1998, Eproibidaa reproducio total ou parcial semaex- pressaanuéncia daeditara. Esse livre foi revisado segundo. Avardo Or togedfico da Lingua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009, EDITORA Via Verita LTDA EDIGAO Monica Paape Casa Nova CAPA E PROJETO GRAFICO Arthur Rocha e Giovana Paape Cass Nova DIAGRAMAGAO Alexandre Sacha Paape Casa Nova ‘TRADUGAO Deborah Morvira Guimaries, Marco Casanovae Paulo Gil Ferreira REVISAO André Sendra de Assis e Deborah Moreira Guimaries: Dados internacionais para catalogagao na publicagio iCIP) H762 Holzhey-Kang, Alice, 1943- Enaios sobte o safrimento humano :a exist@ncia entre esquecimento de sie lembranga emocional / Alice Holzhey- Kunz ; tradusio: Deborah Moreira Guimaraes, Marco Antonic Casanova ¢ Paulo Gil Ferreira ; revisdo técnica: André Sendra de Assis e Deborah Moreira Guimaraes. — 1. ed. ~ Rio de Janeiro Via Verita, 2023, 322 p.;21.¢m, Uibliograia.p. (917-219). SBN 978.65-998169.8.7 |, Sofrimento ~ Aspectos psicologicos. 2, Psicologia cexistencial. 3. Psicoterapia existencial. 4. Psicanslise 1. Guimaraes, Deborah Moreira. Il. Casanova, Marco Antonio. IML Ferreira, Paulo Gil. IV. Assis, André Sendra de. V. Titulo cpp - 616.89 Roberta Maria de O. V. da Costa ~ Bibliotecaria ORB-7 5587 VIA VERITA EDITORA wwwviaverita.com.br editorial@viaverita.com.br @via.verita DIRETOR CULTURAL Marco Antonio Casanova (UERJ) CONSELHO EDITORIAL Marco Antonio Casanova (UERJ} Robson Ramos dos Reis (UFSM) André Duarte (UEPR) Alexandre Marques Cabral (UERJ) COMISSAO EDITORIAL Joao Carlos Brum Torres (UFRS) Giorgia Cechinatto (UFMG) ‘Marco Antonio Casanova (UER)) Deborah Guimaries (UER}) Rébson Ramos dos Reis (UFSM) Marcos Gleizer (UERJ) Michael Steinmann (Stevens Institute for Technology) Marlene Zarader (Universidade de Montpellier) Irene Borges Duarte (Univ, de Evora) Roberto Novaes de $a (UFF) Emildo Stein (PUC-RS) Cristine Mattar (UEF) ‘Tradugio: Deborah Moreira Guimaraes, Marco Antonio Casanova e Paulo Gil Ferreira Preficio: André Sendra de Assis Apresentagio: Paulo Roberto Reimao Machado Revisdo técnica: André Sendra de Assis e Deborah Moreira Guimaraes SUMARIO Prefacio - André Sendra de Assis re Apresentacio - Paulo Roberto Reimao Machado 2 Sobre a diferenga entre autoilusio “normal” e“patolégica” 42 “No mundo, v6s tendes afligo (angistia)”: a.angistia no campo de tensio de um discurso filoséfico e psicopatolégico 7 ‘Como a angtistia se encontra em relacéo ao cuidado? Ou: uma psicoterapia daseinsanalitica pode se orientar filosoficamente pelo ponto de partida de pensamento de heidegger em sere tempo? 91 Um apelo a uma atitude mais racional na daseinsanalise contemporanea 123 Sobre a dupla contribuigao de heidegger a psicoterapia daseinsanalitica 135 A ambiguidade da exporiéncia e a angiistia de aprender com as experiéncias 163 0 sofrimento da negatividade do querer 183 Sofrer sob 0 predominio do tempo 209 Por que nao temos o direito de nos entediarmos? Conferéncias da Egnér-Stiftung: corpo em uma compreensio psicassomitica e somato-psiquica Autonomia e solidio Referéncias bibliograficas principais 10 239 263 289 37 Prefacio André Sendra de Assis Comentar trabalho de Alice Holzhey-Kunz é, ne~ cessariamente, falar de um caminho de pensamento que visa estabelecer fandamentos claros e consistentes para a Daseinsanilise. No sentido de viabilizar este projeto, a autora apresenta posigoes diversas em relagio a seus predecessores, Ludwig Binswanger e Medard Boss, considerados os fun- dadores da Daseinsanslise, cada um em seu tempo ¢ em sua perspectiva particular. Ambos ancoram seus erabalhos na fenomenologia hermenéutica de Mastin Heidegger, partin- do da analitica do ses-ai (Dasein), porém, tomando ramos diversos. Binswanger, direcionado por uma psicopa‘ologia daseinsanalitica, propés uma leitura critica de Ser e fmpo ~ obra capital de Heidegger publicada em 1927 ~ a partir da qual procurou acentuar a questio do “nés’, superando 0 que considerava uma posigdo excessivamente solitéria do “exis- tente” na obra do fildsofo que, na visio do psiquiatre suico, deveria ser complementada por uma fenomenologia doamor! Boss, por sua vez, tentou apoiar-se no pensamento tardio de Heidegger sobre o “Ser” para superar a concepeio cientifica sustentada pelo sujeito cartesiano presente na medicina e na psicologia. Embora tanto Binswanger quanto Boss tentassem tornar o pensamento filoséfico de Heidegger frutifero para ‘uma abordagem fenomenolégica e nfo puramente técnica do sofrimento mental, segundo Alice Holzhey-Kunz, cada um permaneceu ao seu modo comprometido com o dscurso médieo que também interpreta o softimento mental como “doenga" e, portanto, como um desvio negativo da “sate”. 1, Cf. BINSWANGER, Ludwig. Grindformen und Erkennt- nis menschlichen Daseins. Zurique: Max Niehans, 1942. i De que modo Alice Holzhey-Kunz agora tents se desligar do discurso médico cientifico tanto em uma psi- copatologia quanto em uma psicoterapia daseinsanalitica? Esse problema nio s6 determina o pensamento dos autores citados, Binswanger e Boss, mas também caracteriza uma grande parte da Psicologia, da Psicopatologia e da Psiquia~ tria que procura no pensamento fenomenolégico um solo 2 partir do qual seria possivel estabelecer uma ciéncia que pudesse fazer frente ao cientificismo téenico que predomina no nosso tempo, Em primeiro lugar, ela procura reabilitar ¢ reinserir a questiio da hermengutiea — que, nesse caso, significa, lite- ralmente, interpretagio ~ e trazé-la de volta ao campo da Daseinsanilise, propondo um programa de uma Daseinsa- nilise hermenéutica que nao teme a palavra “interpretaci apenas porque esta é nativa da psicanilise, na qual muitas vezes ocorre uma fuga dos fendmenos em dire¢io a uma metapsicologia especulativa. Se, por um lado, ela reconhece 0 problema das interpretagSes psicanaliticas que muitas vezes sacrificam os fenémenos para impulsionar pressupostos te6ricos; por outro lado, ela se filia abertamente a Sigmund Freud (, por conseguinte, a toda tradigio psicanalitica), com base naquilo que cle propéc como pedra fundamental do seu trabalho, até mesmo para sintomas psicopatologicos manifestamente sem sentido: a suposigao de que os sinto- mas tém um significado oculto que é interpretativamente acessivel. Desse modo, ela pensa conjuntamente Freud e Heidegger, considerando que os dois concebem que ha no humano “uma inclinasio insuperavel para a autoilusio, e 0s dois fundamentam essa inclinaso com 0 fato de que © homem estaria sobrecarregado consigo mesmo”. Nio & 2, Cf: HOLZHEY-KUNZ, Alice. Duseinsandilise: 0 olhar filos6fico-existencial sobre o sofrimento psiquico © sua terapia. Rio de Janeiro: Via Verita, 2018, p. 16. ‘ dificil encontrar essa posi¢ao em ambos os autores. Enquanto em Freud a dinamica da “defesa” visa proteger o “eu de sez inundado por desejos inconscientes; no trabalho inicial de Heidegger, Ser ¢ tempo, o Dasein & carneterizado por uma faga da verdade nua e cua sobre o que significa ser wm ser humano. Esta fuga também uma protegio necessaria contra a “anguistia” e, portanto, nem evitével, nem mesmo “curivel” terapeuticamente. Partindo, entio, da premissa fundamental de Freud em relagio 20 acesso interpretativo ao sentido velada do sofrimento, que a autora aprofunda por meio da flosofia, existencial de Kierkegaard e Heidegger, Alice Helzhey- ~Kunz considera, dessa maneira, que a Daseinsandlise € uma corrente auténoma no interior da Psicandlise. Esta visio é nova, mesmo que a autora possa se referir a Binswanger por ela, que declarou em uma tinica passagem que sua Diascin- sanilise nada mais é do que uma ‘psicanilise sob 0ntos de vista daseinsanaliticos”. Para ela, a natureza especial da Daseinsanslise dentro da psicanilise resulta do fato de que a Daseinsanilise aprofunda as interpretagées psicanaliticas que, além de serem muitas vezes excessivamente tedricas, permanecem basicamente no nivel dntico de eventes con- eretos, encobrindo a dimensio ontolégica, que ¢ a diresa0 interpretativa daseinsanalitica, por exceléncia. A dimensio ontolégica nao contém nada além da conditio humana, a totalidade das condiges humanas basicas, que em sua pura facticidade sto apenas emocionalmente acesstveis, e abertas radicalmente apenas na emogao biisica da “angustia’,a qual Kierkegaard foi o primeiro a distinguir do “medo” ¢ apre- senti-la como uma experiéncia afetiva ontolégica (ao invés de dntico-psiquica). A condigdo humana esta subjacente a toda existéncia humana, independente de biografias particulares, A autora B se vale de uma formulasio de Heidegger em Ser ¢ tempo sobre essa questio na qual ele considera que em todo o entendimento éntico ha uma inclusio pré-ontolégica Isto significa que mesmo no esquecimento mais cotidiano, somes constantemente lembrados da condigfo hunana. Dessa forma, compreendemos que 0 existir humano tem sempre uma relagio com seu ser, com aquilo que 0 -nasca cde maneira mais profunda. Isso quer dizer que o humano € sempre também um ser filosofante, pois se relaciona com a esséncia do que € ser humano, independentemente de fazer reflexes filoséticas sobre sua vida. Cotidianamente a dimensio filosofica fica em segundo plano ¢ 0 existente se mantém, em algum grau, proteg do da veidade existencial, por mais que ela se anuncie tacitamente até nas experiéncias mais banais, Porém, pode ocorrer dessa verdade se enviar mais pronunciadamente em diregio a0 foco da experigncia e, nesse caso, aparecer em seu carter ameagador. Para dar conta dessa experiéncia, a autora se vale da expressio escuéa particularmente agusada que Medard Boss utiliza para tratar da experiéncia do esquizofrénico, na qual hé uma relagao mais direta com a verdade que aparece de maneira perturbadora. O que est& em jogo aqui 0 fata de que alguém pode se tormar mais (aispacente pars una verdade filosdfica ¢ escutar, de maneira mais agucada, aquilo que a vida cotidiana encobre (no por completo). Alice Hotzhey-Kunz amplia o termo usado por Boss para alsm do modo de ser esquizofrénico, em diresao a toda experiencia humana de antincio pronunciado da condigao humana, na qual ela pode aparecer de maneira ameagadora, Essa ameaga se dé quando a dimensio ontolégica ganha o primeiro plano sem que alguém esteja pronto para uma verdade filos6fica. Prontidio essa que Heidegger sugere ser a possibiiidade mais propria do existir. Essa discussio € importante, pois 4 a autora extrai desse ponto exatamente uma compreenstio psicopatolégica peculiar. Para ela, uma escuta particularmente agucada, significa fazer uma experiéncia mais profunda que a média das pessoas. Isso poderia ser entendido como uma clarividéncia, como um dom, a nfo ser pelo fato de que aquele faz essa experiencia, padece dela. Nesse caso,aquele que est em sofrimento psiquico, sofre também pelo ser. Seu sofrimento tem um sentido existencial. Colocendo as coisas desse modo, a autora visa superar 0 entendimento de toda perspectiva normativa que lida com essas experigncias por meio de termos como doensa ou patologia, que sempre ecoum certo déficit ow falha em, uma normalidade presumi~ da, Ela aponta que mesmo a Daseinsanilise, embora tenha buscado uma saida para isso, até entio, sempre acabou de algum modo incorrendo nessa perspectiva em algum grau. ‘A consideragao da cimensio filos6fica do softimento, traria ‘entio, um olhar renovado ¢ livre de uma concepgio teenicista e normativa dessa experiéncia humana, A Filosofia, entao, insere-se na Daseinsanilise herme- néutica de Alice Holzhey-Kunz de duas formas distintas. A primeira, e mais ébvia delas, reside no fato de que nessa perspectiva a consideracao do existir humano é filos6fica € no psicoldgica, porque se trata das condigdes bisicas ontol6~ gicas do Dasein. A segunda forma, consiste em compreender o existente como um ser que sempre é também filosofante, que sempre de alguma forma, mesmo que geralmente apenas pré-ontologicamente, se refere a seu préprio ser € implicitamente lida com ele. A filosofia é aqui atribuida ao set humano como tal, porque toda relagZo com a condigéo humana é por si s6 uma experiéncia filos6fica, Formulado de forma ainda diferente: Como 0 fato de ser filosofante sempre fiz parte da existéncia humana, qualquer investiga~ 40 psicolégica de um ser humano individual deve também 1s levar em conta a dimensio filosdfica de sua existéncia, Nas palavras da autora: Em nenhuma corrente psicoterapeutica, a flosofia zem uuin significado tao central quanto na Daseinsandlise Pois s6 aqui. filosofia é nao apenas abduzida, a fim de fundamentar uma imagem propria de homem ou para laificar o status do préprio corpo teérica, mas ela serve de maneira completamente direta como fio condutor, a fim de desencobrir e compreender o sentido velado mesmo das experiéncias cotidianas, que so feitas pelos pacientes com si mesmos e com o mundo. Com isso, limite normalmente rigido entre flosofia e psicologia é suspenso na Daseinsanalise, (2018, p. 217) Com a considerasao da dimensio filosofica do sofri mento, Alice Holzhey-Kunz busca superar 0 questionamento levantado anteriormente sobre o impasse de localizar a Daseinsandlise de maneica clara entre a filosofia e a ps cologia, compreendendo, entio, que nessa perspectiva hi uma “suspensio” do limite entre as duas matérias ~ 0 que as tornam copertencentes a um mesmo problema. Alia-se a isso o fato de que ela propde que a Daseinsanélise deve ser concebida de modo a se implicar com a insergio desse pensamento no ambito piblico, possibilitando um debate interdisciplinar com perspectivas diversas, Tanto com a visio de que a psicanilise de Freud nio € uma disciplina cientifica mas, pelo contrétio, uma disciplina hermenéutica, & qual ela quer se ligar novamente com seu novo entendimento da Daseinsanilise, quanto com aconsi- derasao da dimensto filos6fica do sofrimento mental, Alice Holzhey-Kunz se afasta radicalmente da Daseinsanilise de Medard Boss, que se baseia inteiramente nos seminirios de Zollikon realizados pela Heidegger nos anos 50 ¢ 60 ¢, portanto, se baseia no pensamento tardio de Heidegger 16 sobre o Ser, que, para ela, visa principalmente superar 0 suposto “subjetivismo possessive” de Descartes na medici- na ¢ na psicologia. Ela também acusa a Daseinsandlise de Boss, identificada com a filosofia tardia de Heidegger, de se posicionar de uma forma absoluta que nilo deixa espaco para possiveis criticas & posig&o filosofica posterior de Hei~ degger, especialmente em sua ligacio com a defesa politica do nacional-socialismo na Alemanha, bem como com seu antissemitismo. Na opinio de Alice Holzhey-Keng, isco Jevou a Daseinsanslise de Medard Boss a selar-se hermetica~ mente contra todas as criticas,ao mesmo tempo em que essa perspectiva se mantém convencida até hoje de gue, gragas 4 sua abordagem anticartesiana, é uma ahordagem muito superior a todas as outras direges em Psicologia, Psicopato- logia e Psicoterapia. Isso, de acordo com a principal censura da autora, tornou impossivel qualquer desenvolvimento e mudanga intelectual dentro da Daseinsanélise de Boss. A nova Daseinsanalise, que Alice Holzhey-Kune desen- volveu passo a passo durante mais de trés décadas, tem seu foco em uma psicopatologia existencial-hermenéutica, que é radicalmente diferente da psicopatologia completamente médica de Boss, que entende tudo que esti doente,incluindo s.alma, de forma puramente negativa como uma ‘privagao" de satide (como aponta Heidegger nos Semindrias de Zalliton). Isso tem consequéncias de longo alcance para ura psico- terapia daseinsanalitica. Enguanto com Medard Bess e sua escola, a principal tarefa do psicoterapeuta daseinsanalitico era ajudar o paciente a se libertar das inibigées adquiridas ¢ assim se tomar uma pessoa verdadeiramente aberta, agora, como no tempo de Freud, ele tem a tarefa de, antes de tudo, se sintonizar completamente com o paciente ¢ escuti-lo 0 mais possivelmente sem reservas. Da compreensic filos6- fica do sofrimento mental como sofrimento com a prépria 7

You might also like